Aspectos gerais da Imuno

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Aspectos Gerais de Imunologia
CONCEITOS BÁSICOS EM IMUNOLOGIA NECESSÁRIOS PARA A COMPREENSÃO DOS IMUNOENSAIOS.
AUTOR(A): PROF. WALTER KINDRO ANDREOLI
AUTOR(A): PROF. WALTER KINDRO ANDREOLI
O sistema imunológico é fundamental para a nossa sobrevivência pois seus componentes e mecanismos são
responsáveis por processos que incluem desde a prevenção de infecções até eliminação de infecções
estabelecidas. Para realizar esta defesa e proteção, o sistema imune conta com tecidos além da ação de
células e moléculas responsáveis por desencadear uma sucessão de eventos que são denominados de
resposta imune.
Os mecanismos de defesa são classificados em imunidade inata, responsável pela primeira linha de defesa,
que está continuamente pronta para responder à invasão de qualquer agente estranho sem que necessite de
exposição prévia e a imunidade adquirida ou adaptativa, que se desenvolve mais lentamente e portanto é
responsável pela resposta mais tardia porém mais eficaz contra as infecções.
Imunidade Inata
Os mecanismos estão presentes e aptos a reagir antes mesmo de haver infecção, portanto são responsáveis
pela defesa inicial contra infecções de forma rápida e efetiva. Possui natureza estereotípica pois reagem
essencialmente do mesmo modo às infecções repetida.
Como a Imunidade Inata atua na proteção e defesa?
Barreiras físicas e químicas: o organismo possui barreiras naturais como a pele intacta (queratina, lipídios
e ácidos graxos), a saliva e o muco presente nas mucosas e trato respiratório, substâncias antimicrobianas
(ex. Lisozima presente na lágrima), entre outras.
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Antígeno é qualquer molécula capaz de interagir com os elementos do sistema imune
adquirido. Os antígenos que são capazes de induzir resposta imune adquirida são
denominados de imunógenos.
Células e moléculas: uma vez que os microrganismos ultrapassaram as barreiras físicas e químicas, entram
em ação células fagocíticas (neutrófilo/macrófago), células “natural killer” (NK) entre outras. Também
entram em ação proteínas plasmática como o sistema complemento, mediadores químicos de resposta
inflamatória, citocinas que coordenam a resposta imune.
Apesar da imunidade inata poder combater muitas infecções de maneira eficaz, muitos microrganismos
patogênicos apresentam resistência aos seus mecanismos. Quando a infecção se estabelece, componentes
da própria imunidade inata tem o papel de ativar mecanismos da imunidade adquirida.
Os componentes que atuam na resposta imune inata além de realizar a primeira linha de defesa
tem o papel de ativar a resposta imune adquirida.
Imunidade Adquirida ou Adaptativa
Caracterizada por uma resposta mais lenta, constituída de uma série de eventos celulares e moleculares que
ocorrem após o reconhecimento específico de um determinado antígeno.
Este tipo de resposta apresenta duas características importantes: especificidade e memória imunológica.
Quais os componentes e tipos de imunidade adquirida?
A imunidade adquirida pode ser classificada em:
Imunidade celular: é mediada por linfócitos T e atua principalmente contra microrganismos intracelulares.
Imunidade humoral: é mediada pelos anticorpos, que são o produto da ativação de linfócitos B e atuam na
defesa de microrganismos extracelulares.
Imunidade Celular
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Os linfócitos T virgens (naive) passam por um processo de adaptação, no qual a célula T é ativada após
reconhecimento ao antígeno, iniciam o processo de expansão clonal, tornando-se células efetoras ou
células de memória.
Os linfócitos TCD4+ efetores secretam citocinas que são moléculas sinalizadoras que atraem ou ativam
outras células do sistema imune para o foco inflamatório.
Os linfócitos T CD8+ reconhecem peptídeos endógenos e produzem enzimas citolíticas como as perforinas
e granzimas que induzem a apoptose por desequilíbrio osmótico de células infectadas e células tumorais.
