Buscar

DIREITO CONSTITUCIONAL

Prévia do material em texto

Aula 02
Noções de Direito Constitucional p/ PM-AL (Soldado) Com videoaulas
Professores: Nádia Carolina, Ricardo Vale
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     1 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
!ULA 02 
DIREITOS  SOCIAIS E NACIONALIDADE 
Sumário 
Direitos Sociais ................................................................................................................................. 3 
1‑ Introdução: ................................................................................................................................. 3 
2‑ Os direitos sociais (art. 6º): ..................................................................................................... 4 
3‑ Os direitos sociais individuais dos trabalhadores (art. 7º): .............................................. 5 
4‑ Os direitos sociais coletivos dos trabalhadores: ............................................................... 21 
Nacionalidade ................................................................................................................................. 27 
1‑ Introdução: ............................................................................................................................... 27 
2‑ Atribuição de Nacionalidade pelo direito brasileiro: ..................................................... 28 
3‑ Portugueses Residentes no Brasil: ...................................................................................... 36 
4‑ Condição Jurídica do Nacionalizado: ................................................................................. 36 
5‑ Perda da Nacionalidade: ....................................................................................................... 39 
6‑ Língua e Símbolos Oficiais: ................................................................................................. 41 
Questões Comentadas ................................................................................................................... 42 
1.  Direitos Sociais ................................................................................................................... 42 
2.  Nacionalidade ..................................................................................................................... 54 
Lista de Questões ........................................................................................................................... 67 
1.  Direitos Sociais ................................................................................................................... 67 
2.  Nacionalidade ..................................................................................................................... 72 
Gabarito ........................................................................................................................................... 77 
 
Ol‡, amigos do EstratŽgia Concursos, tudo bem? 
Na aula de hoje, daremos continuidade ao estudo dos direitos fundamentais. 
Falaremos sobre os direitos sociais e os direitos de nacionalidade. 
Um grande abrao, 
N‡dia e Ricardo 
Para tirar dœvidas e ter acesso a dicas e conteœdos gratuitos, acesse 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     2 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
nossas redes sociais: 
Facebook do Prof. Ricardo Vale: 
https://www.facebook.com/profricardovale 
Canal do YouTube do Ricardo Vale: 
https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q 
 
 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     3 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Direitos Sociais 
1- Introdu‹o: 
Ao estudarmos os direitos de 1» gera‹o, percebemos que estes buscam 
restringir a a‹o do Estado sobre os indiv’duos, limitando o poder estatal. S‹o, 
por isso, direitos que tm como valor-fonte a liberdade, impondo ao Estado 
uma obriga‹o de n‹o-fazer, de n‹o intervir na —rbita privada. Em raz‹o 
disso, a doutrina os denomina liberdades negativas. 
A natureza jur’dica dos direitos sociais Ž diversa. Trata-se de direitos 
fundamentais de 2» gera‹o, que imp›em ao Estado uma Òobriga‹o de 
fazerÓ, uma obriga‹o de ofertar presta›es positivas em favor dos 
indiv’duos, visando concretizar a igualdade material. S‹o, portanto, direitos 
que tm como valor-fonte a igualdade; eles buscam possibilitar melhores 
condi›es de vida aos indiv’duos e, assim, realizar a justia social. 
Pode-se dizer que os direitos sociais s‹o presta›es positivas (a›es) 
realizadas pelo Estado para melhorar a qualidade de vida dos 
hipossuficientes, ou seja, dos mais necessitados. Em raz‹o disso, o Estado 
deve garantir que todos tenham acesso ˆ educa‹o, saœde, alimenta‹o, 
trabalho, dentre outros. Segundo Alexandre de Moraes, os direitos sociais 
constituem normas de ordem pœblica, com a caracter’stica de imperativas. 
A origem dos direitos sociais remonta ˆ crise do Estado liberal, ocasionada 
pelo forte avano da industrializa‹o. Nas f‡bricas, os trabalhadores viviam em 
condi›es prec‡rias. Movimentos reivindicat—rios passaram, ent‹o, a exigir 
uma postura mais ativa do Estado, que n‹o devia limitar-se a n‹o intervir, mas 
tambŽm atuar positivamente, garantindo condi›es m’nimas aos 
trabalhadores. 
Os direitos sociais aparecem, portanto, em um contexto hist—rico marcado por 
reivindica›es trabalhistas e pelo surgimento de doutrinas socialistas. 
Constatava-se que a mera consagra‹o da igualdade formal n‹o era suficiente 
para realizar a igualdade material. Como grande marco dos direitos sociais, 
citamos a Constitui‹o de Weimar de 1919 (Constitui‹o do ImpŽrio 
Alem‹o). 
Na Constitui‹o Federal de 1988, os direitos sociais est‹o relacionados nos art. 
6¼ - art. 11. H‡, tambŽm, outros dispositivos do texto constitucional que 
versam sobre os direitos sociais. ƒ o caso, por exemplo, do art. 194 (que trata 
da seguridade social), art. 196 (direito ˆ saœde) e art. 205 (direito ˆ educa‹o) 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     4 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
2- Os direitos sociais (art. 6¼): 
 
Art. 6¼ S‹o direitos sociais a educa‹o, a saœde, a alimenta‹o, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurana, a previdncia social, a prote‹o ˆ 
maternidade e ˆ inf‰ncia, a assistncia aos desamparados, na forma desta 
Constitui‹o. 
No texto original da Constitui‹o Federal, n‹o se fazia men‹o ˆ alimenta‹o, 
ˆ moradia e ao transporte, cuja inser‹o na Carta Magna foi obra do Poder 
Constituinte Derivado. A moradia foi inserida pela EC n¼ 26/2000; a 
alimenta‹o, pela EC n¼ 64/2010; e o transporte, pela EC n¼ 90/2015. Tenham 
uma especial aten‹o quanto a esses trs direitos sociais! As bancas 
examinadoras adoram cobr‡-los, especialmente pelo fato de eles n‹o fazerem 
parte do texto original da CF/88. 
Segundo o art. 6¼, a Constitui‹o consagra como direitos sociais a educa‹o, 
a saœde, a alimenta‹o, o trabalho, a moradia, o transporte o lazer, a 
segurana, a previdncia social, a prote‹o ˆ maternidade e ˆ inf‰ncia, a 
assistncia aos desamparados. O STF entende que trata-se de rol 
exemplificativo1, pois h‡ outros direitos sociais espalhados pelo texto 
constitucional. Destaque-se que os direitos sociais do art.6¼ s‹o, todos eles, 
normas de efic‡cia limitada e aplicabilidade mediata, dependendo, para 
sua concretiza‹o, da atua‹o estatal, seja atravŽs da edi‹o de leis 
regulamentadoras, seja atravŽs da oferta de presta›es positivas em favor dos 
indiv’duos. 
Uma das discuss›es mais relevantes sobre os direitos sociais diz respeito, 
justamente, ˆ sua concretiza‹o. N‹o basta que esses direitos estejam 
previstos na Constitui‹o; eles precisam, mais do que isso, ser efetivados, 
                                                        
1 STF, ADI n¼ 639, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 02.06.2005. 
DIREITOS 
SOCIAIS
ORIGEM: CRISE DO ESTADO LIBERAL!
NATUREZA JURÍDICA: DIREITOS DE 2A GERAÇÃO!
ART. 6O, CF
EDUCAÇÃO, SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, 
TRABALHO, MORADIA, TRANSPORTE, LAZER, 
SEGURANÇA, PREVIDÊNCIA SOCIAL, 
PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA, 
ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     5 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
colocados em pr‡tica. H‡ necessidade, portanto, da firme atua‹o estatal por 
meio de pol’ticas pœblicas voltadas para a concretiza‹o dos direitos sociais. 
3- Os direitos sociais individuais dos trabalhadores (art. 7¼): 
No art. 7¼ da Constitui‹o, s‹o enumerados os direitos sociais individuais dos 
trabalhadores. Leia-o atentamente, pois ele costuma ser cobrado em sua 
literalidade. 
Art. 7¼ S‹o direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alŽm de outros que 
visem ˆ melhoria de sua condi‹o social: 
Note que a Constitui‹o, no caput do art. 7¼, equipara os direitos do 
trabalhador rural aos do trabalhador urbano. 
I - rela‹o de emprego protegida contra despedida arbitr‡ria ou sem justa 
causa, nos termos de lei complementar, que prever‡ indeniza‹o 
compensat—ria, dentre outros direitos; 
Esse dispositivo Ž t’pica norma de efic‡cia limitada, exigindo lei 
complementar que proteja a rela‹o de emprego contra despedida arbitr‡ria 
ou sem justa causa. Trata-se do direito ˆ segurana no emprego. 
Segundo o art. 10, do ADCT (Ato das Disposi›es Constitucionais Transit—rias), 
atŽ a promulga‹o da mencionada lei complementar, a indeniza‹o contra a 
despedida arbitr‡ria ou sem justa causa ficar‡ restrita a 40% sobre os 
dep—sitos do Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS), realizados em 
favor do empregado. 
Cabe destacar que a prote‹o conferida pela Constitui‹o somente alcana a 
despedida arbitr‡ria ou sem justa causa. N‹o haver‡ indeniza‹o, 
portanto, diante da despedida por justa causa. 
A CF/88 extinguiu a antiga Òestabilidade decenalÓ, que, apesar de estar 
prevista na CLT, n‹o foi recepcionada pela nova ordem constitucional. Pela 
regra da estabilidade decenal, o empregado que tivesse mais de 10 anos de 
empresa n‹o poderia ser demitido, salvo em caso de falta grave ou 
circunst‰ncia de fora maior. 
Hoje, nem mesmo a despedida arbitr‡ria ou sem custa causa s‹o proibidas. 
Elas poder‹o ocorrer, cabendo, todavia, indeniza‹o. Destaque-se que o art. 
10, do ADCT, estabelece 2 (dois) casos de veda‹o absoluta ˆ dispensa 
arbitr‡ria ou sem justa causa: 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     6 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
a) Do empregado eleito para cargo de dire‹o de comiss›es internas de 
preven‹o de acidentes (CIPA), desde o registro de sua candidatura atŽ 
um ano ap—s o final de seu mandato; 
b) Da empregada gestante, desde a confirma‹o da gravidez atŽ cinco 
meses ap—s o parto. 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involunt‡rio; 
Note que o seguro-desemprego s— Ž devido no caso de desemprego 
involunt‡rio. As bancas examinadoras adoram confundir os candidatos, 
falando em desemprego Òvolunt‡rioÓ, o que estar‡ errado. 
III - fundo de garantia do tempo de servio; 
O FGTS (Fundo de Garantia) Ž recolhido pelo empregador ˆ al’quota de 8% 
sobre a remunera‹o paga ou devida, no ms anterior, a cada trabalhador. 
Destaque-se que o FGTS n‹o Ž direito dos servidores pœblicos 
estatut‡rios. 
IV - sal‡rio m’nimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais b‡sicas e ˆs de sua fam’lia com moradia, 
alimenta‹o, educa‹o, saœde, lazer, vestu‡rio, higiene, transporte e 
previdncia social, com reajustes peri—dicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vincula‹o para qualquer fim; 
O sal‡rio m’nimo deve ser fixado em lei formal: verifica-se, aqui, hip—tese 
de reserva legal. Em torno desse tema, houve relevante controvŽrsia 
apreciada pelo STF. A Lei n¼ 12.382/2011 estabeleceu que o valor do sal‡rio 
m’nimo seria de R$ 545,00, mas que decreto presidencial seria respons‡vel 
pelos reajustes e aumentos salariais segundo determinados ’ndices. 
Segundo o STF, a Lei n¼ 12.382/2011 Ž constitucional, n‹o havendo —bice a 
que um decreto presidencial estabelea os reajustes, cuja f—rmula e ’ndices 
est‹o previstos na pr—pria lei. O decreto presidencial n‹o estaria, assim, 
fixando o valor do sal‡rio m’nimo; ele seria um mero ato declarat—rio do 
valor reajustado segundo a pol’tica de valoriza‹o prevista na lei. 2 
O sal‡rio m’nimo Ž œnico para todo o territ—rio nacional, o que impede a 
existncia de sal‡rios m’nimos regionais. Destaque-se que existem os 
                                                        
