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315 Manual de Medicina Nuclear

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CAPÍTULO 1: PRINCÍPIOS BÁSICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1. PRINCÍPIOS BÁSICOS 
 2
 
 
A Medicina Nuclear (MN) é uma especialidade que utiliza radionuclídeos para fins 
diagnósticos e terapêuticos. Estes radionuclídeos possuem características físicas e químicas 
adequadas para uso “in anima nobili”. 
 
É um método complementar que evidencia bem a função e metabolismo do órgão em 
estudo, enquanto que a radiologia convencional, ultra-som (US), tomografia computadorizada 
(TC) e ressonância magnética (RM) destacam melhor o aspecto morfológico e anatômico. A 
RM, atualmente, tem aplicabilidade na avaliação da função de alguns órgãos. 
 
Em l923, Hevesey usou chumbo radioativo para estudar o metabolismo do cálcio em 
plantas, empregando um contador Geiger-Muller rudimentar. Em l950 surgiu o protótipo da 
imagem de tireóide com o uso de 131Iodo. Logo em seguida, obtivemos o primeiro cintilógrafo 
retilíneo e nesta década ainda, surgiu a primeira câmara de cintilação chamada de câmara 
Anger. Desde então, o desenvolvimento de computadores dedicados à imagem e de 
radiotraçadores tem sido muito valiosos para a expansão da Medicina Nuclear, 
principalmente, aplicada às enfermidades cardíacas, oncológicas e cerebrais. 
 
O estudo de Medicina Nuclear na UFRJ foi criado no início dos anos oitenta, no 
Departamento de Radiologia da Faculdade de Medicina. Tem como objetivo o ensino de 
graduação, de pós-graduação, além da pesquisa e prestação de serviços no Hospital 
Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), realizando exames cintilográficos para 
complementação diagnóstica. 
 
O tratamento utilizando radionuclídeos, também, está incluído nos objetivos da MN, 
nos pacientes com hipertireoidismo, nas metástases captantes de câncer diferenciado da 
glândula tireóide, nas metástases de tumores de supra-renal e na dor óssea de origem 
metastática. No tratamento da dor óssea o radioelemento mais empregado é o 153Samário 
(153Sa), nas outras condições citadas usa-se o 131Iodo, sob a forma de iodeto para as doenças 
da tireóide e ligado a um análogo das catecolaminas para tumores da supra-renal. 
 
 
 
 3
 
1.1 Estrutura Atômica 
 
O átomo é um agregado de partículas fundamentais cujas características são variáveis 
de acordo com suas massas e cargas elétricas, presentes em algumas. 
 
Sob o ponto de vista didático, costuma-se dizer que o átomo é formado por um núcleo 
pesado, com carga positiva, e vários elétrons, com carga negativa, que se movimentam ao 
redor do núcleo, à semelhança do sistema solar (sol e planetas). 
 
Os elétrons distribuem-se em camadas ou órbitas, de tal modo que dois deles nunca 
ocupem a mesma posição. Quanto maior o número de elétrons de um elemento químico, 
maior será o seu número de órbitas. É considerado que os elétrons da última camada são 
aqueles que definem todas as propriedades químicas do elemento. 
 
Cada elétron, girando ao redor do núcleo, está a ele vinculado por uma força de 
atração entre sua carga negativa e a carga positiva do núcleo. 
 
1.2 Estrutura Nuclear 
 
O núcleo atômico é constituído por núcleons, que são os prótons e nêutrons. 
Modernamente sabe-se da existência de outras partículas como: pions, mesons, sigmas, etc. 
 
A presença de forças nucleares explica o porquê das partículas se manterem no núcleo. 
Estas forças atuam somente a curtas distâncias, além de terem comportamento diferente das 
forças convencionais. A uma distância da ordem de 10-13 cm se atraem com uma intensidade 
de força 40 vezes maior que as Columbianas. A uma distância menor de 0,5 .x 10-13 cm a 
força de repulsão surge. Vale dizer que estas partículas podem permanecer ligadas com 
certos limites de distância o que garante a existência dos átomos. Foi sugerido um valor 
crítico de 0,5 .x 10-13 cm. Para distâncias maiores ou menores as partículas se repelem. 
 
O núcleo é formado por um número de prótons, simbolizado pela letra Z, e por um 
número de nêutrons, indicado pela letra N. Os prótons têm carga positiva e determinam o 
número de elétrons do átomo. O número de prótons, Z, é também denominado de número 
 4
atômico. Os nêutrons não têm carga. O número de núcleons, prótons mais nêutrons, é igual ao 
número de massa (Z + N = A). A massa atômica é igual à soma da massa dos seus núcleons, 
menos os valores das energias de ligação dos elétrons ao núcleo, que "perdem" massa sob a 
forma de energia. 
 
A forma utilizada para descrever um elemento X, possuindo A (núcleons) e Z 
(prótons) é: 
 
XAZ 
X = nome do elemento; 
A = massa; 
Z = número atômico = nº prótons = nº elétrons; 
N = número de nêutrons 
 
Exemplo: I
131
53 
 
1.3 Classificação dos átomos 
1.3.1 Isótopos 
 
Átomos que têm o mesmo número atômico (mesmo número de prótons) e diferentes 
números de massa. Ocupa a mesma posição na classificação periódica. Têm as mesmas 
propriedades químicas, mas diferem em suas propriedades físicas. Exemplo: 
 
I12553 ; I
131
53 ; I
127
53 
 
1.3.2 Isóbaros 
 
Átomos que possuem os mesmos números de massa, mesmas propriedades físicas 
(massa) e propriedades químicas diferentes. Exemplo: I
131
53 ; Cs
131
55 ; Te
131
52 
 
 
 
 5
 
1.3.3 Isótonos 
 
Átomos que possuem o mesmo número de nêutrons. ( N = A – Z ). 
 
Exemplo; I
131
53 ; Te
130
52 ; Sb
129
51 
 
1.3.4 Isômeros nucleares 
 
Átomos que possuem o mesmo número de prótons, o mesmo número de nêutrons, 
porém condições energéticas diferentes, onde pelo menos um de seus núcleons ocupa um nível 
superior de energia, estado isomérico, durante um tempo da ordem de 10-9 a 10-13 do segundo, 
quando então volta a seu estado fundamental. 
 
Exemplo: 
 
γ+ →
−−
TcTc sam 9943
101099
43
139
 (140 keV) 
 
1.3.5 Os Núcleos atômicos podem ser: 
 
 - estáveis: sua estrutura nuclear não se altera com o tempo; 
 - instáveis ou radioativos: modificam sua estrutura nuclear com o decorrer do tempo. Se 
encontrados na natureza são chamados de naturais; e quando produzidos pelo homem são 
chamados artificiais. 
 
Os átomos radioativos podem ser obtidos, artificialmente, por meio de: reator 
(produtos de fissão), ciclotron, aceleradores, geradores. 
 
1.4 Terminologia 
 
Gerador é um dos meios de obtenção de átomos instáveis muito usados em Medicina 
Nuclear. Exemplo: 99m Tecnécio 
Radioisótopos é a denominação dada a um isótopo radioativo natural ou artificial. 
 6
Nuclídeo – termo proposto em 1947, por Kerhman para designar um elemento pela 
estrutura de seu núcleo, isto é, pelo número de prótons e pelo número de nêutrons. 
Radionuclídeo - nome genérico designado para os átomos radioativos. 
 
1.5 Radioatividade 
 
Röntgen, em 1895, descobriu um tipo de radiação que atravessa corpos opacos, apesar 
de serem absorvidos em parte por eles. Esses raios têm a propriedade de excitar substâncias 
fluorescentes, impressionam películas fotográficas, e aumentam a condutividade elétrica do ar 
que atravessam. Como eram de natureza desconhecida, foram denominados de radiação X. 
 
Em 1896, Becquerel observou que os sais de urânio emitiam radiações análogas 
àquelas dos Raio X. 
 
Em 1889, Maria Curie, em Paris, descobriu que o elemento conhecido como Tório 
apresentava características radioativas do urânio. Em 1910, ela descobriu o Rádio. 
 
Conceito de radioatividade: é um fenômeno pelo qual o núcleo atômico 
espontaneamente se modifica através da liberação de energia em forma de partículas, 
(radiação alfa ou beta) ou fótonsde radiação eletromagnética ( radiação gama ). 
 
Portanto, o núcleo radioativo na tentativa de alcançar a estabilidade libera partículas 
ou fótons na forma de radiação gama(α) a esse processo chamamos decaimento. 
 
1.5.1 Os processos de decaimento ou tipos de radiação: 
 
1.5.1.1 Radiação Alfa (α) 
 
É constituída por dois prótons e de dois nêutrons (igual ao núcleo do He
4
2 ). Os 
núcleos emissores perdem duas cargas elétricas positivas, quatro núcleons e muita energia. 
 
 7
Os núcleos emissores alfa têm em geral número atômico (Z) muito elevado, e em 
alguns casos a emissão pode ocorrer espontaneamente, como é o caso do 226Ra, 238U e 232Th, 
que contribuem para a radioatividade natural do meio ambiente. 
 
As radiações alfa são muito pouco penetrantes podendo ser blindadas totalmente com 
uma folha de papel. No entanto causam preocupações no caso de contaminação interna ou 
externa porque elas são muito ionizantes (reagem ativamente com o meio). 
 
Exemplo: 
energiaAlfaYX 42
4A
2Z
A
Z ++→
−
− 
 
1.5.1.2 Radiação Beta negativa 
 
É a emissão de uma partícula igual ao elétron com carga negativa que se origina no 
núcleo com excesso de nêutrons em relação ao nuclídeo estável com o mesmo número de 
massa. Um nêutron se transforma em um próton e ocorre a emissão de um elétron do núcleo 
(beta negativa) e um antineutrino. 
 
noantineutriepn ++→ −+
0
1
1
1
1
0 
 
Assim como o neutrino o antineutrino é uma partícula que não possui carga nem 
massa somente energia. Portanto, quando um núcleo X de número atômico Z e número de 
massa A emite uma partícula β- ( Beta menos), transforma-se em outro com número atômico 
Z+1 e com o mesmo número de massa. 
 
noantineutriYX AZ
A
Z ++→ −+ β
0
11 
 
Exemplo: 
noantineutriNC ++→ − β
0
1
14
7
14
6 
 
 
 
 
 8
1.5.1.3 Radiação beta positiva (β+): 
 
É a emissão de uma partícula igual ao elétron, porém com carga positiva (beta +), 
originada do núcleo com excesso de prótons em relação ao nuclídeo estável de mesmo 
número de massa. 
 
