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Serviço Social Interdisciplinar Unidade I

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Autora: Profa. Daniela Emilena Santiago
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudela Nanias
Profa. Glaucia Aquino
Serviço Social 
Interdisciplinar
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Professora conteudista: Daniela Emilena Santiago
Daniela Emilena Santiago é assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), possui 
pós‑graduação em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e é 
mestre em Psicologia pela Universidade Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Assis‑SP. Atualmente, é 
funcionária pública municipal, atuando como assistente social junto à Secretaria Municipal de Promoção Social do 
município de Quatá – SP. Também exerce a função de docente no curso de Serviço Social da Universidade Paulista 
(UNIP), campus de Assis‑SP.
Além das experiências acima relatadas, a docente exerce a função de líder na Universidade Paulista, e tal função 
pressupõe muita leitura dos conteúdos destinados à formação do Serviço Social para posteriormente colaborar 
na elaboração dos planos de ensino e demais intervenções que se façam necessárias para a formação dos futuros 
assistentes sociais. Essas intervenções são empreendidas tanto junto aos cursos de graduação na modalidade presencial 
quanto nos cursos de graduação na modalidade a distância.
Partindo disso, e tendo em vista sempre a qualidade prestada para essa formação, elaborou o presente livro‑texto 
que irá trabalhar os conceitos relacionados à disciplina Serviço Social Interdisciplinar, sendo essa mais uma disciplina 
fundamental para a formação profissional. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S235s Santiago, Daniela Emilena
Serviço social interdisciplinar / Daniela Emilena Santiago. ‑ São 
Paulo: Editora Sol, 2014. 
 88 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XIX, n. 2‑033/14, ISSN 1517‑9230.
1. Serviço social. 2. Interdisciplinaridade 3. Práticas 
Interdisciplinares I.Título.
CDU 364
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Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Sueli Brianezi Carvalho
 Amanda Casale
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Sumário
Serviço Social Interdisciplinar
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 INTERDISCIPLINARIDADE: hISTóRIA, CONCEITUAçãO E PRINCIPAIS CONSIDERAçõES
 SOBRE O TEMA .................................................................................................................................................... 11
1.1 história e interdisciplinaridade ....................................................................................................... 11
2 A CONCEITUAçãO ACERCA DA INTERDISCIPLINARIDADE ............................................................. 20
3 AS DIFERENCIAçõES ENTRE OS CONCEITOS: MULTIDISCIPLINARIDADE, A 
PLURIDISCIPLINARIDADE E A TRANSDISCIPLINARIDADE ................................................................... 34
4 OS PROCESSOS DE TRABALhO, O TRABALhO COLETIVO E A INFLUêNCIA DA PRáTICA 
INTERDISCIPLINAR .............................................................................................................................................. 42
Unidade II
5 A INTERDISCIPLINARIDADE E O SERVIçO SOCIAL.............................................................................. 55
5.1 história da interdisciplinaridade junto ao Serviço Social .................................................... 55
6 CONCEITOS SOBRE INTERDISCIPLINARIDADE QUE NORTEIAM A PRáTICA 
CONTEMPORâNEA .............................................................................................................................................. 60
7 A LEGISLAçãO QUE DEVE ORIENTAR A PRáTICA DO ASSISTENTE SOCIAL .............................. 66
8 EXEMPLOS DE PRáTICAS INTERDISCIPLINARES POSTAS PELO SERVIçO SOCIAL .................. 74
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APrESEntAção
A disciplina Serviço Social Interdisciplinar tem como objetivo geral propor um espaço de reflexão 
crítica sobre a questão da interdisciplinaridade, produzindo novos saberes identificados com o exercício 
profissional compromissado com as classes as quais atende.
Ou seja, esses novos conhecimentos devem ser orientados para a atuação, para a prática profissional. 
Tal prática, por sua vez, deve ser guiada no sentido de defender o compromisso ético‑político assumido 
por toda nossa categoria profissional e que, como sabemos, trata da defesa das classes e segmentos 
menos favorecidos economicamente em nossa sociedade.
A interdisciplinaridade se manifesta no serviço social em toda sua fundamentação teórica, que 
provém em grande medida da interlocução com outras áreas de conhecimento, tais como a sociologia, 
a psicologia e outras afins. Essa interlocução resulta em uma sistematização teórica que influencia toda 
a profissão, tanto em sua teorização quanto, sobretudo, em sua prática.
Na verdade, como poderemos observar no decurso deste livro‑texto, a prática interdisciplinar é 
uma tendência contemporânea e que tem trazido influência para todas as profissões. Essa influência 
também vem sendo experimentada pelo serviço social em suas mais diversas áreas de atuação e práticas 
profissionais, como também poderemos observar no decorrer desse trabalho. É importante ressaltar que 
a prática interdisciplinar pressupõe alguns preceitos básicos que, dentre os quais, podemos destacar:
•	 o	que	podemos	compreender	por	tal	conceito;	e
•	 quais	são	os	dispositivos	legais	que	devem	orientar	o	desenvolvimento	dessas	práticas.
Por isso, com esse material, propomos que você seja instruído sobre a prática interdisciplinar e 
esperamos que você, aluno, possa compreender os conceitos que seguirão e realizar uma reflexão crítica 
sobre os temas aqui tratados, entendendo a importância que o compromisso ético‑político da profissão 
assume frente a muitas questões.
IntroDução
O momento que vivemos é um momento pleno dedesafios. Mais do que 
nunca, é preciso ter coragem, é preciso ter esperanças para enfrentar o 
presente. É preciso resistir e sonhar. É necessário alimentar os sonhos e 
concretizá‑los dia a dia no horizonte de novos tempos mais humanos, mais 
justos, mais solidários (IAMAMOTO, 2001, p. 17).
Parafraseando de Iamamoto (2001), é o tempo do desafio, das mudanças a serem processadas no 
âmbito da atuação profissional, na qual devemos abandonar os velhos hábitos antes adotados e devemos 
nos dirigir para outra direção, outro caminho profissional. Nesse caminho, faz‑se necessário ter coragem 
para se dirigir a outras formas de saber e assim enfrentar a realidade presente que tem nos trazido 
nossa profissão em virtude das mudanças empreendidas no âmbito do trabalho. Essas ações buscam 
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colaborar para a construção de tempos mais humanos, e tal humanização irá resultar em melhoria para a 
qualidade do serviço prestado e também para o amadurecimento profissional. Como já sinalizamos, este 
material abordará o trabalho interdisciplinar e seu desenvolvimento no serviço social, e isso representa 
uma possibilidade de conhecer outros saberes provenientes de outras profissões. Significa, assim, mais 
uma vez, uma tentativa de travessia em direção a uma melhor qualidade do serviço prestado e uma 
qualificação da profissão, abandonando hábitos já cristalizados na prática e na intervenção profissional.
Para tanto, iniciaremos nosso trabalho com uma discussão sobre desenvolvimento histórico. Para 
isso, será fundamental também compreender como a produção do conhecimento foi se desenvolvendo 
no decurso da história.
Na sequência, discorreremos sobre a compreensão da interdisciplinaridade na atualidade, ou seja, 
o que podemos entender como uma prática interdisciplinar, realizando, assim, uma diferenciação com 
outros conceitos que também influenciam a constituição das profissões hoje em dia, tais como a questão 
da multidisciplinaridade, a pluridisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Essa compreensão também 
será balizada por inferências que demonstram que a prática interdisciplinar se manifesta também na 
área da pesquisa científica e da produção de conhecimento.
Decorrente dessa conceituação inicial, também discutiremos prováveis dificuldades que são 
observadas para que a elaboração de conceitos interdisciplinares aconteça, e mais, para que a prática 
de tal natureza também se efetive. Essa compreensão virá delimitada pela percepção sobre a atual 
configuração das profissões e das novas exigências decorrentes dos processos sociais, econômicos 
e culturais que se apresentam em nossa sociedade. Tais conceitos serão inicialmente tratados na 
Unidade I.
Na sequência, partindo para a Unidade II, realizaremos uma discussão sobre a prática interdisciplinar 
junto ao serviço social. Iniciaremos, assim, uma reflexão sobre a interdisciplinaridade e os conceitos 
apresentados dentro da profissão, realizando, inclusive, uma breve retrospectiva histórica sobre o tema 
trabalhado. É importante saber que o serviço social possui uma natureza interdisciplinar que vem 
fundamentada em sua própria teorização.
Em seguida, enfatizaremos a importância de tal prática estar vinculada aos ideais afirmados pelo 
compromisso ético‑político do serviço social, assumido, como sabemos, por toda categoria profissional. 
Destacaremos, ainda, a importância que fenômenos econômicos e sociais assumem ao influenciar a 
constituição das profissões na atualidade, ascendendo num perfil profissional esperado dos assistentes 
sociais. Elencaremos ainda as principais legislações que devem orientar a ação interdisciplinar do serviço 
social e, finalmente, mostraremos exemplos de práticas profissionais desenvolvidas sob o enfoque da 
interdisciplinaridade.
