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Vícios e Nulidades em Negócios Jurídicos

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Vicios de consentimento: erro, dolo, coação, est de perigo e lesao. E o vicio social: Fraude contra credores. 
Todos eles são anuláveis. (171,178.)
Simulação é caso de nulidade absoluta. art 167, CC.
FGV: 156 (estado de perigo) X157 (lesão) CC
art 156, CC. Cuidado: Dolo de aproveitamento.
Civil: Pontos do projeto. Nulidade x Anulabilidade
Nulidade Absoluta (art. 166 e 167, CC)
A nulidade absoluta traduz o mais alto grau de impertinência do negócio com o ordenamento jurídico, pois resulta da violação de uma questão de ordem pública.
Suas hipóteses estão elencadas nos artigos 166 e 167 do CC, englobando a simulação e o celebrado por pessoa absolutamente incapaz; for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; não revestir a forma prescrita em lei; for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; tiver por objetivo fraudar lei imperativa e a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
O negócio jurídico nulo possui as seguintes características:
1. Atinge interesse público superior;
2. Opera-se de pleno direito (ope legis ou iures);
3. Não admite confirmação (ratificação), mas sim conversão (art 170 do CC) em um negócio validado pelo ordenamento jurídico;
4. Pode ser arguido pelas partes, por terceiro interessado, pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de ofício (ex oficio) pelo Juiz;
5. A ação declaratória de nulidade é decidida por sentença com efeitos ex tunc (retroativos) e contra todos (erga omnes);
6. A nulidade, segundo o novo Código Civil, pode ser reconhecida a qualquer tempo, não se sujeitando a prazo prescricional (imprescritível) ou decadencial.
Sobre tais características, atenção para o fato segundo o qual:
1. Entende o STJ que a arguição de nulidade absoluta em instâncias extraordinárias demanda a observância do requisito do prequestionamento. 
2. Apesar de o juiz poder reconhecer ex ofício a nulidade, ele não tem permissão para supri-la, ainda que a requerimento da parte (art. 168 p.u, CC).
b) Nulidade Relativa (anulabilidade)
A anulabilidade é mais branda do que aquela dita absoluta, pois, ao revés de atingir interesse público, desrespeita questão de ordem particular, privada.
O negócio anulável produz efeitos normalmente até que uma decisão judicial reconheça a anulabilidade. Assim, a nulidade relativa é ope iudicis. Acaso não exista decisão judicial reconhecendo a anulabilidade, ou, ainda, não seja esta arguida em tempo hábil (prazo legal), o negócio jurídico se aperfeiçoará pelo tempo, convalidando-se. 
As principais hipóteses de nulidade relativa estão elencadas no artigo 171 do Código Civil de 2002, sendo elas:
I. por incapacidade relativa do agente; 
II. por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. 
O negócio jurídico anulável possui as seguintes características:
1. Atinge apenas interesses particulares;
2. Não se opera de pleno direito;
3. Admite confirmação expressa ou tácita (ratificação);
4. Somente pode ser arguida pelos legítimos interessados;
5. A ação anulatória é decidida por sentença de natureza desconstitutiva com efeitos ex nunc (não retroativa) e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade;
6. A anulabilidade somente pode ser arguida, pela via judicial, em prazos decadenciais de 4 anos (regra geral), ou 2 anos (regra supletiva), salvo norma específica em sentido contrário (art. 178 e 179, CC). Assim, quando a lei dispõe que um determinado negócio é anulável, sem consignar o prazo, este será de 2 anos, contados da sua conclusão. Outrossim, afirma o artigo 178 que o prazo de 4 anos será contado, no caso de coação, do dia em que ela cessar; erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo e lesão, do dia em que fora realizado o negócio jurídico; e no de atos de incapazes, no dia que cessar a incapacidade.
Elementos acidentais:
a) Condição
É evento futuro e incerto que condiciona o negócio jurídico e deriva da vontade humana (art. 121, CC). Admite-se a condição em algumas modalidades:
i) Suspensivas x Resolutivas
A condição suspensiva torna os efeitos do negócio jurídico pendentes. De modo que enquanto não ocorrida a condição suspensiva, não se terá efeito no negócio jurídico. Ex.: Contrato de doação para casamento futuro com pessoa certa (art. 546, CC). Ocorre quando o pai promete à filha a doação de um apartamento caso venha a se casar com uma determinada pessoa: o efeito da doação está pendente, condicionado ao matrimônio.
