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TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 1 Aula 03 2 Direitos e garantias fundamentais. Remédios Constitucionais I. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ---- 3 II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA -------------------------------------------------------------------------- 5 III. HABEAS CORPUS (HC) --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 6 IV. HABEAS DATA (HD) ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 24 V. MANDADO DE SEGURANÇA (MS) ------------------------------------------------------------------------------------ 34 VI. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (MSC) ------------------------------------------------------------- 46 VII. MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) ---------------------------------------------------------------------------------------- 59 VIII. AÇÃO POPULAR (AP) --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 76 IX. QUESTÕES DA AULA ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 89 X. GABARITO --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 100 XI. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ---------------------------------------------------------------------------------------- 101 Olá futuros Técnicos de Controle Externo! Prontos para trabalhar em um dos melhores órgãos da Administração Pública e para o SEU salário de R$ 9.381,76? (Esse é o salário!) Estão estudando como eu ensinei na aula inaugural? E os resultados? Tenho certeza de que estão melhorando! E também estou certo de que eles serão cada vez melhores! Na aula de hoje, estudaremos a seguinte parte do seu edital: 2 Direitos e garantias fundamentais. Remédios Constitucionais. Como sempre, faremos muitos exercícios para que você treine muito e tenha uma visão de todos os ângulos da matéria: serão 84 questões comentadas! Começaremos com a parte teórica e os exercícios virão na medida em que a matéria for explicada. Ao responder as questões, leia todos os comentários, pois foram feitas várias observações além da mera resolução da questão. Na aula de hoje, teremos APENAS 41 páginas de conteúdo (teoria). O restante das páginas é dividido entre exercícios comentados, MUITOS esquemas e uma lista com as questões da aula. Dessa forma, apesar de o TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 2 número de páginas ser elevado, a leitura do material é bastante rápida e agradável! Você notará que alguns esquemas e respostas foram exaustivamente repetidos nos comentários das questões. Isso não é por acaso! Sugiro que você os revise várias vezes, para internalizar o conhecimento. Caso tenham alguma dúvida, mandem-na para o fórum. Vamos então à nossa aula! TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 3 I. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Caro aluno, nós já estudamos vários direitos até aqui: os direitos individuais e coletivos, os sociais, os políticos, os de nacionalidade etc. Pois bem, os direitos são justamente esses bens e vantagens prescritos na Constituição. Mas o que acontece se alguém tem o direito, mas por algum motivo não consegue exercê-lo? Para isso servem as garantias: elas são os instrumentos que asseguram o exercício dos direitos. OBSERVAÇÃO: Muitas vezes, as bancas, os autores e os professores utilizam essas expressões (direitos e garantias) como sinônimas. Até porque essa linha, às vezes, é bem tênue. Assim, muito dificilmente, as bancas vão considerar incorreta uma questão somente por conta dessa divergência (chamar direito de garantia e vice-versa). Já os remédios são espécies de garantias e podem ser divididos em remédios administrativos e remédios judiciais. Os remédios administrativos são instrumentos assegurados à pessoa para que ela consiga exercer seus direitos sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. Assim, o dono do direito consegue exercê-lo utilizando-se simplesmente da via administrativa. Dois remédios administrativos previstos na Constituição são: o direito de petição e o direito de certidão. Somente para relembrar: Art. 5º, XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; Já os remédios judiciais são os instrumentos que possibilitam que alguém exerça seu direito, mas deve-se recorrer ao Poder Judiciário. Assim, eles são ações específicas para que alguém alcance ou exerça algum direito que possui e que está sendo violado. Os remédios judiciais previstos na CF são os seguintes: • Habeas Corpus (HC), TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 4 • Habeas Data (HD), • Mandado de Segurança (MS), • Mandado de Segurança Coletivo (MSC), • Ação Popular (AP) e o • Mandado de Injunção (MI). Vamos estudar agora cada um deles. Mas somente para que fique mais claro, quando falamos de esfera judicial e esfera administrativa, é bastante interessante que você entenda perfeitamente o que isso significa: TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 5 II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA Quando falamos em esfera administrativa, estamos falando em ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, ou seja, os órgãos públicos em geral, como a Receita Federal, INSS, CGU, DETRAN, Ministérios etc. Já quando falamos em esfera judicial, estamos nos referindo especificamente ao Poder Judiciário exercendo sua função típica. Duas considerações: 1- Um Tribunal, se estiver exercendo a atividade típica do Poder Judiciário, ou seja, provendo a prestação jurisdicional, será considerado esfera judicial. No entanto, se o mesmo Tribunal estiver exercendo atividade tipicamente administrativa (ex. realizando uma licitação), será considerado esfera administrativa. 2- Para facilitar a divisão dos trabalhos, o Poder Judiciário (enquanto função típica) é dividido em duas grandes áreas: civil e penal. Tanto a esfera civil quanto a penal são parte do Poder Judiciário (na esfera judicial). Guarde essas informações, pois serão importantes para daqui a pouco. Esquematizando: • Diferenças entre Direitos, Garantias e Remédios Constitucionais o Direitos: bens e vantagens prescritos na CF o Garantias: Instrumentos que asseguram o exercício dos direitos. o Remédios: Espécie de garantia • Remédios • Administrativos - Direito de certidão - Direito de petição • Judiciais - Habeas Corpus (HC) - Habeas Data (HD) - Mandado de Segurança (MS) - Mandado de Segurança Coletivo (MSC) - Ação Popular (AP) - Mandado de Injunção (MI) o Esfera - Judicial - Civil - Penal - Administrativa TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 6 III. HABEAS CORPUS (HC) A Constituição dispõe em seu art. 5º, LXVIII: “conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”. Assim, o habeas corpus é uma ação usada para proteger o direito de ir e vir, o direito de liberdade. Os dois marcos históricos dessa ação são datados de 1215 com o ReiJoão Sem Terra e de 1679 com o Habeas Corpus Act. O HC é uma ação penal (lembre-se: dentro da esfera judicial e, dentro dessa, da área penal) e de procedimento especial. Justamente por proteger um dos direitos mais críticos do ser humano, a liberdade, o HC é uma ação de procedimento mais rápido do que as ações comuns (rito sumário). Essa ação possui algumas figuras importantes: i. Quem entra com a ação. ii. Contra quem se entra com a ação. iii. Em favor de quem se entra com a ação, ou seja, quero proteger a liberdade de quem?. Cada uma dessas figuras possui um nome diferente e algumas características e são importantes para a sua prova. Vamos a elas. 1. IMPETRANTE O impetrante é o nome de quem entra com a ação, é o legitimado ativo para entrar com o habeas corpus. Assim, pode-se entrar com habeas corpus para proteger o direito de liberdade próprio ou de terceiros. Além disso, qualquer pessoa (é qualquer pessoa mesmo!) pode entrar com essa ação: pessoa física, jurídica, nacional, estrangeira, capaz ou não, Ministério Público... Assim, um menor de idade ou um deficiente mental podem impetrar um habeas corpus. Dica: Em direito, quem pode entrar com a ação se chama legitimado ativo e contra quem se entra com a ação se chama legitimado passivo. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 7 Na ação do habeas corpus, como o direito protegido é um direito altamente sensível, existem exceções a algumas regras adotadas pelo Poder Judiciário. Observe: a) Uma regra em direito é que “o Poder Judiciário não pode dar o que a pessoa não pede” (vinculação ao pedido). Observe o art. 2º do Código de Processo Civil: “Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais.” Assim, se alguém tem direito a 10, mas, ao entrar no judiciário, só pede 2, essa pessoa só poderá ganhar 2 (aquilo que pediu). No entanto, no habeas corpus, o juiz pode agir de ofício (por conta própria) e conceder o HC mesmo sem ninguém ter pedido. b) Outra regra em direito é que as partes devem ser sempre representadas por advogado, pois este é o único que tem a capacidade postulatória (capacidade de agir em juízo). No entanto, para amplificar a proteção à liberdade, no HC, não se precisa de advogado. c) Mais uma importante regra em direito é que devem ser cumpridas várias formalidades processuais e instrumentais. Como exemplo, observe o art. 282 do Código de Processo Civil (não precisa saber esse artigo para a sua prova de Direito Constitucional, ok? É só para exemplificar): Art. 282. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu. No habeas corpus, não existe qualquer formalidade processual ou instrumental. Pode-se entrar com a petição inicial escrita em um “papel de pão”, que ela deverá ser analisada pelo Poder Judiciário. No entanto, o pedido deve ser escrito em língua portuguesa. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 8 2. PACIENTE O paciente é a pessoa em favor de quem se entra com o habeas corpus. Como paciente, só se admite que sejam pessoas físicas (pessoas de carne e osso). Assim, não cabe o HC para proteger pessoa jurídica, pois o direito de liberdade não se aplica a elas. • Exemplificando: pessoa jurídica “Coca-Cola”. o Quem tem direito à liberdade é o “diretor” da empresa (pessoa física) e não a “Coca-Cola” (pessoa jurídica). o Quem pode ir e vir é um “funcionário” da fábrica (pessoa física) e não a “Coca-Cola” (pessoa jurídica). Entenderam porque o direito de liberdade / ir e vir não se aplica às pessoas jurídicas? Cabe ressaltar que as pessoas jurídicas podem cometer crimes (ambientais, por exemplo), mas não podem ser apenadas com o cerceio da liberdade (HC 92.921/BA). 3. IMPETRADO O impetrado é o legitimado passivo da ação, ou seja, contra quem se entra com a ação. O legitimado passivo pode ser autoridade pública que cometa ilegalidade ou abuso de poder ou o particular que cometa ilegalidade. Assim, observe que o HC pode ser impetrado contra PARTICULAR para cessar uma coação ilegal! Exemplo 1: retenção ilegal de paciente em hospital particular em que se encontra internado até que seja paga a conta. Cabe o HC, pois a retenção é ilegal e lesa o direito de ir e vir. Exemplo 2: retenção, pelo empregador, de trabalhador em imóvel rural para pagamento de eventuais dívidas. Também cabe o HC, pois a retenção é ilegal e lesa o direito de ir e vir. Não confundir o HC impetrado contra particular com Mandado de Segurança contra particular no exercício de função pública (a ser estudado mais à frente). TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 9 Esquematizando: HABEAS CORPUS (HC) • art. 50, LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; • Direito protegido: Ir e vir direito de 1a geração • Origem - 1215 – Rei João-Sem-Terra - 1679 – habeas corpus act • Natureza: Penal e procedimento especial (Alexandre de Moraes) • Impetrante - Quem entra com a ação (Legitimado - Para si ou 3º ativo) - Qualquer um - Pessoa física ou jurídica - Nacional ou estrangeiro - MP - Capaz ou não - Juiz concede de ofício - Não precisa de advogado - Não tem qualquer formalidade processual ou instrumental - Deve ser escrito em língua portuguesa • Paciente - Pessoa em favor da qual se entra com HC - Somente pessoa física - Não cabe HC para proteger pessoa jurídica - Pessoa jurídica comete crime (ambiental), mas não pode ser apenada com cerceio da liberdade (HC 92.921/BA) • Impetrado - Autoridade coatora (Legitimado - Pode ser - Pública – ilegalidade ou abuso de poder Passivo) - Particular - ilegalidade Pode ser impetrado contra PARTICULAR para cessar uma coação ilegal!!! Ex: hospital psiquiátrico Ex: retenção de paciente em hospital particular em que se encontra internado até que seja paga a conta Ex: a retenção, pelo empregador, de trabalhador em imóvel rural para pagamento de eventuais dívidas. Não confundir o HC impetrado contra particular com Mandado de Segurança contra particular no exercício de função pública TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 10 4. OUTRAS CARACTERÍSTICAS DO HABEAS CORPUS O habeas corpus pode ser usado para proteger a liberdade de alguém antes ou depois desse direito ser indevidamente violado. Assim, se alguém já teve sua liberdade indevidamente restrita, o HC se chama repressivo ou liberatório. Por outro lado, quando alguém está prestes a ter sua liberdade indevidamente violada, o HC será chamado de preventivo ou salvo conduto. Além disso, é cabível desistência do HC. Para garantir uma maior proteção a esse direito sensível, o HC é sempre gratuito e é cabível contra ato omissivo ou comissivo. Um ato omissivo é uma omissão, um não fazer, um ato negativo. Já o ato comissivo é um agir, um fazer, um ato positivo. • Exemplo de ato comissivo: uma ordem de prisão ilegal expedida por um juiz; • Exemplo de ato omissivo: um juiz que deveria mandar soltar alguém e não o faz, mantendo alguém preso ilegalmente. Outrainformação importante é que o habeas corpus é cabível contra ofensa direta ou indireta ao direito de liberdade (lembre-se: a ideia é que esse direito seja protegido da forma mais ampla possível). • Ofensa direta: quando um ato atenta diretamente contra a liberdade de alguém. Ex: uma ordem de prisão irregular. • Ofensa indireta: quando um ato não restringe diretamente a liberdade, mas pode levar, futuramente, à violação indevida. Ex: um inquérito policial ou uma ação penal que possuem algum vício. Eles não atingem diretamente a liberdade, mas se forem levadas adiante com o vício podem, futuramente, atingi-la de forma indevida. Dessa forma, cabe HC para trancar ação penal ou inquérito policial; não se depor em CPI; impugnar quebra de sigilo telefônico e de dados ou quebra de sigilo bancário, desde que se esteja em âmbito criminal e se possa reflexamente culminar na restrição da liberdade. Por outro lado, se a quebra do sigilo bancário estiver em âmbito administrativo, não cabe HC uma vez que esse procedimento não poderá atingir a liberdade de alguém. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 11 Esquematizando: • Espécies de HC - Repressivo ou liberatório - Preventivo ou salvo conduto • Gratuito • Cabe contra ato comissivo ou omissivo • Cabe desistência • DIRETA • INDIRETA, - Trancar ação penal ou inquérito policial REFLEXA OU - Não depor em CPI POTENCIAL - Impugnar quebra do sigilo telefônico/dados - Impugnar quebra de sigilo bancário � Âmbito criminal e puder reflexamente culminar na restrição da liberdade: Cabe HC � Âmbito administrativo: Não cabe HC 5. LIMINAR/CAUTELAR EM HABEAS CORPUS Meu amigo e futuro Técnico de Controle Externo, você concorda que, em regra, julgar uma ação nem sempre é uma coisa rápida? Veja bem: o juiz tem que ouvir as partes, produzir as provas necessárias, ouvir as testemunhas etc. Uma ação no judiciário geralmente é bastante trabalhosa e demorada. No entanto, existem situações em que a prestação jurisdicional deve ser feita imediatamente e, se não o for, o direito vai se perder. Para esses casos, existe o instituto da liminar ou cautelar. Imagine a seguinte situação: um aluno que acabou de passar no vestibular está sendo indevidamente impedido de realizar a matrícula em uma universidade pública. Ora, se ele não realizar a matrícula imediatamente, o semestre começará e o aluno ficará prejudicado. De nada adiantaria que o juiz desse ganho de causa a esse aluno daqui a um ano. Mesmo tendo ganhado a ação, ele já teria perdido um ou dois semestres de qualquer forma. Por outro lado, o Poder Judiciário não pode julgar uma causa às pressas, sem o devido cuidado. Nesses casos, o juiz concede a liminar (ou cautelar). É P o d e s e r im p e tr ad o c o n tr a o fe n sa ao d ir e it o d e lo co m o çã o TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 12 como se o juiz falasse assim: “vá exercendo o direito enquanto eu julgo melhor a ação”. Importante ressaltar que a concessão da liminar não significa que a pessoa já ganhou a ação. O julgamento pode ser contrário ou a favor de quem ganhou a liminar. Importante ressaltar também que, para que seja concedida a cautelar, em qualquer ação do judiciário, são necessários dois requisitos: • Periculum in mora ou perigo na demora: para que seja concedida a liminar, é fundamental que haja o perigo na demora, em outras palavras, se o judiciário não decidir agora, não adianta mais (o direito terá perecido). • Fumus boni juris ou fumaça do bom direito: para que seja concedida a cautelar, é necessário também que a pessoa “pareça estar certa”. Assim, não é necessário que a causa seja julgada nos mínimos detalhes, mas é preciso que, o ganhador da liminar aparentemente tenha razão. Explicado o que é uma cautelar, você deve saber que é possível a concessão de liminar na ação do habeas corpus, desde que estejam presentes os dois requisitos: periculum in mora e o fumus boni juris. 