É importante reforçar que, nesse trabalho, haverá uma série de exercícios que versarão sobre o 
conteúdo tratado em cada unidade. Recomendo que realize esses exercícios a fim de checar a 
apreensão dos conteúdos apresentados. Sobre essas atividades, é importante observar que algumas 
foram elaboradas para este livro‑texto e outras foram extraídas de concursos públicos. Essa forma de 
organização foi adotada para que você possa observar que o conteúdo que está estudando, além de 
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possuir relação estreita com sua prática profissional futura, também tem sido objeto de avaliação de 
concursos e seleções para assistente social em órgãos competentes de todo território nacional.
Metodologicamente, o trabalho foi composto por meio da leitura de livros e artigos sobre os assuntos 
abordados. Partindo da conceituação inicial, foram elaborados exercícios e inseridos imagens e links de 
sites que possuem relação com o conteúdo tratado nesse livro‑texto. Esperamos, assim, contribuir com 
a compreensão do tema desta matéria.
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Serviço Social interdiSciplinar
Unidade I
1 IntErDIScIPlInArIDADE: hIStórIA, concEItuAção E PrIncIPAIS 
conSIDErAçõES SobrE o tEmA
Nesta primeira parte, iniciaremos as discussões sobre nosso tema de estudo. Assim, vamos expor 
informações sobre o desenvolvimento da interdisciplinaridade, destacando aspectos sobre a prática 
interdisciplinar. Na sequência, conceituaremos “interdisciplinaridade” e destacaremos suas distinções 
daquilo que pode ser entendido como “multidisciplinar”.
Concluiremos com a definição acerca das atuais configurações do trabalho na sociedade moderna, 
destacando a relevância que assume nesta sociedade o trabalho em equipe. Também serão tecidas 
algumas considerações sobre a noção de processo de trabalho e sobre o conceito de trabalho coletivo, 
que nos permitirão compreender que mesmo as práticas que desenvolvemos individualmente possuem 
uma direção para o processo produtivo global.
Assim sendo, iniciaremos com o aspecto histórico. Gostaríamos de convidar você, aluno, para que 
leia com atenção a essas exposições, tendo em vista a importância delas em seu processo formativo.
1.1 história e interdisciplinaridade
Como já dito, realizaremos uma reflexão teórica sobre o desenvolvimento histórico da 
interdisciplinaridade, de suas sucessivas construções até se aproximar do conceito que estamos 
pretendendo conhecer por meio desses estudos.
Mas antes de iniciarmos nossos estudos sobre a história da interdisciplinaridade, observe a imagem 
abaixo e reflita:
Português Matemática
Interdi
sciplin
ariedad
e
Ciências
história
Geografia
Química
Inglês
Física
Figura 1
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Unidade I
Esta imagem retrata um processo de educação desenvolvido de forma interdisciplinar, por meio 
do qual são congregados conhecimentos de diversas áreas, ou disciplinas. Essa representação torna‑
se cada vez mais uma constante no processo educativo, porém, nem sempre o processo educativo foi 
organizado de tal forma, conforme detalharemos.
Assim, prezado aluno, convido você a conhecer o desenvolvimento histórico de tal conceito e 
esperamos que seja possível compreender que o ensino interdisciplinar e a prática de tal natureza 
apresenta um caráter cronológico.
Para que possamos compreender esse desenvolvimento histórico, precisamos entender como 
o conceito se desenvolveu no âmbito da produção de conhecimento, ou seja, observar como a 
interdisciplinaridade passoua ser compreendida dentro da produção do conhecimento. Assim, será 
possível realizar uma análise do desenvolvimento do conceito interdisciplinar na prática profissional.
Tomando como respaldo a realidade brasileira, é importante apontar para o fato de que, segundo Alves 
et al. (2004), há atualmente dois paradigmas que são vinculados e que explicam o desenvolvimento da 
interdisciplinaridade como uma forma de produção do conhecimento. Tais paradigmas são denominados 
“filosofia do sujeito” e “marxismo”.
Para aqueles paradigmas que estão vinculados à filosofia do sujeito, o conhecimento é compreendido 
de forma idealista, sendo que tal forma de compreensão pressupõe a autonomia do sujeito e das ideias 
no processo de construção do conhecimento em relação ao objeto de estudo. Tal forma de compreensão 
envolve o sujeito como absoluto na construção de conhecimento, e possui como representantes hilton 
Japiassu1 e Ivani Fazenda2. Para esses autores, a interdisciplinaridade demanda a constituição de equipes 
de pesquisa, e essas equipes deveriam ser compostas por profissionais de diversas áreas do saber (ALVES 
et al., 2004).
Já a compreensão marxista sobre a interdisciplinaridade diz que ela deve ser entendida, segundo 
Alves et al. (2004), dentro dos modos de produção que a sociedade encontra para ter suas necessidades 
contempladas. Essa corrente propõe ainda que o conhecimento interdisciplinar deve ser também 
pensado com base no desenvolvimento histórico da humanidade, e tem como principais representantes 
Ari Jantsch e Lucídio Bianchetti.
Nesta apostila, vamos expor a questão da interdisciplinaridade das duas correntes, especificamente 
quando conceituarmos tal fenômeno. No entanto, para realizarmos a retomada do desenvolvimento 
histórico do conceito estudado, recorreremos principalmente às informações trazidas por Ivani Fazenda, 
além de outros autores, como poderemos observar.
Em seu livro, Fazenda (1994) apontou as principais informações sobre obras e trabalhos que foram 
sendo escritos por diversos autores provenientes da Itália, restante da Europa e da Organização para a 
1hilton Japiassu é um importante filósofo maranhense que tem diversos escritos sobre interdisciplinaridade, conforme veremos.
2Ivani Fazenda é uma teórica brasileira vinculada a Pontifícia Universidade Católica (PUC) – São Paulo e que tem uma série de publicações 
sobre interdisciplinaridade direcionada à educação.
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Serviço Social interdiSciplinar
Cooperação e Desenvolvimento Econômico3 (OCDE) além de realizar apontamentos sobre a evolução do 
conceito também no Brasil.
Esses trabalhos demonstram como o conhecimento junto às ciências humanas passa a ser 
compreendido como de natureza interdisciplinar. A autora nos fala que é impossível estabelecer uma 
linha rígida de desenvolvimento da interdisciplinaridade, mas com recorrência aos textos produzidos 
por diversos autores torna‑se possível uma compreensão sobre tal fenômeno.
Acerca desse trabalho, cabe ainda destacar, prezado aluno, que se trata de um trabalho que foi escrito 
tendo como foco a pesquisa e a prática interdisciplinar desenvolvida na área educacional. Apesar disso, 
as contribuições destacadas por Fazenda (1994) são extremamente valiosas e precisam ser observadas, 
aliás, é notório destacar que vivenciamos no serviço social uma baixa produção de livros e mesmo de 
artigos que tratam desse tema, o que torna fundamental recorrer a outros autores, tais como os que já 
destacamos e os que destacaremos no decorrer desse livro‑texto.
Jantsch & Bianchetti (1995b) dizem que a compreensão da produção do conhecimento e da ciência, 
em protoformas iniciais, remete‑nos à cultura grega, pioneira nesse sentido. Esses autores apontam que 
o conhecimento, em tal sociedade, era orientado de forma a desconsiderar as especificidades, ou em 
suas palavras
[...] O objeto epistemológico simplesmente era o conhecimento, que podia 
se desdobrar em subdivisões, sem que isso evocasse a fragmentação ou a 
necessidade de totalização ou retotalização desse conhecimento (op. cit., 
p. 184).
Ou seja, o que importava nessas sociedades era o conhecimento em si.
As concepções do povo grego sinalizam para a compreensão disseminada na Antiguidade sobre a 
produção do conhecimento, período que, como sabemos, tem seu início estimado em meados do século 
VIII a.C. e seu final estimado em meados do século V d.C. Distanciando um pouco das ideias do povo 
grego, Aristóteles, apesar de também ser grego e de vivenciar o mesmo período, começa a enfatizar a 
importância da preocupação, da atenção especial para com as especificidades no sentido da produção 
do conhecimento (JANTSCh & BIANChETTI, 1995b).
Os avanços acerca da importância de se considerar as especificidades postas por Aristóteles foram 
suprimidas durante Idade Média. Nesse período, que tem seu início em meados do século V e entra 
em declínio no século XV, a Igreja se tornou hegemônica no sentido de decidir o que poderia ser 
definido como conhecimento. Nesse período, era a Igreja que definia basicamente todas as normas e 
regras da vida em sociedade. Para a Igreja, o conhecimento era organizado em favor da unidade, por 
meio de paradigmas universais, sendo que tais paradigmas não poderiam, em hipótese alguma, ser 
contrariados.
3A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou OCDE é uma organização composta por 34 países ricos que foi criada 
na década de 1960 e que busca auxiliar países emergentes. 
