Buscar

O conceito de Idade Média Oriental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O conceito de Idade Média Oriental.
Como vimos na introdução, entendemos que Idade Média Oriental engloba os eventos e estruturas relacionados a toda a porção do mundo conhecido pelos romanos que não ficou à mercê da atuação e sucesso dos ocupantes germânicos, além de regiões nunca agregadas pelos “senhores“ da Antiguidade.
Para nós, historiadores, essa divisão é apenas ideológica, ou seja, refere-se a um contexto cronológico muito específico. Se aqueles que dedicam seu olhar à Geografia Física podem estabelecer limites rígidos para essa fronteira, nós procuramos não fazê-lo. Tal preocupação se deve ao uso pejorativo atribuído, por vezes, ao termo Oriente.
O intelectual palestino Edward Said, em uma festejada obra, O Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente, advoga a tese de que a concepção que divide o mundo em “oriente” e “ocidente”, sob a máscara de uma distinção didática, na verdade serve para enfatizar diferenças.
Mais do que isso, para, veladamente, estabelecer uma hierarquia cultural, o que dificulta qualquer tentativa de aproximação.
Mais uma prova de como esse conceito é ideológico, não real; ressaltamos o tópico de que essa disciplina está abordando o que os romanos e, mais tarde, a Igreja Católica, entenderam como Oriente. Os próprios romanos, assim como os gregos, acreditavam-se superiores a vários povos situados a leste.  A Igreja Católica defendeu a supremacia de sua fé, em detrimento das crenças judaicas e islâmicas.
Esclarecido esse ponto, vamos relembrar as relações estabelecidas ao longo da Antiguidade entre essas frações do mundo e criar o arcabouço para o entendimento de nosso curso.
Helenismo
Como estudamos em Antiguidade Ocidental, os gregos, após uma série de lutas fratricidas (a Guerra do Peloponeso), ficaram tão fragilizados que se tornaram “presa fácil” para as incursões macedônias.
Mas no que consistia o Império Macedônio?
Segundo o historiador Moses I. Finley: “No século V a.C, a Macedônia era ainda um conglomerado de tribos, vivendo da agricultura e da pastorícia, governados mais ou menos, firmemente por seus reis. Os círculos da corte, especialmente na  Macedônia, mantinham contatos militares e econômicos com o  mundo grego e as classes superiores cada vez mais se tornaram gregas na sua cultura”
Com a ascensão de Filipe II ao trono da Macedônia, esse reino ganhou mais poder: seu exército foi reorganizado, suas táticas militares revalidadas. Em suma, o descompasso dos macedônios em relação aos gregos no século V a.C. foi suplantado no século seguinte por uma liderança com tendências expansionistas. Graças a esse fator e à já citada desunião das poleis gregas, Felipe II e seu sucessor Alexandre conseguem ampliar as fronteiras da Macedônia para essa região.  
Após a morte de Alexandre, houve um “esfacelamento interno” do reino macedônio. Sem herdeiros possíveis, suas conquistas foram repartidas entre os generais que lhe assessoravam. Os três principais reinos surgidos foram: Macedônia – nas mãos dos Antigônidas; Ásia – Selêucidas e Egito – Lágidas e outros, de menor expressão.  
Pouco tempo depois, esses reinos começaram a lutar para expandir territórios, por vezes, às expensas dos antigos aliados.
	