2 STF, ADI 4568/DF, Rel. Min. Carmen Lœcia. 03.11.2011. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     7 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
chamados Òpisos salariaisÓ, que n‹o se confundem com sal‡rio m’nimo, e s‹o 
resultantes de negocia›es coletivas de trabalho. 
O sal‡rio m’nimo n‹o pode sofrer vincula‹o, ou seja, servir como 
indexador, para qualquer fim. ƒ relevante destacar que esse impedimento ˆ 
vincula‹o do sal‡rio m’nimo tem como objetivo evitar que aumentos do seu 
valor se propaguem para toda a economia, prejudicando o poder aquisitivo. 
Para fecharmos esse t—pico, Ž importante que voc saiba que o STF permite 
que os conscritos recebam remunera‹o inferior ao sal‡rio-m’nimo. 
Veja o que disp›e a Sœmula Vinculante no 06, que poder‡ ser cobrada em sua 
prova: 
Sœmula Vinculante n¼ 06: ÒN‹o viola a Constitui‹o o 
estabelecimento de remunera‹o inferior ao sal‡rio m’nimo para as 
praas prestadoras de servio militar inicialÓ. 
A justificativa para essa exce‹o Ž que a Constitui‹o Federal n‹o estendeu 
aos militares a garantia de remunera‹o n‹o inferior ao sal‡rio m’nimo, como 
o fez para outras categorias de trabalhadores. O regime a que se submetem os 
militares n‹o se confunde com aquele aplic‡vel aos servidores civis, visto que 
tm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos pr—prios. Isso porque os 
cidad‹os que prestam servio militar obrigat—rio exercem um mœnus pœblico 
relacionado com a defesa da soberania da p‡tria. Por isso mesmo, a obriga‹o 
do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condi›es 
materiais para a adequada presta‹o do servio militar obrigat—rio nas Foras 
Armadas. 
V - piso salarial proporcional ˆ extens‹o e ˆ complexidade do trabalho; 
O piso salarial Ž estabelecido por categoria de trabalhadores e fixado mediante 
negocia‹o coletiva de trabalho. Na fixa‹o do piso salarial, deve-se levar 
em considera‹o a extens‹o e a complexidade do trabalho. 
VI - irredutibilidade do sal‡rio, salvo o disposto em conven‹o ou acordo 
coletivo; 
A irredutibilidade do sal‡rio guarda estreitarela‹o com o princ’pio da veda‹o 
ao retrocesso. Assim, em regra, o sal‡rio n‹o poder‡ ser reduzido. A 
redu‹o salarial Ž hip—tese excepcional, que somente ocorrer‡ mediante 
negocia‹o coletiva de trabalho (conven‹o coletiva ou acordo coletivo). 
Destaque-se que conven‹o coletiva e acordo coletivo s‹o espŽcies do gnero 
Ònegocia‹o coletiva de trabalhoÓ. Conven‹o coletiva de trabalho Ž uma 
negocia‹o entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal. J‡ o 
acordo coletivo de trabalho, Ž uma negocia‹o entre o sindicato dos 
trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     8 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
A negocia‹o coletiva de trabalho pode, portanto, flexibilizar a irredutibilidade 
salarial. Essa flexibilidade se deve ao fato de que, muitas vezes, Ž mais 
benŽfico para uma categoria aceitar uma redu‹o salarial (numa crise 
econ™mica, por exemplo), que arcar com um grande aumento do desemprego. 
 
(TRT 2a Regi‹o Ð 2015) A irredutibilidade salarial n‹o Ž 
absoluta, sendo l’cita mediante previs‹o em conven‹o ou 
acordo coletivo. 
Coment‡rios: 
ƒ poss’vel a redu‹o salarial atravŽs de conven‹o ou acordo 
coletivo. Portanto, a irredutibilidade salarial n‹o Ž absoluta. 
Quest‹o correta. 
 
VII - garantia de sal‡rio, nunca inferior ao m’nimo, para os que percebem 
remunera‹o vari‡vel; 
H‡ alguns trabalhadores que possuem remunera‹o vari‡vel. Como 
exemplo, citamos um funcion‡rio de uma loja que recebe por comiss‹o de suas 
vendas. Em meses com alto volume de vendas, ele recebe muito bem; porŽm, 
em um ms de vendas fracas, ele ter‡ uma remunera‹o bastante reduzida. A 
Constitui‹o garante, entretanto, que esse trabalhador nunca receber‡ uma 
remunera‹o inferior ao sal‡rio m’nimo. 
VIII - dŽcimo terceiro sal‡rio com base na remunera‹o integral ou no valor 
da aposentadoria; 
O dŽcimo terceiro sal‡rio Ž o que se conhece por gratifica‹o natalina. 
IX - remunera‹o do trabalho noturno superior ˆ do diurno; 
Esse dispositivo garante aos trabalhadores a percep‹o de adicional noturno. 
Destaque-se que o valor do adicional noturno n‹o Ž definido pela Constitui‹o 
Federal, mas sim pela legisla‹o infraconstitucional. 
ƒ importante que voc saiba que a previs‹o de remunera‹o do trabalho 
noturno superior ˆ do diurno Ž devida inclusive para os empregados que 
trabalham em regime de revezamento. ƒ o que disp›e a Sœmula 213 do 
STF, segundo a qual: 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     9 de 78 
  
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
҃ devido o adicional de servio noturno, ainda que sujeito o empregado 
ao regime de revezamento.Ó 
X - prote‹o do sal‡rio na forma da lei, constituindo crime sua reten‹o 
dolosa; 
A maior parte da popula‹o brasileira n‹o possui poupana, dependendo do 
sal‡rio para sobreviver. O sal‡rio Ž, portanto, uma verba de natureza 
alimentar; em raz‹o disso Ž que constitui crime sua reten‹o dolosa por 
parte do empregador. 
XI - participa‹o nos lucros, ou resultados, desvinculada da remunera‹o, e, 
excepcionalmente, participa‹o na gest‹o da empresa, conforme definido em 
lei; 
Trata-se de norma de efic‡cia limitada, dependente de lei para produzir 
todos os seus efeitos. A participa‹o nos lucros Ž desvinculada da 
remunera‹o e Ž uma forma de se estimular a produtividade do trabalhador. 
XII - sal‡rio-fam’lia pago em raz‹o do dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei; 
O sal‡rio-fam’lia Ž um benef’cio previdenci‡rio, sendo devido somente ao 
trabalhador de baixa renda. ƒ pago em cotas, de acordo com o nœmero de 
dependentes (se o trabalhador possui um dependente, ele recebe uma cota do 
sal‡rio-fam’lia; se ele possui dois dependentes, ele recebe duas cotas de 
sal‡rio-fam’lia). 
Os critŽrios para o recebimento do sal‡rio-fam’lia s‹o definidos em lei formal. 
Mais uma vez, estamos diante de uma norma de efic‡cia limitada. 
 
(TRT 2a Regi‹o Ð 2015) O sal‡rio-fam’lia ser‡ pago em 
virtude do dependente do trabalhador, sem se cogitar da 
renda por ele auferida, j‡ que se trata de um direito social 
garantido constitucionalmente. 
Coment‡rios: 
O sal‡rio fam’lia somente Ž devido ao trabalhador de baixa 
renda. Quest‹o errada. 
 
