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A Evolução do Direito do trabalho no Brasil

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Iesc- Instituto de Educação Superior do Ceará
Curso: Administração de Empresas
Professora: Rozangela Oliveira
Equipe:
Ana Maria Furtado Rodrigues
Cecilia Oliveira
Roseane dos Santos
Hilber Gomes 
Pedro Cavalcante.
 Mauriti – Ceará
 2013
 Dedicatória
Dedicamos esse trabalho primeiramente a Deus, e a todos da equipe que contribuíram para realização do mesmo.
 Agradecimentos
Agradecemos a professora Rozangela, por sua dedicação, pelas suas sugestões e por seus ensinamentos.
A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes.
 Karl Max 
 
 SUMARIO
1.1 INTRODUÇÃO 
1.2 CONDIÇÕES DE TRABALHO E SEUS IMPACTOS NA VIDA DO SER HUMANO
. 1.3 ANALFABETISMO
1.4DOUTRINAS SOCIAIS E O DIREITO DO TRABALHO.
1.5 A EXPLORAÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO EM REALAÇÃO AO HOMEM
1.6 CONTRATOS DE TRABALHO, REMUNERAÇÃO E PARTICIPAÇÃO DOS EMPREGADOS NA EMPRESA.
CONDIÇÕES DE TRABALHO E SEUS IMPACTOS NA VIDA DO SER HUMANO
Sem risco de exagero, pode-se dizer que o trabalho no século 21, terá de ser visto sob uma ótica tão nova quanto aquela que surpreendeu o mundo na chegada da Revolução Industrial.
Basicamente este trabalho foi elaborado tendo em vista os antagonismos entre o passado, o presente e futuro do trabalho.
Abordando levemente o passado, pois sem ele não entenderíamos o futuro, nos remetemos à ideia de como toda esta complexidade de relações trabalhistas surgiu em nossa sociedade e no Brasil .O início da produção em larga escala, a era do protecionismo, novas leis que valorizaram os trabalhadores.
Em seguida temos o presente, ou pelo menos no momento em que escrevo, pois no mundo de hoje o presente quase não existe por causa da velocidade das transformações. Sendo assim não seria de muito espanto afirmar certamente que o desemprego é um dos flagelos mundiais da atualidade, inclusive no Brasil. Em síntese serão apresentadas as causas (tecnologia, competição, falta de instrução, etc.), o que se tem feito em vários campos, sejam eles bons ou ruins para o trabalhador.
Em fim, o futuro, que na verdade já está começando. Quem saberá realmente como será o futuro? Não sabemos com certeza, mas as novas tecnologias estão aí para nos dar uma pista, as relações de trabalho contra o emprego se intensificam, a tendência de sermos cada um uma empresa está cada dia mais forte e assim evoluímos (ou regredimos dependendo do ponto de vista).
Seria quase impossível abordar todos os assuntos relacionados ao tema, há material e assunto suficiente para escrever não só um trabalho, mas sim vários livros. Porém os assuntos mais importantes foram abordados, alguns com mais ênfase, outros de forma mais leve, mas o cuidado foi para que tenhamos o máximo, em uma ordem o mais simples possível.
A coletânea de informações e teses aqui organizadas e formuladas tem por objetivo sintetizar este tão complexo tema no qual sua grandiosidade não se restringe apenas à sua quantidade de assuntos, mas também a suma importância para cada um de nós seja lá quem somos.
O direito do trabalho é de formação Legislativa e relativamente recente. O trabalho escravo é a mais expressiva representação do trabalhador na idade antiga. 
A Revolução Industrial, ocorrida no Século XVIII, foi a principal razão econômica que acarretou o surgimento do Direito do Trabalho, com a descoberta da máquina a vapor como fonte de energia, substituindo-se a força humana. A necessidade de pessoas para operar as máquinas a vapor e têxteis impôs a substituição do trabalho escravo, servil e corporativo pelo trabalho assalariado.
Alguns autores como Granizo e Rothvoss e também defendido por GODINHO – 2009, trás uma tipologia bastante utilizada em manuais de Direito do Trabalho que consiste em na existência de quatro fases principais na evolução do Direito do Trabalho: formação, intensificação, consolidação e autonomia.
A fase de formação estende-se de 1802 a 1848, tendo seu momento inicial no Peel’s Act, (Lei de Peel) do início do século XIX na Inglaterra, que trata basicamente de normas protetivas de menores, esse diploma legal inglês voltado a fixar certas restrições à utilização do trabalho de menores As Leis dessa fase visavam basicamente reduzir a violência brutal da super exploração empresarial sobre mulheres e menores. Leis essas de caráter humanitário, de construção assistemática. O espectro normativo trabalhista ainda é disperso, sem originar um ramo jurídico próprio e autônomo.
A segunda fase (intensificação) situa-se entre 1848 e 1890, tendo como marcos iniciais o “Manifesto Comunista de 1848“ e, na França, os resultados da Revolução de 1848, como a instauração da liberdade de associação e a criação do Ministério do Trabalho.
A terceira fase (consolidação) estende-se de 1890 a 1919. Seus marcos iniciais são a Conferência de Berlim (1890) e a Encíclica Católica Rerum Novarum (1891) – Papa Leão XIII. Essa Encíclica fez uma ampla referência à necessidade de uma nova postura das classes dirigentes perante a chamada “Questão Social”, que trazia em seu texto as obrigações de patrões e empregados, enfatizando o respeito e a dignidade da classe trabalhadora, tanto espiritual quanto fisicamente, por outro lado, o operário deveria cumprir fielmente o que havia contratado, nunca usar de violência nas suas reivindicações, ou usar de meios artificiosos para o alcance de seus objetivos.
A quarta e última fase (autonomia) do Direito do Trabalho, tem início em 1919, estendendo-se às décadas posteriores do século XX. Suas fronteiras iniciais estariam marcadas pela criação da OIT (1919) e pelas Constituições do México (1917) e da Alemanha (1919).
Com o término da Primeira Guerra Mundial, surge o chamado Constitucionalismo social, significando a inclusão, nas Constituições, de disposições pertinentes à defesa de interesses sociais, inclusive garantindo direitos trabalhistas. Na realidade, o Direito do Trabalho surge com a sociedade industrial e o trabalho assalariado.
A Revolução Industrial, ocorrida no Século XVIII, foi a principal razão econômica que acarretou o surgimento do Direito do Trabalho, com a descoberta da máquina a vapor como fonte de energia, substituindo-se a força humana. A necessidade de pessoas para operar as máquinas a vapor e têxteis impôs a substituição do trabalho escravo, servil e corporativo pelo trabalho assalariado.
No Brasil, o Direito do Trabalho foi influenciado por fatores externos e internos:
INFLUÊNCIAS EXTERNAS
Dentre as influências advindas de outros países e que exerceram, de certo modo, alguma pressão no sentido de levar o Brasil a elaborar leis trabalhistas, sublinhem-se as transformações que ocorriam na Europa e a crescente elaboração legislativa de proteção ao trabalhador em muitos países. Também pesou o compromisso internacional assumido pelo nosso país ao ingressar na Organização Internacional do Trabalho, criada pelo Tratado de Versalhes (1919), propondo-se a observar normas trabalhistas.
INFLUÊNCIAS INTERNAS
Os fatores internos mais influentes foram:
v O movimento operário, que participaram imigrantes com inspirações anarquistas, caracterizados por inúmeras greves em fins de 1800 e início de 1900; 
v O surto industrial, efeito da Primeira Grande Guerra Mundial, com a elevação do número de fábricas e de operários – em 1919 havia cerca de 12.000 fábricas e 300.000 operários; 
v E a política trabalhista de Getúlio Vargas (1930).
A Constituição de 1824, seguindo o liberalismo, aboliu as corporações de ofício (art. 179, n. 25), devendo haver liberdade de exercício de profissões.
Observa-se a presença do trabalho escravo, até a Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, quem aboliu a escravidão no Brasil. –LEI TRABALHISTA MAIS IMPORTANTE ATÉ HOJE PROMULGADA NO BRASIL.
A Constituição de 1891 reconheceu a liberdade de associação em seu artigo 72, § 8º, de forma genérica.
A primeira Constituição brasileira a ter normas específicas de Direito do Trabalho foi a de 1934, como influência do constitucionalismo social.
A Constituição de 1937 expressa a intervenção do Estado, com características do sistema corporativista. Foi instituído o sindicato único, vinculado ao Estado, e proibia a greve, vista como recurso anti-social e nocivo à economia.
A CRFB/1937 era corporativista, inspirada na Carta Del Lavoro (1927) e na Constituição Polonesa. Logo, o Estado, iria intervir nas relações entre empregados e empregadores, uma vez que o estado liberal tinha se mostrado incapaz.
A existência de diversas leis esparsas sobre Direito do Trabalho impôs a necessidade de sua sistematização, por meio da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei 5.452, de 1º de maio de 1943, que não é um código propriamente, pois sua principal função foi apenas de reunir as leis trabalhistas existentes.
A Constituição de 1946 reestabeleceu o direito de greve, rompendo, de certa forma, com o corporativismo da Carta de 1937, passando a trazer elenco de direitos trabalhistas superior àquele das Constituições anteriores. Nesta Constituição (1946) encontramos a participação dos empregados nos lucros, repouso semanal remunerado, estabilidade, etc.
No plano infraconstitucional, cabe fazer menção, entre outras: à Lei 605, de 05 de janeiro de 1949, dispondo sobre o repouso semanal remunerado e remuneração de feriados; à Lei 2.757, de 26 de abril de 1956, que dispõe sobre a situação dos empregados porteiros, zeladores, faxineiros e serventes de prédios de apartamentos residenciais; à Lei 3.207, de 18 de julho de 1957, regulamentando as atividades dos empregados vendedores-viajantes; à Lei 4.090, de 13 de julho de 1962, que instituiu a gratificação de natal (décimo terceiro salário).
A Constituição de 1967 manteve os direitos trabalhistas das Constituições anteriores e ratificando principalmente a anterior, com as Leis 5.859/1972 (trazendo e regulamentando direitos para as empregadas domésticas); a Lei 5.889/1973 (trabalhador rural) e a Lei 6.019/1974 (regulamentando as atividades do trabalhador temporário). Além dos referidos direitos, essa Constituição passou a prever o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, que havia sido criado pela Lei 5.107, de 13 de setembro de 1966. A Emenda Constitucional n. 1, de 17 de outubro de 1969, não alterou os direitos trabalhistas previstos na Constituição de 1967.
A CARTA CONSTITUCIONAL DE 1988 E TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA JUSTRABALHISTA
O sistema jurídico brasileiro tradicional sempre teve o condão de elidir ou delimitar, substantivamente o espaço aberto à construção jurídica própria pelos grupos sociais. Nesse ponto o Direito do Trabalho, no Brasil, não respondeu, positiva e satisfatoriamente (em contraponto às matrizes democráticas dos países centrais), ao problema teórico da equação diferenciação/conflito. Muito menos abriu espaço à ação jurígena (criadora do direito) autônoma dos grupos sociais e à autoadministração dos conflitos intrassocietários.
De fato, no modelo jurídico brasileiro tradicional jamais foi decisivo o papel da negociação coletiva e seus instrumentos clássicos (convenção coletiva do trabalho, contrato coletivo e acordo coletivo) a par de outros mecanismos de normatização autônoma – como aqueles ínsitos à representação obreira na empresa. Em termos comparativos, enquanto no padrão jus trabalhista democrático dos países centrais há uma hegemonia das formas de autoadministração dos conflitos sociais, na história jus trabalhista brasileira sempre preponderou uma dominância inconteste da sistemática de heteroadministração dos conflitos sociais, fundada no Estado.
A Carta de 1988 trouxe, nesse quadro, o mais relevante impulso já experimentado na evolução jurídica brasileira, a um eventual modelo mais democrático de administração dos conflitos sociais no país. Impulso relevante, se cotejado com a história anterior do Direito Laboral pátrio. Impulso tímido, se comparado com as experiências dos países centrais. Impulso contraditório se posta à análise com diversos outros dispositivos da mesma Constituição, que parecem indicar em sentido inverso à auto normatização social e à própria democratização do Direito do Trabalho.
A Constituição de 1988 inova – de modo muito destacado – perante todas as Cartas anteriores ao estatuir que todo o poder emane do povo, que o exercerá por meio de seus representantes eleitos ou diretamente. Ora, à medida que se sabe que a norma jurídica é a consumação de um processo político bem-sucedido, pode-se concluir que pretendeu também a Constituição valorizar formas autônomas de exercício do poder, não apenas através de instrumentos políticos clássicos (ainda que raramente utilizados na história brasileira, como o plebiscito e referendo – art. 14 CF/88). Mais à frente, a Constituição confirmará essa intenção, ao acentuar a importância das convenções e acordos coletivos (Artigos. 7º, XXIV, e 8º, VI, CF/88).
 
