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Mies Van Der Rohe_ Raquel Ferreira

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Hipóteses: características gerais de mies 
- Mies produziu uma arquitetura prioritariamente espacial e não plástica; 
- Mies realizou espaços fluídos através da transparência; 
- Mies conseguiu desmaterializar o volume através de planos soltos e pela transparência 
A TRANSPARÊNCIA NA ARQUITETURA DE MIES VAN DER 
ROHE 
 Um dos aspectos sempre associados à arquitetura, principalmente quando falamos 
de arquitetura moderna é a busca pela transparência. Tal busca tem como foco a 
obtenção de uma maior integração visual com o meio circundante, o que implica em 
várias questões na concepção do espaço arquitetônico e que caracterizaram a 
complexidade das obras de Mies Van der Rohe. 
 O interesse pelo aumento da transparência, no sentido de maior flexibilidade 
visual, surgiu na Europa e encontrou no vidro formas de modificar as superfícies 
verticais das edificações, as tornando mais abertas e expostas a partir das primeiras 
décadas do século XX. Com arquitetos como Mies Van der Rohe, que realizou em suas 
obras um espaço prioritariamente fluído, não parietal e desmaterializado, a produção 
arquitetônica desse período ganhou uma visão diferenciada daquela arquitetura que 
antes era maciça e pouco vazada. 
 Na casa Farnsworth, de sua autoria, o espaço atinge essas três características. A 
casa é uma abertura para o olhar e ao mesmo tempo, um limite para o corpo. Sua 
transparência desvenda a possibilidade de fuga de olhares e remete, porém ao complexo 
espaço das vitrines, onde se tem o propósito de deixar tudo e todos à vista. 
 
Casa Farnsworth - visão externa do local onde foi construída, partindo do seu interior. 
< http://mylifeisnotgourmet.blogspot.com.br/2013/07/mies-van-der-rohe.html> 
 
 É nesse ambiente transparente e amplo que o espetáculo da vida moderna ganha 
na transparência, proporcionada pelo uso do vidro, tanto uma cobertura das fachadas 
quanto uma exploração da magia do brilho da luz natural. Durante o dia resplandece a 
claridade natural e os planos sutis do projeto que são deslocados e constituem um 
ambiente espacial pelo seu valor simbólico, tecnológico e também funcional. 
 
 No pavilhão de Barcelona, Mies valoriza a escultura clássica como instrumento 
do contraste de gêneros, enfatizando assim que arquitetura é espaço, envolve um vazio 
e, ao mesmo tempo, acolhe gêneros artísticos diferenciados. 
 Segundo Coutinho ², "o termo escultura é inerente ao ser da arte arquitetônica; a forma 
bastante, que aspira o arquiteto, se constitui pelo espaço interior e, por força de 
exigência fundamental deste, pelo volume palpável. Consequentemente, torna- se 
legítima, no âmbito do conceito de arquitetura, a descrição de valores da arte plástica, e 
a de valores de arquitetura propriamente dita, isto é, a descrição de valores que emanam 
da matéria espaço, matéria que não consubstancia nenhuma outra arte, mantendo-se 
portanto, exclusiva dessa arte – a arquitetura”. 
 Diante disso, "a diferença entre a plástica da escultura e a plástica da arquitetura 
se revela no fator da utilidade do espaço interno arquitetônico, enquanto que a escultura 
é voltada apenas para a admiração do volume em si" ¹. E com isso, Mies consegue 
propor uma arquitetura prioritariamente espacial e menos plástica, onde esse contraste 
também é feito com o vidro e evidencia a espacialidade de ambos projetos. 
 
 
Pavilhão de Barcelona 
< http://claraviegasmiranda.blogspot.com.br/2010_06_20_archive.html> 
 As obras de Mies propõem um espaço moderno fluído, que com o uso do vidro, 
os limites entre interior e exterior se tornam relativos e não absolutos, pois o arquiteto 
projeta paredes envidraçadas que delineiam a vista externa. Na casa Farnsworth, por 
exemplo temos um lugar de descanso no qual o observador tem uma visão panorâmica 
muito particular do local onde a edificação foi construída. Enquanto isso permite essa 
visão privilegiada, a mesma arquitetura enclausura seu usuário com os limites físicos 
estabelecidos pelo material empregado nos planos verticais e pela forma fechada 
destacada do solo por seus planos horizontais. 
 