XIII - dura‹o do trabalho normal n‹o superior a oito horas di‡rias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensa‹o de hor‡rios e a 
redu‹o da jornada, mediante acordo ou conven‹o coletiva de trabalho; 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     10 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
A regra Ž a presta‹o de trabalho por atŽ 8 horas di‡rias e 44 horas 
semanais. Normalmente, isso Ž feito mediante jornadas de 8 horas de 
segunda-feira a sexta-feira e de 4 horas no s‡bado. ƒ poss’vel a 
compensa‹o de hor‡rios: um trabalhador que tenha um contrato de 
trabalho de 44 horas semanais e 8 horas di‡rias poder‡, por exemplo, 
trabalhador 2 horas a menos em um determinado dia, compensando-as 
posteriormente. 
Cabe destacar que, excepcionalmente, Ž poss’vel haver redu‹o da jornada 
de trabalho, mediante acordo ou conven‹o coletiva. 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negocia‹o coletiva; 
O trabalho prestado em turnos ininterruptos de revezamento Ž aquele em que 
h‡ altern‰ncia de hor‡rios; nesse regime de trabalho, os trabalhadores se 
revezam nos postos de trabalho. Em um determinado dia, trabalha ˆ noite; no 
outro, pela manh‹; no outro, ˆ tarde. 
Nesse caso, devido ao grande desgaste para a saœde do trabalhador, a 
Constitui‹o prev uma jornada de seis horas. Note que esta poder‡, 
excepcionalmente, ser aumentada, em caso de negocia‹o coletiva. 
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; 
Atente para a palavra preferencialmente. N‹o h‡ obriga‹o de concess‹o 
desse repouso no domingo: ele pode acontecer em qualquer outro dia da 
semana. 
XVI - remunera‹o do servio extraordin‡rio superior, no m’nimo, em 
cinquenta por cento ˆ do normal; 
A remunera‹o do servio extraordin‡rio Ž o que se conhece por hora-extra. 
Note a express‹o Òno m’nimoÓ! Uma quest‹o de concurso que disser que 
essa remunera‹o Ž necessariamente 50% superior ˆ do servio normal estar‡ 
errada. 
XVII - gozo de fŽrias anuais remuneradas com, pelo menos, um tero a 
mais do que o sal‡rio normal; 
Esse dispositivo trata do adicional de fŽrias. O trabalhador faz jus a fŽrias, 
recebendo, durante esse per’odo, sua remunera‹o acrescida de, no m’nimo, 
1/3 do sal‡rio normal. Assim, o trabalhador poder‡ receber um adicional de 
fŽrias superior a 1/3 do sal‡rio. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     11 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Note que a Constitui‹o n‹o disp™s sobre a dura‹o das fŽrias, deixando 
essa tarefa para a legisla‹o infraconstitucional. 
XVIII - licena ˆ gestante, sem preju’zo do emprego e do sal‡rio, com a 
dura‹o de cento e vinte dias; 
XIX - licena-paternidade, nos termos fixados em lei; 
A licena ˆ gestante tem dura‹o de 120 dias, conforme definido pela 
Constitui‹o. Durante esse per’odo, a gestante fica licenciada, sem que perca 
seu emprego e remunera‹o. Assim,ela mantŽm seu v’nculo de emprego com 
a empresa e continua a receber sua remunera‹o. Cabe destacar que a licena 
ˆ gestante Ž tambŽm um direito outorgado ˆs servidoras pœblicas. 
No RE n¼ 778.889/PE, o STF fixou a tese de que os prazos da licena-gestante 
n‹o podem ser superiores aos prazos da licena-adotante, inclusive no 
que diz respeito ˆs prorroga›es. Assim, se uma lei concede 120 dias de 
licena ˆ gestante, dever‹o ser concedidos tambŽm 120 dias de licena ˆ 
adotante. 3 
A licena-paternidade, por sua vez, Ž benef’cio que depende de 
regulamenta‹o por lei: trata-se, portanto, de norma de efic‡cia limitada. 
Como essa lei n‹o foi editada atŽ hoje, est‡ em vigor o mandamento previsto 
no Ato das Disposi›es Constitucionais Transit—rias (ADCT). Segundo o art. 
10, ¤ 1¼, do ADCT, "atŽ que lei venha a disciplinar o disposto no art. 7¼, XIX 
da Constitui‹o, o prazo da licena-paternidade a que se refere o inciso Ž de 
cinco dias". 
XX - prote‹o do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
espec’ficos, nos termos da lei; 
A prote‹o ao mercado de trabalho da mulher tem como objetivo alcanar a 
igualdade material. Nesse caso, almeja-se estabelecer a igualdade de 
gneros. Trata-se de mais uma norma de efic‡cia limitada. 
XXI - aviso prŽvio proporcional ao tempo de servio, sendo no m’nimo de 
trinta dias, nos termos da lei; 
O aviso prŽvio se aplica aos contratos de trabalho por tempo indeterminado. ƒ 
um instituto que tem como objetivo permitir que o trabalhador tenha um 
tempo para buscar um novo emprego ap—s tomar conhecimento da inten‹o 
do empregador de demiti-lo. 
                                                        
3 RE 788.889/PE, Rel. Min. Luiz Roberto Barroso. Julgamento: 10.03.2016. Nesse 
julgado, o STF considerou que o art. 210, da Lei n¼ 8.112/90, ao conceder apenas 90 
dias de licena ˆ adotante, Ž inconstitucional. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     12 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
O aviso prŽvio deve ser proporcional ao tempo de servio: quanto maior o 
tempo de servio, maior ser‡ o prazo do aviso prŽvio. Deve-se observar, 
contudo, que o prazo m’nimo do aviso prŽvio Ž de 30 dias. 
XXII - redu‹o dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de 
saœde, higiene e segurana; 
A segurana e a saœde no trabalho s‹o considerados direitos essenciais dos 
trabalhadores. A redu‹o dos riscos inerentes ao trabalho Ž, portanto, 
uma face importante das pol’ticas pœblicas em matŽria trabalhista. Esse 
dispositivo Ž que ampara a edi‹o, pelo MinistŽrio do Trabalho e Emprego, das 
chamadas NRÕs (Normas Regulamentadoras). 
XXIII - adicional de remunera‹o para as atividades penosas, insalubres ou 
perigosas, na forma da lei; 
As atividades penosas, insalubres ou perigosas implicam no pagamento de 
adicional de remunera‹o aos trabalhadores. Assim, um trabalhador que 
exera atividade perigosa (contato permanente com inflam‡veis e explosivos) 
receber‡ adicional de periculosidade; por sua vez, um trabalhador que exera 
atividade insalubre receber‡ o adicional de insalubridade. 
XXIV - aposentadoria; 
A aposentadoria Ž um benef’cio previdenci‡rio assegurado aos 
trabalhadores. N‹o Ž nosso objetivo, nesse momento, discorrer sobre os v‡rios 
tipos de aposentadoria e os requisitos para sua concess‹o. 
XXV - assistncia gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento atŽ 
5 (cinco) anos de idade em creches e prŽ-escolas; 
A assistncia gratuita em creches e prŽ-escolas Ž devida aos filhos e 
dependentes do trabalhador, desde o nascimento atŽ 5 (cinco anos) de 
idade. Atente para esse limite de idade! 
XXVI - reconhecimento das conven›es e acordos coletivos de trabalho; 
As negocia›es coletivas de trabalho podem ser de dois tipos: i) conven›es 
coletivas de trabalho (celebradas entre sindicato patronal e sindicato dos 
trabalhadores) e; ii) acordos coletivos de trabalho (celebrados entre 
sindicato dos trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas). Destaque-
se que as negocia›es coletivas de trabalho s‹o consideradas fontes do 
direito do trabalho. 
XXVII - prote‹o em face da automa‹o, na forma da lei; 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     13 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Trata-se de dispositivo que visa evitar que as inova›es tecnol—gicas 
substituam o papel desempenhado pelos trabalhadores, buscando garantir que 
n‹o haja diminui‹o do nœmero de postos de trabalho. ƒ uma t’pica norma de 
efic‡cia limitada, cuja concretiza‹o depende de lei regulamentadora. 
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem 
excluir a indeniza‹o a que este est‡ obrigado, quando incorrer em dolo ou 
culpa; 
O seguro contra acidentes de trabalho Ž um encargo do empregador, mas 
que n‹o o exime de indenizar o empregado, quando tiver incorrido em 
dolo ou culpa. Em outras palavras, mesmo pagando seguro contra acidentes 
de trabalho, o empregador continua sujeito ˆ indeniza‹o caso estes ocorram. 
Entretanto, Ž necess‡rio que haja dolo ou culpa. 
XXIX - a‹o, quanto aos crŽditos resultantes das rela›es de trabalho, com 
prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, atŽ 
o limite de dois anos ap—s a extin‹o do contrato de trabalho; 
Esse inciso precisa ser analisado com aten‹o. Inicialmente, verifique que, 
tanto para o trabalhador urbano quanto para o rural, h‡ possibilidade de se 
requererem crŽditos relativos aos œltimos cinco anos do contrato de 
trabalho. ƒ a chamada prescri‹o quinquenal. 
Entretanto, desfeito o v’nculo laboral, o trabalhador ter‡ apenas dois 
anos para reclamar tais crŽditos na Justia. Nesse caso, entretanto, a 
cada dia de inŽrcia, perder‡ um dia de direito. Se entrar com uma a‹o 
trabalhista no œltimo dia do prazo de dois anos, s— poder‡ reaver os crŽditos 
referentes aos trs œltimos anos do contrato de trabalho, por exemplo. 
XXX - proibi‹o de diferena de sal‡rios, de exerc’cio de fun›es e de critŽrio 
de admiss‹o por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
XXXI - proibi‹o de qualquer discrimina‹o no tocante a sal‡rio e critŽrios 
de admiss‹o do trabalhador portador de deficincia; 
XXXII - proibi‹o de distin‹o entre trabalho manual, tŽcnico e intelectual 
ou entre os profissionais respectivos; 
Esses trs dispositivos traduzem obriga›es de n‹o-discrimina‹o, de 
isonomia. O inciso XXX pro’be que sejam estabelecidas diferena de sal‡rios, 
de exerc’cio de fun›es e de critŽrio de admiss‹o por motivo de sexo, idade, 
cor ou estado civil. O inciso XXXI impede que haja discrimina‹o no tocante 
a sal‡rio e critŽrios de admiss‹o do trabalhador portador de deficincia. 
Por œltimo, o inciso XXXII veda a distin‹o entre trabalho manual, tŽcnico e 
intelectual ou entre os profissionais respectivos. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     14 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
XXXIII - proibi‹o de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 
dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condi‹o de aprendiz, a partir de quatorze anos; 
 ÒDissecando-seÓ esse dispositivo, temos que: 
a) A idade m’nima para se trabalhar Ž aos dezesseis anos. H‡, entretanto, 
uma exce‹o a esse limite m’nimo de idade: pode-se trabalhar a partir dos 
quatorze anos de idade, na condi‹o de aprendiz. 
b) Os menores de dezoito anos jamaispoder‹o exercer trabalho noturno, 
perigoso ou insalubre. 
Assim, entre os 14 e 16 anos, s— pode trabalhar o menor aprendiz. Dos 16 aos 
18 anos, qualquer um pode trabalhar, desde que n‹o seja um trabalho 
noturno, perigoso ou insalubre. A partir dos 18 anos, o indiv’duo pode exercer 
qualquer trabalho, inclusive o noturno, perigoso ou insalubre. 
 
