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Aula 02 Noções de Direito Constitucional p/ PM-AL (Soldado) Com videoaulas Professores: Nádia Carolina, Ricardo Vale www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale !ULA 02 DIREITOS SOCIAIS E NACIONALIDADE Sumário Direitos Sociais ................................................................................................................................. 3 1‑ Introdução: ................................................................................................................................. 3 2‑ Os direitos sociais (art. 6º): ..................................................................................................... 4 3‑ Os direitos sociais individuais dos trabalhadores (art. 7º): .............................................. 5 4‑ Os direitos sociais coletivos dos trabalhadores: ............................................................... 21 Nacionalidade ................................................................................................................................. 27 1‑ Introdução: ............................................................................................................................... 27 2‑ Atribuição de Nacionalidade pelo direito brasileiro: ..................................................... 28 3‑ Portugueses Residentes no Brasil: ...................................................................................... 36 4‑ Condição Jurídica do Nacionalizado: ................................................................................. 36 5‑ Perda da Nacionalidade: ....................................................................................................... 39 6‑ Língua e Símbolos Oficiais: ................................................................................................. 41 Questões Comentadas ................................................................................................................... 42 1. Direitos Sociais ................................................................................................................... 42 2. Nacionalidade ..................................................................................................................... 54 Lista de Questões ........................................................................................................................... 67 1. Direitos Sociais ................................................................................................................... 67 2. Nacionalidade ..................................................................................................................... 72 Gabarito ........................................................................................................................................... 77 Ol, amigos do Estratgia Concursos, tudo bem? Na aula de hoje, daremos continuidade ao estudo dos direitos fundamentais. Falaremos sobre os direitos sociais e os direitos de nacionalidade. Um grande abrao, Ndia e Ricardo Para tirar dvidas e ter acesso a dicas e contedos gratuitos, acesse www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale nossas redes sociais: Facebook do Prof. Ricardo Vale: https://www.facebook.com/profricardovale Canal do YouTube do Ricardo Vale: https://www.youtube.com/channel/UC32LlMyS96biplI715yzS9Q www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Direitos Sociais 1- Introduo: Ao estudarmos os direitos de 1» gerao, percebemos que estes buscam restringir a ao do Estado sobre os indivduos, limitando o poder estatal. So, por isso, direitos que tm como valor-fonte a liberdade, impondo ao Estado uma obrigao de no-fazer, de no intervir na rbita privada. Em razo disso, a doutrina os denomina liberdades negativas. A natureza jurdica dos direitos sociais diversa. Trata-se de direitos fundamentais de 2» gerao, que impem ao Estado uma Òobrigao de fazerÓ, uma obrigao de ofertar prestaes positivas em favor dos indivduos, visando concretizar a igualdade material. So, portanto, direitos que tm como valor-fonte a igualdade; eles buscam possibilitar melhores condies de vida aos indivduos e, assim, realizar a justia social. Pode-se dizer que os direitos sociais so prestaes positivas (aes) realizadas pelo Estado para melhorar a qualidade de vida dos hipossuficientes, ou seja, dos mais necessitados. Em razo disso, o Estado deve garantir que todos tenham acesso educao, sade, alimentao, trabalho, dentre outros. Segundo Alexandre de Moraes, os direitos sociais constituem normas de ordem pblica, com a caracterstica de imperativas. A origem dos direitos sociais remonta crise do Estado liberal, ocasionada pelo forte avano da industrializao. Nas fbricas, os trabalhadores viviam em condies precrias. Movimentos reivindicatrios passaram, ento, a exigir uma postura mais ativa do Estado, que no devia limitar-se a no intervir, mas tambm atuar positivamente, garantindo condies mnimas aos trabalhadores. Os direitos sociais aparecem, portanto, em um contexto histrico marcado por reivindicaes trabalhistas e pelo surgimento de doutrinas socialistas. Constatava-se que a mera consagrao da igualdade formal no era suficiente para realizar a igualdade material. Como grande marco dos direitos sociais, citamos a Constituio de Weimar de 1919 (Constituio do Imprio Alemo). Na Constituio Federal de 1988, os direitos sociais esto relacionados nos art. 6¼ - art. 11. H, tambm, outros dispositivos do texto constitucional que versam sobre os direitos sociais. o caso, por exemplo, do art. 194 (que trata da seguridade social), art. 196 (direito sade) e art. 205 (direito educao) www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 2- Os direitos sociais (art. 6¼): Art. 6¼ So direitos sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados, na forma desta Constituio. No texto original da Constituio Federal, no se fazia meno alimentao, moradia e ao transporte, cuja insero na Carta Magna foi obra do Poder Constituinte Derivado. A moradia foi inserida pela EC n¼ 26/2000; a alimentao, pela EC n¼ 64/2010; e o transporte, pela EC n¼ 90/2015. Tenham uma especial ateno quanto a esses trs direitos sociais! As bancas examinadoras adoram cobr-los, especialmente pelo fato de eles no fazerem parte do texto original da CF/88. Segundo o art. 6¼, a Constituio consagra como direitos sociais a educao, a sade, a alimentao, o trabalho, a moradia, o transporte o lazer, a segurana, a previdncia social, a proteo maternidade e infncia, a assistncia aos desamparados. O STF entende que trata-se de rol exemplificativo1, pois h outros direitos sociais espalhados pelo texto constitucional. Destaque-se que os direitos sociais do art.6¼ so, todos eles, normas de eficcia limitada e aplicabilidade mediata, dependendo, para sua concretizao, da atuao estatal, seja atravs da edio de leis regulamentadoras, seja atravs da oferta de prestaes positivas em favor dos indivduos. Uma das discusses mais relevantes sobre os direitos sociais diz respeito, justamente, sua concretizao. No basta que esses direitos estejam previstos na Constituio; eles precisam, mais do que isso, ser efetivados, 1 STF, ADI n¼ 639, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 02.06.2005. DIREITOS SOCIAIS ORIGEM: CRISE DO ESTADO LIBERAL! NATUREZA JURÍDICA: DIREITOS DE 2A GERAÇÃO! ART. 6O, CF EDUCAÇÃO, SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, TRABALHO, MORADIA, TRANSPORTE, LAZER, SEGURANÇA, PREVIDÊNCIA SOCIAL, PROTEÇÃO À MATERNIDADE E À INFÂNCIA, ASSISTÊNCIA AOS DESAMPARADOS www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale colocados em prtica. H necessidade, portanto, da firme atuao estatal por meio de polticas pblicas voltadas para a concretizao dos direitos sociais. 