Destarte, enquanto não ocorrida a condição suspensiva, no caso o casamento, não há de se falar nem na aquisição, nem no exercício do direito (art. 125, CC), inexistindo direito à posse ou propriedade sobre o aludido apartamento.
A condição resolutiva, de seu turno, é aquela que, quando implementada, coloca fim ao negócio jurídico (resolve). Exemplifica-se com a doação de cotas periódicas até um evento futuro e incerto, como a mesada até a aprovação no concurso público (art. 127 e 128, CC).
Antes de implementadas as condições, tem-se como possível os atos de conservação, por haver o que se denomina direito eventual (art. 130, CC).
ii) Lícitas x Ilícitas
Lícitas são as condições que não são contrárias à lei, à ordem pública e aos bons costumes (art. 122, CC). Daí porque ilícitas serão justamente aquelas contrárias à lei, ordem pública e bons costumes. 
Digno de nota é recordar ser vedada a condição que prive o negócio de qualquer efeito prático, como o empréstimo de um carro com vedação de dirigi-lo ou ocupá-lo por qualquer pessoa.
Igualmente ilícita é a condição que se sujeita ao puro arbítrio de uma das partes (denominadas de puramente potestativas). Ex.: Compro sua casa pelo preço que eu determinar e na forma de pagamento que eu quiser.
Destarte, as condições simplesmente (ou meramente) potestativas são aceitas, consistindo naquelas em que há dependência da manifestação de vontade de uma das partes e algo externo, como uma doação a um jogador de golfe caso ele ganhe um determinado número de torneios no ano. 
Afirma o CC, ainda, que invalidam os negócios jurídicos (art. 123, CC): “I – as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; II – as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; III – as condições incompreensíveis ou contraditórias”
Por fim, aduz o Código Civil que não pode a parte obstar, nem sequer implementar a condição de forma maliciosa. Tal conduta equivale à situação inversa (art. 129 do CC).
b) Termo
Trata-se de elemento acidental do negócio jurídico construído sob a égide da futuridade e da certeza (evento futuro e certo). Termo nada mais é senão o dia ou momento em que o negócio começa (termo inicial, ou dies a quo) ou termina (termo final, ou dies ad quem).
O lapso de tempo entre o termo inicial e o termo final é denominado de prazo, sendo a forma de sua contagem disciplinada no artigo 132 do CC/02, excluindo-se o dia do começo e incluído o do vencimento. 
Lembrar que o termo fixado em testamento presume-se em favor do herdeiro, sem se esquecer, ainda, que nos contratos se deve presumir o termo em proveito do devedor, salvo se do caso concreto verificar-se o contrário.
Por fim, o termo inicial suspende apenas o exercício do direito, mas não sua aquisição, diferindo da condição suspensiva (cf. arts. 131, 132 e 133, CC).
c) Modo ou Encargo
É um ônus (restrição) imposto para que a parte usufrua benefício. Não há equivalência de preço com o benefício, e pode consistir nas mais diversas modalidades obrigacionais, como fazer, dar coisa certa ou incerta. Ex: a doação de um automóvel para alguém desde que essa pessoa leve o filho do doador ao colégio por dois anos consecutivos. 
Difere o encargo da condição suspensiva porque aquele (o encargo) não suspende nem o exercício e nem a aquisição do direito (art. 136, CC). O seu descumprimento que é combatido, com a possível invalidaçãoda benesse.
Diga-se, ainda, que encargo ilícito ou impossível se considera não escrito, salvo se vier a constituir motivo determinante da liberalidade, caso em que invalida o negócio jurídico (art. 137, CC).
Vistos os planos, questiona-se:
a) É possível o autocontrato ou contrato consigo mesmo?
Na ótica do CC/02, é anulável, na forma do artigo 117. Somente se admite o autocontrato se a lei permitir, ou ainda se assim autorizar o representante do negócio realizado. Todavia, acaso praticado em contrato de mútuo com a Caixa Econômica Federal, será nulo (súmula 60 do STJ).
Pacta Corvina.426, CC.
Ações Edilicias: 1. Redibitória. 2. Estimatória ou quantis minoris. art 442, CC.
Evicção: artigos sempre são pedidos. art 447.448.450.456.457, CC.
Transmissão das Obrigações
As obrigações podem ser transmitidas porque constituem bens comerciáveis. Justamente por isto o Código Civil disciplinou a matéria admitindo tanto a cessão do crédito (transferência do crédito), quando a cessão (ou assunção) da dívida (transferência do débito). 