A emissão de beta positiva, ou elétron com carga positiva é resultante da 
transformação de um próton em um nêutron. 
 
neutrinonp 01
1
0
1
1 +β+→ ++ 
 
Portanto, quando um núcleo X de número atômico Z e número de massa A emite uma 
partícula β+ ( Beta positivo), transforma-se em outro com número atômico Z-1 e com o 
mesmo número de massa. 
 
neutrinoYX AZ
A
Z ++→ +− β
0
11 
 
Exemplo: 
neutrinomaisbetaBC 115
11
6 ++→ 
 
O elétron positivo, (beta +) também, denominado de pósitron, tem as mesmas 
propriedades de interação que o elétron negativo, no entanto, após transferir sua energia de 
movimento, por colisões com o material em que interage, ele captura um elétron, aniquilando-
se e transformando as suas pequeníssimas massas em energia, dando-se a formação de dois 
fótons de 0,511 MeV, que se projetam em sentidos opostos. 
 
Estas partículas têm maior poder de penetração e menor poder de ionização que as 
radiações alfa. 
 
 
 
 
 
 9
1.5.1.4 Radiação gama 
 
Pertence à classe da radiação chamada, radiação eletromagnética. Esse tipo de 
radiação de quanta ou pacotes de energia (fótons) são transmitidos na forma de onda. 
 
Após emissão das radiações alfa ou beta, o núcleo residual pode continuar excitado; 
desta forma a transição para o estado fundamental (equilíbrio) é feita pela emissão da energia 
excedente sob a forma de radiação eletromagnética, denominada radiação gama. 
 
A radiação gama é mais penetrante que as citadas acima e seu poder de ionização é 
menor; já que não possui massa nem carga. 
 
Exemplo: 
gamamaisbetaNO
gamamenosbetaNC
gamaalfaThU
14
7
14
8
14
7
14
6
4
2
234
90
238
92
++→
++→
++→
 
 
Além dos tipos de radiações acima citados existem outros meios dos átomos excitados 
atingirem o equilíbrio. São eles: 
 
a) captura eletrônica, onde o núcleo captura um elétron da camada K (geralmente) que 
combinado com um próton transforma-se num nêutron. Em conseqüência da vacância deixada 
na camada eletrônica, há emissão de raio X. O número atômico do elemento resultante 
diminui de uma unidade e o número de massa permanece constante; 
 
b) conversão interna: a radiação gama ao ser liberada do núcleo atinge um elétron da camada 
K (raramente L ou N) e o expulsa da órbita do átomo. Como no caso anterior há também 
emissão de raios X; O elemento permanece o mesmo. 
 
c) transição isomérica: é possível encontrar-se átomos com o mesmo número atômico e de 
massa, mas com diferentes valores energéticos. São denominados isômeros nucleares. Num 
 10 
intervalo de tempo da ordem de 10-9 a 10-13 s o átomo atinge o seu estado fundamental menos 
instável. 
 
Exemplo: 
→
→
RuTc
gamaTcm
99
44
99
43
99
43
−+→
+→
βRuTc
gamaTcTcm
99
44
99
43
99
43
99
43 
 
Descrevemos as diversas radiações ionizantes e vale lembrar como é produzida a 
radiação tipo Raio X. 
 
1.5.1.5 Radiação de Frenagem ou Bremstrahlung 
 
Quando elétrons altamente acelerados por um campo elétrico intenso, colidem em um 
alvo metálico pesado, mudam de direção perdendo energia, a diferença de energia é liberada 
sob a forma de radiação eletromagnética denominada de raios X. Na colisão com o alvo, os 
elétrons sofrem espalhamento, redução de velocidade e perda de energia, devido à atração do 
núcleo e a repulsão dos elétrons dos átomos do material alvo, podendo este tipo de radiação 
ser também denominada de radiação de frenagem ou desaceleração. 
 
Os raios X têm as mesmas propriedades dos raios gama, a diferença está na origem. O 
raio gama provém do núcleo e os raios X dos elétrons do átomo (periferia). 
 
1.6 Leis da Desintegração Radioativa 
 
Os átomos ou elementos radioativos, desintegram-se, isto é, emitem radiações se 
transformando em outro elemento estável ou não. Esse processo de desintegração é puramente 
probabilístico. Tudo se passa para cada elemento como se o fenômeno ocorresse com uma 
freqüência uniforme, isto é, uma velocidade média de desintegração. 
 
Abaixo escreve-se a fórmula geral do decaimento: 
 
N(t) = N0 e
-λt 
 
 11 
O número de átomos que se desintegram num instante qualquer (N) depende do 
número de átomos iniciais ou originais (No). 
 
Cada elemento tem a sua velocidade de desintegração λ (denominada constante de 
desintegração) e sua unidade é o s-1 (inverso do segundo). 
 
Dado um número inicial de átomos instáveis de uma amostra, o intervalo de tempo 
requerido para que ele reduza à metade é definido como meia-vida ( T1/2 ) desses átomos. Ou 
seja, se num instante T tenho uma quantidade A de átomos instáveis, depois de um intervalo 
de tempo igual a T1/2 , terei A/2 átomos instáveis. 
 
T1/2 =ln(2) / λ onde T1/2 = 0,693 / λ 
 
É possível distinguir para cada radionuclídeo um tempo médio de vida para seus 
átomos, denominado 2/144,1 TTm = 
 
1.7 Atividade Radioativa 
 
É o número de desintegrações dos núcleos de seus átomos constituintes por unidade de 
tempo (isto é, a velocidade de desintegração dos átomos). 
 
A = λN ou A = A0 e
-λt 
onde: 
A = atividade naquele tempo; 
λ = constante de desintegração; 
N = número de átomos 
A0 = atividade no tempo zero; 
e = base do logaritmo Neperiano ( = 2,7l8 ). 
 
1.7.1 Unidades 
 
Até 1977 a unidade padrão era Curie – Ci = a atividade de 1 g de rádio, mais tarde 
preconizaram como 3,7 . 1010 dps( desintegraçõespor segundo). 
 12 
1Ci = 3,7 x 1010 dps 
1mCi = 3,7 . 107 dps 
1µCi = 3,7 . 104 dps 
 
A partir de 1977 a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP) definiu 
como unidade padrão o Becquerel (Bq) = dps. 
 
1 Bq = 1 dps 
1Ci = 3,7 .x 1010 Bq 
1Bq = 2,7 .x 1011 Ci 
 
1.8 Noções de Proteção Radiológica 
1.8.1 Conceito 
 
É o conjunto de medidas que visa proteger o homem e o meio ambiente de possíveis 
efeitos indevidos causados pela radiação ionizante, de acordo com as normas estabelecidas 
por Instituições Internacionais (Comissão Internacional de Proteção Radiológica – ICRP, 
Comissão Internacional de Medidas e Unidades de Radiação – ICRU) e Nacional (Comissão 
Nacional de Energia Nuclear – CNEN). 
 
Estes órgãos definem as grandezas de medida da radiação e suas unidades, além de 
estabelecer os limites máximos permissíveis de dose para os profissionais que trabalham com 
radiação e para o público em geral. 
 
1.8.2 Unidades de radiação 
 
Três grandezas físicas são consideradas para medir a radiação: 
 
a) Exposição aos raios X ou gama 
 
A unidade de exposição é o Röntgen (R). É definida como a quantidade de carga 
elétrica produzida pela radiação ionizante por unidade de massa de ar. 
 
 13 
1 R = 2,58 x 10-4 
kg
C
 
C = coulomb (carga elétrica) 
kg = quilograma (massa) 
 
b) Dose absorvida (D) 
 
É definida pelo ICRU como sendo a energia (E) absorvida da radiação por unidade de 
massa (m) do material absorvedor. 
 
m
E
D = 
 
A unidade oficial de 1950 a 1975 foi o rad (radiation absorved dose) definida como: 
 
1 rad = 
Kg
Joules01,0
. 
A partir de 1975 a ICRU adotou como dose absorvida o Gray (Gy). 
1 Gy = 100Rad 
 
b)Dose equivalente 
 
O conceito de dose equivalente surgiu da observação de que diferentes efeitos 
biológicos eram obtidos para a mesma dose de diferentes tipos de radiação. Essa nova 
unidade levaria em consideração um fator de qualidade atribuído a cada tipo de radiação. 
 
A unidade de dose equivalente estabelecida pela ICRU até 1975 foi Roentgen 
radiation equivalent men, onde 1 rem = 1 rad x Q 
 
Q é um fator de qualidade que está relacionado com o número de ionizações no tecido 
por unidade de comprimento. Para raios X , gama e elétrons Q = l. 
Para fótons onde Q = 1 
1 rem = 1 rad 
Em 1975 ICRU da substitui o rem pelo Sievert (Sv) 
 14 
1 Sievert = 1 Gy ou 
1 Sievert (Sv) = 100 rem 
 
Obs.: para transformar rem em mSv é só multiplicar ao valor do rem por 10; e mSv em rem 
divide o seu valor por 10. 
 
Em resumo para raios X, gama e elétrons um Gray é igual a um Sievert. Para radiação 
incidente X ou gama a relação entre a unidade de dose absorvida e a unidade de exposição é 
próximo de 1. 
 
1.8.3 Limites máximos permissíveis 
 
Os limites máximos permissíveis são estabelecidas de forma a restringirem os efeitos 
somáticos nos indivíduos expostos, na sua descendência e na população em geral. 
 
O ICRP fixou em 1 mSv ou 0,1 rem o limite semanal ou 50 mSv ou 5 rem o limite 
anual de dose equivalente efetiva (corpo inteiro) para os profissionais que trabalham com 
radiação. E para os indivíduos do público, a Comissão limitou em 1mSv ou 0,1 rem a dose 
equivalente efetiva anual. 
Três fatores devem ser levados em consideração para minimizar o efeito da radiação: 
tempo, blindagem e distância. 
 
1.9 Traçadores 
 
São substâncias identificáveis por algum método. Eles são introduzidos em um 
sistema biológico ou bioquímico a fim de se estudar determinada estrutura ali contida. 
 