“O PASSADO”
I.O Início do Trabalho como Organização
Há cerca de 100 000 anos, tudo de que precisávamos para sobreviver era caçar e procriar. Depois, com mais ferramentas e armas, alcançamos certa organização no trabalho, e outras maneiras de sobreviver foram surgindo. As primeiras tecnologias de irrigação, há 12 000 anos, permitiram que as lavouras se fixassem, gerando excedente de alimentos, menos obrigações de caça e mais tempo para nos especializarmos em outras tarefas – como na mineração e na metalurgia. Surgiram as primeiras vilas, e nossas necessidades aumentaram, estimulando os esforços de massa e o aparecimento de líderes para planejar e controlar o trabalho. Construímos cidades, monumentos e templos e continuamos crescendo em quantidade de indivíduos e em qualidade de conhecimento. Dominamos técnicas de manufatura, desenvolvemos materiais, descobrimos novos mundos e sofisticamos nossas relações sociais e comerciais até o máximo – afinal, sempre acreditamos que estamos na fronteira, no limite entre o possível e o impossível. 
O século 20 trouxe a boa nova da linha de montagem, o aumento da produtividade, o barateamento e a popularização dos produtos, mas também a desvalorização das habilidades de cada um no trabalho. Fomos salvos, como há 100.000 anos, por uma ferramenta – o computador -, que modificou profundamente nosso dia-a-dia. Mais uma vez, temos a impressão de estar no limite, no extremo do que é possível, do que é razoável. A coleção de artigos e reportagens que aqui se encontra foi elaborada para lembrar que isso não é verdade.
Estamos na iminência de uma revolução – que, aliás, antecede outra e outra, e assim por diante. Como nunca, em toda a História, precisamos nos preparar para o novo, para algo que não conhecemos e que chega cada vez mais rápido.
II. O Início da Era Trabalhista Brasileira
Durante as primeiras décadas do regime republicano, o movimento operário brasileiro refletiu, em grande parte que acontecia na Europa . Foi o imigrante que vindo trabalhar como operário em nosso país que divulgou ideias organização operária e liderou no primeiro momento a luta dos trabalhadores.
O ano de 1917 foi um ano especial para o movimento operário em todo o mundo, foi o ano da revolução socialista na União Soviética. No Brasil o movimento operário se intensificou.
Tendo em vista tal poder de movimento, quando Getúlio Vargas tomou o poder em 1930 fez várias concessões à classe trabalhadora – salário mínimo, férias remuneradas, repouso semanal, indenização por dispensa sem justa causa, etc. Direitos estes conquistados com muito suor e sangue no passado e que eram considerados intocáveis após a conquista, e muito desta força se dava, como dito acima, pela presença constante das ideias socialistas que competiam de igual para igual com o sistema capitalista, sendo assim as máximasdo capitalismo como a livre competição e a livre negociação esbarravam na possibilidade de que, se não fosse do agrado do povo, este povo poderia recair para o lado “vermelho”.
Sendo assim, a ideia paternalista caia bem em um mundo fechado onde a única competição era entre capitalistas e comunistas.
“O PRESENTE”
III.A situação atual, desemprego.
Governo Dilma Rousseff – Menor taxa de desemprego desde 2003
Com dados da PME- Pesquisa mensal de Empregos, divulgada pelo IBGE o nosso país mesmo em crise mundial encontra-se fortalecido o numero de desempregados diminuiu. Na era de FHC Fernando Henrique Cardoso, ocorreu o contrário – Explosão do desemprego. O numero de desempregados aumentou a cada ano nos governos de FHC do PSDB. Em 1994, eram 4,5 milhões de Brasileiros desempregados. No final de seu primeiro mandato em 1998, o numero era ainda maior, com 7 milhões de pessoas sem trabalho . Em 2002, conforme dados do IBGE, o numero atingiu a triste marca de 11 milhões de desempregados. Na média a cada ano de governo do FHC, cerca de 1 milhão de Brasileiros perdiam seus empregos, o que caracteriza uma grande retração. Segundo a pesquisa, a taxa de desemprego no mês de Janeiro desse ano ficou em 5,5% sendo o menor desde 2003. Uma elevação de 6,3% mil novos empregos com carteira assinada.
Crescimento do emprego formaL
O Brasil atingiu a marca de 11, 1 milhões de trabalhadores com carteira assinada no setor privado. Na comparação anual, a criação de empregos formais apresentou uma elevação de 6,3%, ou 664 mil novos postos de trabalho com carteira assinada.
Recorde em rendimento
Se a taxa de desemprego apresentou a menor taxa desde 2003, o rendimento médio das pessoas ocupadas bateu o recorde. O ganho do trabalhador apresentou cresceu 0,7% em relação ao mês passado. Se compararmos os números de Janeiro de 2011, a alta foi ainda maior com um crescimento de 2,7%.
Os números mostram um crescimento exponencial na criação de novos empregos desde o governo LULA. Dilma mostra continuidade das politicas econômicas e social de Luiz Inácio Lula da Silva. Fernando Henrique Cardoso, em 8 anos de governo, criou 797 mil novas vagas. Na comparação anual, são 664 mil novas vagas com carteira assinada no governo Dilma.
Um ano em oito. E a tendência é melhorar. Isso é uma verdadeira evolução do trabalho.
A evolução
As novas exigências mordem de um lado. As máquinas e os programas de computador mordem do outro. No chão da fábrica, o operário viu a instalação do tear a jato, quinze vezes mais veloz do que a sua velha máquina. No dia seguinte recebeu o chamado do departamento de pessoal. A fábrica ficou melhor, mas ele procura uma colocação que parece cada vez mais rara. No escritório, o gerente do almoxarifado perdeu o lugar para um software que trabalha melhor e mais rápido. Uma loja funciona hoje com metade dos caixas se estiver equipada com leitores de código de barras. As pessoas lêem que a economia está melhor, mais produtiva, com preços em queda e bilhões de dólares aportando para erguer empresas e tudo isso é verdade. Do outro lado, vêem o facão operando sem parar. O novo padrão econômico mundial é de alta eficiência, baixo custo, tremenda competição. O Brasil mergulhou de cabeça nessa nova era a da internacionalização ou globalização da economia como foi dito anteriormente, muito rapidamente e ainda está com a pele ardendo.
O mergulho foi assustador. Se ele já não perdeu o emprego para um código de barras, está ameaçado por exigências desconhecidas. Querem que fale inglês fluente, pois o manual, o cliente ou o fornecedor é estrangeiro. Esperam, ou melhor, exigem que saiba lidar com computador, seja criativo, flexível, inquieto. Isso quando não perguntam ao candidato a uma vaga se ele, por acaso, teve a interessante experiência de viver alguns anos no exterior.
O mundo do trabalho sofre impactos de todos os lados. O país entrou em regime de privatização em 1991, com a venda da Usiminas. Conforme dizia o governo, não dava mais para carregar empresas deficitárias nem havia dinheiro para modernizá-las. Cerca de 50.000 pessoas perderam o emprego no processo de privatização das sete maiores estatais. Dez anos atrás havia 1 milhão de bancários. Sobraram 470.000. Ocorreu também a pancada da abertura comercial. De um momento para o outro, as importações subiram de 20 bilhões de dólares ao ano para um volume três vezes maior. Os produtos importados modificaram a economia de dois modos. Forçaram as empresas brasileiras a baixar seus preços (e seus custos) e devastaram setores sem capacidade de concorrência. As fábricas de calçados do Rio Grande do Sul empregavam 91.000 pessoas em 1993. Sob o impacto das importações, só restam 60.000 ocupados. Há seis anos, a indústria têxtil empregava 2,1 milhões de trabalhadores. Estarrecedor: pelas contas de hoje, 1,3 milhão de operários do pano foram para a rua nesse período.
O que mais sacrifica o emprego é a competição. De tudo o que se importa, cerca de 70% são novas máquinas, matérias-primas e componentes. A indústria brasileira passa por uma ducha de renovação como nunca se viu. Teve de se modificar para não desaparecer diante de produtos estrangeiros que surgiram no horizonte com preço muito mais baixo. E, muitas vezes, qualidade melhor.
V.A Falta de Instrução.
Outro fator de extrema relevância é o que constata os números do IBGE, um retrato dramático da realidade do trabalhador brasileiro. Segundo o Instituto, 36 milhões de brasileiros em idade de trabalhar têm só o 1º grau completo ou nem isso. Essa população equivale a quase a metade de toda a força de trabalho do país e coloca para a sociedade um enorme problema. Para garantir a sobrevivência, muitos deles ainda conseguem emprego na economia informal com algum êxito. Para os outros, o horizonte é desolador. Isso porque as empresas, com a modernização, já não precisam tanto de força física, que é o que eles têm a oferecer se não forem educados. O Brasil ainda tem uma vantagem a oferecer a esses trabalhadores, por uma ironia de seu passado recente. Durante mais de uma década, o governo abandonou estradas, viadutos, deixou ruas se esburacarem. Assim que a economia voltar a crescer, isso tudo vai ser consertado e haverá trabalho para essa massa de gente. O problema é saber durante quanto tempo eles poderão sobreviver à custa desses serviços. E o desafio, para o país, é evitar que continue crescendo a população de subtrabalhadores.
