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Gerenciamento de Custos e Riscos Gabriela de Bem Fonseca Gerenciamento de Custos e Riscos Nota sobre o autor Gabriela de Bem Fonseca é especialista em Gestão Contábil, conta-dora, técnica em plásticos. Atua como professora na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), ministra as disciplinas de Administração de Ca- pital de Giro, Orçamento e Fluxo de Caixa, Contabilidade e Planejamento Orçamentário, Estoques e Compras, Gestão de Custos e Gestão Tributária (para os cursos da Administração e Ciências Contábeis), Finanças e Con- tabilidade, Finanças e Controles, Processos Financeiros (EAD). É professora nos cursos de pós-graduação em Custos de Produção e orientação de trabalho de conclusão de curso em todas as modalidades Graduação, EAD e Pós. Apresentação Este livro foi desenvolvido com o objetivo de apresentar a você conceitos e aplicações atrelados à área de custos e riscos, detalhando primei- ramente conceitos, objetivos e aplicações para posteriormente analisar a relação entre as áreas e sua aplicabilidade, analisando o risco do negócio. Para trabalhar com gestão de custos em uma organização empresarial, devemos conhecer e aprender a entender as terminologias utilizadas para, a partir delas, aprendermos a classificar os custos em diferentes formas, como quanto à relevância, quanto à identificação e quanto à relação com a produção, os quais são descritos no Capítulo 1. No Capítulo 2, consta uma revisão sobre os conceitos e técnicas envolvidos para escolha, ela- boração e interpretação dos sistemas de custeio, identificação de qual a melhor opção de acordo com a atividade empresarial desenvolvida por organização. Introdução iv Introdução Já no Capítulo 3, vamos aprender sobre a composição e a importância do Mark-up e como utilizá-lo na formação do preço de venda, as melho- res técnicas e estratégias para formação do preço. O Capítulo 4 retrata o conceito de margem de contribuicão e margem de segurança operacional, explicando esses termos em valores e percentuais para debater o quanto as empresas possuem de margem para negociar dentro do seus preços de venda, e na sequência vamos aproveitar esses temas apresentados no Capítulo 5 e falar sobre relação custo x volume x lucro e como ela auxilia na tomada de decisão, o desenvolvimento de metas para os setores de vendas e para a produção, a determinação de variação da margem, ente outros fatores. O Capítulo 6 trata do orçamento empresarial com seus objetivos, fi- nalidades, conceitos e aplicações; Assim como os diversos modelos orça- mentários utilizados pelas empresas como ferramenta de análise gerencial. Já o Capítulo 7 trata das vantagens, desvantagens e estruturação de orçamentos com base nos custos, e nesse tópico se faz uma avaliação geral do impacto no planejamento financeiro, na lucratividade e nas decisões da empresa. O Capítulo 8 apresenta a análise e a interpretação da relação do valor de uma empresa em relação aos custos. Por fim, no Capítulo 9 estão demonstradas as formas de análise vertival e análise horizontal, e o 10 apresenta uma análise completa da teoria da decisão. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo principal de propor- cionar a você uma visão geral sobre custos e riscos de uma forma simples e objetiva que permita ao leitor aplicar de forma prática os conceitos aqui desenvolvidos. 1 Terminologias e Classificações ..............................................1 2 Sistemas de Custeio ............................................................20 3 Formação de Preço e Mark-up ............................................37 4 Margem de Contribuição e Margem de Segurança Operacional .......................................................................52 5 Relação Custo x Volume x Lucro ..........................................60 6 Orçamento Empresarial: Conceito, Aplicações e Modelos ....71 7 Vantagens, Desvantagens e Estruturação de Orçamentos com Base nos Custos ..........................................................84 8 Análise e Interpretação da Relação do Valor de uma Empresa em Relação ao Seu Custo .....................................99 9 Análise Horizontal e Análise Vertical .................................116 10 Teoria da Decisão .............................................................123 Sumário Terminologias e Classificações Capítulo 1 Gabriela de Bem Fonseca 2 Gerenciamento de Custos e Riscos A importância da Contabilidade de Custos Contabilidade Financeira: até a Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia essa contabilidade, desenvolvida na “era” Mercantilista. Nessa época, as empresas viviam pratica- mente do comércio e não da fabricação. Contabilidade de Custos: surgiu após a Revolução Indus- trial devido à necessidade de incorporar ao custo do produto os valores dos fatores de produção utilizados para sua ob- tenção. Essa forma de obtenção tem sido seguida até os dias atuais principalmente por duas razões: 1) A Auditoria Inter- na e Externa, uma necessidade da globalização, acabou por consagrar essa forma de valorização dos estoques, em que o valor de compra é substituído pelo valor de fabricação. 2) O advento do Imposto de Renda adotou o mesmo critério para a medida do lucro tributável. Contabilidade Gerencial: há poucas décadas, com o crescimento das empresas, a contabilidade de custos pas- sou de mera auxiliar na avaliação de estoques e lucros para importante aliada no controle empresarial e nas decisões ge- renciais. Resumo: a Contabilidade de Custos nasceu da Contabili- dade Financeira quando da necessidade de se avaliar os es- toques nas indústrias. Com a globalização e a necessidade de uma gestão mais completa dos processos, entrou em cena a Contabilidade Gerencial que se tornou uma grande ferramenta de gestão empresarial. Capítulo 1 Terminologias e Classificações 3 Evolução da relação de Custos X Preços no Brasil: 1965 – 1990 > Preço = Custo + Resultado (Característica: Preço é função do custo) 1990 > Preço = Custo – Resultado (Característica: Preço é função do mercado) 2000 > Custo = Preço – Resultado (Característica: Custo é função do preço e da taxa de retorno sobre o investimento) Em termos gerais, podemos afirmar que a contabilidade de custos tem duas grandes áreas de atuação que são interliga- das e possuem a maior parte dos conceitos iguais: a) CUSTO FISCAL – Custo Contábil: conceitos e técnicas voltados para a apuração do custo dos produtos e dos serviços para fins de contabilização (lançamento contá- bil) e atendimento às necessidades legais e fiscais. b) CUSTO GERENCIAL: conceitos e técnicas voltados para a gestão econômica dos produtos e serviços da empre- sa, suas atividades, unidades de negócios e seus gesto- res responsáveis, envolvendo as necessidades de contro- le, avaliação do desempenho e tomada de decisão. 1.1 Abrangência e Finalidade do Cálculo de Custos na Atividade Empresarial Essa abrangência é muito ampla nos dias atuais, em uma sim- ples averiguação de caráter pessoal, podemos constatar que 4 Gerenciamento de Custos e Riscos nossas decisões diárias de todos os tipos envolvem em maior ou menor escala a variável, CUSTOS, nas empresas não é diferente. Existem pelo menos 4 campos distintos de abrangên- cia e aplicações dos custos: 1) Aplicações Contábeis do Custo: as principais aplicações contábeis estão relacionadas à avaliação dos estoques e CPV (Custo Produto Vendido), avaliação de imobilizações próprias e avaliação de bens de fabricação própria para uso futuro na empresa. – Avaliação dos Estoques: no prisma contábil, esse é um dos aspectos mais importantes do cálculo dos custos nas em- presas. É necessário ressaltar que a variação de estoques em um período influencia diretamente no resultado do mesmo, ou seja,uma variação positiva nos estoques implica um aumento do resultado no período. O estoque pode apresentar-se de diversas formas dependendo do ramo de atividade da empre- sa; em sua forma mais ampla, ele se configura nas empresas industriais em materiais adquiridos e ainda não utilizados, pro- dutos em fase de elaboração e produtos prontos. - Avaliação de Imobilizações Próprias: em muitas empresas ocorre a produção própria de bens que integram o seu ativo permanente como ferramentas, móveis, máquinas, edificações; nesses casos, deve-se manter um documento para controlar e agrupar todos os materiais consumidos assim como a mão de obra agregada. No seu encerramento, deve-se imobilizá-lo contabilmente e então depreciá-lo para efeitos de custos. - Avaliação de bens de fabricação própria para uso futuro: é uma ocorrência possível em algumas organizações; nesse Capítulo 1 Terminologias e Classificações 5 caso, as empresas processam internamente produtos que se- rão utilizados futuramente na atividade fim. Também se deve controlar em documento próprio todos os materiais consumi- dos e a mão de obra empregada. Sua transformação em custo ocorrerá por ocasião de seu consumo futuro. 2) Abrangência e Aplicações vinculadas ao planejamento: en- tre as aplicações, destacam-se, aplicação relacionada ao orçamento, projeção de planos de venda e produção, estu- dos de viabilidade e análise de investimentos. - Para essas abrangências, a utilização adequada do sis- tema de custeio é fundamental na tomada de decisões e na gestão empresarial. Tendo nele um poderoso instrumento para avaliação de resultados. 3) Abrangência e Aplicações na gestão Econômico-Financei- ra, Mercadológica: as aplicações nessas áreas são inú- meras como: formação do preço de venda, avaliação do desempenho de produtos e serviços, formulação das po- líticas de produtos e preços, formulação de políticas de distribuição e segmentação e avaliação do desempenho de negociações. 