1.9.1 Radiotraçadores 
 
São traçadores que têm um ou mais átomos de elementos radioativos incorporados a 
sua molécula. 
 
Critérios de escolha de um radiotraçador para uso em medicina. 
 
 15 
Tipo de energia gama, meia vida curta e afinidades pelo órgão em estudo. 
 
1.9.2 Radiofármacos 
 
São compostos orgânicos ou inorgânicos que contém em sua fórmula átomos de 
elementos radioativos, utilizados em Medicina Nuclear "in vivo" para fins diagnósticos e 
terapêuticos. Devem ser submetidos aos controles de qualidades clássicos de um 
medicamento e ser compatíveis com a via de administração. 
 
 
1.10 Formação de Imagem em Medicina Nuclear 
 
A Medicina Nuclear utiliza a instrumentação da Física Nuclear adaptada às condições 
clínicas, isto é, um sistema de detecção de radiação ligado a mecanismos que permitem 
registrar a distribuição espacial e/ou a passagem temporal de um radionuclídeo no órgão de 
um indivíduo. 
 
Á câmara de cintilação consiste de: 
 
- colimador: tem a função de guiar os raios emitidos pelo sistema em estudo até o cristal do 
detetor; 
- detetor: pode ser um cristal de cintilação, por exemplo, o cristal de iodeto de sódio ativado 
com tálio – NaI (Tl) ou um detetor semicondutor, como o de germano lítio – GeLi; 
- sistemas eletrônicos para o processamento do sinal; 
- sistemas de registros de imagem (atualmente câmaras são acopladas a computadores). 
 
O detetor de cintilação, NaI (Tl) tem a propriedade de produzir cintilações (luz) devido 
à interação da energia da radiação com o cristal. No interior do sistema, existem tubos de 
fotomultiplicadoras contendo vários dinodos internamente, que têm a função de produzir um 
número elevado de elétrons no final do evento. Estes são detectados por cada 
fotomultiplicadora que produz um pulso elétrico (sinal eletrônico) cuja altura é proporcional à 
energia da radiação incidente. Ele é processado e a informação registrada sob a forma de uma 
imagem ou dígitos, (figura 1.1). 
 
 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fig.1.1-Esquema dos processos ocorridos dentro do cristal de cintilação e da fotomultiplicadora. 
Referência: Okuno E; Caldas IL e Chow C – Física para Ciências Biológicas e Biomédicas, ed. 
HARBRA, l982. pg. 65, ed. 
 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2: RADIOFARMÁCIA E RADIOFÁRMACOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
2. RADIOFARMÁCIA E RADIOFÁRMACOS 
 
 
A investigação clínica com radionuclídeos, ou a sua utilização “in vivo” só foi 
possível a partir do advento dos reatores e aceleradores de partículas (1932). Antes dos 
reatores os radionuclídeos disponíveis eram os radionuclídeos naturais ou os encontrados na 
natureza, e estes não se prestam ao estudo in vivo, pois, geralmente, são elementos pesados 
(tóxicos), são emissores de radiação alfa e beta (que produzem danos no organismo), são 
muito energéticos, de meia vida longa e não fazem parte dos sistemas biológicos. 
 
Com os reatores foram introduzidos os radionuclídeos artificiais, elementos 
radioativos mais compatíveis com os sistemas biológicos, e a partir daí um intenso trabalho de 
pesquisa trouxe grande avanço na investigação clínica. 
 
Até 1960 as substâncias radioativas eram importadas prontas para uso, e só havia 
necessidade de fracioná-las de acordo com a dose para cada paciente. Isto trazia um alto custo 
devido os centros produtores serem distantes dos consumidores. 
 
No final da década de 60 e início de 70, a Medicina Nuclear expandiu-se, rapidamente, 
como uma especialidade, graças à engenharia eletrônica, que desenvolveu a gama câmara do 
tipo Anger e com o advento dos geradores, em especial, os de 99Mo/99mTecnécio. A partir daí 
criou-se a necessidade de um espaço para preparar e controlar os radiofármacos a serem 
injetados no paciente - a Radiofarmácia. 
 
Assim, a Radiofarmácia é uma área relativamente nova dentro de um Serviçode 
Medicina Nuclear e está relacionada com a preparação de substâncias radioativas 
(radiofármacos) para serem administradas em pacientes para diagnóstico ou terapia, ou ainda, 
para serem utilizadas em pesquisa. 
 
Como objetivos da Radiofarmácia temos o armazenamento, fracionamento, diluição, 
preparação, controle de qualidade e distribuição das substâncias radioativas, que podem ser 
radionuclídeos primários ou moléculas marcadas. 
 
 
 19 
2.1 Aplicações dos Radionuclídeos (RN) 
 
As aplicações dos radionuclídeos podem ser divididas em 2 grandes grupos: 
 
Fonte de irradiação: quando o material biológico recebe apenas as radiações emitidas pelo 
radionuclídeo usado, não entra em contato íntimo com o meio. 
Radiotraçador: o próprio radionuclídeo é incorporado ao meio biológico que se deseja 
estudar. 
 
2.1.1. Utilização dos radionuclídeos como fonte de Irradiação: 
2.1.1.1 Na Indústria: 
 
Controle de qualidade na espessura de papel 
Controle de volume de líquido 
Indicação do conteúdo de um oleoduto 
Gamagrafia para peças de avião, revólver peças de arte, bolhas de ar em peças de material 
fundido, soldas, etc. 
 
2.1.1.2 Na Área Biológica: 
 
Radioterapia - teleterapia: a fonte radioativa é colocada a muitos centímetros do alvo a ser 
tratado; 
braquiterapia: a fonte está em contato com o tecido a ser tratado ou nele implantado 
exemplo: 224Ra; 60Co; 137Cs; 192Y e 198Au podem ser usados selados, dentro 
de recipientes sob a forma de tubos, agulhas, fios metálicos e “sementes”. 
Esses recipientes podem absorver a radiação beta, caso exista. Uma das 
vantagens da braquiterapia é a possibilidade de irradiar o tumor com dose 
alta e os tecidos vizinhos normais com dose mínima, bem menor que na 
teleterapia; 
 
Esterilização de agulhas, seringas, catgut (material que fica quebradiço quando 
autoclavados e mais resistentes quando irradiados); 
 
Irradiação de alimentos (cebola, batata, grãos, carne, etc.); 
 20 
Entomologia - irradiação de machos, radioesterilização para extermínio de pragas; e 
 
Medicina Legal (análise por ativação (n,γ) que se baseia na irradiação da amostra em geral 
com nêutrons, a fim de tornar radioativo o elemento que se quer estudar. 
Pode determinar a presença de elementos traços na amostra) 
 
História - Rei Eric XIV da Suécia foi envenenado por arsênio há cerca de 400 anos. 
Criminologia – identificação de suspeitos pela análise de cabelos. O espectro de Raio γ do 
cabelo de um indivíduo permite identificá-lo tão perfeitamente quanto suas impressões 
digitais. 
 
2.1.2 Utilização dos radionuclídeos como Radiotraçadores: 
 
Com a introdução dos reatores nucleares e dos aceleradores de partículas foi possível a 
obtenção de RN artificiais para utilização em sistemas biológicos como traçadores radioativos 
ou radiotraçadores. 
 
Traçadores são substâncias que são incorporadas ao meio que se quer estudar e cujo 
destino pode ser acompanhado. O radiotraçador ideal deve reunir algumas características 
como: 
a) Não afetar o sistema onde está sendo introduzido; 
b) Possuir alta atividade específica (atividade radioatividade por unidade de massa). 
c) Possuir idênticas características físico-química e biológica da substância em estudo. 
 
A sua radiação deve ser facilmente detectável e não deve causar danos ao sistema (a 
radiação γ permite uma análise não destrutiva, pode-se detectar à distância sem alterar o 
sistema em estudo) 
 
Exemplos de traçadores radioativos: 
 
Elementos simples como 131I , 14 C, 51Cr, 113mIn, 59Fe etc. 
Moléculas simples como glicina-14C, Acetato-14C 
Moléculas complexas como: proteínas-131I, esteróides-131I 
Sistemas complexos como: hemácias marcadas, leucócitos marcados, bactérias marcadas, etc. 
 21 
 
2.2 Geradores 
 
Um dos métodos de obtenção de radionuclídeo é o gerador. O gerador tornou-se um 
bom método para produção de radionuclídeo de meia vida curta em lugares distantes do 
centro produtor, além do que permitiu a contínua disponibilidade do radionuclídeo no 
laboratório. Radionuclídeos de meia vida curta ganharam grande aceitação, na Medicina 
Nuclear, pois doses altas do radiofármaco podem ser injetadas com baixas doses de 
irradiação no paciente ou no órgão de interesse. 
 
O princípio do gerador é a relação de decaimento entre um radionuclídeo de meia vida 
longa e seu filho de meia vida curta. A propriedade química do radionuclídeo filho deve ser 
diferente da do radionuclídeo pai, pois só assim, eles podem ser prontamente separados. No 
gerador o radionuclídeo pai, de meia vida longa, decai para o radionuclídeo filho, de meia 
vida curta, que é então separado quimicamente. 
 
A importância dos geradores baseia-se no fato de que eles são facilmente 
transportáveis e servem como fontes de radionuclídeo com características físicas adequadas, 
em instituições que estão distantes dos centros produtores. 
 
2.2.1 Gerador (99Mo - 99mTc) 
 
O avanço da Medicina Nuclear se deve em parte ao desenvolvimento da tecnologia 
dos geradores. Existem vários tipos de geradores que estão disponíveis comercialmente como: 
(99Mo-99mTc), (113Sn-113mIn), (81Rb-81mKr), (82Sr-82Rb), (68Ge-68Ga). Destes o mais importante 
e mais, freqüentemente, utilizado em Medicina Nuclear é o gerador de (99Mo-99mTc), ou seja, 
de Molibdênio - Tecnécio. 
 
Radionuclídeo pai = 99Mo (meia vida = 67h) Radionuclídeo filho = 99mTc (meia vida = 6h) 
 
Forma química do pai = 99MoO4
2- Forma química do filho = 99mTcO4
- 
Eluente = Solução fisiológica (solução de NaCl a 0,9% ) 
Material absorvente da coluna = alumina (Al2O3) 
 
 22 
O gerador de 99Mo consiste em uma pequena coluna de vidro contendo uma resina 
trocadora de íons (alumina) onde o 99Mo é firmemente absorvido. Por decaimento β- o 99Mo 
se transforma no 99mTc. Devido à diferença de propriedades químicas o 99mTc é eluído, com 
solução fisiológica (NaCl 0,9%), num estado livre de carreador, permanecendo o 99Mo na 
coluna. 
 
