Buscar

Giardíase

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Giardia duodenalis (inteslinalis ou lamblia) – mamíferos, aves e répteis
Introdução
A OMS considera uma zoonose. 
Morfologia
Trofozoíto
Formato de pêra, com simetria bilateral
Face dorsal é lisa e convexa. Face ventral é côncava com disco ventral (adesivo ou suctorial)
Abaixo do disco: uma ou duas formações paralelas, em forma de vírgula (corpos medianos)
2 núcleos
4 pares de flagelos (origem nos corpos basais): pólos anterior, posterior, ventral e caudal. 
A presença de proteínas contráteis permite a adesão e desprendimentos dos trofozoítas na mucosa, pela contração e descontração. 
Citoplasma: vacúolos (pinocitose), RE, ribossomos, CG e vacúolos de glicogênio. Não há mitocôndria. 
Cisto
Oval e elipsóide
Membrana destacada do citoplasma
2 a 4 núcleos
Número variável de fibrilas (axonemas de flagelos)
Corpos escuros com forma de meia-lua, no pólo oposto aos núcleos. 
Disco ventral com microtúbulos e microfilamentos, paralelos ou em espiral. Em volta há um fino lábio citoplasmático – estrutura de adesão do parasito à mucosa. 
Corpo mediano – microtúbulos e proteínas contráteis – função não estabelecida
Possui vacúolos (pinocitose), RE, ribossomos, CG e vacúolos de glicogênio – forma desorganizada
Ciclo Biológico
É monoxeno de ciclo direto. A via normal de infecção do homem é a ingestão de cistos. Após ela, ocorre o desencistamento no ácido do estômago, completado no duodeno e jejuno, onde há colonização por trofozoítas. Eles se multiplicam por divisão binária longitudinal (nucleotomia, duplicação de organelas e plasmotomia) dando 2 trofozoítos binucleados. O ciclo completa com o encistamento (íleo ou ceco) e eliminação para o meio exterior. O pH intestinal, os sais biliares e o destacamento do trofozoíto da mucosa parecem influenciar o processo de encistamento. 
O trofozoíto secreta uma membrana cística (quitina) e dentro do cisto ocorre nucleotomia, podendo apresentar 4 núcleos. Eles são mais resistentes e podem sobreviver 2 meses no ambiente.
Quando há trânsito intestinal acelerado aparecem trofozoítos nas fezes. 
Transmissão
Pela ingestão de cistos maduros:
Águas superficiais sem tratamento ou deficientemente tratadas (apenas cloro)
Alimentos contaminados / cisto de moscas / baratas
Pessoa a pessoa (mão contaminada, aglomeração humana, membros de família, creche, etc)
Contatos homossexuais (transmissão fecal-oral)
Animais domésticos
Sintomatologia 
Varia de indivíduos assintomáticos (maioria) até sintomáticos, devido a fatores associados ao hospedeiro e ao parasito. Ocorrem em adultos e crianças: 
Diarréia aguda e autolimitante
Diarréia persistente (má-absorção e perda de peso)
Forma aguda:
diarréia aquosa, explosiva, de odor fétido, gases, distensão e dores abdominais. Muco e sangue raramente aparecem. Dura poucos dias. É muito comum entre viajantes. 
30 a 50% podem ter diarréia crônica: esteatorréia, perda de peso e problemas de má-absorção. Suas principais complicações estão associadas à má-absorção – vit. Lipossolúveis (ADEK), vit B12, ferro, xilose e lactose. 
Patogenia
Indivíduos infectados podem ter mudanças na arquitetura da mucosa (normal/atrofia parcial/atrofia total das vilosidades). Os trofozoítos aderidos podem romper e distorcer as microvilosidades do lado do disco adesivo, que entra em contato com a membrana da célula. Libera substâncias citopáticas na luz intestinal. Ainda contém proteases que agem nas glicoproteínas, rompendo a membrana. Isso desencadeia processos inflamatórios ( aumento de linfócitos intra-epiteliais ( parasito entra em contato com macrófagos ( ativa linfócito T ( ativam linfócitos B ( produzem IgA e IgE ( IgE + mastócitos ( desgranulação, liberando histamina ( reação anafilática local ( edema e contração dos músculos ( aumento da motilidade intestinal ( aumento na renovação dos enterócitos ( célula imaturas ( problemas na absorção ( diarréia. 
Ainda há o atapetamento da mucosa por muitos trofozoítos, e as prostaglandinas que agem diretamente na motilidade intestinal, pela estimulação da adenilciclase da mucosa ( diarréia. 
Diagnóstico
Clínico
Crianças de 8 meses a 10-12 anos com diarréia com esteatorréia, irritabilidade, insônia, náuseas e vômitos, perda de apetite e dor abdominal. Bastante característicos.
Laboratorial
Parasitológico: exame de fezes para identificar cistos ou trofozoítos.
Fezes formadas – cistos (Método de Faust e cols.) – corados com Hematoxilina Férrica
Fezes diarréicas – trofozoítos (método direto ou esfregaço com hematoxilina férrica) – eles sobrevivem pouco tempo no meio externo (15-20min)
Indivíduos parasitados não eliminam cistos continuamente. A eliminação intermitente chama-se de período negativo e pode durar 10 dias, podendo levar a resultados falso-negativos. Indica-se o exame de 3 amostras fecais, com 7 dias de diferença entre elas. 
Na diarréia crônica – exame de fezes negativo, apesar de trofozoítos no duodeno – indica-se exame de fluido duodenal (Entero-test: muco corado com H.Férrica) e biópsia jejunal, mecanismos muito invasivos. 
Imunológico
Imunofluorecência indireta 
ELISA - O diagnóstico sorológico tem baixa sensibilidade e especificidade, além de problemas de falso-positivos, já que o IgG permanece elevado por bastante tempo, sendo difícil determinar infecções passadas e recentes. Deve-se fazer a detecção de antígenos nas fezes (copro-antígenos). 
PCR – reconhecimento do DNA de Giardia. Técnicas mto específicas. 
Epidemiologia
Crianças de 8 meses a 10-12 anos, devido à falta de hábitos higiênicos. No adulto parece que essa infecção pode dar certo grau de resistência às infecções subseqüentes. 
Alta prevalência das regiões tropicais e subtropicais, entre pessoas de baixo nível econômico. 
É frequentemente adquirida pela ingestão de cisto na água da rede pública, não ou ineficientemente tratada (só cloro). Também aparece em viajantes de zonas não endêmicas para endêmicas, além de por contatos homossexuais e pela mão contaminada da criança que defeca e brinca no chão. 
Em ambientes coletivos há dificuldade de aplicar medidas higiênicas, como a creche. A prevalência nesses locais de 1-4 ano é de 20-60%, mesmo que muitas sejam assintomáticas (risco de transmissão). 
Profilaxia
Medidas de higiene pessoal (lavar as mãos)
Destino correto das fezes
Proteção do alimento e tratamento de água
Cistos destruídos à água fervente, mas não à cloração. 
Tratamento precoce do doente, procurando a fonte de infecção e trata-la

Outros materiais