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Unidade I
No século XVI, com início da Idade Moderna, é inaugurado também o início do sistema capitalista e, a 
partir de então, a Igreja perde sua hegemonia no que diz respeito à produção do conhecimento. Partindo 
desse período, o próprio conhecimento em si passa a ser revisto, reconsiderado, e a possibilidade de sua 
fragmentação, com base nas especializações, faz com que os paradigmas universais comecem a assumir 
uma nova configuração, diferente da até então conhecida e que se respaldava apenas no conhecimento 
com base nas metanarrativas (JANTSCh & BIANChETTI, 1995b).
 lembrete
É possível compreender como se deu o desenvolvimento humano 
recorrendo aos períodos Antiguidade, Idade Média, Idade Moderna e 
Pós‑Moderna. Cada período corresponde a uma forma de organização 
social, econômica e política.
Apesar disso, a forma de produzir conhecimento destacada por grande parte do povo grego e pela 
Igreja demorou muito a ruir, tendo a perspectiva da totalidade ainda priorizada, além de outros aspectos 
como os que sintetizaremos a seguir.
Precisamos nos lembrar de que ainda no século XVIII, já na Idade Moderna, a razão era tida como 
o único critério para a produção de conhecimento, ou seja, conhecimento era algo que podia ser 
mensurado. A lógica formal para a produção de conhecimento nesse sentido era a objetividade, sendo 
que o aspecto subjetivo era totalmente desconsiderado nesse momento. Era como se a ciência fosse 
restrita àquilo que fosse produzido e que pudesse ser comprovado, tal como os experimentos produzidos 
em laboratórios (FAZENDA, 1994).
Somente no século XX que essa forma de compreender a produção do conhecimento foi se alterando, 
passando a priorizar outras formas de tal criação. Nesse cenário, e partindo do surgimento da psicologia 
e outras ciências afins que se dedicam a estudar esses processos, a subjetividade também passa a ser 
considerada como relevante. A partir de então, a razão e a objetividade passam a ser suprimidas e outras 
formas de conhecimento são constituídas, crescendo também a possibilidade de o conhecimentoser 
composto com base em diversas teorias (FAZENDA, 1994).
Observe a representação abaixo onde são destacadas as formas de compreender a produção de 
conhecimento nos diversos momentos de desenvolvimento da humanidade.
Quadro 1
Antiguidade Idade Média Idade Moderna
•	Foco no conhecimento de forma 
ampla;
•	Contraponto: Aristóteles enfatiza a 
especifidade nesse processo.
•	Controle da igreja na produção de 
conhecimento;
•	Produção pela igreja de grandes 
paradigmas.
•	Crise	da	ciência	moderna;
•	Possibilidade de fragmentação na 
produção de conhecimento.
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Serviço Social interdiSciplinar
Especialmente a partir da segunda guerra mundial acontece um rompimento com a crença de que 
o conhecimento só poderia ser tido como tal se pudesse ser posteriormente comprovado, e com base 
em um conhecimento com recorrência a grandes paradigmas. É a chamada crise da ciência moderna, 
na qual teorias, modelos e paradigmas já cristalizados sobre como produzir conhecimentos passam a ser 
questionados. É nesse momento que a interdisciplinaridade começa a surgir como uma modalidade de 
conhecimento.
Observe a imagem a seguir. Ela retrata uma atividade científica, e foi aqui destacada porque reproduz, 
em grande parte, o estereótipo do cientista, do profissional que deveria se ocupar da produção de 
conhecimento. E traz também imbuída a concepção de que para a produção de conhecimento também 
seria necessário o laboratório. O laboratório era (e é) compreendido como uma forma de comprovar, de 
reforçar se o conhecimento produzido corresponde com a verdade dos fatos. Essa imagem ainda perpassa 
a compreensão que possuímos sobre a produção do conhecimento, sobre quem produz conhecimento e 
sobre as formas de comprovação do conhecimento produzido.
Figura 2
As mudanças produzidas no âmbito da produção de conhecimento, de compreensão da ciência 
são aqui destacadas porque trazem condicionantes ao conceito de produção de conhecimento 
interdisciplinar. Apesar dessas mudanças na ciência e dos primeiros estudos sobre interdisciplinaridade, 
ou melhor dizendo, sobre a produção do conhecimento, Fazenda (1994) nos diz que ainda demorou um 
certo tempo até que tal forma de produzir conhecimento fosse totalmente aceita no meio acadêmico. 
No entanto, alguns movimentos, como os estudantis na década de 1960, auxiliaram para que isso 
acontecesse. Assim, nessa década, na Europa, sobretudo na França e na Itália, surgiram os movimentos 
estudantis que destacam a relevância de uma formação que acontecesse de forma interdisciplinar.
Alguns professores vinculados a esses movimentos começam a reivindicar propostas educacionais 
diferenciadas, nas quais as questões do cotidiano dos alunos fossem inseridas no processo educativo. 
Ainda se buscavam contrapor a excessiva especialização das disciplinas e a limitação do conhecimento 
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do aluno em uma única direção. Apesar de não estarem relacionados especificamente com a produção 
de conhecimento, esses movimentos influenciaram ainda mais a produção de conhecimento de maneira 
interdisciplinar.
Então, em 1961, segundo Fazenda (1994) como um representante dessa nova tendência de pensar a 
produção de conhecimento e também a formação educacional, surge o projeto de pesquisa empreendida 
por Gusdorf4 e financiada pela Unesco. Nessa pesquisa, Gusdorf, associado a outros cientistas famosos, 
buscou realizar uma pesquisa interdisciplinar junto às ciências humanas e que previa a diminuição da 
distância teórica entre as diversas formas de conhecimento que elas congregam, orientando assim para 
a convergência de saberes.
Partindo dessa compreensão, em 1968, um grupo de estudiosos que pertenciam a universidades 
europeias e americanas, também com auxílio da Unesco, realizaram uma pesquisa sobre a 
interdisciplinaridade.
Dentre as diversas constatações observadas com essa pesquisa, concluíram que os estudos 
antropológicos que envolviam arte e matemática, por exemplo, proporcionaram o embate entre a 
objetividade e a subjetividade, além disso, destacaram que a superação da dicotomia entre percepção 
e sensação, por meio de estudos antropológicos de natureza diversa, resultou em uma ampliação 
do conhecimento sobre esses fenômenos, ou seja, demonstraram que os estudos empreendidos por 
disciplinas diferenciadas, com orientação antropológica, ou seja, interdisciplinares, colaboraram para a 
ampliação do conhecimento e a superação das dicotomias entre as formas de saber (FAZENDA, 1994).
Em 1967, destaca‑se o trabalho da Universidade de Louvain, onde foi organizado um colóquio 
sobre o estatuto epistemológico da teologia e das dificuldades e caminhos a serem trilhados pelo saber 
interdisciplinar. Participaram desse trabalho diversos teóricos da época, dentre os quais Guy de Palmade, 
e chegaram até a refletir se a interdisciplinaridade não resultaria apenas da ligação afetiva já estabelecida 
entre os membros participantes da pesquisa. Enfatizaram também a importância que adquirem nesse 
processo de produção do conhecimento o tempo disponível, o espaço, valor e campo da ciência onde as 
inserções de tal natureza são empreendidas.
Fazenda (1994) destaca ainda que, no Brasil, as discussões sobre interdisciplinaridade também se 
fizeram presentes nesse período. A autora mostra que em nosso país, no entanto, essas discussões surgem 
mais como um “modismo”, pois foi um conceito que foi muito aceito, muito difundido, porém, com 
muitas dificuldades para sua realização. Mesmo assim, segundo a autora, partindo dessas aproximações 
iniciais e ainda com certa “incoerência” é que se tornou possível que o conceito começasse a ser discutido 
no cenário brasileiro.
No ano de 1969, na França, aconteceu o Congresso de Nice, sendo esse um dos eventos precursores 
na discussão sobre a interdisciplinaridade. Na década de 1970, segundo Fazenda (1994), o conceito 
ganhou nova força na Itália e no restante da Europa, e nesse momento a construção epistemológica 
do que poderia ser compreendido como interdisciplinaridade era vivenciado, ou seja, por tratar‑se de 
4Georges Gusdorf, nascido em 1912 perto de Bordeaux, foi um filósofo e epistemólogo francês. 
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um conceito ainda novo, nesse momento buscou‑se uma explicação filosófica sobre o que poderia ser 
compreendido como tal. Foi o tempo de definição, de delimitação, de estruturação conceitual básica, de 
explicitação e delimitação terminológica. “A necessidade de conceituar e de explicitar fazia‑se presente 
por vários motivos: interdisciplinaridade era uma palavra difícil de ser pronunciada e mais ainda de ser 
decifrada” (op. cit., p. 18).
Também nesse período, vários autores se destacaram ao desenvolver produções e estudos teóricos 
que focavam a questão da interdisciplinaridade. Essas produções são interessantes de serem observadas 
porque expressam a compreensão de alguns teóricos desse período sobre a interdisciplinaridade e são, 
portanto, representativas de uma forma de pensar tal conceito.
Assim sendo, em 1971, a OCDE reuniu um comitê de expertos com a finalidade de discutir os 
problemas do ensino e da pesquisa nas universidades. Participaram dessa pesquisa Guy Berger e Leo 
Apostel, dentre outros teóricos. Essa pesquisa concluiu que as barreiras estabelecidas entre as disciplinas 
deveriam ser suprimidas e que atividades de pesquisa e estudo coletivos deveriam serestimuladas.
