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17/03/2018 Universidade Paulista - UNIP | Disciplina Online
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/71952 1/6
  
  
Breve panorama das literaturas africanas em língua portuguesa 
 
 
Texto 1- Introdução 
  
           Há vários países africanos que foram colonizados pelos portugueses e estiveram submetidos à metrópole por cinco séculos,
conseguindo sua independência somente em 1975, logo após a Revolução dos Cravos. São eles Angola, Moçambique, Cabo Verde,
Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe. Com exceção de Cabo Verde, os outros territórios eram habitados por diferentes povos,
diferentes etnias, com múltiplas línguas e costumes. 
  
           Existe atualmente uma sólida literatura em língua portuguesa nesses países, com suas especiͅcidades nacionais. Contudo,
ela não é exclusiva e convive com os diferentes dialetos e línguas orais. 
  
           Para se ter uma literatura nacional, é preciso que se tenha uma consciência nacional, uma ideia ampla de uma nação,
promovida por grupos sociais especíͅcos. Nesses países africanos, essa consciência nacional é um fato recente e ainda está em
processo de aͅrmação. Apesar da independência,   ainda persiste nesses países uma mentalidade colonialista aliada ao
subdesenvolvimento. 
  
           O início dessas literaturas africanas foi marcado pelos movimentos de resistência e de luta pela libertação política  e por um
resgate das tradições locais, principalmente nos anos 60. Vários dos escritores foram revolucionários,  envolveram-se em guerrilhas
e nos movimentos de libertação. 
  
           Assim como ocorreu com o Neorrealismo, os escritores africanos também receberam in͆uência dos romancistas brasileiros,
como Jorge Amado, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, entre outros. 
  
           O colonialismo foi nocivo  ao desenvolvimento cultural do continente africano. Mesmo após sua independência, há muitas
lacunas a serem preenchidas. A maioria dos escritores manifesta, portanto, o desejo de resgatar o passado, entender melhor sua
história,conhecer suas raízes e preencher essas lacunas. 
  
           Há uma extensa lista de escritores, destacaremos aqui apenas alguns de Angola e Moçambique.
17/03/2018 Universidade Paulista - UNIP | Disciplina Online
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/71952 2/6
O início das literaturas africanas em Língua Portuguesa  foi marcado por qual contexto histórico? 
  
Resposta: As literaturas africanas  foram  marcadas  por movimentos de resistência ao colonialismo português, principalmente nos
anos 60. 
  
Para saber mais sobre as literaturas lusófonas, 
  
Acesse os seguintes sites: 
  
Revista Crioula 
  
http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/index.php (http://www.fflch.usp.br/dlcv/revistas/crioula/index.php) 
  
Revista Via Atlântica:
http://www.fflch.usp.br/dlcv/posgraduacao/ecl/index.html    (http://www.fflch.usp.br/dlcv/posgraduacao/ecl/index.html   )
Texto 2-   Angola
  
Alfredo Troni( 1845-1904), português que viveu a maior parte de sua vida em Angola. Publicou no jornal Diário da Manhã em
folhetins, a novela Nga Muturi(Senhora viúva). Outro importante escritor que adotou Angola como sua pátria foi o moçambicano
Castro Soromenho(1910-1968), com destaque para as obras  Terra morta (1949), Viragem(1957) e Chaga(1970), publicadas em
Portugal. 
  
           Um dos principais poetas angolanos foi Agostinho Neto (1922-1979), um revolucionário, presidente do partido de libertação
de Angola (MPLA). Tornou-se o primeiro presidente do país independente. 
  