Cessão de crédito
Consiste em um negócio jurídico por meio do qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente o seu crédito a um terceiro (cessionário), mantendo-se a relação obrigacional primitiva com o devedor originário (cedido). Apenas não será possível a cessão de crédito se a natureza jurídica da obrigação (ex: direito a alimentos), a lei (ex: art. 1.719, III, CC), ou eventual convenção entre as partes proibir a prática.
Está autorizada no artigo 286, segundo o qual o credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do instrumento da obrigação.
Em geral, a cessão de crédito é onerosa, mas nada impede que seja gratuita. Esta é a diferença entre cessão e pagamento com sub-rogação, que não é gratuito. Quanto à novação, a diferença entre esta e a cessão de crédito é que na novação se cria uma obrigação nova. Isto não acontece na cessão, onde há transferência do crédito e seus acessórios, como mesmos juros, prazos...
É possível a cessão de direitos hereditários? O artigo 1.793 admite a prática mediante instrumento público, tendo em vista que os direitos à sucessão aberta são considerados imóveis (art. 80, CC), de modo que se transmite a respectiva cota hereditária. A cessão de direitos hereditários só pode acontecer após a morte do de cujus, afinal de contas é vedado o contrato que tenha como objeto herança de pessoa viva (art. 426, CC). 
A cessão de crédito, para ter eficácia em relação ao devedor, exige a notificação deste que será, para efeito do artigo 290 do CC, tido como notificado se declarar ciente da cessão feito em escrito público ou particular.
A teor do artigo 294 do CC, o devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter conhecimento da cessão, tinha contra o cedente. Demais disto, independentemente do conhecimento da cessão pelo devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito cedido, o que comprova que a notificação não consiste em restrição ao plano da validade, mas apenas da eficácia da cessão.
Em regra, o credor originário que pratica o ato de cessão fica responsável ao cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu, tão só, salvo nos casos de cessão gratuita na qual aquele agiu com má-fé, hipótese em que terá responsabilidade também pelo pagamento.
Portanto, a regra geral é a cessão pro-soluto. Ex: Um credor originário cedeu onerosamente um crédito a um novo credor. Neste caso, o credor originário tem que garantir apenas a existência do crédito, mas não está obrigado a garantir que o devedor venha a quitar a dívida. Sendo a cessão gratuita, acaso aja o cedente de boa fé, imaginando efetivamente existir o crédito (que em verdade não existe), nada ocorre. Se estiver de má-fé, responderá pelo crédito. 
Pode a cessão, porém, conter cláusula na qual o cedente garanta o pagamento do devedor. Neste caso, o cedente será co-responsável também pelo pagamento. A isto se denomina cessão pro-solvendo.
O artigo 298 do CC adverte, contudo, que o crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o devedor que pagar, não tendo notificação daquela, fica exonerado, subsistindo somente em face do credor os direitos de terceiros.
Diferenças entre cessão de crédito e sub-rogação
A cessão de crédito não se confunde com o instituto da sub-rogação, isto porque:
• Enquanto uma é a cessão particular nos direitos do credor, originada de uma declaração de vontade, a outra se assenta no pagamento do crédito original;
• Cessão de crédito pode ocorrer a título gratuito. Isto não ocorre com a sub-rogação;
• Na cessão de crédito, conserva-se o vínculo obrigacional, enquanto a sub-rogação pressupõe o seu cumprimento por parte de um terceiro, direta ou indiretamente.
Cessão de débito (assunção de dívida)
Na cessão de débito o devedor, com expresso consentimento do credor, transmite a um terceiro a sua dívida. O silêncio, invariavelmente, importa recusa nesta hipótese do Código Civil. Com isto, o devedor primitivo se libera da obrigação. Se o novo devedor for insolvente ao tempo da assunção e se o credor ignorava este fato, nos termos da lei, o antigo devedor continuará respondendo pela dívida. Neste sentido, reza o artigo 299 do CC ser facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor o ignorava. E mais: qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para que consinta na assunção da dívida, interpretando-se o seu silêncio como recusa.