Esses teóricos ainda propuseram a realização de uma distinção conceitual entre os níveis de relação 
entre as disciplinas, dentre os quais o multidisciplinar, pluridisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. De 
acordo com esse comitê, a formação nas universidades deveria estar orientada por esses parâmetros, pois, 
segundo argumentavam, a prática profissional futura iria demandar conhecimento em diversas áreas, além 
de múltiplas exigências da vida laboral, as quais os futuros profissionais precisam estar preparados. Esse 
preparo provém da formação que deveria ser oferecida nas universidades (FAZENDA, 1994).
Ainda derivando dessa forma de compreender a interdisciplinaridade, ou seja, entendendo como 
algo importante para a produção de conhecimento e para a formação em universidades e na educação 
regular, Fazenda (1994) salienta que em 1977, Guy Palmade escreveu um texto em que destacou os 
prováveis perigos que poderiam fazer com que a interdisciplinaridade se transformasse em uma ciência 
aplicada. Segundo ele, fazia‑se necessária e urgente uma melhor definição sobre a interdisciplinaridade, 
o que ele denominou “clarificação conceitual”.
Fazenda (1994) nos diz ainda que, na década de 1970, outros teóricos no Brasil discutiram sobre o 
conceito da interdisciplinaridade, e isso representou um enorme avanço em relação à sistematização 
do conceito que era, como dissemos, tão necessária naquele momento. A autora destaca o trabalho de 
Japiassu e também enfatiza a relevância de um trabalho de sua autoria, desenvolvido no período em 
questão, e que versa sobre essa temática.
Japiassu inicialmente nos mostra que é impossível uma forma de conhecimento única, uma linguagem 
única do saber, e inclusive chegou a sugerir que fosse elaborada uma metodologia interdisciplinar para 
as ciências humanas na qual era proposta uma linguagem plural do saber.
Japiassu destacou a importância de cuidados que precisam ser adotados a partir do momento que se 
pensa em realizar uma atuação interdisciplinar. Uma equipe de tal natureza precisaria fundamentalmente 
de um cuidado especial, sobretudo no que concerne a delimitação de conceitos‑chave para orientar 
as ações, dentre as quais: delimitação do problema a ser resolvido, definição das tarefas a serem 
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desempenhadas e comunicação dos resultados obtidos por meio de tal intervenção. Japiassu fala da 
necessidade de se elucidar todas as etapas da ação a ser desenvolvida, e todo o processo, para o autor, 
deveria ser registrado (FAZENDA, 1994).
Registrar a memória dos fatos é a hipótese de revisitá‑los. Interdisciplinaridade 
nos parece hoje mais processo que produto. Nesse sentido é fundamental 
o acompanhamento criterioso de todos os seus momentos. Somente esse 
acompanhamento possibilitará chegarmos ao esboço de um movimento 
(op.cit., p. 25).
Essa compreensão se mostra avançada para a época, até porque trata da interdisciplinaridade como 
ação e não apenas como produção de um conhecimento. No entanto, não nos deteremos a tratar tais 
conceitos, pois eles serão retomados a partir do momento em que conceituamos a interdisciplinaridade 
nos próximos tópicos.
Passaremos assim a destacar o trabalho organizado, também na década de 1970, por Fazenda, 
autora do livro a que estamos recorrendo. Fazenda empreendeu uma análise das proposições sobre 
interdisciplinaridade que foram propostas para a educação durante um período de reformas nesse setor 
no Brasil. Em sua pesquisa, a autora constatou que apesar de haver muitas propostas em relação ao 
ensino interdisciplinar, havia uma “pobreza” em relação às questões teóricas, dificultando assim sua 
operacionalização de forma correta na prática, durante a intervenção.
Sendo esses os principais trabalhos na década de 1970, passaremos para a década de 1980 e suas 
produções teóricas mais relevantes sobre o tema. É preciso pontuar que na década de 1980 vivenciamos, 
na ciência moderna, uma busca por epistemologias, por conhecimentos que realizassem uma explicitação 
do teórico, do abstrato, porém, com base na realidade, no real experimentado pelos homens. Em relação 
à interdisciplinaridade, vivenciamos um tempo de expressões das contradições epistemológicas, e, com 
recorrência a diretrizes sociológicas, buscou‑se uma melhor definição dos conceitos.
 observação
Epistemologia significa teoria do conhecimento. Nesse item, 
destacaremos as principais contribuições no estudo do conhecimento da 
interdisciplinaridade.
Nesse período, vários trabalhos se destacaram, dentre os quais o trabalho de Gusdorf e outros teóricos 
intitulado Interdisciplinaridade e ciências humanas, no qual são assinalados os pontos identificados de 
convergência junto às disciplinas das ciências humanas e, partindo de tal constatação, os autores ainda 
destacam a influência que tais disciplinas exercem umas sobre as outras.
Nesse trabalho, os autores ainda falam das relações que podem ser estabelecidas entre as ciências 
da natureza e as ciências humanas, tratando ainda da impossibilidade de: “[...] não haver uma corrente 
filosófica capaz de proporcionar uma forma unificada de conhecimento, que seja conveniente e aceitável 
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Serviço Social interdiSciplinar
para	muitos;	 [...]	 a	própria	filosofia	da	ciência	moderna	nos	 redireciona	para	a	 interdisciplinaridade”	
(FAZENDA, 1994, p. 28).
O trabalho de Gusdorf e seus colaboradores demonstrou algumas conclusões possíveis, dentre as 
quais: a interdisciplinaridade não se trata de uma síntese simples de diversas áreas de saber, mas sim 
sínteses	audazes,	bem-elaboradas;	não	se	trata	também	de	uma	categoria	de	conhecimento	apenas,	
mas	 demanda	 ação;	 tal	 ação	 nos	 impele	 a	 ampliar	 nossa	 compreensão,	 nosso	 conhecimento,	 e,	
portanto, como síntese, não pressupõe a separação entre os elementos e está totalmente relacionada ao 
desenvolvimento das próprias disciplinas que proporcionam o conhecimento (FAZENDA, 1994).
No Brasil, nesse período, a interdisciplinaridade também conseguiu avançar em sua elaboração 
conceitual, embora seja necessário considerar que o próprio pensamento e sua exposição ganhou grande 
expressão, pois vivenciamos o declínio do regime ditatorial. Fazenda (1994) nos diz que, partindo desse 
processo de ampliação da democracia, os educadores também puderam fazer seus apontamentos, e 
muitos deles versaram sobre a interdisciplinaridade.
Dentre os diversos trabalhos produzidos nesse período, podemos destacar os trabalhos de Fazenda, 
ambos publicados nos anos de 1987‑1989 e 1989‑1991. A pesquisa organizada no período de 1987‑
1989 buscou traçar um perfil do professor que apresentava uma atitude interdisciplinar no processo 
educativo, e ela constatou que o professor que adota uma atitude assim é aquele que gosta de pesquisa, 
que é comprometido com seus alunos e que sempre recorre a novas técnicas de ensino após já ter 
refletido anteriormente sobre elas.
Já na pesquisa de 1989‑1991, a autora realizou um estudo sobre aperfeiçoamento de professores por 
meio de uma abordagem interdisciplinar, e propôs a elaboração de uma proposta curricular da mesma 
natureza para a rede de ensino. Segundo destaca, essa experiência, por resultar em uma proposta de 
ação, proporcionou o enfrentamento da dicotomia entre teoria e prática posto que demonstrou uma 
possibilidade de algo teórico ser, de fato, realizado na prática, sendo assim uma pesquisa operacionalizada 
em uma realidade concreta (FAZENDA, 1994).
No entanto, Fazenda (1994) nos mostra que somente na década de 1990 é que vivenciamos um ápice 
daspesquisas na área da interdisciplinaridade. Vivenciamos no mesmo período uma nova concepção 
sobre a ciência moderna e isso faz com que os caminhos para a reflexão interdisciplinar ganhem um 
maior reforço, resultando em uma ampliação dos trabalhos acerca dos conceitos elaborados.
Partindo de tal princípio, a autora destaca uma série de publicações de sua autoria e que corroboram 
para demonstrar tal fato, destacando inclusive uma pesquisa realizada junto à área educacional e que 
demonstrou que muitas práticas se propõem interdisciplinares, mas não passam de ações intuitivas e 
sem preparo prévio, ao que a autora destaca ser fundamental a realização de uma sistematização, uma 
normatização a fim de melhor defini‑las.
Partindo disso, antes de concluirmos nossa retrospectiva histórica, observe a representação abaixo 
exposta, onde grande parte das informações aqui destacadas se encontra de forma sistematizada.
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Quadro 2 - Representação sobre o desenvolvimento histórico da interdisciplinaridade
Década de 1970 Década de 1980 Década de 1990
•	Formulações	que	buscam	conceituar	
a	interdisciplinaridade;
•	Interdisciplinariadade ainda como 
um modismo.
