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ARTIGO BIANCA MEDIAÇÕ 2018

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O MEDIADOR DEVE PROPOR SOLUÇÕES? UMA QUESTÃO ÉTICA 
THE MEDIATOR MUST PROPOSE SOLUTIONS? AN ETHICAL QUEST 
Bianca de Araújo Alexandre1 
Resumo: O Poder executivo vem buscando alternativas para a resolução de conflitos, 
as relações sociais se modificam e o judiciário tende a modificar-se também. A 
mediação é um recurso para a resolução de conflitos ou para prevenir situações de 
litígio. Esse recurso permite que as partes envolvidas possam discutir abertamente e 
chegarem ou não a uma solução. Para que isso ocorra é necessário um mediador 
com formação e apto para direcionar as partes. Um assunto que vem ganhando 
grande repercussão é o papel do mediador na mediação, afinal ele deve ou não propor 
soluções? E é exatamente esse assunto que discutiremos neste artigo. 
Palavras-chave: Mediação; Mediador; Soluções; Conflitos. 
Abstract: The executive branch has been seeking alternatives for resolving conflicts, 
social relations have changed, and the judiciary tends to change. Mediation is a 
resource for resolving disputes or preventing litigation. This feature allows the parties 
involved to discuss openly and arrive at a solution. For this to take place, a trained 
mediator is needed and able to direct the parties. A subject that has gained great 
repercussion is the role of the mediator in mediation, after all he must propose solutions 
or not? And that is exactly what we will discuss in this article. 
Keywords: Mediation; Mediator; Solutions; Conflicts. 
INTRODUÇÃO 
Desde o início da nossa existência vivemos em situações de conflito, 
causados inicialmente pelo instinto da sobrevivência e posteriormente pela falta de 
empatia nas sociedades organizadas. Esses conflitos tinham uma maneira de serem 
resolvidos um tanto quanto grosseiras antigamente, a base da força, hoje nós temos 
a figura do Estado no sentido de garantir a ordem social e o carácter civilizatório 
conquistado pelo homem. 
 
1 Graduanda de Direito, Universidade Anhanguera, Campus Osasco. 
 
1 
 
 
O MEDIADOR DEVE PROPOR SOLUÇÕES? UMA QUESTÃO ÉTICA 
Os conflitos nunca deixarão de existir, e a procura pelo Poder Judiciário só 
aumenta cada vez mais para a resolução de suas lides. Observa-se que o número 
crescente de processos judiciais tem acarretado uma insatisfação enorme a 
população em geral, essas que reclamam dos altos custos onde acabam 
impossibilitando o acesso à Justiça. 
O Poder Judiciário e suas leis foram desenvolvidos com o objetivo de fazer 
Justiça e manter a paz social, contudo os empasses citados acima gera um entrave a 
esse objetivo. Pensando nisso foram desenvolvidos meios para auxiliar o Judiciário 
quando o conflito não demanda necessariamente de um processo judicial ou que este 
não seja o meio mais adequado para a resolução da questão. 
Surgiu então a Mediação sendo uma prática extremamente viável que 
possibilita o diálogo entre as partes. A mediação permite que haja diálogo, 
diferentemente quando se tornam sujeitos passivos no processo judicial onde seu 
destino fica à mercê do magistrado. 
Para que isso ocorra é necessário um mediador com formação e apto para 
direcionar as partes, aplicando as técnicas levando os mediandos a refletirem como 
poderiam entrar em um acordo em que ambas as partes saiam ganhando o famoso 
GanhaxGanha². 
Um assunto que vem ganhando grande repercussão é o papel do mediador 
na mediação, afinal ele deve ou não propor soluções? E é exatamente esse assunto 
que discutiremos neste artigo. 
A mediação no Brasil vem desde muito tempo atrás, de 1500 a 1514 com as 
ordenações Afonsinas, segundo com as ordenações Manuelitas no ano de 1514 a 
1603 e terceiro com as ordenações Filipinas no ano de 1063 a 1916. 
Ambas as ordenações direcionavam a conciliação, que já era conhecida 
naqueles tempos como o “velho direito português”. Com o fim do Império e o início da 
______________________ 
² técnica utilizada durante a sessão de mediação onde ambas as partes saem ganhando. 
2 
 
