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Aula4 - A vírgula vem antes de etc

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1 
Vírgula vem antes de etc.? 
Ortografia, escritores e especialistas consagraram uso de “etc.” precedido do sinal de 
pontuação 
Josué Machado 
 
A discussão sobre se a abreviatura “etc.” deve ou não ser precedida por vírgula não 
é empolgante, mas, desde o século passado, há gente que se preocupa com isso. 
Antes de “etc.”, deve-se virgular ou não? 
 
Sim, diz a maioria dos especialistas. 
 
Sim, porque a maioria dos escritores a usa. 
 
Sim, pois sempre que aparece nos acordos ortográficos de 1943 e de 1990, “etc.” 
está precedida de vírgula. 
 
Assim, preceder “etc.” por vírgula é seguir a consagração do uso, embora – é 
importante ressalvar –, o sinal não seja obrigatório. “Etc.” abrevia “etcétera”, da 
locução adverbial latina et coetera ou et cetera (“e outras coisas”, “e as coisas 
restantes”, “e o resto”). Encerra qualquer enumeração de modo genérico, conclusivo 
e comprobatório. Passou a significar, também, “e assim por diante”. 
 
 
Implícito 
 
Em “etc.”, o “et” corresponde ao “e”. Por já haver na abreviatura o “e” implícito, 
alguns sábios consideraram não caber vírgula antes, já que a conjunção, nesses 
casos, une itens ou segmentos de igual valor. 
 
Mas a combinação “et coetera” perdeu seu caráter de locução e ganhou um 
significado condensado, com seu ponto incluído, de modo que se pode tomar a 
 
 2 
liberdade de dizer que, em português (e inglês e francês), não há mais conjunção e 
adjetivo neutro, mas uma unidade, uma abreviatura apenas. 
 
Da mesma forma, o plural neutro coetera/cetera deixou de se referir apenas a 
coisas em português e em outras línguas ocidentais, como queriam alguns 
intérpretes – agora poucos –, e teve o sentido ampliado para se referir, também, a 
seres viventes. 
 
Essa é a boa interpretação de Celso Luft (1921-1995) em defesa da manutenção do 
sinal antes de “etc.”. Ele foi, aliás, um dos especialistas que, com mais clareza, 
estudou o assunto, como demonstra seu livro póstumo A Vírgula (Ática, 1996). 
 
Os exemplos destas páginas mostram que “etc.” não carece ser usado em textos nos 
quais se exige precisão e possam gerar interpretações, oscilantes por natureza. 
 
Portanto, a abreviatura “etc.” será antecedida de vírgula ou de ponto e vírgula, ou de 
ponto final, dependendo do caso, como nos exemplos dados, mas sempre com o 
cuidado que deve reger a criação de textos informativos. 
 
 
Em enumerações 
 
Não só a vírgula pode como deve preceder “etc.”. Se a enumeração alinhar itens 
separados por ponto e vírgula, com o “etc.” no final, a abreviatura também será 
precedida dessa pontuação. E será precedida de ponto final se a enumeração for 
marcada por esse sinal. É óbvio que, quando se prefere o ponto e vírgula ou o ponto 
final para marcar a enumeração, procura-se acentuar a pausa, tornar mais dramática 
a enumeração. Assim: 
 
Nascer, viver, amar, gozar, sofrer, etc. 
Nascer; viver; amar; gozar; sofrer; etc. 
E nascer. E viver. E amar. E gozar. E sofrer. Etc. 
 
 3 
 
Em nenhum caso, “etc.” será antecedido de “e” nem seguido de reticências. 
 
 
No fim da frase 
 
Se “etc.” coincidir com o fim da frase, o que ocorre com frequência, seu ponto será o 
ponto final dela. Em outras palavras, o ponto integrante da abreviatura coincide com 
o ponto final, se vier no fim da frase. 
 
Exemplo: “O governo, qualquer governo, terá sempre o apoio de expoentes da 
política nacional, como Sarney, Renan, Collor, Jader, etc.” 
 
 
Confusão ortográfica 
 
Quanto ao significado, o uso de “etc.” não provoca confusões, como ocorreu com a 
redação do Acordo Ortográfico de 1990. Foi tal a confusão resultante do uso 
inadequado da abreviatura que os editores do Vocabulário Ortográfico da Língua 
Portuguesa (VOLP) fizeram um esforço interpretativo para concluir o trabalho. 
 
A comissão que estabeleceu os termos do acordo discutiu o uso do hífen (Base XV) 
em que se juntaram a expressão “em certa medida” e “etc.”. Mas quem é que pode 
definir, em um assunto como esse, os casos abrangidos por “em certa medida” e 
“etc.”? Dessa imprecisão, resultou que os editores do VOLP tiveram de considerar 
como exceção os compostos aí citados e manter hífen na maioria – os 
aparentemente de acordo com a tendência geral do acordo. Por isso, há compostos 
como “para-brisa”, “para-choque”, “para-lama”, “manda-lua” e “manda-tudo” ao lado 
dos outros, aglutinados sob o vago chapéu “em certa medida”. 
 
 
 
 
 4 
Incertezas 
 
Por causa do “etc.”, há igual estranheza com “paraquedas”, “paraquedista”, 
“paraquedismo”, “paraquedístico”, sem hífen, porque tem de haver hífen nos outros 
compostos com a forma verbal “para” com segundo elemento iniciado por 
consoante: “para-balas”, “para-chuva”, “para-raios”, “para-sol”, “para-vento”, “etc.”, 
“conforme a tradição lexicográfica”. 
 
Nada como um vago “em certa medida” seguido de um “etc.” para acabar com a 
precisão de qualquer texto, ainda mais de caráter legal. 
 
 
Fonte 
REVISTA Língua Portuguesa. Reportagens. Publicação: dez. 2011. Disponível em: 
<http://revistalingua.com.br/textos/67/artigo249104-1.asp>. Acesso em: 8 jul. 2015.

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