4) Abrangência e Aplicações voltadas ao controle: custos é também, em sua essência, um instrumento de controle que pode assumir várias dimensões entre elas: controle do pla- nejamento, controle dos materiais, controle do processo e da administração e controle do ciclo operacional. Planeja- mento e Controle se complementam em uma boa gestão, pois só se justifica o planejamento a partir de um bom controle. 6 Gerenciamento de Custos e Riscos Custo Fabril: custo total de fabricação, ou seja, a soma dos custos primários (Matéria-Prima + Mão de Obra Direta + Em- balagem) com os custos indiretos de fabricação. Custos de Produção: corresponde à expressão Custo Fabril + Estoque Inicial de Produtos em Processo – estoque final de produtos em processo, e representa o valor da produção de determinado período. Custo de Transformação ou Conversão: é o custo total do processo produtivo e é representado pela soma da mão de obra direta com os custos indiretos e representa o custo de transformação da matéria-prima em produto acabado. 1.2 Conceituação A definição da palavra custos constitui a expressão monetária dos insumos e consumos ocorridos para a produção e venda de um determinado serviço ou produto. Carneiro (2006) afir- ma que as empresas precisam encontrar meios de dar visibili- dade e transparência aos custos de seus produtos e serviços, pois só assim elas poderão facili tar a definição dos preços e a avaliação das margens de lucro. É preciso considerar que os preços não podem ser defini- dos em função dos custos. Isso porque os clientes possuem uma percepção acerca do valor do conjunto de benefícios es- perados em relação ao produto. Os consumidores esperam também um posi cionamento das ofertas dos concorrentes, pois, para eles, esse é um fator significativo no processo de Capítulo 1 Terminologias e Classificações 7 estabelecimento de preços, principalmente quando a concor- rência é intensa ou quando o comprador tem dificuldade para determinar o valor de um produto. Entretanto, desconhecer o impacto dos custos ou mensurá-los incorreta mente pode acar- retar sérias dificuldades para a empresa durante o processo de gestão empresarial. As empresas, ao abordarem os custos em um panorama empresarial, precisam refletir sobre aquilo que é efetivamente praticado por elas. Dessa forma, é preciso considerar alguns aspectos importantes: a. A maioria das empresas, por não dispor de adequados siste mas gerenciais de custos, opera com estimativas deturpadas de quanto lhes custam seus produtos e ser- viços, de modo que a administração pode desconhe- cer o real panorama do negócio. Como, em geral, os métodos utilizados estão obso letos, praticam-se preços altos demais em alguns casos e baixos demais em ou- tros. Alguns produtos que, na realidade, são deficitários, podem parecer lucrativos, caso seus custos tenham sido subestimados pelo sistema de custeio da em presa. Con- tudo, se no conjunto a empresa apresentar um resultado positivo, escondendo o resultado negativo daque les pro- dutos, a administração poderá não ter meios de iden- tificar o problema. b. Muitas empresas utilizam-se de sistemas contábeis de cus tos concebidos de forma articulada tanto com os princípios contábeis quanto com a legislação do impos- to de renda. Por sua natureza, esses sistemas se pres- 8 Gerenciamento de Custos e Riscos tam à valorização dos estoques e, por consequência, à apuração dos custos dos produtos vendidos. Assim, não existe uma preocupação com as questões gerenciais, ou seja, criar informações importan tes para a avaliação in- dividual do resultado gerado pelo produto ou serviço a partir da transparente definição de seus custos. c. Os números apurados mediante sistemas projetados para atender principalmente a exigências contábeis e fiscais po dem levar às empresas a alocar capital de ma- neira inadequa da, bem como confundir a destinação e o resultado dos es forços visando melhorar a eficiência. Portanto, conforme o autor, considerando os aspectos acima descritos, pode-se perceber que não existe uma atitu- de empresarial específica que seja voltada para a apuração transpa rente e objetiva dos custos de produtos e serviços, mas é possível perceber tam bém que os tradicionais sistemas de apuração de custos conseguem apenas fornecer dados para alimentar registros contábeis e fiscais. 1.3 Terminologias de custos É comum encontrarmos uma fartura de termos utilizados para definir um único conceito e, vários conceitos para definir um único termo. Assim, o autor apresenta o signi ficado de alguns termos, sob a ótica contábil: a. Gastos – são todas as destinações de recursos, desembolsa dos ou não, que traduzem o sacrifício finan- Capítulo 1 Terminologias e Classificações 9 ceiro que a em presa realiza para oferecer um produto ou serviço qualquer; por ser um conceito amplo, abran- ge investimentos, custos e despesas. O gasto ocorre na compra de algum produto ou serviço, que gera sacrifício financeiro para a empresa, constituído por entrega ou promessa de entrega de ativos, dinheiro normal- mente (MARTINS, 2008). O termo gasto pode ser empregado na aquisição de um bem ou serviço que provocará desembol- so para a empresa. Os gastos podem ser temporariamente classificados como investimentos e, conforme forem consumidos, receberão a classificação de custos ou despesas, dependendo de sua parti- cipação na elaboração do produto ou serviço (BRUNI, 2008). Observa-se que, o conceito de gastos aplica-se a todos os bens e serviços adquiridos, sendo eles pagos à vista ou a prazo. Esse termo é amplo e pode ser aplicado tanto para despesas como custos e investimentos. Alguns exemplos são: gasto com a compra de matéria prima, gastos com honorários da diretoria e gastos na compra de um bem imobilizado. Mas sóexiste gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço, ou seja, no instante que existe o reconhecimento contábil da dívida adquirida ou da diminui- ção do ativo dado em pagamento. b. Investimentos – são gastos considerados contabilmente como ativos em função de sua vida útil ou dos benefí- cios atribuíveis a período(s) futuro(s); por exemplo, esto- ques, bens imóveis, e maquinário, além de consultorias 10 Gerenciamento de Custos e Riscos e treina mentos, cujos benefícios serão aproveitados pela empresa por mais de um ano. É o gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefí- cios atribuíveis a período(s) futuro(s). Todos os sacrifícios havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos) que são “estocados” nos Ativos da empresa para a baixa ou amortização quando de sua venda, de seu consumo, de seu desapareci- mento ou de sua desvalorização são especificamente chamados de investimentos. (MARTINS, 2008, p. 25) Nota-se que os investimentos são os gastos ocorridos na compra de bens que originarão benefícios em períodos fu- turos. Representam aplicação de capital visando gerar rendi- mentos. Considera-se um exemplo de investimento: aquisição da matéria prima, que é considerada como investimento circulan- te até o momento de sua utilização; e máquinas e equipamen- tos que são investimentos permanentes. c. Custos – são recursos aplicados na transformação dos ativos e representados por gastos relativos à utilização de bem ou serviço na produção de outros bens e ser- viços; logo, os gastos são reconhecidos como custos no momento da utilização dos fatores de produção na fabricação de um produto ou execu ção de um serviço (exemplos: a matéria-prima foi um gasto na ocasião de sua aquisição registrado como investimento sob forma de estoque; no momento de sua utilização na fabrica ção Capítulo 1 Terminologias e Classificações 11 de um bem, assume-se o custo da matéria-prima como parte integrante do bem elaborado; a mão de obra dire- ta uti lizada na execução de determinado serviço constitui um dos custos necessários à elaboração desse serviço). Martins (2008, p. 25) considera custos como “gasto relati- vo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços”. Dubois, Kulpa e Souza (2006, p. 16) afirmam que “é fun- damental que se tenha em mente que os gastos que não se relacionam com a produção nunca poderão ser considerados ou computados como custos.” Desse modo, são custos apenas os insumos utilizados no processo de elaboração dos produtos ou serviços. d. Despesas – são recursos empenhados em destinações que não transformam o ativo, mas contribuem para o esforço de geração de receitas (exemplos: a comis- são do vendedor é um gasto tratado como despesa de venda; os juros pagos ou incômodos em virtude de fi- nanciamento bancário são trata dos como despesas fi- nanceiras; os salários de vendedores ou funcionários administrativos são tratados como despe sas de venda e administrativa, respectivamente). Despesa é o bem ou serviço consumido direta ou indireta- mente para a aquisição de receitas. O equipamento utilizado na produção, que fora gasto transformado em investimentos e, em seguida, conceituado parcialmente como custo, na ven- da do produto feito, torna-se uma despesa. O computador da secretária do gestor financeiro, que fora transformado em 12 Gerenciamento de Custos e Riscos investimento, apresenta uma parcela reconhecida como des- pesa (depreciação), sem transitar em custo. As despesas são itens que diminuem o Patrimônio Líquido de uma organização e que têm essa particularidade de representar os sacrifícios no processo de obtenção das receitas. Por