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O MEDIADOR DEVE PROPOR SOLUÇÕES? UMA QUESTÃO ÉTICA THE MEDIATOR MUST PROPOSE SOLUTIONS? AN ETHICAL QUEST Bianca de Araújo Alexandre1 Resumo: O Poder executivo vem buscando alternativas para a resolução de conflitos, as relações sociais se modificam e o judiciário tende a modificar-se também. A mediação é um recurso para a resolução de conflitos ou para prevenir situações de litígio. Esse recurso permite que as partes envolvidas possam discutir abertamente e chegarem ou não a uma solução. Para que isso ocorra é necessário um mediador com formação e apto para direcionar as partes. Um assunto que vem ganhando grande repercussão é o papel do mediador na mediação, afinal ele deve ou não propor soluções? E é exatamente esse assunto que discutiremos neste artigo. Palavras-chave: Mediação; Mediador; Soluções; Conflitos. Abstract: The executive branch has been seeking alternatives for resolving conflicts, social relations have changed, and the judiciary tends to change. Mediation is a resource for resolving disputes or preventing litigation. This feature allows the parties involved to discuss openly and arrive at a solution. For this to take place, a trained mediator is needed and able to direct the parties. A subject that has gained great repercussion is the role of the mediator in mediation, after all he must propose solutions or not? And that is exactly what we will discuss in this article. Keywords: Mediation; Mediator; Solutions; Conflicts. INTRODUÇÃO Desde o início da nossa existência vivemos em situações de conflito, causados inicialmente pelo instinto da sobrevivência e posteriormente pela falta de empatia nas sociedades organizadas. Esses conflitos tinham uma maneira de serem resolvidos um tanto quanto grosseiras antigamente, a base da força, hoje nós temos a figura do Estado no sentido de garantir a ordem social e o carácter civilizatório conquistado pelo homem. 1 Graduanda de Direito, Universidade Anhanguera, Campus Osasco. 1 O MEDIADOR DEVE PROPOR SOLUÇÕES? UMA QUESTÃO ÉTICA Os conflitos nunca deixarão de existir, e a procura pelo Poder Judiciário só aumenta cada vez mais para a resolução de suas lides. Observa-se que o número crescente de processos judiciais tem acarretado uma insatisfação enorme a população em geral, essas que reclamam dos altos custos onde acabam impossibilitando o acesso à Justiça. O Poder Judiciário e suas leis foram desenvolvidos com o objetivo de fazer Justiça e manter a paz social, contudo os empasses citados acima gera um entrave a esse objetivo. Pensando nisso foram desenvolvidos meios para auxiliar o Judiciário quando o conflito não demanda necessariamente de um processo judicial ou que este não seja o meio mais adequado para a resolução da questão. Surgiu então a Mediação sendo uma prática extremamente viável que possibilita o diálogo entre as partes. A mediação permite que haja diálogo, diferentemente quando se tornam sujeitos passivos no processo judicial onde seu destino fica à mercê do magistrado. Para que isso ocorra é necessário um mediador com formação e apto para direcionar as partes, aplicando as técnicas levando os mediandos a refletirem como poderiam entrar em um acordo em que ambas as partes saiam ganhando o famoso GanhaxGanha². Um assunto que vem ganhando grande repercussão é o papel do mediador na mediação, afinal ele deve ou não propor soluções? E é exatamente esse assunto que discutiremos neste artigo. A mediação no Brasil vem desde muito tempo atrás, de 1500 a 1514 com as ordenações Afonsinas, segundo com as ordenações Manuelitas no ano de 1514 a 1603 e terceiro com as ordenações Filipinas no ano de 1063 a 1916. Ambas as ordenações direcionavam a conciliação, que já era conhecida naqueles tempos como o “velho direito português”. Com o fim do Império e o início da ______________________ ² técnica utilizada durante a sessão de mediação onde ambas as partes saem ganhando. 2 república houve uma revogação nas leis que exigiam a tentativa da conciliação preliminar ou posterior nas causas civis ou comerciais como formalidade essencial com o decreto Lei nº359 na data de 06 de abril de 1890. Já em maio de 1943 com o decreto de Lei nº 5.452 trouxe os artigos 764º e parágrafos, artigo 831º e artigo 850º onde era incentivado a conciliação bem como a Lei de Alimentos de julho de 1968 Lei nº 5.478. Mas a valorização foi dada em de novembro de 1984 com a criação dos juizados de pequenas causas. Houve mudanças significantes com a Lei 8.952 na modificação do artigo 331º inclusão dos parágrafos §1º e §2º; incluído no inciso IV do artigo 125º, alteração do artigo 272º e inclusão do parágrafo único. Vejamos as mudanças: Art. 331 – Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transações, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir. (Redação dada pela Lei nº 10.444 de 2002). §1º Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. (Incluído pela Lei nº 8.952 de 1994). §2º Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. (Incluído pela Lei nº 8.952 de 1994). Segue as mudanças feitas no artigo 125º do Código do Processo Civil: Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste código, competindo-lhe: IV – Tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (Incluído pela Lei nº8.952 de 1994). Já no artigo 272º a mudança foi a inclusão do parágrafo único abaixo: Art.272º. O procedimento comum é ordinário ou sumário. 3 Parágrafo Único. O procedimento especial e o procedimento sumário regem- se pelas disposições que lhes são próprias, aplicando-se lhes, subsidiariamente, as disposições gerais do procedimento ordinário. (Incluído pela Lei 8.952 de 1994) Dando um salto temporal após a aprovação do Novo Código de Processo Civil pelo Senado Federal, encaminhado à sanção presidencial em 17 de dezembro de 2014, o Novo Código de Processo Civil, foi sancionado em 16 de março de 2015 Lei nº 13.105/15, com entrada em vigor em 17 de março de 2016, contam com 27 artigos onde mencionam a mediação e a conciliação. Aprovada a Lei de Mediação em 26 de junho de 2015 Lei nº 13.140/2015: Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de controvérsias e sobre a outra composição de conflitos no âmbito da administração pública; altera a Lei nº 9.469 de 10 de julho de 1997, e o decreto de nº 70.235, de 6 de março de 1972; e revoga o § 2º do art. 6º da Lei nº9.469 de 10 de julho de 1997. A mediação tem como base a cultura de paz onde é entendido que o conflito pode ser solucionado de uma maneira pacífica sem violência. A cultura de paz oficialmente iniciou-se pela UNESCO em 1999 com o objetivo de precaver-se de situações ameaçadoras contra a paz e a segurança. A resolução 43/243 de 6 de outubro de 1999 reconhece a cultura de paz não apenas, como a inexistência de conflitos, mas requer indispensavelmente três etapas de processos, o processo positivo, dinâmico e o participativo com atendimento e cooperação mútuas. A declaração sobre uma cultura de paz da ONU descreve em seu art.1º: Art. 1º Uma cultura de paz é um conjunto de valores, atitudes e tradições com pensamentos e estilos devidas baseados: a) No respeito a vida, no fim da violência e na promoção e prática da não-violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação; b) No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade territorial e independência política dos Estados e de não ingerência nos assuntos que são, 4 essencialmente, de jurisdição interna dos Estados, em conformidade com a Carta da Nações Unidas e ao Direito Internacional; c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais; d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos; e) Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção do meio-ambiente para as gerações presentes e futuras; f) No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento; g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e homens; h) No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, opinião e formação; i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento em todos os níveis da sociedade e entre as nações; Examinados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz. (Carta das Nações Unidas resolução 52/15, de 20 de novembro de 1997). De modo simplificado a conciliação utiliza-se da ajuda de um terceiro capacitado onde as pessoas por meio de técnicas aplicadas passam a negociar seus interesses. Veja o artigo 15º em seu parágrafo §2º: Art. 165º. §2º. O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos onde não houver, vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir solução para o litígio, sendo vetada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. Ou seja, a conciliação é um mecanismo de solução de conflitos onde h não há vínculo entre elas, negociando apenas o assunto em questão. 