           Como grande contista, destacamos José Luandino Vieira(1935-), nasceu em Portugal, mas radicou-se em Angola desde
criança. Seus livros de contos  Luanda e A cidade e a infância foram publicados no Brasil pela Companhia das Letras. 
José Eduardo Agualusa
17/03/2018 Universidade Paulista - UNIP | Disciplina Online
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/71952 3/6
            Destacamos ainda José Eduardo Agualusa [Alves da Cunha] que  nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura
e Agronomia em Lisboa, Portugal. Os seus livros estão traduzidos em 25 idiomas. Algumas de suas obras: A conjura( 1989), Estação
das chuvas(1996), Nação crioula(1997), Um estranho em Goa(2000), o ano que Zumbi tomou o Rio(2002), O vendedor de
passados(2004), As mulheres de meu pai(2007), Barroco tropical(2009), Teoria geral do esquecimento(2012),  A rainha Ginga
(2014), O livro dos camaleões(2015).
http://www.agualusa.pt/ (http://www.agualusa.pt/)
Ondjaki 
             Um jovem escritor da atualidade é Ondjaki, nascido em Luanda em 1977, esse prosador e poeta recebeu em 2008 o prêmio
“Grinzane for África”, em 2013, Prêmio José Saramago. Algumas de suas obras: "Bom Dia Camaradas" (romance, 2001) ,
"Momentos de Aqui" (contos, 2001), "O Assobiador" (novela, 2002), "Quantas Madrugadas Tem a Noite" (romance, 2004), “E se
amanhã o medo” (contos, 2005), “Os da minha rua” (estórias, 2007), “AvóDezanove e o segredo do soviético” (romance, 2008), “Os
vivos, o morto e o peixe-frito” (teatro, 2009 - Ed. especial, BRASIL), “a bicicleta que tinha bigodes” (juvenil, 2011), “uma escuridão
bonita” (juvenil, 2013), “os transparentes” (romance, 2012)                                      
http:// http://www.kazukuta.com/ondjaki/ondjaki.html (http:// http://www.kazukuta.com/ondjaki/ondjaki.html) 
 
Pepetela 
    
           Um grande romancista angolano é Pepetela, nome próprio Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, que nasceu em Angola,
na província litoral de Benguela, aos 29 de Outubro de 1941. Descendente de uma família colonial, os seus pais eram, no entanto,
já nascidos em Angola. Sua extensa obra demonstra o ideal desse grande escritor: a busca incessante de  recontar a história para
encontrar a identidade nacional. 
  
           Participou intensamente do MPLA e de diversas guerrilhas. Através da leitura de Mayombe, podemos ter um panorama bem
realista do confronto armado que ocorrera. É um documento social, assim como uma visão utópica sobre o futuro, um sonho de
como Angola poderia ser. 
  
Muana Puó –(1969 ) Mayombe - Romance escrito entre 1970 e 1971 e publicado em 1980. As Aventuras de Ngunga (1973). A
Corda (1976) A Revolta da Casa dos Ídolos (1978) O Cão e os Calus (1985) Yaka (1984) Lueji, o Nascimento de um Império (1989).
Luandando – (1990) A Geração da Utopia - Romance que começou a ser escrito em 1972 e publicado em 1994. A Gloriosa Família,
o Tempo dos Flamingos (1997). O Desejo de Kianda (1995) A Parábola do Cágado Velho (1997). A Montanha da Água Lilás, fábula
para todas as idades(2000)Jaime Bunda, o agente secreto (2002), O planalto e a estepe( 2009),A Sul. O sombreiro(2011), O tímido
e as mulheres(2013),Crônicas maldispostas(2015).
http://pepetela.blogs.sapo.pt/ (http://pepetela.blogs.sapo.pt/) 
     
Texto 3- Mayombe 
  
Veja um trecho de Mayombe em que o personagem explica como é difícil ser tribalista, ter preconceitos pelos de outras tribos, em
um país tão multicultural, tão complexo: 
17/03/2018 Universidade Paulista - UNIP | Disciplina Online
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/71952 4/6
  
“Meu pai era um trabalhador bailundo da Diamang, minha mãe era um kimbundo do Songo. O meu pai morreu tuberculoso com o
trabalho das minas, um ano depois de eu nascer. Nasci na Lunda no centro do diamante. O meu pai cavou com a picareta a terra
virgem, vagões de terra, que ia ser separada para dela se libertarem os diamantes. Morreu num hospital da companhia,
tuberculoso. O meu pai pegou com as mãos rudes milhares de escudos de diamantes. A nós não deixou um só, sequer o salário de
um mes. O diamante -lhe no peito, chupou-lhe a força, chupou, até que ele morreu .O brilho do diamante são as lágrimas dos
trabalhadores da Companhia. A dureza do diamante é ilusão : não é mais que gotas de suor esmagadas pelas toneladas de terra
que o cobrem.  
  