O 99mtecnécio pode ser utilizado exatamente como é obtido na coluna (nesta forma 
quando administrado tem afinidade por tireóide, glândulas salivares, estômago e plexo 
coróide). A forma química do 99mTc obtida a partir do gerador é de pertecnetato de sódio. 
Quimicamente, o radical 99mTcO4
- é não reativo e não se liga a praticamente nenhuma 
estrutura por reação direta. 
 
2.3 Radiofármacos 
 
O sucesso da cura das doenças humanas depende do acerto no diagnóstico clínico e da 
eficiência da terapia medicamentosa. 
 
Os principais avanços em Medicina Nuclear têm sido, até agora, principalmente, 
direcionados para os agentes diagnósticos. Noventa e cinco por cento dos radiofármacos 
utilizados tem propósito diagnóstico enquanto que o restante é utilizado com fins terapêuticos. 
 
Os radiofármacos são compostos radioativos que, após administração no organismo, 
possuem uma biodistribuição específica ou uma afinidade pelo órgão ou função em estudo, 
permitindo, através da análise das imagens, impressões diagnósticas. 
 
A concepção destes compostos é baseada, principalmente, na função fisiológica do 
órgão alvo. Um radiofármaco pode ser simplesmente um elemento radioativo (como o 
133Xenônio para imagem pulmonar) ou ser um composto formado por uma molécula não 
radioativa e um elemento radioativo. 
 
Exemplo: 99mTc DTPA ( Dietileno Triamino Pentacético Ácido marcado com 99mTc 
para imagem renal). A molécula (DTPA) não radioativa, é escolhida com base na sua 
localização preferencial ou afinidade pelo órgão que se deseja estudar, ou na sua participação 
na função deste órgão. Esta molécula é então marcada porum radionuclídeo, de tal modo que 
 23 
após a sua administração, as radiações emitidas possam ser detectadas ou seguidas por um 
detetor de radiação externa, fornecendo imagens funcionais ou anatômicas. Assim, a função 
do órgão ou sgua estrutura morfológica pode ser acessada. 
 
Em muitos compostos marcados com 99mTc, inclusive o 99mTc-DTPA citado acima, a 
redução do 99mTcO4
- de valência +7 para outras mais baixas (+3, +4, +5) é necessária. Vários 
agentes redutores têm sido empregados, porém, os sais de estanho têm sido mais usados, em 
particular, o cloreto estanoso (SnCl2). A introdução do íon estanoso como redutor para o 
99mTc nos procedimentos de marcação foi um dos maiores avanços da Medicina Nuclear. Os 
kits comerciais contêm frascos de soluções liofilizadas com uma quantidade apropriada da 
molécula a ser marcada, além de outros agentes tamponantes e estabilizantes. As soluções são 
mantidas em atmosfera de nitrogênio, ou com vácuo, para prevenir que o oxigênio prejudique 
a reação. 
 
Embora tenhamos, aproximadamente, 2500 radionuclídeos (sendo 600 emissores 
gama) o problema fundamental que restringe a sua utilização é a falta de emissores gama 
pelos principais elementos biológicos C, N, O, H, P e S. Assim, a marcação de moléculas, 
biologicamente importantes, pode ser efetuada com um radionuclídeo de um elemento 
estranho, porém, com as características físicas desejáveis. Infelizmente a adição de um átomo 
extrínseco à molécula, freqüentemente, altera a sua configuração molecular e, geralmente, a 
sua afinidade biológica é destruída ou modificada. 
 
Os radionuclídeos 11C, 15O e 13N são pouco utilizados pois, sendo emissores de 
pósitron, radionuclídeos de meia vida ultra curta, necessitam de aparelhagem específica para 
sua detecção, ainda que o centro produtor esteja próximo do centro do usuário. 
 
O objetivo maior no desenvolvimento de um radiofármaco é assegurar que ele se 
acumule e/ou que seja excretado do órgão/tecido em estudo. O mecanismo de localização de 
um radiofármaco em um determinado órgão pode ser desde uma simples captura física de 
partículas radioativas, até uma sofisticada reação antígeno-anticorpo, utilizando o anticorpo 
radiomarcado. 
 
 24 
Contrariamente aos procedimentos da radiologia convencional, que dependem quase 
inteiramente das diferenças de densidade dos tecidos, a imagem obtida em Medicina Nuclear 
é essencialmente independente da densidade do órgão em estudo. A imagem em Medicina 
Nuclear baseia-se na detecção externa da radiação emitida pelo radiofármaco localizado na 
região de interesse. 
 
Os radiofármacos devem ser constantemente submetidos aos processos de controle de 
qualidade como para um medicamento, de acordo com a forma de administração, além de 
permitir detectar possíveis alterações nas suas moléculas, evitando assim padrões irregulares 
de biodistribuição e conseqüentes alterações na imagem, acarretando falha no diagnóstico. 
 
Juntamente com a evolução dos radiofármacos é também necessária à evolução 
instrumental e dos programas (software) associados, principalmente, para detecção de lesões 
pequenas. 
 
2.3.1 Propriedades de um radiofármaco ideal para diagnóstico 
 
Não pode ser tóxico. 
O radiofármaco administrado não deve ser metabolizado (para evitar a produção de 
metabólitos radiomarcados com outra biodistribuição). 
Não deve ter efeito farmacológico (para não alterar o sistema em estudo). 
Deve ter uma alta relação órgão alvo/órgão não alvo (diminuir ao máximo a 
interferência de outras áreas sobre a área em estudo). 
Deve ser emissor de radiação gama e só de gama (sem alfa e beta que aumentam a 
dose de irradiação do paciente sem melhorar a qualidade da imagem). 
A energia da gama deve estar entre 100 e 250 keV ( mais compatível com os 
equipamentos usados para a detecção da imagem). 
A meia vida efetiva do radionuclídeo de ser 1,5 vezes maior que a duração do exame 
(para permitir uma boa imagem e não aumentar a dose de radiação no órgão alvo). 
A dose de radiação deve ser mínima para paciente e para o pessoal da Medicina 
Nuclear. 
Ser facilmente disponível e barato. 
Deve ser de simples preparação e controle de qualidade 
 
 25 
 
2.3.2 Biodistribuição dos Radiofármacos 
 
A concepção de um radiofármaco é baseada, unicamente, sobre a função do órgão que 
se deseja estudar. O mecanismo de localização de um radiofármaco em um órgão específico 
depende de vários processos físico-químicos (listados abaixo) que desempenham um papel 
significativo no desenvolvimento destes compostos e do seu controle de qualidade. 
 
2.3.3 Mecanismos gerais de localização dos radiofármacos: 
2.3.3.1 Transporte ativo: 
 
Envolve o uso de uma via metabólica existente, normalmente, no organismo para 
introduzir o radiofármaco, através da membrana celular, para dentro da célula. Como exemplo 
temos o 131 I na forma de NaI para imagens da tireóide; Imagem de perfusão do miocárdio 
com 201Tálio envolve a utilização da bomba de Na/K pois, o tálio é um análogo do potássio. 
Outros ex. 99mTc-MAG3 para imagem renal, 99mTc-ECD e 99mTc-HMPAO para imagem 
cerebral. 
 
2.3.3.2 Fagocitose: 
 
Captura física de partículas coloidais pelas células de Kupffer do sistema retículo 
endotelial após injeção intravenosa. Ex. colóide de estanho usado para imagens de fígado e 
baço. 
 
2.3.3.3 Bloqueio de capilares : 
 
Uma microembolização intencional dos capilares por partículas permitindo visibilizar 
externamente a perfusão destes capilares. Ex: 99mTecnécio marcando macroagregado de 
albumina para imagem da perfusão pulmonar. 
 
2.3.3.4 Seqüestro celular: 
 
A injeção de hemácias danificadas produz imagens do baço sem visibilizar o fígado. 
Ex. hemácias autólogas danificadas pelo calor e marcadas com 99mTecnécio. 
 26 
 
2.3.3.5 Troca por simples difusão: 
 
Um mecanismo onde o radiofármaco difunde através da membrana celular e 
redistribui-se no organismo. Ex. 133Xe que é um gás capaz de atravessar o pulmão e aparecer 
na corrente sangüínea. 
 
2.3.3.6 Localização compartimental: 
 
Definido pela injeção do radiofármaco dentro de um espaço fluído e a manutenção 
dentro deste espaço por tempo suficiente para realizar a sua imagem. Como o fluído pode ser 
líquido ou gasoso temos como exemplo a utilização da inalação de micro partículas de DTPA 
marcado com 99mTc para imagem da ventilação pulmonar. Outro exemplo é a imagem do pool 
sangüíneo usando hemácias autólogas marcadas com 99mTc ou Albumina humana marcada 
com 99mTc e injetada intravenosamente. A cisternografia após a injeção, de DTPA marcado 
com 99mTc, diretamente no fluido cerebrospinal é também um exemplo de localização 
compartimental. 
 
2.3.3.7 Absorção físico-química: 
 
Corresponde a ligação do radiofármaco a superfície de uma estrutura sólida. Ex. Os 
grupos fosfatos ou fosfonatos marcados com 99mTc permitem a imagem óssea por se ligarem 
avidamente e irreversivelmente a estrutura de hidroxiapatita do tecido ósseo. Outro exemplo é 
no infarto agudo do miocárdio, com pirofosfato marcado com 99mTc; após o infarto as células 
necrosam, o que leva a um influxo de cálcio para o local; os íons cálcio reagem com íons 
fosfatos circulantes para formar cristais de hidroxiapatita Ca10(PO4)4(OH)2. O 
99mTc-
pirofosfato liga-se à superfície destes cristais onde a perfusão é mantida e fornece uma 
imagem da região infartada. O tempo ótimo pós infarto para sua detecção é de 1-3 dias. 
 