6. HIPÓTESES ONDE NÃO CABE HABEAS CORPUS Muitas questões de prova podem ser resolvidas com duas simples regrinhas e que já não são mais novidade para nós: 1- Somente cabe HC para proteger o direito de liberdade e, se não há violação ao direito de liberdade, não caberá o habeas corpus. 2- Somente cabe HC se a restrição de liberdade for irregular. Se a prisão ou o procedimento forem legais, obviamente não caberá HC. Assim, com essas duas regrinhas, você será capaz de resolver praticamente todas as questões de prova sobre o cabimento ou não de habeas corpus. O esquema abaixo traz as questões mais comuns de prova: TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 13 - Impeachment por crime de responsabilidade – decisão política e não põe em risco o direito de ir e vir - Determinação de suspensão de direitos políticos – não afeta o direito de liberdade - Decisão ADMINISTRATIVA de caráter disciplinar (advertência, suspensão...) ou para trancar o processo administrativo (HC 100.664/DF) – não afeta o direito de liberdade - Decisão condenatória à pena de MULTA – não afeta o direito de liberdade - Decisão em processo criminal onde a pena de multa é a única cominada – não afeta o direito de liberdade - (Súmula 693) - Quebra de sigilo telefônico, bancário ou fiscal se NÃO puder resultar em pena privativa de liberdade - Condenação criminal quando já extinta a pena privativa de liberdade (Súmula 695) – não afeta o direito de liberdade - Questionar - Afastamento ou perda de cargo público - Exclusão de militar - Perda de patente ou função pública - Sequestro de bens imóveis - Dirimir controvérsia de guarda de filhos menores - Inquérito policial, desde que presentes os requisitos legais (indícios de autoria e materialidade) - Para tutelar direito de reunião – não afeta o direito de liberdade - Discutir o mérito de punições disciplinares militares - Cabe o HC para discutir a legalidade (HC 70.648/RJ) - Como sucedâneo da revisão criminal (não pode ser usado para desfazer sentença transitada em julgado) - Decisões do STF (turmas ou plenário) – eles representam o próprio STF Regra 1- Se não ameaça a LIBERDADE: NÃO CABE HC 2 - Se a prisão ou o procedimento que possa levar à prisão forem legais / regulares: NÃO CABE HC N ã o c a b e H C c o n tr a TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 14 7. PRINCIPAIS COMPETÊNCIAS PARA JULGAMENTO DE HC Via de regra, as competências para julgamento da ação do habeas corpus são em razão da autoridade coatora, ou seja, quem julga a ação depende do legitimado passivo (do impetrado). As competências para julgamento do habeas corpus estão previstas nos artigos. 102, 105, 108, 109 e 121 da Constituição e, infelizmente, não conheço uma maneira diferente de estudá-las a não ser o bom e glorioso “decoreba”. Vamos aos esquemas para facilitar a nossa vida: • Principais competências para julgamento de HC o Regra: é de acordo com a autoridade coatora, mas há exceções o Arts. 102 + 105 + 108 + 109 +121 - Quando o - Presidente da República PACIENTE for - Vice-Presidente da República - Membros do CN (deputados e senadores) - Ministros do STF - Pocurador-Geral da República - Ministro de Estado ou Comandantes das Forças Armadas - (aqui é paciente. Se for coator será o STJ) - Membros dos - Tribunais Superiores - TCU - Chefes missão diplomática de caráter permanente - Quando o - COATOR for Tribunal Superior -COATOR ou PACIENTE for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do STF ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; HC decidido em única instância por Tribunal Superior e a decisão for DENEGATÓRIA Originária STF Em recurso ordinário TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 15 - quando o COATOR - Governador ou PACIENTE for - Desembargador de TJ Estadual - Membros de - TCE - TRF - TRE - TRT - TC dos M - MPU que oficiem perante os tribunais - quando o COATOR - Tribunal sujeito à jurisdição do STJ - MinE, Comandante das forças armadas - (aqui é coator. Se for paciente será o STF) - Ressalvada a Justiça Eleitoral - HC decidido em única ou última instância pelos TRFs ou TJ Estaduais, quando a decisão for DENEGATÓRIA quando o COATOR for Juiz Federal decisão de Juiz Federal ou Juiz Estadual no exercício da competência federal Julgar HC em matéria criminal de sua competência ou quando constrangimento vier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição � Entre outros (art. 121, §§ 3º e 4º, V + 105, I, “c”: justiça eleitoral) Originária STJ Em recurso ordinário TRF Originária Em recurso ordinário Juiz Federal TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 16 EXERCÍCIOS 1. (CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário) Será concedido habeas corpus àquele que sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. A questão define muito bem o conceito de Habeas Corpus. Assim, o HC é uma ação penal usada para proteger o direito de ir e vir: o direito de liberdade. Gabarito: Certo. 2. (CESPE - 2013 - TJ-MA - Juiz) Conforme entendimento do STF, não se admite a impetração de habeas corpus para o trancamento de ação de improbidade administrativa. O Habeas Corpus é destinado tão somente quando houver ofensa ou ameaça à liberdade de locomoção. O STF já decidiu, no HC 100244, que “Ainda que se admita que a ação de improbidade administrativa tem natureza penal, não há como trancá-la em habeas corpus, porquanto as sanções previstas na Lei 8.429/1992 não consubstanciam risco à liberdade de locomoção”. Gabarito: Certo. 3. (CESPE - 2013 - CNJ - Analista Judiciário - Área Administrativa) Considere que um argentino tenha sido preso em flagrante em território brasileiro e que, com base no direito constitucional brasileiro, tenha impetrado habeas corpus redigido em língua espanhola. Nessa situação, a despeito de o pedido de habeas corpus destinar-se à salvaguarda de direito fundamental, o writ não deverá ser conhecido, pois é imprescindível o uso da língua portuguesa na redação dessa ação, consoante jurisprudência do STF. Aí não, né pessoal? Tudo bem que o HC é uma ação muito ampla e quase que “sem regras”, mas pedir em idioma estrangeiro já seria bagunça... Segundo entendimento do STF: "É inquestionável o direito de súditos estrangeiros ajuizarem, em causa própria, a ação de habeas corpus, eis que esse remédio constitucional – por qualificar-se como verdadeira ação popular – pode ser utilizado por qualquer pessoa, independentemente da condição jurídica resultante de sua origem nacional. A petição com que impetrado o habeas corpus deve ser redigida em português, sob pena de não conhecimento TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 17 do writ constitucional (CPC, art. 156, c/c CPP, art. 3º), eis que o conteúdo dessa peça processual deve ser acessível a todos, sendo irrelevante, para esse efeito, que o juiz da causa conheça, eventualmente, o idioma estrangeiro utilizado pelo impetrante. A imprescindibilidade do uso do idioma nacional nos atos processuais, além de corresponder a uma exigência que decorre de razões vinculadas à própria soberania nacional, constitui projeção concretizadora da norma inscrita no art. 13, caput, da Carta Federal, que proclama ser a língua portuguesa ‘o idioma oficial da República Federativa do Brasil’.” (HC 72.391-8 DF). Gabarito: Certo. 4. (CESPE - 2013 - TC-DF - Procurador) Qualquer pessoa do povo, nacional ou estrangeira, independentemente de capacidade civil, política, idade, sexo, profissão ou estado mental pode fazer uso do habeas corpus, em benefício próprio ou alheio, não sendo permitida, porém, a impetração apócrifa, sem a precisa identificação do autor. O habeas corpus é uma ação usada para proteger o direito de ir e vir, o direito de liberdade. Seus elementos são: Impetrante, Impetrado e Paciente. Pode ser impetrado por QUALQUER pessoa, mas esta deve ser identificada. O objeto pode ser direito próprio ou alheio e será contra a autoridade que cometeu abuso ou ilegalidade contra a liberdade de locomoção. Gabarito: Certo. 5. (CESPE - 2012 - TJ-RR – Administrador) As pessoas jurídicas são destinatárias dos direitos e das garantias fundamentais constantes da Constituição Federal, inclusive de mandado de segurança, habeas data e habeas corpus. Vamos ver quais institutos trazidos pela questão se aplicam a pessoas jurídicas: - Direitos e garantias fundamentais (regra geral): sim; - Mandado de segurança: sim; - Habeas data: sim; - Habeas corpus: não! O HC serve para tutelar o direito de locomoção. Isso não se aplica, obviamente a pessoas jurídicas (você consegue pensar em uma empresa ou entidade se locomovendo?) TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 18 Gabarito: Errado 6. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Promotor de Justiça) Caracteriza-se como repressivo o habeas corpus impetrado por alguém que se julgue ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção por ilegalidade ou abuso de poder. O HC preventivo ocorre quando o direito de locomoção está sendo ameaçado, enquanto o repressivo ocorre quando aquele direito já foi lesado. Gabarito: Errado. 7. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Promotor de Justiça) A jurisprudência do STF não admite impetração de habeas corpus em favor de pessoa jurídica, ainda que esta figure como ré em ação de crime contra o meio ambiente. Isso mesmo. A pessoa jurídica pode até ser ré em uma ação criminal. No entanto, como o direito de locomoção não é aplicável a elas, não é cabível o Habeas Corpus em favor de pessoa jurídica. Imagine só a “coca-cola” sendo presa!! Gabarito: Certo. 8. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Promotor de Justiça) Considere que um veículo de comunicação seja proibido, por decisão judicial, de divulgar matéria desfavorável ao autor da ação, sendo a proibição estendida a blogues, páginas pessoais, redes sociais e outros sítios da Internet. Considere, ainda, que um cidadão, sentindo-se coagido na sua liberdade de navegar na Internet, impetre habeas corpus a fim de garantir sua liberdade de locomoção nessa rede mundial de comunicação. Nessa situação, de acordo com o entendimento do STF, a referida decisão, de fato, viola o livre trânsito do impetrante no mundo virtual, estando a demanda no âmbito de proteção do habeas corpus. Aí não galera! O HC serve para proteger a liberdade de locomoção / de ir e vir (a física). Não tem esse papo de locomoção virtual não! Gabarito: Errado. 9. (CESPE - 2012 - MPE-PI - Promotor de Justiça) Segundo a jurisprudência dominante do STF, é cabível habeas corpus contra decisão condenatória à pena de multa. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 19 A multa, apesar de afetar o órgão mais sensível do corpo humano(o bolso rsrsrs) não afeta a liberdade de ir e vir, não cabendo HC contra ela. Gabarito: Errado. 10. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Não é cabível habeas corpus para impugnar os pressupostos de legalidade de punição disciplinar militar, ainda que não se questione o mérito desta. O Habeas Corpus não é cabível para impugnar (contestar) o mérito das punições disciplinares militares. No entanto, ele pode sim ser usado para contesta a legalidade dessas punições. Gabarito: Errado. 11. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Papiloscópico) É possível a impetração de habeas corpus contra um hospital particular que esteja privando um paciente do seu direito de liberdade de locomoção. A autoridade coatora no habeas corpus pode ser tanto o Estado (por ilegalidade ou abuso de poder) quanto o particular (por ilegalidade). Não é que o HC não protege o direito de liberdade contra atos de particular com abuso de poder. Ocorre que o particular não comete abuso de poder, pois somente as autoridades públicas podem praticar esse ilícito. No exemplo trazido pela questão, o hospital está ferindo indevidamente a liberdade de locomoção do indivíduo, sendo cabível o HC. Gabarito: Certo. 12. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) O habeas corpus, destinado a garantir a liberdade de locomoção do indivíduo, foi uma inovação da CF. Os dois marcos históricos dessa ação são datados de 1215 com o Rei João Sem Terra e de 1679 com o Habeas Corpus Act. O Habeas Corpus já estava presente em outras constituições brasileiras desde 1891. Gabarito: Errado. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 20 13. (CESPE - 2010 - INSS - Engenheiro Civil) Admite-se impetração de habeas corpus contra um hospital particular que prive um paciente do seu direito de liberdade de locomoção. O habeas corpus pode ser impetrado contra autoridade pública quando há ilegalidade ou abuso de poder, ou ainda contra particular, no caso de ilegalidade. Dessa forma, cabe o habeas corpus sempre que a liberdade de locomoção de alguém estiver sendo indevidamente violada, não importando se a autoridade coatora é pública ou particular. Gabarito: Certo. 14. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) João foi preso em flagrante enquanto caminhava à noite, nas proximidades de sua casa. Antes de ser encaminhado à delegacia, João foi levado à sua residência pelos policiais, que a revistaram, lá encontrando trinta papelotes de cocaína, algumas pedras de crack, uma balança de precisão e três mil reais em espécie. Conduzido à delegacia, João foi interrogado e autuado por tráfico ilícito de entorpecentes. Caso detecte alguma ilegalidade na prisão, o juiz deverá conceder a João a liberdade provisória. Caso haja alguma ilegalidade na prisão de alguém é cabível o Habeas Corpus e não a liberdade provisória. A questão tentou confundir o candidato com outro dispositivo constitucional: “art. 5º, LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.” TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 21 - Impeachment por crime de responsabilidade – decisão política e não põe em risco o direito de ir e vir - Determinação de suspensão de direitos políticos – não afeta o direito de liberdade - Decisão ADMINISTRATIVA de caráter disciplinar (advertência, suspensão...) ou para trancar o processo administrativo (HC 100.664/DF) – não afeta o direito de liberdade - Decisão condenatória à pena de MULTA – não afeta o direito de liberdade - Decisão em processo criminal onde a pena de multa é a única cominada – não afeta o direito de liberdade - (Súmula 693) - Quebra de sigilo telefônico, bancário ou fiscal se NÃO puder resultar em pena privativa de liberdade - Condenação criminal quando já extinta a pena privativa de liberdade (Súmula 695) – não afeta o direito de liberdade - Questionar - Afastamento ou perda de cargo público - Exclusão de militar - Perda de patente ou função pública - Sequestro de bens imóveis - Dirimir controvérsia de guarda de filhos menores - Inquérito policial, desde que presentes os requisitos legais (indícios de autoria e materialidade) - Para tutelar direito de reunião – não afeta o direito de liberdade - Discutir o mérito de punições disciplinares militares - Cabe o HC para discutir a legalidade (HC 70.648/RJ) - Como sucedâneo da revisão criminal (não pode ser usado para desfazer sentença transitada em julgado) - Decisões do STF (turmas ou plenário) – eles representam o próprio STF Regra 1- Se não ameaça a LIBERDADE: NÃO CABE HC 2 - Se a prisão ou o procedimento que possa levar à prisão forem legais / regulares: NÃO CABE HC Gabarito: Errado. N ã o c a b e H C c o n tr a TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 22 15. (CESPE - 2010 - OAB - Exame de Ordem) Caso a sentença penal condenatória emanada de juiz militar imponha pena de exclusão de militar ou de perda de patente, será cabível a utilização do habeas corpus. A pena de exclusão de militar ou de perda de patente não fere o direito de locomoção e somente é cabível o Habeas Corpus para proteger o direito de liberdade/locomoção/ir e vir. Gabarito: Errado. 16. (CESPE - 2010 - OAB - Exame de Ordem) Caso ocorra, ao fim de um processo penal, a fixação de pena de multa em sentença penal condenatória, ficará prejudicada a utilização do habeas corpus, haja vista a sua destinação exclusiva à tutela do direito de ir e vir. Somente cabe o habeas corpus para proteger o direito de liberdade. Assim a pena de multa não fere esse direito, ainda que cominada na esfera penal. Gabarito: Certo. 17. (CESPE - 2010 - OAB - Exame de Ordem) Ainda que já extinta a pena privativa de liberdade, é cabível a utilização de habeas corpus para pedido de reabilitação de paciente. Se a pena privativa de liberdade já foi extinta, o direito de liberdade não está mais sendo violado ou ameaçado, não sendo cabível, portanto, o habeas corpus. Lembre-se do esquema: Gabarito: Errado. 18. (CESPE - 2010 - ABIN - Oficial Técnico De Inteligência - Área De Direito) Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, os aspectos relativos à legalidade da imposição de punição constritiva da liberdade, em procedimento administrativo castrense, podem ser discutidos por meio de habeas corpus. O grande desafio da questão era saber o significado da palavra “castrense”. Significa “referente à classe militar”. Assim, em regra, não cabe habeas corpus para questionar o mérito de punições disciplinares militares, mas cabe para se discutir a sua legalidade. Gabarito: Certo. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 23 19. (CESPE/TRT-17ª/2009) O estrangeiro sem domicílio no Brasil não tem legitimidade para impetrar habeas corpus, já que os direitos e as garantias fundamentais são dirigidos aos brasileiros e aos estrangeiros aqui residentes. Uma das características dos direitos e garantias fundamentais é a universalidade, ou seja, são direcionados a qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, residente ou não no país. Além disso, o habeas corpus, por defender um dos direitos mais importantes (o da liberdade), possui a legitimação ativa mais ampla possível de todos os remédios constitucionais: pode ser impetrado por QUALQUER UM: • Impetrante - Quem entra com a ação (Legitimado - Para si ou 3º ativo) - Qualquer um - Pessoa física ou jurídica - Nacional ou estrangeiro - MP - Capaz ou não - Juiz concede de ofício - Nãoprecisa de advogado - Não tem qualquer formalidade processual ou instrumental Gabarito: Errado. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 24 IV. HABEAS DATA (HD) Meus futuros Técnicos de Controle Externo, a Constituição dispõe em seu art. 5º, LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. O Habeas data foi adotado pela Constituição de 1988, principalmente, para solucionar um problema bastante comum na época da ditadura militar: as pessoas não tinham acesso às informações que os bancos de dados públicos possuíam sobre elas e, quando tinham o acesso, muitas vezes não conseguiam retificar a informação, caso ela estivesse errada. O HD é um remédio eminentemente democrático e veio para que o indivíduo pudesse ter conhecimento e/ou consertar as informações que o poder público possui sobre ele. Combinando a letra da Constituição com a lei sobre o habeas data (lei nº 9.507/97), o HD se presta para: 1- ACESSAR informações relativas à pessoa do impetrante constante de banco de dados público ou de caráter público. Assim, a primeira função do habeas data é que o indivíduo tenha acesso às informações que um banco de dados possui sobre ele. O referido banco de dados pode ser público, ou seja, do governo, ou ter caráter público. Assim, cabe habeas data para que se tenha acesso a um banco de dados particular, mas que possui caráter público (Ex: SPC/SERASA). Por outro lado, se o banco de dados for privado e não possuir caráter público, não caberá HD para que se tenha acesso a ele. 2- RETIFICAR dados quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 25 Caso a pessoa tenha acesso ao banco de dados, mas não consiga corrigir as informações que porventura estejam equivocadas, também caberá o habeas data. 3- COMPLEMENTAR anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (art. 7º, III da Lei no 9.507/97). 1. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O HABEAS DATA Assim como o habeas corpus, o habeas data também é gratuito. Além disso, o HD terá sempre natureza individual e civil (enquanto o HC é penal), ou seja, não cabe HD coletivo. Devemos ter em mente que o habeas data ainda é diferente dos direitos de certidão e de petição. Dessa feita, ele não serve para se obter uma declaração ou mesmo para pedir algum direito, como é o direito de certidão e petição. O HD se presta para acessar, retificar ou complementar informações relativas à pessoa do impetrante, que estejam em um banco de dados públicos ou de caráter público. Precisa-se de advogado para se entrar com a referida ação e o Estado pode negar as informações por razões de segurança da sociedade e do Estado. Além disso, o HD não pode ser usado com o simples intuito de se ter acesso a autos de processos administrativos e o impetrante não precisa demonstrar interesse nenhum ou para que as informações servirão. 2. LEGITIMIDADE ATIVA Pode entrar com o habeas data qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira que pretenda acessar, retificar ou complementar informações relativas à sua pessoa constantes de banco de dados público ou de caráter público. Em regra, esta ação é personalíssima, ou seja, somente pode entrar com o HD no Poder Judiciário o titular do direito (o dono do direito). No entanto, excepcionalmente, o cônjuge e os herdeiros do falecido podem impetrá-lo quando se pretende acessar, retificar ou complementar informações relativas a pessoas já falecidas. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 26 Ao contrário do Habeas Corpus, para se impetrar um Habeas Data, é necessário um advogado. 3. LEGITIMIDADE PASSIVA O legitimado passivo do habeas data (contra quem se entra com a ação) é a pessoa jurídica de direito público ou privado que controla o banco de dados. 4. NECESSIDADE DE RECUSA NA VIA ADMINISTRATIVA O princípio do livre acesso ao Judiciário garante que, em regra, não é necessário que se entre na via administrativa para que se possa entrar no Poder Judiciário. Dessa forma, a regra é que, independentemente do pedido administrativo, pode-se entrar direto no Judiciário para a defesa de direitos. No entanto, o habeas data é uma exceção a essa regra: é necessário que, antes de se entrar com HD, haja a recusa na via administrativa. Isso ocorre porque não existe a menor lógica em se provocar o Poder Judiciário antes mesmo de se ter a negativa na via administrativa (antes de haver a violação ao direito). Esquematizando: HABEAS DATA (HD) • Art. 50 LXXII - conceder-se-á "habeas-data": a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo. • HD serve para: I – ACESSAR informações relativas à pessoa do impetrante constante de banco de dados público ou de caráter público o O banco de dados tem que ter CARÁTER PÚBLICO (SPC/SERASA) – se for para uso próprio da empresa e não transmitida para terceiros NÃO CABE HD TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 27 II – RETIFICAR dados quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo o Retificação - Processo sigiloso - Judicial - Administrativo - HD III – COMPLEMENTAR anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (art. 70, III da Lei no 9.507/97) o Gratuito o Natureza - Individual – Não existe HD coletivo - Civil (enquanto HC é penal) o HD é diferente de obter certidões ou direito de petição o Não serve para pleitear acesso a autos de processo adm o Precisa de advogado (enquanto o HC não precisa) o Não é absoluto: segurança da sociedade e do Estado • Legitimidade - QUALQUER pessoa - Nacional ou estrangeira Ativa - Física ou jurídica - Regra: Personalíssima (só pode ser impetrada pelo titular) - Exceção: Cônjuge e herdeiros do falecido podem entrar com HD - Precisa de Advogado (HC não precisa) • Legitimidade passiva: Pessoa jurídica de direito público ou privado que controla o banco de dados • Necessário 1o haver recusa na via adm ao - Acesso dos dados - Retificação das informações - Complementação de informações (Anotação nos assentamentos...) In fo rm aç õe s G er ai s TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 28 EXERCÍCIOS 20. (CESPE - 2013 - BACEN - Procurador) Para o cabimento do habeas data, não é necessário que o impetrante comprove prévia recusa do acesso a informações ou de sua retificação. O habeas data é uma exceção ao princípio do livre acesso ao Judiciário: é necessário que, antes de se entrar com HD, haja a recusa na via administrativa. Isso ocorre porque não existe a menor lógica em se provocar o Poder Judiciário antes mesmo de se ter a negativa na via administrativa (antes de haver a violação ao direito). Gabarito: Errado.21. (CESPE - 2013 - MPOG - Todos os Cargos) O habeas data, importante ação constitucional, assegura o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registro ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público, mas veda ao impetrante a retificação desses dados. A retificação de dados também é objeto do Habeas Data. Vejamos: I – ACESSAR informações relativas à pessoa do impetrante constante de banco de dados público ou de caráter público o O banco de dados tem que ter CARÁTER PÚBLICO (SPC/SERASA) – se for para uso próprio da empresa e não transmitida para terceiros NÃO CABE HD II – RETIFICAR dados quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo o Retificação - Processo sigiloso - Judicial - Administrativo - HD III – COMPLEMENTAR anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (art. 70, III da Lei no 9.507/97) Gabarito: Errado. 22. (CESPE - 2013 - Polícia Federal - Delegado de Polícia) De acordo com o STJ, o habeas data é instrumento idôneo para a obtenção de acesso aos critérios utilizados em correção de prova discursiva aplicada em concursos públicos. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 29 De acordo com o STF, “A Lei n. 9.507/97 é suficientemente clara ao expor, no art. 7º, as hipóteses em que se justifica o manuseio do habeas data, não estando ali prevista, nem sequer implicitamente, a possibilidade de utilização da via com o propósito de revolver os critérios utilizados por instituição de ensino na correção de prova discursiva realizada com vista ao preenchimento de cargos na Administração Pública” (HD 127/DF). Lembre-se: o HD serve somente para ACESSAR, RETIFICAR ou COMPLEMENTAR informação referente à pessoa do impetrante em banco de dados públicos ou de caráter público. Gabarito: Errado. 23. (CESPE - 2013 - DPE-DF - Defensor Público) Qualquer pessoa é parte legítima para impetrar habeas data, em seu favor ou de outrem, visando conhecer ou retificar informações constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Em regra, a ação de habeas data é personalíssima, ou seja, somente pode entrar com o HD no Poder Judiciário o titular do direito (o dono do direito). No entanto, excepcionalmente, o cônjuge e os herdeiros do falecido podem impetrá-lo quando se pretende acessar, retificar ou complementar informações relativas a pessoas já falecidas. Gabarito: Errado. 