3- Os direitos sociais individuais dos trabalhadores (art. 7¼): No art. 7¼ da Constituio, so enumerados os direitos sociais individuais dos trabalhadores. Leia-o atentamente, pois ele costuma ser cobrado em sua literalidade. Art. 7¼ So direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, alm de outros que visem melhoria de sua condio social: Note que a Constituio, no caput do art. 7¼, equipara os direitos do trabalhador rural aos do trabalhador urbano. I - relao de emprego protegida contra despedida arbitrria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que prever indenizao compensatria, dentre outros direitos; Esse dispositivo tpica norma de eficcia limitada, exigindo lei complementar que proteja a relao de emprego contra despedida arbitrria ou sem justa causa. Trata-se do direito segurana no emprego. Segundo o art. 10, do ADCT (Ato das Disposies Constitucionais Transitrias), at a promulgao da mencionada lei complementar, a indenizao contra a despedida arbitrria ou sem justa causa ficar restrita a 40% sobre os depsitos do Fundo de Garantia do Tempo de Servio (FGTS), realizados em favor do empregado. Cabe destacar que a proteo conferida pela Constituio somente alcana a despedida arbitrria ou sem justa causa. No haver indenizao, portanto, diante da despedida por justa causa. A CF/88 extinguiu a antiga Òestabilidade decenalÓ, que, apesar de estar prevista na CLT, no foi recepcionada pela nova ordem constitucional. Pela regra da estabilidade decenal, o empregado que tivesse mais de 10 anos de empresa no poderia ser demitido, salvo em caso de falta grave ou circunstncia de fora maior. Hoje, nem mesmo a despedida arbitrria ou sem custa causa so proibidas. Elas podero ocorrer, cabendo, todavia, indenizao. Destaque-se que o art. 10, do ADCT, estabelece 2 (dois) casos de vedao absoluta dispensa arbitrria ou sem justa causa: www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale a) Do empregado eleito para cargo de direo de comisses internas de preveno de acidentes (CIPA), desde o registro de sua candidatura at um ano aps o final de seu mandato; b) Da empregada gestante, desde a confirmao da gravidez at cinco meses aps o parto. II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntrio; Note que o seguro-desemprego s devido no caso de desemprego involuntrio. As bancas examinadoras adoram confundir os candidatos, falando em desemprego ÒvoluntrioÓ, o que estar errado. III - fundo de garantia do tempo de servio; O FGTS (Fundo de Garantia) recolhido pelo empregador alquota de 8% sobre a remunerao paga ou devida, no ms anterior, a cada trabalhador. Destaque-se que o FGTS no direito dos servidores pblicos estatutrios. IV - salrio mnimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais bsicas e s de sua famlia com moradia, alimentao, educao, sade, lazer, vesturio, higiene, transporte e previdncia social, com reajustes peridicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculao para qualquer fim; O salrio mnimo deve ser fixado em lei formal: verifica-se, aqui, hiptese de reserva legal. Em torno desse tema, houve relevante controvrsia apreciada pelo STF. A Lei n¼ 12.382/2011 estabeleceu que o valor do salrio mnimo seria de R$ 545,00, mas que decreto presidencial seria responsvel pelos reajustes e aumentos salariais segundo determinados ndices. Segundo o STF, a Lei n¼ 12.382/2011 constitucional, no havendo bice a que um decreto presidencial estabelea os reajustes, cuja frmula e ndices esto previstos na prpria lei. O decreto presidencial no estaria, assim, fixando o valor do salrio mnimo; ele seria um mero ato declaratrio do valor reajustado segundo a poltica de valorizao prevista na lei. 2 O salrio mnimo nico para todo o territrio nacional, o que impede a existncia de salrios mnimos regionais. Destaque-se que existem os 2 STF, ADI 4568/DF, Rel. Min. Carmen Lcia. 03.11.2011. www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale chamados Òpisos salariaisÓ, que no se confundem com salrio mnimo, e so resultantes de negociaes coletivas de trabalho. O salrio mnimo no pode sofrer vinculao, ou seja, servir como indexador, para qualquer fim. relevante destacar que esse impedimento vinculao do salrio mnimo tem como objetivo evitar que aumentos do seu valor se propaguem para toda a economia, prejudicando o poder aquisitivo. Para fecharmos esse tpico, importante que voc saiba que o STF permite que os conscritos recebam remunerao inferior ao salrio-mnimo. Veja o que dispe a Smula Vinculante no 06, que poder ser cobrada em sua prova: Smula Vinculante n¼ 06: ÒNo viola a Constituio o estabelecimento de remunerao inferior ao salrio mnimo para as praas prestadoras de servio militar inicialÓ. A justificativa para essa exceo que a Constituio Federal no estendeu aos militares a garantia de remunerao no inferior ao salrio mnimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. O regime a que se submetem os militares no se confunde com aquele aplicvel aos servidores civis, visto que tm direitos, garantias, prerrogativas e impedimentos prprios. Isso porque os cidados que prestam servio militar obrigatrio exercem um mnus pblico relacionado com a defesa da soberania da ptria. Por isso mesmo, a obrigao do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condies materiais para a adequada prestao do servio militar obrigatrio nas Foras Armadas. V - piso salarial proporcional extenso e complexidade do trabalho; O piso salarial estabelecido por categoria de trabalhadores e fixado mediante negociao coletiva de trabalho. Na fixao do piso salarial, deve-se levar em considerao a extenso e a complexidade do trabalho. VI - irredutibilidade do salrio, salvo o disposto em conveno ou acordo coletivo; A irredutibilidade do salrio guarda estreitarelao com o princpio da vedao ao retrocesso. Assim, em regra, o salrio no poder ser reduzido. A reduo salarial hiptese excepcional, que somente ocorrer mediante negociao coletiva de trabalho (conveno coletiva ou acordo coletivo). Destaque-se que conveno coletiva e acordo coletivo so espcies do gnero Ònegociao coletiva de trabalhoÓ. Conveno coletiva de trabalho uma negociao entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal. J o acordo coletivo de trabalho, uma negociao entre o sindicato dos trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas. www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale A negociao coletiva de trabalho pode, portanto, flexibilizar a irredutibilidade salarial. Essa flexibilidade se deve ao fato de que, muitas vezes, mais benfico para uma categoria aceitar uma reduo salarial (numa crise econmica, por exemplo), que arcar com um grande aumento do desemprego. (TRT 2a Regio Ð 2015) A irredutibilidade salarial no absoluta, sendo lcita mediante previso em conveno ou acordo coletivo. Comentrios: possvel a reduo salarial atravs de conveno ou acordo coletivo. Portanto, a irredutibilidade salarial no absoluta. Questo correta. VII - garantia de salrio, nunca inferior ao mnimo, para os que percebem remunerao varivel; H alguns trabalhadores que possuem remunerao varivel. Como exemplo, citamos um funcionrio de uma loja que recebe por comisso de suas vendas. Em meses com alto volume de vendas, ele recebe muito bem; porm, em um ms de vendas fracas, ele ter uma remunerao bastante reduzida. A Constituio garante, entretanto, que esse trabalhador nunca receber uma remunerao inferior ao salrio mnimo. VIII - dcimo terceiro salrio com base na remunerao integral ou no valor da aposentadoria; O dcimo terceiro salrio o que se conhece por gratificao natalina. IX - remunerao do trabalho noturno superior do diurno; Esse dispositivo garante aos trabalhadores a percepo de adicional noturno. Destaque-se que o valor do adicional noturno no definido pela Constituio Federal, mas sim pela legislao infraconstitucional. importante que voc saiba que a previso de remunerao do trabalho noturno superior do diurno devida inclusive para os empregados que trabalham em regime de revezamento. o que dispe a Smula 213 do STF, segundo a qual: www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Ò devido o adicional de servio noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento.Ó X - proteo do salrio na forma da lei, constituindo crime sua reteno dolosa; A maior parte da populao brasileira no possui poupana, dependendo do salrio para sobreviver. O salrio , portanto, uma verba de natureza alimentar; em razo disso que constitui crime sua reteno dolosa por parte do empregador. XI - participao nos lucros, ou resultados, desvinculada da remunerao, e, excepcionalmente, participao na gesto da empresa, conforme definido em lei; Trata-se de norma de eficcia limitada, dependente de lei para produzir todos os seus efeitos. A participao nos lucros desvinculada da remunerao e uma forma de se estimular a produtividade do trabalhador. XII - salrio-famlia pago em razo do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; O salrio-famlia um benefcio previdencirio, sendo devido somente ao trabalhador de baixa renda. pago em cotas, de acordo com o nmero de dependentes (se o trabalhador possui um dependente, ele recebe uma cota do salrio-famlia; se ele possui dois dependentes, ele recebe duas cotas de salrio-famlia). Os critrios para o recebimento do salrio-famlia so definidos em lei formal. Mais uma vez, estamos diante de uma norma de eficcia limitada. (TRT 2a Regio Ð 2015) O salrio-famlia ser pago em virtude do dependente do trabalhador, sem se cogitar da renda por ele auferida, j que se trata de um direito social garantido constitucionalmente. Comentrios: O salrio famlia somente devido ao trabalhador de baixa renda. Questo errada. XIII - durao do trabalho normal no superior a oito horas dirias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensao de horrios e a reduo da jornada, mediante acordo ou conveno coletiva de trabalho; www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale A regra a prestao de trabalho por at 8 horas dirias e 44 horas semanais. Normalmente, isso feito mediante jornadas de 8 horas de segunda-feira a sexta-feira e de 4 horas no sbado. possvel a compensao de horrios: um trabalhador que tenha um contrato de trabalho de 44 horas semanais e 8 horas dirias poder, por exemplo, trabalhador 2 horas a menos em um determinado dia, compensando-as posteriormente. Cabe destacar que, excepcionalmente, possvel haver reduo da jornada de trabalho, mediante acordo ou conveno coletiva. XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociao coletiva; O trabalho prestado em turnos ininterruptos de revezamento aquele em que h alternncia de horrios; nesse regime de trabalho, os trabalhadores se revezam nos postos de trabalho. Em um determinado dia, trabalha noite; no outro, pela manh; no outro, tarde. Nesse caso, devido ao grande desgaste para a sade do trabalhador, a Constituio prev uma jornada de seis horas. Note que esta poder, excepcionalmente, ser aumentada, em caso de negociao coletiva. XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; Atente para a palavra preferencialmente. No h obrigao de concesso desse repouso no domingo: ele pode acontecer em qualquer outro dia da semana. XVI - remunerao do servio extraordinrio superior, no mnimo, em cinquenta por cento do normal; A remunerao do servio extraordinrio o que se conhece por hora-extra. Note a expresso Òno mnimoÓ! Uma questo de concurso que disser que essa remunerao necessariamente 50% superior do servio normal estar errada. XVII - gozo de frias anuais remuneradas com, pelo menos, um tero a mais do que o salrio normal; Esse dispositivo trata do adicional de frias. O trabalhador faz jus a frias, recebendo, durante esse perodo, sua remunerao acrescida de, no mnimo, 1/3 do salrio normal. Assim, o trabalhador poder receber um adicional de frias superior a 1/3 do salrio. www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Note que a Constituio no disps sobre a durao das frias, deixando essa tarefa para a legislao infraconstitucional. XVIII - licena gestante, sem prejuzo do emprego e do salrio, com a durao de cento e vinte dias; XIX - licena-paternidade, nos termos fixados em lei; A licena gestante tem durao de 120 dias, conforme definido pela Constituio. Durante esse perodo, a gestante fica licenciada, sem que perca seu emprego e remunerao. Assim,ela mantm seu vnculo de emprego com a empresa e continua a receber sua remunerao. Cabe destacar que a licena gestante tambm um direito outorgado s servidoras pblicas. No RE n¼ 778.889/PE, o STF fixou a tese de que os prazos da licena-gestante no podem ser superiores aos prazos da licena-adotante, inclusive no que diz respeito s prorrogaes. Assim, se uma lei concede 120 dias de licena gestante, devero ser concedidos tambm 120 dias de licena adotante. 3 A licena-paternidade, por sua vez, benefcio que depende de regulamentao por lei: trata-se, portanto, de norma de eficcia limitada. Como essa lei no foi editada at hoje, est em vigor o mandamento previsto no Ato das Disposies Constitucionais Transitrias (ADCT). Segundo o art. 10, ¤ 1¼, do ADCT, "at que lei venha a disciplinar o disposto no art. 7¼, XIX da Constituio, o prazo da licena-paternidade a que se refere o inciso de cinco dias". XX - proteo do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especficos, nos termos da lei; A proteo ao mercado de trabalho da mulher tem como objetivo alcanar a igualdade material. Nesse caso, almeja-se estabelecer a igualdade de gneros. Trata-se de mais uma norma de eficcia limitada. XXI - aviso prvio proporcional ao tempo de servio, sendo no mnimo de trinta dias, nos termos da lei; O aviso prvio se aplica aos contratos de trabalho por tempo indeterminado. um instituto que tem como objetivo permitir que o trabalhador tenha um tempo para buscar um novo emprego aps tomar conhecimento da inteno do empregador de demiti-lo. 3 RE 788.889/PE, Rel. Min. Luiz Roberto Barroso. Julgamento: 10.03.2016. Nesse julgado, o STF considerou que o art. 210, da Lei n¼ 8.112/90, ao conceder apenas 90 dias de licena adotante, inconstitucional. www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale O aviso prvio deve ser proporcional ao tempo de servio: quanto maior o tempo de servio, maior ser o prazo do aviso prvio. Deve-se observar, contudo, que o prazo mnimo do aviso prvio de 30 dias. XXII - reduo dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de sade, higiene e segurana; A segurana e a sade no trabalho so considerados direitos essenciais dos trabalhadores. A reduo dos riscos inerentes ao trabalho , portanto, uma face importante das polticas pblicas em matria trabalhista. Esse dispositivo que ampara a edio, pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, das chamadas NRÕs (Normas Regulamentadoras). XXIII - adicional de remunerao para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; As atividades penosas, insalubres ou perigosas implicam no pagamento de adicional de remunerao aos trabalhadores. Assim, um trabalhador que exera atividade perigosa (contato permanente com inflamveis e explosivos) receber adicional de periculosidade; por sua vez, um trabalhador que exera atividade insalubre receber o adicional de insalubridade. XXIV - aposentadoria; A aposentadoria um benefcio previdencirio assegurado aos trabalhadores. No nosso objetivo, nesse momento, discorrer sobre os vrios tipos de aposentadoria e os requisitos para sua concesso. XXV - assistncia gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento at 5 (cinco) anos de idade em creches e pr-escolas; A assistncia gratuita em creches e pr-escolas devida aos filhos e dependentes do trabalhador, desde o nascimento at 5 (cinco anos) de idade. Atente para esse limite de idade! XXVI - reconhecimento das convenes e acordos coletivos de trabalho; As negociaes coletivas de trabalho podem ser de dois tipos: i) convenes coletivas de trabalho (celebradas entre sindicato patronal e sindicato dos trabalhadores) e; ii) acordos coletivos de trabalho (celebrados entre sindicato dos trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas). Destaque- se que as negociaes coletivas de trabalho so consideradas fontes do direito do trabalho. XXVII - proteo em face da automao, na forma da lei; www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Trata-se de dispositivo que visa evitar que as inovaes tecnolgicas substituam o papel desempenhado pelos trabalhadores, buscando garantir que no haja diminuio do nmero de postos de trabalho. uma tpica norma de eficcia limitada, cuja concretizao depende de lei regulamentadora. XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizao a que este est obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; O seguro contra acidentes de trabalho um encargo do empregador, mas que no o exime de indenizar o empregado, quando tiver incorrido em dolo ou culpa. Em outras palavras, mesmo pagando seguro contra acidentes de trabalho, o empregador continua sujeito indenizao caso estes ocorram. Entretanto, necessrio