O problema atual, criado pela economia remodelada, é justamente a geração de empregos. As vagas estão reaparecendo, como demonstram as contas da Fiesp, do Dieese, e a análise do Ipea. A questão é que uma massa enorme de desempregados não está apta a ocupá-las. Para quem só completou o 1º grau está difícil achar trabalho de qualidade apenas razoável. Isso fica evidente quando se investiga o interior dos índices de desemprego. Cerca de 90% dos que estão de braços cruzados não completaram o 1º grau. Para os que têm universidade, a dificuldade é muito menor. Apenas 3% dos desempregados têm formação universitária. E mesmo esses enfrentam desafios.
VI .Então, o que fazer?
Pelos cálculos de José Pastore, para absorver a massa de desempregados já existente e arrumar trabalho para os candidatos que chegam ao mercado a cada ano – cerca de 1,5 milhão de pessoas -, a economia precisaria crescer ao ritmo de 5% ao ano, durante uma década. Além de investir maciçamente em educação, o qual foi um fator negligenciado durante décadas porque não se pensava nele como ingrediente econômico importante. Mas em matéria de crescimento o Brasil já foi um tigre e agora voltou a ser um jogador de respeito. Ajustou sua indústria, limpou o seu sistema financeiro, adaptou-se ao jogo econômico mundial, mas muito ainda se tem por fazer.
VII. Educação X Tecnologia
Muitos se apressam em dizer que a tecnologia só destrói empregos. Isso não seria verdade. Há países que usam intensamente as tecnologias modernas e, no entanto, apresentam taxas de desemprego muito baixas como os Estados Unidos (5,5%); o Japão, (3,2%);e os Tigres Asiáticos (2% em média). Por outro lado, países da Europa que fazem a mesma coisa, têm taxas escandalosas como a Alemanha (10%); a França (12%); a Itália (13%); a Bélgica (14%); e Espanha (23%).
Essas discrepâncias sugerem que, para conviver pacificamente com os seres humanos, as novas tecnologias exigem mudanças institucionais importantes – especialmente na legislação trabalhista e na educação. Quando a contratação e a dispensa são flexíveis – como nos Estados Unidos, Japão de Tigres – os estragos são bem menores. Quando se dá o inverso, como na Europa, o desastre é conhecido.
A “precarização do emprego” atinge quase 50% da nossa força de trabalho. Sim, porque além de investirmos pouco no setor produtivo, o Brasil tem uma legislação trabalhista não adaptada à realidade e nossos trabalhadores têm apenas 3,5 anos de escola, em média.
A qualidade da nossa força de trabalho é 14% menor do que a média da América Latina, 39% inferior a da Argentina e 45% mais baixa do que a média dos países desenvolvidos (IPEA/PNUD, Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil, Brasília: 1996). Esse relatório conclui que “o principal determinante do menor nível de renda per capita do Brasil em relação aos países desenvolvidos é a menor qualidade relativa da força de trabalho brasileira” (pág. 27).
Nosso governo não é chegado a idéias de catástrofes (talvez por isso seja pego de “surpresa”). Mas, é preciso olhar atentamente para essa realidade a fim de se encaminhar medidas concretas para gerar mais postos de trabalho para o nosso povo, pois a tecnologia não perdoa.
A tecnologia e a globalização são inevitáveis. Nesse quadro, a educação é essencial para trabalhar – e o que vem sendo feito nesse campo é tão louvável quanto insuficiente e o que se fez até o momento foi irrisório frente ao tamanho do problema.
Tem que se agir com mais afinco e mais velocidade. A deterioração do quadro do trabalho é o estopim para a deterioração de toda a sociedade. Os sinais já são evidentes na marginalidade, corrupção e desencanto pelo país.
VIII. Flexibilização, funcionaria?
Dados recentes do Ministério do Trabalho mostram que os trabalhadores com carteira assinada e integrante do mercado formal da economia tiveram um ganho real de salários, depois do Plano Real, da ordem de 11% enquanto que os que não têm carteira assinada e fazem parte da grande parcela do mercado informal, tiveram um aumento real de 24% sendo que os autônomos chegaram a quase 40%.
Ou seja, os ganhos do pessoal que trabalha na ilegalidade crescem mais depressa dos que trabalham legalmente. Não é a toa que o mercado informal já chegou a 55% da nossa força de trabalho – o que é um número vergonhoso quando comparado com as nações mais avançadas que registram bem menos de 10% de pessoas trabalhando ilegalmente.
A reversão desse quadro é um problema complexo. Gerar empregos custa muito caro. No Brasil, os investimentos necessários para criar um posto de trabalho na década de 70, não chegavam a US$ 10 mil. Na década de 80, isso passou a US$ 15 mil e hoje ultrapassa a casa dos US$ 30 mil. Isso porque as novas tecnologias e os requisitos para proteção ambiental custam muito. Além do mais, a revolução tecnológica está permitindo aos seres humanos produzirem muito, com pouca mão de obra.
Além do problema dos investimentos, o Brasil enfrenta a extrema rigidez das nossas leis trabalhistas. Somos um país de tudo ou nada. Ou se contrata com todos os direitos ou se contrata sem nenhum direito. Mas o tema está longe de um consenso. Começa a surgir na literatura especializada à tese segundo a qual a Europa, a despeito do grande esforço de flexibilização legal que fez ao longo das décadas de 70-80, não consegue sair de taxas de desemprego que ultrapassam a casa dos 10%. Então, o que adiantou flexibilizar?
Entre os que condenam a flexibilização das leis trabalhistas, João Antônio Felício, secretário adjunto da Central Única dos Trabalhadores, é uma das vozes mais fortes. Ele entende que o modelo econômico adotado a partir dos anos 90 acabou repercutindo no mercado de trabalho. Assim, para tornar a produção nacional mais competitiva o empresariado precisaria reduzir seus custos de mão-de-obra e os encargos sociais, passando a exigir maior flexibilização das relações. Mas, segundo o sindicalista, a nova legislação não deve trazer benefícios ao trabalhador, assim como não aumentará a oferta de empregos nem estenderá os direitos trabalhistas conquistados para maior número de pessoas.
Defensores da flexibilização, como o sociólogo José Pastore, da Universidade de São Paulo, acreditam que uma parcela dos que hoje encontram dificuldade para entrar ou se recolocar no mercado de trabalho teria mais chances se as regras fossem outras. É que as empresas, com a aprovação dos sindicatos, poderiam passar a contratá-los com encargos sociais menos onerosos e mais flexíveis. Os contratos seriam mais realistas, na opinião do sociólogo, o que facilitaria a incorporação no mercado formal de trabalho de profissionais autônomos, subcontratados, terceirizados, etc.
IX. O Quarto Setor, a informalidade.
O vínculo de emprego é hoje bem diferente do que existia há não mais de dez anos, comenta Luiz Gonzaga Bertelli, do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE). Hoje, ele explica, os novos profissionais trocam a carteira assinada, que teoricamente garante aposentadoria e assistência médicas oficiais, 13o salário, férias e Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, por novos contratos, em que pesam mais as ofertas de seguro-saúde, plano de carreira, bônus salariais por desempenho, etc. “O mercado é de menos vínculo e mais terceirização”, resume.
Como uma parcela grande da população perdeu seu emprego formal a partir da primeira metade dos anos 90, sobrou-lhe a alternativa do trabalho informal – aquele sem carteira assinada, o famoso “por conta própria”, caracterizado por condições precárias de segurança e, muitas vezes, remuneração insatisfatória. Nos anos 90, para cada dez empregos criados, somente dois eram assalariados, com registro formal.
O resultado é que hoje se calcula que quase 60% da força de trabalho viva na informalidade. “Esse número é absurdamente alto, chega a ser obsceno”, admite José Pastore, para quem a expansão da informalidade sem a devida contrapartida de contribuição à seguridade social constitui um grave foco de déficit público que pode comprometer a economia. Hoje, de cada dez brasileiros, seis estão fora do sistema previdenciário, confirma o governo federal. De um total de 64,8 milhões de brasileiros que constituíam a população ocupada em 1997, apenas 27,9 milhões eram filiados à previdência. Entre os 23,8 milhões de trabalhadores por conta própria, o número baixa para 4,4 milhões de filiados.
 “O FUTURO” 
Como será o futuro? O emprego morrerá?
Num número da Revista Fortune (19/09/94) fez um resumo dos estudos na área trabalhista para anunciar uma estrondosa revolução para o início do próximo milênio – tempo em que os empregos completarão o seu desaparecimento.
O quê os seres humanos vão fazer? Como ganharão a vida? Os referidos estudos mostram que o atual conceito de “emprego” refere-se a uma posição fixa, na qual a pessoa exerce uma atividade específica, de forma contínua, numa mesma empresa. é isso que vai acabar. O trabalho do futuro não terá nada de fixo, específico, contínuo ou concentrado numa empresa. Ao contrário. Com o avanço acelerado das novas tecnologias e com a individualização das demandas, as grandes empresas, com raras exceções, serão forçadas a atomizar sua produção, subcontratando atividades para pequenas empresas e para profissionais autônomos.
Nesse novo mundo, o trabalho será dispensado. Os trabalhadores deixarão de ser os “donos dos empregos”. Eles vão se transformar em provedores de serviços, engajados em projetos que terão começo, meio e fim. Nesses projetos, os seus colaboradores serão demandados a executar várias tarefas, à distância ou em locais diferentes e sempre com muita criatividade e periodicidade variável.