•	Formulações	mais	sistematizadas	
sobre	a	interdisciplinariadade;
•	Período de abertura política.
•	Aplicação	da	fundamentação	teórica	
sobre	a	interdisciplinaridade;
•	Mudanças na ciência moderna.
Como você pode observar, foram apontadas algumas informações de forma bem resumida. Assim, 
recomendo que você refaça a leitura do texto, busque realizar os exercícios e avalie sua aprendizagem. 
Essas informações são fundamentais para que depois você compreenda como esse conceito também foi 
apropriado na prática de algumas profissões, dentre as quais o serviço social.
Na sequência, discutiremos as principais conceituações que são faladas na atualidade acerca da 
interdisciplinaridade.
 Saiba mais
Você poderá recorrer aos sites abaixo a fim de obter maiores informações 
sobre a interdisciplinaridade e sobre os autores aqui destacados:
<http://www.educacional.com.br/reportagens/educar2001/texto04.
asp>. Acesso em 16 jan. 2012.
<http://editoraideiaseletras.wordpress.com/2011/03/24/entrevista‑
com‑hilton‑japiassu‑autor‑do‑livro‑ciencias‑questoes‑impertinentes/>. 
Acesso em 16 jan. 2012.
2 A concEItuAção AcErcA DA IntErDIScIPlInArIDADE
Neste item, realizaremos algumas considerações que tem como objetivo melhor conceituar o nosso 
objeto de estudo, a interdisciplinaridade. Para tanto, recorreremos a duas correntes teóricas existentes na 
produção científica brasileira e que estão expressas nos trabalhos de hilton Japiassu, que representa uma 
corrente teórica, e também as produções de Ari Jantsch e Lucídio Bianchetti ‑ e demais colaboradores 
a eles vinculados ‑ e que se coloca como uma corrente teórica diferente e contraposta às ideias de 
Japiassu e seus colaboradores.
 observação
Atenção para esses autores e suas contribuições. há diferenciações 
entre os autores da filosofia do sujeito e a perspectiva marxista.
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Serviço Social interdiSciplinar
Iniciamos assim com as teorias empreendidas por Ari Jantsch e Lucídio Bianchetti e seus colaboradores. 
É importante observar que muitos pontos fazem menção a atividades interdisciplinares de produção 
de conhecimento, porém tais ideias são perfeitamente aplicáveis para uma intervenção, uma prática 
interdisciplinar.
Jantsch & Bianchetti (1995a) compreendem que suas propostas de compreensão da 
interdisciplinaridade são derivadas do marxismo, além de tecerem críticas às concepções postas por 
Japiassu e Fazenda, descrevendo tais autores e todos os demais que partilham de seus ideais como 
seguidores de uma perspectiva na qual prevalece a “filosofia do sujeito”.
Jantsch & Bianchetti (1995a) acreditam que essa concepção compreendida como filosofia 
do sujeito não prioriza um entendimento da interdisciplinaridade calcada no desenvolvimento 
histórico. Para os autores, compreender a interdisciplinaridade pressupõe, fundamentalmente, 
compreender que essa forma de produção de conhecimento vem delimitada pelo desenvolvimento 
histórico humano.
Chamamos a atenção para o fato de que a construção histórica de um objeto 
implica a constituição do objeto e sua compreensão, acertando‑se, com isso, 
a tensão entre o sujeito pensante e as condições objetivas (materialidade) 
para o pensamento (JANTSCh & BIANChETTI, 1995a, p. 12).
E a apreensão da questão histórica remete também a compreender que o conceito da 
interdisciplinaridade precisa, essencialmente, estar relacionado com a realidade concreta. É necessário 
compreender que a produção de conhecimento por meio da interdisciplinaridade, assim como todos os 
fenômenos sociais, é influenciada pela história e pela realidade concreta. A produção de ideias, ideais e 
conhecimento está ligada diretamente à produção material dos homens.
Para Jantsch & Bianchetti (1995a) o fato de a concepção da filosofia do sujeito não priorizar 
a história os conduz também a não compreender a realidade concreta e a influência que esses 
fenômenos trazem para a produção de conhecimento. Assim sendo, os autores dizem que para a 
filosofia do sujeito, a produção do conhecimento por meio da interdisciplinaridade só seria possível 
se os sujeitos envolvidos no processo apresentassem “vontade” para tais ações. Segundo a perspectiva 
da filosofia do sujeito, a pesquisa por meio das equipes compostas por diversas áreas do saber, para 
se tornar interdisciplinar, precisa exclusivamente que os sujeitos envolvidos desempenhem suas ações 
por vontade própria.
A crítica proposta ainda em relação à filosofia do sujeito a compreende como uma forma de 
perceber a interdisciplinaridade como um método que foi criado para orientar a ciência moderna no 
que diz respeito ao tratamento conferido às especializações. Segundo a compreensão de Jantsch & 
Bianchetti (1995a), as especializações não podem assumir essa “responsabilidade” e os autores ainda 
afirmam que as parcerias estabelecidas entre as diversas áreas do conhecimento não podem ser tidas 
como alternativas para solucionar os problemas da ciência moderna em se relacionar com o saber 
especializado.
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O saber, para Jantsch & Bianchetti (1995a) não pode ser fragmentado, individualizado, mas também 
não pode ser reduzido a um denominador comum, pois, segundo eles, há uma tendência em realizar 
essas inferências incorretas por parte dos teóricos atrelados com a compreensão da filosofia do sujeito. 
Para os autores, a criatividade e a diversidade devem ser estimuladas, e o conhecimento obtido nessa 
“diferença” resultará em interdisciplinaridade. Assim, não é uma síntese em uma direção única. “Na 
concepção histórica, acreditamos, não há espaço para a univocidade, para o padrão, para a ordem etc.” 
(op. cit., p. 14).
Porém, as colaborações de Jantsch & Bianchetti (1995a) não se restringem a realizar críticas à 
chamada filosofia do sujeito. Passaremos a descrever parte dessas contribuições com recorrência 
a outros colaboradores, de forma que será possível conhecer as informações que nos permitirão 
conceituar a interdisciplinaridade para eles, além de apontar uma série de outras informações, dentre 
as quais as necessidades na constituição da interdisciplinaridade, as consequências, problemas 
de tais inserções, e os princípios que podem ser observados para orientar intervençõesde caráter 
interdisciplinar.
Assim sendo, a interdisciplinaridade é compreendida como ações que devem ser pautadas no 
trabalho de cientistas e pesquisadores, provenientes de áreas de saber diferenciadas, e que demanda 
essencialmente uma ação e não apenas um pensamento sobre determinado objeto de estudo. Essa 
ação viabiliza a produção de conhecimento, pois esse conhecimento precisa, essencialmente, estar 
relacionado ao sujeito, além de demandar sua exteriorização para diversas áreas do saber e da vida em 
sociedade (ETGES, 1995).
O conhecimento produzido de forma interdisciplinar busca fazer com que o saber seja transmutado em 
conhecimento. Etges (1995) diz que saber faz referência a informações obtidas, porém, o conhecimento 
consiste em uma ação de transposição do saber para as estruturas internas do indivíduo.
Por meio do conhecimento interdisciplinar deve ser possível que se estabeleça uma comunicação 
entre os profissionais envolvidos, além de viabilizar também a comunicação entre as disciplinas.
Cria‑se uma linguagem comum entre os cientistas de diferentes campos 
ou disciplinas ou especialidades, mediante a qual eles compreendem o 
construto do outro e o seu próprio. Não se cria uma nova teoria, mas a 
compreensão do que cada um está fazendo, bem como a descoberta de 
estratégias de ação que lhes eram desconhecidas a ambos, tanto no interior 
de sua própria ciência, como com relação às outras e ao mundo exterior do 
cidadão comum (ETGES, 1995, p. 73).
Ou seja, o conhecimento interdisciplinar demanda uma ação, demanda a transposição do saber em 
sua direção e viabiliza a comunicação entre os produtores do conhecimento, às disciplinas envolvidas 
e com o mundo circundante. Etges (1995) ainda nos diz que apesar desse discurso entre as disciplinas 
ser uma necessidade, os princípios de cada disciplina não podem ser alterados, e sim conhecidos e 
respeitados.
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Serviço Social interdiSciplinar
Não se trata de uma simples incorporação de elementos diversos, sem qualquer significação, 
mas representa as potencialidades de cada disciplina e o respeito com que cada saber precisa ser 
compreendido. Mas, para isso, Etges (1995) destaca que é fundamental que as ações em questão sejam, 
necessariamente, sistematizadas previamente e efetivas, ou seja, não podem permanecer no âmbito do 
pensamento apenas.
Para Etges (1995), parte dessa sistematização, dessa orientação para que o trabalho interdisciplinar 
se efetive de fato, desenvolve‑se por meio de um estranhamento e de uma explicação. O estranhamento 
corresponde a observar outro saber como novo, e isso possibilita que se caminhe em direção ao outro 
saber, ao desconhecido. A explicação, por sua vez, visa ao esclarecimento dos conceitos por meio do 
método do outro cientista, do outro profissional.