Diferenças entre cessão de débito e novação subjetiva
Não se confunde a cessão de débito com a novação subjetiva passiva. Na assunção de débito não se cria obrigação nova (prazo, vencimento, juros são os mesmos). Os requisitos da cessão de débito ou assunção de dívida, portanto, são:
I. Existência de uma obrigação válida
II. Anuência expressa do credor (pois muda a garantia patrimonial da dívida)
III. A substituição do devedor, mantendo-se a mesma (a) obrigação.
Cessão de contrato
Trata-se de modalidade não prevista legislativamente, mas admitida na jurisprudência e doutrina majoritárias. Nela o cedente transfere a própria posição no contrato (compreendendo créditos e débitos) a um terceiro (cessionário), desde que haja consentimento da parte contrária.
Requisitos da cessão de contrato
I. Anuência da parte contrária;
II. A celebração de um negócio jurídico entre cedente e cessionário;
III. Integralidade da cessão (deve ser global). 
Para os concursos públicos, o tema cessão de contrato revela importante referência legislativa, qual seja a Lei Federal n. 10.150/00. É que o legislador passou a permitir os denominados contratos de gaveta (Ex: mutuário contratava com a Caixa Econômica Federal e, depois, transferia a terceiro sua posição sem, contudo, pedir autorização disto ao mutuante).
Ainda em Obrigações: 
ARRAS
Trata-se de uma disposição contratual pela qual uma das partes entrega (a outra) dinheiro ou bem móvel para assegurar o cumprimento da obrigação pactuada. Duas são as espécies:
a) Arras confirmatórias (chamadas, popularmente, de “entrada ou sinal”)
Nesta modalidade, a entrega do numerário (ou do bem móvel) a título de sinal ou entrada marcará o início da execução do contrato, de maneira a não admitir o arrependimento posterior deste (art. 417, CC). Consiste, portanto, em um reforço à execução do contrato. Em geral, o sinal que dá é da mesma natureza da prestação original, sendo abatido do valor global do bem. Nesta situação, o comprador ficará responsável apenas pela diferença de valores.
Nesta hipótese, o que acontecerá se houver inexecução do contrato? A solução é estabelecida no artigo 418 do CC. Em resumo: na obrigaçãoem que foram pactuadas arras confirmatórias, em havendo descumprimento, a regra geral é a perda do valor das arras em favor da parte inocente. Se a parte inocente for aquela que conferiu as arras, deverá ajuizar ação pedindo sua restituição, ou correspondente monetário, atualizado, mais o equivalente da outra parte e os honorários do advogado. A parte inocente que houver recebido arras irá exercer seu direito de retenção.
E se o prejuízo da parte inocente for superior ao valor das arras e houver inexecução culposa? Terá este direito a indenização suplementar? Sim, nos termos do artigo 419 do CC. As arras, neste caso, funcionariam apenas como uma taxa mínima, devendo a parte prejudicada (inocente) exigir a suplementação das perdas e danos. O artigo 419 do CC permite, ainda, que a parte inocente exija o cumprimento do contrato (tutela específica), mais as perdas de danos pelo atraso, valendo as arras como mínimo a ser executado.
b) Arras penitenciais 
Diferentemente das arras confirmatórias, as penitenciais, quando pactuadas garantem o direito de arrependimento, tendo função meramente indenizatória. Ou seja: quem conferir arras e, após, desistir do negócio as perderá para a outra parte. Se quem as recebeu desistir do negócio, haverá de restituir em dobro. O arrependimento constituirá, nesta modalidade, um direito que afastará, no caso, qualquer outra indenização suplementar (art. 420, CC e Súmula 412 do STF).
Nessa linha, enquanto as arras confirmatórias consistem em um reforço à execução do contrato, admitindo indenização suplementar, as penitenciais dizem respeito a uma indenização pré-estabelecida pelo descumprimento contratual ou arrependimento, não admitindo indenização suplementar.
Em resumo:
• Arras confirmatórias = sem cláusula de arrependimento, com perdas e danos.
• Arras penitenciais = com cláusula de arrependimento, sem perdas e danos.
Vícios Redibitórios
Consiste o vício redibitório no vício ou defeito, presente em contrato comutativo, que diminui o valor e/ou prejudica a utilização da coisa alienada. O defeito há de existir anteriormente à tradição, acompanhar a coisa após a sua entrega e ter a sua descoberta apenas posteriormente (art. 441, CC). Se o suposto defeito for do gênero da coisa, não se deve cogitar do vício redibitório, pois se trata de característica inerente ao gênero. Tem-se como exemplo a aquisição de um touro cuja raça é “baixa” em reprodução. Não se trata de defeito, mas de característica do animal.