que haja dolo ou culpa. XXIX - ao, quanto aos crditos resultantes das relaes de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, at o limite de dois anos aps a extino do contrato de trabalho; Esse inciso precisa ser analisado com ateno. Inicialmente, verifique que, tanto para o trabalhador urbano quanto para o rural, h possibilidade de se requererem crditos relativos aos ltimos cinco anos do contrato de trabalho. a chamada prescrio quinquenal. Entretanto, desfeito o vnculo laboral, o trabalhador ter apenas dois anos para reclamar tais crditos na Justia. Nesse caso, entretanto, a cada dia de inrcia, perder um dia de direito. Se entrar com uma ao trabalhista no ltimo dia do prazo de dois anos, s poder reaver os crditos referentes aos trs ltimos anos do contrato de trabalho, por exemplo. XXX - proibio de diferena de salrios, de exerccio de funes e de critrio de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibio de qualquer discriminao no tocante a salrio e critrios de admisso do trabalhador portador de deficincia; XXXII - proibio de distino entre trabalho manual, tcnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; Esses trs dispositivos traduzem obrigaes de no-discriminao, de isonomia. O inciso XXX probe que sejam estabelecidas diferena de salrios, de exerccio de funes e de critrio de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. O inciso XXXI impede que haja discriminao no tocante a salrio e critrios de admisso do trabalhador portador de deficincia. Por ltimo, o inciso XXXII veda a distino entre trabalho manual, tcnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos. www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale XXXIII - proibio de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de quatorze anos; ÒDissecando-seÓ esse dispositivo, temos que: a) A idade mnima para se trabalhar aos dezesseis anos. H, entretanto, uma exceo a esse limite mnimo de idade: pode-se trabalhar a partir dos quatorze anos de idade, na condio de aprendiz. b) Os menores de dezoito anos jamaispodero exercer trabalho noturno, perigoso ou insalubre. Assim, entre os 14 e 16 anos, s pode trabalhar o menor aprendiz. Dos 16 aos 18 anos, qualquer um pode trabalhar, desde que no seja um trabalho noturno, perigoso ou insalubre. A partir dos 18 anos, o indivduo pode exercer qualquer trabalho, inclusive o noturno, perigoso ou insalubre. (TRT 2a Regio Ð 2015) O trabalhador faz jus a seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizao a que este esta obrigado, apenas quando for resultado de dolo ou culpa. Comentrios: isso mesmo. O trabalhador faz jus a seguro contra acidentes de trabalho. Ademais, a indenizao somente ser devida ao trabalhador quando o empregador incorrer em dolo ou culpa. Questo correta. (FUB Ð 2015) A realizao de trabalho noturno, perigoso ou insalubre por menor de dezoito anos de idade permitida desde que o empregador pague a esse trabalhador adicional pecunirio. Comentrios: Os menores de 18 anos no podem, em qualquer situao, realizar trabalho noturno, perigoso ou insalubre. Questo errada. (TJ / MG Ð 2015) prevista ao, quanto aos crditos resultantes das relaes de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, at o limite de dois anos aps a extino do contrato de trabalho. www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Comentrios: exatamente o que prev a literalidade do art. 7¼, XXIX, CF/88. Questo correta. XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vnculo empregatcio permanente e o trabalhador avulso. O trabalhador avulso aquele que presta servios a vrias empresas, mas que contratado por um rgo gestor de mo-de-obra (OGMO). o caso, por exemplo, dos estivadores e carregadores que trabalham nos portos. A Constituio Federal de 1988 reconhece a igualdade de direitos entre o trabalhador avulso e o trabalhador com vnculo empregatcio permanente. Pargrafo nico. So assegurados categoria dos trabalhadores domsticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condies estabelecidas em lei e observada a simplificao do cumprimento das obrigaes tributrias, principais e acessrias, decorrentes da relao de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integrao previdncia social. O pargrafo nico do art. 7¼ da Constituio sofreu importantes modificaes pela Emenda Constitucional n¼ 72/2013 que assegurou importantes direitos trabalhistas aos empregados domsticos. O objetivo da EC n¼ 72/2013 foi justamente assegurar igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domsticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais. Destaque-se que, mesmo aps a referida emenda constitucional, nem todos os direitos trabalhistas foram assegurados aos empregados domsticos. Na tabela abaixo, relaciono todos os direitos dos domsticos e destaco, em negrito, tudo aquilo que resulta de previso da EC no 72/2013: Salrio mnimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais bsicas e s de sua famlia com moradia, alimentao, educao, sade, lazer, vesturio, higiene, transporte e previdncia social, com reajustes peridicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculao para qualquer fim. Irredutibilidade do salrio, salvo o disposto em conveno ou acordo coletivo. www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Direitos do domstico Garantia de salrio, nunca inferior ao mnimo, para os que percebem remunerao varivel (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Proteo do salrio na forma da lei, constituindo crime sua reteno dolosa (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Dcimo terceiro salrio com base na remunerao integral ou no valor da aposentadoria. Durao do trabalho normal no superior a oito horas dirias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensao de horrios e a reduo da jornada, mediante acordo ou conveno coletiva de trabalho (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. Remunerao do servio extraordinrio superior, no mnimo, em cinquenta por cento do normal (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Gozo de frias anuais remuneradas com, pelo menos, um tero a mais do que o salrio normal. Licena gestante, sem prejuzo do emprego e do salrio, com a durao de cento e vinte dias. Licena-paternidade, nos termos fixados em lei. Aviso prvio proporcional ao tempo de servio, sendo no mnimo de trinta dias, nos termos da lei. Reduo dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de sade, higiene e segurana (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Aposentadoria. Reconhecimento das convenes e acordos coletivos de trabalho (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Proibio de diferena de salrios, de exerccio de funes e de critrio de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (direito assegurado aps a EC www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale no 72/2013). Proibio de qualquer discriminao no tocante a salrio e critrios de admisso do trabalhador portador de deficincia (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Proibio de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de quatorze anos (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Integrao previdncia social. Relao de emprego protegida contra despedida arbitrria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que prever indenizao compensatria, dentre outros direitos (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntrio (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Fundo de garantia do tempo de servio (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Remunerao do trabalho noturno superior do diurno (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Salrio-famlia pago em razo do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Assistncia gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento at 5 (cinco) anos de idade em creches e pr-escolas (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizao a que este est obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (direito assegurado aps a EC no 72/2013). Outro ponto importante que alguns dos direitos previstos pela EC no 72/2013 precisam de regulamentao para que possam ser usufrudos. Em outras palavras, eles no puderam ser usufrudos de imediato, assim que foi promulgada