5 A mediação utiliza da ajuda de um terceiro capacitado onde por meio de técnicas os mediandos recuperam o diálogo e junto o poder de decisão. Veja o art. 165º em seu parágrafo §3º: Art.165 §3º. O mediador, que atuará preferencialmente nos casos que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Ou seja, a Mediação é um mecanismo de solução de conflitos, perfeito para os litígios onde há um vínculo entre as partes e com técnicas certas contribuem para que os mediandos possam encontrar uma solução através do diálogo colaborativo. O objetivo da conciliação é chegar a um acordo através de negociações, já na mediação o seu foco principal está na resolução do conflito e o reestabelecimento da relação social das partes. Citarei dois tipos de mediadores, o judicial e o extrajudicial. O mediador judicial é qualquer pessoa capaz, que seja graduada com no mínimo dois anos de ensino superior reconhecido pelo MEC e que tenha obtido a capacitação para atuar como mediador, em uma escola também reconhecida pelo MEC. O mediador extrajudicial é qualquer pessoa capaz que possua a confiança dos mediandos. Capacitado para realizar mediação, não precisa ser cadastrado em qualquer entidade ou classe. A mediação traz consigo inúmeros benefícios tanto para os clientes, advogados e toda a sociedade. Para os clientes a mediação traz um custo financeiro acessível, celeridade na resolução do conflito em si, trabalha para a manutenção das relações comerciais e em fim traz soluções sustentáveis e eficazes para os clientes. Já para os advogados podemos dizer que sua rotina se torna menos estressante, recebe seus honorários com menos tempo de espera. Traz aquela 6 sensação de dever cumprido ao ver seu cliente satisfeito, sua imagem como um profissional pela celeridade e a solução do conflito fica positiva e com todos esses benefícios acaba fidelizando seus clientes. Para a sociedade brasileira que acaba sendo a mais afetada, os benefícios são inúmeros tais como a facilidade no acesso à justiça, os conflitos vão diminuindo, a sociedade passa a ter mais credibilidade jurídica, contudo os negócios ampliam-se gerando uma repercussão econômica e um menor custo. A mediação conta com princípios que a norteiam, podemos encontra-los no art. 2º: Art.2º. A mediação será orientada pelos seguintes princípios: I- Imparcialidade do mediador; II- Isonomia entre as partes; III- Oralidade; IV- Informalidade; V- Autonomia da vontade das partes; VI- Busca de consenso; VII- Confidencialidade; VIII- Boa-fé. Simplificando os princípios norteadores podemos dizer que: I - Imparcialidade do mediador: para que haja imparcialidade é indispensável que o mediador não tenha nenhum interesse próprio nas questões envolvidas no conflito, nem dê conselhos ou demonstrações de apoio a qualquer uma das partes, ou seja, ser imparcial. II – Isonomia entre as partes: as partes têm liberdade na definição do procedimento, a mediação e a conciliação serão regidos conforme a livre autonomia dos interessados. 7 III- Oralidade: o princípio da oralidade tem como objetivo tornar a sessão um diálogo aberto, onde o mediador utilizando de suas técnicas, consiga trazer o diálogo entre as partes para que possam discutir sobre o conflito. IV- Informalidade: a mediação não possui uma estrutura pré-estabelecida, e um dos seus princípios norteadores está a informalidade. Ao praticar a informalidade devemos levar em conta que os atos praticados devem ser precisos, com clareza, concisão e simplicidade, para que ambas as partes se sintam confortáveis e acolhidas, dando assim início a uma sessão de mediação bastante proveitosa. V- Autonomia da vontade das partes: a autonomia da vontade das partes serve para que os mediandos não se sintam obrigados a estarem na sessão. Por esse princípio é importante que quando iniciada a sessão devemos informar que eles estão presentes por livre e espontânea vontade e que são corresponsáveis pelo sucesso ou insucesso da sessão de mediação. VI- Busca do consenso: esse princípio nos remete a essência da mediação que é fazer com que as partes, através do diálogo, cheguem a um consenso. VII – Confidencialidade: a confidencialidade é essencial pois tudo o que for dito na sessão de mediação, ficará na sessão de mediação. O mediador estará proibido de testemunhar em processos sobre o conflito tratado em questão. Esse princípio tem como objetivo maior, transmitir segurança e confiança pra os mediandos, para que eles possam tratar do conflito de forma aberta e sem constrangimentos. VIII- Boa-fé: agir com lealdade, ou seja, cumprir com tudo o que foi acordado na mediação, esse princípio rege todos os atos dos que se encontram presentes. A mediação é realizada através de etapas na etapa de preparação do mediador podemos começar citando o ambiente acolhedor, aterramento, acolhimento consigo e com os outros, sintonia com o comediador, toda a equipe reflexiva e o conhecimento do conflito quando possível. A postura do mediador deve ser acolhedora “escutadora” onde é indispensável ser ativa e empática, verbal e não verbal, pacificadora, respeitosa e em hipótese alguma ser invasiva. Sua postura tem que ser curiosa, assertiva, guardião do processo e agente de realidade. 