(TRT 2a Regi‹o Ð 2015) O trabalhador faz jus a seguro 
contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem 
excluir a indeniza‹o a que este esta obrigado, apenas 
quando for resultado de dolo ou culpa. 
Coment‡rios: 
ƒ isso mesmo. O trabalhador faz jus a seguro contra 
acidentes de trabalho. Ademais, a indeniza‹o somente ser‡ 
devida ao trabalhador quando o empregador incorrer em dolo 
ou culpa. Quest‹o correta. 
(FUB Ð 2015) A realiza‹o de trabalho noturno, perigoso ou 
insalubre por menor de dezoito anos de idade Ž permitida 
desde que o empregador pague a esse trabalhador adicional 
pecuni‡rio. 
Coment‡rios: 
Os menores de 18 anos n‹o podem, em qualquer situa‹o, 
realizar trabalho noturno, perigoso ou insalubre. Quest‹o 
errada. 
(TJ / MG Ð 2015) ƒ prevista a‹o, quanto aos crŽditos 
resultantes das rela›es de trabalho, com prazo prescricional 
de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, atŽ o 
limite de dois anos ap—s a extin‹o do contrato de trabalho. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     15 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Coment‡rios: 
ƒ exatamente o que prev a literalidade do art. 7¼, XXIX, 
CF/88. Quest‹o correta. 
 
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com v’nculo empregat’cio 
permanente e o trabalhador avulso. 
O trabalhador avulso Ž aquele que presta servios a v‡rias empresas, mas que 
Ž contratado por um —rg‹o gestor de m‹o-de-obra (OGMO). ƒ o caso, por 
exemplo, dos estivadores e carregadores que trabalham nos portos. 
A Constitui‹o Federal de 1988 reconhece a igualdade de direitos entre o 
trabalhador avulso e o trabalhador com v’nculo empregat’cio permanente. 
Par‡grafo œnico. S‹o assegurados ˆ categoria dos trabalhadores 
domŽsticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, 
XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as 
condi›es estabelecidas em lei e observada a simplifica‹o do cumprimento 
das obriga›es tribut‡rias, principais e acess—rias, decorrentes da rela‹o de 
trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV 
e XXVIII, bem como a sua integra‹o ˆ previdncia social. 
O par‡grafo œnico do art. 7¼ da Constitui‹o sofreu importantes modifica›es 
pela Emenda Constitucional n¼ 72/2013 que assegurou importantes direitos 
trabalhistas aos empregados domŽsticos. O objetivo da EC n¼ 72/2013 foi 
justamente assegurar igualdade de direitos trabalhistas entre os 
trabalhadores domŽsticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais. 
Destaque-se que, mesmo ap—s a referida emenda constitucional, nem todos os 
direitos trabalhistas foram assegurados aos empregados domŽsticos. 
Na tabela abaixo, relaciono todos os direitos dos domŽsticos e destaco, em 
negrito, tudo aquilo que resulta de previs‹o da EC no 72/2013: 
 
 
 
 
 
 
Sal‡rio m’nimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz 
de atender a suas necessidades vitais b‡sicas e ˆs de sua 
fam’lia com moradia, alimenta‹o, educa‹o, saœde, lazer, 
vestu‡rio, higiene, transporte e previdncia social, com 
reajustes peri—dicos que lhe preservem o poder aquisitivo, 
sendo vedada sua vincula‹o para qualquer fim. 
Irredutibilidade do sal‡rio, salvo o disposto em conven‹o ou 
acordo coletivo. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     16 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos do 
domŽstico 
 
Garantia de sal‡rio, nunca inferior ao m’nimo, para os 
que percebem remunera‹o vari‡vel (direito 
assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Prote‹o do sal‡rio na forma da lei, constituindo crime 
sua reten‹o dolosa (direito assegurado ap—s a EC no 
72/2013). 
DŽcimo terceiro sal‡rio com base na remunera‹o integral ou 
no valor da aposentadoria. 
Dura‹o do trabalho normal n‹o superior a oito horas 
di‡rias e quarenta e quatro semanais, facultada a 
compensa‹o de hor‡rios e a redu‹o da jornada, 
mediante acordo ou conven‹o coletiva de trabalho 
(direito assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos 
domingos. 
Remunera‹o do servio extraordin‡rio superior, no 
m’nimo, em cinquenta por cento ˆ do normal (direito 
assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Gozo de fŽrias anuais remuneradas com, pelo menos, um 
tero a mais do que o sal‡rio normal. 
Licena ˆ gestante, sem preju’zo do emprego e do sal‡rio, 
com a dura‹o de cento e vinte dias. 
Licena-paternidade, nos termos fixados em lei. 
Aviso prŽvio proporcional ao tempo de servio, sendo no 
m’nimo de trinta dias, nos termos da lei. 
Redu‹o dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de 
normas de saœde, higiene e segurana (direito 
assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Aposentadoria. 
Reconhecimento das conven›es e acordos coletivos de 
trabalho (direito assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Proibi‹o de diferena de sal‡rios, de exerc’cio de 
fun›es e de critŽrio de admiss‹o por motivo de sexo, 
idade, cor ou estado civil (direito assegurado ap—s a EC 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     17 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
no 72/2013). 
Proibi‹o de qualquer discrimina‹o no tocante a sal‡rio e 
critŽrios de admiss‹o do trabalhador portador de deficincia 
(direito assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Proibi‹o de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a 
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores 
de dezesseis anos, salvo na condi‹o de aprendiz, a 
partir de quatorze anos (direito assegurado ap—s a EC 
no 72/2013). 
Integra‹o ˆ previdncia social. 
Rela‹o de emprego protegida contra despedida 
arbitr‡ria ou sem justa causa, nos termos de lei 
complementar, que prever‡ indeniza‹o compensat—ria, 
dentre outros direitos (direito assegurado ap—s a EC no 
72/2013). 
Seguro-desemprego, em caso de desemprego 
involunt‡rio (direito assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Fundo de garantia do tempo de servio (direito 
assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Remunera‹o do trabalho noturno superior ˆ do diurno 
(direito assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Sal‡rio-fam’lia pago em raz‹o do dependente do 
trabalhador de baixa renda nos termos da lei (direito 
assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Assistncia gratuita aos filhos e dependentes desde o 
nascimento atŽ 5 (cinco) anos de idade em creches e 
prŽ-escolas (direito assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do 
empregador, sem excluir a indeniza‹o a que este est‡ 
obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (direito 
assegurado ap—s a EC no 72/2013). 
Outro ponto importante Ž que alguns dos direitos previstos pela EC no 72/2013 
precisam de regulamenta‹o para que possam ser usufru’dos. Em outras 
palavras, eles n‹o puderam ser usufru’dos de imediato, assim que foi 
promulgada a EC n¼ 72/2013. Foi necess‡ria a regulamenta‹o, que s— 
ocorreu por meio da Lei Complementar n¼ 150/ 2015. S‹o eles:www.estrategiaconcursos.com.br                                     18 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
- Rela‹o de emprego protegida contra despedida arbitr‡ria ou sem 
justa causa, nos termos de lei complementar, que prever‡ indeniza‹o 
compensat—ria, dentre outros direitos; 
- Seguro-desemprego, em caso de desemprego involunt‡rio; 
- Fundo de garantia do tempo de servio; 
- Remunera‹o do trabalho noturno superior ˆ do diurno; 
- Sal‡rio-fam’lia pago em raz‹o do dependente do trabalhador de baixa 
renda nos termos da lei; 
- Assistncia gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento atŽ 
5 (cinco) anos de idade em creches e prŽ-escolas; 
- Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem 
excluir a indeniza‹o a que este est‡ obrigado, quando incorrer em dolo 
ou culpa. 
N‹o custa sistematizar tudo isso em outra tabela, para melhor compreens‹o: 
 
Direitos assegurados aos 
domŽsticos por normas 
origin‡rias da Constitui‹o 
Direitos assegurados aos domŽsticos pela PEC 
no 72/2013 
¥ Sal‡rio m’nimo, fixado 
em lei, nacionalmente 
unificado, capaz de atender a 
suas necessidades vitais 
b‡sicas e ˆs de sua fam’lia 
com moradia, alimenta‹o, 
educa‹o, saœde, lazer, 
vestu‡rio, higiene, transporte 
e previdncia social, com 
reajustes peri—dicos que lhe 
preservem o poder aquisitivo, 
sendo vedada sua vincula‹o 
para qualquer fim; 
¥ Irredutibilidade do 
sal‡rio, salvo o disposto em 
conven‹o ou acordo 
coletivo; 
¥ DŽcimo terceiro sal‡rio 
com base na remunera‹o 
integral ou no valor da 
aposentadoria; 
De exerc’cio imediato: 
 