Isso atingirátambém os chefes. Aliás, a chefia é uma categoria que já entrou num acelerado processo de extinção. No mundo da flexibilização do trabalho não haverá lugar para grandes hierarquias. Os trabalhadores multifuncionais vão se reportar uns aos outros. As informações serão amplamente disseminadas. Todos os que trabalham em determinado projeto conhecerão as virtudes e os limites das empresas, das tecnologias e dos seus companheiros.
O emprego vai morrer para a maioria dos trabalhadores. Estes trabalharão por contratos, em projetos finitos, junto a os mais variados grupos que demandarem seu talento. Terminado um projeto, eles passarão para outro, no mesmo ambiente ou em ambiente diferente. Alguns serão mais móveis; outros usarão intensamente a fibra ótica e outras formas de transmissão de idéias e comandos. Será o mundo do tele-trabalho. Todos serão mais donos do seu tempo.
E como ficarão as licenças, férias e aposentadoria? Já nas primeiras décadas do próximo milênio, tudo isso vai virar peça de museu porque, no novo mundo do trabalho, desaparecerá a relação de subordinação entre empregadores e empregados. Isso ocorrendo, desaparecerá quem concede licenças, férias e aposentadoria.
No Brasil, a morte do emprego vai demorar. Mas a preparação das novas gerações de trabalhadores tem de começar já. No novo mundo do futuro só haverá lugar para quem for educado. Os demais serão parias. O trabalhador desqualificado valerá cada vez menos. E não haverá lei, constituição, partido ou sindicato que venha a ter força para reverter essa tendência.
Da mesma maneira como a economia – e, por conseqüência, o universo do trabalho – vai se modificando com rapidez cada vez maior, também as carreiras profissionais são hoje, e sem dúvida continuarão sendo nos próximos anos, algo cada vez mais dinâmico. Queira você ou não, perceba ou não, sua vida profissional está em mutação. E, para que ela mude a seu favor, é fundamental antecipar os requisitos profissionais que estarão sendo exigidos daqui para frente, e que irão influir efetivamente nesse processo de mudanças.
XI. O Trabalho em casa.
Será que o trabalho é por natureza uma maldição bíblica da qual o homem nunca poderá se libertar? Estas são palavras do Professor Domenico De Masi, Sociólogo Italiano especialista em sociologia do trabalho, uns dos mais respeitados quando o assunto é futuro do trabalho.
Está frase dita acima pode soar de forma ruim aos ouvidos de um desempregado. Porém se este “desempregado” já pertence à nova onda, não se sentira ofendido, este saberá que “libertar-se do trabalho” significa estar apto a outros interesses, estar apto ao ócio, de uma forma conjunta ao trabalho amenizando-o e uma destas formas é o “tele trabalho”, e saberá ele que se bem planejado o desemprego será algo corriqueiro.
Como a atividade profissional pode gerar felicidade? Para começar, deixando-se a pessoa cumprir suas funções em casa, com o que já se evitará o stress da locomoção casa-trabalho-trabalho-casa, quase sempre cansativa e demorada. Grande parte dos empregados, mesmo no setor industrial, diz o professor, “poderia ficar tranquilamente em casa, bastando-lhe como instrumento de trabalho um telefone, um fax e um computador”. É essa a essência do tele trabalho, que “economiza tempo, melhora a produção e aprimora a qualidade de vida”.
A idéia vem do mercado americano, onde 18 milhões de pessoas já trabalham em casa em tempo integral e outros 16 milhões, em tempo parcial. No Brasil, o grande empecilho era a má qualidade da rede de telefonia. Agora, com a maior oferta de linhas e a crescente capacidade de transmissão de dados, algumas grandes companhias estimulam funcionários a trabalhar na própria casa. A Kodak já montou 120 escritórios domésticos. Na Shell, o trabalho a distância deu certo e deverá ser adotado por todo o departamento de vendas até o fim do ano. A Nortel está iniciando um projeto que prevê a permanência em casa de quase metade dos funcionários no Brasil. São iniciativas que apontam para uma renovação no conceito de escritório, conforme se viu ao longo do século XX.
No setor de serviços, grande parte das funções pode ser transferida para o ambiente residencial. Na teoria, o método traz vantagens para todas as partes envolvidas. As empresas economizam com aluguel e os demais gastos de uma estrutura corporativa. O funcionário ganha a chance de estar mais perto da família e de ser dono do próprio tempo. Na prática, contudo, trabalhar em casa não é tão simples. Quem se afasta do convívio diário com os colegas pode sentir-se abandonado.
A Shell transformou em virtual todo o departamento de vendas, que abriga 300 dos 1.300 funcionários da empresa no país. Com o fechamento de nove escritórios regionais, restaram apenas os do Rio e os de São Paulo, este reduzido à metade. Montar cada escritório doméstico custa, em média, 15.000 reais, mas o investimento está sendo rapidamente recuperado.
Pesquisa realizada pela empresa AT&T nos Estados Unidos revelou que 73% dos profissionais que trabalham em casa consideram que a mudança melhorou a vida pessoal. Na canadense Nortel, apenas 3% dos 15.000 funcionários que passaram pela experiência em todo o mundo desistiram por falta de adaptação. Estudos americanos credenciam esse alto índice de aprovação à possibilidade de trabalhar na hora em que se deseja e de resolver problemas pessoais durante o expediente. O principal resultado disso tudo é o aumento de eficiência. “A produtividade de quem trabalha em casa é 30% maior”, afirma a coordenadora do projeto da Shell, Ellen Hartmann.
XII. A rede mundial, Internet.
E seria impossível hoje se pensar em tele-trabalho sem ela, a Internet. Segundo dados da Impacta, os negócios de e-commerce no Brasil devem gerar cerca de 1,6 bilhões de dólares em 2001 – número que deve alcançar 2,5 bilhões de dólares em 2002 e chegar a 3,2 bilhões de dólares em 2003. Se as contas estiverem certas, qual será o resultado desse crescimento para o mercado de trabalho? Nos próximos quatro anos, serão 80 000 novos empregos apenas na área de e-commerce. Acredita-se, portanto, que não faltará trabalho para profissionais altamente especializados em Internet, como e-business specialists (responsáveis pela parte comercial do site), webdesigners (visual do site), webwriters (redatores de conteúdo), gerentes de conteúdo interativo (editores de conteúdo) e arquitetos da informação (que determinam a maneira como a informação é apresentada no site).
Em outras palavras: por mais que se fale em empregos na Internet, é na velha economia que vamos continuar encontrando a maior quantidade de ofertas de trabalho. Mesmo que você passe a comprar suas roupas pela Internet, será preciso uma confecção para produzi-las. Nos Estados Unidos, país onde a metade da população tem acesso à Internet, somente 10% dos empregos estão em empresas da Nova Economia. Na Alemanha, apenas 5%. No Brasil os dados são inconsistentes, mas poucos pesquisadores sérios arriscam mais de 1%. O jornal americano The Wall Street Journal observou num artigo recente que a indústria continuará existindo no terceiro milênio da mesma forma que a agricultura persistiu ao longo da Era Industrial. E é essencial até hoje.
XIII. O Terceiro Setor, Os Serviços.
Quem é o maior empregador privado do Brasil, com exceção do setor bancário? Quem pensou na Volkswagen, eterna campeã de décadas atrás, errou feio. O primeiro lugar atualmente é do Carrefour. A rede de supermercados emprega 47.000 pessoas. E na segunda posição desse ranking, quem aparece? O concorrente brasileiro Pão de Açúcar, com 45.000 empregados. O pódio se completa com o McDonald’s e seus 34.000 funcionários dos pontos-de-venda espalhados país afora. Mas e a Volks? Detentora da marca de 46.000 empregados, na década de 80, ela hoje amarga o quarto lugar, com uma diferença de 19.000 funcionários em relação ao Carrefour.
O que é que isso tem a ver com conosco? Daqui por diante, muita coisa. Os dados citados acima dão uma noção exata do que tem acontecido no mercado de trabalho e do que ainda devemacontecer nos próximos anos. Enquanto o setor industrial sofre o impacto dos avanços tecnológicos, extinguindo funções e cortando mão-de-obra (vide gráfico abaixo), o setor de serviços – ao qual pertencem o Carrefour, o Pão de Açúcar e o McDonald’s – tem se mostrado um importante receptador de profissionais. É assim em todo o mundo. É em direção a ele que corre quem perdeu o emprego na indústria, quem está começando a dar os primeiros passos no mercado e também quem quer dar uma guinada na carreira.
Essa será uma das transformações marcantes da virada econômica. Com o emprego diminuindo na indústria, mas crescendo no setor de serviços, que já representa mais da metade do produto interno bruto, PIB. É uma tendência mundial. Nos Estados Unidos, que têm o maior parque industrial do mundo, 80% do PIB vem da área de serviços. É ela que está segurando parte dos demitidos da indústria brasileira.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de junho do ano passado a maio deste ano, foram criados mais de 820.000 postos de trabalho no Brasil. Uma em cada duas novas posições foram geradas pelo setor de serviços. No campo das comunicações, estão pipocando ofertas de emprego. Até 2003, segundo cálculos da Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel, as companhias de telefonia devem investir 60 bilhões de dólares em ampliação e melhoria das atividades. Tanto dinheiro circulando, mais a iminente liberação à concorrência, que deve acontecer a partir de 2002, significa, em médio prazo, a geração de pelo menos 100 000 vagas diretas no setor.