8 O processo de mediação conta com cinco etapas; agenda, opções e negociação; possível entendimento; acompanhamento posterior. A primeira etapa é a pré-mediação e adesão,nela damos as boas vindas, nos apresentamos tanto dos mediadores e seus respectivos advogados, certificamos que todos os mediandos envolvidos no conflito estão presentes, perguntamos se já houve interações com mediadores antes, informamos nosso conceito, explicamos sobre a comediação e por fim os princípios e pilares. Na segunda etapa trabalhamos com a narrativa dos mediandos. Cabe ao mediador definir os critérios de qual dos medianos dará início às falas ou quem escuta primeiro. Ainda na segunda etapa narrativa visamos organizar os dados sobre o conflito, sua cronologia e genograma, através do que os medianos descrevam como o ponto crucial do conflito. Devemos nos atentar sobre o que está sendo mostrado, as posições e interesses e necessidades de cada um. Se preciso, utilizar do “Caucus” para que os mediandos se sintam à vontade para expor seu conflito confidencialmente e sem constrangimentos. Podemos definir o conflito com diferenças, opiniões divergentes, objetivos diferentes. Segundo VERZZULLA, 1998: “estar em confrontação com os desejos do outro que constitui um limite à realização dos nossos”; “o conflito é um desacordo e, em geral, as pessoas entram em conflito por divergência, opiniões e desejos de uma ou de ambas as partes” (VERZZULLA 1998). “Profunda a falta de entendimento entre as duas ou mais partes, o ato, estado ou efeito de divergirem acentuadamente ou de esporem duas ou mais coisas” (HOUAISS, 2001). Para melhor visualizarmos o conflito devemos separar as pessoas, os problemas e o processo, podendo assim alcançar uma solução. Ao separarmos as pessoas do conflito devemos analisar os seguintes aspectos: quem são os envolvidos; pessoas com interesse no conflito; quem pode ajudar a solucionar; quem pode positivamente interferir no conflito; quem tem a tomada de decisão. Nos problemas os aspectos analisados são: o motivo do conflito; as controvérsias; temas negociáveis; posturas das partes; objetivos; o que pedem; a 9 importância do que pedem; a necessidade do que pedem; benefícios do que pedem; a preocupação na situação. Já no processo observamos: em que fase o conflito está; tentativas de solução; comunicação das partes; desenvolvimento da comunicação; empoderamento na relação; em que se baseia esse poder; interesse de solução das partes; objetivo acerca do conflito. O desenvolvimento do conflito se dá em cinco níveis: 1º Nível - O desacordo original: onde pessoas ou partes que não possuem o mesmo objetivo ou opinião geram conflitos. 2º Nível - O antagonismo pessoal: as partes envolvidas no conflito passam a enxergar a outra parte negativamente, como um inimigo. Nesse nível é importante trabalhar os sentimentos das partes entre si para depois tratar do conflito. 3º Nível - Nível multiplicação dos assuntos: nesta etapa as partes envolvidas no conflito passam a se comunicar menos, o diálogo entre eles desaparece e é aonde os mal-entendidos surgem. 4º Nível - A triangulação: nesta fase as partes conflitantes passam a se comportarem como verdadeiros inimigos, com sentimento de vingança. Acabam utilizando por exemplo, dos conflitos como arma de ataque esquecendo o motivo atual do conflito. 5º Nível - Nível da polarização: esta etapa é considerada a mais difícil. Nesse nível o conflito passa a dividir-se em grupos até se espalhar por completo. As causas do conflito são diversas más as possibilidades de resolução também. Como tratamento do conflito podemos escolher o Processo Judicial, Arbitragem, Negociação, Conciliação ou Mediação. O tratamento através do Processo Judicial ocorre da seguinte forma, os conflitantes outorgam o poder de decisão ao Estado. 10 Na Arbitragem, as partes procuram um profissional em que ambos julguem imparcial e passam o poder de decisão a este profissional, porém, sem direito a recurso posterior à decisão. O tratamento realizado pela Negociação é o que mantém em ótimo diálogo entre as partes, e com esse diálogo as pessoas tem a capacidade de escolherem as melhores opções para o seu conflito. Na Conciliação o conflito é trabalhado através da estimulação do conciliador, que utiliza de técnicas e assim o conflito vai sendo tratado até resultar ou não em um acordo. A Mediação é essencial um profissional altamente capacitado, pois ele irá com suas técnicas trazer o diálogo, fazer com que as partes passem a ter uma comunicação colaborativa e junto a ele o poder de decisão para então assim poderem negociar seus conflitos. Tipo Objetivo Pergunta aberta Obter uma resposta geral Pergunta fechada Restringir informações ao sim/não Pergunta indireta Fazer com que as duas partes respondam Pergunta direta Dirigir a pergunta para uma de cada vez Pergunta orientada para o passado Obter informações