 
república houve uma revogação nas leis que exigiam a tentativa da conciliação 
preliminar ou posterior nas causas civis ou comerciais como formalidade essencial 
com o decreto Lei nº359 na data de 06 de abril de 1890. 
Já em maio de 1943 com o decreto de Lei nº 5.452 trouxe os artigos 764º e 
parágrafos, artigo 831º e artigo 850º onde era incentivado a conciliação bem como a 
Lei de Alimentos de julho de 1968 Lei nº 5.478. Mas a valorização foi dada em de 
novembro de 1984 com a criação dos juizados de pequenas causas. Houve mudanças 
significantes com a Lei 8.952 na modificação do artigo 331º inclusão dos parágrafos 
§1º e §2º; incluído no inciso IV do artigo 125º, alteração do artigo 272º e inclusão do 
parágrafo único. Vejamos as mudanças: 
Art. 331 – Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções 
precedentes, e versar a causa sobre direitos que admitam transações, o juiz designará 
audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as 
partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou 
preposto, com poderes para transigir. (Redação dada pela Lei nº 10.444 de 2002). 
§1º Obtida a conciliação, será reduzida a termo e homologada por sentença. (Incluído 
pela Lei nº 8.952 de 1994). 
§2º Se, por qualquer motivo, não for obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos 
controvertidos, decidirá as questões processuais pendentes e determinará as provas 
a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário. 
(Incluído pela Lei nº 8.952 de 1994). 
Segue as mudanças feitas no artigo 125º do Código do Processo Civil: 
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste código, 
competindo-lhe: 
IV – Tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. (Incluído pela Lei nº8.952 
de 1994). 
Já no artigo 272º a mudança foi a inclusão do parágrafo único abaixo: 
Art.272º. O procedimento comum é ordinário ou sumário. 
3 
 
 
Parágrafo Único. O procedimento especial e o procedimento sumário regem-
se pelas disposições que lhes são próprias, aplicando-se lhes, subsidiariamente, as 
disposições gerais do procedimento ordinário. (Incluído pela Lei 8.952 de 1994) 
Dando um salto temporal após a aprovação do Novo Código de Processo Civil 
pelo Senado Federal, encaminhado à sanção presidencial em 17 de dezembro de 
2014, o Novo Código de Processo Civil, foi sancionado em 16 de março de 2015 Lei 
nº 13.105/15, com entrada em vigor em 17 de março de 2016, contam com 27 artigos 
onde mencionam a mediação e a conciliação. 
Aprovada a Lei de Mediação em 26 de junho de 2015 Lei nº 13.140/2015: 
Dispõe sobre a mediação entre particulares como meio de solução de 
controvérsias e sobre a outra composição de conflitos no âmbito da administração 
pública; altera a Lei nº 9.469 de 10 de julho de 1997, e o decreto de nº 70.235, de 6 
de março de 1972; e revoga o § 2º do art. 6º da Lei nº9.469 de 10 de julho de 1997. 
A mediação tem como base a cultura de paz onde é entendido que o conflito 
pode ser solucionado de uma maneira pacífica sem violência. 
A cultura de paz oficialmente iniciou-se pela UNESCO em 1999 com o objetivo 
de precaver-se de situações ameaçadoras contra a paz e a segurança. 
A resolução 43/243 de 6 de outubro de 1999 reconhece a cultura de paz não 
apenas, como a inexistência de conflitos, mas requer indispensavelmente três etapas 
de processos, o processo positivo, dinâmico e o participativo com atendimento e 
cooperação mútuas. 
A declaração sobre uma cultura de paz da ONU descreve em seu art.1º: 
Art. 1º Uma cultura de paz é um conjunto de valores, atitudes e tradições com 
pensamentos e estilos devidas baseados: 
a) No respeito a vida, no fim da violência e na promoção e prática da não-violência 
por meio da educação, do diálogo e da cooperação; 
b) No pleno respeito aos princípios de soberania, integridade territorial e 
independência política dos Estados e de não ingerência nos assuntos que são, 
4 
 