Helenismo
Além das questões administrativas, havia lutas dinásticas virulentas e os povos subjugados não conformados com sua sorte, se sublevavam (se revoltavam) periodicamente. Em suma, o que outrora aconteceu com o mundo grego, passa a ocorrer com o Império Macedônio.
Nas palavras de Finley: “No começo do século II a.C, todos se encontravam muito enfraquecidos e nessa altura, Roma os invadiu, complementando assim, o processo de controle do Mediterrâneo.” 
Obviamente que esse processo teve uma contrapartida: a expansão helenística também foi influenciada pelas realidades  dos povos da bacia oriental do Mediterrâneo. 
Segundo o supracitado autor: 
“No plano religioso, assim como no plano artístico, havia no Egito, na Síria, na Palestina e na Ásia Menor tradições que a dominação greco-macedônica não poderia suprimir.” (MOSSÉ, 1998, p.161)
Segundo a historiadora Norma Musco Mendes: “A expansão territorial romana é revestida de características próprias que a diferenciam dos processos de expansão dos outros povos da Antiguidade. Foi um fenômeno de longa duração com ritmos de intensidade variada, que se estendeu desde o século V a.C, até o século II d.C, com as campanhas de Trajano. Roma atingiu, sob esse imperador, a extensão máxima de seu império, através da anexação da Dácia, da Armênia, da Mesopotâmica e da Arábia.”
Ao anexar áreas tão diferenciadas, os romanos que já tinham contato com a cultura grega desde à época em que eles fundaram colônias no sul da Península Itálica, ampliaram essa relação. O helenismo passou a fazer parte do mundo romano e de todos os seus domínios.
O processo expansionista, contudo, trouxe consequências, não necessariamente positivas para Roma. 
Se por um lado representou abundância em relação ao quantitativo de mão de obra escrava entrante, à arrecadação de tributos, à exploração de matéria-prima; por outro lado, revelou incongruências significativas.
Dentre essas incongruências citamos o fato do expansionismo não ter “socializado” as benesses, em suma, a população em geral não experimentou, a não ser de forma incidental, as vantagens advindas com os êxitos romanos. 
Ainda nessa linha de análise, as próprias estruturas tradicionais romanas não estavam preparadas para as transformações socioeconômicas verificadas. 
A República, a partir do século II a.C, começa a entrar em “colapso”.
Após sucessivas disputas internas de poder, com a ascensão dos generais e a criação dos triunviratos (três magistrados romanos que se encarregavam de um ramo da administração), forma-se um poder que, sob a ótica da já citada Norma Mendes, é um híbrido: “(...) mistura novidades com permanências, quer dizer, conserva as instituições republicanas, mas as coloca sob a tutela de um princeps (Primeiro entre os iguais)” Era o fim da República e o início do Principado.   .
Principado – Alto império
Para muitos estudiosos, dentre eles Nicolet, o Principado poderia ser caracterizado pela centralização administrativa e pelo militarismo. Em relação a esse particular, houve uma significativa transformação.
No final da República, o exército era custeado pelos generais com recursos particulares e, obviamente, com os resultados das conquistas militares empreendidas. Tal dinâmica era utilizada por esses líderes para ampliar substancialmente seu poder pessoal.
Como sabemos, o surgimento dessas lideranças autônomas foi uma das razões para os problemas no final da República. A fim de neutralizá-las, já a partir de Otaviano, os imperadores romanos capitanearam essa prática tornando-se chefes absolutos dos exércitos.
“Os legionários estavam isolados politicamente, separados dos seus generais e ligados apenas ao chefe do governo e, através dele a Roma, personificado na pessoa do imperador. Isso ficou ainda mais evidente quando o imperador Otávio Augusto, no ano 6, criou a Teocracia Militar, sob sua administração direta. O exército passou a depender exclusivamente do Estado e, por conseguinte, do Imperador”.
Após séculos de relativa calmaria, (como estudamos em Antiguidade Ocidental, a Pax Romana) o Império começou a vivenciar problemas muito sérios. O século III é marcante para a história romana no que tange à desagregação de sua extensão geográfica. 
Vários estudiosos defendem, inclusive, que esse foi o marco para o desligamento das porções Ocidente e Oriente.
Nesse contexto, caracterizado pela historiografia como crise do século III, evidenciam-se problemas negligenciados nos séculos passados. Grande parte deles se relacionava à estagnação expansionista, provedora de elementos essenciais à sobrevivência do Império.
Dentre esses problemas, podemos citar a questão da mão de obra escrava. Visto que grande parte dos escravos era resultado de capturas em batalhas, inicia-seum processo de escassez que vai obrigar os romanos a instituir novas formas de trabalho.
Outra questão sistêmica era o déficit econômico vivido por Roma. As despesas para a manutenção do Império Romano aumentavam cada vez mais. 
Manter exércitos protegendo as fronteiras, custear a política de apaziguamento das massas demandava a renovação constante de recursos e isso não estava ocorrendo. 
Os problemas de corrupção nas províncias e disputas pelo poder complementavam o quadro de crise.
Na tentativa de minimizar a situação, algumas políticas foram implementadas. A primeira delas, a instituição da tetrarquia, em 286, um governo composto por dois Augustos e dois governantes secundários, os Césares.  Segundo o historiador Michael Grant: “(…) embora a tetrarquia multiplicasse a autoridade, não a dividiu, oficialmente; o império ainda era uma unidade indivisível. A legislação era expedida em nome de todos os quatro, a lei de um dos Augustos era a lei do outro, e os dois Césares eram obrigados a obedecer a ambos.” 
Após a abdicação de Diocleciano, o modelo de tetrarquia desmoronou.
Quase um século depois, em 395, Teodósio partilhou o Império entre seus dois filhos: Honório e Arcádio. 
Tal decisão mostrou-se irremediável visto que, seria a partir dela que o Império Romano do Oriente, que já divisava características muito particulares, busca o afastamento das questões ocidentais.
Os povos germânicos que já haviam empreendido avanços significativos nos limes desde o século IV ampliaram sua atuação e tal processo culmina na desagregação do lado Ocidental.
O Império Romano do Oriente, apesar de ter sofrido tentativas de incursões, consegue subsistir a essa fase e aflora como herdeiro de Roma.
Aula 2 – O Império Bizantino

Outros materiais