2.3.3.8 Reação antígeno-anticorpo: 
 
Ligação de um anticorpo específico à antígenos de superfície de um tumor. Neste caso 
a imagem é obtida após a injeção de um anticorpo monoclonalradiomarcado com alta 
 27 
especificidade por um antígeno. Ex.: 111Indio marcando Oncoscint para localização de 
carcinoma recorrente ovariano ou coloretal. 
 
2.3.3.9 Ligação com receptor: 
 
São radiofármacos que se ligam, com alta afinidade, aos sítios de receptores. Ex. 
localização e imagem de tumores neuroendócrinos ou outros baseados na ligação de um 
análogo da somatostatina radiomarcado (111In-Octreotide) aos receptores do tumor. 
 
Uma vez que os radiofármacos são administrados em seres humanos, precisam ser 
estéreis, livres de pirogênio e serem submetidos a todos os controles de qualidade requeridos 
para uma droga farmacológica convencional. Além disso, devem apresentar pureza 
radionuclídica e radioquímica. 
 
A eliminação dos radiofármacos ocorre em sua grande maioria através do sistema 
urinário e digestivo; no entanto, as glândulas salivares e sudoríparas podem contribuir com as 
excreção de pequenas quantidades. 
 
Estudos funcionais constituem a força da Medicina Nuclear, e isso tem sido possível 
devido ao fato de isótopos de meia-vida curta poderem ser incorporados em uma variedade de 
compostos ativos biológicos. 
 
2.4 Dose absorvida 
 
Os radiofármacos, após a sua administração, distribuem-se e localizam-se 
seletivamente nos órgãos alvos do corpo. De acordo com a sua via de eliminação, renal ou 
digestiva, as estruturas destes sistemas estão sujeitos a maior irradiação. Assim, recomenda-
se a ingestão de bastante líquido e as vezes, até laxativos. 
 
É possível, através de modelos matemáticos, determinar o valor da dose de radiação 
absorvida em cada órgão. Cabe ressaltar que levando em consideração a relação risco e 
benefício, as doses utilizadas em Medicina Nuclear, para fins de diagnóstico, não acarretam 
grandes danos ao paciente e a população em geral. 
As contra indicações geralmente são a gestação e amamentação.
 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 3: MEDICINA NUCLEAR NA AVALIAÇÃO DO SISTEMA 
NERVOSO CENTRAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 29 
3.MEDICINA NUCLEAR NA AVALIAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) 
 
 
O emprego de radionuclídeos na avaliação do Sistema Nervoso Central teve início em 
1940 com a utilização do 32Fósforo (32P), emissor de radiação beta e a seguir, na década de 
cinqüenta com o emprego da fluoresceína marcada com 131Iodo. 
 
Inicialmente, os estudos radionuclídicos no cérebro restringiam-se às cintilografias 
planares do SNC e aos estudos dos espaços liquóricos, realizadas no cintígrafo retilíneo. Com 
o surgimento das gama-câmaras planares associadas a computadores foi possível a 
realização de estudos dinâmicos cerebrais, o fluxo cerebral, que era semelhante à 
arteriografia cerebral. 
 
A partir dos anos setenta, com o surgimento da tomografia computadorizada e mais 
recentemente, da imagem por ressonância magnética, o método radionuclídico planar passou 
a ser menos usado, uma vez que os demais mostram superior resolução espacial de imagem, 
proporcionando assim melhores detalhes anatômicos do órgão em estudo. No entanto, com o 
aperfeiçoamento de novos equipamentos juntamente com o desenvolvimento de 
radiofármacos contendo elementos com propriedades físicas adequadas, além das 
propriedades biológicas pois atravessam a barreira hemato encefálica íntegra, permitiram que 
a Medicina Nuclear muito contribuísse para o diagnóstico dos processos cerebrais, com a 
avaliação da perfusão com a técnica de obtenção de imagens por meio da cintilografia 
cerebral tomográfica (SPECT). 
 
Os modernos métodos, a tomografia computadorizada com emissão de foto único 
(SPECT) e, tomografia por emissão de pósitron (PET), nestes últimos anos, além da síntese 
de novas moléculas complexas marcadas trouxeram um avanço nas aplicações da Medicina 
Nuclear nos estudos do Sistema Nervoso Central. 
 
3.1 Fundamentos Básicos do exame cintilográfico cerebral 
3.1.1 - Barreira hemato-encefálica (BHE) 
 
A BHE refere-se a um complexo anátomo-fisiológico que controla o movimento de 
substâncias do espaço vascular para o fluido extra celular cerebral. Ela permite a passagem 
 30 
de nutrientes essenciais ao cérebro principalmente, glicose, oxigênio e eletrólitos, enquanto 
retém as substâncias tóxicas ou indesejáveis. 
 
A imagem cintilográfica anterior dependia desta barreira hemato-encefálica devido os 
radiofármacos usados anteriormente só atingirem o cérebro se ela estivesse lesada. Ou seja, 
quando ela estava normal a imagem do encéfalo aparecia em negativo, sem acúmulo de 
atividade radioativa e quando ela estava alterada havia acúmulo anormal do radiotraçador no 
cérebro; por exemplo em: abscessos, tumores, acidentes vasculares cerebrais, hemorragias ou 
processos infecciosos das meninges. 
 
Os radiotraçadores para as imagens tomográficas (PET) tem um comportamento 
biológico diferente, participam do metabolismo cerebral, como é o caso da glicose marcada 
com 18F ou são lipofílicos como é o caso daqueles usados para o SPECT que são então 
captados pela célula neuronal, fornecendo uma imagem funcional do cérebro, informando 
sobre a sua perfusão e o metabolismo cerebral, diferente das primeiras imagens planares 
obtidas. 
 
3.1.2 Cintilografia Cerebral Planar 
 
Na rotina de obtenção de imagens planares obtém-se as seguintes incidências: 
anterior, posterior, laterais e vértex do crânio. Visibiliza-se atividade na região da face, região 
externa do crânio e pescoço. 
Normalmente, como já foi dito anteriormente, não se encontra atividade do 
radiofármaco no tecido cerebral normal, exceto quando houver ruptura da barreira hemato-
encefálica e, portanto, difusão da substância radiomarcada para os hemisférios cerebrais. 
 
Radiofármacos usados na cintilografia cerebral planar: 
131I-Fluoresceína (Moore, 1948) 
99mTc-DTPA (dietileno-triamina penta acético) 
99mTc-GHP (glucoheptonato) 
Dose: 740 MBq, via de administração: IV 
Imagens: anterior, laterais, posterior e vértex 
 
 31 
 a b 
 
 
 
 
 
3.1.3 Posicionamento do paciente e obtenção de imagem tomográfica 
 
Nas imagens tomográficas (SPECT), posiciona-se o paciente em decúbito dorsal com 
a cabeça sob o campo do detector e no computador é feita a programação para tomografia 
nuclear. É realizado um movimento de 360o em torno da região citada (crânio). Após o 
término do exame mais ou menos 30 minutos, é feita a reconstrução de imagens, através dos 
cortes transaxiais, coronais e sagitais. 
 
Nos achados normais de perfusão observa-se uma distribuição simétrica da atividade 
do radiotraçador em ambos os hemisférios cerebrais (córtex), cerebelo e parte central (região 
de núcleos da base, hipotálamo, cápsula interna). 
Imagens anormais são visibilizadas como áreas de hipoatividade do material marcado no 
tecido cerebral. 
 
Fig. 3 - a) cintilografia cerebral planar normal; b) cintilografia anormal. Notar área de intensa captação em 
topografia de região parietal direita, que posteriormente foi confirmada, cirurgicamente, presença de um 
tumor. 
 32 
 c d 
 e 
 
 
 
3.1.4 Radiofármacos usados na SPECT (Tomografia computadorizada por emissão de foto único): 
 
133Xe e Aminas atravessam a BHE íntegra 
123I-IMP (para iodo N isopropil anfetamina) 
123I-HIPDM (hidroxil iodo propano diamino trimetil) 
99mTc-HMPAO (hexametil propileno amino oxima) 
99mTc-ECD (dimero do etil cisteinato) 
 
Dose: 111 a 185 MBq para123I-agentes 
370 a 740 MBq para 99mTc-agentes 
Quinze a vinte minutos e até 1 hora após injeção as imagens são adquiridas. A reconstrução 
das mesmas permite análise em cortes sagital, coronal e transversal. 
 
3.1.4 Radiotraçadores usados no PET – (Tomografia por emissão de pósitron). 
Fig. 3 c,d,e) SPECT cerebral: cortes 
transversal, sagital e coronal de aspecto 
normal. (Fig. d,e – (cortesia da Dra. Ma. 
Helena Martins Diegues) 
 33 
 
13N; 15O e 18F (18FDG = Fluor-Deoxi-Glicose) 
NOH
15
2;3.2 Aplicações Clínicas: 
a) Doenças neuropsiquiátricas (demências), 
b) Doença de Parkinson, 
c) Doença Vascular - Isquemia transitória, 
d) Epilepsia, 
e) Estudo da Esquizofrenia, 
f) Avaliação de pacientes que usam drogas, e 
g) Tumores 
 
3.3 Aspectos das imagens visibilizadas no spect 
3.3.1 Demência: 
 
Declínio de várias das funções intelectuais interferindo na vida social e econômica. 
Distúrbio cognitivo progressivo de etiologia não definida ainda. 
Diagnóstico - inclui exame clínico / físico / neurológico / laboratorial 
amnésia circunscrita, afasia; deteriorização do humor, alterações de personalidade. Sinais de 
alerta: perda de vitalidade, da curiosidade e da energia mental. 
 
PSEUDO-DEMÊNCIA - termo aplicado a estados reversíveis de funções cognitivas 
alteradas, na verdade produzidas por intoxicações por medicamentos; o quadro clínico é 
semelhante à demência, mas a conduta terapêutica é diferente 
 
DEPRESSÃO IDOSO – manifestação decorrente das alterações da vida física e emocional do 
idoso; pode acompanhar a demência, especialmente, aquela associada a acidentes vasculares 
cerebrais, traumatismo craniano ou a doença de Huntington. 
 
TIPOS DE DEMÊNCIAS: 
ALZHEIMER 
POR MULTIPLOS INFARTOS 
FRONTAL 
 PRÉ-SENIL ... 
 34 
 
DEMÊNCIA - DO TIPO ALZHEIMER 
 
Distúrbio Cognitivo Progressivo de inicio insidioso e etiologia ainda não definida. 
 