Quem ainda não se convenceu do potencial de serviços deve prestar atenção em alguns números. No final de 2000, o setor de turismo terá impulsionado a criação de 192 milhões de empregos em todo o mundo, movimentando 3,6 trilhões de dólares, o equivalente a 12% do PIB mundial. No Brasil, o governo prevê investimentos da ordem de 650 milhões de reais, distribuídos em 24 programas de incentivo ao turismo nacional. Isso vai significar o surgimento de nada menos que 500 000 novos empregos.
No rastro desses serviços personalizados, terá vez todo tipo de atividade que facilite a vida do cliente. A Atento, a maior empresa de centrais de atendimento do Brasil, apostou todas as fichas na premissa da inovação. Hoje, destaca-se pelo volume e pelo nível de especialização dos funcionários. Não são todos, evidentemente, mas já há mecânicos oferecendo serviços de conserto de caminhões por telefone e analistas financeiros orientando correntistas de grandes bancos do lado de cá da linha.
Para garantir espaço nesse cenário, portanto, é fundamental ser extremamente qualificado, competitivo, dinâmico e em fina sintonia com a visão de futuro do empregador. É claro, e que ninguém duvide disso, que a tecnologia também está roubando alguns postos de trabalho no setor de serviços. Por enquanto, no entanto, a demanda por profissionais e a criação de empregos estão sendo muitas vezes maiores que a mordida de máquinas e sistemas computadorizados nas vagas do setor. Em serviços, ao contrário da indústria, a tecnologia abre espaço para contratações.
XIV. A Terceirização da Velha Economia.
Traduzindo para a vida prática, as grandes fábricas poderão funcionar apenas como fiscais do processo produtivo. Em outras palavras, a indústria deverá terceirizar muitas de suas operações nos próximos anos. Isso significa migração de pessoal da fábrica para os parceiros. Aqueles que continuarem empregados serão supercapacitados. Eles serão os gestores de um novo tipo de indústria, na qual fornecedores entregarão módulos cada vez mais completos e a área comercial precisará vender produtos cada vez mais personalizados. Conclusão: por mais que daqui a uns anos as indústrias produzam de forma mais diversificada tecnológica, elas continuarão precisando de pessoas para tocar a produção. O mesmo vale para todo tipo de empresa da velha economia.
As empresas que sobreviverão nesse cenário serão as que incentivarem, desenvolverem e gerenciarem a criatividade dentro da organização. “Viveremos a época da inspiração”, completa Jair Pianucci, diretor de RH para o Brasil e Mercosul da Hewlett-Packard, empresa de tecnologia e computação. Segundo Melhores e Maiores, a HP é uma das empresas que mais crescem no Brasil: 108% em 1999. “A sobrevivência da empresa estará fundamentada totalmente no conhecimento”, diz Pianucci.
XV. Na falta de emprego, brasileiro vira empreendedor.
A London Business School, a consultoria Ernst & Young e o instituto Kauffman divulgaram recentemente uma pesquisa listando os países segundo a participação de empreendedores na sociedade. Com base em entrevistas realizadas com 800 especialistas e 43.000 pessoas de 21 países, o estudo organizou um ranking de nações. Em primeiro lugar da lista está o Brasil. Pra Para efeito do trabalho, “empreendedor” é aquele que já montou, está montando ou se prepara para montar um negócio. E “negócio” para os pesquisadores tem um sentido amplo: vai do pequeno comerciante ao grande empresário.
Para cada oito brasileiros entre 18 e 64 anos, existe um empreendedor. O índice nacional supera o de países como os Estados Unidos, a Austrália e o Canadá. A explicação para esse fato surpreendente, de acordo com os pesquisadores, encontra-se no estado da economia brasileira. Por aqui, lançar-se num negócio próprio não reflete necessariamente uma vocação empresarial nata. Os brasileiros, em boa parte, viram empreendedores porque estão desempregados e precisam encontrar um quebra-galho e essa variável aumenta a concentração de empreendedores no Brasil, jogando-o para o primeiro lugar. “É como se o resultado final para o Brasil, embora positivo, ainda se devesse aos motivos errados”, afirma o professor de administração Marcos Mueller Schlemm, do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade, que foi responsável pela coleta de dados da pesquisa no país. Nos Estados Unidos, a situação é outra. A maior parte dos que montam um negócio decidiu fazê-lo sem a pressão do desemprego. Ao fazer isso, costumam abrir empresas capazes de desenvolver tecnologias próprias.
XVI.O Quinto Setor, o Crime.
Não é de se espantar que as altas taxas de desemprego brasileiras estejam lado a lado de uma taxa também crescente, a da criminalidade. Muitos hoje estão neste mundo, ou melhor, submundo e por que?
A tese é simplista: há alguns anos atrás o Brasil era um país tipicamente rural, porém com a tomada do crescimento industrial, a grande parte migrou para este setor, porém com o advento da tecnologia, grandes massas ficaram desempregadas e novamente mudando, agora para o setor de serviços o qual já também já está dando sinais de exaustão de vagas.
Não podemos deixar de dizer que a falta de qualificação do profissional quase sempre é o fator que proporciona está dança de setores. Pois bem, com o terceiro setor não dando mais oportunidades, tem-se o próximo: a informalidade. E quando esta não os comportam mais ou não dão os ganhos suficientemente esperados? Tem-se então o provável último setor da economia, a criminalidade, que gera lucros rápidos e altos.
O fator desemprego não pode ser considerado como fator único para criar um criminoso, claro que existem “n” fatores, desde o meio até a condição psicológica de cada um e não estou aqui dizendo que necessariamente isto tem que acontecer, mas não podemos fechar os olhos para esta situação que infelizmente acontece, e não se pode negar, apesar de não se saber ao certo o montante de movimentação monetária na economia nacional.
Principalmente em países como o Brasil, que não dão condições de erguer o cidadão mais pobre em prol de um trabalho digno, este setor tem tudo para se desenvolver, desde o mero contrabando ou sonegação até aos crimes contra o patrimônio e a vida.
E não adianta olharmos somente para nós e pensarmos que se sou “bem instruído”, falo outra língua fluentemente e tenho um MBA, minha vida está garantida; pois o quinto setor está aí em forte crescimento, que na proporção em que cresce poderá ser tornar um problemade estado ou até mesmo se tornar “o estado”, e então a sua garantia de vida estará perdida.
Conclusão.
Não é difícil chegar à conclusão de que o cenário é de inovação e a tendência é de mais e mais inovações, e cabe a nós nos prepararmos e estarmos atentos e extremamente ligados a tudo e a todo hora.
Sendo assim caminhamos para uma outra direção, para uma economia baseada no capital intelectual, em que as pessoas é que vão fazer a diferença do negócio. São elas que poderão gerar novos empregos, criando novas empresas. Dinheiro real será feito pelas empresas que investirem nas pessoas, em educação, em alta tecnologia. Quem não se adaptar estará fora do jogo.
E se estiver fora, a situação não será a das mais favoráveis, seria muito fácil para nós que temos acesso a informação dizer que basta nos instruirmos e nos qualificarmos que estaremos livres do desemprego, porém se até para nós a situação é difícil, imaginemos a do pobre cidadão, cujo grau de instrução é muito baixo e vive em um país que não lhe fornece a mão necessária para tirá-lo desta condição.
Então que fique aqui um alerta, como a crescente onda de desemprego não tenderá a cair e a queda de natalidade não poderá compensar estas taxas de desemprego, estes aspectos poderão gerar em longo prazo, se mantivermos este modelo de capitalismo selvagem, um cenário de desemprego avassalador e insuportável.
Se lembrarmos que sangrentas revoluções e ditaduras do passado tiveram a princípio como pano de fundo a precariedade de trabalho e sobrevivência de seus povos, estaríamos mais atentos a esta situação que talvez não seja hoje, não seja amanhã, mas algum dia poderá explodir de forma imprevisível.
Fonte: CD Livro Eletrônico – Ed. Didática Paulista
Coordenado: Sandro da Silva Pinto
Bibliografia.
Livro: DE MASI, D. O Futuro do Trabalho, 3º edição, Brasília DF , Ed. UnB 2000
Sites: www.ibge.gov.br
www.ipea.gov.br
www.josepastore.com.br
www.istoe.com.br
www.vocesa.com.br , 08/2000
www.veja.com.br , 11/02/98, 21/07/99, 21/06/2000, 05/04/2000
http://www.geocities.com/des2000x/ , Desemprego.
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Os Novos conceitos de Relação entre trabalhador e qualidade de vida- Aumento da produção. (Pessoas trabalhando felizes produzem mais)
  Aluna: Roseane dos Santos.
A pesquisa sobre qualidade de vida do trabalhador pode ser considerada uma ramificação do estudo da qualidade de vida geral e vem recebendo atenção crescente de cientistas das áreas de saúde, ecologia, psicologia, economia, administração e engenharia (VASCONCELOS, 2001), bem como das empresas que têm proposto programas que buscam melhoraria nas condições de trabalho e de vida dos trabalhadores.
    São considerados trabalhadores no Brasil todos os homens e mulheres que exercem atividades para sustento próprio e/ou de seus dependentes, qualquer que seja sua forma de inserção no mercado de trabalho, nos setores formais ou informais da economia. Estão incluídos nesse grupo os indivíduos que trabalharam ou trabalham como empregados assalariados, trabalhadores domésticos, trabalhadores avulsos, trabalhadores agrícolas, autônomos, servidores públicos, trabalhadores cooperativados e empregadores (particularmente, os proprietários de micro e pequenas unidades de produção). São também considerados trabalhadores aqueles que exercem atividades não remuneradas habitualmente, em ajuda a membro da unidade domiciliar que tem uma atividade econômica, os aprendizes e estagiários e aqueles temporária ou definitivamente afastados do mercado de trabalho por doença, aposentadoria ou desemprego (BRASIL, 2001).