O conhecimento sobre a perspectiva do outro, de forma interdisciplinar conforme salienta Etges 
(1995), constitui, nos termos de Frigotto (1995), uma necessidade. Essa necessidade, segundo Frigotto 
(1995) está relacionada à forma que o homem, na sociedade atual, reproduz‑se e atende suas necessidades 
como ser social, dentre as quais a necessidade pelo conhecimento. Essa necessidade, assim como as 
demais apresentadas pelo ser humano, conduz o homem ao estabelecimento de relações sociais, que 
por sua vez estão diretamente imbricadas com o tempo e espaço em que vivem os homens, conferindo, 
assim, materialidade histórica às ações de produção do conhecimento.
Dito isto, Frigotto (1995) nos mostra que a realidade na qual o homem atende às suas necessidades, 
inclusive a necessidade por conhecimento, é essencialmente dialética, composta por aspectos unos 
e diversos. Assim como o conhecimento é fundado na realidade, para apreendê‑la é necessária uma 
compreensão que permite captar tanto o uno quanto a diversidade nela presente.
Essa apreensão, do uno e do diverso, segundo Frigotto (1995) motiva a compreensão interdisciplinar 
da realidade, na qual ela é captada em sua totalidade. A apreensão total da realidade, para o autor, 
significa compreender um objeto de pesquisa previamente delimitado, em suas múltiplas determinações 
e mediações históricas que o constituem. Assim, não há como apreender essas múltiplas determinações 
e mediações se não for por meio de uma compreensão interdisciplinar.
As múltiplas determinações nesse caso não fazem referência à fragmentação, no sentido de 
observarmos apenas alguns extratos do conhecimento, sem considerar a perspectiva da totalidade 
conforme elencado antes. Isso conduz às análises reducionistas que não permitirão a compreensão de 
forma interdisciplinar, de forma a apreender sua totalidade (FRIGOTTO, 1995).
Frigotto (1995) ainda chama a atenção para o fato de que é nas ciências sociais que esse conhecimento 
interdisciplinar mais se manifesta. Isso porque, segundo esse autor, é nas ciências sociais que é realizado 
um estudo sobre as formas de produção dos homens, dentre as quais, a produção do conhecimento 
e, portanto, sobre a produção de conhecimento de forma interdisciplinar. Frigotto (1995) salienta, no 
entanto, que algumas análises empreendidas no âmbito das ciências sociais ainda podem representar 
os ideais de uma classe social, pois, segundo o autor, via de regra, é a classe burguesa que acessa essas 
formas de produção do conhecimento.
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Unidade I
De tal forma, a interdisciplinaridade não se efetiva se não considerarmos a realidade investigada 
como parte da realidade concreta, e não como expressão apenas da razão, do pensamento. Caso 
não observemos a realidade social, corremos o risco de não tratar a produção de conhecimento 
interdisciplinar de forma correta. O conhecimento precisa ter correspondência com a realidade. 
(FRIGOTTO, 1995).
No entanto, navegar no mar da produção de conhecimento interdisciplinar não tem se 
mostrado tarefa fácil ou desempenhada por qualquer pessoa, por qualquer cientista. Nesse 
caminho, deparamo‑nos com problemas que sãos evidenciados na produção de conhecimento 
interdisciplinar, dentre os quais podemos elencar os limites individuais que são apresentados por 
cada	sujeito	que	estará	envolvido	nesse	processo;	a	complexidade	posta	pela	realidade	pesquisada,	
composta	por	múltiplas	formas	de	expressão	e	que	são	difíceis	de	serem	apreendidas;	limitações	
de	tempo	e	espaço;	formação	teórica,	ideológica	e	traços	culturais	dos	sujeitos	que	empreendem	a	
pesquisa, sendo que esses fatores, conforme nos diz Frigotto (1995), podem trazer prejuízos para a 
constituição do saber interdisciplinar.
Dentre os possíveis prejuízos a serem causados por essas situações, Etges (1995) aponta também 
que podem ser desenvolvidas formas equivocadas de interdisciplinaridade. Para o autor, essas possíveis 
formas seriam a interdisciplinaridade generalizadora e a interdisciplinaridade instrumental.
A interdisciplinaridade generalizadora compreende que existe uma possibilidade de se chegar a 
um saber absoluto, e segundo essa compreensão “saberes pequenos” devem ser convertidos em um 
único saber, no saber absoluto. Para a interdisciplinaridade generalizadora, o saber pequeno, por ser 
um fragmento do todo, não possui valor como conhecimento. Já a perspectiva instrumental confere à 
instrumentalidade um mero papel de uma possibilidade de resolver todas as questões afetas à produção 
do conhecimento da ciência moderna, algo como uma opção por uma técnica (ETGES, 1995).
Como objetivo de evitar tais posturas e ainda com a finalidade de melhor normatizar o conhecimento 
interdisciplinar, Wallner (1995) elenca sete princípios que devemser observados. Segundo o autor, 
esses princípios precisam ser seguidos para que o conhecimento interdisciplinar se efetive, sendo 
eles:	 auto-organização;	 solução	 do	 problema	 da	 interdisciplinaridade	 por	 meio	 da	 aprendizagem	
social;	 estranhamento	mediante	a	modificação	das	 condições	de	argumentação;	 ciência	 como	meio	
de comunicação em oposição à sua suposta função solucionadora de problemas ou descobridora da 
verdade;	abertura;	contradição	e	formação	de	redes	em	vez	de	unificação.	Faremos	descrições	sucintas	
a seguir sobre cada um desses princípios.
Sobre a auto‑organização, Wallner (1995) faz acepção a possibilidades que devem ser encontradas 
para sistematizar o processo de produção do conhecimento. Nesse sentido, o autor destaca que se faz 
necessária uma fundamentação da ciência, da ética científica e da relação a ser estabelecida entre 
ciência e sociedade. Por fundamentação da ciência, o autor salienta a necessidade de sistematizar os 
métodos a serem utilizados e como acontecerá o trabalho cooperativo. A ética científica faz acepção 
a regras de condutas que precisam ser observadas pelos sujeitos envolvidos, e a relação da ciência em 
como a sociedade está relacionada com as possibilidades que devem ser estabelecidas por meio da união 
entre a teoria e a prática.
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Serviço Social interdiSciplinar
A solução do problema da interdisciplinaridade por meio da aprendizagem social estará relacionada 
com as possibilidades de que o conhecimento produzido possa alcançar uma função social, ou seja, o 
conhecimento produzido deve trazer impactos à realidade vivenciada pelos seres humanos e não pode 
estar aprisionado nos muros onde foi produzido, segundo Wallner (1995). Então, podemos concluir mais 
uma vez sobre a importância do conhecimento estar vinculado à realidade e não apenas a uma esfera 
abstrata.
O estranhamento mediante a modificação das condições de argumentação, para Wallner (1995), é 
a possibilidade de os envolvidos com a interdisciplinaridade conhecer novas formas de argumentação 
sobre um objeto de estudo, sobre um assunto em debate. Assim, nesse contexto, o sujeito pesquisador 
ou cientista coloca em suspensão por um momento as formas que convencionalmente conhece para 
discutir, ele modifica suas possibilidades de argumentação para identificar outra forma, diferente da já 
usualmente conhecida.
A ciência como meio de comunicação em oposição à sua suposta função solucionadora de problemas 
ou descobridora da verdade é entendida por Wallner (1995) como uma compreensão que precisa ser 
suprimida se quisermos, de fato, alcançar o conhecimento interdisciplinar. O autor nos diz que no 
conhecimento interdisciplinar precisamos considerar a multiplicidade de formas de manifestação social 
do saber num contexto mútuo de relacionamento e, de tal forma, a ciência não pode ser compreendida 
como suprema a outras formas de conhecimento. Além disso, essa compreensão atenta para o fato de 
que a ciência não pode ter esse papel de “solucionadora” de problemas, algo como se fosse salvar a 
humanidade.
A abertura, segundo Wallner (1995) por sua vez, faz acepção à necessidade de estarmos abertos 
a outras formas de conhecimento, visto que se não estivermos disponíveis para o diálogo com outras 
disciplinas, o trabalho ou a produção de conhecimento será totalmente impossível.
O princípio da contradição para Wallner (1995) é uma possibilidade de criação, partindo do embate, 
da contradição entre os conhecimentos. Essa contradição tem um aspecto positivo, ao passo que 
possibilita a condução a novos conhecimentos pelos sujeitos envolvidos. Apesar de ser necessária uma 
autonomia dos envolvidos e das áreas do saber correlatas, essa autonomia favorece o embate, o diálogo 
e a troca de conhecimentos que muitas vezes apresentam divergências.
Por fim, a formação de redes em vez de unificação é para Wallner (1995) a necessidade de serem 
constituídas redes de aprendizagem social que possam garantir à cientificidade do conhecimento 
produzido, de tal forma que seja evitada a ocorrência de arbitrariedades. Para o autor, as redes 
permitem ainda a síntese consciente dos conhecimentos, de forma que esse conhecimento seja 
transmitido entre os envolvidos, proporcionando a legitimação e a crítica do conhecimento 
produzido.