 
essencialmente, de jurisdição interna dos Estados, em conformidade com a Carta da 
Nações Unidas e ao Direito Internacional; 
c) No pleno respeito e na promoção de todos os direitos humanos e liberdades 
fundamentais; 
d) No compromisso com a solução pacífica dos conflitos; 
e) Nos esforços para satisfazer as necessidades de desenvolvimento e proteção do 
meio-ambiente para as gerações presentes e futuras; 
f) No respeito e promoção do direito ao desenvolvimento; 
g) No respeito e fomento à igualdade de direitos e oportunidades de mulheres e 
homens; 
h) No respeito e fomento ao direito de todas as pessoas à liberdade de expressão, 
opinião e formação; 
i) Na adesão aos princípios de liberdade, justiça, democracia, tolerância, 
solidariedade, cooperação, pluralismo, diversidade cultural, diálogo e entendimento 
em todos os níveis da sociedade e entre as nações; 
Examinados por uma atmosfera nacional e internacional que favoreça a paz. 
(Carta das Nações Unidas resolução 52/15, de 20 de novembro de 1997). 
De modo simplificado a conciliação utiliza-se da ajuda de um terceiro 
capacitado onde as pessoas por meio de técnicas aplicadas passam a negociar seus 
interesses. Veja o artigo 15º em seu parágrafo §2º: 
Art. 165º. §2º. O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos onde 
não houver, vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir solução para o litígio, 
sendo vetada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para 
que as partes conciliem. 
Ou seja, a conciliação é um mecanismo de solução de conflitos onde h não 
há vínculo entre elas, negociando apenas o assunto em questão. 
5 
 
 
A mediação utiliza da ajuda de um terceiro capacitado onde por meio de 
técnicas os mediandos recuperam o diálogo e junto o poder de decisão. Veja o art. 
165º em seu parágrafo §3º: 
Art.165 §3º. O mediador, que atuará preferencialmente nos casos que houver 
vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as 
questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo 
restabelecimento da comunicação, identificar por si próprios, soluções consensuais 
que gerem benefícios mútuos. 
Ou seja, a Mediação é um mecanismo de solução de conflitos, perfeito para 
os litígios onde há um vínculo entre as partes e com técnicas certas contribuem para 
que os mediandos possam encontrar uma solução através do diálogo colaborativo. 
O objetivo da conciliação é chegar a um acordo através de negociações, já na 
mediação o seu foco principal está na resolução do conflito e o reestabelecimento da 
relação social das partes. 
Citarei dois tipos de mediadores, o judicial e o extrajudicial. 
O mediador judicial é qualquer pessoa capaz, que seja graduada com no 
mínimo dois anos de ensino superior reconhecido pelo MEC e que tenha obtido a 
capacitação para atuar como mediador, em uma escola também reconhecida pelo 
MEC. 
O mediador extrajudicial é qualquer pessoa capaz que possua a confiança 
dos mediandos. Capacitado para realizar mediação, não precisa ser cadastrado em 
qualquer entidade ou classe. 
A mediação traz consigo inúmeros benefícios tanto para os clientes, 
advogados e toda a sociedade. 
Para os clientes a mediação traz um custo financeiro acessível, celeridade na 
resolução do conflito em si, trabalha para a manutenção das relações comerciais e 
em fim traz soluções sustentáveis e eficazes para os clientes. 
Já para os advogados podemos dizer que sua rotina se torna menos 
estressante, recebe seus honorários com menos tempo de espera. Traz aquela 
6 
 
 
sensação de dever cumprido ao ver seu cliente satisfeito, sua imagem como um 
profissional pela celeridade e a solução do conflito fica positiva e com todos esses 
benefícios acaba fidelizando seus clientes. 
Para a sociedade brasileira que acaba sendo a mais afetada, os benefícios 
são inúmeros tais como a facilidade no acesso à justiça, os conflitos vão diminuindo, 
a sociedade passa a ter mais credibilidade jurídica, contudo os negócios ampliam-se 
gerando uma repercussão econômica e um menor custo. 
A mediação conta com princípios que a norteiam, podemos encontra-los no 
art. 2º: 
Art.2º. A mediação será orientada pelos seguintes princípios: 
I- Imparcialidade do mediador; 
II- Isonomia entre as partes; 
III- Oralidade; 
IV- Informalidade; 
V- Autonomia da vontade das partes; 
VI- Busca de consenso; 
VII- Confidencialidade; 
VIII- Boa-fé. 
Simplificando os princípios norteadores podemos dizer que: 
I - Imparcialidade do mediador: para que haja imparcialidade é indispensável 
que o mediador não tenha nenhum interesse próprio nas questões envolvidas no 
conflito, nem dê conselhos ou demonstrações de apoio a qualquer uma das partes, 
ou seja, ser imparcial. 
II – Isonomia entre as partes: as partes têm liberdade na definição do 
procedimento, a mediação e a conciliação serão regidos conforme a livre autonomia 
dos interessados. 
7 
 