O vício ou impossibilita a destinação, ou reduz sensivelmente o valor do bem, sendo possível falar-se na aplicação do princípio da proporcionalidade (reduções mínimas de valores não ensejam alegação do vício em comento). Uma vez verificada a configuração do vício redibitório, o adquirente prejudicado poderá lançar mão de uma das ações edilícias, quais sejam: ação redibitória ou estimatória (quanti minoris). Tais pretensões não podem ser cumuladas (arts. 442 e 443, CC), sendo excludentes entre si.
A ação redibitória tem como escopo resolver (desfazer) o contrato; rejeita-se a coisa para obter o valor depositado de volta. Já a ação estimatória ou quantis minoris visa reduzir o valor de aquisição da coisa, por conta do vício, com o escopo de manutenção do bem. Estima-se o montante do dano e abate-se do valor da venda (art. 442, CC). Urge observar que não exige no Código Civil a presença da culpa como elemento necessário à configuração do vício. Caso haja culpa, porém, torna-se possível cumular a resolução ou diminuição dos valores com o pleito de perdas e danos (art. 443, CC). 
O prazo para propor as duas ações edilícias terá diferentes sistematizações a depender da natureza do bem – móvel ou imóvel – e do tipo de vício – aparente ou oculto (art. 445, CC). Assim, tratando-se de vício de fácil constatação (vício aparente) o prazo será de:
a) 30 (trinta) dias quando bem móvel;
b) 1 (um) ano quando bem imóvel. 
Tais prazos são contados da entrega efetiva. Advirta-se que se o adquirente já estava na posse da coisa, os prazos em comento serão reduzidos pela metade e serão contados da alienação. Pressupõe o legislador que estando o prejudicado na posse, esse já conhecia a coisa, tendo maiores possibilidades de verificar o vício, que é aparente. Ex: João estava na posse da casa de Paulo por 10 (dez) meses, em virtude de contrato de locação. Resolveu Paulo vender a casa para João. O prazo para propor ação edilícia será de 6 (seis) meses, reduzindo-se o prazo de 1 (um) ano pela metade.
Acaso, porém, trate-se de vício de difícil constatação (vício oculto) o prazo será de:
a) 180 (cento e oitenta) dias para bens móveis;
b) 1 (um) ano quando bem imóvel
Demais dito, os prazo em comento são contados da descoberta do vício, e não da data da entrega ou alienação.
Um cuidado especial ao futuro advogado! O artigo 446 do CC afirma que os prazos referentes ao vício redibitório não correm enquanto não finalizado o prazo de garantia, subsistindo ao adquirente, nesse prazo, a obrigação de comunicar a existência do vício no prazo de 30 (trinta) dias, após a descoberta do vício, sob pena de decadência.
Evicção
Remete a idéia de perda do objeto do contrato em face do reconhecimento de direito anterior de outrem. 
É uma garantia contratual do adquirente típica dos contratos onerosos, translativos de propriedade, que se opera quando o adquirente vem a perder a posse e a propriedade da coisa em virtude do reconhecimento judicial ou administrativo do direito anterior de outrem. A evicção, com previsão no artigo 447 do CC, é composta por 3 (três) personagens:
I. Alienante: quem responde pelos riscos da evicção; 
II. Adquirente (ou evicto): pessoa que perde a posse e a propriedade;
III. Terceiro (evictor): pessoa que prova direito anterior.
Observe-se que a garantia da evicção subsiste ainda que a aquisição se tenha operado em hasta pública. Demais disto, há ainda evicção mesmo que a perda se dê por execução de ato administrativo.
Na evicção, portanto, o evicto que adquiriu um bem do alienante de forma onerosa perde a coisa em virtude de direito de terceiro (evictor). Nesta hipótese, poderá o adquirente pleitear os direitos esculpidos no art. 450 do Código Civil, quais sejam: 
I. à indenização dos frutos que tiver sido obrigado a restituir; 
II. à indenização pelas despesas dos contratos e pelos prejuízos que diretamente resultarem da evicção; 
III. às custas judiciais e aos honorários do advogado por ele constituído. 
Nos termos do artigo 448 do CC, vale registrar que a cláusula de garantia da evicção pode ser reforçada, diminuída ou excluída. 
No que tange à exclusão, porém, a análise deve ser mais cuidadosa. Isso porque afirma o artigo 449 do CC que se houver no contrato cláusula afirmando que “alienante não responde pelo risco da evicção”, este ainda terá direito pelos valores desembolsados, não subsistindo o direito às demais prerrogativas do artigo 450 codificado.