Plataformas criadas para a segregação da casa em relação ao sono natural 
< http://www.archdaily.com.br/br/01-40344/classicos-da-arquitetura-casa-farnsworth-mies-van-der-rohe/40344_40364> 
 Já no Pavilhão Barcelona, Mies cria um lugar acessível, próximo à extensão 
pública e que tem portas abertas aos visitantes. Porém, mesmo assim, o projeto de Mies 
diferencia e delimita um espaço determinado, utilizando-se também de uma plataforma 
para definir como distinto o espaço do Pavilhão e segregá-lo como um cenário à parte 
do solo em que pisa o público. 
 Percebe-se em Mies uma intensa vontade de proporcionar a experimentação do 
espaço aos seus usuários. Sua arquitetura proporciona um passeio a lentos passos diante 
de espelhamentos e transparências. No Pavilhão Barcelona, por exemplo, Mies 
proporciona um diálogo com o sagrado e um passeio que não acaba até se atravessar o 
todo arquitetônico praticamente desocupado e contemplativo. 
 Contudo, nas obras aqui apresentadas, a beleza de sua arquitetura está nas 
fronteiras impostas aos corpos, que lhe são oferecidas pelo enquadramento envidraçado. 
O espaço aqui é envolvido por uma espécie de membrana que insere os limites da 
arquitetura, mas transita entre o interior e exterior das edificações através da fluidez 
aplicada. Mies enfatiza a transparência, entretanto a diferença entre interior e exterior 
não é enfatizada de forma proposital. O arquiteto dimensionou esses espaços de forma a 
gerar um vazio, que nem mesmo o mobiliário poderia diminuir a fluidez gerada diante 
da conexão interior-exterior. 
 
Interior da Casa Farnsworth 
< http://www.jokerartgallery.com/fotos/arq/der_rohe/farnsworth.php> 
 A fluidez desses espaços produzidos por Mies é adquirida tanto pelos poucos 
planos quanto pela transparência. A arquitetura de Mies tornou-se somente estrutura e 
membrana externa ou, como ele mesmo falava, uma arquitetura de “pele e osso”, ou 
seja, as paredes perdem seu significado de delimitação espacial, sua arquitetura tornou-
se não parietal. Entretanto a forma geral da casa Farnsworth parece ainda estar ligada a 
materialização da caixa, pois o arquiteto apesar de desprender os planos e quase não 
usar paredes que delimitam espaços internos, ele não se interessou na invenção de 
formas "arbitrárias" e propôs então, uma forma retangular para a edificação que se 
caracteriza por uma limpeza construtiva absoluta. 
 Diante disso, percebemos que apesar de estruturar uma desmaterialização de 
planos antes fixos, o vidro em si materializa um ou mais planos externos à medida em 
que enfatiza o espaço como matéria e próprio objeto arquitetônico. O vidro proporciona 
uma dimensão visual que jamais se teve em tempos anteriores à sua existência, o 
mesmo direciona o olhar, por vezes tenta focar a imagem de seu próprio reflexo na 
barreira transparente, a qual se mescla com seus planos de fundo. 
 Porém depende de como cada usuário vem a contextualizar suas percepções, 
condicionadas pelo material, sem dúvidas, às sensações provocadas pela experiência, 
aliás fundamental nos dois exemplos de obras aqui presentes. As fronteiras existentes 
pelo vidro impõem uma delimitação, um território, entretanto dependendo do tipo de 
material essa limitação é de igual direção: quem está dentro, vê o que está fora e vice-
versa. Tal característica presente nas obras, inserem o ser humano numa moderna caixa 
de vidro que reflete uma versão arquitetônica da vitrine, a transparência, portanto, torna-
se umsímbolo. Símbolo de um mundo onde tudo se vê, mas onde se tem limites do 
ilusório, que refletem certas características do mundo moderno-contemporâneo. 
 
CONCLUSÃO 
 
 É de grande notoriedade o fato das obras de Mies Van der Rohe terem alcançado 
tantos atributos estéticos dentro dos artifícios da transparência descritos nesse trabalho. 
O tema da transparência não só na arquitetura de Mies, mas em toda produção moderna 
e contemporânea, o gesto de pensar em substituir o papel delimitador da parede no 
espaço, e substituí-lo pelo vidro, é portador de um grande potencial para pesquisas 
posteriores. 
 Quando somem as paredes, a interface direta com a paisagem aparece, seja essa 
paisagem externa ou interna. A fluidez de circulação também surge de maneira forte, 
através da simplicidade do espaço construído e essa simplicidade de espaço, no caso de 
Mies é um objetivo evidentemente alcançado e trabalhado de forma a nos fazer refutar a 
ideia de que sua arquitetura aponta para uma arquitetura invisível, pois a mesma 
significa abrir a amplitude visual e expor atividades humanas, tornando-se um 
interessante mecanismo reflexivo sobre a sociedade moderna e contemporânea. 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
¹ FERRARO, Silvana Weihermann. Caminho dos sentidos: A percepção do espaço 
como estímulo à criação da forma. - Curso de Pós-Graduação em Educação da 
Universidade Federal do Paraná. Disponível em: 
<www.portalanpedsul.com.br/admin/uploads/2008/Educacao_Superior/Trabalho/02_02
_01_Caminhos_dos_Sentidos_a_percepcao_do_espaco_como_estimulo_a_.pdf> 
² COUTINHO, Evaldo - O Espaço Da Arquitetura 1998. pag.9

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