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Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo Torção Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo TORÇÃO EM BARRAS DE SEÇÃO CIRCULAR 4.1 INTRODUÇÃO Torção refere-se ao giro de uma barra retilínea quando carregada por momentos (ou torques) que tendem a produzir rotação sobre o eixo longitudinal da barra. Para ficar mais claro, imaginemos a seguinte situação: uma pessoa tenta abrir uma garrafa de refrigerante (com rosca interna) com uma mão só, em cima de um piso liso. Figura 1 - Garrafa sendo submetido a um Momento Torçor A pessoa não irá conseguir por falta de apoio e reação, sendo assim os efeitos do esforço serão nulos. Agora ele segura a garrafa com uma mão e com a outra gira a tampa. A tampa irá girar e sair. Podemos perceber que foram criados dois momentos, um positivo e um negativo. A mão sobre a tampa gerará um momento de torção sobre a estrutura. Podemos visualizar exemplos de barras em torção no dia-a-dia como hastes, eixos, eixos propulsores, hastes de direção e brocas de furadeira. Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo Figura 2 - Momento Torçor Aplicado a Estrutura Cilindrica Momentos que produzem giro na barra, como o momento T1 da Figura 2, é chamado de torque ou momento torçor. Membros cilíndricos submetidos a torques e que transmitem potência através de rotação são chamados de eixos. Como exemplo, podemos citar o girabrequim de um automóvel ou o eixo propulsor de um navio. A maioria dos eixos tem seções transversais circulares,sólidas ou tubulares. 4.2 MOMENTO TORÇOR Em uma barra de seção circular sujeita a um momento torçor M, a tensão de cisalhamento será máxima nas bordas e nula no centro. O diagrama é linear e é função de r. Para fins de estudo, iremos chamar a tensão de cisalhamento máxima de e a tensão em um ponto qualquer distante r do centro de . Através de uma simples resolução de semelhança de triângulos, podemos facilmente encontrar . Figura 3 - Diagrama da Tensão de Cisalhamento Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo Considerando a Figura 4 como um eixo submetido a um momento torçor externo Te. Retiramos do eixo um elemento infinitesimal de comprimento dx entre duas seções qualquer S1 e S2 com as tensões de cisalhamento na direção longitudinal. Uma observação interessante a ser feita e que parece ser óbvia é que o sentido da tensão de cisalhamento depende do sentido do momento torçor Mt. Admitindo que o elemento infinitesimal sofra deformações infinitesimais, o ângulo é pequeno e o comprimento do arco bb’ é aproximadamente um segmento de reta, fazendo válida a seguinte relação: ou Na borda da seção transversal, considera-se um elemento de espessura dr com tensões e distribuídas uniformemente nas respectivas áreas, figura 03. Figura 4 - Barra sob Ação de um Momento Torçor Figura 5 - Elemento Infinitesimal Figura 6 - Tensões de Cisalhamento Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo DESLOCAMENTO ANGULAR, ROTAÇÃO OU GIRO Observe a figura: Após as deformações, o ponto a coincide com a’ e o ponto b da seção S2 ocupa a posição b’, definindo o ângulo na seção transversal e a distorção na longitudinal. O ângulo é a rotação ou giro da seção S2 em relação a S1. ou Logo, LEI DE HOOKE A lei de Hooke estabelece uma relação entre a tensão de cisalhamento e distorção, lembrando que é válida apenas quando consideramos o elemento trabalhando no regime elástico- linear. Figura 7 - Giro da Seção S2 em relação à Seção S1 Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo A constante de proporcionalidade G é o módulo de deformação transversal que se relaciona com o módulo de deformação longitudinal por meio do Coeficiente de Poisson , conforme nos mostra a equação seguinte. O ângulo , é o giro da seção s2 em relação a s1. 4.3 SEÇÃO TRANSVERSAL CIRCULAR CHEIA Observe a figura: O momento torçor Mt é resultante da tensão de cisalhamento que atua na seção transversal. A tensão de cisalhamento na distância r do centro da seção é determinado pela seguinte equação: A área do elemento infinitesimal é dada por: Rearranjando: Figura 8 - Seção Transversal Circular Cheia Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo onde chama-se módulo de resistência a torção e seu valor é dado por: DESLOCAMENTO ANGULAR, ROTAÇÃO OU GIRO Substituindo a tensão de cisalhamento e resolvendo a integral temos: A equação anterior pode ser substituída por: Onde é denominado momento de inércia e é equivalente a: O deslocamento angular depende do comprimento x e varia linearmente, portanto, dois valores são suficientes para traçar o diagrama. Nessa situação, temos um engastamento, assim sendo, os deslocamentos angulares das outras seções giram em relação à parte engastada. (seção do engastamento fixo) (seção da extremidade livre) Nessa situação, temos um engastamento, portanto, os deslocamentos angulares das outras seções giram em relação à parte engastada. Figura 9 - Diagrama de Deslocamento Angular Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo 4.4 SEÇÃO TRANSVERSAL CIRCULAR VAZADA O eixo de seção transversal circular vazada, cuja espessura é superior a é denominado tubo de parede grossa, caso contrário temos uma seção de parede fina. Espessura do tubo: Iremos analisar os dois casos em separado. A) TUBO DE PAREDE GROSSA Tensão de cisalhamento: os cálculos são análogos ao da seção transversal cheia, mudando apenas os limites da integração. Portanto fica: onde chama-se módulo de resistência à torção e seu valor é dado por: Figura 10 – Seção Transversal Vazada Figura 11 – Seção Transversal Vazada de Parede Grossa. Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo DESLOCAMENTO ANGULAR, ROTAÇÃO OU GIRO A rotação relativa entre duas seções separadas pelo comprimento é determinado por meio da seguinte equação: Integrando a equação em ambas as partes temos: Substituindo a tensão de cisalhamento e resolvendoa integral temos: Nos trechos constantes, resulta na seguinte equação: Com sendo denominado momento de inércia à torção e seu valor dado por: B) TUBO DE PAREDE FINA Para o cálculo da tensão de cisalhamento e do deslocamento angular, utiliza-se o diâmetro médio , dado que a espessura é muito pequena em relação aos diâmetros internos e externo do tubo. Espessura do tubo: Diâmetro médio do tubo: TENSÃO DE CISALHAMENTO Admite-se a tensão de cisalhamento distribuída na área do tubo. Figura 12 – Seção Transversal Vazada de Parede Fina. Notas de aula de RM, prof. André Luis Christoforo A área é obtida multiplicando-se o diâmetro médio pela espessura : Da tensão de cisalhamento que atua na área do tubo resulta o momento torçor Rearranjando temos: A equação anterior pode ser escrita sob a seguinte forma: Onde é denominado módulo de resistência a torção e seu valor é dado por: DESLOCAMENTO ANGULAR, ROTAÇÃO OU GIRO A rotação relativa entre duas seções separadas pelo comprimento é determinada por meio da equação: Integrando a equação anterior, obtém-se o giro de uma seção genérica distante da seção fixa. Substituindo a tensão de cisalhamento da equação, tem-se: Nos trechos constantes, resulta na seguinte equação: A equação anterior pode ser escrita na seguinte forma: Onde denomina-se momento de inércia à torção, e seu valor é dado por:
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