24. (CESPE - 2013 - TJ-RR - Titular de Serviços de Notas e de Registros) O impetrante do habeas data deve recolher as custas processuais, conforme as normas administrativas de organização judiciária. Apesar de terem muitas diferenças, neste ponto, há uma semelhança entre habeas corpus e habeas data: ambas são gratuitas, ou seja, não há a necessidade do recolhimento de custas. Gabarito: Errado. 25. (CESPE - 2013 - DPE-RR - Defensor Público) Os órgãos públicos despersonalizados não possuem legitimidade ativa para a impetração do habeas data. Em regra, os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica. No entanto, quando for o caso de defesa de suas prerrogativas TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 30 institucionais, adota-se o entendimento de que pode haver exceções. As situações descritas como objeto do habeas data se enquadram nessas exceções e podem ser pleiteadas por HD. Gabarito: Errado. 26. (CESPE - 2013 - TRT - 5ª Região (BA) - Juiz do Trabalho) Caso órgão público negue, ilegalmente, a determinada pessoa informação de terceiros de interesse coletivo, caberá a impetração de habeas data. Uma das características do habeas data é o fato de ser uma ação personalíssima, ou seja, não cabe para negativa de informação de terceiros de interesse coletivo. Vejamos outras informações: o Gratuito o Natureza - Individual – Não existe HD coletivo - Civil (enquanto HC é penal) o HD é diferente de obter certidões ou direito de petição o Não serve para pleitear acesso a autos de processo adm o Precisa de advogado (enquanto o HC não precisa) o Não é absoluto: segurança da sociedade e do Estado • Legitimidade - QUALQUER pessoa - Nacional ou estrangeira Ativa - Física ou jurídica - Regra: Personalíssima (só pode ser impetrada pelo titular) - Exceção: Cônjuge e herdeiros do falecido podem entrar com HD - Precisa de Advogado (HC não precisa) • Legitimidade passiva: Pessoa jurídica de direito público ou privado que controla o banco de dados Gabarito: Errado. 27. (CESPE - 2012 - STJ - Técnico Judiciário) O mandado de injunção garante ao impetrante o direito de conhecer as informações relativas a sua pessoa constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. In fo rm aç õe s G er ai s TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 31 Essa é uma definição para o habeas data. O mandado de injunção relaciona-se à falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício de direitos constitucionais. Gabarito: Errado. 28. (CESPE - 2012 - TJ-RR - Técnico Judiciário) Considere que Antônio, preso político durante a ditadura, pretenda obter informações de seu interesse constantes de banco de dados de entidade governamental. Considere, ainda, que o pedido de Antônio seja indeferido na esfera administrativa. Nessa situação, Antônio deverá impetrar habeas corpus junto ao Poder Judiciário a fim de obter as informações desejadas. Fala sério, galera! O habeas corpus é uma garantia relacionada exclusivamente ao direito de locomoção. Após a negativa da administração pública em fornecer as informações pessoais de Antônio, ele pode impetrar um habeas data para, judicialmente, garantir seu direito. Gabarito: Errado 29. (CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO) O habeas data pode ser impetrado contra qualquer órgão do Estado, seja ele do Poder Executivo, do Poder Legislativo ou do Poder Judiciário, mas não contra pessoas jurídicas de direito privado. O legitimado passivo (contra quem se entra com a ação) do Habeas Data é o controlador do banco de dados de caráter público. Assim, se o banco de dados for privado, mas possuir caráter público, será cabível o HD. Gabarito: Errado. 30. (CESPE - 2010 - TRT - 21ª Região (RN) - Analista Judiciário) Na impetração do habeas data, o interesse de agir configura-se diante do binômio utilidade- necessidade dessa ação constitucional, independentemente da apresentação da prova da negativa da via administrativa. Para ser cabível o habeas data, sempre é necessário que tenha havido a recusa na via administrativa. Isso ocorre porque não há violação do direito subjetivo antes dessa recusa. Dessa forma, não há o menor sentido em se provocar o judiciário antes mesmo de o direito ter sido violado ou ameaçado. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 32 Gabarito: Errado. 31. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz) Como a garantia constitucional do habeas data tem por finalidade disciplinar o direito de acesso a informações constantes de registros ou banco de dados de entidades governamentais ou de caráter público relativo a dados pessoais pertinentes à pessoa do impetrante, a pessoa jurídica não tem legitimidade para o ajuizamento desse tipo de ação. Pode entrar com o habeas data qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira que pretenda acessar, retificar ou complementar informações relativas à sua pessoa constantesde banco de dados público ou de caráter público. Gabarito: Errado. 32. (CESPE - 2010 - MPE-SE - Promotor de Justiça) Habeas data é o remédio constitucional adequado para o caso de recusa de fornecimento de certidões para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal, próprio ou de terceiros, assim como para o caso de recusa de obtenção de informações de interesse particular, coletivo ou geral. O habeas data não protege o direito de certidão nem de petição e somente serve para acessar, retificar ou complementar informações relativas à pessoa do impetrante em bancos de dados públicos ou de caráter público. Dessa forma, o remédio correto para proteção dos direitos de certidão e petição é o mandado de segurança. Gabarito: Errado. 33. (CESPE - 2010 - EMBASA - Analista de Saneamento - Advogado) O habeas data, via de regra, pode ser impetrado para a obtenção de informações que o poder público ou entidades de caráter público possuam a respeito de terceiros. O habeas data é personalíssimo e somente pode ser usado para a obtenção de informações que o poder público ou entidades de caráter público possuam a respeito do impetrante. Excepcionalmente, os herdeiros e o cônjuge do falecido podem impetrar o HD. • HD serve para: I – ACESSAR informações relativas à pessoa do impetrante constante de banco de dados público ou de caráter público TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 33 o O banco de dados tem que ter CARÁTER PÚBLICO (SPC/SERASA) – se for para uso próprio da empresa e não transmitida para terceiros NÃO CABE HD II – RETIFICAR dados quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo o Retificação - Processo sigiloso - Judicial - Administrativo - HD III – COMPLEMENTAR anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável (art. 70, III da Lei no 9.507/97) Gabarito: Errado. 34. (CESPE - 2009 - OAB) O habeas data pode ser impetrado ao Poder Judiciário, independentemente de prévio requerimento na esfera administrativa. Pelo princípio do livre acesso ao Judiciário, em regra, não é necessário que se entre na via administrativa para que se possa entrar no Poder Judiciário. Dessa forma, a regra é que, independentemente do pedido administrativo, pode-se entrar no Judiciário para a defesa de direitos. No entanto, o habeas data é uma exceção a essa regra: é necessário que, antes de se entrar com HD, haja a recusa na via administrativa. Isso porque não existe a menor lógica em se provocar o Poder Judiciário antes mesmo de se ter a negativa na via administrativa (antes de haver a violação ou ameaça ao direito). Gabarito: Errado. 35. (CESPE - 2005 - SEAD-PA - Procurador) Considere que Augusto não sabe se há alguma multa pendente sobre um carro que pretende comprar. Nessa situação hipotética, Augusto pode utilizar-se de habeas data para obter informação sobre a pendência de alguma multa relacionada ao referido automóvel. O habeas data é personalíssimo e serve somente para acessar, retificar ou complementar informações RELATIVAS À PESSOA DO IMPETRANTE, não sendo possível a utilização dessa ação no caso citado. Além disso, se fosse sobre seus próprios dados, não poderia impetrar o HD diretamente sem antes tentar pela via administrativa. Gabarito: Errado. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 34 V. MANDADO DE SEGURANÇA (MS) Meu caro aluno e futuro Técnico de Controle Externo, a Constituição dispõe em seu art. 5º, LXIX: “conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;” Para melhor entendermos o MS, devemos seguir quatro passos: PASSO 1: O mandado de segurança se presta a proteger o direito líquido e certo (é aquele direito demonstrado de plano, de pronto). Além disso, como regra no direito, dentro do processo pode-se produzir provas, tais como realização de perícias, audiências, ouvir testemunhas, acareações e etc. O nome que se dá a essa produção de provas no decorrer do processo é dilação probatória. No entanto, no mandado de segurança o rito é um pouco diferente: não existe a dilação probatória. Isso quer dizer que, via de regra, não se produz provas no processo do mandado de segurança e, por isso, as provas devem ser levadas aos autos no momento da impetração do MS (as provas devem ser pré constituídas). Outra observação importante é que o direito tem que ser líquido e certo em relação à matéria de fato. Já a matéria de direito, por mais complexa que seja, pode ser analisada em mandado de segurança. Assim, a expressão "direito líquido e certo" pressupõe a incidência da regra jurídica sobre fatos incontroversos e a complexidade da questão jurídica envolvida não pode constituir empecilho à admissão do MS. Exemplo: imagine só que um juiz receba uma causa bastante complicada, que envolve a aplicação de várias leis, várias normas e vários princípios. Ou seja, a causa é juridicamente muito complexa. Nesse caso, caso o direito seja líquido e certo, o juiz deve sim julgar o Mandado de Segurança e não pode alegar que a complexidade jurídica impede o julgamento do MS. PASSO 2: o direito (que é líquido e certo) não pode ser amparado por habeas corpus ou habeas data. Dessa forma, caso se queira entrar com uma ação para proteger o direito de liberdade de alguém, não caberá o MS, TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 35 pois o remédio correto é o habeas corpus. Igualmente, caso se deseje ter acesso, retificar ou complementar informações relativas à pessoa do impetrante em bancos de dados públicos ou de caráter público também não caberá o mandado de segurança, pois o remédio correto é o habeas data. Assim, diz-se que o mandado de segurança é residual ou subsidiário. PASSO 3: O coator deve ser autoridade pública ou particular no exercício de atribuições do poder público. Dessa feita, não cabe MS contra atos de particulares (salvo se estiverem exercendo atividade pública). PASSO 4: o poder público ou o particular no exercício de atividade pública devem ter cometido ilegalidade ou abuso de poder. Obviamente, se os atos dos referidos agentes estiverem de acordo com o ordenamento jurídico, não caberá o mandado de segurança. Cabe ainda o MS contra ato comissivo (uma ação / um ato positivo) ou omissivo (uma não ação / um ato negativo) e contra atos vinculados ou discricionários. 1. INFORMAÇÕES GERAIS Assim como o habeas corpus, cabe mandado de segurança contra LESÃO a um direito liquido e certo ou contra uma AMEAÇA de lesão. Assim, o MS poderá ser repressivo ou preventivo. A natureza do mandado de segurança será sempre civil, independente de qual seja o ato impugnado (civil, penal ou administrativo). Assim, caso seja impugnado um ato administrativo, a natureza do MS será civil. Caso seja contestado um ato judicial civil, a natureza do MS também será civil e caso seja impugnado um ato judicial penal, a natureza do MS também será civil (siga a regra). Além disso é sempre necessário o advogado, o mandado de segurança admite desistência, não é gratuito, e a parte vencida não é condenada a pagar honorários advocatícios (STF súmula 512). O MS possui ainda um prazo decadencial de 120 dias da ciência da lesão ou ameaça para que seja impetrado. Decorrido este tempo, a ação não mais poderá ser proposta, devendo o autor buscar seu direitopor outros meios. Esquematizando: TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 36 MANDADO DE SEGURANÇA (MS) • LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; • MS serve para: 1. Proteger direito líquido e certo (demonstrado de plano) � Não precisa dilação probatória � As provas devem ser pré-constituídas – levadas aos autos no momento da impetração � O direito tem que ser líquido e certo sobre matéria de FATO • A matéria de direito, por mais complexa que seja, pode ser analisada em MS 2. O direito (líquido e certo) não pode ser amparado por HC ou HD � MS é residual – subsidiário 3. Quando o responsável (coator) for - Autoridade pública - Particular no exercício de atribuições do poder público � Não cabe MS contra particular salvo se estiver exercendo atividade pública 4. E que cometa ilegalidade ou abuso de poder � Cabe MS contra ato - Comissivo ou omissivo - Vinculado ou discricionário � Informações Gerais • MS pode ser - Repressivo - Preventivo • Natureza - Civil qualquer que seja o ato impugnado (civil, penal, adm...) - Residual / Subsidiário – o que não for de HC ou de HD. • Não é gratuito • Precisa de advogado • Cabe desistência • A parte vencida não é condenada a pagar honorários advocatícios (STF súmula 512) • Prazo - 120d da ciência da lesão ou ameaça - Decadencial TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 37 2. LEGITIMADO ATIVO O legitimado ativo (quem pode entrar com a ação) do mandado de segurança é o detentor do direito líquido e certo. De tal modo, estão englobados os seguintes: pessoas físicas e jurídicas, órgãos públicos despersonalizados com capacidade processual (como as Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e chefias do Executivo), universalidades de bens e direitos que não possuem personalidade, mas possuem capacidade processual (espólio, massa falida, condomínio), agentes políticos, Ministério Público e órgãos públicos de grau superior na defesa de suas atribuições. 3. LEGITIMADO PASSIVO O legitimado passivo do mandado de segurança (contra quem se entra com o MS) é a autoridade coatora, ou seja, quem praticou o ato ilegal. Melhor falando, não é o executor do ato em sentido estrito, mas sim quem detém o poder para corrigi-lo. Caso tenha havido delegação para a execução de algum ato, o sujeito passivo será sempre a autoridade DELEGADA e nunca o delegante (quem delegou). De igual modo, o foro também será o da autoridade delegada. Por exemplo: caso o Presidente da República tenha delegado algum ato para um Ministro de Estado e este o execute cometendo ilegalidade ou abuso de poder, será cabível mandado de segurança contra o Ministro de Estado e não contra o Presidente da República, bem como o foro de julgamento será o do Ministro de Estado e não o do Presidente da República. 4. OBJETO DO MANDADO DE SEGURANÇA Agora que já estudamos o que é, para que serve, como funciona e quais são os legitimados do mandado de segurança, vamos estudar o seu objeto, ou seja, contra o que cabe e contra o que não cabe o mandado de segurança. • Decisão judicial Antes de adentrarmos nesse assunto, devemos saber quais são os efeitos dos recursos nas decisões judiciais. O recurso de uma decisão judicial tem efeito suspensivo quando a sua interposição implicar a suspensão ou paralisação da execução da sentença, até que o recurso interposto seja julgado. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 38 Por outro lado, o recurso terá efeito devolutivo quando o autor devolve a matéria para ser reanalisada por tribunal de instância superior. Contudo, o efeito devolutivo não obsta o prosseguimento da execução, assim, a ação continua correndo enquanto o recurso não é julgado. Assim, caberá mandado de segurança contra decisão judicial que não possua outro meio eficaz de sanar a lesão, ou seja: cabe MS contra decisão judicial da qual não cabe recurso ou se o recurso tiver efeito devolutivo. Por outro lado, não cabe mandado de segurança para atacar decisão judicial se existe outro meio eficaz de sanar a lesão, ou seja, não cabe MS contra decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo. De igual modo, também não cabe MS contra decisão judicial transitada em julgado, em respeito à segurança jurídica. Caso se queira desfazer a coisa julgada, o meio correto é a ação rescisória (em âmbito civil) ou a revisão criminal (em âmbito penal). • MS em face de diretor de estabelecimento de ensino: Cabe MS, pois este é agente de Pessoa Jurídica exercendo atividade pública. • MS contra lei: em regra, não cabe MS contra lei em tese (para isso serve a ação direta de inconstitucionalidade). No entanto, excepcionalmente, cabe MS contra lei de efeitos concretos. Uma lei em tese é um ato normativo (que regula a vida das pessoas) que possui generalidade, abstração e não possui um destinatário certo e determinado. Quando analisamos uma lei em tese, quer dizer que olhamos diretamente para o texto da lei. Não existe um caso concreto. Vamos abrir um parêntese: Vou dar um exemplo bem tosco (sem sequer considerar a lei do inquilinato), mas que vai esclarecer bem. Acompanhe o raciocínio: a) Você é o locador (dono do imóvel, que o aluga) e a outra parte é a locatária (quem mora e paga o aluguel). b) Você entra com uma ação de despejo, para que a outra parte desocupe o imóvel. c) Se o juiz dá ganho de causa para você e a outra parte recorre, temos duas possibilidades: 1 - se o recurso tiver efeito suspensivo, ele suspende a sentença e o locatário não vai sair de lá até que o recurso seja julgado. 