 
III- Oralidade: o princípio da oralidade tem como objetivo tornar a sessão um 
diálogo aberto, onde o mediador utilizando de suas técnicas, consiga trazer o diálogo 
entre as partes para que possam discutir sobre o conflito. 
IV- Informalidade: a mediação não possui uma estrutura pré-estabelecida, e 
um dos seus princípios norteadores está a informalidade. Ao praticar a informalidade 
devemos levar em conta que os atos praticados devem ser precisos, com clareza, 
concisão e simplicidade, para que ambas as partes se sintam confortáveis e acolhidas, 
dando assim início a uma sessão de mediação bastante proveitosa. 
V- Autonomia da vontade das partes: a autonomia da vontade das partes 
serve para que os mediandos não se sintam obrigados a estarem na sessão. Por esse 
princípio é importante que quando iniciada a sessão devemos informar que eles estão 
presentes por livre e espontânea vontade e que são corresponsáveis pelo sucesso ou 
insucesso da sessão de mediação. 
VI- Busca do consenso: esse princípio nos remete a essência da mediação 
que é fazer com que as partes, através do diálogo, cheguem a um consenso. 
VII – Confidencialidade: a confidencialidade é essencial pois tudo o que for 
dito na sessão de mediação, ficará na sessão de mediação. O mediador estará 
proibido de testemunhar em processos sobre o conflito tratado em questão. Esse 
princípio tem como objetivo maior, transmitir segurança e confiança pra os mediandos, 
para que eles possam tratar do conflito de forma aberta e sem constrangimentos. 
VIII- Boa-fé: agir com lealdade, ou seja, cumprir com tudo o que foi acordado 
na mediação, esse princípio rege todos os atos dos que se encontram presentes. 
A mediação é realizada através de etapas na etapa de preparação do 
mediador podemos começar citando o ambiente acolhedor, aterramento, acolhimento 
consigo e com os outros, sintonia com o comediador, toda a equipe reflexiva e o 
conhecimento do conflito quando possível. 
A postura do mediador deve ser acolhedora “escutadora” onde é 
indispensável ser ativa e empática, verbal e não verbal, pacificadora, respeitosa e em 
hipótese alguma ser invasiva. Sua postura tem que ser curiosa, assertiva, guardião 
do processo e agente de realidade. 
8 
 
 
O processo de mediação conta com cinco etapas; agenda, opções e 
negociação; possível entendimento; acompanhamento posterior. 
A primeira etapa é a pré-mediação e adesão,nela damos as boas vindas, nos 
apresentamos tanto dos mediadores e seus respectivos advogados, certificamos que 
todos os mediandos envolvidos no conflito estão presentes, perguntamos se já houve 
interações com mediadores antes, informamos nosso conceito, explicamos sobre a 
comediação e por fim os princípios e pilares. 
Na segunda etapa trabalhamos com a narrativa dos mediandos. Cabe ao 
mediador definir os critérios de qual dos medianos dará início às falas ou quem escuta 
primeiro. Ainda na segunda etapa narrativa visamos organizar os dados sobre o 
conflito, sua cronologia e genograma, através do que os medianos descrevam como 
o ponto crucial do conflito. Devemos nos atentar sobre o que está sendo mostrado, as 
posições e interesses e necessidades de cada um. 
Se preciso, utilizar do “Caucus” para que os mediandos se sintam à vontade 
para expor seu conflito confidencialmente e sem constrangimentos. 
Podemos definir o conflito com diferenças, opiniões divergentes, objetivos 
diferentes. Segundo VERZZULLA, 1998: “estar em confrontação com os desejos do 
outro que constitui um limite à realização dos nossos”; “o conflito é um desacordo e, 
em geral, as pessoas entram em conflito por divergência, opiniões e desejos de uma 
ou de ambas as partes” (VERZZULLA 1998). “Profunda a falta de entendimento entre 
as duas ou mais partes, o ato, estado ou efeito de divergirem acentuadamente ou de 
esporem duas ou mais coisas” (HOUAISS, 2001). 
Para melhor visualizarmos o conflito devemos separar as pessoas, os 
problemas e o processo, podendo assim alcançar uma solução. 
Ao separarmos as pessoas do conflito devemos analisar os seguintes 
aspectos: quem são os envolvidos; pessoas com interesse no conflito; quem pode 
ajudar a solucionar; quem pode positivamente interferir no conflito; quem tem a 
tomada de decisão. 
Nos problemas os aspectos analisados são: o motivo do conflito; as 
controvérsias; temas negociáveis; posturas das partes; objetivos; o que pedem; a 
9 
 