    A qualidade de vida no trabalho, normalmente é analisada a partir da relação da qualidade de vida do trabalhador com sua produtividade, mas, cada vez mais, os estudos e intervenções estão focalizados também em aspectos da vida do trabalhador não diretamente ligados ao seu trabalho para a análise da qualidade de vida (OLIVEIRA, 1997; LACAZ, 2000; VASCONCELOS, 2001). Apesar disso, algumas discussões mais recentes trazem a terminologia “qualidade de vida do trabalhador” deixando mais claro que a qualidade de vida não se restringe somente ao local e ao momento do trabalho, mas sim, possui relação com todos os outros aspectos que formam a vida das pessoas (trabalhador e sua família) como a satisfação pessoal, relacionamento familiar, oportunidades de lazer, dentre outros (NAHAS, 2003).
    Mesmo que o tema venha sendo discutido há várias décadas, ainda existem imprecisões conceituais e controvérsias e às vezes o assunto não é discutido com a abrangência necessária que tema exige, limitando-se a análises das condições de vida, prevalências de doenças e comportamentos de riscos nos trabalhadores. Neste sentido, este estudo teve por objetivo apresentar e discutir os principais conceitos da qualidade de vida no trabalho (do trabalhador) com destaque para os estudos e a legislação brasileira.
Qualidade de vida
    O conceito qualidade de vida apresenta várias definições, por vezes divergentes, que dependem, dentre outros fatores, da área de interesse das investigações. Apesar disso, é consenso que não inclui apenas fatores relacionados à saúde, como bem-estar físico, funcional, emocional e mental, mas também outros elementos importantes da vida das pessoas como trabalho, família, amigos, e outras circunstâncias do cotidiano, sempre considerando que a percepção pessoal de quem pretende se investigar é primordial (GILL e FEISNTEIN, 1994). A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que a qualidade de vida reflete a percepção dos indivíduos de que suas necessidades estão sendo satisfeitas ou, ainda, que lhes estão sendo negadas oportunidades de alcançar a felicidade e a auto-realização, com independência de seu estado de saúde físico ou das condições sociais e econômicas (OMS, 1998).
    Segundo Tani (2002) determinados aspectos da vida como a felicidade, amor e liberdade, mesmo expressando sentimentos e valores difíceis de serem compreendidos, não se tem dúvida quanto a sua relevância, acontecendo o mesmo com a qualidade de vida. Tani (2002) também destaca que o tema vem sendo usado de forma indiscriminada e oportunista, por exemplo, com muitos políticos que prometem elevar a qualidade de vida da população lançando mão de estatísticas muitas vezes irreais para comprovar seus feitos.
    Importante salientar que muitos estudos fazem uma abordagem superficial do tema evitando definir exatamente o que pretendem medir ou ainda apresentam estas determinações de forma limitada (FARQUHAR, 1995). Além disso, grande parte dos estudos investiga as condições de saúde ou de vida fazendo inferências sobre qualidade de vida a partir destas informações. Porém, muitas vezes estes achados podem não refletir de forma ampla o quão bem se vive a pessoa investigada (RENWICK e BROWN, 1996; MINAYO, HARTZ e BUSS, 2000).
    Em se tratando de qualidade geral podem ser apontados alguns componentes que auxiliam na compreensão teórica do tema. Silva (1999) considera qualidade de vida em seis dimensões ou domínios:
Físico: engloba não apenas o quadro clínico do indivíduo (presença/ausência, gravidade/intensidade de doença orgânica demonstrável), mas também, a adoção de uma alimentação saudável, a não aderência a hábitos nocivos de vida e, também, ao uso correto do sistema de saúde; 
Emocional: envolve desde uma adequada capacidade de gerenciamento das tensões e do estresse até uma forte auto-estima, somadas a um nível elevado de entusiasmo em relação à vida; 
Social: significa alta qualidade dos relacionamentos, equilíbrio com o meio ambiente e harmonia familiar; 
Profissional: composta de uma clara satisfação com o trabalho, desenvolvimento profissional constante e reconhecimento do valor do trabalho realizado; 
Intelectual: significa utilizar a capacidade criativa sempre que possível, expandir os conhecimentos permanentemente e partilhar o potencial interno com os outros; 
Espiritual: traduzida em propósito de vida baseado em valores e ética, associadoa pensamentos positivos e otimistas. 
    Silva (1999) enfatiza que, apesar do modelo teórico ser baseado em componentes, a vida não pode ser compartimentalizada de forma estanque, sendo que todas as dimensões se interligam e influenciam-se reciprocamente, respondendo todas em conjunto pela qualidade de vida.
    Além da idéia de multidimensionalidade do conceito de qualidade é importante, mesmo que difícil, se definir cada dimensão para a qualidade de vida das pessoas. A dimensão profissional da qualidade de vida ganha importância pelo fato do trabalho ocupar um espaço muito importante na vida das pessoas, ou seja, quase todo mundo trabalha, e uma grande parte da vida é passada dentro de organizações. Possui também um importante valor na sociedade e as pessoas começam a ingressar nele cada vez mais jovens. Contudo, o mundo do trabalho moderno parece tomar uma configuração sentida pelo homem como mentalmente e espiritualmente pouco saudável. Pode-se dizer tranqüilamente que muitas pessoas adoecem em função do trabalho (ROEDER, 2003).
Qualidade de vida do trabalhador
    Qualidade de vida do trabalhador ou no trabalho é um tema bastante desenvolvido na área da economia e administração que normalmente aborda o conceito no víeis dos programas de qualidade, nos quais a satisfação do trabalhador é um meio para se atingir alta produtividade; mas também é crescente a busca de superação desse paradigma no sentido de considerar, de forma mais humana, as pessoas que estão envolvidas nos processos produtivos (NAHAS, 2003).
    De qualquer forma, as contradições e singularidades que são características marcantes do ser humano são marcas também do contexto da qualidade de vida e saúde do trabalho, ou seja, alguns trabalhadores vão adoecer e outros não, alguns terão sua qualidade de vida deteriorada ao passo que outros terão melhorias mesmo sendo submetidos a condições de trabalho similares; algumas pessoas irão conseguir se adaptar e superar as dificuldades mais facilmente que outras e isso irá depender de inúmeras dimensões e particularidades de cada indivíduo, sendo a identificação e análise dessas dimensões um passo essencial para um maior conhecimento da área, amadurecimento conceitual, bem como, de futuras propostas de intervenção.
    Similar ao conceito de qualidade de vida, a qualidade de vida no trabalho também apresenta uma imprecisão conceitual e vem sendo normalmente relacionada às práticas empresariais de qualidade total e sua discussão ganhou importância no pós-guerra pelo Plano Marshall de reconstrução da Europa (LACAZ, 2000), no qual os Estados Unidos buscou, a partir de investimentos financeiros, alavancar a economia dos países aliados na Europa. Sua origem deu-se nos estudos de Eric Trist e colaboradores na década de 50 na Inglaterra, no qual estudavam um modelo macro para agrupar o trinômio indivíduo/trabalho/organização. As preocupações com as condições de trabalho e influência destas na produção e moral do trabalhador vieram a ser estudadas de forma mais clara somente com a sistematização dos métodos de produção nos séculos XVIII e XIX (RODRIGUES, 1995).
    Na década de 60 o assunto ganhou impulso a partir de uma maior conscientização dos trabalhadores e das responsabilidades sociais da empresa objetivando um último plano para atingir altos níveis de produtividade, mas sem esquecer a motivação e satisfação do indivíduo. Apesar disso, as preocupações com qualidade de vida no trabalho foram em muitos momentos esquecidas frente às mudanças do mercado e economia internacional e necessidade de mudanças das formas de produção (RODRIGUES, 1995).
    A partir dos anos 80 houve uma tendência que fundamentou a qualidade de vida no trabalho na maior participação do trabalhador na empresa, na perspectiva de tornar o trabalho mais humanizado, vendo os trabalhadores como indivíduos ativos dentro do contexto da produção, sendo que sua realização pessoal está baseada no desenvolvimento e aprofundamento de suas potencialidades enquanto trabalhador e ser humano. Até então a preocupação sobre prevenção dos acidentes e doenças tidos como diretamente relacionados ao trabalho era o foco principal. A superação disso, veio na discussão de outros tipos de agravos relacionados principalmente à saúde do trabalhador e que não pareciam diretamente ligados ao trabalho (LACAZ, 2000).
    A qualidade de vida no trabalho engloba muitos aspectos. Rodrigues (1995) e Sucesso (1998), assim como ilustra o Quadro 1, realizam leituras e resumem estes aspectos.
Quadro 1. Aspectos que alicerçam a qualidade de vida no trabalho
	Autores
	Aspectos que alicerçam a qualidade de vida no trabalho
	Rodrigues (1995)
	- adequada e satisfatória recompensa;
	