Imunidade Humoral
Imunidade humoral inicia após a interação do receptor de célula B (BCR) presente nos linfócitos B (ou
células B) com um antígeno específico. Após reconhecimento, há proliferação e diferenciação em
plasmócitos responsáveis por secretar as imunoglobulinas especificas e essenciais para resposta imune
protetora.
A propriedade de memória imunológica que garante proteção contra a reinfecção por diversos patógenos é
a base para a vacinação pois induz uma imunidade de proteção duradoura por secretar anticorpos de alta
afinidade na exposição secundária ao antígeno.  Este tipo de resposta possui aumento de magnitude na
capacidade defensiva em cada sucessiva exposição ao mesmo antígeno (figura 1)
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Os imunoensaios surgem graças ao conhecimento deste tipo de resposta que apresenta interações
especificas e de memória, possibilitando a identificação de infecções e definição dos diferentes estágios.
Imunoglobulina (anticorpo - Ac)
São moléculas com receptores específicos para o mesmo antígeno que estimulou a sua síntese, e
apresentam a mesma estrutura básica (figura 2):
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Apresentam duas cadeias leves (L) e duas cadeias pesadas (H). Cada uma constituída de porção constante
(C) e porção variável (V).
Possui porção amino terminal: variabilidade de aminoácidos.
Possui região variável (VH e VL)/região hipervariável/sítio combinatório.
Restante da cadeia é região constante (CH e CL) H e L ligadas através de pontes dissulfídicas.
Caracterização da estrutura do anticorpo: quebra com papaína gera 2 Porções Fab (fragment antigen
binding): liga-se ao antígeno e varia segundo a especificidade de cada linfócito B e 1 Porção Fc (fragment
crystalizable): interage com células (ex: fagócitos) ou ativa o complemento.
ESTRUTURA BáSICA DA IMUNOGLOBULINA.
Polimorfismo
As classes e subclasses de uma molécula de imunoglobulina são determinadas pelas porções constantes de
suas cadeias pesadas (CH).
São 5 as classes (figura 3) ou isótipo de imunoglobulinas (Ig) determinadas pelo tipo de cadeia pesada: IgM,
IgG, IgA, IgE, IgD.
 Destas, existem quatro subclasses da IgG humana (IgG1, IgG2, IgG3 e IgG4) e duas subclasses de IgA (IgA1
e IgA2).
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Funções efetoras das imunoglobulinas
Neutralização de toxinas e outros agentes químicos.
Neutralização de vírus.
Lise de bactérias.
Opsonização
Citotoxicidade dependente de anticorpo.
Ativação de sistema complemento.
Regulação da resposta imune.
Aglutinação.
Participam de reações autoimunes e alérgicas.
Classes e Subclasses de Imunoglobulinas - propriedades
e funções
IgM – Sua estrutura é pentamérica e é um marcador de fase aguda da doença. Corresponde
aproximadamente a 10% das imunoglobulinas do soro. Também é encontrada na superfície dos
linfócitos B de forma monomérica, realizando a função de receptor de antígenos (BCR).
IgG – Estutura monomérica. É marcador de memória imunológica pois permanece no soro mesmo
após a cura da doença. É a única classe de imunoglobulina que atravessaa placenta, e confere um
alto grau de imunidade passiva ao recém-nascido. É o principal anticorpo das respostas imunes
secundárias a um antígeno. Atua como opsonina, ativa sistema complemento (quando a Ig está unida
ao antígeno) e participa da citotoxicidade mediada por célula dependente de anticopo.
IgA-   é a imunoglobulina predominante em secreções: saliva, lágrima, leite, mucosas do trato
gastrintestinal, trato respiratório e geniturinário sendo importante na proteção de mucosa
 e representa 15-20% das imunoglobulinas do soro humano. Imunoglobulina de transferência passiva
da mãe para o filho através da amamentação conferindo ao bebê proteção de mucosa.