relevantes do passado, só quando for necessário. Pergunta orientada para o presente Relembrar acordos vigentes Pergunta orientada para o futuro Foca a atenção em situações futuras Teste Verificar possibilidades Exploradora Obter mais informações Sistêmica Identificar fatores, sua interrelação e desenvolvimento nos fatos. Circulares Mostra a circularidade na relação Reflexivas Ajuda refletirem em suas ações Informativa Busca esclarecimentos 11 Para cada caso é aplicado um tipo ou vários tipos de perguntas, o objetivo destas perguntas é fazer com que as partes tenham um diálogo e possam assim expressar ou discutir sobre o conflito. Mapeamento do conflito: onde classificamos quem são as partes envolvidas, qual a questão a ser tratada e o que já foi realizado até o presente momento. O Enquadre: onde mencionamos os princípios norteadores, as regras da conciliação e todo o seu processo. Cáucus: que é um encontro individual, que é confidencial, o cáucus permite que as partes tratem de assuntos delicados sem causar constrangimentos entre outros inúmeros benefícios. Tarefas: tomamos como tarefas a responsabilidade de proporcionar momentos de reflexão sobre si, o outro e a relação entre si. As técnicas de comunicação têm por objetivo a construção de soluções para o conflito. O Reportt: que é o acolhimento onde temo o dever de fazer com que as partes se sintam confortáveis para tratar do conflito. Escuta Empática: onde passamos a nos colocar no lugar das partes, e pensar como elas. E a Escuta Ativa onde demonstramos nosso interesse total em colaborar para a resolução do conflito. Recontextualização: nesta técnica o foco total está no contexto mais amplo, como pessoas da mesma idade ou situação, passarem pelo mesmo conflito. Empoderamento e reconhecimento: nessa técnica as partes tomam as decisões e ambas reconhecem o conflito. Linguagem do “Eu”: é importante a utilização do “eu penso”, “eu percebi”, “eu e o conciliador percebemos”. O Afago ou Refaço apreciativo: nessa técnica faz com que vejamos além do que está sendo apresentado naquela situação. 12 Resumo: é interessante elaborar um resumo dos temas, de falas, citações e frases de reflexão. Espelhamento: é uma técnica interessante onde podemos refletir as atitudes que as partes transmitem para nós com a mesma intensidade da ação original. Esclarecimento: essa técnica é essencial para que não haja conflitos posteriores, é utilizando ela que deixamos claro, até que ambas as partes cheguem ao mesmo entendimento. A Paráfrase é bastante interessante trocarmos o “porque” pelo “o que isso significa para você”. Podemos utilizar uma ou todas elas durante a sessão, cabe ao mediador conseguir ministra-las corretamente e no tempocerto. Dentro das técnicas de negociação observamos alguns modelos de negociação, o modelo distributivo, modelo integrativo e a mediação colaborativa. O modelo distributivo de é distribuído a casa um o que lhe pertence. Uma parte sai ganhando e a outra perdendo, gerando a insatisfação de uma das partes. O modelo integrativo é onde ambas as partes saem ganhando, não por ter ganho 100% da ação e sim 50%. Neste modelo não há o auxílio de uma terceira pessoa, a solução parte das próprias partes envolvidas na negociação. A mediação colaborativa é parecida com a integrativa, porém, a diferença do item anterior, é que, necessita de uma terceira pessoa para facilitar o diálogo e chegarem a um consenso positivo onde todos saem ganhando. As principais escolas ou modelos de mediação é o Modelo Tradicional Linear de Harvard e a Mediação Circular Narrativa de Sara Cobb. Tem como princípios a imparcialidade, neutralidade e equidistância. O conflito é entendido como caos, confusão e desordem que necessita ser colocado em ordem. Este modelo tem como objetivo solucionar o problema do momento, sem causar uma transformação no indivíduo, onde é esperada uma solução sensata, eficiente e acima de tudo amigável. O modelo circular-narrativo de Sara Cobb é aplicado na mediação de conflitos familiares. A grande vantagem deste modelo é a sua aplicabilidade, pois está 13 centralizado tanto nas relações como nos acordos. Este modelo faz com que os mediandos enfrentem o problema, as reuniões individuais fazem parte desta etapa. A mediação transformativa tem como objetivo principal oferecer a oportunidade de desenvolver a capacidade autodeterminação e o às partes. Trabalha diretamente com o empoderamento e possui ferramentas próprias como a verificação, espelhamento e o resumo. Não é centrada em resolver o conflito e sim em transformar o relacionamento das partes. Com a Lei da Mediação, Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015, que conta com 31 artigos que dispõe sobre a mediação entre