Assim, para uma completa exclusão das prerrogativas decorrentes da evicção, além da cláusula de exclusão, o adquirente haverá de ser informado sobre o que é a evicção e assumir o risco de sua ocorrência. O contrato poderá, ainda, estipular reforço à garantia, de modo que, por exemplo, o evicto faça jus ao recebimento de uma multa, além das prerrogativas do artigo 450 codificado. Por fim, em norma de ordem ética, impende ressaltar que se o adquirente sabia que a coisa era alheia ou litigiosa, não poderá demandar pela evicção (art. 457, CC).
Ações inquilinárias ou locatícias
Conceito
São quatro as ações previstas na lei de locações: a de despejo, a consignatória de alugueres e encargos locatícios, a revisional de aluguel e a renovatória de imóveis não residenciais.
Além dessas, poderão ser propostas também: a ação de execução dos encargos locatícios, conforme disposto no artigo. 585, inciso V, do CPC, e a indenizatória, pelo locatário em face do locador, alegando que o imóvel locado apresentava defeitos causadores tanto de danos morais quanto de materiais.
Portanto, a Lei n. 8.245/91 é uma normahíbrida, pois cuida de aspectos materiais, procedimentais, como também processuais. 
Lei do inquilinato: aspectos gerais
Algumas questões relevantes devem ser analisadas no estudo da Lei 8.245/91. O primeiro ponto a ser analisado é o juízo competente para propor as ações de despejo. Aqui se aplica a regra de competência do foro da situação da coisa, disposta no artigo 95 do CPC, por trazer maior facilidade ao juízo a proximidade com o bem objeto do desalijo.
Como previsto pelo artigo 58 da Lei n. 8.245/91, o valor da causa para a propositura da ação de despejo corresponderá a 12 meses de aluguel, ou, na hipótese do inciso II do artigo 47, a três salários vigentes por ocasião do ajuizamento.
Segundo recente entendimento do STJ, o despejo para uso próprio poderá ser proposto nos Juizados Especiais Cíveis, posto que os incisos do artigo 3º da Lei n. 9.099/95 não são cumulativos e o inciso III do mesmo artigo não possui limite de valor tanto para bens imóveis como para os alugueres vencidos ou vincendos, se os mesmos existirem. 
Por último, deve ser esclarecido que o recurso contra sentença proferida, nesses casos, será o de apelação e deverá ser recebido somente no efeito devolutivo, permitindo assim o diploma legal, a execução provisória do julgado.
Espécies
Ação de despejo (arts. 59 a 66 da Lei n. 8.245/91)
a) É a única ação que o locador pode sugerir para recuperar o imóvel objeto da locação.
b) Tem natureza de ação de rescisão de dissolução contratual, com natureza eminentemente pessoal e não possessória ou real.
c) Segue o rito ordinário, consoante artigo 59 da Lei n. 8.245/91.
d) No polo passivo figurará o locatário, sublocatário e/ou quem o tenha legitimamente substituído.
e) É permitido o deferimento de medidas liminares inaudita altera pars, conforme § 1º do artigo 59 da Lei n. 8.245/91.
f) O despejo também poderá ocorrer por denúncia cheia ou vazia. A primeira ação está baseada no artigo 47 da lei do inquilinato; já a segunda está disposta no artigo 6º desta lei;
g) Pode ser proposta ação de despejo por falta de pagamento ou por infração contratual; pedido para uso próprio; ausência de conservação ou deterioração do imóvel locado ou, ainda, realizar obras sem o consentimento do locador. 
h) A sentença tem caráter mandamental por dispensar a sua fase final de liquidação.
Ação consignatória de aluguéis e acessórios na locação (art. 67 da Lei n. 8.245/91)
a) Esta ação tem por característica evitar a inadimplência do locatário através do depósito efetuado em juízo quando proposta a exordial.
b) Transcorre pelo rito especial.
c) Caracteriza-se como uma ação que visa ao pagamento indireto da obrigação e tem como parte autora o locatário.
d) Diversamente da ação consignatória prevista no CPC, esta modalidade não tem caráter dúplice, pois a lei preceitua o cabimento de reconvenção nos termos do inciso VI do artigo 67 da lei do inquilinato.