 
importância do que pedem; a necessidade do que pedem; benefícios do que pedem; 
a preocupação na situação. 
Já no processo observamos: em que fase o conflito está; tentativas de 
solução; comunicação das partes; desenvolvimento da comunicação; 
empoderamento na relação; em que se baseia esse poder; interesse de solução das 
partes; objetivo acerca do conflito. 
O desenvolvimento do conflito se dá em cinco níveis: 
1º Nível - O desacordo original: onde pessoas ou partes que não possuem o 
mesmo objetivo ou opinião geram conflitos. 
2º Nível - O antagonismo pessoal: as partes envolvidas no conflito passam a 
enxergar a outra parte negativamente, como um inimigo. Nesse nível é importante 
trabalhar os sentimentos das partes entre si para depois tratar do conflito. 
3º Nível - Nível multiplicação dos assuntos: nesta etapa as partes envolvidas 
no conflito passam a se comunicar menos, o diálogo entre eles desaparece e é aonde 
os mal-entendidos surgem. 
4º Nível - A triangulação: nesta fase as partes conflitantes passam a se 
comportarem como verdadeiros inimigos, com sentimento de vingança. Acabam 
utilizando por exemplo, dos conflitos como arma de ataque esquecendo o motivo atual 
do conflito. 
5º Nível - Nível da polarização: esta etapa é considerada a mais difícil. Nesse 
nível o conflito passa a dividir-se em grupos até se espalhar por completo. 
As causas do conflito são diversas más as possibilidades de resolução 
também. 
Como tratamento do conflito podemos escolher o Processo Judicial, 
Arbitragem, Negociação, Conciliação ou Mediação. 
O tratamento através do Processo Judicial ocorre da seguinte forma, os 
conflitantes outorgam o poder de decisão ao Estado. 
10 
 
 
Na Arbitragem, as partes procuram um profissional em que ambos julguem 
imparcial e passam o poder de decisão a este profissional, porém, sem direito a 
recurso posterior à decisão. 
O tratamento realizado pela Negociação é o que mantém em ótimo diálogo 
entre as partes, e com esse diálogo as pessoas tem a capacidade de escolherem as 
melhores opções para o seu conflito. 
Na Conciliação o conflito é trabalhado através da estimulação do conciliador, 
que utiliza de técnicas e assim o conflito vai sendo tratado até resultar ou não em um 
acordo. 
 A Mediação é essencial um profissional altamente capacitado, pois ele irá 
com suas técnicas trazer o diálogo, fazer com que as partes passem a ter uma 
comunicação colaborativa e junto a ele o poder de decisão para então assim poderem 
negociar seus conflitos. 
Tipo Objetivo 
Pergunta aberta Obter uma resposta geral 
Pergunta fechada Restringir informações ao sim/não 
Pergunta indireta Fazer com que as duas partes 
respondam 
Pergunta direta Dirigir a pergunta para uma de cada 
vez 
Pergunta orientada para o passado Obter informações relevantes do 
passado, só quando for necessário. 
Pergunta orientada para o presente Relembrar acordos vigentes 
Pergunta orientada para o futuro Foca a atenção em situações futuras 
Teste Verificar possibilidades 
Exploradora Obter mais informações 
Sistêmica Identificar fatores, sua interrelação e 
desenvolvimento nos fatos. 
Circulares Mostra a circularidade na relação 
Reflexivas Ajuda refletirem em suas ações 
Informativa Busca esclarecimentos 
11 
 