Nasci no meio de diamantes semos ver. Talvez porque nasci no meio de diamantes, ainda jovem senti atrações pelas gotas do mar
imenso, aquelas gotas-diamante que chocam contra o casco dos navios e saltam para o ar, aos milhares, com o brilho leitoso das
lágrimas escondidas.  
  
O mar foi por mim percorrido durante anos, de norte para sul, até a Namíbia, onde o deserto vem misturar-se com a areia da praia,
até ao Gabão e ao Ghana, e ao Senegal, onde o verde das praias vai amarelecendo, até de novo se confundir com elas na
Mauritânia, juntando a África do Norte à África Austral, no amarelo das suas praias. Marinheiro do Atlântico, e mesmo do Índico eu
fui. Cheguei até a Arábia, e de novo, encontrei as praias amarelas de Moçâmedes e Benguela, onde cresci. Praias de Benguela,
praias da Mauritânia, praias da Arábia, não são as amarelas praias de todo o Mundo?  
  
.......................................................................................................  
  
Onde eu nasci, havia homens de todas as línguas vivendo nas casas comuns e miseráveis da Companhia. Onde eu cresci, no Bairro
Benͅca, em Benguela, havia homens de todas as línguas, sofrendo as mesmas amarguras. O primeiro bando a que pertenci tinha
mesmo meninos brancos, e tinha miúdos nascidos de pai umbundo, tchokue, kimbundo, ͅote, kuanhama.  
  
..........................................................................................................................  
  
Querem hoje que eu seja tribalista?  
  
De que tribo ? pergunto eu. de que tribo, se eu sou de todas as tribos, não só de Angola, como de África ? Não falo eu o swahili, não
aprendi eu o haussa com um nigeriano ? Qual é a minha língua, eu, que não dizia uma frase sem empregar palavras de línguas
diferentes ? E agora, que utilizo para falar com os camaradas, para deles ser compreendido ? O português . A que tribo pertence a
língua portuguesa ?  
  
Eu sou o que é posto de lado porque não seguiu o sangue da mãe kimbundo ou o sangue do pai umbundo. Também Sem Medo,
também Teoria, também o Comissário, e tantos outros mais.  
  
A imensidão do mar que nada pode modiͅcar ensinou-me a paciência. O mar une, estreita, o mar liga. Nós também temos o nosso
mar interior, que não é nem o Kuanza, nem o Loje, nem o Kunene. O nosso mar, feito de gotas-diamante, suores e lágrimas
esmagados, o nosso mar é o brilho da arma bem oleada que faísca no meio da verdura do Mayombe, lançando fulgurões de
diamante ao sol da Lunda. Eu, Muatiânvua, de nome de rei, eu que escolhi a minha rota no meio dos caminhos do Mundo, eu,
17/03/2018 Universidade Paulista - UNIP | Disciplina Online
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/71952 5/6
ladrão, marinheiro, contrabandista, guerrilheiro, sempre à margem de tudo ( mas não é a praia uma margem ? ) , eu não preciso de
me apoiar numa tribo para  sentir a minha força. a minha força vem da terra que chupou a força de outros homens, a minha força
vem do esforço de puxar o cabo e dar à manivela e de dar murros na mesa duma taberna situada algures no Mundo, à margem da
rota dos transatlânticos que passam, indiferentes, sem nada compreenderem do que é o brilho-diamante da areia duma praia.”
(PEPETELA,1982 p. 138-140) 
 
Que aspectos marcaram as obras iniciais  de Pepetela? 
  
Resposta : A marca principal de Pepetela, principalmente em suas obras iniciais, foi a busca a identidade nacional angolana.  O
autor procurou preencher as lacunas culturais e históricas deixadas pela colonização portuguesa. 
  