	- segurança e saúde no trabalho;
	
	- desenvolvimento das capacidades humanas;
	
	- crescimento e segurança profissional;
	
	- interação social;
	
	- direitos dos trabalhadores;
	
	- espaço total de vida no trabalho e fora dele;
	
	- relevância social;
	Sucesso (1998)
	- renda capaz de satisfazer às expectativas pessoais e sociais;
	
	- orgulho pelo trabalho realizado;
	
	- vida emocional satisfatória;
	
	- auto-estima;
	
	- imagem da empresa/instituição junto à opinião pública;
	
	- equilíbrio entre trabalho e lazer;
	
	- horários e condições de trabalhos sensatos;
	
	- oportunidade e perspectivas de carreira;
	
	- possibilidade de uso do potencial;
	
	- respeito aos direitos;
	
	- justiça nas recompensas.
    Conceitualmente França (1997) aborda qualidade de vida no trabalho como um conjunto de ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da qualidade de vida no trabalho ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas como um todo, o que pode ser chamado de enfoque biopsicossocial, norteando a realização de diagnóstico, campanhas, criação de serviços e implantação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho na empresa.
    Os estudos em administração têm lançado inúmeras propostas de gestão, mas infelizmente aquelas que visam proporcionar uma melhor condição de trabalho e satisfação na sua execução, e não apenas aumento do lucro, ainda deixam muito a desejar. Ações concretas no sentido de oportunizar um ambiente de trabalho em um local aprazível, onde se possa sentir satisfação e alegria na execução das atividades profissionais são essenciais (VASCONCELOS, 2001).
    A qualidade de vida no trabalho tende a ser definida como uma forma de pensamento envolvendo além das questões do próprio trabalho, a organização e as pessoas. Neste sentido, pode-se inferir que há preocupação com o bem-estar do trabalhador e com a eficácia organizacional, assim como com a participação dos trabalhadores nas decisões e problemas do trabalho. De forma geral, Rodrigues (1995) fazendo uma leitura de Huse e Cummings (1985) aborda ainda que a operacionalização do conceito de qualidade de vida no trabalho pode ocorrer por meio de quatro aspectos ou programas:
A participação do trabalhador: o trabalho é envolvido no processo de tomada de decisão em vários níveis organizacionais, por meio de uma filosofia organizacional adequada. A participação é operacionalizada por meio de análise e solução de problemas na produção feita, por exemplo, pelos ciclos de controle de qualidade e de grupos de trabalho cooperativos; 
O projeto do cargo: envolve a reestruturação do cargo dos indivíduos ou grupos. Os cargos devem atender às necessidades tecnológicas do trabalhador. O projeto do cargo inclui o enriquecimento do trabalho no qual são fixados a maior variedade da tarefa, feedback e grupos de trabalho auto-regulados; 
Inovação do sistema de recompensa: envolve todo o plano de cargo e salário da organização e visa minimizar as diferenças salariais e de status entre os trabalhadores; 
Melhoria no ambiente de trabalho: envolve mudanças físicas ou tangíveis nas condições de trabalhocomo: flexibilidade de horário, modificação do local dos equipamentos de trabalho, etc. Com essas melhorias os operários tornam-se mais satisfeitos com seus serviços. Neste sentido, pode-se dizer que a qualidade de vida no trabalho afeta positivamente a produtividade de forma indireta, de modo que há aumento da coordenação, motivação e capacidade. 
    Estes aspectos, embora importantes, remetem a necessidade da qualidade de vida não ser encarada apenas no ambiente de trabalho, mas também fora dele. O trabalho organizacional conforme aborda Rodrigues (1995) deve ser visto como parte inseparável da vida humana e, a qualidade de vida no trabalho, influencia ou é influenciada por vários aspectos da vida fora do trabalho, sendo que a satisfação no trabalho não pode estar isolada da vida do indivíduo como um todo. Além disso, o trabalho é onde se estabelece muitos dos contatos sociais, assumindo um papel muito importante na vida das pessoas influenciando na forma como se vive, nos hábitos e até mesmo na identidade pessoal de cada um, possuindo assim a satisfação com a vida uma relação estreita no e com o trabalho.
    Categorias conceituais de qualidade de vida no trabalho também são apresentadas por Walton (1973) e retratadas por Fernandes (1996):
Compensação justa e adequada: equidade interna e externa, justiça na compensação e partilha de ganhos de produtividade; 
Condições de trabalho: jornada de trabalho razoável, ambiente físico seguro e saudável, ausência de insalubridade; 
Uso e desenvolvimento de capacidades: autonomia, autocontrole relativo, qualidade múltiplas, informações sobre o processo total do trabalho; 
Oportunidades de crescimento e segurança: possibilidade de carreira, crescimento pessoal, perspectiva de avanço salarial, segurança de emprego; 
Integração social na organização: ausência de preconceitos, igualdade, mobilidade, relacionamento, senso comunitário; 
Constitucionalismo: direitos de proteção ao trabalhador, privacidade pessoal, liberdade de expressão, tratamento imparcial, direitos trabalhistas; 
O trabalho e o espaço total da vida: papel balanceado no trabalho, estabilidade de horários, poucas mudanças geográficas, tempo para lazer da família; 
Relevância social do trabalho na vida: imagem da empresa, responsabilidade social da empresa responsabilidade pelos produtos, práticas de emprego. 
Para Silva e Marchi (1997) as ações de implementação de programas de qualidade de vida podem alcançar benefícios que contemplam tanto o próprio trabalhador quanto a empresa, assim como ilustra a Figura 1. Além disso, os mesmos autores inferem ganhos relacionados à saúde, estilo de vida, disposição geral, educação nutricional e riscos cardíacos
Diante dessas abordagens é possível perceber que os autores apontam possibilidades de uma melhor qualidade de vida do trabalhador. Participação nas decisões, salários dignos, respeito aos direitos, possibilidade de aperfeiçoamento e crescimento profissional, dentre outros, são aspectos também apontados como essenciais na melhoria das condições de trabalho. No entanto, buscar essas melhorias nas empresas não é tarefa fácil.
Dentro da amplitude da correlação saúde/trabalho é importante ressaltar que não está apenas ligada ao trabalhador em si. A divisão entre espaço de trabalho e espaço privado só é eventualmente pertinente na análise econômica, mas torna-se inconsistente a partir do momento em que se trata das relações sociais e das questões de saúde. Desta forma toda a família, o cônjuge, os filhos e mesmo os pais fazem parte do esforço em enfrentar as dificuldades no trabalho, sendo atingidos indiretamente, mas também fortemente, pelos efeitos da situação do trabalho sobre aquele que nela se encontra exposto (uma parte da violência comum nas relações conjugais, uma parte do alcoolismo e das doenças têm relação com as dificuldades no trabalho e tocam todos os membros da família).
    Voltando a questão que o trabalho também possui uma importante função na realização e satisfação pessoal, o prazer no trabalho e os benefícios provenientes da relação de trabalho no registro da saúde também têm repercussões favoráveis na economia das relações da família e no desenvolvimento psíquico e afetivo dos filhos (DEJOURS, 1992). Essa abordagem mostra ainda que assim como em todos os âmbitos da vida humana, a qualidade de vida e saúde possuem uma relação estreita. Os estudos em psicopatologia do trabalho, psicopatologia e psicossamática de acordo com Dejours (1992), cada vez mais levam os pesquisadores a investigar a doença, a loucura ou a morte. Mesmo que haja situações preocupantes que envolvem os trabalhadores é importante ainda entender como tantas pessoas, se não a maioria delas, conseguem resistir, sobreviver, e até conquistar um pouco de felicidade vivenciando condições de vida tão duras e desestabilizantes.
    Rodrigues (1995) fazendo uma leitura de Shamir e Salomon (1985) destaca algumas variáveis no contexto da qualidade de vida e trabalho:
Características da tarefa: autonomia, com uma supervisão menos rígida, feedback, variedade de habilidade, significado da tarefa e identidade da tarefa; 
Relações sociais: o local de trabalho permite ao indivíduo um relacionamento social extra-familiar com grupos restritos, sendo que as maiores fontes de satisfação com o emprego e para com a qualidade de vida do indivíduo pode afetar e eficiência organizacional; 
Estresse relacionado ao emprego: principalmente gerado pela questão dos papéis, fato que em casa muitas vezes o trabalho pode render mais. Um dos principais fatores de estresse é quando duas partes do conjunto de papéis esperam comportamento diferentes da parte do ocupante do papel; 
Relações no trabalho e fora do trabalho: muita diferença entre os locais de convívio e certa transferência do comportamento entre ambos locais; 
Status, poder e igualdade: uma maior igualdade dos trabalhadores dentro da organização pode trazer benefícios; 
Outras funções latentes do trabalho: o trabalho impõe uma estrutura de tempo sobre o dia e define aspectos de status e identidade pessoal. 
    Os pontos-chave na discussão da qualidade de vida no trabalho se agrupam nas questões de controle, que engloba a autonomia e o poder que os trabalhadores têm sobre os processos de trabalho, incluindo questões de saúde, segurança e suas relações com a organização do trabalho que é um dos componentes mais importantes que configuram ou determinam a qualidade de vida no trabalho das pessoas. As condições, ambientes e organização do processo de trabalho devem respeitá-las em sua individualidade (LACAZ, 2000).