particulares e a autocomposição de conflitos na administração pública. Tanto a Lei Nº 13.140 de 26 de junho de 2015 como também os dispositivos do código de Processo Civil de 2015 que tratam da Mediação. Quando há um conflito as partes possuem os seguintes meios de solução: Jurisdição Estatal, onde o Estado exerce o poder para a resolução do conflito; Arbitragem, onde uma terceira pessoa de confiança e capacitada decide sobre o litígio apresentado jurisdição privada; Autotutela, que é a solução de conflito imposta pela força, ou seja, “fazer justiça com as próprias mãos”, há exceções como por exemplo a legítima defesa; Conciliação, uma terceira pessoa atua fazendo a intermediação das partes “facilitador do diálogo”; Mediação, uma terceira pessoa atua como mediador para conduzi-los a um acordo. Uma pergunta muito frequente já tratada neste presente artigo é a diferença entre mediação e conciliação. Podemos encontrar esta diferença no Código de Processo Civil, art. 165º. §§ 2º e 3º. Art. 165 § 2º O conciliador que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir solução para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem. Ou seja, o conciliador tem uma participação mais ativa no processo de negociação, preferencialmente nos casos em que não há vínculo entre as partes e pode sim sugerir soluções. 14 Art. 165 § 3º O mediador que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo em que eles possam, pelo recebimento da comunicação, identificar por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos. Ou seja, o mediador atua no auxilio e no restabelecimento do diálogo para que possam por si próprios chegarem a uma solução. Atua em casos onde há vínculo anterior e o mais importante, não propõe soluções. O conceito legal da mediação está disposto no art. 1º da Lei Nº 13.140 de 26 de junho de 2015. Art.1º da Lei Nº 13.140 de 26 de junho de 2015: Parágrafo Único. Considera- se mediação a atividade técnica exercida par terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, os auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a controversa. Ou seja, a mediação é um mecanismo para a solução de conflitos. O advogado é importante para a audiência de mediação, primeiro que as partes deverão ser assistidas na mediação judicial tratando-se de um processo judicial a capacidade postulatória é indispensável, segundo que o mediador que estiver conduzindo a audiência pode contar com dois estudiosos do Direito e qualquer dúvida jurídica relacionada ao processo poderá ser sanada ali mesmo, ou seja, o advogado pode contribuir para a resolução do conflito. Só não será necessário se o processo estiver nos juizados especiais. O Mediador deve propor solução? Uma questão Ética. Este tema é o mais discutido em debates, artigos e jornais. A postura Ética do mediador é indispensável onde deve guardar confiabilidade e respeito em seus processos. O mediador ideal é aquele que tenha capacidade de interagir com qualquer tipo de pessoa e nos mais diversos conflitos. O relacionamento entre o mediador e os mediandos dever respeitar os princípios da transparência. Saber distinguir mediador de conciliador é essencial e indispensável. 15 Pois o mediador não propões soluções, ele não pode emitir sua opinião ele trabalha com as técnicas essenciais e próprias para cada caso. Através destas técnicas o mediador faz com que as partes cheguem a uma solução com autonomia. Os critérios específicos a serem observados foram dados pelo CONIMA- Conselho Nacional de Mediação e Arbitragem onde dispõe que o mediador conduzirá sua conduta nos seguintes princípios: Imparcialidade, Credibilidade, Competência, Confiabilidade e Diligência. Do desenvolvimento do mediador frente a sua nomeação, frente as partes ao processo, frente a instituição ou entidade especializada respeitará o código e os princípios e utilizará de todo o treinamento específico de toda sua formação para conduzir a mediação. Finalizando o assunto abordado neste presente artigo, o mediador ao emitir uma opinião, ele estará infringindo os princípios e o código de ética da mediação. 16 REFERÊNCIAS ROBBIN, Stephan P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Printice Hall,2006. TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. São Paulo: Editora Método,2008 BERG, Ernesto Artur. Administração de conflitos: abordagens práticas para o dia a dia .1. ed. Curitiba: Juruá,2012 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e ao novo papel dos recursos humanos na organização. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsivier,2004, p.416. BARBOSA, Águida A. Relação de respeito. Boletim IBDFAM, Nº38, ano 6 p.7, maio- junho.2006.
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