exemplo, a comissão do vendedor, é um gasto que se torna prontamente uma despesa após a venda. Todo produto vendido e todo o serviço ou utilidade transferidos provocam despesa. Costumamos cha- má-lo Custo do Produto Vendido e assim fazendo com que apareça na Demonstração de Resultados; o significado mais correto seria: despesa que é o somatório dos itens que compuseram o custo de fa- bricação do produto ora vendido. Cada componen- te que fora custo no processo de produção, agora, na baixa, torna-se despesa. (No Resultado, existem Receitas e despesas – às vezes, Ganhos e Perdas –, mas não Custos.) A mercadoria adquirida na loja comercial provoca um gasto (genericamente), um investimento (especificamente), que se transforma em uma despesa no momento do reconhecimento da receita trazida pela a venda, sem passar pela fase de custo. Logo, o nome Custo das mercadorias Vendidas não é, em termos técnicos, rigorosamente correto. (MARTINS 2008, p. 26). Todas as despesas são ou foram gastas. Mas existem gastos que não se convertem em despesas (terrenos, que são depre- ciados) ou só se transformam quando sua venda acontece. Todos os custos que são ou que foram gastos e se transfor- Capítulo 1 Terminologias e Classificações 13 mam em despesas quando da entrega dos bens ou serviços a que referem. Muitos dos gastos das empresas são convertidos em despesas automaticamente, outros passam primeiramente pela fase de custo, e outros ainda passam por investimentos, custos e despesas. e. Dispêndios, pagamentos ou desembolsos – repre- sentam saídas de caixa para atender à aquisição de um bem ou ser viço, podendo ocorrer antes, simultaneamen- te com ou após a entrada do bem ou serviço adquiri- do e, portanto, com ou sem defasagem em relação aos gastos. Martins (2008, p. 25) define desembolso como o paga- mento resultante da compra do bem ou serviço. E considera que um desembolso “pode ocorrer antes durante ou após a entrada da utilidade comprada, portanto defasada ou não do momento do gasto”. Nesse contexto, verifica-se que os desembolsos represen- tam a saída de recursos do caixa da empresa, uma vez que consiste no pagamento a um terceiro em troca de bens e ser- viços, independentemente do seu consumo. f. Perdas – recursos que não contribuem para gerar ativos ou receitas e que são representados por bem ou serviço consu mido de forma anormal e involuntária. Exemplos: perdas por incêndio, obsolescência de estoques ou gas- tos com mão de obra em períodos de greve. Martins (2008, p. 25) define, “custo como o gasto relativo a bens ou serviços utilizados na produção de outros bens e serviços”. 14 Gerenciamento de Custos e Riscos Durante um período de greve, por exemplo, considera-se o gasto com mão de obra uma perda e não um custo de pro- dução. Também é considerada uma perda e não o custo, o material deteriorado por um defeito anormal e raro de um equipamento. No entanto, não haveria mesmo coerência em apropriarem-se como um custo essas anormalidades e, desse modo, acabar por ativar um valor dessa natureza. Observa-se ainda, que inúmeras perdas de pequeno valor são, na prática, frequentemente considerados dentro dos cus- tos ou das despesas, sem a sua separação, mas é admitido devido à irrelevância do valor comprometido. Em montantes consideráveis, esse tratamento não é adequado. 1.3.1 Quanto à classificação os custos podem ser identificados como: - Custos diretos: facilmente atribuídos aos produtos ou servi- ços, de fácil identificação e mensuração são gastos específicos que são imputados por medições objetivas ou por controles individuais sem a necessidade de rateio. Esses custos só ocor- rem quando determinado produto ou atividade é desenvolvi- do, caso contrário eles não ocorrem. Os custos que podem ser diretamente apropriados aos produtos, desde que haja uma medida de consumo (horas de mão de obra, quilogramas, embalagens utilizadas e quantida- de de força consumida). Os custos diretos variam proporcio- nal e diretamente à quantidade produzida. O autor cita como exemplo de custos diretos na fabricação deuma cadeira esco- lar: matéria-prima (madeira, fórmica, base de ferro) e mão de obra (horas do cortador de madeira e montador). Capítulo 1 Terminologias e Classificações 15 Para Schier (2011, p.136) “Custos diretos são os que po- dem ser identificados e quantificados diretamente no produto ou no serviço e valorizado com relativa facilidade”. - Custos Indiretos: esses custos são aqueles necessários para que a empresa possa exercer sua atividade, mas que não têm relação direta com um produto ou serviço específico, pois se relacionam com vários produtos e serviços ao mesmo tempo. A atribuição dos custos indiretos ocorre por forma de crité- rios de rateios, que consistem na divisão do montante de um determinado tipo de custo entre produtos e serviços distintos. De acordo com Martins (2008), são os custos que não dis- ponibilizam condição de uma medida exata e qualquer tenta- tiva de alocação tem de ser feita de maneira estimada e, algu- mas vezes, arbitrária (como aluguel, supervisão, chefias etc.). Custos indiretos são aqueles que não podem ser identifica- dos fácil e corretamente aos objetos de custo. Nesse sentido, sua incorporação aos produtos requer o uso de algum tipo. 1.3.2 Quanto ao comportamento, os custos podem ser classificados como: - Custos Fixos: são aqueles que têm seu valor monetário defi- nido independentemente da quantidade produzida, o que não significa que eles tenham indefinidamente o mesmo valor, es- tão diretamente relacionados com a capacidade instalada que a empresa possui independente do seu volume de produção. - Custos Variáveis: Martins (2008) define custos variáveis como aqueles que variam de acordo com a quantidade pro- 16 Gerenciamento de Custos e Riscos duzida ou serviço prestado dentro de uma unidade de tem- po. Não havendo produção, venda ou prestação de serviço, o custo variável é igual a zero. Obs.: Custos fixos e variáveis são classificações que não le- vam em consideração o produto, e sim o relacionamento entre o valor total do custo em um período e o volume de produção. Fixos e variáveis são classificações também aplicadas às des- pesas, enquanto diretos e indiretos são classificações aplicá- veis somente ao “custo”. Exercícios de Fixação 1) Classifique os eventos descritos a seguir, relativos a um ban- co comercial, em (I) Investimentos, (C) Custo, (D) Despesa ou (P) Perda: a. ( ) Compra de impressos e material de escritório. b. ( ) Gastos com salários do pessoal operacional da agência. c. ( ) Gastos com transporte de numerário (carro forte). d. ( ) Utilização de impressos para acolher depósitos. Capítulo 1 Terminologias e Classificações 17 e. ( ) Gastos com envio de talões de cheque aos clientes. f. ( ) Consumo de material de escritório na administração. g. ( ) Remuneração do pessoal da contabilidade geral. h. ( ) Desfalque de valores por fraudes. i. ( ) Depreciação de prédios de agências. 2) Dados os seguintes eventos ocorridos no mês de abril de uma empresa industrial: a. Compra de matéria-prima R$ 4.500,00. b. Pagamento dos salários relativos ao mês de março sen- do: R$ 5.000,00 pessoal da produção e R$ 3.000,00 pessoal da administração. c. Uma enchente inesperada destruiu R$ 500,00 da maté- ria-prima comprada no item “a”. d. Energia elétrica consumida R$ 800,00 sendo um ¼ para a área administrativa e o restante para a produção. e. Consumo de parte da matéria-prima adquirida no item a, sendo: na administração R$ 2.300,00 e na produção R$ 1.000,00. f. Contabilização da depreciação do mês, sendo: dos equi- pamentos da produção R$ 980,00 e dos veículos da di- retoria R$ 800,00. g. Compra de uma máquina para produção no valor de R$ 10.000,00. 18 Gerenciamento de Custos e Riscos Pede-se: classificar os eventos e calcular o total dos custos, das despesas, dos investimentos e das perdas. 3) O gráfico a seguir representa o comportamento de dois diferentes itens de custos da empresa Alfa: Custo em R$ Quantidades Produzidas Responda: a) O Item A é um custo fixo ou variável em relação à quan- tidade produzida? E o item B? b) Qual o custo do item B, quando forem produzidas 400 unidades? c) Qual o custo do item A, quando forem produzidas 300 unidades? d) Qual o custo do item A se a quantidade produzida for de 50 unidades? Capítulo 1 Terminologias e Classificações 19 Gabarito: 1) I; C; C; C; C; D; D; P; C. 2) Custos Despesas Investimentos Perdas R$ 5.000,00 R$ 3.000,00 R$ 4.500,00 R$ 500,00 R$ 600,00 R$ 200,00 (R$ 500,00) R$ 1.000,00 R$ 2.300,00 (R$ 2.300,00) R$ 980,00 R$ 800,00 (R$ 1.000,00) R$ 10.000,00 R$ 7.580,00 R$ 6.300,00 R$ 10.700,00 R$ 500,00 3) a) A – Fixo e B – Variável b) R$ 200,00 c) R$ 300,00 d) R$ 300,00 Sistemas de Custeio Gabriela de Bem Fonseca Capítulo 2 Capítulo 2 Sistemas de Custeio 21 Nesse item, são descritas as formas de apropriação dos custos de acordo com a necessidade de cada empresa, a alocação de valores deve ser o principal objetivo da contabilidade de custos. A expressão “sistema de custeio” significa qual a mo- dalidade de custeio dos produtos a empresa está adotando sob a abordagem fiscal e sob a abordagem gerencial, para apuração do custo do produto ou do serviço. Empresas inseridas em um ambiente econômico globali- zado atentam-se com seus fatores de produção. Buscam me- canismos, sistemas, procedimentos e formas que contribuam para aperfeiçoar a gestão, podendo assim, competir no mer- cado com o nível de qualidade imprescindível a sua continui- dade operacional. Para tanto, exige-se informações relevantes relacionadas a custos, processos, desempenho, produtos, ser- viços e clientes. Desse modo, o sistema de contabilidade gerencial deve in- formar custos precisos dos produtos, para que a fixação de preços, a introdução de novos produtos, o abandono de pro- dutos obsoletos e a resposta a produtos rivais possam basear- -se na melhor informação possível sobre as necessidades de recursos a serem destinados para tal finalidade. A atribuição de valores “verdadeiros” aos produtos passou a compor um dos principais objetivos da contabilidade de cus- tos, tanto para a conferência em demonstrações financeiras periódicas, quanto com base para decisão sobre o melhor mix de produtos. Na concepção de Padoveze (2006), o sistema de custeio está atrelado ao fato da necessidade de se apurar a mensuração da receita dos produtos e serviços, o que é essen- cial para se identificar o preço de mercado. 