2 - se o recurso tiver efeito devolutivo, ele não suspende o efeito da sentença e o locatário vai ter que desocupar o imóvel (ainda que o recurso não tenha sido julgado). TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 39 Por exemplo: "matar alguém é crime". Estamos aqui olhando diretamente para o texto da lei. Ninguém matou ninguém ainda. Não é preciso que alguém mate outra pessoa para que o ato seja considerado crime, ou seja: NÃO É PRECISO CASO CONCRETO. No entanto, quando alguém matar alguém (quando o sair do mundo das ideias e for para o mundo real), isso será considerado um crime e o caso concreto vai se encaixar no texto da lei. Já a lei de efeitos concretos é uma lei que possui destinatário certo e determinado. Ela é considerada por muitos autores um ato administrativo. Veja alguns exemplos de leis de efeitos concretos: - Ex: lei 12.391 art. 10 - Inscrevam-se no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, os nomes dos heróis da "Revolta dos Búzios" João de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga. - Ex: leis de tombamento; lei que institui uma autarquia ou autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação pública. Como vimos, o mandado de segurança serve para proteger um direito subjetivo. Se analisamos uma lei em tese, não existe um caso concreto não havendo, portanto, um direito subjetivo a ser protegido. É por isso que não cabe MS contra lei em tese e cabe MS contra lei de efeitos concretos. • Pagamento a servidor: Cabe mandado de segurança, mas somente para as parcelas apósa sua impetração. Dessa forma, as parcelas anteriores devem ser pedidas pela ação própria (ação de cobrança), uma vez que o mandado de segurança não substitui a ação de cobrança. • Atos interna corporis: Para efeitos de prova, considere os atos interna corporis como sendo os atos internos das Casas Legislativas, como os Regimentos Internos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional. TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 40 Assim, não cabe MS contra atos interna corporis, sob pena de violação à separação dos poderes. Essa é uma exceção ao princípio da inafastabilidade da jurisdição. Mas atenção: se o ato ferir, ao mesmo tempo, a Constituição Federal, caberá intervenção do Judiciário. • Atos de gestão comercial praticados pelos administradores de Empresas públicas, Sociedades de Economia Mista e Concessionárias de serviços públicos: Não cabe MS uma vez que esses atos, apesar de terem sido praticados por agentes públicos, são atos de caráter eminentemente privado. • Ato disciplinar: não cabe MS, salvo se feito por autoridade incompetente ou com vício no processo. Esquematizando: - Detentor do direito líquido e certo - Pessoas físicas e jurídicas - Órgãos públicos despersonalizados com capacidade processual (Mesas CD e SF, chefias do Executivo) • Legitimado ativo - Universalidades de bens e direitos (espólio, massa falida, do MS condomínio) • Não possuem personalidade, mas possuem capacidade processual - Agentes políticos - MP - Órgãos públicos de grau superior na defesa de suas atribuições • Legitimidade passiva: autoridade coatora (quem praticou o ato) o Não é o executor (strictu sensu) e sim quem tem o poder para corrigir o ato o O sujeito passivo será sempre a autoridade DELEGADA e nunca o delegante � Súmula 510 STF � O foro será o da autoridade DELEGADA TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 41 • Objeto do Mandado de Segurança 1. MS contra - Cabe MS - Se não couber recurso decisão judicial - Se o recurso for apenas devolutivo - Não cabe MS - Quando cabe recurso com efeito suspensivo - Contra decisão judicial transitada em julgado Esta deve ser atacada por ação rescisória (civil) ou revisão criminal (penal) Efeito devolutivo: o autor devolve a matéria para ser reanalisada por tribunal de instância superior. Contudo, o efeito devolutivo não obsta o prosseguimento da execução, assim, a ação continua correndo enquanto o recurso não é julgado. Efeito suspensivo - Para o Direito Processual, é a suspensão ou paralisação da execução da sentença, até que o recurso interposto seja julgado. 2. MS em face de diretor de estabelecimento de ensino: Cabe MS � Agente de Pessoa Jurídica exercendo atividade pública 3. MS contra lei - Regra: Não cabe MS contra lei em tese (para isso serve Adin) - Exceção: Cabe MS contra lei de efeitos concretos • Ex: lei 12.391 art. 1 0 - Inscrevam-se no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade, em Brasília, os nomes dos heróis da "Revolta dos Búzios" João de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga. • Ex: leis de tombamento; lei que institui uma autarquia ou autoriza a criação de empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação pública. 4. Pagamento a servidor – Cabe MS � Mas só para as parcelas após a impetração (STF súmula 271) � As anteriores devem ser pela ação própria (ação de cobrança) • MS não serve - Não substitui a ação de cobrança (STF súmula 269) para cobrar - Não pode ser sucedâneo da ação de cobrança TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 42 1. Atos interna corporis – atos internos das casas legislativas (regimentos internos) o Sob pena de violação à separação dos poderes o Exceção ao princípio da inafastabilidade da jurisdição o OBS: se o ato ferir junto a CF caberá intervenção do Judiciário 2. Lei em tese o STF Súmula 266 o Salvo se a lei tiver efeitos concretos – Cabe MS 3. Atos de gestão comercial - Empresas públicas praticados pelos administradores de - Sociedades de Economia Mista - Concessionárias de serviços públicos 4. Ato disciplinar, salvo se feito por autoridade incompetente ou com vício no processo 5. Ato Judicial - Passível de recurso com efeito suspensivo - Transitado em julgado (este deve ser atacado por ação rescisória ou revisão criminal) N ão c ab e M S c on tr a TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 43 5. MINISTÉRIO PÚBLICO E O MANDADO DE SEGURANÇA Nas ações do mandado de segurança, o Ministério Público deve sempre ser intimado. Além disso, ele deve agir como o fiscal da lei (e não defendendo a autoridade coatora), participando efetivamente e manifestando sua opinião nos autos. 6. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA Assim como no habeas corpus, é cabível a liminar em mandado de segurança, desde que haja os requisitos: fumus boni juris e o periculum in mora. Além disso, o juiz pode deferir caução, fiança ou depósito para a concessão da liminar. Essa exigência serve para ressarcir o poder público se o MS for julgado improcedente e houver danos ao patrimônio público. 7. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO OBRIGATÓRIO PARA SENTENÇAS CONCESSIVAS DE SEGURANÇA Meus caros Técnicos de Controle Externo, em regra, as ações são julgadas em primeira instância pelo Poder Judiciário nos juízos singulares. Isso significa que, normalmente, quando se entra com uma ação no Judiciário, essa ação será julgada por um juiz monocrático (que julga sozinho). Depois de ser julgada pelo juiz singular, caso alguma das partes recorra, a ação será julgada em segunda instância pelo Tribunal, que é um órgão composto por mais de um julgador (órgão colegiado). Dessa forma, garante- se que a sentença proferida pelo juiz singular esteja correta, livre de vícios, pois a causa estará sendo reanalisada por um grupo de pessoas (e é mais fácil que uma pessoa sozinha erre do que um grupo de pessoas o faça). A essa possibilidade de se ter a sentença revista por um Tribunal colegiado para garantir que a mesma esteja livre de vícios, dá-se o nome de DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Pois bem. Acompanhe agora o raciocínio: 1) O mandado de segurança é impetrado sempre contra a autoridade pública (ou contra o particular no exercício de atribuições do poder público). TCU Aula 03 Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Roberto Troncoso 44 2) Quando o autor ganha a ação (consequentemente, o Estado perde), a sentença é chamada de concessiva de segurança. 3) Quando o autor perde a ação (consequentemente o Estado ganha), a sentença é chamada de denegatória de segurança. Como o MS é impetrado contra autoridade pública, a Constituição prevê um mecanismo de proteção ao Estado. Esse mecanismo tem como objetivo garantir que as sentenças proferidas contra o Estado estejam livres de vícios/erros. Assim, caso a sentença do MS seja concessiva de segurança (onde o autor ganha e o Estado perde), haverá o duplo grau de jurisdição obrigatório, ou seja, obrigatoriamente, a sentença proferida pelo juiz singular deve ser reanalisada por um Tribunal (colegiado). Isso ocorrerá ainda que o órgão público vencido não apele ou perca o prazo do recurso. Perceberam? Com esse mecanismo, garante-se que todas as decisões em MS onde o Estado perde devem ser reanalisadas pelo Tribunal de segunda instância para garantir que essas sentenças estejam livres de vícios.
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