a EC n¼ 72/2013. Foi necessria a regulamentao, que s ocorreu por meio da Lei Complementar n¼ 150/ 2015. So eles:www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale - Relao de emprego protegida contra despedida arbitrria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que prever indenizao compensatria, dentre outros direitos; - Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntrio; - Fundo de garantia do tempo de servio; - Remunerao do trabalho noturno superior do diurno; - Salrio-famlia pago em razo do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; - Assistncia gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento at 5 (cinco) anos de idade em creches e pr-escolas; - Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizao a que este est obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. No custa sistematizar tudo isso em outra tabela, para melhor compreenso: Direitos assegurados aos domsticos por normas originrias da Constituio Direitos assegurados aos domsticos pela PEC no 72/2013 ¥ Salrio mnimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais bsicas e s de sua famlia com moradia, alimentao, educao, sade, lazer, vesturio, higiene, transporte e previdncia social, com reajustes peridicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculao para qualquer fim; ¥ Irredutibilidade do salrio, salvo o disposto em conveno ou acordo coletivo; ¥ Dcimo terceiro salrio com base na remunerao integral ou no valor da aposentadoria; De exerccio imediato: ¥ Garantia de salrio, nunca inferior ao mnimo, para os que percebem remunerao varivel; ¥ Proteo do salrio na forma da lei, constituindo crime sua reteno dolosa; ¥ Durao do trabalho normal no superior a oito horas dirias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensao de horrios e a reduo da jornada, mediante acordo ou conveno coletiva de trabalho; ¥ Remunerao do servio extraordinrio superior, no mnimo, em cinquenta por cento do normal; ¥ Reduo dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de sade, higiene e segurana; ¥ Reconhecimento das convenes e acordos coletivos de trabalho; ¥ Proibio de diferena de salrios, de exerccio de funes e de critrio de admisso por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; ¥ Proibio de qualquer discriminao no www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale ¥ Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; ¥ Gozo de frias anuais remuneradas com, pelo menos, um tero a mais do que o salrio normal; ¥ Licena gestante, sem prejuzo do emprego e do salrio, com a durao de cento e vinte dias; ¥ Licena-paternidade, nos termos fixados em lei; ¥ Aviso prvio proporcional ao tempo de servio, sendo no mnimo de trinta dias, nos termos da lei; ¥ Aposentadoria; ¥ Integrao previdncia social. tocante a salrio e critrios de admisso do trabalhador portador de deficincia; ¥ Proibio de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de quatorze anos. Direitos de exerccio condicionado obedincia regulamentao legal ¥ Relao de emprego protegida contra despedida arbitrria ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que prever indenizao compensatria, dentre outros direitos; ¥ Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntrio; ¥ Fundo de garantia do tempo de servio; ¥ Remunerao do trabalho noturno superior do diurno; ¥ Salrio-famlia pago em razo do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; ¥ Assistncia gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento at 5 (cinco) anos de idade em creches e pr-escolas; ¥ Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenizao a que este est obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. Como poucos direitos listados nos incisos do art. 7¼ da Constituio ficaram Òde foraÓ, ou seja, poucos no foram atribudos aos domsticos, acho interessante lista-los abaixo, para que voc no caia em eventuais ÒpegadinhasÓ de prova: Direitos que no foram, atribudos, pela CF/88, aos domsticos. ¥ Piso salarial proporcional extenso e complexidade do trabalho; ¥ Participao nos lucros, ou resultados, desvinculada da remunerao, e, excepcionalmente, participao na gesto da empresa, conforme definido em lei; ¥ Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociao coletiva; ¥ Proteo do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos especficos, nos termos da lei; ¥ Adicional de remunerao para as atividades penosas, insalubres ou www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale perigosas, na forma da lei; ¥ Proteo em face da automao, na forma da lei; ¥ Ao, quanto aos crditos resultantes das relaes de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, at o limite de dois anos aps a extino do contrato de trabalho; ¥ Proibio de distino entre trabalho manual, tcnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; ¥ Igualdade de direitos entre o trabalhador com vnculo empregatcio permanente e o trabalhador avulso. Obviamente, alguns desses direitos no foram previstos para o domstico pelas prprias caractersticas do trabalho. No faria sentido, por exemplo, prever uma Òparticipao nos lucrosÓ, j que no trabalham em uma pessoa jurdica. Apesar dessa aparente falta de isonomia, importante que voc atente para um detalhe: a Constituio Federal prev, sim, a igualdade de direitos entre domsticos e demais trabalhadores, urbanos e rurais. Nos termos da PEC no 72/2013, diz-se que esta Òaltera a redao do pargrafo nico do art. 7¼ da Constituio Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domsticos e os demais trabalhadores urbanos e ruraisÓ. (UEG Ð 2015) Os empregados domsticos passaram a ter direitos sociais antes previstos apenas para os demais trabalhadores em geral. o caso do piso salarial nacional, que deve ser proporcional extenso e complexidade do trabalho. Comentrios: A EC n¼ 72/2013 no atribuiu aos empregados domsticos o direito ao piso salarial proporcional extenso e complexidade do trabalho. Questo errada. www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale 4- Os direitos sociais coletivos dos trabalhadores: Em seus arts. 8¼ a 11, a Constituio enumera vrios direitos coletivos dos trabalhadores. Que tal lermos esses dispositivos juntos, fazendo os apontamentos necessrios para gabaritar as questes de prova a eles referentes? Art. 8¼ livre a associao profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei no poder exigir autorizao do Estado para a fundao de sindicato, ressalvado o registro no rgo competente, vedadas ao Poder Pblico a interferncia e ainterveno na organizao sindical; A fundao de sindicato independe de autorizao estatal (nem mesmo a lei poder fazer tal exigncia). Todavia, a fundao de sindicato necessita de registro em rgo competente, ou seja, registro no Ministrio do Trabalho e Emprego. Destaque-se que vedada a interferncia do Poder Pblico nos sindicatos (princpio da autonomia sindical). II - vedada a criao de mais de uma organizao sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econmica, na mesma base territorial, que ser definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, no podendo ser inferior rea de um Municpio; Esse dispositivo consagra o princpio da unicidade da organizao sindical, que um limitador da autonomia sindical. Segundo esse princpio, no podem coexistir mais de um sindicato da mesma categoria profissional (trabalhadores) ou econmica (empregadores) dentro de uma idntica base territorial, que no poder ser inferior rea de um Municpio. Como exemplo, s poder haver um Sindicato de professores no Municpio de Belo Horizonte. E em caso de existirem mais de um sindicato na mesma base territorial? Nesse caso, estaremos diante de um conflito, a ser resolvido pela anterioridade, ou seja, a categoria ser representada pela entidade que primeiro realizou seu registro no rgo competente. Percebe-se, aqui, que o registro do sindicato no Ministrio do Trabalho e Emprego um instrumento essencial para que o Estado realize o controle da unicidade sindical. (Manausprev Ð 2015) O princpio da unicidade sindical garante a existncia de uma nica organizao sindical representativa de um mesmo grupo de trabalhadores ou de empresrios numa mesma base territorial. www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Comentrios: De fato, o princpio da unicidade sindical, previsto no inciso II do art. 8¼ da Constituio, determina que no podem coexistir mais de um sindicato da mesma categoria profissional (trabalhadores) ou econmica (empregadores) dentro de uma idntica base territorial, que no poder ser inferior rea de um Municpio. Questo correta. (Manausprev Ð 2015) A fundao de sindicato depende de autorizao estatal, cabendo ao Poder Pblico definir a abrangncia territorial de determinada organizao sindical. Comentrios: A fundao de sindicato independe de autorizao estatal. A abrangncia territorial da organizao sindical definida pelo trabalhadores ou empregadores interessados. Questo errada. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questes judiciais ou administrativas; Destaca-se que o STF, com base no inciso acima, entende que o sindicato pode atuar na defesa de todos os direitos individuais e coletivos dos integrantes da categoria que representa. Exemplo: o sindicato dos Auditores da Receita Federal poder atuar na defesa judicial ou administrativa de um nico membro acusado de acesso imotivado aos sistemas do rgo. O STF considera, ainda, que o art. 8¼, inciso III, assegura ampla legitimidade ativa aos sindicatos para atuarem como substitutos processuais das categorias que representam, na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais de seus integrantes. Conforme j se sabe, quando se trata de substituio processual, no h necessidade de prvia autorizao dos trabalhadores.4 IV - a assembleia geral fixar a contribuio que, em se tratando de categoria profissional, ser descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representao sindical respectiva, independentemente da contribuio prevista em lei; fundamental sabermos a diferena entre a contribuio confederativa e a contribuio sindical. 4 STF, RE n¼ 193.503/SP, Rel. Min. Joaquim Barbosa. 12.06.2006. www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale A contribuio confederativa tem fundamento no art. 8¼, inciso IV, CF/88. Possui carter facultativo, sendo cobrada apenas dos filiados do sindicato. Sabe-se que ningum obrigado a filiar-se ou manter-se filiado, mas aqueles que o fizerem devero pagar a contribuio confederativa. No possui natureza jurdica tributria, sendo seu valor fixado pela assembleia geral. Sobre a contribuio confederativa, o STF editou a Smula Vinculante n¼ 40: Smula Vinculante n¼ 40: A contribuio confederativa de que trata o art. 8¼, IV, da Constituio Federal, s exigvel dos filiados ao sindicato respectivo. A contribuio sindical, por sua vez, tem fundamento no art. 149, CF/88. Possui natureza jurdica tributria e, portanto, sua cobrana compulsria de todos os integrantes da categoria econmica ou profissional, independentemente de serem sindicalizados ou no.5 Seu valor fixado em lei. Para melhor fixao das duas possveis contribuies a serem fixadas por sindicato, veja o quadro abaixo: (Manausprev Ð 2015) A contribuio confederativa encargo de carter tributrio, compulsrio, que sujeita, alm dos filiados, todos os profissionais da categoria. Comentrios: A contribuio confederativa exigida apenas dos filiados e, em razo disso, no possui natureza tributria. Questo errada. V - ningum ser obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; Trata-se do princpio da liberdade de inscrio sindical, segundo o qual os trabalhadores so livres para decidirem se filiar ou se manterem filiados a sindicato. Em outras palavras, a participao em sindicato no compulsria. Cabe destacar que o art. 8¼, V, CF/88 corolrio (consequncia) do 5 STF, RE 534829 MT, DJe-158, 24/08/2009. Contribuio confederativa ¥ facultativa; ¥ Fixada pela assembleia geral Contribuio sindical ¥ obrigatria; ¥ Fixada em lei; ¥ Natureza de tributo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale princpio da liberdade de associao (5¼, XX), segundo o qual Òningum poder ser compelido a associar-se ou manter-se associadoÓ. VI - obrigatria a participao dos sindicatos nas negociaes coletivas de trabalho; Os sindicatos tem atuao importante nas negociaes coletivas de trabalho (convenes coletivas e acordos coletivos). Nas convenes coletivas, a negociao se d entre sindicato de trabalhadores e sindicato patronal; nos acordos coletivos, entre o sindicato de trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas. Em todos os casos, percebe-se que haver participao do sindicato. VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizaes sindicais; A CF/88 garante ao aposentado ampla participao no sindicato da categoria, podendo votar e ser votado. Assim, o aposentado poder ser eleito dirigente sindical. VIII - vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direo ou representao sindical e, se eleito, ainda que suplente, at um ano aps o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Trata-se da estabilidade sindical, que consiste em proteo especial dispensada aosdirigentes eleitos dos trabalhadores. O empregado que se candidatar a cargo de direo ou representao sindical, no poder ser dispensado a partir do registro de sua candidatura. Se eleito (mesmo suplente), no poder ser dispensado at um ano depois de findo o mandato, exceto se cometer falta grave, nos termos da lei. Perceba que, mesmo aps ter sido eleito dirigente ou representante sindical, o empregado poder ser dispensado. No entanto, a dispensa somente poder ocorrer caso ele cometa falta grave. A estabilidade sindical relativa, sendo possvel a dispensa do empregado em virtude da extino da empresa na qual ele exercia suas atividades. Segundo o STF, Òa garantia constitucional assegurada ao empregado enquanto no cumprimento de mandato sindical (CF, art. 8¼, VIII) no se destina a ele propriamente dito, ex intuitu personae, mas sim representao sindical de que se investe, que deixa de existir, entretanto, se extinta a empresa empregadoraÓ. 6 6 RE 222.334. Rel. Min. Maurcio Corra. DJ: 08.03.2002. www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale (Manausprev Ð 2015) A garantia constitucional assegurada ao empregado enquanto no cumprimento de mandato sindical se destina pessoa do empregado e tem intuitu personae. Comentrios: A jurisprudncia do STF no sentido contrrio. Segundo a Corte, a garantia da estabilidade sindical no se destina pessoa do empregado, mas sim representao sindical de que ele se investe. Questo errada. Pargrafo nico. As disposies deste artigo aplicam-se organizao de sindicatos rurais e de colnias de pescadores, atendidas as condies que a lei estabelecer. A Constituio Federal, para no deixar qualquer margem de dvida, disps que as regras do art.8¼ tambm se aplicam aos sindicatos rurais e de colnias de pescadores. Art. 9¼ assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exerc-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. ¤ 1¼ - A lei definir os servios ou atividades essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades inadiveis da comunidade. ¤ 2¼ - Os abusos cometidos sujeitam os responsveis s penas da lei. O art. 9¼ da CF assegura aos trabalhadores o direito de greve. No se trata de direito absoluto, uma vez que as necessidades inadiveis da comunidade devero ser atendidas e aqueles que abusarem do direito ficaro sujeitos a penas fixadas em lei. A doutrina majoritria considera que o direito de greve dos trabalhadores da iniciativa privada (regidos pela CLT) norma de eficcia contida, pois poder ser restringido por lei. Recorde-se que o direito de greve dos servidores pblicos norma de eficcia limitada, dependendo, para seu exerccio, da edio de lei regulamentadora. Segundo o STF, Òno constitui falta grave a entrada do empregado em greve, desde que no se trate de movimento condenado pela Justia do Trabalho e desde que o comportamento seja pacfico no pertinente.Ó7 Com efeito, a adeso ao movimento grevista no pode ser considerada falta grave, mas sim um direito do trabalhador. 