Ação revisional de aluguel (arts. 68 a 70 da Lei n. 8.245/91)
a) Pode ser ofertada tanto pelo locador, buscando o aumento do valor dos alugueres, como poderá ser proposta pelo locatário com o objetivo de reduzi-los.
b) Este benefício poderá ser utilizado somente pelo prazo de três anos, ainda que a ação tenha sido proposta pela parte contrária.
c) Segue o rito sumário, conforme artigo 68 da lei do inquilinato.
d) O juiz fixará o aluguel provisório por meio dos elementos fornecidos pelo autor da ação, que será devido desde a citação. 
e) Na audiência de conciliação, consoante recente alteração pela Lei n. 12.112/09, deverá ser apresentada a contestação, contendo a contraproposta; caso exista discordância quanto ao valor pretendido, tentará o juiz a conciliação; em caso de impossibilidade, determinará a realização de perícia, se necessária, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento.
f) O aluguel fixado em sentença retroage à citação e as diferenças devidas durante a ação de revisão abrangerá os alugueres vincendos, bem como os vencidos e não pagos; as mensalidades locatícias serão pagas com correção monetária exigível a partir do trânsito em julgado da decisão que fixar o novo aluguel; como também serão descontados os alugueres provisórios já satisfeitos.
g) No final da ação locatícia serão cobradas as diferenças locatícias entre o aluguel provisório e o definitivo.
h) A ação de despejo poderá ser fundamentada pelo inadimplemento dos alugueres provisórios.
Ação renovatória de contrato (arts. 71 a 75 da Lei n. 8.245/91)
a) Esta ação visa à renovação compulsória do contrato de locação escrito, e não residencial, por prazo determinado, vigendo no mínimo de forma ininterrupta pelo prazo de 5 anos, com exploração da mesma atividade pelo prazo mínimo de três anos, devendo esta demanda correr no rito ordinário.
b) Ela deverá ser proposta no prazo máximo de 1 ano e 6 meses após o término do contrato.
c) A legitimidade ativa é do locatário.
d) Nesta demanda será fixado o aluguel provisório a ser devido após o término da vigência do contrato de locação.
e) O aluguel fixado na sentença poderá ser cobrado imediatamente, independentemente da propositura do recurso.
f) Não sendo renovada a locação, o juiz determinará a expedição de mandado de despejo, dentro do prazo de 30 (trinta) dias para a desocupação voluntária, se houver pedido na contestação.
Temas de Responsabilidade Civil
Responsabilidade por Ato de outrem ou Responsabilidade Indireta
De acordo com os ditames do artigo 932 da norma civilista, é o caso que terceiros praticam o ilícito e o responsável legal responde pelo fato, isto é, responde (Haftung) mesmo sem ter contraído o débito (Schuld). O CC/2002 adotou para esses casos a responsabilidade objetiva, conforme redação do artigo 933.
A responsabilidade solidária prevista no artigo 942 da Lei Civil é aplicável nos casos dos incisos III, IV e V do artigo 932.
• Os pais irão responder pelos atos dos filhos que estiverem sob sua guarda e companhia, mesmo que provarem não agir com negligência. A responsabilidade será objetiva, e os pais irão substituir os filhos, consoante a Teoria da Substituição.
• A responsabilidade do tutor e curador pelos pupilos e curatelados que se acharem sob sua autoridade e companhia é aplicada nos mesmos moldes que a responsabilidade dos genitores. Importante ressaltar que inexiste proibição legal sobre direito de regresso em face dos pupilos ou curatelados.
• No caso do empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele, o CC/2002 inovou.
Anteriormente, a aplicação do Código Civil de 2002, nesses casos, havia a responsabilidade por culpa in elegendo, como culpa presumida na forma da Súmula n. 341 do STF que, ao final, resultava nas mesmas consequências previstas no atual diploma civil, que transformou em responsabilidade objetiva.
A norma abrange não somente a relação de emprego, mas toda e qualquer outra relação empregatícia com subordinação, chamada de preposição.
• Referente aos donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos, alguns pontos merecem destaque.
A responsabilidade é objetiva como acima mencionado. Os hotéis, em especial, responderiam também, caso o CC/2002 não dispusesse sobre essa matéria, de maneira objetiva, por força do artigo 14 da Lei n. 8.078/90, visto que está presente o risco da atividade desenvolvida.
Tanto nos casos dos hospitais, clínicas e outros estabelecimentos similares, bem como nas escolas, enquanto estiverem no referido local, aplica-se a teoria da guarda.
Quando o paciente nos hospitais for menor ou adolescente, deverá ser observado o artigo 12 da Lei n. 8.069/90 do ECA:
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente.Atualmente, estão na moda os casos de bullying, que consiste em apertadíssima síntese na prática infantil de deboche com isolamento da pessoa naquela comunidade, geralmente ocorrendo nos colégios. Logo há responsabilidade pedagógica do estabelecimento de ensino, sob pena de infração administrativa, conforme artigo 245 do ECA:
Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente. Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.
• Em relação aos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, será responsabilizado objetivamente até a concorrente quantia da qual tirou o proveito efetivo, consagrando o Princípio da reparação do indevido.
• Deve ser ressaltada a norma do artigo 934 da Lei Civil, que trata do direito de regresso. Somente no caso do inciso I do artigo 932 não será cabível tal direito. Atenção!
Independência das responsabilidades civil e criminal
A responsabilidade civil e criminal possui comunicação, no entanto, irá prevalecer de forma absoluta o reconhecimento do fato e de autoria na justiça penal (art. 935 do CC). Não corre a prescrição antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art. 200 do CC) e esta formará título executivo judicial na jurisdição civil, consoante disposição do CPC.
Responsabilidade por Fato da Coisa ou do Animal
O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade seja manifesta.
Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responsabiliza-se pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Quando não é possível identificar em um prédio com diversos blocos o autor do lançamento de objetos, a doutrina entende que se aplica a Teoria da Pulverização dos Danos, respondendo todos os condôminos por não se conseguir individualizar a conduta.
Já a responsabilidade por fato do animal se aplica também a teoria da guarda, devendo o dono ou o detentor de animal ressarcir o dano causado por este. Essa regra é aplicável tanto ao adestrador quanto aos estabelecimentos especializados. Para estes casos, são aplicáveis a isenção de responsabilidade mediante produção probatória da culpa exclusiva da vítima ou força maior.
Esse é um tema bacana!
Posse x detenção: o fâmulo da posse 
Com espeque no artigo 1.198 do CC, considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens e instruções suas, instituindo a figura do fâmulo da posse. 
É o caso, por exemplo, de um motorista, de uma empregada doméstica, de um caseiro que, de rigor, não são titulares de posse alguma: atuam apenas como longa manus, prepostos, do verdadeiro possuidor (empregador).
Contudo, na melhor orientação do Enunciado 301 da III Jornada de Direito Civil, “É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios”.
Digno de nota, a propósito disto, é a disciplina do artigo 1.208 do Código Civil, segundo o qual atos de mera detenção, permitidos e tolerados, não são capazes de gerar a posse. De fato, a permissão (autorização prévia, induvidosa e expressa) e a tolerância (autorização posterior e tácita) não retiram daquele que autoriza, ou permite, o estado de poder sócio-econômico sobre o bem, razão pela qual não induzem à posse.
Constituto possessório x tradition breve manu
Imagine a hipótese na qual alguém vende um imóvel a outrem, mas continua a habitar naquele bem, que antes lhe pertencia (agora mediante o pagamento de aluguel). Nesta situação, este alienante possuía, originariamente, em nome próprio. Contudo, agora, passa a possuir em nome alheio. A isto se denomina constituto possessório ou cláusula constituti. 
O Enunciado 77 da I Jornada de Direito Civil (CJF/STJ) esclareceu, mediante doutrina firme e consolidada, que “A posse das coisas móveis e imóveis pode ser transmitida pelo constituto possessório”, tratando-se de importante questão em concursos públicos.
E se o inverso ocorresse?
A tradittio breve manu é o inverso. Ocorre quando alguém possuía originariamente algo em nome alheio e, agora, passa a possuir em nome próprio.
Características da propriedade
Importantes características ajudam o estudante a melhor compreender o conteúdo e finalidade do direito de propriedade, podendo-se afirmar ser este:
a) COMPLEXO – pois é formado por um plexo (conjunto) de poderes ou faculdades (usar, gozar/fruir, dispor e reivindicar); b) ABSOLUTO – pois a sua oponibilidade é “erga omnes” (em face de todos); c) PERPÉTUO – uma vez que não se extingue pelo simples não-uso e pode ser transmitido de uma geração para outra; d) EXCLUSIVO – pois afasta o exercício do poder dominial de terceiro sobre a mesma coisa (quando da propriedade sobre um bem), ressalvando-se apenas a situação do condomínio, em que há divisão ideal do bem; e) ELÁSTICO – pois os poderes do proprietário podem ser distendidos ou contraídos, para formar outros direitos reais, sem perder a sua essência (vide art. 1.231, CC); 
Dica: C + A + P + E + (E + L + A) = CAPEELA!

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