¥ Garantia de sal‡rio, nunca inferior ao m’nimo, 
para os que percebem remunera‹o vari‡vel; 
¥ Prote‹o do sal‡rio na forma da lei, 
constituindo crime sua reten‹o dolosa; 
¥ Dura‹o do trabalho normal n‹o superior a 
oito horas di‡rias e quarenta e quatro semanais, 
facultada a compensa‹o de hor‡rios e a redu‹o da 
jornada, mediante acordo ou conven‹o coletiva de 
trabalho; 
¥ Remunera‹o do servio extraordin‡rio 
superior, no m’nimo, em cinquenta por cento ˆ do 
normal; 
¥ Redu‹o dos riscos inerentes ao trabalho, por 
meio de normas de saœde, higiene e segurana; 
¥ Reconhecimento das conven›es e acordos 
coletivos de trabalho; 
¥ Proibi‹o de diferena de sal‡rios, de 
exerc’cio de fun›es e de critŽrio de admiss‹o por 
motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; 
¥ Proibi‹o de qualquer discrimina‹o no 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     19 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
¥ Repouso semanal 
remunerado, 
preferencialmente aos 
domingos; 
¥ Gozo de fŽrias anuais 
remuneradas com, pelo 
menos, um tero a mais do 
que o sal‡rio normal; 
¥ Licena ˆ gestante, 
sem preju’zo do emprego e 
do sal‡rio, com a dura‹o de 
cento e vinte dias; 
¥ Licena-paternidade, 
nos termos fixados em lei; 
¥ Aviso prŽvio 
proporcional ao tempo de 
servio, sendo no m’nimo de 
trinta dias, nos termos da lei; 
¥ Aposentadoria; 
¥ Integra‹o ˆ 
previdncia social. 
tocante a sal‡rio e critŽrios de admiss‹o do 
trabalhador portador de deficincia; 
¥ Proibi‹o de trabalho noturno, perigoso ou 
insalubre a menores de dezoito e de qualquer 
trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na 
condi‹o de aprendiz, a partir de quatorze anos. 
Direitos de exerc’cio condicionado ˆ obedincia 
ˆ regulamenta‹o legal 
 
¥ Rela‹o de emprego protegida contra 
despedida arbitr‡ria ou sem justa causa, nos termos 
de lei complementar, que prever‡ indeniza‹o 
compensat—ria, dentre outros direitos; 
¥ Seguro-desemprego, em caso de desemprego 
involunt‡rio; 
¥ Fundo de garantia do tempo de servio; 
¥ Remunera‹o do trabalho noturno superior ˆ 
do diurno; 
¥ Sal‡rio-fam’lia pago em raz‹o do dependente 
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
¥ Assistncia gratuita aos filhos e dependentes 
desde o nascimento atŽ 5 (cinco) anos de idade em 
creches e prŽ-escolas; 
¥ Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo 
do empregador, sem excluir a indeniza‹o a que 
este est‡ obrigado, quando incorrer em dolo ou 
culpa. 
Como poucos direitos listados nos incisos do art. 7¼ da Constitui‹o ficaram Òde 
foraÓ, ou seja, poucos n‹o foram atribu’dos aos domŽsticos, acho 
interessante lista-los abaixo, para que voc n‹o caia em eventuais 
ÒpegadinhasÓ de prova: 
Direitos que n‹o foram, 
atribu’dos, pela CF/88, 
aos domŽsticos. 
¥ Piso salarial proporcional ˆ extens‹o e ˆ 
complexidade do trabalho; 
¥ Participa‹o nos lucros, ou resultados, 
desvinculada da remunera‹o, e, 
excepcionalmente, participa‹o na 
gest‹o da empresa, conforme definido 
em lei; 
¥ Jornada de seis horas para o trabalho 
realizado em turnos ininterruptos de 
revezamento, salvo negocia‹o coletiva; 
¥ Prote‹o do mercado de trabalho da 
mulher, mediante incentivos espec’ficos, 
nos termos da lei; 
¥ Adicional de remunera‹o para as 
atividades penosas, insalubres ou 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     20 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
perigosas, na forma da lei; 
¥ Prote‹o em face da automa‹o, na 
forma da lei; 
¥ A‹o, quanto aos crŽditos resultantes 
das rela›es de trabalho, com prazo 
prescricional de cinco anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais, atŽ o 
limite de dois anos ap—s a extin‹o do 
contrato de trabalho; 
¥ Proibi‹o de distin‹o entre trabalho 
manual, tŽcnico e intelectual ou entre os 
profissionais respectivos; 
¥ Igualdade de direitos entre o trabalhador 
com v’nculo empregat’cio permanente e 
o trabalhador avulso. 
Obviamente, alguns desses direitos n‹o foram previstos para o domŽstico 
pelas pr—prias caracter’sticas do trabalho. N‹o faria sentido, por exemplo, 
prever uma Òparticipa‹o nos lucrosÓ, j‡ que n‹o trabalham em uma pessoa 
jur’dica. 
Apesar dessa aparente falta de isonomia, Ž importante que voc atente para 
um detalhe: a Constitui‹o Federal prev, sim, a igualdade de direitos entre 
domŽsticos e demais trabalhadores, urbanos e rurais. Nos termos da PEC no 
72/2013, diz-se que esta Òaltera a reda‹o do par‡grafo œnico do art. 7¼ da 
Constitui‹o Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas 
entre os trabalhadores domŽsticos e os demais trabalhadores urbanos e 
ruraisÓ. 
 
(UEG Ð 2015) Os empregados domŽsticos passaram a ter 
direitos sociais antes previstos apenas para os demais 
trabalhadores em geral. ƒ o caso do piso salarial nacional, que 
deve ser proporcional ˆ extens‹o e ˆ complexidade do 
trabalho. 
Coment‡rios: 
A EC n¼ 72/2013 n‹o atribuiu aos empregados domŽsticos o 
direito ao piso salarial proporcional ˆ extens‹o e ˆ 
complexidade do trabalho. Quest‹o errada. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     21 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
4- Os direitos sociais coletivos dos trabalhadores: 
Em seus arts. 8¼ a 11, a Constitui‹o enumera v‡rios direitos coletivos dos 
trabalhadores. Que tal lermos esses dispositivos juntos, fazendo os 
apontamentos necess‡rios para gabaritar as quest›es de prova a eles 
referentes? 
Art. 8¼ ƒ livre a associa‹o profissional ou sindical, observado o seguinte: 
I - a lei n‹o poder‡ exigir autoriza‹o do Estado para a funda‹o de 
sindicato, ressalvado o registro no —rg‹o competente, vedadas ao Poder 
Pœblico a interferncia e ainterven‹o na organiza‹o sindical; 
A funda‹o de sindicato independe de autoriza‹o estatal (nem mesmo a 
lei poder‡ fazer tal exigncia). Todavia, a funda‹o de sindicato necessita de 
registro em —rg‹o competente, ou seja, registro no MinistŽrio do Trabalho e 
Emprego. Destaque-se que Ž vedada a interferncia do Poder Pœblico nos 
sindicatos (princ’pio da autonomia sindical). 
II - Ž vedada a cria‹o de mais de uma organiza‹o sindical, em qualquer 
grau, representativa de categoria profissional ou econ™mica, na mesma base 
territorial, que ser‡ definida pelos trabalhadores ou empregadores 
interessados, n‹o podendo ser inferior ˆ ‡rea de um Munic’pio; 
Esse dispositivo consagra o princ’pio da unicidade da organiza‹o sindical, 
que Ž um limitador da autonomia sindical. Segundo esse princ’pio, n‹o podem 
coexistir mais de um sindicato da mesma categoria profissional 
(trabalhadores) ou econ™mica (empregadores) dentro de uma idntica base 
territorial, que n‹o poder‡ ser inferior ˆ ‡rea de um Munic’pio. Como 
exemplo, s— poder‡ haver um Sindicato de professores no Munic’pio de Belo 
Horizonte. 
E em caso de existirem mais de um sindicato na mesma base territorial? 
Nesse caso, estaremos diante de um conflito, a ser resolvido pela 
anterioridade, ou seja, a categoria ser‡ representada pela entidade que 
primeiro realizou seu registro no —rg‹o competente. Percebe-se, aqui, que o 
registro do sindicato no MinistŽrio do Trabalho e Emprego Ž um instrumento 
essencial para que o Estado realize o controle da unicidade sindical. 
 
(Manausprev Ð 2015) O princ’pio da unicidade sindical 
garante a existncia de uma œnica organiza‹o sindical 
representativa de um mesmo grupo de trabalhadores ou de 
empres‡rios numa mesma base territorial. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     22 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Coment‡rios: 
De fato, o princ’pio da unicidade sindical, previsto no inciso 
II do art. 8¼ da Constitui‹o, determina que n‹o podem 
coexistir mais de um sindicato da mesma categoria 
profissional (trabalhadores) ou econ™mica (empregadores) 
dentro de uma idntica base territorial, que n‹o poder‡ 
ser inferior ˆ ‡rea de um Munic’pio. Quest‹o correta. 
(Manausprev Ð 2015) A funda‹o de sindicato depende de 
autoriza‹o estatal, cabendo ao Poder Pœblico definir a 
abrangncia territorial de determinada organiza‹o sindical. 
Coment‡rios: 
A funda‹o de sindicato independe de autoriza‹o estatal. A 
abrangncia territorial da organiza‹o sindical Ž definida pelo 
trabalhadores ou empregadores interessados. Quest‹o errada. 
 