7 STF, RE n¼ 51.301. Rel. Min. Cunha Melo. www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Observe que, apesar de o direito de greve ser considerado um direito social, ele no envolve qualquer prestao positiva por parte do Estado. Ao contrrio, dever o Estado abster-se de atuar, permitindo que os trabalhadores defendam seus interesses por meio de movimento grevista. (TJ / SC Ð 2015) O direito de greve um direito social, no dependendo de uma prestao estatal especfica para o seu exerccio. Comentrios: Apesar de ser um direito social, o direito de greve no depende de prestao estatal especfica para o seu exerccio. Questo correta. Art. 10. assegurada a participao dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos rgos pblicos em que seus interesses profissionais ou previdencirios sejam objeto de discusso e deliberao. Esse dispositivo , normalmente, cobrado em sua literalidade. Basta saber que os trabalhadores e empregadores tm direito a participar no colegiado de rgos pblicos em que seus interesses profissionais ou previdencirios sejam objeto de discusso e deliberao. Apenas para ilustrar com um exemplo, o Conselho Nacional de Previdncia Social (CNPS) um rgo colegiado do qual participam representantes do Governo, dos trabalhadores em atividade, dos empregadores e dos aposentados. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, assegurada a eleio de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover- lhes o entendimento direto com os empregadores. O objetivo do art. 11 melhorar a interlocuo entre empregadores e empregados naquelas empresas com grande nmero de trabalhadores. Assim, nas empresas com mais de 200 empregados, assegurada a eleio de um representante destes. Esse representante ter a tarefa (finalidade exclusiva) de promover o entendimento direito entre os empregados e os empregadores. (Polcia Rodoviria Federal Ð 2014) Nas empresas com mais de cem empregados, assegurada a eleio de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover o entendimento direto com os empregadores. www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Comentrios: A questo foi no detalhe! Essa regra somente se aplica s empresas com mais de 200 empregados. Questo errada. Nacionalidade 1- Introduo: Segundo a doutrina dominante, os elementos constitutivos do Estado so territrio, povo e governo soberano. Dentre esses trs elementos, o povo o que constitui a dimenso pessoal do Estado. Ao contrrio da populao (composta pelo conjunto de pessoas que habitam o territrio de um Estado), o povo compe-se dos seus nacionais, independentemente do local em que residam. A nacionalidade justamente o vnculo jurdico-poltico entre o Estado soberano e o indivduo, que torna este um membro integrante da comunidade que constitui o Estado. Segundo Mazzuoli, a nacionalidade comporta duas dimenses: a dimenso vertical (que liga o indivduo ao Estado) e a dimenso horizontal (que liga o indivduo ao elemento povo).8 A dimenso vertical da nacionalidade impe obrigaes ao indivduo perante o Estado, prprias de uma relao de subordinao. J a dimenso horizontal, pressupe uma relao sem grau hierrquico, isto , uma relao paritria do indivduo com a comunidade qual pertence. Compete a cada Estado legislar sobre sua prpria nacionalidade, respeitando, claro, os compromissos gerais e particulares aos quais tenha se obrigado. O Estado soberano , afinal, o nico outorgante possvel da nacionalidade. ele quem tem poder para determinar quem so seus nacionais, quais as condies de aquisio da nacionalidade e, ainda, disciplinar sua perda. Pode-se afirmar, portanto, que o estabelecimento de critrios para a concesso de nacionalidade ato de manifestao da soberania estatal. Nacionalidade no se confunde com cidadania. A cidadania um atributo quediferencia aqueles que possuem pleno gozo dos direitos polticos daqueles que no possuem esse direito. J a nacionalidade o que diferencia os nacionais dos estrangeiros, isto , diferencia os indivduos que possuem uma ligao pessoal com o Estado daqueles que no o tem. O conceito de nacionalidade mais amplo que o de cidadania, o que se pode depreender a partir do exame do caso brasileiro. Como regra geral, todos 8 MAZZUOLI, Valrio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Pblico, 4» ed. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010. www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale aqueles que possuem cidadania brasileira tambm possuem nacionalidade brasileira. J o contrrio nem sempre verdade! Uma criana de 5 anos de idade possui nacionalidade brasileira, mas no possui cidadania, pois ainda no goza plenamente de seus direitos polticos. 2- Atribuio de Nacionalidade pelo direito brasileiro: A doutrina fala na existncia de dois tipos de nacionalidade: a nacionalidade originria (primria) e a nacionalidade derivada (adquirida ou secundria). A nacionalidade originria aquela que resulta de um fato natural, o nascimento; diz-se, portanto, que uma forma involuntria de aquisio de nacionalidade. atribuda ao indivduo em razo de critrios sanguneos (Òjus sanguinisÓ), territoriais (Òjus soliÓ) ou mistos. Os brasileiros que recebem a nacionalidade originria so chamados de Òbrasileiros natosÓ. A nacionalidade derivada, por sua vez, aquela cuja aquisio depende de ato de vontade (ato volitivo), praticado depois do nascimento; diz-se que a nacionalidade derivada obtida mediante a naturalizao. Os brasileiros que recebem a nacionalidade derivada so chamados de Òbrasileiros naturalizadosÓ. Vejamos, a seguir, como se d a atribuio de nacionalidade originria e nacionalidade derivada no ordenamento jurdico brasileiro. Comecemos com a atribuio de nacionalidade originria: quem so, afinal, os brasileiros natos? Conforme j havamos comentado, a nacionalidade originria pode ser estabelecida tanto pela origem sangunea da pessoa (Òjus sanguinisÓ) quanto pela origem territorial (Òjus soliÓ). Pelo primeiro critrio, nacional todo aquele filho de nacionais, independentemente de onde tenha nascido. J pelo NACIONALIDADE PRIMÁRIA (ORIGINÁRIA) NASCIMENTO “JUS SOLI” (REGRA) OU “JUS SANGUINIS” (EXCEÇÃO) SECUNDÁRIA (ADQUIRIDA OU DERIVADA) ATO VOLITIVO www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale segundo, nacional quem nasce no territrio do Estado que o adota, independentemente da origem sangunea dos seus pais. A Constituio Brasileira, como voc ver a seguir, adotou em regra o Òjus soliÓ. H, entretanto, excees, nas quais predomina o Òjus sanguinisÓ. Vamos anlise do art. 12 da CF? Art. 12. So brasileiros: I - natos: a) os nascidos na Repblica Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes no estejam a servio de seu pas; b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil; c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira competente ou venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; No art. 12, inciso I, esto as hipteses de aquisio de nacionalidade originria; em outras palavras, esse dispositivo que define quem so os brasileiros natos. Tente memoriz-las, caro (a) aluno (a), pois elas so constantemente cobradas nos concursos em sua literalidade. Na alnea ÒaÓ, perceptvel que a Constituio adotou o critrio Òjus soliÓ, considerando brasileiro nato qualquer pessoa nascida em territrio nacional, mesmo que de pais estrangeiros. Entretanto, h uma exceo: se o nascido no Brasil for filho de estrangeiros que estejam a servio de seu Pais, no ser brasileiro nato. Vamos a dois exemplos para ilustrar melhor esse dispositivo! Suponha que Diego e Martha, casal de argentinos, venha ao Brasil passar suas frias. Martha est grvida, se empolga com umas ÒcaipirinhasÓ e acaba entrando em trabalho de parto. Pronto! Nasceu Dieguito Jr! Trata-se de nascido no Brasil, filho de pais estrangeiros que no estavam a servio de seu Pas (estavam de frias!). Ser, ento, brasileiro nato. Agora, imagine que Vladislav Spetanovich, diplomata russo, venha servir aqui no Brasil, junto com sua esposa Marianova Chevichenko. Marianova engravida e nasce, aqui no Brasil, o filho do casal, Vladislav Jr. Apesar de ter nascido em territrio brasileiro, Vladislav Jr. filho de pais estrangeiros que estavam a servio da Rssia. Portanto, ele no ser brasileiro nato. www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Dados esses exemplos, podemos resumir a aplicao da alnea ÒaÓ, vislumbrando trs situaes possveis: a) Um filho de pai ou me brasileiros, ou ambos, nasce em territrio brasileiro: ser brasileiro nato. b) Um filho de pais estrangeiros, sendo que um deles, ou ambos, estejam no Brasil a servio de seu pas nasce em territrio brasileiro: no ser brasileiro nato. Cabe destacar que uma regra consuetudinria de direito internacional que