    Lacaz (2000) propõe o redirecionamento de foco do debate da qualidade de vida do trabalhador nas relações sociais de trabalho que se estabelecem no processo produtivo. Segundo o autor não é possível falar em qualidade sem discutir a qualidade dos ambientes e condições de trabalho. Isso é viabilizado por meio das relações sociais no trabalho onde às questões ligadas à competitividade/produtividade e qualidade do produto devem ser analisadas à luz da qualidade do trabalho e à defesa da vida e da saúde dos trabalhadores. No Brasil, percebe-se um enfraquecimento de um dos pilares da busca da qualidade de vida do trabalho, ou seja, na organização dos trabalhadores.
    Dejours (1992) aponta que a organização do trabalho tem um papel fundamental para a saúde do trabalhador. Esta organização abarca não só a divisão das tarefas entre os operadores, os ritmos impostos e os modos operários prescritos, mas, sobretudo a divisão dos homens para garantir esta divisão de tarefas, representada pelas hierarquias, as repartições de responsabilidade e os sistemas de controle. Porém, quando essa organização entra em conflito com o funcionamento psíquico dos homens, e não há mais possibilidade de adaptação surge um sofrimento patogênico que vai necessitar a criação de outras estratégias de proteção. No entanto, é importante salientar que o sofrimento nem sempre é patogênico e pode ser criativo, sendo que o trabalho também é responsávelpor prazer e realização pessoal. Importante salientar que de qualquer maneira o trabalho nunca é neutro em relação à saúde, favorecendo a doença ou a saúde.
    Entre os determinantes da saúde do trabalhador estão compreendidos os condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais responsáveis pelas condições de vida e os fatores de risco ocupacionais – físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, psicossociais e de acidentes mecânicos e aqueles decorrentes da organização laboral – presentes nos processos de trabalho. Assim, as ações de saúde do trabalhador têm como foco as mudanças nos processos de trabalho que contemplem as relações saúde-trabalho em toda a sua complexidade, por meio de uma atuação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial (BRASIL, 2001).
    Assunção (2003) faz uma crítica a metodologia de associação direta entre os diagnósticos médicos guiados pela Classificação Internacional das Doenças com as condições de trabalho, já que os sintomas nem sempre são específicos e se referem à complexidade psicofisiológica dos seres humanos e à dinamicidade das situações de trabalho. As inúmeras transformações econômicas advindas da globalização e da modificação nos processos de produção em busca de uma maior produtividade implicam numa maior instabilidade e insegurança para os trabalhadores e isso, sem dúvida, reflete na saúde dos trabalhadores.
    O surgimento de novas formas de adoecimento mal caracterizadas, como o estresse e a fadiga física e mental e outras manifestações de sofrimento relacionadas ao trabalho, configura, portanto, situações que exigem mais pesquisas e conhecimento para que se possa traçar propostas coerentes e efetivas de intervenção (BRASIL, 2001).
    Uma patologia que consta na lista de doenças relacionadas ao trabalho e de grande importância na questão da qualidade de vida do trabalhador é o estresses e doenças associadas. Estresse ou síndrome geral de adaptação, segundo Azevedo e Kitamura (2006), trata do conjunto de reações que o organismo desenvolve ao ser submetido a circunstâncias que exigem esforço de adaptação, sendo uma resposta neuro-endrócrina do organismo a estímulos que ameaçam romper o equilíbrio dinâmico. Esse estresse é importante para a evolução do ser humano, no entanto quando há falhas dos mecanismos de adaptação, eventos de alta gravidade podem ser desencadeados e podem conduzir o organismo a morte.
    Ainda segundo Azevedo e Kitamura (2006) diversos aspectos do ambiente de trabalho podem ser geradores de estresse e determinado tipo de estresse está associado ao rebaixamento da qualidade de vida dos trabalhadores. Os quadros de estresse e de doenças relacionadas como a síndrome Burnout conhecida como a síndrome do esgotamento profissional, neuroses profissionais, síndrome da fadiga, transtornos psicossomáticos e doenças cardiovasculares que estão associadas às condições difíceis de trabalho, problemas de adaptação, acúmulo de trabalho, exigências por produção dentre outras inúmeras condições podem prejudicar a saúde do trabalhador. Os autores destacam que o ser humano oscila entre situações de estresse que possibilita a criatividade e aquele que pode prejudicar, assim como, entre momentos de boa e má qualidade de vida. Logo, há a necessidade dos indivíduos e grupos sociais organizarem recursos internos e externos para superar situações de estresses patológico que pode ser extremamente prejudicial ao trabalhador.
    Lacaz (2000) utilizando como fonte as publicações do National Institut of Occupational Safety and Health de 1983 aponta os dez principais grupos de doenças e acidentes relacionados com o trabalho nos Estados Unidos.
Doenças pulmonares: asbestose, bissinose, silicose, pneumoconiose dos trabalhadores do carvão, câncer de pulmão, asma ocupacional; 
Lesões musculoesqueléticas: distúrbios da coluna lombar, do tronco, extremidades superiores, pescoço, extremidades inferiores, fenômeno de Raynaud traumaticamente induzido; 
Cânceres ocupacionais (outros que não de pulmão): leucemia, mesotelioma, câncer de bexiga, de nariz e de fígado. 
Amputações, fraturas, traumas oculares e politraumatismos; 
Doenças cardiovasculares: hipertensão, coronariopatias e infarto agudo do miocárdio; 
Distúrbios da reprodução: infertilidade, abortamento espontâneo, teratogênese; 
Distúrbios neurotóxicos: neuropatias periféricas, encefalites tóxicas, psicoses, alterações de personalidade (relacionadas a exposições ocupacionais); 
Perdas auditivas relacionadas com exposição ao ruído; 
Afecções dermatológicas: dermatoses, queimaduras térmicas e químicas, contusões; 
Distúrbios da esfera psíquica: neuroses, distúrbios de personalidade, alcoolismo e dependência de drogas. 
    Conforme relatórios do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS citado em Lacaz (2000) as principais causas de aposentadoria por invalidez previdenciária no Brasil, na década de 1980 são respectivamente: hipertensão arterial, transtornos mentais, doenças osteoarticulares, doenças cardiovasculares, epilepsias, doenças infectocontagiosas.
    Brasil (2001) faz referencia à lista de doenças relacionadas ao trabalho, citada na portaria 1.339 de 18 de novembro de 1999 e classifica as doenças em relação ao trabalho da seguinte forma:
GRUPO I: doenças em que o trabalho é causa necessária, tipificadas pelas doenças profissionais, stricto sensu, e pelas intoxicações agudas de origem ocupacional. Este grupo tem conceituação legal no âmbito da SAT da previdência social e sua ocorrência deve ser notificada segundo regulamentação na esfera da saúde, da previdência social e do trabalho, como por exemplo aquelas doenças legalmente reconhecidas. 
GRUPO II: doenças em que o trabalho pode ser um fator de risco, contributivo, mas não necessárias, exemplificadas pelas doenças comuns, mais freqüentes ou mais precoces em determinados grupos ocupacionais e para as quais o nexo causal é de natureza eminentemente epidemiológica. A hipertensão arterial e as neoplasias malignas (cânceres), em determinados grupos ocupacionais ou profissões, constituem exemplo típico. 
GRUPO III: doenças em que o trabalho é provocador de um distúrbio latente, ou agravador de doença já estabelecida ou pré-existente, tipificadas pelas doenças alérgicas de pele e respiratórias e pelos distúrbios mentais, em determinados grupos ocupacionais ou profissões. 
    Para Dejours (1992) nesse contexto é fundamental o conceito de normalidade. A normalidade é fundamentalmente enigmática e nunca é dada como um presente da natureza. Para tanto, supõe-se uma construção feita por cada um dos indivíduos, uma luta incessante para reconquistar o que se perde, refazer o que se desfez, reestabilizar o que se desestabiliza. O ser humano é capaz de criar estratégias inteligentes para se defender (consciente e in consciente mente) e se manter dentro da normalidade, o que normalmente é conquistado a custo de certas patologias crônicas, notadamente patologias somáticas, para onde submerge uma parte do sofrimento que não consegue encontrar soluções adequadas, isto é, soluções que passem pela transformação da situação concreta de maneira a adequá-la melhor às necessidades e aos desejos do indivíduo.
    Ainda em relação à normalidade Dejours (1992) explica que as estratégias defensivas e a inteligência do indivíduo em relação à luta contra as dificuldades desestabilizantes e patogênicas, é de grande valor na decisão de tratamentos inovadores em relação às abordagens médicas psiquiátricas clássicas. Nesse sentido a busca pelas razões e não apenas pelo tratamento de sintomas se faz necessária, conhecendo melhor o ser humano que se está pretendendo tratar. Importante salientar também que o trabalho ocupa um lugar muito mais importante na luta contra a doença do que se supunha até agora nas concepções científicas. O termo trabalho deveria fazer parte da própria definição de saúde, por exemplo, sob a forma do direito fundamental de contribuir para a saúde e o trabalho social, por um lado, e de obter em troca um reconhecimento

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