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou 
individuais da categoria, inclusive em quest›es judiciais ou administrativas; 
Destaca-se que o STF, com base no inciso acima, entende que o sindicato pode 
atuar na defesa de todos os direitos individuais e coletivos dos integrantes da 
categoria que representa. Exemplo: o sindicato dos Auditores da Receita 
Federal poder‡ atuar na defesa judicial ou administrativa de um œnico membro 
acusado de acesso imotivado aos sistemas do —rg‹o. 
O STF considera, ainda, que o art. 8¼, inciso III, assegura ampla legitimidade 
ativa aos sindicatos para atuarem como substitutos processuais das 
categorias que representam, na defesa de direitos e interesses coletivos ou 
individuais de seus integrantes. Conforme j‡ se sabe, quando se trata de 
substitui‹o processual, n‹o h‡ necessidade de prŽvia autoriza‹o dos 
trabalhadores.4 
IV - a assembleia geral fixar‡ a contribui‹o que, em se tratando de 
categoria profissional, ser‡ descontada em folha, para custeio do sistema 
confederativo da representa‹o sindical respectiva, independentemente da 
contribui‹o prevista em lei; 
ƒ fundamental sabermos a diferena entre a contribui‹o confederativa e a 
contribui‹o sindical. 
                                                        
4 STF, RE n¼ 193.503/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa. 12.06.2006. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     23 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
A contribui‹o confederativa tem fundamento no art. 8¼, inciso IV, CF/88. 
Possui car‡ter facultativo, sendo cobrada apenas dos filiados do sindicato. 
Sabe-se que ninguŽm Ž obrigado a filiar-se ou manter-se filiado, mas aqueles 
que o fizerem dever‹o pagar a contribui‹o confederativa. N‹o possui natureza 
jur’dica tribut‡ria, sendo seu valor fixado pela assembleia geral. 
Sobre a contribui‹o confederativa, o STF editou a Sœmula Vinculante n¼ 40: 
Sœmula Vinculante n¼ 40: A contribui‹o confederativa de que trata o 
art. 8¼, IV, da Constitui‹o Federal, s— Ž exig’vel dos filiados ao sindicato 
respectivo. 
A contribui‹o sindical, por sua vez, tem fundamento no art. 149, CF/88. 
Possui natureza jur’dica tribut‡ria e, portanto, sua cobrana Ž 
compuls—ria de todos os integrantes da categoria econ™mica ou profissional, 
independentemente de serem sindicalizados ou n‹o.5 Seu valor Ž fixado em 
lei. 
Para melhor fixa‹o das duas poss’veis contribui›es a serem fixadas por 
sindicato, veja o quadro abaixo: 
 
 
(Manausprev Ð 2015) A contribui‹o confederativa Ž 
encargo de car‡ter tribut‡rio, compuls—rio, que sujeita, alŽm 
dos filiados, todos os profissionais da categoria. 
Coment‡rios: 
A contribui‹o confederativa Ž exigida apenas dos filiados e, 
em raz‹o disso, n‹o possui natureza tribut‡ria. Quest‹o 
errada. 
 
V - ninguŽm ser‡ obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; 
Trata-se do princ’pio da liberdade de inscri‹o sindical, segundo o qual os 
trabalhadores s‹o livres para decidirem se filiar ou se manterem filiados a 
sindicato. Em outras palavras, a participa‹o em sindicato n‹o Ž compuls—ria. 
Cabe destacar que o art. 8¼, V, CF/88 Ž corol‡rio (consequncia) do 
                                                        
5 STF, RE 534829 MT, DJe-158, 24/08/2009. 
Contribui‹o confederativa 
¥ ƒ facultativa; 
¥ Fixada pela assembleia geral 
Contribui‹o sindical 
¥ ƒ obrigat—ria; 
¥ Fixada em lei; 
¥ Natureza de tributo 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     24 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
princ’pio da liberdade de associa‹o (5¼, XX), segundo o qual ÒninguŽm 
poder‡ ser compelido a associar-se ou manter-se associadoÓ. 
VI - Ž obrigat—ria a participa‹o dos sindicatos nas negocia›es coletivas de 
trabalho; 
Os sindicatos tem atua‹o importante nas negocia›es coletivas de 
trabalho (conven›es coletivas e acordos coletivos). Nas conven›es 
coletivas, a negocia‹o se d‡ entre sindicato de trabalhadores e sindicato 
patronal; nos acordos coletivos, entre o sindicato de trabalhadores e uma 
empresa ou grupo de empresas. Em todos os casos, percebe-se que haver‡ 
participa‹o do sindicato. 
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organiza›es 
sindicais; 
A CF/88 garante ao aposentado ampla participa‹o no sindicato da 
categoria, podendo votar e ser votado. Assim, o aposentado poder‡ ser eleito 
dirigente sindical. 
VIII - Ž vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro 
da candidatura a cargo de dire‹o ou representa‹o sindical e, se eleito, 
ainda que suplente, atŽ um ano ap—s o final do mandato, salvo se cometer 
falta grave nos termos da lei. 
Trata-se da estabilidade sindical, que consiste em prote‹o especial 
dispensada aosdirigentes eleitos dos trabalhadores. O empregado que se 
candidatar a cargo de dire‹o ou representa‹o sindical, n‹o poder‡ ser 
dispensado a partir do registro de sua candidatura. Se eleito (mesmo 
suplente), n‹o poder‡ ser dispensado atŽ um ano depois de findo o 
mandato, exceto se cometer falta grave, nos termos da lei. 
Perceba que, mesmo ap—s ter sido eleito dirigente ou representante sindical, o 
empregado poder‡ ser dispensado. No entanto, a dispensa somente poder‡ 
ocorrer caso ele cometa falta grave. 
A estabilidade sindical Ž relativa, sendo poss’vel a dispensa do empregado em 
virtude da extin‹o da empresa na qual ele exercia suas atividades. Segundo o 
STF, Òa garantia constitucional assegurada ao empregado enquanto no 
cumprimento de mandato sindical (CF, art. 8¼, VIII) n‹o se destina a ele 
propriamente dito, ex intuitu personae, mas sim ˆ 
representa‹o sindical de que se investe, que deixa de existir, entretanto, 
se extinta a empresa empregadoraÓ. 6 
                                                        
6
 RE 222.334. Rel. Min. Maur’cio Corra. DJ: 08.03.2002. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     25 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
 
(Manausprev Ð 2015) A garantia constitucional assegurada 
ao empregado enquanto no cumprimento de mandato sindical 
se destina ˆ pessoa do empregado e tem intuitu personae. 
Coment‡rios: 
A jurisprudncia do STF Ž no sentido contr‡rio. Segundo a 
Corte, a garantia da estabilidade sindical n‹o se destina ˆ 
pessoa do empregado, mas sim ˆ representa‹o sindical de 
que ele se investe. Quest‹o errada. 
 
 
Par‡grafo œnico. As disposi›es deste artigo aplicam-se ˆ organiza‹o de 
sindicatos rurais e de col™nias de pescadores, atendidas as condi›es que a 
lei estabelecer. 
A Constitui‹o Federal, para n‹o deixar qualquer margem de dœvida, disp™s 
que as regras do art.8¼ tambŽm se aplicam aos sindicatos rurais e de col™nias 
de pescadores. 
Art. 9¼ ƒ assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores 
decidir sobre a oportunidade de exerc-lo e sobre os interesses que devam 
por meio dele defender. 
¤ 1¼ - A lei definir‡ os servios ou atividades essenciais e dispor‡ sobre o 
atendimento das necessidades inadi‡veis da comunidade. 
¤ 2¼ - Os abusos cometidos sujeitam os respons‡veis ˆs penas da lei. 
O art. 9¼ da CF assegura aos trabalhadores o direito de greve. N‹o se trata 
de direito absoluto, uma vez que as necessidades inadi‡veis da comunidade 
dever‹o ser atendidas e aqueles que abusarem do direito ficar‹o sujeitos a 
penas fixadas em lei. 
A doutrina majorit‡ria considera que o direito de greve dos trabalhadores 
da iniciativa privada (regidos pela CLT) Ž norma de efic‡cia contida, pois 
poder‡ ser restringido por lei. Recorde-se que o direito de greve dos servidores 
pœblicos Ž norma de efic‡cia limitada, dependendo, para seu exerc’cio, da 
edi‹o de lei regulamentadora. 
Segundo o STF, Òn‹o constitui falta grave a entrada do empregado em greve, 
desde que n‹o se trate de movimento condenado pela Justia do Trabalho e 
desde que o comportamento seja pac’fico no pertinente.Ó7 Com efeito, a 
ades‹o ao movimento grevista n‹o pode ser considerada falta grave, mas sim 
um direito do trabalhador. 
                                                        
7 STF, RE n¼ 51.301. Rel. Min. Cunha Melo. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     26 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Observe que, apesar de o direito de greve ser considerado um direito social, 
ele n‹o envolve qualquer presta‹o positiva por parte do Estado. Ao 
contr‡rio, dever‡ o Estado abster-se de atuar, permitindo que os 
trabalhadores defendam seus interesses por meio de movimento grevista. 
 
(TJ / SC Ð 2015) O direito de greve Ž um direito social, 
n‹o dependendo de uma presta‹o estatal espec’fica para o 
seu exerc’cio. 
Coment‡rios: 
Apesar de ser um direito social, o direito de greve n‹o 
depende de presta‹o estatal espec’fica para o seu 
exerc’cio. Quest‹o correta. 
 