 
Para cada caso é aplicado um tipo ou vários tipos de perguntas, o objetivo 
destas perguntas é fazer com que as partes tenham um diálogo e possam assim 
expressar ou discutir sobre o conflito. 
Mapeamento do conflito: onde classificamos quem são as partes envolvidas, 
qual a questão a ser tratada e o que já foi realizado até o presente momento. 
O Enquadre: onde mencionamos os princípios norteadores, as regras da 
conciliação e todo o seu processo. 
Cáucus: que é um encontro individual, que é confidencial, o cáucus permite 
que as partes tratem de assuntos delicados sem causar constrangimentos entre 
outros inúmeros benefícios. 
Tarefas: tomamos como tarefas a responsabilidade de proporcionar 
momentos de reflexão sobre si, o outro e a relação entre si. 
As técnicas de comunicação têm por objetivo a construção de soluções para 
o conflito. 
O Reportt: que é o acolhimento onde temo o dever de fazer com que as partes 
se sintam confortáveis para tratar do conflito. 
Escuta Empática: onde passamos a nos colocar no lugar das partes, e pensar 
como elas. E a Escuta Ativa onde demonstramos nosso interesse total em colaborar 
para a resolução do conflito. 
Recontextualização: nesta técnica o foco total está no contexto mais amplo, 
como pessoas da mesma idade ou situação, passarem pelo mesmo conflito. 
Empoderamento e reconhecimento: nessa técnica as partes tomam as 
decisões e ambas reconhecem o conflito. 
Linguagem do “Eu”: é importante a utilização do “eu penso”, “eu percebi”, “eu 
e o conciliador percebemos”. 
O Afago ou Refaço apreciativo: nessa técnica faz com que vejamos além do 
que está sendo apresentado naquela situação. 
12 
 
 
Resumo: é interessante elaborar um resumo dos temas, de falas, citações e 
frases de reflexão. 
Espelhamento: é uma técnica interessante onde podemos refletir as atitudes 
que as partes transmitem para nós com a mesma intensidade da ação original. 
Esclarecimento: essa técnica é essencial para que não haja conflitos 
posteriores, é utilizando ela que deixamos claro, até que ambas as partes cheguem 
ao mesmo entendimento. A Paráfrase é bastante interessante trocarmos o “porque” 
pelo “o que isso significa para você”. 
Podemos utilizar uma ou todas elas durante a sessão, cabe ao mediador 
conseguir ministra-las corretamente e no tempocerto. 
Dentro das técnicas de negociação observamos alguns modelos de 
negociação, o modelo distributivo, modelo integrativo e a mediação colaborativa. 
O modelo distributivo de é distribuído a casa um o que lhe pertence. Uma 
parte sai ganhando e a outra perdendo, gerando a insatisfação de uma das partes. 
O modelo integrativo é onde ambas as partes saem ganhando, não por ter 
ganho 100% da ação e sim 50%. Neste modelo não há o auxílio de uma terceira 
pessoa, a solução parte das próprias partes envolvidas na negociação. 
A mediação colaborativa é parecida com a integrativa, porém, a diferença do 
item anterior, é que, necessita de uma terceira pessoa para facilitar o diálogo e 
chegarem a um consenso positivo onde todos saem ganhando. 
As principais escolas ou modelos de mediação é o Modelo Tradicional Linear 
de Harvard e a Mediação Circular Narrativa de Sara Cobb. Tem como princípios a 
imparcialidade, neutralidade e equidistância. O conflito é entendido como caos, 
confusão e desordem que necessita ser colocado em ordem. Este modelo tem como 
objetivo solucionar o problema do momento, sem causar uma transformação no 
indivíduo, onde é esperada uma solução sensata, eficiente e acima de tudo amigável. 
O modelo circular-narrativo de Sara Cobb é aplicado na mediação de conflitos 
familiares. A grande vantagem deste modelo é a sua aplicabilidade, pois está 
13 
 
 
centralizado tanto nas relações como nos acordos. Este modelo faz com que os 
mediandos enfrentem o problema, as reuniões individuais fazem parte desta etapa. 
A mediação transformativa tem como objetivo principal oferecer a 
oportunidade de desenvolver a capacidade autodeterminação e o às partes. Trabalha 
diretamente com o empoderamento e possui ferramentas próprias como a verificação, 
espelhamento e o resumo. Não é centrada em resolver o conflito e sim em transformar 
o relacionamento das partes. 
Com a Lei da Mediação, Lei nº 13.140, de 26 de junho de 2015, que conta 
com 31 artigos que dispõe sobre a mediação entre particulares e a autocomposição 
de conflitos na administração pública. 
Tanto a Lei Nº 13.140 de 26 de junho de 2015 como também os dispositivos 
do código de Processo Civil de 2015 que tratam da Mediação. 
Quando há um conflito as partes possuem os seguintes meios de solução: 
Jurisdição Estatal, onde o Estado exerce o poder para a resolução do conflito; 
Arbitragem, onde uma terceira pessoa de confiança e capacitada decide sobre o litígio 
apresentado jurisdição privada; Autotutela, que é a solução de conflito imposta pela 
força, ou seja, “fazer justiça com as próprias mãos”, há exceções como por exemplo 
a legítima defesa; Conciliação, uma terceira pessoa atua fazendo a intermediação das 
partes “facilitador do diálogo”; Mediação, uma terceira pessoa atua como mediador 
para conduzi-los a um acordo. 
Uma pergunta muito frequente já tratada neste presente artigo é a diferença 
entre mediação e conciliação. Podemos encontrar esta diferença no Código de 
Processo Civil, art. 165º. §§ 2º e 3º. 
Art. 165 § 2º O conciliador que atuará preferencialmente nos casos em que 
não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir solução para o litígio, 
sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para 
que as partes conciliem. 
Ou seja, o conciliador tem uma participação mais ativa no processo de 
negociação, preferencialmente nos casos em que não há vínculo entre as partes e 
pode sim sugerir soluções. 
14 
 
 
Art. 165 § 3º O mediador que atuará preferencialmente nos casos em que 
houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as 
questões e os interesses em conflito, de modo em que eles possam, pelo recebimento 
da comunicação, identificar por si próprios, soluções consensuais que gerem 
benefícios mútuos. 
Ou seja, o mediador atua no auxilio e no restabelecimento do diálogo para 
que possam por si próprios chegarem a uma solução. Atua em casos onde há vínculo 
anterior e o mais importante, não propõe soluções. 
O conceito legal da mediação está disposto no art. 1º da Lei Nº 13.140 de 26 
de junho de 2015. 
Art.1º da Lei Nº 13.140 de 26 de junho de 2015: Parágrafo Único. Considera-
se mediação a atividade técnica exercida par terceiro imparcial sem poder decisório, 
que, escolhido ou aceito pelas partes, os auxilia e estimula a identificar ou desenvolver 
soluções consensuais para a controversa. 
Ou seja, a mediação é um mecanismo para a solução de conflitos. 
O advogado é importante para a audiência de mediação, primeiro que as 
partes deverão ser assistidas na mediação judicial tratando-se de um processo judicial 
a capacidade postulatória é indispensável, segundo que o mediador que estiver 
conduzindo a audiência pode contar com dois estudiosos do Direito e qualquer dúvida 
jurídica relacionada ao processo poderá ser sanada ali mesmo, ou seja, o advogado 
pode contribuir para a resolução do conflito. Só não será necessário se o processo 
estiver nos juizados especiais. 
O Mediador deve propor solução? Uma questão Ética. Este tema é o mais 
discutido em debates, artigos e jornais. A postura Ética do mediador é indispensável 
onde deve guardar confiabilidade e respeito em seus processos. 
O mediador ideal é aquele que tenha capacidade de interagir com qualquer 
tipo de pessoa e nos mais diversos conflitos. 
O relacionamento entre o mediador e os mediandos dever respeitar os 
princípios da transparência. Saber distinguir mediador de conciliador é essencial e 
indispensável. 
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Pois o mediador não propões soluções, ele não pode emitir sua opinião ele 
trabalha com as técnicas essenciais e próprias para cada caso. Através destas 
técnicas o mediador faz com que as partes cheguem a uma solução com autonomia. 
 
Os critérios específicos a serem observados foram dados pelo CONIMA- 
Conselho Nacional de Mediação e Arbitragem onde dispõe que o mediador conduzirá 
sua conduta nos seguintes princípios: Imparcialidade, Credibilidade, Competência, 
Confiabilidade e Diligência. 
Do desenvolvimento do mediador frente a sua nomeação, frente as partes ao 
processo, frente a instituição ou entidade especializada respeitará o código e os 
princípios e utilizará de todo o treinamento específico de toda sua formação para 
conduzir a mediação. 
Finalizando o assunto abordado neste presente artigo, o mediador ao emitir 
uma opinião, ele estará infringindo os princípios e o código de ética da mediação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ROBBIN, Stephan P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Printice Hall,2006. 
TARTUCE, Fernanda. Mediação nos conflitos civis. São Paulo: Editora Método,2008 
BERG, Ernesto Artur. Administração de conflitos: abordagens práticas para o dia a 
dia .1. ed. Curitiba: Juruá,2012 
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e ao novo papel dos recursos 
humanos na organização. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsivier,2004, p.416. 
BARBOSA, Águida A. Relação de respeito. Boletim IBDFAM, Nº38, ano 6 p.7, maio-
junho.2006.

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