Essas eram as contribuições que pretendíamos destacar sobre o conhecimento interdisciplinar de 
acordo com a perspectiva marxista. Observe o quadro a seguir onde as principais informações aqui 
estudadas são descritas de forma resumida.
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Unidade I
Quadro 3 - Síntese sobre a interdisciplinaridade partindo da compreensão marxista
Necessidade do conhecimento 
interdisciplinar Problemas possíveis
Considerações sobre o novo 
conceito da interdisciplinariadade
A realidade é múltipla e o 
conhecimento também precisa ser de 
tal forma.
Limitações do sujeito e limitações de 
tempo e espaço.
Demanda a transposição do saber ao 
conhecimento.
Possibilidade de aprender a realidade 
em sua totalidade.
Influência de concepções teóricas, 
ideológicas e culturais.
Viabiliza a comunicação entre saberes 
e	cientistas;
Deve estar relacionada à realidade.
A partir de agora, serão destacadas as contribuições de Japiassu sobre a interdisciplinaridade. Para 
apreender as manifestações desse autor sobre esse tema, destacaremos dados gerais que ele trata em 
sua obra sobre o conceito da interdisciplinaridade, falando, na sequência, as motivações, objetivos e 
justificações ao conhecimento e ações interdisciplinares, modalidades de interdisciplinaridade, os 
obstáculos para que a interdisciplinaridade se efetive e as exigências para aqueles que pretendem uma 
intervenção interdisciplinar.
 observação
Esteja atento ao fato de que a partir de então estaremos recorrendo à 
filosofia do sujeito na conceituação da interdisciplinaridade.
Japiassu (1976), em relação ao conceito “interdisciplinaridade”, fala que a expressão em si é vista 
por muitos como se fosse apenas um modismo, especialmente se considerarmos o âmbito da pesquisa 
científica, ou seja, como se fosse algo que está na moda em um momento e em outro já entra em desuso. 
Para o autor, a interdisciplinaridade, no âmbito da pesquisa científica, representa uma possibilidade 
diferenciada de produzir conhecimento, distante das possibilidades já construídas até então pela ciência 
moderna.
Japiassu (1976) nos diz que mesmo após as mudanças operadas na produção de conhecimento na 
contemporaneidade, o saber fragmentado ainda impera na condução dessa produção. Assim, o autor 
compreende o saber fragmentado como um saber dosado e concedido em migalhas para aqueles que a 
ele recorrem. O autor entende que as especializações das áreas do saber são fundamentais para a ciência 
moderna, porém, o que ele critica é o fato de esse saber ser compreendido como o único e possível, o 
que representaria, nos termos do autor, a “patologia”, a doença que afeta e abala a ciência moderna na 
contemporaneidade em virtude da especialização exagerada.
Essa especialização exagerada teria se originado decorrente de uma reorganização da ciência. Tal 
reorganização derivou de mudanças que foram sendo processadas no âmbito do conhecimento e também 
foi influenciada pelas novas necessidades que vão sendo impostas ao ser humano em suas relações com 
o mundo, ou seja, cada vez mais novas formas de saberes vão sendo requisitados para a intervenção 
junto à sociedade. Japiassu (1976) compreende que esses movimentos, assim como a especialização são 
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importantes, porém o que o autor critica é a segmentação excessiva em diversas áreas de saber e o fato 
de considerarmos essa fragmentação como se ela fosse uma verdade única e indiscutível.
O autor ainda salienta que o saber deve ser compreendido como expressão do real, como relacionado 
diretamente à realidade. Como a realidade não pode ser fragmentada, o saber também não deve seguir 
esse modelo de compreensão dos fenômenos e de produção do conhecimento. Nesse caso, o autor, 
referindo‑se às modalidades de pesquisa como produção do conhecimento, mostra que:
[...] nada mais há que nos obrigue a fragmentar o real em compartimentos 
estanques ou em estágio superpostos, correspondendo às velhas fronteiras 
de nossas disciplinas. Pelo contrário, tudo nos leva a engajar‑nos cada vez 
mais na pesquisa das aproximações, das interações e dos métodos comuns 
às diversas especialidades (JAPIASSU, 1976, p. 40).
Em tese, para ele, precisamos nos esforçar para aproximar, comparar, relacionar e integrar nossos 
conhecimentos, o que favoreceria tanto a produção de pesquisa interdisciplinar quanto as práticas de 
tal natureza.
Para que possamos nos aprofundar em tal conceito, Japiassu (1976) chama a nossa atenção para 
que compreendamos antes de qualquer assunto o próprio conceito de “disciplina”. Ele nos diz que uma 
disciplina incorpora determinados aspectos, dentre os quais o domínio material, o domínio de estudo, 
o nível de integração, os métodos, a aplicação da disciplina e as contingências históricas, os quais 
explicaremos a seguir.
Em relação ao domínio material, Japiassu (1976) faz referência ao conjunto de objetos que 
demandam	o	interesse	da	disciplina;	já	o	domínio	de	estudo	estaria	relacionado	ao	ângulo	específico	sob	
o	qual	a	disciplina	considera	o	seu	objeto;	o	nível	de	integração	estaria	relacionado	aos	conhecimentos	
necessários	para	a	composição	da	disciplina	e	que	permitirão	uma	apreensão	de	seu	objeto	de	estudo;	os	
métodos seriam relacionados com as possibilidades próprias utilizadas pelas disciplinas para apreender 
os fenômenos de estudo e para que fosse possível também transferir esses fenômenos para que se 
tornassem,	de	fato,	conhecimento;	a	aplicação	da	disciplina	faz	acepção	à	forma	como	ela	será	colocada	
em prática e as contingências históricas estariam relacionadas ao momento histórico no qual a disciplina 
está sendo desenvolvida.
Para ele, partindo dessa compreensão e tendo os aspectos antes elencados de forma sistematizada, 
será possível que caminhemos em relação a outro saber, ao saber interdisciplinar. Passaremos na 
sequência a tratar sobre as motivações, os objetivos e as justificativas que são propostas por Japiassu 
(1976), bem como os obstáculos, as exigências e as modalidades que nos permitem uma compreensão 
ampliada sobre o conceito da interdisciplinaridade proposto por esse teórico.
Quando inicia suas ideias sobre as motivações, objetivos e justificações, ele tenta explicar os possíveis 
motivos do porquê as pesquisas interdisciplinares foram constituídas e como resultaram na produção 
do conhecimento interdisciplinar e de que maneira essa produção consegue se manter necessária ainda 
na atualidade.
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Japiassu (1976) diz que a motivação precisa ser compreendida como uma necessidade intelectual 
e afetiva por parte dos pesquisadores, no sentido de partilhar a produção de conhecimento. Essa 
necessidade surge de interesses comuns que orientam os pesquisadores, portanto, os sujeitos envolvidos 
com a produção de conhecimento em si.
O autor dá grande realce a esse aspecto não apenas quando detalha a necessidade posta pelo 
conhecimento interdisciplinar, mas porque destaca várias vezes no decurso de seu trabalho que para 
que o conhecimento interdisciplinar se efetive de fato, é fundamental o engajamento dos sujeitos que 
estariam envolvidos com o processo de produção do conhecimento, pois, caso contrário, essa produção 
se tornaria insustentável.
O autor ainda reforça, em vários trechos de seu trabalho, o fato de que não vivenciamos mais o 
mito da neutralidade científica que corresponde a uma crença de que a pesquisa científica não sofre a 
interferência dos sujeitos. Antes, Japiassu (1976) destaca que precisamos ter consciência plena dos nossos 
desejos intelectuais, nossas necessidades, inclusive as emocionais, que influenciam substantivamente o 
processo de produção do conhecimento.
Já os objetivos são descritos pelo autor como sendo os resultados pretendidos. Japiassu (1976) nos 
diz que o conhecimento interdisciplinar possui um objetivo, algo que se deseja alcançar por meio de 
suas intervenções. O autor destaca que a interdisciplinaridade não deve possuir “apenas” como objetivo 
a produção de conhecimento, mas também deve possuir como meta a ser alcançada a intervenção 
prática, junto com a realidade, tomando como base esse saber que foi então produzido.
É importante também sinalizar para o fato de que para esse autor, assim como os teóricos que 
já estudamos e destacamos antes, a interdisciplinaridade não pode ser constituída como algo que se 
manifeste apenas na esfera do pensamento ou da produção de conhecimento, mas deve se constituir 
como uma possibilidade de ação.
Japiassu (1976) vem nos dizer que interdisciplinaridade como forma de produção de conhecimento 
teria se originado partindo de uma nova crise evidenciada pela ciência moderna no início do século XX. 
Nesse sentido, o conhecimento interdisciplinar se mostrou como uma oposição sistemática a um tipo 
de organização do saber e contra as linguagens particulares dentro desse saber, a chamada linguagem 
fragmentada, conforme já dissemos. Assim, a interdisciplinaridade não se constitui apenas com base 
nas necessidades dos sujeitos que estão envolvidos com o processo da pesquisa, mas também incorpora 
uma necessidade da própria ciência.