CLÍNICA – perda da memória recente, da memória espacial, distúrbios da fala, perda do 
afeto, aumento da ansiedade, diminuição da noção espacial, dificuldade para aprender 
habilidades novas, perda da memória nominal simulando afasia mantém a aparência, hábitos 
de higiene e evitam a incontinência 
 
CÓRTEX SENSORIOMOTORA preservada - força e reflexos normais 
SPECT - revela áreas de hipoperfusão temporo-parietal que evoluem para frontal com 
a piora do quadro do paciente 
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO – foram criados para facilitar o diagnóstico 
 OPTIMA- projeto criado pela universidade de Oxford 
 NINCDS - projeto criado pelo Instituto Internacional de doenças neurológicas e da 
comunicação, que classifica o diagnóstico como: PROVÁVEL / POSSÍVEL / 
DEFINITIVO 
 
f) 
 
DEMÊNCIA FRONTAL ou DOENÇA DE PICK = é rara; de causa desconhecida. inicio 
insidioso, alterações de comportamento, apatia e hipoatividade, incontinência urinária. 
Mantém orientação espacial e senso de direção. Perda de neurônios, gliólise extensa, e típicas 
Fig.3 f) SPECT cerebral: cortes transversal, 
Coronal e sagital mostrando defeito de perfusão na 
região frontal esquerda e têmporo-parietal 
bilateralmente, sugestivo de Demência do tipo 
Alzheimer.(cortesia Dra. Ma. Helena Martins 
Diegues) 
 35 
células de Pick (células piriformes). Redução do fluxo cerebral fronto-temporal, 
principalmente frontal 
SPECT = hipoperfusão frontal uni ou bilateral. 
CT = atrofia fronto-temporal 
 NÃO TEM TRATAMENTO 
 
DEMÊNCIA - HUNTINGTON - Doença genética como traço autossômico dominante 
Quadro Clínico - mistura de distúrbio do movimento e demência. Coréia, dificuldade de 
antecipar e planejar o futuro, perda de memória. Atrofia grosseira do núcleo caudado, 
putamem, e outras áreas em menor grau. 
 SPECT = hipofunção do núcleo caudado e do putamem, mas não da córtex 
 
DEMÊNCIA - MÚLTIPLOS INFARTOS 
Deterioração abrupta e gradativa das funções mentais, correlacionada a AVC 
isquêmico ou Hemorrágico. Sintomas dependem da área afetada. 
 
SPECT = revela áreas de hipoperfusão aleatórias. 
 
 
g) 
 
3.3.2 Doença de Parkinson 
Perfusão diminuída nos núcleos da base. 
 
Fig. 3 g) cortes transversal e sagital de exemplo normal e 
ao lado múltiplas áreas de hipoperfusão no córtex cerebral, 
(cortesia da Dra. Ma. Helena Martins Diegues). 
 36 
 
h) 
3.3.3 Doença vascular: 
 
Múltiplas áreas de hipoperfusão no córtex cerebral. 
 
3.3.4 Epilepsia: 
 
Diminuição da perfusão no lobo frontal. 
 
EPILEPSIA - é síndrome neurológica comum, caracterizada por crises epiléticas 
recorrentes, expressas por manifestações sensitivas, motoras, sensoriais, autonômicas, 
comportamentais e/ou emocionais, sendo a prevalência total na população brasileira em torno 
de 1,5%, com os mais altos coeficientes de incidência, ou seja, casos novos, entre crianças e 
idosos. O seu diagnóstico é fundamentado na anamnese, dependente de descrição, 
pormenorizada, das características clínicas das crises, da correlação eletroencefalográfica 
(EEG), e dos recursos de neuroimagem. 
 
PET/SPECT – identificam o foco epilético como área hipofuncionante/hipoperfundida no 
período inter-crítico, e área hiperfuncionante/hiperperfundida no período crítico. Cirurgia é o 
tratamento indicado àqueles que não respondem ao tratamento com as drogas mesmo as mais 
modernas. O diagnóstico de certeza vem após a cirurgia de lobotomia, com ausência de crises 
ou melhora substancial da freqüência ou da intensidade das crises. 
 
3.3.5 Esquizofrenia: (variáveis) – frontal, temporal, lobos parietais e occiptal. 
 
3.3.6 Uso de cocaína: diminuição da perfusão na região frontal e parietal (agudo) e pequenos 
e múltiplos defeitos na região cortical e subcortical (crônico). 
 
Fig 3 h) SPECT sugestivo de doença mista. 
Alzheimer e Parkinson. Notar a assimetria de 
perfusão em topografia de núcleos da base a 
direita (cortesia da Dra. Ma. Helena Martins) 
 37 
3.3.7 Tumores: diminuição na área tumoral. 
 
201TI-cloreto (185) hipercaptação pelo tumor. 
 
3.3.8 Morte cerebral:– este diagnóstico tem grande importância nesta época de transplantes 
em ascensão. O SPECT é um método que só produz imagem em indivíduos vivos, pois 
depende da captação do radiotraçador pelas células neuronais. 
 
i) j) 
 
 
 
 
3.4 Estudo dos Espaços Liquóricos 
3.4.1 Cisternografia Radioisotópica ou Mielocintilografia ou Cisternografia Radioisotópica. 
 
O estudo dos espaços liquóricos consiste na administração do radiotraçador no espaço 
subaracnóide, a nível lombar ou na cisterna magna. Este exame foi introduzido na clínica por 
Di Chiro em 1964. O liquor é produzido pelo plexo coróide nos ventrículos laterais, migra 
para o terceiro e quarto ventrículo, desce pelo canal medular e ascende até as cisternas basais 
e daí progride pelo espaços inter-hemisférico e pelas convexidades cerebrais até atingir os 
corpúsculos de Pacchione no nível do seio sagital, para ser reabsorvido. A imagem 
cintilográfica normal revela este trajeto em 24h. Quando há retardo o estudo prossegue até 48-
72h. 
 
 
 
Fig. 3 i) angiografia radionuclídica; j) imagens estáticas em topografia cerebral evidenciando 
ausência de atividade em seio sagital superior sugerindo morte cerebral. 
 38 
3.4.1.1 Radiotraçador: 99mTc-DTPA na dose de 185 a 370 MBq. 
3.4.1.2 Indicações clínicas: estudo das hidrocefalias e das fístulas liquóricas 
 
a) Hidrocefalia obstrutiva: o obstáculo se encontra no sistema ventricular (hidrocefalias não-
comunicantes). 
b) Hidrocefalia comunicante - há retorno do radiotraçadorpara os ventrículos laterais 
c) Síndrome de DANDY-WALKER – há acúmulo do radiotraçador no cisto (obstrução do 
orifício de Magendie). 
d) Síndrome de ARNOLD-CHIARE - (projeção do bulbo e cerebelo para o orifício occipital). 
e) Fístulas Liquóricas ( Nasais Ou Otológicas) – há atividade em projeção nasal ou 
otológica; deve-se colocar tampões nas narinas para pesquisar lateralidade da fístula. 
 
3.4.13 Padrão de Normalidade 
 
Na cisternografia normal após a injeção no espaço subaracnoídeo se observa a chegada 
de atividades na base do cérebro e cisterna magna antes das 2 horas da injeção. Entre 3 e 6 
horas se visibiliza atividade na topografia de cisterna ambiens e calosa até a cisura de Silvio. 
Nas 24 horas a maior atividade se encontra na convexidade cerebral e seio longitudinal. 
Resultados anormais, mostram retardo na velocidade de circulação do liquor, e imagens de até 
72 horas podem ser obtidas (hidrocefalias obstrutivas). 
No estudo das fístulas liquóricas o procedimento é o mesmo, devendo-se colocar 
tampões de algodão em cada narina ou ouvido para posterior contagem dos mesmos e 
complementação da informação sobre a fístula. 
As contra indicações geralmente são a gestação e amamentação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 4:MEDICINA NUCLEAR NA AVALIAÇÃO DO 
APARELHO DIGESTIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 40 
4 MEDICINA NUCLEAR NA AVALIAÇÃO DO APARELHO DIGESTIVO 
 
4.1 Esôfago 
 
O esôfago é um canal muscular que mede aproximadamente 20 cm de comprimento. 
Sua principal função é conduzir o alimento da faringe até o estômago. 
 
Do ponto de vista anatômico identificam-se no esôfago três estruturas que 
desempenham papel importante na sua função: o esfincter esofageano superior (EES), o corpo 
do esôfago e o esfincter esofageano inferior (EEI). 
 
O transporte do bolo alimentar da boca até o estômago é denominado deglutição. Este 
ato fisiológico é composto por 3 fases sucessíveis: oral ou voluntária – o alimento é 
transportado da cavidade oral até a orofaringe; reflexa ou faríngea – o bolo alimentar é 
impelido até o EES que se relaxa permitindo o movimento do alimento da faringe para baixo; 
e a esofágica – aquela que propulsiona o material já no esôfago para o estômago através do 
relaxamento do EEI. No momento da deglutição, com o relaxamento do EES e contração do 
músculo constrictor da faringe, inicia-se a onda peristáltica primária impulsionando o 
alimento em direção aboral, quando então o EEI já se encontra relaxado, promovendo a 
penetração do alimento no estômago. No entanto, às vezes, para completar este processo, no 
corpo do esôfago pode surgir a onda peristáltica secundária como resultado da distensão do 
órgão por resíduo do bolo alimentar ou refluxo gastroesofágico. Além das ondas peristálticas 
citadas existem as contrações não peristálticas que podem ocorrer no esôfago devido a 
atividade muscular incoordenada. São observadas com freqüência nos idosos, no entanto na 
maioria das vezes sem repercussões clínicas. 
 
Os distúrbios da motilidade do esôfago (DME) surgem em decorrência de 
anormalidades de sua musculatura ou de sua inervação. Classificam-se em primários, nos 
quais o processo básico está relacionado com o próprio esôfago; e em secundários, como o 
nome diz são decorrente de uma doença sistêmica comprometendo o esôfago. Como exemplo 
de disfunções motoras secundárias temos as afecções do tecido conjuntivo, destacando-se 
entre elas a esclerose sistêmica progressiva (ESP), a doença de Chagas e outras neurológicas, 
endócrinas e metabólicas. 
 41 
Entre os principais distúrbios motores primários do esôfago temos a acalásia, o 
espasmo esofagiano difuso, o esôfago em quebra nozes, o esfíncter inferior hipertenso e os 
distúrbios motores inespecíficos. 
 