IgE - Está presente no soro em baixas concentrações. É encontrada na membrana de superfície de
basófilos e mastócitos e participa das reações alérgicas (Hipersensibilidade Imediata). Tem um papel
importante na imunidade ativa contra parasitas do grupo dos helmintos, atraindo os eosinófilos. 
IgD - presente no soro em concentrações muito baixas. É encontrada na superfície de linfócitos
assim como IgM, onde provavelmente serve como receptor de antígeno.
Interação antígeno anticorpo in vitro
Natureza química da interação: são forças fracas e reversíveis que se somam para dar a estabilidade do
imunocomplexo.
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Constante de afinidade (K0)- medida da força de ligação molecular entre o antígeno e o
anticorpo, definindo a estabilidade do imunocomplexo (complexo estável, detectável).
As forças que atuam na estabilidade do complexo Ag-Ac são: interações hidrofóbicas, forças Coulômbicas
entre grupos ionizáveis, pontes de hidrogênio (polarização da partilha de elétrons), forças de Van der Waals
e forças não-covalente.
Características:
Reversibilidade
Especificidade
Estabilidade (Constante de Afinidade) 
Afinidade dos Anticorpos pelo Antígeno
Somatória das forças de atração e repulsão gerada por todas as ligações covalentes no sítio combinatório do
anticorpo com o antígeno é chamada de afinidade do anticorpo. Define a estabilidade do imunocomplexo Ag
– Ac
Anticorpos de baixa afinidade: ligam-se aos antígenos fracamente e tendem a dissociar-se
facilmente pois reconhecem pequena parte da estrutura, podendo estes anticorpos reagir com
moléculas que tenham estruturas semelhantes, porém com menor afinidade.
Anticorpos de alta afinidade: ligam-se ao antígeno mais intensamente e possuem uma ligação mais
forte pois reconhecem uma grande porção da estrutura do determinante antigênico específico.
AVIDEZ
A avidez medida no soro de um paciente refere-se a somatória das afinidades.
Como um anticorpo de diferente afinidade pode ligar-se aos antígenos, ele pode ligar-se com um que não
seja o seu antígeno de melhor complementariedade através de ligações mais fracas com regiões
semelhantes, mas não idênticas, àquele que o induziu. Essa ligação é chamada de reação cruzada.
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Reação Cruzada:  interação de um anticorpo com um antígeno (heterólogo) que não tenha sido aquele que
induziu a sua formação (homólogo) . Essa interação ocorre porque alguns dos determinantes antigênicos são
semelhantes ou pelo fato de dois antígenos diferentes apresentarem o mesmo determinante antigênico
Reação Inespecífica:  Ocorrem em qualquer amostra, inclusive de indivíduos sadios. Pode ser devido a
anticorpos naturais ou a substâncias metabólicas circulantes Os anticorpos inespecíficos são chamados de
“anticorpos naturais” e são considerados na padronização dos testes imunológicos através da utilização de
amostras-controle obtidas de indivíduos supostamente sadios.
ATIVIDADE FINAL
Um farmacêutico tomou as 3 doses da   vacina de Hepatite B e após 1
ano detectou a presença do marcador anti-HBs que indica imunidade
para a doença. A respeito deste marcador podemos afirmar que o
isótipo da imunoglobulina do anti-HBs é:
A. IgG
B. IgE
C. IgM
D. IgA
REFERÊNCIA
TORALLES-PEREIRA, Cecilia; BRITO, Adriana de; BARNABÉ, Anderson Sena. A importância do sistema
imunológico na epidemiologia de enfermidades infecciosas. In: MALAGUTTI, William. Imunizaçao,
imunologia e vacinas. Rio de Janeiro: Rubio, 2011. cap. 2, p. 17-28.
ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H. Imunologia básica: funções e distúrbios do sistema imunológico.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
VAZ, Adelaide J.; TAKEI, Kioko; BUENO, Ednéia Casagranda. Imunoensaios: fundamentos e aplicações. Rio
de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2007. 
 
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