O autor nos fala que as disciplinas, as áreas do saber, precisam delimitar as suas fronteiras no 
conhecimento interdisciplinar, porém essa delimitação levada a níveis mais estremados poderia resultar 
em fragmentação do conhecimento. Aliás, Japiassu (1976) nos fala que essa tendência que hoje tentamos 
evitar nas ciências, sobretudo nas ciências humanas, é uma herança do pensamento positivista que 
propunha, dentre outros aspectos, o segmento do saber com base em diversas áreas do conhecimento.
Para ele, o conhecimento interdisciplinar teria ainda a potencialidade de reorganizar a ciência por 
meio da constituição de novas bases para a produção do conhecimento científico. Para tal reorganização, 
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seria fundamental que o sujeito da pesquisa pudesse orientar esse processo por meio dos princípios da 
economia e da eficácia, e que dessa forma fosse também possível produzir o conhecimento, mostrando 
que tal produção atenderia as necessidades sociais de uma dada sociedade em um tempo específico.
O autor chama nossa atenção ao fato de que as ciências humanas parecem estar desvinculadas do 
ser humano. Para ele, as ciências humanas, em sua produção de conhecimento, desenvolvem‑se como 
se não tivessem qualquer relação com a sociedade e com o tempo em que estão sendo produzidas, o que 
para ele poderia também ser suprimido por meio do conhecimento interdisciplinar (JAPIASSU, 1976).
Porém, o conhecimento interdisciplinar incorpora ainda outras necessidades, dentre as quais Japiassu 
(1972) destaca aspressões crescentes empreendidas por estudantes contrários ao saber fragmentado 
frente à realidade global, o que demandaria, assim, uma formação profissional diferenciada da até então 
prestada.
O autor chega a apontar que a interdisciplinaridade pode ser considerada uma alternativa para a 
formação que qualifique de fato o profissional para sua atuação e ainda assevera que, nesse sentido, a 
pesquisa científica realizada com tal finalidade deve ser guiada pelos mesmos princípios. A esse respeito, 
cabe ainda destacar que o autor vê na interdisciplinaridade a única alternativa capaz de solucionar a 
distância existente hoje na atualidade entre a produção científica, a formação acadêmica e a realidade 
social.
Japiassu (1976) compreende que é a interdisciplinaridade a alternativa encontrada para fazer com 
que a produção de conhecimento na área das ciências humanas possa atingir um novo estatuto, uma 
nova configuração, posto que, para o autor, a interdisciplinaridade vai muito além da simples reunião 
de saberes antagônicos, ela demanda relações de interdependências e conexões entre as disciplinas 
que compõe uma determinada área do saber. A interdisciplinaridade seria a alternativa para sanar as 
patologias do saber produzido nas ciências humanas.
Portanto, numa primeira aproximação, a interdisciplinaridade se define e se 
elabora por uma crítica das fronteiras das disciplinas, de sua comportamentação, 
proporcionando uma grande esperança de renovação e de mudança no 
domínio da metodologia das ciências humanas (op.cit., p. 54).
Caso o conhecimento interdisciplinar não se constitua na verdade e não faça parte da rotina do 
conhecimento moderno, as disciplinas e as diversas formas de conhecimento poderão vir a se constituir 
nos termos do autor em “feudos intelectuais” e isso influenciaria até mesmo os próprios pesquisadores 
ou cientistas. Por isso, o autor nos fala que se faz necessária uma concepção interdisciplinar, uma 
subjetividade de pesquisa e atuação junto aos futuros sujeitos de pesquisas e ações interdisciplinares 
para que essas barreiras possam ser suprimidas.
Japiassu (1976) ainda destaca que a interdisciplinaridade também se mostra necessária para que seja 
possível compreender o homem atual, conforme já pontuamos antes. O autor, em diversos trechos de seu 
trabalho, reforça a ideia de que o conhecimento produzido, sobretudo o conhecimento interdisciplinar, 
precisa essencialmente estar conectado à realidade social.
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Para o autor, o homem atual é composto por múltiplas determinações, por uma série de condicionantes 
com a realidade concreta com a qual convive. Portanto, ele nos diz que é impossível conhecer o homem 
em sua totalidade se olharmos para ele por meio de uma visão fragmentada, parcial. Sabemos ainda 
que durante muito tempo a ciência moderna apenas observou o homem de tal forma e isso não trouxe 
benefícios ao ser humano. Assim, a título de exemplo, podemos dizer que a medicina o percebia apenas 
sob o ângulo biológico, a psicologia apenas do âmbito da subjetividade, ao passo que partindo da 
concepção de Japiassu (1976), todos os saberes associados devem ser orientados na percepção acerca 
do ser humano, rompendo com a antiga visão fragmentada.
Isso também foi observado pelos estudantes, futuros profissionais, que passaram a compreender que 
sua atuação no futuro não poderia ser bem desenvolvida se não ampliassem seus horizontes sobre o ser 
humano e sobre a realidade concreta na qual irão atuar futuramente, sendo a interdisciplinaridade um 
caminho para tal finalidade a ser alcançada. Por isso, a interdisciplinaridade é também uma possibilidade 
de adequar as atividades do ensino às necessidades socioprofissionais.
Em outros termos, o que se tem em vista é a descoberta de melhores métodos 
para planejar e guiar a ação, isto é, para fornecer informações novas, indicar 
diversos modos de atingir um objetivo, esclarecer os resultados de uma 
política, em suma, ampliar as perspectivas daquelas que pretendem agir ou 
resolver problemas sociais concretos ou tomar decisões racionais (JAPIASSU, 
1976, p. 55).
Ou seja, Japiassu (1976) avança sobremaneira em seus ideais quando compreende a importância 
da interdisciplinaridade tanto para a produção do conhecimento quanto para a atuação profissional e 
avança ainda mais ao entender que esse conhecimento precisa ser utilizado em prol de um bem maior, 
como a resolução de problemas sociais concretos. Em nosso caso, a análise de Japiassu (1976), oferece as 
bases iniciais para pensarmos a importância de desenvolvermos ações com base na interdisciplinaridade.
Tendo tais pontos arrolados, passaremos agora a descrever as modalidades possíveis de 
interdisciplinaridade. Japiassu (1976), ao discorrer sobre as modalidades possíveis de interdisciplinaridade, 
mostra‑nos que há formas diferentes que a interdisciplinaridade pode assumir em seu decurso como 
produtora do conhecimento. O autor reconhece, assim, cinco tipos, sendo eles: interdisciplinaridade 
heterogênea, pseudointerdisciplinaridade, interdisciplinaridade auxiliar, interdisciplinaridade composta 
e interdisciplinaridade unificadora.
A interdisciplinaridade heterogênea é aquela que possui enfoque no caráter enciclopédico das ações, 
que pode ser percebida combinando programas diferentemente dosados, com recorrência a disciplinas 
diversas. Japiassu (1976) diz tratar‑se de uma aproximação inicial, mas que possui intervenção restrita e, 
devido a isso, não pode ser compreendida como a interdisciplinaridade em todas as suas possibilidades.
A pseudointerdisciplinaridade é uma modalidade em que há recorrência a instrumentos de 
análise e conceitos considerados como neutros e, como tais, acredita‑se que possam ser aplicados a 
mais de uma disciplina. A relação de empréstimo dos instrumentos de análise e dos conceitos é tida 
por muitos pesquisadores e profissionais como uma modalidade de interdisciplinaridade, o que para 
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Japiassu (1976) não corresponde à verdade dos fatos, visto que tal modalidade é uma pseudo, ou falsa 
interdisciplinaridade.
A interdisciplinaridade auxiliar faz referência à possibilidade de que uma dada disciplina empreste 
métodos ou procedimentos de outra, que nesse caso não toma os métodos ou procedimentos como 
neutros. Essa interdisciplinaridade acontece, via de regra, em situações pontuais, e esse acordo pode 
se mostrar lento ou rápido, porém momentâneo, o que para Japiassu (1976) também não qualifica tais 
ações como exemplos positivos de interdisciplinaridade.
Já a interdisciplinaridade composta se refere a práticas que são desenvolvidas em um dado momento 
apenas para resolver problemas momentaneamente enfrentados pela sociedade, sendo que apenas do 
caráter momentâneo é realçada por Japiassu (1976) como uma modalidade que é importante e usual no 
ramo da constituição de ações junto à realidade concreta, de onde destaca a sua relevância.
E, por fim, a interdisciplinaridade unificadora, é o “tipo” mais indicado pelo autor, ao passo que 
viabiliza a unificação entre as teorias e as metodologias de disciplinas diversas, quer seja no sentido da 
produção de conhecimento, quer seja no sentido da intervenção, mesmo que os limites de cada área do 
saber precisem ser respeitados (JAPIASSU, 1976).
Japiassu (1976) ainda nos diz que esses cinco tipos de interdisciplinaridade podem seguir ou adotar 
as seguintes constituições: linear, cruzada ou estrutural. Segundo seus pressupostos, a linear seria aquela 
que se observa a permuta de informações entre as

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