22 Gerenciamento de Custos e Riscos O sistema de custeio está basicamente ligado a três pon- tos: aos gastos (custos e despesas) que fazem parte da apura- ção dos custos dos recursos, serviços, produtos, atividades ou departamentos e, por consequência, os custos de um recurso, bem, produto ou serviço final precisam ser considerados, mes- mo ainda estando em estoque; a definição da metodologia de cálculos e a apuração do custo unitário dos produtos e serviços. Portanto, para formar preços adequados, depende de um bom sistema de informações e de custeio e, para ter preços competitivos, de uma boa administração de custos e despesas, além de uma gestão sistêmica e integrada. Dos sistemas de custeio existentes, os mais importantes a ser observados serão descritos a seguir. 2.1 Custeio por absorção: Esse sistema como o mais tradicional sistema de custeio, deve ser empregado quando se deseja atribuir um valor de custos ao produto, atribuindo-lhe também parte dos custos indiretos. É o único sistema aceito pelo fisco e consiste na apropriação ao produto ou serviço de todos os custos de forma direta ou indireta mediante critérios de rateio. Usando esse sistema de custeio por absorção, atribui-se ao produto ou serviço todos os custos diretos ou indiretosligados a eles e, com isso, é possível mensurar de forma mais ade- quada. No sistema de custeio por absorção, são considerados Capítulo 2 Sistemas de Custeio 23 no custo de produção todos os custos, sejam eles diretos e indiretos ou fixos e variáveis. Muitas empresas independentes do porte, que mantém seus sistemas de custos integrados com a contabilidade geral, adotam esse sistema em função da ne- cessidade de valorização dos estoques e do custo do produto vendido para apuração dos resultados tributários mensais. Os princípios contábeis e a legislação do Imposto de Renda deter- minam à utilização desse sistema de custeio. A apropriação de todos os custos incorridos durante o ciclo operacional (sejam eles diretos ou indiretos, fixos ou variáveis) são determinados pelo custeio por absorção. Custeio por ab- sorção segundo Martins (2003, p. 37, apud PINTO, 2011, p. 3) “consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens elaborados, e só os de produção; todos os gastos relativos ao esforço de produção são distribuídos para todos os produtos e serviços feitos”. Além de atender a legislação fiscal, é o método que apura os custos por meio de alocação direta (custos diretos) ou in- diretos (custos indiretos) dos custos dos produtos ou serviços, sendo gastos administrativos (despesas) separadas dos custos. Desse modo, possibilita a mensuração do custo unitário de cada produto ou serviço e a identificação de cada custo de cada departamento da empresa. Dessa forma, todos os custos são alocados ao produto para fins de custeio dos estoques. Entretanto, todas as despesas administrativas, financeiras e de vendas, fixas ou variáveis, são desviadas do custo do produ- to e deduzidas diretamente do resultado do período em que ocorreram. 24 Gerenciamento de Custos e Riscos Carneiro (2006), tomando ainda como exemplo uma indús- tria de confecções, apresenta os resultados apurados pelo sis- tema de custeio por absorção, pelos seus valores globais. Vale destacar que esse sistema se caracteriza pela apropriação dos custos fixos por produto, ao contrário do que ocorre no siste- ma de custeio variável. Calças Camisas Total Volume fabricado e vendido no mês 20.000 30.000 (x) Preço unitário de venda 20 8 (=) Receita bruta 400.000 240.000 640.000 (—) Impostos e contribuições sobre as vendas = 30% (120.000) (72.000) (192.000) (—) Custo das matérias-primas (150.000) (80.000) (230.000) (—) Custo da mão de obra direta (30.000) (16.000) (46.000) (=) Margem de contribuição global 100.000 72.000 172.000 (—) Custo da mão de obra indireta utilizada na fábrica (4.000) (6.000) (10.000) (—) Despesa com aluguel do prédio da fábrica (18.200) (7.800) (26.000) (—) Outros custos fabris (32.000) (8.000) (40.000) (—) Despesas fixas com a comercialização dos produtos (11.200) (16.800) (28.000) (—) Despesas administrativas (8.000) (8.000) (16.000) (=) Lucro antes do imposto de renda/ contribuição social 26.600 25.400 52.000 (—) Imposto de renda/contribuição social = 35% (9.310) (8.890) (18.200) (=) Lucro líquido 17.290 16.510 33.800 Figura 1 Quadro de Análise da Margem de Contribuição. Fonte Carneiro (2006, p. 83). Capítulo 2 Sistemas de Custeio 25 Assim, é possível observar que o método de custeio por absorção implica a distribuição (entre produtos e serviços), dos custos fixos que, em sua maioria, são também indiretos. Por isso, se não forem realizados estudos específicos para es- tabelecer um critério de distribuição aceitável, os critérios de distribuição serão arbi trários e poderão tornar distorcidas as informações geradas. 2.1.1 Vantagens do custeamento por absorção: a. Atende às exigências societárias e fiscais, além de estar de acordo com os princípios e normas de contabilidade e com as normas da legislação tributária. b. Permite a apuração do custo por centro de custos, visto que sua aplicação exige a organização contábil nesse sentido; tal recurso, quando os custos forem alocados aos departamentos de forma adequada, possibilita o acompanhamento do desempenho de cada área. c. Ao absorver todos os custos de produção, permite a apuração do custo total de cada produto. 2.1.2 Desvantagens do custeamento por absorção: a. Custos indiretos e fixos dificultam a tomada de decisões. b. Custos indiretos e fixos são apropriados aos produtos por meio de um critério de rateio arbitrariamente. c. Difícil utilização em projeções orçamentárias e análises de viabilidade de projetos. 26 Gerenciamento de Custos e Riscos d. Outro inconveniente é o fato de os custos fixos unitários variarem de acordo com as quantidades produzidas (em razão inversa). Com o aumento do volume de produção, ocorre a redução do custo fixo unitário. 2.2 Custeio Variável Essa metodologia de apuração de custo unitário considera ex- clusivamente os custos e despesas variáveis, sendo assim para cada unidade de produto ou para cada serviço se tem um valor unitário perfeitamente definido, essa característica torna esse método o mais indicado na tomada de decisões estratégicas. Em razão dos problemas existentes no uso do sistema de custeio por absorção no que diz respeito à apropriação dos custos fixos, surge o sistema de custeio variável, no qual são apropriados ao custo do produto ou serviço apenas os custos variáveis, sendo os custos fixos lançados diretamente no resul- tado como se fossem despesas sem transitar pelos estoques. O sistema de custeio variável também é conhecido como sistema de custeio direto, em virtude de os custos variáveis serem qua- se sempre, como regra, diretos. O custeio variável é adotado para fins gerenciais principalmente no processo administrativo de tomada de decisão, mas não é aceito pelo fisco. Nesse sistema de custeio, são apropriados aos produtos e serviços apenas os custos e despesas variáveis, ficando os cus- tos fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado. Capítulo 2 Sistemas de Custeio 27 Carneiro (2006) comenta que os sistemas de custeio foram desenvolvi dos para atender às necessidades de informações contábeis. Assim, o sistema adotado para essa finalidade foi nominado de “custeio por absorção”. Ele também é chamado de full cost, e busca incor porar aos produtos todos os custos incorridos, tanto os fixos quanto os variáveis, e os diretos e indiretos. Utilizando o exemplo da indústria de confecções, apre- sentamos a seguir uma apuração baseada no sistema de cus- teio variável: Calças Camisas Total Preço de venda unitário 20,00 8,00 (—) Impostos e contribuições sobre as vendas = 300/o (6,00) 2,40) (—) Custo das matérias-primas (7,50) (2,67) (—) Custo da mão de obra direta (1,50) (0,53) (=) Margem de contribuição unitária 5,00 2,40 (x ) Volume fabricado e vendido no mês 20.000 30.000 (=) Margem de contribuição global 100.000 72.000 172.000 (—) Custos fixos 120.000 (=)Lucro antes do imposto de renda/ contribuição sociais 52.000 (—) Imposto de renda/contribuição social = 35% (18.200) (=) Lucro líquido 33.800 Figura 2 Quadro de Análise da Margem de Contribuição. Fonte Carneiro (2006, p. 82). 28 Gerenciamento de Custos e Riscos Na Figura 2, é possível perceber que a distribuição dos custos por produto limita-se aos custos variáveis, e os custos fixos são absorvidos pelo resultado global do negócio. 