Texto  4- Moçambique
  
           José Craveirinha( 1922-2003) é considerado o maior poeta moçambicano. Foi o primeiro escritor africano a receber o Prêmio
Camões em 1991.  Obras: Xigubo (1964), Cantico a un dio di Catrame (bilingue português italiano(1966 )(trad. e prefácio Joyce
Lussu)  Karingana ua karingana(1974), Cela 1(1980), Maria (1988). 
           Como ͅccionistas, podemos citar Luís Bernardo Honwana(1942-) com o livro  Nós matamos o cão tinhoso, 1964  e Orlando
Mendes (1916-1990), como Portagem,1966. 
  
Mia Couto 
  
            
           Um dos autores que se destacam na atualidade é Mia Couto ( Antônio Emílio Leite Couto), nascido em Beira, Moçambique
em 1955 é considerado por muitos como um dos melhores de sua geração. Segundo o autor, o apelido “mia” se refere a sua paixão
por gatos. Jornalista e biólogo,possui uma vasta produção de contos e romances, em um estilo original, envolvente, cheio de
neologismos e fatos insólitos,  circulando entre o fantástico e o real. Suas obras têm sido traduzidas em diversas línguas e várias
são publicadas no Brasil. 
  
Pela Cia das Letras,  há as seguintes publicações: MULHERES DE CINZAS (2015) ,NA BERMA DE NENHUMA ESTRADA (2015)  
CONTOS DO NASCER DA TERRA (2014),  VOZES ANOITECIDAS (2013) ,  A MENINA SEM PALAVRA (2013)  CADA HOMEM É UMA RAÇA
(2013) -A CONFISSÃO DA LEOA (2012) - ESTÓRIAS ABENSONHADAS (2012),  E SE OBAMA FOSSE AFRICANO? (2011) -  ANTES DE
NASCER O MUNDO (2009) -O FIO DAS MISSANGAS (2009) -  O GATO E O ESCURO (2008) -  VENENOS DE DEUS REMÉDIOS DO DIABO
(2008) - TERRA SONÂMBULA (2007) -  A VARANDA DO FRANGIPANI (2007) - O OUTRO PÉ DA SEREIA (2006) -O ÚLTIMO VOO DO
FLAMINGO (2005)  
Obras: Raiz de Orvalho(1983), Vozes anoitecidas (1986),Cada Homem é uma Raça (1990), Cronicando (1991), Terra Sonâmbula
(1992), Estórias abensonhadas (1994), A Varanda do Frangipani (1996), O último voo do ͆amingo (2000), Um rio chamado
tempo,uma casa chamada terra( 2002), Fio de Missangas (2004), Chuva pasmada(2004),Outro pé da sereia (2006), O beijo da
palavrinha (2008),Venenos de Deus, Remédio do Diabo (2008)......
17/03/2018 Universidade Paulista - UNIP | Disciplina Online
https://online.unip.br/conteudo/detalhes/71952 6/6
http://www.miacouto.org/#portfolio (http://www.miacouto.org/#portfolio)
    
Veja um trecho de Terra sonâmbula, romance que retrata o pós-guerra em Moçambique, uma terra devastada pela qual pessoas
caminham perdidas,  sonâmbulas, em busca de um horizonte. 
  
“Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras. A
paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores sujas, tão sujas que tinham perdido
toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao
chão, em resignada aprendizagem da morte. 
A estrada que agora se abre a nossos olhos não se entrecruza com outra nenhuma. Está mais deitada que os séculos, suportando
sozinha toda a distância. Pelas bermas apodrecem carros incendiados, restos de pilhagens. Na savana em volta, apenas os
embondeiros contemplam o mundo a des͆orir. 
Um velho e um miúdo vão seguindo pela estrada. Andam bambolentos como se caminhar fosse seu único serviço desde que
nasceram. Vão para lá de nenhuma parte, dando o vindo por não ido, à espera do adiante. Fogem da guerra, dessa guerra que
contaminara toda a sua terra. Vão na ilusão de, mais além, haver um refúgio tranquilo. (…)”  (COUTO, 1992)

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