os filhos de agentes de Estados estrangeiros, como diplomatas e cnsules, sejam normalmente excludos da atribuio de nacionalidade pelo critrio Òjus soliÓ. Cuidado! Para que seja excluda a atribuio de nacionalidade pelo critrio Òjus soliÓ, necessrio o cumprimento cumulativo de 2 (duas) condies: - ambos os pais serem estrangeiros e; - algum dos pais ou ambos estarem a servio de seu pas. Ateno! Imagine o seguinte caso! Um diplomata italiano est no Brasil a servio de seu pas e casa-se com uma brasileira. Eles tm um filho que nasce em territrio brasileiro. O filho ser brasileiro nato, pois apenas uma das condies para a excluso do critrio Òjus soliÓ foi cumprida (Òalgum dos pais ou ambos estarem a servio de seu pasÓ). A outra condio (Òambos os pais serem estrangeirosÓ) no foi cumprida. c) Um filho de estrangeiros que no esto a servio de seu pas nasce em territrio brasileiro: ser brasileiro nato. Para finalizar os comentrios sobre a alnea ÒaÓ, vale destacar que o conceito de territrio brasileiro abrange, alm das terras delimitadas pelas fronteiras geogrficas, o mar territorial e espao areo. Na alnea ÒbÓ, a Constituio estabelece que so brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou me brasileira, desde que qualquer deles esteja a servio da Repblica Federativa do Brasil. O legislador constituinte adotou, aqui, o critrio Òjus sanguinisÓ, prevendo, todavia um requisito adicional: o fato de qualquer um dos pais (ou ambos) estar a servio da Repblica Federativa do Brasil, o que significa qualquer servio prestado por rgo ou entidade da Unio, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municpios. Suponha, por exemplo, que Miguel, diplomata brasileiro, v servir na Alemanha. L ele conhece a alem DeniseFrst e com ela tem um filho: www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Miguel Jr. Apesar de ter nascido no exterior, Miguel Jr. filho de pai brasileiro que estava a servio da Repblica Federativa do Brasil. Ele ser, portanto, brasileiro nato. Resumindo o que dispe a alnea ÒbÓ, a aquisio de nacionalidade por essa regra depende do cumprimento cumulativo de dois requisitos: a) Ser filho de pai brasileiro ou me brasileira, ou de ambos. b) O pai ou a me, ou ambos, devero estar a servio do Brasil no exterior. ÒMas, professores, e se o indivduo que nascer no exterior for filho de pai ou me brasileira e estes no estiverem a servio do Brasil?Ó Excelente pergunta! Partimos a para a terceira hiptese de aquisio de nacionalidade originria, que est prevista na alnea ÒcÓ. Na alnea ÒcÓ, a Constituio estabelece que so brasileiros natos Òos nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira competente ou venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileiraÓ. Assim, h duas possibilidades diferentes de aquisio de nacionalidade quando o indivduo nasce no exterior, filho de pai brasileiro ou me brasileira que no esto a servio do Brasil: a) O indivduo registrado em repartio brasileira competente ou; b) O indivduo vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Na primeira possibilidade, o registro do indivduo perante repartio competente condio suficiente para que ele seja considerado brasileiro nato. Na segunda possibilidade, o indivduo precisa residir no Brasil e, alm disso, manifestar sua vontade. o que a doutrina denomina nacionalidade potestativa. Ressalte-se que essa manifestao de vontade somente poder ocorrer aps a maioridade. Destaque-se que a opo pela nacionalidade brasileira dever, nesse ltimo caso, ser feita em juzo, em processo que tramita perante a Justia Federal. ÒE se o filho de brasileiros que no estejam a servio do Brasil e que tenha nascido no exterior vier a residir no pas ainda enquanto menor? Qual ser sua nacionalidade?Ó www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Excelente pergunta! Nesse caso, o menor ser considerado brasileiro nato. Entretanto, a aquisio definitiva de sua nacionalidade depender de sua manifestao aps a maioridade. Uma vez tendo sido atingida a maioridade, fica suspensa a condio de brasileiro nato, enquanto no for efetivada a opo pela nacionalidade brasileira. A maioridade passa a ser, ento, condio suspensiva da nacionalidade brasileira at o momento em que for feita a opo. (MPT Ð 2015) A nacionalidade potestativa ser incorporada pelo indivduo se for registrado em repartio brasileira no exterior e vier a residir no Brasil antes da maioridade. Comentrios: A nacionalidade potestativa ser adquirida quando o indivduo nasce no exterior, filho de pai brasileiro ou me brasileira, e no registrado em repartio brasileira competente. A, ele vem a residir no Brasil e opta, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Questo errada. (PC / DF Ð 2015) Suponha-se que Antnio tenha nascido no estrangeiro, sendo filho de pai brasileiro e me estrangeira. Nesse caso, Antnio poder optar, em qualquer tempo, depois de atingir dezoito anos de idade, pela nacionalidade brasileira originria, desde que venha residir no Brasil. Comentrios: exatamente isso! Antnio se enquadra na hiptese do art. 12, I, alnea ÒcÓ. So brasileiros natos os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de me brasileira, desde que sejam registrados em repartio brasileira competente ou venham a residir na Repblica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Questo correta. (DPE / RO Ð 2015) Ernesto, filho de pais brasileiros, nascido e registrado na Repblica do Paraguai, ao atingir a maioridade, decide vir para o Brasil. Ao chegar neste Pas, consulta um Defensor Pblico a respeito dos seus direitos. correto afirmar que Ernesto considerado brasileiro nato pelo simples fato de seus pais serem brasileiros. Comentrios: www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale De jeito nenhum! O simples fato de ser filho de brasileiros no faz com que Ernesto seja brasileiro nato. Ernesto ser brasileiro nato se vier a residir no Brasil e optar, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira. Questo errada. (SSP / AM Ð 2015) Peter, filho de um casal austraco, nasceu no territrio brasileiro quando seus pais aqui estavam a servio da Embaixada da çustria. Aps o seu nascimento, permaneceu no Brasil por cerca de dez anos, at que a famlia retornou ao Pas de origem. Como Peter passou a ter slidos laos afetivos com o Brasil, sendo frequentes as suas viagens a passeio para este Pas, tomou a deciso de candidatar-se a um cargo eletivo que privativo de brasileiro nato. possvel afirmar que Peter somente pode ser considerado brasileiro nato caso sua famlia tenha providenciado o seu registro de nascimento no Brasil, enquanto aqui residiu. Comentrios: Apesar de ter nascido no Brasil, Peter no ser brasileiro nato. Isso porque ele filho de pais estrangeiros que estavam no Brasil a servio de seu Pas (no caso, a çustria). Questo errada. Dando continuidade anlise do art. 12, que tal verificarmos as condies para a aquisio secundria (derivada) da nacionalidade? Art. 12. So brasileiros: (...) II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originrios de pases de lngua portuguesa apenas residncia por um ano ininterrupto e idoneidade moral; b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Repblica Federativa do Brasil h mais de quinze anos ininterruptos e sem condenao penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Observe que, no Brasil, a aquisio de nacionalidade derivada somente se dar por manifestao do interessado (ou seja, ser sempre expressa), mediante naturalizao. www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 78 DIREITO CONSTITUCIONAL – PM/AL Teoria e Questões Aula 02 – Profa Nádia / Prof. Ricardo Vale Na alnea ÒaÓ, temos a hiptese de naturalizao ordinria, concedida aos estrangeiros que cumpram os requisitos descritos em lei (Estatuto do Estrangeiro). No caso de estrangeiros originrios de pases de lngua portuguesa, o processo de naturalizao facilitado, sendo apenas exigidos dois requisitos: a) residncia no Brasil por um ano ininterrupto; b) idoneidade moral. Cabe destacar, entretanto, que o mero cumprimento dos requisitos no assegura ao estrangeiro a concesso da nacionalidade brasileira. A concesso da naturalizao ordinria ato discricionrio do Chefe do Poder Executivo, ou seja,
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