Os distúrbios motores do esôfago (DME) se manifestam basicamente por dois 
sintomas principais: disfagia e dor torácica. A primeira caracteriza-se por dificuldade para 
deglutir, sugerindo um obstáculo no trânsito da boca ao estômago. A dor torácica pode ser 
devida ao DME ou ao refluxo gastroesofágico. Sabemos hoje, que o esôfago é responsável 
por um percentual elevado de pacientes com dor torácica e coronárias normais. 
 
A suspeita diagnostica da doença esofageana é feita inicialmente pela anamnese bem 
detalhada. O diagnóstico pode ser confirmado pelo exame radiológico contrastado, que, se 
associado a cine ou videofluoroscopia, além de afastar anormalidades anatômicas permite 
observar alterações motoras. 
 
A esofagomanometria é considerado o método mais sensível e específico na avaliação 
dos DME. Esse exame determina as pressões intraluminais simultâneas na faringe, no EES, 
no corpo do esôfago e no EEI. 
 
4.2 Método Radionuclídico 
 
O exame com radionuclídeo introduzido na década de setenta tem sido considerado 
muito sensível na detecção de distúrbios motores do esôfago. Em nosso meio ele é 
denominado de cintilografia dinâmica do esôfago. O radiotraçador empregado é o 99mTc – 
coloidal, a dose é de aproximadamente 18,5 MBq ou 0,5 mCi em 10 ml de água, a via de 
administração é a oral. 
 
Na forma acima o radiotraçador não deve ser absorvido pela mucosa esofageana. 
 
– Indicações: distúrbios motores do esôfago (DME) primários e secundários. 
– Resumo da técnica de realização do exame. 
 
Preparo do paciente: jejum de 4 h e abstinência de fumo. 
 42 
Antes do exame, ao realizar-se a anamnese dirigida, informa-se ao paciente sobre o 
procedimento a ser realizado. A seguir programa-se o exame no computador para aquisição 
de 240 imagens a intervalo de 0,25s cada; e uma ou mais imagens estáticas com duração de 
30 s. Posiciona-se o paciente sob o campo do detetor (da boca ao estômago) e coloca-se na 
cavidade oral, por meio de uma seringa, sem a agulha, o volume de água com a dose. Dá-se 
início ao exame no aparelho e solicita-se imediatamente que a deglutição seja realizada pelo 
indivíduo. Posteriormente, sem a presença do paciente processam-se as imagens. O aparelho 
através das áreas que foram delimitadas para a cavidade oral, cada terço do esôfago, área total 
do órgão e estômago (6 áreas) fornece curvas de atividade ou contagens x tempo, nos eixos 
das ordenadas e abscissa, respectivamente. 
 
O aspecto normal da curva: pico único ou com discreto entalhe e entrada rápida no 
estômago. 
 
Os padrões cintilográficos anormais são os seguintes: retardo de trânsito, 
incoordenado e adinâmico. 
 
O retardo de trânsito: quando a alteração encontradas é somente o aumento tempo 
total de trânsito pelo esôfago (maior que 12 s); o aspecto incoordenado: pode mostrar o 
tempo de trânsito alargado, mas sobretudo presença de movimentos de subida e descida do 
líquido nos segmentos do esôfago (movimentos retrógrados); e o padrão adinâmico é 
caracterizado pela ausência de material no estômago durante o tempo do estudo (60 
segundos). Tem importante retardo no trânsito e pode evidenciar movimentos retrógrados. 
Neste caso (adinâmico) faz-se a aquisição de imagens estáticas com o indivíduo em decúbito 
dorsal, e a seguir em posição ortostática até o material marcado penetrar no estômago. 
 
Tempo total de trânsito pode ser definido como o intervalo de tempo que decorre entre 
o aparecimento da radioatividade no 
3
1
 superior e o seu desaparecimento no esôfago inferior 
podendo se visibilizar no esôfago uma atividade residual em torno de 10% da atividade total. 
 
Valores de Normalidade para exame realizado em decúbito dorsal: 
 
Tempo total detrânsito (TTT) até 12 s 
 43 
Tempo dos terços: superior 2,6 ± 0,6 
médio 5 ± 0,5 
inferior 7,3 ± 1,3 
Tempo de entrada no estômago 4,3 ± 2,3 segundos e de forma única. 
 a) b) 
 
 
 
 c) d) 
 
 
 
 
 
4.3 Refluxo Gastroesofágico 
 
O método radionuclídico para avaliação do refluxo gastroesofágico é por nós 
designada de Cintilografia qualitativa dinâmica para a pesquisa de refluxo (CQDR). 
Inicialmente, a técnica foi padronizada por Fisher e cols., em 1976, mais tarde aperfeiçoada 
por Velasco e Cols. em 1984 e adaptada ao nosso meio, HUCFF em 1991, por Cruz e 
colaboradores. 
O refluxo gastroesofágico é conhecido como o retorno do conteúdo gástrico para o 
interior do esôfago, podendo gerar uma lesão na mucosa esofagiana, conhecida como 
esofagite de refluxo. Este retorno ocorre por mecanismo involuntário, no entanto, algumas 
pessoas conseguem fazê-lo voluntariamente. 
 
A DRGE é freqüente na população em geral, tem etiologia multifatorial e caracteriza-
se pelo movimento do ácido e de outras substâncias irritantes do estômago para o esôfago. 
Geralmente ocorre na ausência de outras doenças sistêmicas, entretanto certas afecções 
clínicas específicas como a esclerodermia, gravidez e cirurgias podem predispor o paciente a 
este processo patológico. O refluxo gastroesofágico (RGE) apesar de, aparentemente, ser um 
processo simples, e de fácil tratamento, possui questionamentos quanto à sua fisiologia, 
terapêutica e às múltiplas manifestações ainda não totalmente esclarecidas. 
Fig.4 - Estudo do trânsito esofagiano normal; a) aspecto qualitativo das 
imagens; b) curvas de atividade versus tempo de um exame normal. 
Fig 4 c) imagens qualitativas de um exame anormal d) a curva 
mostrando tempo total de trânsito esofagiano alterado, assim como 
elevada atividade residual. 
 44 
 
Em condições fisiológicas normais a passagem do material gástrico para o esôfago é 
impedida pela ação de uma série de componentes anátomo-funcionais que constituem a 
chamada barreira anti-refluxo (BA) que se localiza na junção esofagogástrica (JEG). 
– Técnica de exame: 
Preparo do paciente: jejum de 4 h 
Radiotraçador: 99m Tc – coloidal 
Dose 18,5 MBq ou 0,5 mCi em 50 ml água 
100 a 150 ml de suco de laranja. 
 
Previamente os pacientes são orientados sobre o exame e da realização de manobras 
fisiológicas tais como: valsalva, elevação de membros inferiores, as duas simultaneamente e 
simulação de acesso de tosse no final. Elas têm duração de 30 a 60 s com o mesmo tempo de 
descanso nos seus intervalos. 
 
Logo após a ingestão dos líquidos o paciente deve ser posicionado de pé em frente ao 
campo do colimador da câmara de cintilação e em seguida pesquisada a presença de resíduo 
radioativo no esôfago. Se presente, o paciente ingere adicionalmente um máximo de 50 ml 
água. Persistindo ainda sinais de resíduo, o exame deve ser feito em outra oportunidade com 
auxílio de sonda nasogástrica. 
O computador é programado para aquisição de 36 imagens com intervalo de 10s cada, 
durante um tempo total de no mínimo 6 minutos. Este tempo pode ser aumentado 
dependendo da disponibilidade do equipamento. 
 
Finalizada a aquisição do exame o paciente é liberado e observam-se as imagens 
adquiridas no vídeo do computador 
 
A análise das imagens pode ser qualitativa e quantitativa. Na qualitativa observam-se 
visualmente as imagens no vídeo do computador. No exame normal não temos atividade no 
esôfago, apenas no estômago. No estudo anormal (positivo para refluxo) temos atividade ao 
nível do esôfago, além do estômago. Se for observado na topografia do esôfago, além do 
estômago é considerada presença de refluxo e a estas imagens chamamos de cintilografia 
qualitativa. 
 
 45 
A análise quantitativa é obtida ao processarmos as imagens delimitando áreas de 
interesse para o esôfago, o aparelho fornecera curvas de atividade x tempo nos eixos das 
ordenadas e abscissas respectivamente. A curva do esôfago pode mostrar picos cuja altura é 
proporcional à quantidade de material que retornou do estômago para o esôfago; o número de 
picos é proporcional à freqüência e a sua largura caracteriza a duração do refluxo. É 
considerado refluxo presente toda vez que a altura do pico for pelo menos igual ao dobro da 
radiação basal do esôfago. 
 
Indicações: 
 DRGE 
 Dor torácica não cardíaca 
 Colagenoses (esclerose sistêmica progressiva principalmente) 
 Em pediatria, crianças com infecções respiratórias de repetição 
 Adultos (asmáticos) 
 
 e 
 
f g) 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.4 Esvaziamento Gástrico 
 
O percentual de esvaziamento gástrico é outro parâmetro que pode ser determinado 
pela técnica radionuclídica. Atualmente, ela é considerada método de escolha para esta 
avaliação. 
 
O radiotraçador utilizado é 99mTc-coloidal. A dose empregada varia entre 200 e 500 
µCi (7,4 a 18,5 MBq). Pode ser empregado alimento sólido constituído de aproximadamente 
 Fig. 4 f e fig 4g) evidenciando intenso refluxo gastroesofágico 
Fig. 4 e) ausência de refluxo 
gastroesofágico 
 46 
300 calorias (2 ovos, um pão de 40 g e 6 g de manteiga) e 150 ml de água. O alimento líquido 
pode ser leite ou suco de laranja. 
 
O paciente necessita de jejum de no mínimo 4 h. É orientado sobre o exame, e a 
seguir, é posicionado ereto ou sentado (com inclinação de 45o) em frente ao colimador, de 
modo que a atividade radioativa gástrica e intestinal seja detectada pelo cristal do aparelho. 
Imagens seqüenciais com intervalos de 15 s podem ser adquiridas desde o tempo zero até 120 
s; ou estáticas com duração de 60 s a intervalo de 15 minutos e por um tempo total de 2 horas. 
Os valores de normalidade variam de acordo com o alimento utilizado. 
 