Art. 10. ƒ assegurada a participa‹o dos trabalhadores e empregadores nos 
colegiados dos —rg‹os pœblicos em que seus interesses profissionais ou 
previdenci‡rios sejam objeto de discuss‹o e delibera‹o. 
Esse dispositivo Ž, normalmente, cobrado em sua literalidade. Basta saber que 
os trabalhadores e empregadores tm direito a participar no colegiado de 
—rg‹os pœblicos em que seus interesses profissionais ou previdenci‡rios 
sejam objeto de discuss‹o e delibera‹o. Apenas para ilustrar com um 
exemplo, o Conselho Nacional de Previdncia Social (CNPS) Ž um —rg‹o 
colegiado do qual participam representantes do Governo, dos trabalhadores 
em atividade, dos empregadores e dos aposentados. 
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, Ž assegurada a 
elei‹o de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-
lhes o entendimento direto com os empregadores. 
O objetivo do art. 11 Ž melhorar a interlocu‹o entre empregadores e 
empregados naquelas empresas com grande nœmero de trabalhadores. 
Assim, nas empresas com mais de 200 empregados, Ž assegurada a elei‹o 
de um representante destes. Esse representante ter‡ a tarefa (finalidade 
exclusiva) de promover o entendimento direito entre os empregados e os 
empregadores. 
 
(Pol’cia Rodovi‡ria Federal Ð 2014) Nas empresas com 
mais de cem empregados, Ž assegurada a elei‹o de um 
representante destes com a finalidade exclusiva de promover 
o entendimento direto com os empregadores. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     27 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Coment‡rios: 
A quest‹o foi no detalhe! Essa regra somente se aplica ˆs 
empresas com mais de 200 empregados. Quest‹o errada. 
 
Nacionalidade 
1- Introdu‹o: 
Segundo a doutrina dominante, os elementos constitutivos do Estado s‹o 
territ—rio, povo e governo soberano. Dentre esses trs elementos, o povo Ž o 
que constitui a dimens‹o pessoal do Estado. Ao contr‡rio da popula‹o 
(composta pelo conjunto de pessoas que habitam o territ—rio de um Estado), o 
povo comp›e-se dos seus nacionais, independentemente do local em que 
residam. 
A nacionalidade Ž justamente o v’nculo jur’dico-pol’tico entre o Estado 
soberano e o indiv’duo, que torna este um membro integrante da comunidade 
que constitui o Estado. Segundo Mazzuoli, a nacionalidade comporta duas 
dimens›es: a dimens‹o vertical (que liga o indiv’duo ao Estado) e a 
dimens‹o horizontal (que liga o indiv’duo ao elemento povo).8 A dimens‹o 
vertical da nacionalidade imp›e obriga›es ao indiv’duo perante o Estado, 
pr—prias de uma rela‹o de subordina‹o. J‡ a dimens‹o horizontal, pressup›e 
uma rela‹o sem grau hier‡rquico, isto Ž, uma rela‹o parit‡ria do indiv’duo 
com a comunidade ˆ qual pertence. 
Compete a cada Estado legislar sobre sua pr—pria nacionalidade, 
respeitando, Ž claro, os compromissos gerais e particulares aos quais tenha se 
obrigado. O Estado soberano Ž, afinal, o œnico outorgante poss’vel da 
nacionalidade. ƒ ele quem tem poder para determinar quem s‹o seus 
nacionais, quais as condi›es de aquisi‹o da nacionalidade e, ainda, 
disciplinar sua perda. Pode-se afirmar, portanto, que o estabelecimento de 
critŽrios para a concess‹o de nacionalidade Ž ato de manifesta‹o da 
soberania estatal. 
Nacionalidade n‹o se confunde com cidadania. A cidadania Ž um atributo 
quediferencia aqueles que possuem pleno gozo dos direitos pol’ticos daqueles 
que n‹o possuem esse direito. J‡ a nacionalidade Ž o que diferencia os 
nacionais dos estrangeiros, isto Ž, diferencia os indiv’duos que possuem uma 
liga‹o pessoal com o Estado daqueles que n‹o o tem. O conceito de 
nacionalidade Ž mais amplo que o de cidadania, o que se pode 
depreender a partir do exame do caso brasileiro. Como regra geral, todos 
                                                        
8 MAZZUOLI, ValŽrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pœblico, 4» ed. S‹o Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2010. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     28 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
aqueles que possuem cidadania brasileira tambŽm possuem nacionalidade 
brasileira. J‡ o contr‡rio nem sempre Ž verdade! Uma criana de 5 anos de 
idade possui nacionalidade brasileira, mas n‹o possui cidadania, pois ainda n‹o 
goza plenamente de seus direitos pol’ticos. 
 
2- Atribui‹o de Nacionalidade pelo direito brasileiro: 
A doutrina fala na existncia de dois tipos de nacionalidade: a nacionalidade 
origin‡ria (prim‡ria) e a nacionalidade derivada (adquirida ou secund‡ria). 
A nacionalidade origin‡ria Ž aquela que resulta de um fato natural, o 
nascimento; diz-se, portanto, que Ž uma forma involunt‡ria de aquisi‹o de 
nacionalidade. ƒ atribu’da ao indiv’duo em raz‹o de critŽrios sangu’neos (Òjus 
sanguinisÓ), territoriais (Òjus soliÓ) ou mistos. Os brasileiros que recebem a 
nacionalidade origin‡ria s‹o chamados de Òbrasileiros natosÓ. 
A nacionalidade derivada, por sua vez, Ž aquela cuja aquisi‹o depende de 
ato de vontade (ato volitivo), praticado depois do nascimento; diz-se que a 
nacionalidade derivada Ž obtida mediante a naturaliza‹o. Os brasileiros que 
recebem a nacionalidade derivada s‹o chamados de Òbrasileiros 
naturalizadosÓ. 
 