2.2.1 Vantagens do custeamento variável: a) Possibilita mais clareza no planejamento do lucro e na to- mada de decisões. b) É mais fácil para gerentes industriais entenderem o cus- teamento dos produtos, pois os dados são próximos da fábrica e de sua responsabilidade. c) Os custos dos produtos são mensuráveis objetivamente, pois não sofrerão processos arbitrários ou subjetivos de distribuição(rateios) dos custos fixos. d) O lucro líquido não é afetado por mudanças de incremen- to ou diminuição de inventários. e) Os dados necessários para a análise das relações custo- -volume-lucro são rapidamente obtidos do sistema de in- formação contábil, baseado no custeio variável. 2.2.2 Desvantagens do custeamento variável: a) A exclusão dos custos fixos para valorização dos estoques causa sua subavaliação, fere os princípios contábeis e al- tera o resultado do período. Não sendo aceito pelo fisco. b) Em projeções de longo prazo, o custeio variável também pode causar distorções no resultado. Capítulo 2 Sistemas de Custeio 29 2.3 Custeio Baseado em Atividades (activity based costing) ABC Já no final da década de 1980, surgiu o “custeio por ativi- dades” (activity based costing — ABC), que surgiu para atender à necessidade de incluir todos os custos, nos casos de empre- sas com custos indiretos muito altos. Esse sistema é também denominado full cost, à semelhança do custeio por absorção, entretanto ele busca superar as limitações arbitrárias de alo- cação de custos por rateio, utilizando-se de direcionadores de custos. Eles também apresentam de forma mais precisa o consumo de recursos pelos produtos, serviços e operações (SHANK, 1995, apud CARNEIRO, 2006). A concepção atual do ABC surgiu nos Estados Unidos na década de 80, formalizado pelos Profs.: Robert Kaplan e Robin Cooper, de Harvard, com o objetivo principal de aprimorar a alocação dos custos e despesas indiretos fixos aos produtos. O Custeio Baseado em Atividades focaliza as atividades orga- nizacionais como elementos chaves para análise do compor- tamento do custo. Na visão tradicional (custeio por absorção), os produtos ou serviços consomem recursos, na metodologia ABC, supõe-se que serviços ou produtos consomem ativida- des, e que são essas atividades que consomem recursos. O Custeio Baseado em Atividades (ABC) é um conjunto de conceitos e técnicas utilizado para o custeio de produtos, serviços ou clientes, entre outros. Por isso, partindo do princí- pio de que são as atividades da empresa, ou seja, as tarefas executadas por ela e não os produtos e serviços em si, que 30 Gerenciamento de Custos e Riscos consomem os recursos da empresa como tempo de trabalho, materiais, equipamentos. De acordo com Masayuki, (1994) apud Carneiro (2006), a filosofia do ABC é que, para que se possa montar um sistema de custos, a empresa deve, primeiramente, mapear suas ativi- dades, e posteriormente ela deve atribuir os diversos custos a esse conjunto de atividades. Com isso, em uma etapa poste- rior, o custo de cada atividade é então atribuído aos produtos e serviços de acordo com suas respectivas demandas. Dessa forma, o autor afirma que o sistema ABC propor- ciona uma novidade, uma metodologia que busca apurar os custos de forma mais científica, deixando de lado as formas empíricas de apuração que, atualmente, acarretam tantas dis- torções. Assim, o ABC valoriza a correta e segura informação gerencial, que é um ingrediente considerado indis pensável para a tomada de decisões de qualquer empreendimento. Portanto, para com Masayuki, (1994) apud Carneiro (2006, p. 85): O ABC ajuda os gerentes a detectarem problemas e oportunidades no tocante a produtos, serviços e clientes, bem como áreas passíveis de redução de custos. Mas nenhuma técnica de custos vai indicar o que deve ser feito a partir de tais diagnósti cos. Mais especificamente, devemos considerar que o ABC mapeia as atividades da empresa. Qual a neces- sidade dessas atividades para o sucesso da empre- sa? Por exemplo, o ABC mostra quanto custa cada atividade e como alocar esse custo a produtos ou Capítulo 2 Sistemas de Custeio 31 clientes. Mas será que essa atividade deveria exis tir? Em caso afirmativo, deveria custar o que custa? O que o ABC objetiva é, sem dúvida algu ma, inibir a prática de distribuições de custos apoiadas em pa- râmetros aleatórios, o que, em alguns casos, como o do co mércio varejista, pode ser desastroso devido à atribuição indevida de custos aos produtos, o que leva a uma noção completamente equivocada dos custos e das margens por produto e, por conseguin- te, dos resultados, causando deformação da visão do negócio e das ações gerenciais empreendidas a partir das informações colhidas. 2.4 Custeio global, total, integral No custeio global, todos os custos são apropriados aos pro- dutos, tanto os custos diretos e indiretos ou fixos e variáveis, independentemente de seu local de ocorrência. Esse método não é muito utilizado para a valorização dos estoques, e mui- tas o utilizam extra-contabilmente para a formação do preço de venda. Nada impediria que a avaliação dos estoques fosse feita pelo custeio integral: caso toda a produção do período fosse vendida, em nada afetaria no resultado; se houvesse for- mação de estoques, pela ativação dos gastos e o não retorno como CPV, estaria-se aumentando a base de tributação do imposto de renda. O custeio global tem como objetivo apropriar os custos e as despesas do período por produto ou serviço, por isso não 32 Gerenciamento de Custos e Riscos é aceito fiscalmente, mas é muito utilizado para controle ge- rencial, principalmente em empresas que possuem despesas administrativas (marketing) muito altas como as cervejarias.  Quadro comparativo de cálculo do custo do produto ou serviço: Absorção Integral/Global Variável Custos Fixos + Custos Variáveis + Custos Diretos + Custos Indiretos + = Custo do produto ou serviço Custos/Despesas Fixas + Custos/Despesas Variáveis + Custos/Despesas Diretas + Custos/Despesas Indiretas + = Custo do produto ou serviço Custos/Despesas Variáveis + Custos/Despesas Indiretos + Custos/Despesas Diretos + = Custo do produto ou serviço  Quadro comparativo do DRE: Absorção Integral/Global Variável (=) Receita (-) CPV = Resultado/Lucro (=) Receita (-) CPV = Resultado/Lucro (=) Receita (-) CPV (=) Margem de Contribuição (-) Custos Fixos (=) Resultado/Lucro Aceito pelo Fisco Não aceito pelo Fisco Não aceito pelo Fisco Capítulo 2 Sistemas de Custeio 33 2.5 Métodos de custeio Existem três métodos de custeio que merecem destaques na classificação dos custos: a. Custo histórico ou real: De acordo com Padoveze (2003), no custo real, tomam-se como base os custos reais para apurar os custos unitários dos produtos e serviços, utilizando somente os dados já registrados com os valores de suas datas de realização, sem qualquer al- teração do padrão monetário. b. Custo de reposição: O custo de reposição pode ser considerado uma forma de custeio real, já que o custo de reposição é o custo da próxima compra. c. Custo padrão: Conforme Santos (1994) o custo padrão é a combinação entre a utilização de materiais, equipamentos e pessoas com seus respectivos preços, considerando a operação normal his- tórica para a produção de um determinado período, é o custo que se deseja alcançar em condições normais de operação. Já de acordo com Martins (2008), custo padrão diz respei- to ao valor ou meta que a empresa estipula para o exercício seguinte de um determinado produto ou serviço, seu grande objetivo é fazer uma linha de comparação entre o custo ocor- rido e o custo fixado. 34 Gerenciamento de Custos e Riscos 2.6 Departamentalização Na maioria dos casos, um departamento é um centro de cus- tos, ou seja, nele são acumulados os custos indiretos para pos- terior alocação aos produtos e serviços, mas também pode haver vários centros de custos para um único departamento. Sendo que centro de custos é a unidade mínima de acumula- ção de custos indiretos, mas não necessariamente uma unida- de administrativa. Para Martins (2008),departamentalização é a unidade mí- nima administrativa composta por pessoas e máquinas, nas quais se desenvolvem atividades uniformes, em que deve haver pelo menos um responsável que atribui a cada departamento a responsabilidade de uma pessoa que dará origem a uma forma de controle da contabilidade de custos. Beulke e Bertó (2005) afirmam que a departamentalização consiste em identificar e classificar os custos e despesas dentro dos centros de custos em que ocorreram dentro da organi- zação. Essa departamentalização deve seguir alguns critérios como a homogenidade funcional, por máquinas e atividade semelhantes, por locais físicos semelhantes e por unidades de responsabilidade. Exercícios de Fixação 1) A empresa Gelada produz picolés. Os itens que com- põem o custo de fabricação de 500.000 unidades são:  Custos Variáveis: R$ 30.000 Capítulo 2 Sistemas de Custeio 35  Custos Fixos: R$ 15.000  Preço de venda unitário: R$ 0,20 Pede-se: a) Qual a margem de contribuição (custeio variável) uni- tária? b) E qual o lucro líquido apurado pelo custeio por absorção na venda dos picolés? 2) No segundo trimestre de 2009, a Indústria Atlas Produtos Fabris concluiu a produção de 600 unidades do item X2, tendo logrado vender 400 dessas unidades, ao preço unitá- rio de R$ 120,00. No mesmo período, foram coletadas as informações abaixo: Custo Variável Unitário: R$ 20,00 Total de Custos Fixos R$ 18.000,00 Inesistência de estoque inicial de produtos no período. Com base nas informações acima, apure o custo do pro- duto vendido, o estoque final de produtos acabados e o lucro líquido do período por meio do custeio por Absorção e do custeio Variável: Gabarito: 1) a) R$ 0,14 b) R$ 55.000,00 36 Gerenciamento de Custos e Riscos 2) Absorção: Custo Variável Total (CVT) – R$ 20,00 x 600 = R$ 12.000,00 Custo Fixo Total (CFT) – R$ 18.000,00 Estoque Final (R$ 30.000,00 / 600 x 200) = (R$ 10.000,00) CPV = R$ 20.000,00 Receita: R$ 48.000,00 (400 x 120,00) CPV: (R$ 20.000,00) = LL: R$ 28.000,00 Variável: CVT: R$ 12.000,00 Estoque Final (R$ 12.000,00 / 600 x 200 ) R$ 4.000,00 CPV = R$ 8.000,00 Receita: R$ 48.000,00 CPV: (R$ 8.000,00) MC: R$ 40.000,00 CF: (R$ 18.000,00) LL: R$ 22.000,00 Formação de Preço e Mark-up Gabriela de Bem Fonseca Capítulo 3 38 Gerenciamento de Custos e Riscos A empresa deve analisar o ambiente de negócios. Esse am- biente é analisado a partir do comportamento de compra do consumidor e da política da concorrência. Após a análise, a empresa deve definir uma estratégia empresarial e avaliar as implicações dos custos, dos tributos e do custo do dinheiro na formação do preço de venda. Para isso, ela deve formular sua política de preços adequando-se ao posicionamento da sua imagem e do seu produto ou serviço. A determinação do preço de venda é uma questão funda- mental para qualquer empresa. Se esta aplicar um preço muito elevado, inibirá a venda, e se o preço for muito baixo, talvez não gere o retorno esperado. O mesmo autor pondera que, para obter um adequado resultado econômico e financeiro, a empresa depende de uma eficaz estratégia de preços. Em muitos ramos de negócio, os preços são atribuídos pelo mercado e as empresas necessitam se ajustar para acompanhar os preços dos concorrentes, devi- do ao mercado globalizado. Segundo Martins (2008, p. 218): Para administrar preços de venda, sem dúvida é necessário conhecer o custo do produto; porém esta informação, por si só, embora seja necessária, não é suficiente. Além do cus- to, é preciso saber o grau de elasticidade da demanda, os preços de produtos dos concorrentes, os preços de produtos substitutos, a estratégia de marketing da empresa etc.; e tudo isso depende também do tipo de mercado que a em- presa atua, que vai desde monopólio ou do monopsônio até a concorrência perfeita, mercado de commodities etc. Capítulo 3 Formação de Preço e Mark-up 39 O importante é que o sistema de custos forneça informa- ções úteis e consistentes com a filosofia da empresa, particu- larmente com sua política de preços. Para se analisar a for- mação de preço de venda dos produtos, deve-se conhecer o mercado em que a organização atua ou pretende atuar, e cita como influência nesse mercado a concorrência, os clientes, gastos e o governo. O preço de venda deve ser suficiente para cobrir os cus- tos, as despesas, os impostos e propiciar um lucro nas vendas de produtos ou serviços. Sendo que para formação do preço de venda é preciso levar em conta outras variáveis como a demanda no mercado ao qual está inserido, ação da concor- rência, do governo e principalmente os objetivos da empresa. • Fórmula clássica do Preço de Venda: PV = C + L, (onde PV = Preço de Venda, C = Custo e L = Lucro) • Entretanto, em função do mercado e da concorrência nos dias atuais: C = PV – L Obs.: ou seja, o custo passa a ser o grande responsável pelo resultado da empresa. 3.1 Objetivos do preço de venda: Segundo Padoveze (2008, p. 308), “o objetivo de qualquer decisão empresarial é a criação de valor para o acionista, via retorno sobre investimento”. Com isso, seguindo a mesma li- nha de raciocínio, caracteriza-se como objetivo do preço de 40 Gerenciamento de Custos e Riscos venda a maximização do lucro, o atendimento das necessida- des de mercado, o melhor aproveitamento dos níveis de pro- dução, a formação de preços de listas e descontos, a falta de importância dos clientes para o preço de venda, entre outras ações. Definição de Preço de Venda: é a expressão do valor que se oferece por alguma coisa que satisfaça uma dada necessi- dade ou desejo. Para definir o preço de venda de um produto ou serviço, o empresário deve considerar dois aspectos, o fi- nanceiro (interno) e o mercadológico (externo). Pelo aspecto mercadológico, o preço de venda deverá estar próximo do praticado pelos concorrentes diretos da mesma categoria de produto e qualidade. Além disso, outros fatores têm influência, conhecimento da marca, tempo de mercado, volume de ven- das já conquistado, ciclo de vida dos produtos ou serviços e agressividade da concorrência. Pelo aspecto financeiro, o preço de venda deverá cobrir o custo direto da mercadoria, produto ou serviço vendido, as despesas variáveis (impostos, comissões etc.), as despesas e os custos fixos (aluguel, água, luz, telefone, salários, pró-labore etc.) e a sobra será o lucro líquido. Se o preço ditado pelo mercado for menor que o encontrado a partir dos custos inter- nos da empresa, o empresário deve refazer os cálculos finan- ceiros para avaliar a viabilidade da sua prática. a) Objetivos do preço de venda: Maximizar os lucros. Atender às necessidades do mercado ao preço determinado. Capítulo 3 Formação de Preço e Mark-up 41 Melhor aproveitar os níveis de produção. Formar preços de listas e descontos. Dessensibilizar os clientes para o preço. Desencorajar a entrada de novos competidores. Agilizar a saída de empresas marginais. Recuperar investimentos no desenvolvimento de produtos. 3.2 Fatores que interferem na formação do preço de venda: Os principais fatores que interferem na formação do preço são:  a qualidade do produto diante das necessidades de mercado;  a existência de produtos similares no mercado com me- nor preço;  a demanda esperada do produto ou serviço;  o controle de preços por órgãos reguladores;  os níveis de produção e de venda que se pode operar na empresa, capacidade operacional;  os custos, despesas e gastos para fabricar, administrar e comercializar os produtos ou serviços;  os níveis de produção e vendas desejados. 42 Gerenciamento de Custos e Riscos 3.3 Principais métodos de formação do preço de venda:Existem cinco principais métodos para a formação do preço de venda que interferem diretamente na tomada de decisão gerencial de uma organização empresarial: 3.3.1 Preço baseado nos custos totais: O qual considera a totalidade dos custos e despesas incorridos e, com isso, assegura-se a recuperação total dos mesmos e a obtenção da margem de lucro planejada. Ele é muito impor- tante para uma formação de preço em longo prazo, porém determina uma margem uniforme de lucro que nem sempre os produtos podem auferir, nesse método, não é considerada a elasticidade da procura. O preço de venda baseado no custo total é muito utilizado pelas empresas, porém representa algumas falhas começando pelo fato de não considerar pelo menos inicialmente as condi- ções de mercado. Portanto, esse método é mais aconselhável para uma economia de decisão centralizada, ou em uma si- tuação de monopólio ou oligopólio. Essa maneira de calcular preços são definidos “de dentro para fora”, o ponto de partida é o custo do bem ou serviço determinado segundo um dos critérios estudados: custeio por absorção, custeio variável etc. Agrega-se ainda sobre este custo uma margem, denominada markup, a qual deverá contemplar todos os gastos não incluí- dos no custo, os tributos e comissões incidentes sobre o preço e o lucro desejado pelos administradores. Capítulo 3 Formação de Preço e Mark-up 43 Na opinião de Assaf (2005, p. 58-59, apud PINTO, 2011, p. 7) “formar preço pelo custo implica repassar ao cliente seus custos de produção, distribuição e comercialização, além das margens propostas para o produto”. O método baseado em custos, apesar de ser muito utili- zado pelas empresas, apresenta algumas deficiências, como não considerar as condições de mercado, pelo menos inicial- mente, fixar de forma arbitrária o percentual de cobertura das despesas etc. Esse método de formação de preço nem sempre pode acontecer, ficando esse procedimento invalidado para determinados casos, podemos ao menos, utilizá-lo como um parâmetro inicial ou como um padrão de referência para aná- lises comparativas. Algumas situações que podem exigir a utilização do méto- do de formação de preço de venda a partir do custo: estudos de engenharia e de mercado para a introdução de novos pro- dutos; acompanhamentos dos preços e dos custos dos pro- dutos atuais; novas oportunidades de negócio; negócios ou pedidos especiais; faturamento de produtos por encomenda; análise de preços de produtos de concorrentes etc. Esse método pode ser aplicado às necessidades institucio- nais. Informações para órgãos governamentais, necessidades das autarquias de prestarem conta de seus serviços e taxas, pres- tação de contas de empresas públicas, autarquias, entre outros. 3.3.2 Preço baseado nos custos variáveis: Está diretamente ligado com a margem de contribuição, e quando a empresa consegue identificar essa variável com cla- 44 Gerenciamento de Custos e Riscos reza, consequentemente consegue maximizar sua margem de contribuição obtendo, assim, um lucro acima do esperado e tornando seu preço de venda mais competitivo em nível de mercado. 3.3.3 Preço baseado no capital investido: Esse método baseia-se nos custos totais plenos, ou seja, a mar- gem de lucro é determinada com base no capital investido, os investimentos realizados por uma organização empresarial são expressos por meio de suas contas do ativo, então, o retorno sobre o ativo é o mesmo que o retorno sobre o investimento, sendo uma medida gerencial. 3.3.4 Preço baseado no mercado/demanda: Conforme Santos (1994), esse método exige por parte da or- ganização empresarial um conhecimento profundo de merca- do como perfil de clientes atuais e potenciais, evolução do mercado, poder aquisitivo das diversas classes. Na maioria dos casos, preço e demanda, são correlacio- nados negativamente, ou seja, se o preço sobe, a demanda tende a cair ou vice-versa. Na prática, em determinadas cir- cunstâncias, o aquecimento da demanda nem sempre faz o preço cair, ao contrário. O fator sensibilidade ao preço deve ser ponderado, além do valor percebido, das necessidades e da dinâmica da deci- são de compra. Os fatores que afetam a demanda e a sensi- bilidade: Capítulo 3 Formação de Preço e Mark-up 45  Desejos e necessidades.  Produtos substitutivos.  Número de alternativas similares.  Peso do valor no orçamento do comprador.  Benefícios.  Qualidade e durabilidade.  Disponibilidade.  Relação preço-qualidade.  Relação preço-valor. 3.3.5 Preço baseado no método misto/ concorrência: Envolve a combinação simultânea de alguns fatores como: custos incorridos na produção e na comercialização de um produto ou serviço, decisões da concorrência, características de mercado. Esse método tende a ser o mais correto, pois considera implicitamente as consequências de longo prazo das decisões de escolha de preço tomadas pela empresa. Muitas empresas enfrentam concorrentes que praticam preços abaixo do mercado. Essa prática pode advir de vários fatores, como acesso a mercadorias com preços mais baixos, volume de compra maior, possibilitando mais poder de nego- ciação com os fornecedores, grande volume de vendas, pos- sibilitando uma redução da margem de lucro, ou mesmo a prática de política de preços sem o devido cálculo de custo. 46 Gerenciamento de Custos e Riscos Naglee e Hogan (2007, p. 7) questionam: Por que uma organização deveria buscar metas de participação de mercado? Porque os gerentes cre- em que maior participação de mercado geralmente resulta em lucros maiores. Entretanto, as prioridades confundem-se quando os gerentes reduzem a lucra- tividade de cada venda simplesmente para atingir a meta de participação de mercado. Os preços devem ser reduzidos somente quando já não são justifica- dos pelo valor oferecido aos clientes em compara- ção ao valor oferecido pela concorrência. Analisando a citação, não se deve baixar o preço de um produto somente porque o mercado impõe, e sim quando o valor, no qual é determinada a venda de um produto X, não justifica mais ser tão alto. Avaliar o que o concorrente está praticando, auxilia a fixação de preços. Mas é preciso que essa análise não se torne uma habitual, uma vez que diferentes condições de acesso à tecnologia, estrutura, insumos, porte e outros podem levar a estimativas erradas. Bernardi (2004, p. 129) pondera que “Observando-se as condicionantes do preço, internas e externas, nota-se que há preço ideal e preço competitivo, há preços baixos e preços altos, em relação ao valor percebido, há a demanda e a sen- sibilidade ao preço.” Portanto, ao definir um método de preço, a empresa estará buscando um preço específico ou possível que a direcione a um ponto em que a demanda, preço e retorno se equilibrem. Capítulo 3 Formação de Preço e Mark-up 47 Martins (2008, p. 22) afirma que: Com o significativo aumento de competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, se- jam industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisões em uma empresa. Isso ocorre, pois, de- vido à alta competição existente, as empresas já não podem mais definir seus preços apenas de acordo com os custos incorridos e sim, também, com base nos preços praticados pelo mercado em que atuam. Baseado na colocação dos autores, entende-se que depois de calculado os custos, deve-se analisar o preço em função da demanda e da concorrência, procurando adotar uma política que possibilite aliar competitividade com lucratividade. 3.4 Estruturação do Markup É um termo usado na economia para indicar quanto do preço do produto ou serviço está acima do seu custo de produção e distribuição. O Mark-up pode ser expresso como uma quantia fixada ou percentual. O cálculodo Mark-up tem origem na estrutura da demonstração de resultados, partindo do custo do produto vendido, é um índice aplicado sobre o bem ou serviço para a formação do preço de venda e tem como finali- dade cobrir os gastos de tributação sobre vendas, percentuais incidentes sobre o preço de venda, despesas administrativas e de vendas fixas, custos indiretos de produção e a margem de lucro (PADOVEZE, 2003). 48 Gerenciamento de Custos e Riscos Nas empresas industriais, é comum utilizar-se a expressão Mark-up como um DIVISOR, em que o custo é dividido pelo denominador da fórmula. Entretanto, nas empresas comer- ciais, utiliza-se a expressão MARK-UP (multiplicador) no seu verdadeiro sentido, para ser multiplicado pelo custo, obtendo- -se o preço de venda. Segue alguns exemplos de preços utilizados com o Mark-up: a. Preço premium – a prática de um preço premium, ou seja, maior que o preço praticado pelos concorrentes, é adequada quando a empresa pretende lançar um pro- duto cuja qualidade é perce bida pelo consumidor como superior à dos produtos concor rentes já estabelecidos no mercado, podendo, por isso mesmo, cobrar um pre- ço maior. Ex.: cane ta Mont Blanc, ternos Hugo Boss, Mercedes Classe A etc.. b. Preço baseado na concorrência – a empresa lança um produto ou serviço cuja qualidade é percebida pelo consumidor como muito semelhante a do pro duto con- corrente, mas fixa o preço um pouco abaixo, tentando atrair a decisão de compra para a variável preço. Ex.: Gol Linhas Aéreas. A empresa pode também lançar um produto com qualida de percebida e preços semelhantes aos dos concorrentes e tentar transferir a competição pela fatia de mercado para outros elementos do com- posto de marketing, tais como características do produ- to, promoção e distribuição, de modo a não desenca- dear uma guerra de preços. Ex.: postos de gasolina que fornecem lavagem grátis do carro. Capítulo 3 Formação de Preço e Mark-up 49 c. Preço de economia – a empresa pode lançar um produto ou serviço destinado a um público-alvo para o qual o atri- buto mais importante na de cisão de compra seja o preço, e não a qualidade, como é o caso da parcela da sociedade de baixo poder aquisitivo. Ex.: refrigerantes de marca des- conhecida. Outra técnica, muito comum nos supermerca- dos, é o lan çamento de marcas de combate, geralmente dos próprios vare jistas, para competir com os produtos pre- mium. As três políticas em função do preço e da qualidade percebida pelo consumidor, de forma resumida são: Políticas gerais de preço Qualidade percebida Preço Objetivo Premium Superior Superior Enfatizar a imagem de um produto de qualidade superior. Baseado na concorrência Comparável Comparável Superior Inferior Comparável Comparável - Enfatizar uma imagem de menor preço, sujeita a uma guerra de preços com a concorrência. - Transferir a competição para os demais atributos do produto, evitando uma guerra de preços. - Enfatizar a imagem de qualidade superior, evitando uma guerra de preços. Economia Inferior Inferior Focar as vendas nos segmentos de baixa renda que têm a variável preço como fator de decisão na compra. Figura 3 Quadro Comparativo das Três Políticas. Fonte Carneiro (2006, p. 138). 50 Gerenciamento de Custos e Riscos O Mark-up é representado por uma fórmula que leva em conta a soma dos percentuais sobre o preço de venda. Mark-up = 1 – (% Encargos s/PV + Lucro Desejado s/PV) Essa formula, após ser aplicada e indicar os índices ade- quados para formação do preço de venda, deve ser utilizada na equação do preço de venda que, conforme vimos anterior- mente, pode ser Divisor ou Multiplicador: PV = Custo / Mark-up Ou PV = Custo x Mark-up Exercícios de Fixação 1) Cálculo do PV com base nas informações abaixo: a) Custo Total (Insumos + GGF + Adm): 100,00 b) % sobre PV: 20% de Impostos, 5% Comissão, 10% Lucro 2) Calcular os preços de venda por milheiro de um produto com custo de R$ 1.150,00 por milheiro, cuja indústria (for- necedor) esteja localizada no estado do Rio Grande do Sul e as informações da cotação sejam as seguintes: a) Venda para o Rio de Janeiro, comissão para o represen- tante de 2% e lucro líquido de 10,56%. b) Venda para o Ceará, comissão de 4% e lucro líquido de 9,9%. Capítulo 3 Formação de Preço e Mark-up 51 c) Venda para o Rio Grande do Sul, venda direta (sem re- presentante) e lucro líquido de 9,24%. Sabendo que o ICMS no RS é 17%, no CE é 7% e no RJ é 12%; o PIS é 1,65%, o COFINS 7,6%, e o IR e CS é 34% sobre o lucro bruto). Gabarito: 1) R$ 153,85 2) Itens Valor do custo por milheiro de embalagem = R$ 1.150,00 Exercício: a – RJ Exercício: b – CE Exercício: c – RS ICMS 12% 7% 17% COFINS 7,60% 7,60% 7,60% PIS 1,65% 1,65% 1,65% Comissão 2% 4% Lucro Líquido 10,56% 9,9% 9,24% IR e CS (34% sobre o lucro bruto) ((10,56 / 0,66) – 10,56) 5,44% ((9,9 / 0,66) – 9,9) 5,10% ((9,24 / 0,66) – 9,24) 4,76% Total 39,25% 35,25% 40,25% Divisor (1-0,3915) 0,6075 (1-0,3525) 0,6475 (1-0,4025) 0,5975 Preço de Venda R$ 1.893,00 R$ 1.776,06 R$ 1.924,69 Margem de Contribuição e Margem de Segurança Operacional Gabriela de Bem Fonseca Capítulo 4 Capítulo 4 Margem de Contribuição e Margem de Segurança... 53 4.1 Margem de Contribuição A margem de contribuição representa a diferença entre a re- ceita de venda e os custos e as despesas variáveis, em uma abordagem global do resultado, ou a diferença entre o preço unitário de venda e os custos e as despesas variáveis unitários, em uma abordagem na base. No entanto, para Martins (2008), a margem de contribui- ção é a diferença entre o preço de venda e o custo variável do produto, é o valor que efetivamente cada unidade traz à organização de sobra entre a sua receita e o custo, e que de fato ocasionou e que lhe pode ser atribuída sem erro. Mas não é correto dizer que isso seja um lucro, uma vez que faltam os custos fixos. Trata-se de uma margem de contribui- ção unitária, para que multiplicada pela quantidade vendida e somada aos demais, chega-se assim à margem de contribui- ção total. Desse valor, deduzem-se os custos fixos, e chega-se ao resultado, que pode ser então o lucro da organização. O mesmo autor destaca que a utilização da margem de contribuição proporciona vários benefícios, como: verificar se o produto vendido no mercado está sendo viável para a em- presa, ou seja, se o determinado produto está contribuindo para a formação do lucro; utilizar como ferramenta na forma- ção de promoções e reduções do preço de venda; planejar e classificar os produtos, como os mais ou menos procurados; e visualizar quais são mais e menos rentáveis para a empresa. Silva e Lins (2013) definem margem de contribuição como o valor que cada produto entrega para a organização depois 54 Custos e Riscos de cobertos todos os custos que efetivamente incidem em um processo de produção e venda. Sendo essa contribuição cal- culada pela diferença entre o preço e os custos e despesas variáveis conforme fórmula abaixo: MC = PV – (CV + DV) Onde: MC = margem de contribuição; PV = preço de venda; CV = custo variável por unidade; e DV = despesas variáveis por unidade. Com esses conceitos explanados, verifica-se que a mar- gem de contribuição é de grande importância ao gestor, pois representa o ganho bruto sobre os produtos vendidos, isto é, o quanto a empresa consegue obter de recursos para pagar despesas e custos fixos e gerar lucro. Podemos afirmar que é uma das ferramentas mais valiosas fornecidas pela contabilidade de custos e nem sempre utiliza- da corretamente a margem de contribuição, ou seja, o resul- tado de uma empresa, negócio, operação, linha de produtos ou um único produto,após a dedução dos respectivos custos e despesas variáveis. A utilização de ferramentas como a mar- gem de contribuição se faz cada vez mais necessária, pois tem a faculdade de tornar bem mais facilmente visível a potencia- lidade de cada produto, mostrando com quanto cada produto contribui para amortizar os custos fixos e depois formar o lucro Capítulo 4 Margem de Contribuição e Margem de Segurança... 55 propriamente dito, considerando como características do ce- nário atual das empresas:  O mercado cada vez mais competitivo.  Preocupação dos empresários com seus custos.  Política de preços de vendas competitivos.  Necessidade de informações atualizadas.  Tomada de decisão com rapidez. Existem outras fórmulas para calcular a margem de contri- buição que podem ser utilizadas com base na receita total ou no preço de venda. MC = Lucro + (Custos Fixos + Despesas Fixas) Ou MC = Receita Total – (Custos Variáveis + Despesas Variáveis) Ao utilizarmos o método de custeio variável, os produtos geram uma margem denominada margem de contribuição, que se conceitua como um montante que resta do preço de venda de um produto depois da dedução dos custos e des- pesas variáveis. Representa a parcela excedente dos custos e das despesas geradas pelos produtos. A empresa só terá lucro depois que a margem de contribuição dos produtos superar os custos e despesas fixos do exercício. Dessa forma, a margem de contribuição pode ser entendida como a contribuição dos produtos à cobertura dos custos e despesas fixos e ao lucro. 56 Custos e Riscos A diferença entre o preço de venda e o custo variável de cada produto, é o valor que cada unidade efetivamente traz à empresa de sobra entre a sua receita e o custo que de fato provocou e que lhe pode ser imputada sem erro. Mas não podemos dizer que isso seja um lucro uma vez que faltam os custos fixos, trata-se de uma margem de contribuição unitária, para que multiplicada pela quantidade vendida e somada aos demais, chega-se assim à MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO TO- TAL. Desse valor, deduzem-se os custos fixos, e chega-se ao resultado, que pode ser então o lucro da organização. A forma correta de avaliar a margem de contribuição de cada produto, não é mais de forma isolada, mas, sim, em relação à restrição ou as restrições encontradas. As restrições mais comuns que podem afetar as variáveis são: a) Demanda de mercado: o mercado não aceita as quantidades maiores dos produtos. b) Matérias-Primas e Componentes: os fornecedores, temporariamente, estão com a capacidade produtiva esgotada e não podem aumentar o suprimento de ma- teriais. c) Mão de obra direta: temporariamente, há escassez de mão de obra especializada e a empresa não tem como aumentar sua produção. d) Utilização dos Equipamentos: por um período, os equipamentos não têm mais capacidade de atender ao acréscimo da produção. Capítulo 4 Margem de Contribuição e Margem de Segurança... 57 e) Distribuição e Logística: os distribuidores dos produ- tos não têm capacidade de aumentar, de imediato, a distribuição dos produtos. f) Investimentos: as instalações operacionais estão tra- balhando em seu limite e só com um novo investimento poderá ocorrer um aumento da demanda e da produ- ção prevista. g) Capital de Giro: o capital de giro é insuficiente para o aumento de produção e das vendas. h) Financiamento Externo: o mercado financeiro não tem linhas de crédito para financiar um aumento das vendas dos produtos da empresa. 4.2 Margem de Segurança Operacional (MSO): A Margem de Segurança Operacional corresponde à quanti- dade de produtos ou valor de receita em que se opera acima do Ponto de Equilíbrio, ela pode ser representada pela seguin- te equação: MSO = Quantidade de Unidades Vendidas – Quantidade no Ponto de Equilíbrio Observação: Quanto maior for a MSO, maior a capaci- dade de geração de lucro e, também, maior a segurança de que a empresa não incorrerá em prejuízos. 58 Custos e Riscos Exercícios de Fixação: 1) Qual a margem de contribuição (valor e percentual) de um item com preço de venda de R$ 20,00, custos variá- veis de R$ 12,00 e despesas variáveis de R$ 2,00. 2) A empresa Custa Karo Ltda., apresentou, em determina- do momento, os dados abaixo: Produto Alpha Produto Beta Margem de Contribuição (considerando somente os custos variáveis) R$ 380,00 R$ 420,00 Matéria – Prima R$ 240,00 R$ 360,00 Preço de Venda (líquido dos impostos) R$ 860,00 R$ 900,00 De acordo com esses dados, qual o percentual de parti- cipação da matéria-prima em relação ao custo variável dos produtos Alpha e Beta, nessa ordem? a) 25% e 50% b) 44% e 46% c) 50% e 25% d) 50% e 75% e) 75% e 50% 3) Considere os dados listados abaixo e calcule a margem de contribuição pelo custeio variável em valor e percen- tual: Volume de vendas: 50.000 unidades Volume de produção: 100.000 unidades Capítulo 4 Margem de Contribuição e Margem de Segurança... 59 Preço de venda: R$ 12,00 por unidade Custos Variáveis: R$ 9,00 por unidade Custos Fixos: R$ 100.000,00 Gabarito: 1) Margem de Contribuição R$ 6,00 2) d) 50% e 75% Correta 3) Margem de Contribuição em Valor R$ 150.000,00. Em percentual representa 25% da Receita. Relação Custo x Volume x Lucro Gabriela de Bem Fonseca Capítulo 5 Capítulo 5 Relação Custo x Volume x Lucro 61 No contexto do Planejamento e Controle Empresarial, a aná- lise do equilíbrio entre receitas e despesas merece destaque por tratar-se diretamente com o cumprimento de metas especial- mente voltadas para a maximização de lucros. O complexo de risco, chamado comumente negócio empresarial, depende da habilidade e do “jogo de cintura” que o empresário deve possuir para negociar preços. Hoje, o empresário paga, recebe, inves- te, contrata funcionários, compra, vende, abre mercado, produz etc., dentro do contexto empresarial. O empresário depende de informações para guiar os seus negócios, a determinação do volume mínimo de vendas que a empresa necessita realizar, para não incorrer em prejuízo, também denominado Ponto de Equilí- brio, é uma dessas informações utilizadas para gerir com eficá- cia os recursos econômicos e financeiros das empresas. 5.1 Considerações teóricas. O ponto de equilíbrio é o nível de produção em que os custos to- tais e as receitas totais se equilibram. O ponto de equilíbrio pode ser mensurado em termos contábeis, financeiros e econômicos. A análise das relações entre custo, volume e lucro, também denominado análise do ponto de equilíbrio, significa deter- minar a quantidade de produção e venda de bens e serviços cujos custos e receitas totais se igualam. Nesse ponto, não há lucro nem prejuízo operacional. O Ponto de Equilíbrio pode ser considerado de três formas. O primeiro chamado opera- cional, o segundo por regime de caixa e o terceiro por valor monetário. 62 Gerenciamento de Custos e Riscos 5.2 Ponto de equilíbrio contábil: O gestor necessita, em determinadas ocasiões, saber qual o nível de produção ou vendas deve ser atingido para que a empresa alcance o lucro desejado pelos acionistas. Ou ainda, identificar qual o volume de atividades é o suficiente para que a empresa não tenha prejuízo. Esses questionamentos são res- pondidos pelas equações do ponto de equilíbrio (PE). Representa o volume (físico ou monetário) de vendas ne- cessário para que o resultado líquido seja nulo. Fórmulas para cálculo do PEC em unidades e valor: Em unidades: Custos e Despesas Fixas Preço de Venda Unit. – (Custos e Despesas Variáveis Unit.) Ou Custos e Despesas Fixas Margem de Contribuição Unitária Em valor: Custos e Despesas Fixas Custos e Despesas Variáveis Unitário 1- Preço de Venda Unitário Utiliza-se
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