Alimento sólido: eliminação de 50% em 60 a 70' 
Alimento líquido: eliminação de 50% em 10 a 20' 
 
Indicações: 
distúrbios causados por obstrução mecânica 
doença de refluxo gastroesofágica (DRGE) 
doenças neuropáticas (diabetes) 
colagenoses (ESP) 
avaliação de terapêutica medicamentosa ou cirúrgica 
 
h) i) 
 
 
j) 
4.5 Divertículo de Meckel (dm) 
 
É uma anomalia congênita do trato gastrintestinal, ocorrendo em 1 a 3% da população. 
A mucosa gástrica ectópica (divertículo) pode estar presente 60% dos casos sintomáticos e em 
cerca de 90% daqueles que têm sangramento. É freqüente em crianças e raro em adultos. 
O radiotraçador empregado é 99mTc sob a forma de pertecnetato e por via endovenosa. 
Interpretação da imagem com divertículo de Meckel. Ao se visibilizar a imagem na topografia 
do estômago observa-se, também, atividade focal em qualquer local, sendo mais freqüente no 
quadrante inferior direito do abdome, ao nível da válvula ileo-cecal. 
Fig. 4 h) esvaziamento gástrico normal e Fig. 4 i) exame anormal, duas horas após 
a ingestão de alimento sólido 
Fig. 4 j) curva e imagens de esvaziamento gástrico 
 alterados 
 47 
k) l) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.6 Fígado 
 
 
 
As células do fígado são de dois tipos: as poligonais ou hepatócitos que estão em 
maior proporção, e as células do sistema retículo endotelial (SRE) chamados de células de 
Kupffer. 
 
Quando desejamos avaliar a função hepática em relação as propriedades fagocíticas 
das células de Kupffer utilizamos a cintilografia hepática, cujo radiotraçador é o 
99mTc-coloidal. Usam-se partículas de enxofre coloidal de 0,1 a 0,3 mµ de diâmetro. 
 
A fagocitose do enxofre coloidal pelas células de Kupffer é dependente da integridade 
das células do SRE,do volume do fluxo sangüíneo hepático e tamanho do diâmetro das 
partículas de colóide. Noventa por cento da atividade administrada é captada pelo fígado e o 
Fig. 4 k) presença de divertículo (seta) e Fig. 4 l) exame com ausência de divertículo 
 48 
restante pelo baço. Quando a função das células do SRE do fígado está alterada as células da 
medula óssea captam maior quantidade. 
 
Após injeção intravenosa de 99mTc-coloidal numa dose de 37 a 185 MBq (1 a 5 mCi), 
realiza-se o exame nas incidências: anterior, laterais, obliquas anterior direita, obliquas 
posteriores e posterior ou, atualmente, de forma mais adequada emprega-se o SPECT que 
permite a análise das imagens com maior precisão. 
 
No exame normal observa-se, na incidência anterior e, principalmente, na posterior, as 
imagens do fígado e baço, simultaneamente. A radioatividade é maior na parte central do lobo 
direito do fígado onde existem mais células mesenquimais, e vai diminuindo do centro para a 
periferia e para o lobo esquerdo. No entanto, observa-se, de um modo geral, uma distribuição 
homogênea do radiofármaco no órgão. No exame anormal encontram-se áreas múltiplas ou 
única de hipocaptação ou ausência de atividade do radiotraçador. 
 
Indicações da cintilografia hepática com 99 mTc-coloide 
 
– Processos malignos (tumor e metástases). O hepatoma mostra área de hipocaptação 
com 99mTc-colóide, hipercaptação com o 67Gálio-citrato e com o 18FDG nas imagens com 
PET/CT. 
– Processos benignos: abscessos, cistos, adenomas, hiperplasia nodular focal (HNF), 
hemangioma cavernoso e doença parenquimatosa difusa (cirrose). 
 
O hemangioma cavernoso é o tumor benigno mais comum do fígado. Na cintilografia 
com 99mTc-colóide aparece com área acaptante, devendo a seguir ser realizada a cintilografia 
com hemácias marcadas com 99m Tc. 
A marcação de hemácias pode ser feita “in vivo”, mais usada devido a facilidade de 
marcação e “in vitro” esta é mais sensível, porém necessita de cuidados especiais para evitar 
contaminação. Na marcação “in vivo” administra-se 10-20µg/kg de Sn-pirofosfato IV, 
aguarda-se 30 minutos e dá-se, 20 a 25 mCi de 99m Tc 04Na. O Sn-pirofosfato se liga as 
hemácias e na presença do íon estamoso o 99m Tc é reduzido ligando-se às hemácias. 
 
No hemangioma como é um tumor muito vascularizado, a área que era não captante 
com o colóide-99mTc passa a ser hipercaptante com as hemácias marcadas. 
 49 
 
Os abscessos mostram áreas não captantes, mas se realizarmos a seguir exame com 
67-Gálio-citrato, passamos, também, a observar áreas hipercaptantes. 
 
m) n) 
 
 
 o 
 
 
 
 
 
 
Fig. 4 m) exame do fígado com 99mTc-colóide (colóide) normal; e Fig. 4 n) fígado mostrando 
lesão ocupando espaço 
Fig. 4 o) exame do fígado com colóiode mostrando pequena área de hipocaptação na região 
póstero superior, que no estudo com hemácias marcadas a área mostra-se hiperperfundida, 
sugestiva de hemangioma hepático. 
 50 
 p) q ) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
r 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.7 Vias Biliares 
 
Fig. 4 p) - exame do fígado realizado com colóide de aspecto alterado; 
Fig. 4 q) exame realizado com 67gálio-citrato que mostra lesão captante, principalmente, na periferia. 
Posteriormente o diagnóstico histopatológico foi de hepatocarcinoma. 
Fig. 4 r) Aspecto cintilográfico de processo difuso do fígado. 
 51 
Os espaços entre as células hepáticas (hepatócitos) se unem para formar canalículos 
biliares os quais se dirigem para a periferia dos lóbulos, onde formam os ductos biliares 
interlobulares que se unem para formar os ductos hepáticos direito e esquerdo. Estes se unem 
para formar o ducto hepático comum, que se encontra com o canal cístico um pouco acima do 
duodeno formando o colédoco ou ducto biliar comum. Este último continua distalmente e 
passa atrás da cabeça do pâncreas antes de entrar no duodeno ao nível da papila. O orifício do 
ducto biliar comum neste ponto é denominado esfincter de Oddi. 
 
4.7.1 Cintilografia Hepatobiliar 
 
O paciente deve estar em jejum de pelo menos 4h antes do exame. A intenção é 
prevenir a liberação de colecistoquinina (CCK) como resposta à entrada de alimento no 
duodeno, levando ao esvaziamento da vesícula biliar e prejudicando o seu enchimento com o 
radiofármaco. 
 
O radiotraçador empregado é um dos derivados do ácido iminodiacético – IDA 
marcado com 99m Tecnécio. Entre eles o mais empregado é o 99m Tc-DISIDA (ácido di-
isopropil imino diacético). 
O radiotraçador 99m Tc-DISIDA é extraído rapidamente da circulação pelo hepatócito e 
excretado pelas vias biliares para o intestino podendo mostrar uma captação mínima por 
outros órgãos: os rins, no máximo 10%. 
 
Dose: 37 a 185 MBq (1 a 5 mCi) 
Via de administração: IV 
Incidências: anterior, obliqua anterior direita, posterior e lateral direita. 
 
Podem-se obter imagens seqüenciais, desde o momento da injeção, durante 120 
segundos e, a seguir, se obter as imagens estáticas aos 5, 10, 15, 20, 30, 45, 60, 120, 180 
segundos, e até 24h, quando necessário. 
 
Indicações clínicas da cintilografia de vias biliares: 
 
 52 
Pode ser usada para avaliar as diversas doenças hepatobiliares, colecistites aguda e 
crônica, fístula biliar, obstrução do ducto biliar comum, hepatopatia crônica (cirrose). Em 
pediatria, diagnóstico diferencial entre hepatite e atresia das vias biliares. 
 
Na avaliação da colecistite aguda obtém-se imagens até 3 ou 4 h. Para reduzir este 
tempo, caso a vesícula biliar não seja visibilizada até 60 minutos da injeção, há autores que 
recomendam injeção de 0,04 mg/kg de morfina IV lentamente. Este fármaco aumenta o tônus 
do esfincter de Oddi promovendo um aumento de pressão intraductal, propulsionando o 
movimento retrógrado de bile e material marcado para a vesícula biliar, até 30 minutos após a 
morfina, caso não haja nenhum impedimento no cístico. Se a vesícula não foi visibilizada o 
exame é sugestivo de colecistite aguda. O uso deste medicamento deve ser contra indicado 
quando houver suspeita de cálculo no ducto cístico ou dilatação do ducto biliar comum, além 
de alergia a droga e insuficiência respiratória. 
 
A CCK pode ser usada para estimular a contração da vesícula e encher depois com o 
radiofármaco, porém pode causar obstrução por cálculo. 
 
Em pediatria, o diagnóstico diferencial entre hepatite neonatal e atresia das vias 
biliares é importante devido à urgência terapêutica (cirurgia). Antes do exame é recomendado 
fenobarbital 5 mg/kg, duas vezes, ao dia durante sete dias, para promover a excreção nas 
crianças com árvore biliar acessível e não tem efeito nos casos de obstrução. 
 
A dose é de 1 a 2 mCi de 99mTc-DISIDA, IV. Além das imagens seqüenciais fazem-se 
as estáticas de até 24h. A detecção de mesmo pouca atividade na luz intestinal nas imagens 
de 24 h sugere ausência de atresia e o tratamento clínico é indicado. Na atresia não se 
visibiliza radioatividade no intestino mesmo nas imagens de 24 h. 
 
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4.8 Sangramento Digestivo 
 
A orientação sobre a localização do sítio de sangramento digestivo, também, pode ser 
dada pela técnica radionuclídica. 
 
O radiotraçador empregado é o 99m Tc-hemácias pela técnica de marcação in vivo da 
mesma forma que a usada na avaliação dos hemangiomas. 
 
Imagens são obtidas desde o momento da injeção até 24 horas após. É usada para a 
pesquisa de sangramentos ativos intermitentes, intermitentes

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