Vejamos, a seguir, como se d‡ a atribui‹o de nacionalidade origin‡ria e 
nacionalidade derivada no ordenamento jur’dico brasileiro. Comecemos com a 
atribui‹o de nacionalidade origin‡ria: quem s‹o, afinal, os brasileiros 
natos? 
Conforme j‡ hav’amos comentado, a nacionalidade origin‡ria pode ser 
estabelecida tanto pela origem sangu’nea da pessoa (Òjus sanguinisÓ) quanto 
pela origem territorial (Òjus soliÓ). Pelo primeiro critŽrio, Ž nacional todo 
aquele filho de nacionais, independentemente de onde tenha nascido. J‡ pelo 
NACIONALIDADE
PRIMÁRIA 
(ORIGINÁRIA)
NASCIMENTO
“JUS SOLI” (REGRA) OU 
“JUS 
SANGUINIS” (EXCEÇÃO)
SECUNDÁRIA 
(ADQUIRIDA OU 
DERIVADA)
ATO VOLITIVO
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     29 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
segundo, Ž nacional quem nasce no territ—rio do Estado que o adota, 
independentemente da origem sangu’nea dos seus pais. 
A Constitui‹o Brasileira, como voc ver‡ a seguir, adotou em regra o Òjus 
soliÓ. H‡, entretanto, exce›es, nas quais predomina o Òjus sanguinisÓ. Vamos 
ˆ an‡lise do art. 12 da CF? 
Art. 12. S‹o brasileiros: 
I - natos: 
a) os nascidos na Repœblica Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes n‹o estejam a servio de seu pa’s; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou m‹e brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a servio da Repœblica Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de m‹e brasileira, desde 
que sejam registrados em reparti‹o brasileira competente ou venham a 
residir na Repœblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, 
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
No art. 12, inciso I, est‹o as hip—teses de aquisi‹o de nacionalidade 
origin‡ria; em outras palavras, Ž esse dispositivo que define quem s‹o os 
brasileiros natos. Tente memoriz‡-las, caro (a) aluno (a), pois elas s‹o 
constantemente cobradas nos concursos em sua literalidade. 
Na al’nea ÒaÓ, Ž percept’vel que a Constitui‹o adotou o critŽrio Òjus soliÓ, 
considerando brasileiro nato qualquer pessoa nascida em territ—rio 
nacional, mesmo que de pais estrangeiros. Entretanto, h‡ uma exce‹o: se o 
nascido no Brasil for filho de estrangeiros que estejam a servio de seu Pais, 
n‹o ser‡ brasileiro nato. 
Vamos a dois exemplos para ilustrar melhor esse dispositivo! 
Suponha que Diego e Martha, casal de argentinos, venha ao Brasil passar suas 
fŽrias. Martha est‡ gr‡vida, se empolga com umas ÒcaipirinhasÓ e acaba 
entrando em trabalho de parto. Pronto! Nasceu Dieguito Jr! Trata-se de 
nascido no Brasil, filho de pais estrangeiros que n‹o estavam a servio de seu 
Pa’s (estavam de fŽrias!). Ser‡, ent‹o, brasileiro nato. 
Agora, imagine que Vladislav Spetanovich, diplomata russo, venha servir aqui 
no Brasil, junto com sua esposa Marianova Chevichenko. Marianova engravida 
e nasce, aqui no Brasil, o filho do casal, Vladislav Jr. Apesar de ter nascido em 
territ—rio brasileiro, Vladislav Jr. Ž filho de pais estrangeiros que estavam a 
servio da Rœssia. Portanto, ele n‹o ser‡ brasileiro nato. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     30 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Dados esses exemplos, podemos resumir a aplica‹o da al’nea ÒaÓ, 
vislumbrando trs situa›es poss’veis: 
a) Um filho de pai ou m‹e brasileiros, ou ambos, nasce em territ—rio 
brasileiro: ser‡ brasileiro nato. 
b) Um filho de pais estrangeiros, sendo que um deles, ou ambos, 
estejam no Brasil a servio de seu pa’s nasce em territ—rio brasileiro: 
n‹o ser‡ brasileiro nato. Cabe destacar que Ž uma regra 
consuetudin‡ria de direito internacional que os filhos de agentes de 
Estados estrangeiros, como diplomatas e c™nsules, sejam normalmente 
exclu’dos da atribui‹o de nacionalidade pelo critŽrio Òjus soliÓ. 
Cuidado! Para que seja exclu’da a atribui‹o de nacionalidade pelo 
critŽrio Òjus soliÓ, Ž necess‡rio o cumprimento cumulativo de 2 
(duas) condi›es: 
- ambos os pais serem estrangeiros e; 
- algum dos pais ou ambos estarem a servio de seu pa’s. 
Aten‹o! Imagine o seguinte caso! Um diplomata italiano est‡ no 
Brasil a servio de seu pa’s e casa-se com uma brasileira. Eles tm um 
filho que nasce em territ—rio brasileiro. O filho ser‡ brasileiro nato, pois 
apenas uma das condi›es para a exclus‹o do critŽrio Òjus soliÓ foi 
cumprida (Òalgum dos pais ou ambos estarem a servio de seu pa’sÓ). A 
outra condi‹o (Òambos os pais serem estrangeirosÓ) n‹o foi cumprida. 
c) Um filho de estrangeiros que n‹o est‹o a servio de seu pa’s nasce 
em territ—rio brasileiro: ser‡ brasileiro nato. 
Para finalizar os coment‡rios sobre a al’nea ÒaÓ, vale destacar que o conceito 
de territ—rio brasileiro abrange, alŽm das terras delimitadas pelas fronteiras 
geogr‡ficas, o mar territorial e espao aŽreo. 
Na al’nea ÒbÓ, a Constitui‹o estabelece que s‹o brasileiros natos os nascidos 
no estrangeiro, de pai brasileiro ou m‹e brasileira, desde que qualquer deles 
esteja a servio da Repœblica Federativa do Brasil. O legislador constituinte 
adotou, aqui, o critŽrio Òjus sanguinisÓ, prevendo, todavia um requisito 
adicional: o fato de qualquer um dos pais (ou ambos) estar a servio da 
Repœblica Federativa do Brasil, o que significa qualquer servio prestado 
por —rg‹o ou entidade da Uni‹o, dos Estados, do Distrito Federal ou dos 
Munic’pios. 
Suponha, por exemplo, que Miguel, diplomata brasileiro, v‡ servir na 
Alemanha. L‡ ele conhece a alem‹ DeniseFŸrst e com ela tem um filho: 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     31 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Miguel Jr. Apesar de ter nascido no exterior, Miguel Jr. Ž filho de pai brasileiro 
que estava a servio da Repœblica Federativa do Brasil. Ele ser‡, portanto, 
brasileiro nato. 
Resumindo o que disp›e a al’nea ÒbÓ, a aquisi‹o de nacionalidade por essa 
regra depende do cumprimento cumulativo de dois requisitos: 
a) Ser filho de pai brasileiro ou m‹e brasileira, ou de ambos. 
b) O pai ou a m‹e, ou ambos, dever‹o estar a servio do Brasil no 
exterior. 
ÒMas, professores, e se o indiv’duo que nascer no exterior for filho de pai ou 
m‹e brasileira e estes n‹o estiverem a servio do Brasil?Ó 
Excelente pergunta! Partimos a’ para a terceira hip—tese de aquisi‹o de 
nacionalidade origin‡ria, que est‡ prevista na al’nea ÒcÓ. 
Na al’nea ÒcÓ, a Constitui‹o estabelece que s‹o brasileiros natos Òos 
nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de m‹e brasileira, desde que 
sejam registrados em reparti‹o brasileira competente ou venham a residir na 
Repœblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de 
atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileiraÓ. 
Assim, h‡ duas possibilidades diferentes de aquisi‹o de nacionalidade 
quando o indiv’duo nasce no exterior, filho de pai brasileiro ou m‹e 
brasileira que n‹o est‹o a servio do Brasil: 
a) O indiv’duo Ž registrado em reparti‹o brasileira competente ou; 
b) O indiv’duo vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, 
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
Na primeira possibilidade, o registro do indiv’duo perante reparti‹o 
competente Ž condi‹o suficiente para que ele seja considerado brasileiro 
nato. Na segunda possibilidade, o indiv’duo precisa residir no Brasil e, alŽm 
disso, manifestar sua vontade. ƒ o que a doutrina denomina nacionalidade 
potestativa. 
Ressalte-se que essa manifesta‹o de vontade somente poder‡ ocorrer ap—s a 
maioridade. Destaque-se que a op‹o pela nacionalidade brasileira dever‡, 
nesse œltimo caso, ser feita em ju’zo, em processo que tramita perante a 
Justia Federal. 
ÒE se o filho de brasileiros que n‹o estejam a servio do Brasil e que tenha 
nascido no exterior vier a residir no pa’s ainda enquanto menor? Qual ser‡ sua 
nacionalidade?Ó 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     32 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Excelente pergunta! Nesse caso, o menor ser‡ considerado brasileiro 
nato. Entretanto, a aquisi‹o definitiva de sua nacionalidade depender‡ de 
sua manifesta‹o ap—s a maioridade. Uma vez tendo sido atingida a 
maioridade, fica suspensa a condi‹o de brasileiro nato, enquanto n‹o for 
efetivada a op‹o pela nacionalidade brasileira. A maioridade passa a ser, 
ent‹o, condi‹o suspensiva da nacionalidade brasileira atŽ o momento em 
que for feita a op‹o. 
 
(MPT Ð 2015) A nacionalidade potestativa ser‡ incorporada 
pelo indiv’duo se for registrado em reparti‹o brasileira no 
exterior e vier a residir no Brasil antes da maioridade. 
Coment‡rios: 
A nacionalidade potestativa ser‡ adquirida quando o indiv’duo 
nasce no exterior, filho de pai brasileiro ou m‹e brasileira, e 
n‹o Ž registrado em reparti‹o brasileira competente. A’, 
ele vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, 
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade 
brasileira. Quest‹o errada. 
(PC / DF Ð 2015) Suponha-se que Ant™nio tenha nascido no 
estrangeiro, sendo filho de pai brasileiro e m‹e estrangeira. 
Nesse caso, Ant™nio poder‡ optar, em qualquer tempo, depois 
de atingir dezoito anos de idade, pela nacionalidade brasileira 
origin‡ria, desde que venha residir no Brasil. 
Coment‡rios: 
ƒ exatamente isso! Ant™nio se enquadra na hip—tese do art. 
12, I, al’nea ÒcÓ. S‹o brasileiros natos os nascidos no 
estrangeiro de pai brasileiro ou de m‹e brasileira, desde que 
sejam registrados em reparti‹o brasileira competente ou 
venham a residir na Repœblica Federativa do Brasil e 
optem, em qualquer tempo, depois de atingida a 
maioridade, pela nacionalidade brasileira. Quest‹o correta. 
(DPE / RO Ð 2015) Ernesto, filho de pais brasileiros, nascido 
e registrado na Repœblica do Paraguai, ao atingir a 
maioridade, decide vir para o Brasil. Ao chegar neste Pa’s, 
consulta um Defensor Pœblico a respeito dos seus direitos. ƒ 
correto afirmar que Ernesto Ž considerado brasileiro nato pelo 
simples fato de seus pais serem brasileiros. 
Coment‡rios: 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     33 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
De jeito nenhum! O simples fato de ser filho de brasileiros n‹o 
faz com que Ernesto seja brasileiro nato. Ernesto ser‡ 
brasileiro nato se vier a residir no Brasil e optar, em qualquer 
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade 
brasileira. Quest‹o errada. 
(SSP / AM Ð 2015) Peter, filho de um casal austr’aco, 
nasceu no territ—rio brasileiro quando seus pais aqui estavam 
a servio da Embaixada da çustria. Ap—s o seu nascimento, 
permaneceu no Brasil por cerca de dez anos, atŽ que a fam’lia 
retornou ao Pa’s de origem. Como Peter passou a ter s—lidos 
laos afetivos com o Brasil, sendo frequentes as suas viagens 
a passeio para este Pa’s, tomou a decis‹o de candidatar-se a 
um cargo eletivo que Ž privativo de brasileiro nato. ƒ poss’vel 
afirmar que Peter somente pode ser considerado brasileiro 
nato caso sua fam’lia tenha providenciado o seu registro de 
nascimento no Brasil, enquanto aqui residiu. 
Coment‡rios: 
Apesar de ter nascido no Brasil, Peter n‹o ser‡ brasileiro 
nato. Isso porque ele Ž filho de pais estrangeiros que estavam 
no Brasil a servio de seu Pa’s (no caso, a çustria). Quest‹o 
errada. 
Dando continuidade ˆ an‡lise do art. 12, que tal verificarmos as condi›es 
para a aquisi‹o secund‡ria (derivada) da nacionalidade? 
Art. 12. S‹o brasileiros: 
(...) 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
origin‡rios de pa’ses de l’ngua portuguesa apenas residncia por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Repœblica 
Federativa do Brasil h‡ mais de quinze anos ininterruptos e sem condena‹o 
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
Observe que, no Brasil, a aquisi‹o de nacionalidade derivada somente se dar‡ 
por manifesta‹o do interessado (ou seja, ser‡ sempre expressa), 
mediante naturaliza‹o. 
   
 
                                                          www.estrategiaconcursos.com.br                                     34 de 78 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL 
Teoria e Questões 
Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 
Na al’nea ÒaÓ, temos a hip—tese de naturaliza‹o ordin‡ria, concedida aos 
estrangeiros que cumpram os requisitos descritos em lei (Estatuto do 
Estrangeiro). No caso de estrangeiros origin‡rios de pa’ses de l’ngua 
portuguesa, o processo de naturaliza‹o Ž facilitado, sendo apenas exigidos 
dois requisitos: 
a) residncia no Brasil por um ano ininterrupto; 
b) idoneidade moral. 
Cabe destacar, entretanto, que o mero cumprimento dos requisitos n‹o 
assegura ao estrangeiro a concess‹o da nacionalidade brasileira. A concess‹o 
da naturaliza‹o ordin‡ria Ž ato discricion‡rio do Chefe do Poder Executivo, 
ou seja,

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes