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A VIAGEM 1

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FILOSOFIA GERAL E JURÍDICA
ROTEIRO PARA ESTUDOS
2014.2
I ESTÁGIO
Profª Ms. Maria das Neves Franca
Aqui você encontrará uma espécie de Diário de Sala de Aula. Nele os nossos encontros, as nossas aulas estão transfigurados numa espécie de mapa e de bússola para que você possa não somente se orientar nos seus estudos neste primeiro estágio mas, sobretudo, para que possa dar início ao desafio de traçar por si mesmo o seu próprio caminho. 
O AMOR, do artista nova-iorquino Keith Haring (1958-1990).
O amor é como uma grande festa em que cada um dança do seu jeito uma música comum a todos. O desenho ajuda a avaliar e reconhecer a dimensão amorosa da filosofia e seu desdobramento nas diversas filosofias. 
A VIAGEM - I PARADA
(Ou Filosofia Geral e Jurídica – I Estágio)
Profª Ms. Maria das Neves Franca - 2014.2
A filosofia é realmente uma viagem, como dizem alguns. Uma viagem por entre as veredas da existência humana e de tudo que dela, nela e com ela se pensa, se diz e se faz, como por exemplo, o Direito. Uma viagem que se cumpre vagarosa e pacientemente, sem pressa para alcançar um destino e sem expectativa de um final feliz, porque a felicidade da viagem da filosofia consiste no viajar, no estar sempre a caminho. Na jornada, às vezes, ocorre um cruzamento e, nele, se se dá o encontro com outros viajantes, dispostos a uma conversa. É a ocasião para se trocar as experiências da viagem e se acolher as experiências do outro. Mas, não para se instalar ali, e sim, para firmar o próprio itinerário. Isso é que é importante. A conversa, na viagem da filosofia, como nos diz Heidegger, “nem considera as oposições, nem tolera os acordos condescendentes”. A conduta do viajante deve ser, como nos diz ainda o velho pensador da Floresta Negra , de serenidade; na serenidade não cabe nem excomunhão nem exaltação, mas acolhida, um deixar-se envolver de modo mais profundo com as coisas.
 Aqui, nessa primeira parada da jornada, vocês encontrarão uma espécie de Diário de Viagem. Nele, os nossos encontros, as nossas aulas estão transfigurados numa espécie de mapa e de bússola para que vocês possam não somente rever a caminhada neste primeiro estágio da viagem mas, sobretudo, para que possam dar início ao desafio de traçar por si mesmo o próprio itinerário. 
Concordo com Michel Onfray, quando diz que não há nada pior do que o “funcionário do saber”, aquele professor que tem obsessão pelo programa oficial, que obedece rigorosamente os manuais, oferecem instruções e informações, ou aquele aluno que contabiliza seu saber em notas, digere e memoriza livros e conteúdos como se fossem páginas de um catálogo telefônico. Esses desastres escolares não se permitem pensar. Não se desviam um milímetro da ordem obrigatória e tradicional e, alheios completamente à vida, que pulsa dentro e fora da sala de aula, acabam sucumbindo no primeiro embate com o inesperado, com as adversidades, com os problemas, com os fracassos, com as dores, as perdas, as ausências, experiências que fazem parte da existência humana e que, como tal, têm também sua importância, um sentido ético e pedagógico. Penso que no pouco tempo em que estaremos juntos, a filosofia deve abrir uma fresta, uma fenda, através da qual, como diz ainda Onfray, os alunos possam ensaiar movimentos prazerosos de ida e vinda entre a vida e os pensamentos filosóficos.
FILOSOFIA GERAL E JURÍDICA 
ROTEIRO/SÍNTESE PARA ESTUDO 2014.2
 Profa. Maria das Neves Franca
I ESTÁGIO
ATENÇÃO: Textos, notas e Apostilas não substituem os livros! COM BASE NOS ASSUNTOS ABORDADOS EM SALA DE AULA, CONSULTEM A BIBLIOGRAFIA INDICADA. 
 O roteiro a seguir, orientará vocês sobre os acontecimentos em sala de aula e os conteúdos abordados nessa primeira etapa, desde o nosso primeiro encontro. 
Apresentação e Informações Gerais. Modos e critérios de avaliação; Exposição do Plano de Curso e do Conteúdo Programático; Alargamento da bibliografia com sugestões de obras de literatura, filosofia geral, filosofia jurídica, dicionários.
Anúncio da II FLORADA FILOSÓFICA, evento que abrirá o semestre 2014.2 da nossa disciplina e que se realizará em parceria com o II SEMINARIO DIREITO E MÚSICA (UFPB) no AUDITÓRIO DO ESPAÇO CULTURAL DO UNIPÊ, EM 20 de agosto/19:00h. Tema: Direito e Improvisação. Professores convidados:
Prof. Dr. Eli-Eri Moura - compositor, teórico e regente. Presentemente, trabalha no Departa mento de Música da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, como professor dos programas de Graduação e Pós-Graduação em Música. Foi o idealizador do Laboratório de Composição Musical - COMPOMUS, tendo sido seu primeiro coordenador, função que exerceu por dois mandatos consecutivos (fev. 2003 a fev. 2007). Primeiro profissional na história da UFPB a ser contratado como professor de composição, foi responsável pela implantação dessa área em diversos níveis, incluindo os cursos de extensão em composição do COMPOMUS, em 2003, dos quais surgiu o atuante grupo Novos Compositores da Paraíba. Desde 2003, Eli-Eri Moura é Coordenador da Área de Disciplinas Teóricas – CDT do Departamento de Música da UFPB. Graduou-se no curso de Bacharelado em Música – Piano, em 1985, pela UFPB, tendo sido aluno de Myriam Ciarlini. Em seguida, realizou o Curso de Especialização em Música do Século XX, também na UFPB, sob orientação de Ilza Nogueira. Estudou composição com José Alberto Kaplan e Mário Ficarelli, no Brasil, e posteriormente com Alcides Lanza, John Rea e Brian Cherney, no Canadá, onde obteve seus títulos de Mestre e Doutor em Composição pela McGill University, Montreal, com bolsas da CAPES e da universidade canadense. Seu catálogo inclui mais de 100 títulos: peças para diversos grupos de câmara, coro e orquestra, assim como músicas para peças de teatro, vídeos e filmes. Suas trilhas sonoras ganharam diversos prêmios em festivais brasileiros, incluindo o 10.º Vitória Cine Vídeo, Vitória – ES, em 2003. Trechos de algumas dessas trilhas encontram-se gravados no CD Eli-Eri Moura: Trilhas, lançado em 1996, como resultado da primeira colocação no Edital de Auxílio à Gravação de Discos e Circulação de Espetáculos em Música no Estado da Paraíba, promovido pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba (FUNESC). Sua obra para coral está sendo publicada nos Estados Unidos pela Editora Cantus Quercus. Participou de importantes festivais como compositor: Bienal de Música Brasileira Contemporânea, Rio de Janeiro (sete participações ao todo, desde 1985, quando foi o mais jovem compositor do evento); Festival Música Nova, Santos; MusiOctober New Music Festival, Montreal; Encontro de Compositores Latino-Americanos, Porto Alegre; etc. Em 2002, foi selecionado através de concursos para participar do World Music Days, da International Society for Contemporary Music (ISCM), um dos mais importantes festivais internacionais de música contemporânea, realizado nesse ano em Hong Kong (China), com a peça Circumsonantis, para quarteto de cordas. Na ocasião, foi o único representante brasileiro. Seu trabalho no campo da teoria da música tem sido divulgado em importantes periódicos nacionais e internacionais, como Contemporary Music Review (no qual publicou um longo artigo sobre o compositor francês Edgard Varèse), Em Pauta, Per Musi e Musica Hodie, e através de palestras em universidades nacionais e estrangeiras, como McGill University (Canadá), USP, UFPR, UFRN, UFCG, etc. Além de professor na Escola de Música do Estado da Paraíba Antenor Navarro, onde lecionou harmonia, contraponto e análise, Eli-Eri Moura foi regente do Madrigal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal (1986 e 1987), do Grupo Anima (de música antiga), João Pessoa (1985 a 1989), e do Coral Universitário da Paraíba Gazzi de Sá, João Pessoa (1985 a 1989; 1992 a 1996), com os quais se apresentou um sem-número de vezes em João Pessoa, cidades do interior da Paraíba e em várias outras capitais de Estado (Recife, Natal, Maceió, Aracaju, São Paulo, Porto Alegre, Fortaleza). Com o Coral Universitário daParaíba gravou o CD institucional Eli-Eri Moura: Requiem Contestado (uma peça de sua autoria, para solistas, coro e orquestra de câmara), lançado em 1996 pela UFPB.
 Prof. Ms. Heleno Feitosa Costa Filho - Bacharel em Fagote e Saxofone pela Universidade Federal da Paraíba. Começou seus Estudos Musicais aos 10 anos de idade em sua cidade natal, Itaporanga-pb, com o professor Major Adauto Camilo, integrando posteriormente a “Filarmônica Cônego Manoel Firmino” do Colégio Diocesano D. João da Mata. Durante os estudos de Graduação (Bacharelado em Música-Fagote e Saxofone) foi orientado pelos Professores Egon Figueroa Hidalgo e José de Arimatéia Formiga Veríssimo. Tem sido convidado para atuar como artista e professor de fagote/saxofone em alguns dos mais importantes Festivais de Música do Brasil e para participar como solista e instrumentista de conjuntos de musica de câmara e orquestras em concertos, shows e gravações de discos ao lado de artistas renomados nacional e internacionalmente, tanto na área da Música Erudita como nas áreas da Música Popular e Comercial. É membro fundador dos grupos JPSax e do Caninga Trio, com os quais já gravou alguns CDs. Lançou seu primeiro CD solo “Costinha”, no qual gravou obras de compositores paraibanos e de sua autoria, em 2005. Foi professor efetivo de Fagote/Saxofone da Universidade Federal do Rio grande do Norte de2004 a2008. Atualmente é Professor efetivo de Fagote/Saxofone da Universidade Federal da Paraíba e Fagote solista da Orquestra Sinfônica da Paraíba. 
Prof. Dr. Hugo César Araújo de Gusmão - Possui graduação em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba (1998), mestrado em Ciências da Sociedade pela Universidade Estadual da Paraíba (2001), "Diploma de Estudios Avanzados" (Universidad de Salamanca - 2006) na área de Direito Constitucional, Grau de Salamanca (2006) pela Universidad de Salamanca (Espanha) alcançado após a defesa do trabalho intitulado "Poder Constituyente e integración internacional", Doutorado em Direito Constitucional Europeu (2008) pela Universidade de Granada (Espanha), com tese aprovada com qualificação máxima e título revalidado pela Universidade Federal de Pernambuco, e Pós-Doutorado na Universidade de Granada (2013). Atualmente é Professor do quadro efetivo do Departamento de Direito Público da Universidade Estadual da Paraíba e colaborador da "Fundación Peter Häberle", da Universidad de Granada. 
Prof. Dr. Marcilio Franca - Pós-Doutor em Direito pelo Instituto Universitário Europeu (Florença, Itália), onde foi Calouste Gulbenkian Post-Doctoral Fellow no Departamento de Direito (2007/2008). Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (Portugal, 2006, bolsa FCT). Mestre em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba (1999). Atualmente é Professor Adjunto I do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal da Paraíba, Professor do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Jurídicas da UFPB, Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPE e líder do LABIRINT (Laboratório Internacional de Investigações em Transjuridicidade). Procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado da Paraíba. É ainda Parecerista Ad-Hoc da CAPES e membro do UNDP Democratic Governance Roster of Experts in Anti-Corruption. Foi aluno da Universidade Livre de Berlim (Alemanha), estagiário-visitante do Tribunal de Justiça das Comunidades Européias (Luxemburgo), Consultor Jurídico (Legal Advisor) da Missão da ONU em Timor-Leste (UNOTIL) e Senior Legal Advisor do Programa de Construção de Capacidades em Gestão de Finanças Públicas do Ministério das Finanças de Timor Leste e do Banco Mundial (PFMCBP). Participou de eventos e cursos na UNCTAD (Genebra), na Faculdade de Direito da Universidade de Harvard (EUA), no Programa MOST/UNESCO (Sofia, Bulgária), no SciencePo/Bordeaux (França) e no World Trade Institute (Berna). Membro da International Association of Constitutional Law (IACL), da International Society of Public Law (ICONS) e da International Law Association (ILA), organização de que é Presidente do Ramo Brasileiro e integra o Comitê Internacional de Direitos Humanos. Foi Professor Visitante do Mestrado em Relações Internacionais da Universidade Estadual da Paraíba. Tem vários livros, artigos e capítulos publicados no Brasil e no exterior sobre temas jurídicos. Suas áreas de interesse são o Direito Constitucional, o Direito Administrativo, o Direito Econômico Internacional, o Direito Comunitário e a Teoria Geral do Direito. Nos últimos anos tem desenvolvido extensa pesquisa a respeito das relações entre Direito & Arte.
Como preparação para a II FLORADA FILOSÓFICA, foi recomendada a leitura do texto DIREITO AO SABOR DO JAZZ , do Prof. Paulo Ferreira da Cunha, da Universidade do Porto, Portugal. A título de aprofundamento, indicamos o livro UMA METÁFORA: MÚSICA E DIREITO, da Profa. Dra. MÔNICA SETTE LOPES, doutora em Filosofia do Direito, professora dos cursos de graduação e pós-graduação da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais e juíza titular da 12ª Vara do Trabalho de Belo Horizonte. 
Outros textos indicados para leitura, visando a fixação dos conteúdos abordados em sala de aula:
INDIFERENÇA E HOSTILIDADE – Roland Corbusier
RESPOSTA À PERGUNTA “QUE É ESCLARECIMENTO”? – Immanuel Kant
AS CARACTERÍSTICAS DA FILOSOFIA – André-Comte Sponville
O DIREITO COMO PARTE DA ÉTICA, de Fábio Konder Comparatto.
O CASO BRANCUSI
O caso Brancusi nos convida a refletir sobre a importância da filosofia como fundamento das decisões, a insuficiência de uma formação eminentemente técnica para resolver as grandes questões do Direito e a necessidade da dogmática e zetética para uma formação jurídica equilibrada que evite o utilitarismo tecnocrático que amputa o próprio conhecimento jurídico. 
 
Passaro no Espaço, obra esculpida em 1919, por Constantin Brancusi (1876-1957), artista nascido em Pestiani, na Roménia e um dos principais nomes da vanguarda moderna. Brancusi conviveu com Rodin, Max Jacob, Apollinaire, Picasso, Léger e Modigliani. Ao ser transportada da França para Nova York, de navio, ao lado de outras vinte e cinco esculturas, a peça Passaro no Espaço de Brancusi chamou a atenção dos funcionários da alfândega norte-americana, pois obras de arte, diferente dos objetos industriais poderiam entrar no país livres de taxas , e aquela peça não parecia uma obra de arte, segundo os críticos de plantão, mas uma pá de hélice ou algo do tipo . A obra foi interceptada na aduana americana, confundida com matéria prima e taxada como objeto manufaturado. O motivo: ‘Isto não é arte’. A justiça interveio, atiçando o escândalo à base de interrogatórios insólitos. O tribunal acabou por dar razão ao artista somente dois anos mais tarde.
Em outubro de 1926, Constantin Brancusi, artista romeno, e um dos principais nomes da vanguarda moderna, resolveu expor nos Estados Unidos uma das suas esc ulturas , intitulada “Passaro no Espaço”, de 1923. Brancusi chega em Nova York no navio Paris, acompanhado por seu amigo Marcel Duchamp, com o fim de se dirigir para a galeria de vanguarda Brummer .
Um funcionário da Alfândega ( FJH Kracke ) abre a caixa e, ao se deparar com a escultura de Brancusi, vê-la simplesmente como um objeto de bronze sob uma base de metal polido. Incapaz de ver a essência do vôo, que é o que Brancusi queria comunicar, o funcionário classifica o trabalho do artista como um “um utensílio de cozinha”, “matéria prima” destinada a comércio, e se recusa a aplicar a isenção de impostos , prevista na legislação, relativa a obras de arte. 
Duchamp e Brancusi protestam. Argumentam, com indignação, que o objeto é uma escultura que se destina à Mostra da Galeria Brummer e , buscando alavancar a reputação do escultor, informam que o artista já tinha exibido em 1913 na mostra Armory ( mostra minimalista ), que não podia haver dúvidas quanto ao âmbito artístico daquela criação e que se tratava de um grande equívocodefiní-lo como escultor de coisas insignificantes. 
De nada adiantou o protesto. Brancusi se vê obrigado a pagar o tributo referente à importação de objetos metálicos. O funcionário se tranquiliza e perde todo resíduo de dúvida quando sabe, mais tarde, que Brancusi vendera outras esculturas (introdução de objetos no país para fins de venda, portanto tributáveis). 
Para Brancusi não há outro caminho senão o do processo judicial. Na audiência, prefere ser representado por seus advogados , Maurice Speiser e seu sócio Charles Lane. Tem início então o processo Brancusi v . Estados Unidos , no Tribunal Aduaneiro dos EUA , Terceira Divisão , que se prolongará por dois anos até a decisão de 26 de Novembro de 1928.
Os juízes da Suprema Corte são George Young e Byron Waite. Testemunham a favor de Brancusi o fotógrafo Edward Steichen , o escultor Jacob Epstein, o editor da revista The Arts, Forbes Watson , o editor da Vanity Fair, Frank Crowninshield, o diretor do Museu de Arte do Brooklyn William Henry Fox e o crítico de arte Henry McBride .
Marcus Higginbotham é o advogado que representa a Alfândega . Há também duas testemunhas para o governo dos EUA : o escultor Robert Aitken e Thomas Jones .
O interrogatório começa e o juiz pergunta a Steichen: - Como se chama isso? Steichen responde: “ Chamo-o como o chama o escultor: um pássaro. Waite continua: " Como você diz que é um pássaro , se não se parece com um pássaro? Steichen responde prontamente , "Não digo que é um pássaro , eu digo que me parece um pássaro, como o artista o estilizou e chamou" .
Waite insistiu : " E só porque ele (o artista) chama de pássaro, você diz que é um pássaro ?
Steichen : " Sim, Excelência." Waite insiste: " Se você o visse na rua , chamá-lo-ia de pássaro? Se o visse na floresta, iria caçá-lo?
E Steichen :" Não, Excelência. "
 Durante o julgamento, todas as testemunhas de Brancusi defendem o trabalho do mestre da abstração e argumentam que o nome dado à obra não é relevante. Em contraste, as testemunhas do governo afirmam que a escultura é muito abstrata e é um abuso das formas . 
Por fim, no interrogatório , o advogado Speiser, exibindo a escultura, pede a Aitken: - “ Sr. Aitken, o senhor poderia me dizer por que isso não é uma obra de arte? 
 Aitken responde : "Porque não é bom e eu não gosto disso . "
Os juízes absolvem Brancusi no acórdão de 26 de novembro de 1928. Pássaro no Espaço foi considerada uma obra de arte e , como tal, estava isenta de tributação. Na sentença lê-se: “...é claro que esta é uma produção original de um escultor profissional ... aceitamos a denúncia e determinamos que o objeto é duty free ". Um juiz que aceitou a alegação de Brancusi , comentou sobre a história , dizendo : " não temos nenhuma simpatia por novas idéias ou por aqueles que as representam mas pensamos que a sua existência e sua influência no mundo ... devem ser tomadas em consideração . "
Após o julgamento, Steichen (que mais tarde comprou a escultura de Brancusi ), comentou: "Pássaro no espaço foi o melhor testemunho de si mesmo. Era a única coisa que brilhava no Tribunal : resplandescente como uma jóia...”
Esta foi a primeira decisão judicial em que uma escultura abstrata, não representacional, foi considerada obra de arte. 
O EMBATE JURÍDICO DE JOHN CAGE E MIKE BATT
O embate jurídico entre John Cage e Mike Batt não exige somente uma consulta aos códigos de direitos autorais, exige uma reflexão sobre o modo em que o silêncio pode ser considerado e protegido. 
JOHN CAGE (John Milton Cage Jr.) (1912-1992)é um músico americano, expoente das vanguardas artísticas de pós-guerra e considerado pioneiro da chamada música aleatória, que ele começou a desenvolver em 1951, após estudos do pensamento indiano e do zen-budismo. A música aleatória é um estilo musical que se desenvolveu no século XX, no qual alguns elementos musicais são deixados ao acaso. 
Cage é também conhecido pelo utilização de instrumentos não-convencionais bem como pelo uso não convencional de instrumentos convencionais; sobressai-se ainda pela sua contribuição ao desenvolvimento da dança contemporânea, campo em que colaborou com o bailarino e coreógrafo Merce Cunningham. 
Em 1952 Cage compôs uma música intitulada “4´33” em que os músicos apenas ficavam quietos diante do instrumento, no tempo especificado no título (quatro minutos e trinta três segundos), sem nada tocar. A música então se fazia dos sons ambientes ouvidos pelo público durante a apresentação. 
O problema começou quando o compositor britânico Mike Batt incluiu a canção Um Minuto de Silêncio no álbum Classic Grafittis, de sua tradicional banda The Planets, Foi, por esta razão, alvo de uma ação de plágio movida pelos herdeiros de Cage. A batalha judicial ocupou amplos espaços na imprensa mundial e foi alvo de artigos e debates acadêmicos. A controvérsia, que não alcançou os tribunais devido a um acordo pré-julgamento, foi sobre os direitos de um autor ao silêncio, ou seja, a uma peça silenciosa de música. Afinal, é possível plagiar o silêncio? O acordo extrajudicial levou Batt a pagar ao reclamante uma vultosa soma de seis dígitos, não divulgada. Na época Batt comentou o fato com seu característico bom humor:
- "A minha música é muito melhor. Fui capaz de dizer em um minuto o mesmo que Cage levou 4 minutos e 33 segundos".
O embate jurídico entre John Cage e Mike Batt não exige somente uma consulta aos códigos de direitos autorais, exige uma reflexão sobre o modo em que o silêncio pode ser considerado e protegido. 
Em busca do sentido da filosofia.
A dificuldade para definir a filosofia. A definição da filosofia é diferente da definição de química, biologia ou matemática porque não é possível uma definição prévia; assim, eu posso não saber nada de química, mas sei defini-la, sei delimitar o seu campo de ação e o seu horizonte de resposta. O mesmo não é possível no que diz respeito à filosofia, ou seja, não é possível defini-la de fora para dentro, para fazê-lo eu tenho já que estar a filosofar. Ela não tem, como a química, a física, a biologia etc, um objeto específico de investigação. Tudo pode ser objeto de investigação da filosofia. Ela se volta para a totalidade da experiência humana. Podemos assim dizer que para a questão “O que é filosofia?” há várias respostas, pois a definição de filosofia pressupõe uma tomada de posição, uma posição pessoal, pressupõe o próprio filosofar. Podemos dar a definição de Platão, a de Aristóteles, a de Kant, mas nunca é uma definição absoluta. Entretanto, embora não seja possível dar uma definição universal de Filosofia podemos dizer que ela se caracteriza por ser uma atitude, uma atividade crítica face à experiência humana.
A filosofia no mundo. Os preconceitos que cercam a filosofia
“A Filosofia é polidamente respeitada mas no fundo é objeto de desprezo (...) Muitos políticos vêem facilitado o seu nefasto trabalho pela ausência da Filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas somente usam uma inteligência de rebanho”. (Karl Jaspers, em Introdução ao Pensamento Filosófico)
A filosofia, é vista como um “incômodo”; surge cercada de preconceitos que geram indiferença e hostilidade em torno dela. É encarada como algo difícil, incompreensível, como uma atividade intelectual própria de uma categoria de “especialistas” que seriam os filósofos profissionais. A simples idéia de ter aulas de filosofia ou ler um livro de filosofia traz sentimentos de apreensão e rejeição que vão se multiplicando. Injustamente difamada, a mais profunda, mais empolgante e mais prática das atividades da mente vai deixando de ser atraente e caindo em desprestígio. Por que tudo isso? Porque a Filosofia conduz a uma maior compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos. Isso implica mudança, adoção de novas condutas e nem todos se dispõem a este desafio.
Moramos na filosofia
Podemos dizer que moramos na filosofia. Isto porque, a rigor,como bem diz Roland Corbisier,todo homem vive uma filosofia implícita nas crenças, idéias, usos, costumes, instituições sociais, embora não tenham consciência disso; a maioria dos homens não toma consciência de que está na história e, consequentemente, na filosofia. Os homens, normalmente, vivem imersos na vida cotidiana, em função de hábitos, rotinas, idéias feitas, reflexos condicionados etc.Em suma, vivem sem pensar, sem refletir, sonambulicamente, como se a reflexão, o pensamento, fossem desnecessários, supérfluos. Vale observar, entretanto, que a filosofia para a qual os homens se mostram indiferentes e hostis,ou seja, a filosofia que é desprezada é a filosofia explícita, isto é, a reflexão crítica, plenamente consciente, sobre o mundo e a totalidade da experiência humana. Além dessa filosofia, no entanto, há outra impropriamente dita, não explícita na consciência reflexa, mas implícita no contexto social, quer dizer, envolvida, não de modo claro, em crenças, idéias, usos e costumes, instituições sociais, no conjunto de valores com que o homem orienta sua conduta, nas idéias de que se utiliza para julgar as coisas, na linguagem de que se serve para comunicar-se com outros etc. 
Cabe agora perguntar: Vale a pena viver cativos das crenças, idéias, valores já catalogados? Vale a pena perseguir os rumos alheios quando podemos tomar uma atitude mais consistente e libertadora, inaugurando novas aberturas e empreendendo a nossa própria travessia pessoal? Pois bem, a filosofia é a “disciplina” que se volta para as questões fundamentais da vida cotidiana. Seu propósito é conduzir para uma melhor compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos. Para ser filósofo não é necessário experiência prévia, nem treinamento especial, mas somente uma mente aberta e questionadora. A filosofia não é, como muitos pensam, um tema árido, para intelectuais privilegiados; é uma necessidade da vida, pois esta só vale mesmo a pena quando é examinada. É isto que Sócrates nos diz com a afirmação: A vida que não se questiona não vale a pena viver.
 A importância da vida examinada, aquela que vale a pena viver.
 	 Sócrates fala de uma vida não questionada, não examinada e diz que uma vida assim não vale a pena. O que é uma vida não examinada? É o modo de vida de grande número de pessoas que seguem uma rotina diária, fazem o que todos costumeiramente fazem sem nunca pensar no significado de todos os seus hábitos ou em como a vida deveria ser realmente vivida. Vivem mergulhados no cotidiano, sem pensar, sem refletir; vivem em função de rotinas, idéias feitas, sem refletir criticamente sobre a sua experiência no mundo. Levantam-se, vestem-se, tomam café, vão para o trabalho ou para a escola, voltam pra casa, vêem TV, trocam algumas palavras com amigos (na maioria das vezes no facebook) ou com a família, atendem ao telefone, vão aos mesmos locais para se divertir. “Quando somos crianças, outras pessoas decidem o que vestimos, o que comemos e quando podemos brincar. Com freqüência, mesmo quando mais velhos, outras pessoas continuam decidindo o que fazemos durante o dia. Fazemos escolhas, montes delas, mas muitas vezes de uma seleção limitada de opções que nosso ambiente, nossos amigos, famílias e empregadores, ou simplesmente o hábito, nos apresentam. Raramente paramos para refletir sobre o que realmente queremos na vida, quem somos e queremos nos tornar, que diferença queremos fazer no mundo e, assim, o que é realmente certo para nós. É isto a vida não examinada. A vida vivida, em certo nível, como um sonâmbulo, dissipando as horas, dias e anos. É uma vida ligada no piloto automático: uma vida baseada em valores e crenças que jamais realmente analisamos, jamais realmente testamos, jamais examinamos sob o nosso ponto de vista.” (T. Morris)
Por que uma vida assim não vale a pena ser vivida? Porque o preço pago é a sua vida inteira, ou seja, é o investimento de todas suas energias, de todos os seus esforços numa direção que você não escolheu. Nada tem um preço tão alto. Isso não significa que a vida irrefletida nada vale. Qualquer vida sempre tem algum valor; mas investir os seus esforços numa direção que não é escolha sua, gastar sua vida inteira acolhendo passivamente as escolhas de outros, é um preço muito alto.
Muitas pessoas se acomodam em suas crenças e valores básicos; têm medo de levantar questões, se sentem ameaçadas. Isto porque um nível maior de compreensão implica mudança de horizonte, abandono de velhas posturas, enfrentamento do novo, estabelecimento de outras prioridades, adoção de nova conduta. Um nível maior de compreensão de nós mesmos, do mundo que nos cerca, dos problemas da vida cotidiana, vai possibilitar que façamos a experiência da liberdade, que saiamos da segurança de verdades prontas. Vai possibilitar um vida autodirecionada, que é um desafio que nem todos querem aceitar.
A Atitude filosófica
Ser filósofo é se colocar contra os amantes de opiniões e se manter numa atitude permanente de busca da verdade, com o fim de obter uma compreensão mais profunda de si mesmo e do mundo. 
Quando, por exemplo, perguntamos “que horas são?” acreditamos em várias coisas que nunca foram questionadas por nós mesmos. Acreditamos que o tempo existe, que ele passa, que pode ser medido em horas, que o passado é diferente do futuro etc. Na nossa vida diária, em todas as nossas afirmações, recusas, desejos, anseios, estão embutidas uma série de crenças que nunca questionamos porque nos parecem naturais. Pois bem, alguém que decida interrogar a si mesmo procurando saber por que crê no que crê, por que sente o que sente, o que são as crenças e os sentimentos, está tomando uma atitude filosófica. A atitude filosófica começa como decisão de não aceitar como natural, como óbvia, como evidente, as idéias, crenças, valores, situações de nossa vida cotidiana, sem antes havê-los investigado e compreendido ((Chauí, 2001). 
A atitude filosófica é a decisão de fazer uma revisão das coisas que acreditava saber, a fim de buscar argumentos para aceitá-las ou refutá-las. É uma atitude de procura do saber, de busca permanente da verdade, de recusa a aceitar o mundo como algo evidente e natural. A ATITUDE FILOSÓFICA é, assim, uma atitude que:
Questiona a realidade, problematizando-a.
É inconformista. Não aceita o que parece óbvio ou aquilo que aparece como evidente.
É uma atitude crítica, isto é, não aceita nenhuma afirmação sem reconhecer sua legitimidade racional.
Implica sempre uma reflexão sobre problemas levantados pela existência cotidiana e uma tomada de posição.
Revela sempre uma insatisfação e procura de mais e melhor conhecimento.
Primeiro se volta para o mundo para perguntar sobre a origem, a essência e a significação das coisas ( O que é? Por que é? Como é?). Depois descobre que essas questões se referem à nossa capacidade de pensar. Então o pensamento se volta para ele mesmo e esse retorno do pensamento para pensar o já pensado é o que se chama REFLEXÂO FILOSÓFICA. 
A Reflexão Filosófica
Reflexão em latim é reflectere e significa retroceder, voltar atrás. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo. Refletir, então, é retomar o próprio pensamento, pensar o já pensado, colocar em questão o que já se conhece. Mas não é um pensar qualquer; não é aquela “paradinha” que costumamos fazer no cotidiano para repensar os nossos atos e seus significados. A reflexão filosófica tem características específicas:
A RADICALIDADE – A filosofia é um saber radical. Ela vai ao fundo nas suas dúvidas, procura a raiz dos problemas, o fundamento de todo o saber. E aí se distingue tanto do senso comum quanto da ciência. Do senso comum porque este é um saber superficial. Da ciência porque esta procura as causas próximas, a filosofia procura as causas primeiras. 
A AUTONOMIA – A filosofia é um saber autônomo. Isto significa que ela é um tipo de saber livre e independente, não se sujeita a qualquer constrangimento. Desse ponto de vista, podemos distingui-la do senso comum, pois neste tipo de saberaceitamos tudo que nos dizem e não pensamos por nós próprios. Mas, também podemos distinguir a filosofia da religião: a religião parte de verdades reveladas e é dogmática; a filosofia procura a verdade e é anti-dogmática. 
A UNIVERSALIDADE – A filosofia é um saber universal porque seu objeto de estudo é a totalidade da experiência humana, podemos filosofar sobre tudo que quisermos. Mas também é universal porque suas questões se colocam para a humanidade em geral. Ela também se distingue da ciência pela sua universalidade, pois enquanto o objeto da ciência é sempre parcelar, o objeto da filosofia é total. Veja um exemplo: a Física, investiga o movimento dos corpos; a Biologia, tem por objeto de estudo a natureza dos seres vivos; a Química, investiga as transformações substanciais. Cada ciência se volta para um setor da realidade. O objeto de cada ciência é um recorte, uma parcela do real. A ciência delimita o seu objeto de estudo. A Filosofia renuncia ao saber parcelado. Considera seu objeto do ponto de vista da totalidade; sua visão é uma visão de conjunto. Tudo que é pode ser objeto de estudo da Filosofia. 
A RACIONALIDADE - A filosofia tem como instrumento a RAZÃO, a capacidade intelectual para pensar e dizer as coisas como elas são. A RAZÃO se opõe a outras atitudes mentais, tais como a opinião, ao conhecimento ilusório proveniente de nossos costumes, de nossos preconceitos, da aceitação imediata das coisas tais como aparecem; opõe-se também à paixão, aos sentimentos, às emoções, que são cegas, desordenadas e contraditórias; opõe-se à crença religiosa, pois nesta a verdade é dada pela fé, é revelada. Daí porque os filósofos cristãos fazem uma distinção entre a luz natural da razão e a luz sobrenatural da revelação. Por fim, a razão se opõe ao êxtase místico, no qual há um rompimento com o estado consciente, há um abandono do intelecto e da vontade para mergulhar nas profundezas do divino.
A HISTORICIDADE – a Filosofia reflete a época histórica em que é produzida. Claro, se a filosofia trata de todos os problemas humanos, procurando uma resposta global e última (universalidade e radicalidade) também não pode deixar de expressar os problemas, o nível de desenvolvimento e os tipos de preocupações que são vividos por determinada época. 
Que tipo de problemas e preocupações você acha que a nossa época está vivendo e de que modo a filosofia pode contribuir?
Utilidade ou inutilidade da filosofia
As respostas às questões filosóficas não pagam as contas, não consertam o carro quebrado, não confere prestígio, fama ou riqueza. Seria, então, a filosofia inútil? Se considerarmos como útil aquilo que oferece resultados práticos imediatos, visíveis, que nos permite levar vantagem em tudo, então a filosofia é inútil e defende esse direito de ser inútil. Mas,como nos diz Marilena Chauí, “se considerarmos útil abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum, não se deixar conduzir pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos, compreender a significação do mundo , da cultura e da história, dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa prática que deseja a liberdade e a felicidade para todos, então podemos dizer que a filosofia é o mais útil de todos os saberes de que o ser humano é capaz”. 
Atitudes que despertam o filosofar 
A História da Filosofia nos oferece exemplos da atitude inicial do comportamento filosófico, aquele comportamento específico que leva o homem a se ocupar da filosofia, a sentir-se mesmo condenado a esta tarefa. Destaquemos, com base em Karl Jaspers, três atitudes, que talvez não sejam as únicas possíveis, mas que são encontráveis com certa freqüência em todo filósofo, em maior ou menor grau.
O Espanto, a Admiração. Esta primeira atitude vem da Grécia clássica. Espantar-se, admirar-se diante das coisas é próprio da condição humana. Platão e Aristóteles viam no espanto, na admiração,o impulso inicial de todo filosofar. No comportamento admirativo o homem toma consciência de sua própria ignorância; tal consciência leva-o a interrogar o que ignora, até atingir a supressão da ignorância, isto é, o conhecimento.
Nos textos abaixo, Platão e Aristóteles falam da experiência que dá origem ao filosofar: o espanto, a admiração, a perplexidade. Isso significa que a filosofia surge quando algo desperta a nossa admiração, espanta-nos, capta nossa atenção: 
“Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da lua, do sol e das estrelas, assim como da gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (por isso o amigo dos mitos é de certo modo filósofo, pois também o mito é tecido de maravilhas). Portanto, como filosofavam para fugir `ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária” 
(Aristóteles. Metafísica. A 982 b)
Teeteto – E, pelos deuses, Sócrates, meu espanto é inimaginável ao indagar-me o que isso significa; e, às vezes, ao contemplar essas coisas, verdadeiramente sinto vertigem.
Sócrates – Teodoro, meu caro, parece que não julgou mal tua natureza .É absolutamente de um filósofo esse sentimento: espantar-se. A filosofia não tem outra origem”. 
(Platão. Teeteto. 155 c 8) 
 A Dúvida – Descartes é o representante clássico desta segunda atitude. Segundo, ele, devemos rejeitar como falso tudo aquilo do qual não podemos duvidar. Neste comportamento a verdade é atingida através da supressão provisória de todo o conhecimento ou de certas modalidades de conhecimento, que passam a ser consideradas meras opinões. O objeto da dúvida cartesiana é encontrar uma primeira verdade impondo-se com certeza absoluta.Não atingiremos a verdade se antes não pusermos em dúvida todas as coisas. Descartes rejeita os dados dos sentidos: por vezes eles nos enganam; rejeita também os raciocínios: eles algumas vezes nos induzem a erros. Após duvidar de tudo, alcança a primeira verdade: o COGITO, o pensamento. Notando que esta verdade “eu penso, logo existo”, era tão firme e tão certa que nada poderia abalá-la, julgou que podia aceitá-la como o primeiro princípio da filosofia que procurava. Depois de esclarecer que ele existe com uma substância que pensa, uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que nega, que quer, que não quer, que imagina e que sente, Descartes descobre a segunda verdade: a existência de Deus. O exame de suas idéias levam-no a afirmar a existência de um ser perfeito, de Deus, que garante as verdades matemáticas e nos permite agir sobre o mundo. A res cogitans, a res infinita e a res extensa formam o tripé do constructo cartesiano. A dúvida metódica aguça o espírito crítico próprio da vida filosófica, e nisto reside a sua eficácia.
A Insatisfação Moral - Surge quando o homem cotidiano, que em seu comportamento habitual se encontra absorvido pelo mundo que o cerca, cai em si e pergunta pelo sentido de sua própria existência. O mundo exterior é abandonado em conseqüência de um sentimento de insatisfação, levando o homem a tomar consciência de sua própria miséria. Assim, por exemplo, mostra Epiteto quando escreve: “O princípio da Filosofia, para aqueles que se dedicam a esta ciência como deve ser (...) é a consciência de sua própria fraqueza e de sua impotência nas coisas necessárias”. 
A palavra Filosofia. 
A palavra Filosofia vem do grego. É formada por dois vocábulos: philo e sophia.
Philo vem de philia, que significa amizade, amor, respeito entre os iguais.
Sophia significa sabedoria; de sophia vem sophos, que quer dizer sábio. 
Segundo uma tradição que nos foi transmitida por Cícero, a palavra filosofia foi inventada por Pitágoras. Tendo sido chamado de sábio, ele protestou afirmando que somente os deuses eram sábios, e que o homem devia se contentar em procurar ser sábio. Não era sophos (sábio), mas philo sophos ( alguém que procura ser sábio).
Filosofia, portanto, significa amizade, amor e respeito pelo saber.
Filósofo é aquele que ama o saber. Ora, quem ama deseja o amado, busca o amado, tenta possuir o amado, está sempre no esforço de conquistar o amado; assim, podemos dizer que o filósofo, aquele que ama o saber, vive constantemente em sua busca, deseja possuí-lo. Nesse sentido, Filosofia é procura de saber. 
Sócrates: o reconhecimento da ignorância como início do saber. O não-saber socrático
Esse ideal de vida – de permanente busca do saber - foi encarnado por Sócrates. Para ele, o filósofo é aquele que sabe que não sabe. Os homens que julgam tudo saber sofrem de uma dupla ignorância: Primeira: não sabem; segunda: não sabem que não sabem. Daí a sabedoria socrática: consciente da própria ignorância, procura sempre saber mais.
Orientados, então, pelo sentido etimológico, podemos dizer que a filosofia é a busca constante do saber; não é posse do saber, mas busca constante. Portanto, a filosofia indica o estado de espírito de quem ama, indica uma atitude de procura permanente do saber, da verdade. Por isso, não podemos dizer que a Filosofia é um saber com conteúdo determinado, um conjunto de conhecimentos estabelecidos de uma vez por todas e que se possa aprender. O que se pode aprender é a filosofar, como bem disse Kant, um filósofo alemão do século XVIII. E filosofar é estar sempre a caminho por amor ao saber; é manter uma mente aberta, questionadora, é fugir da comodidade das respostas manipuladas e se manter na disposição de indagar sempre sobre o que o cerca, abrir perspectivas de reflexão sobre suas relações vitais, ideais e valorativas, questionar-se sobre si mesmo e sobre o próprio homem, sobre o mundo, dimensionar suas inquietudes, seus objetivos, sobre a razão e fim de ser de todas as coisas; é questionar pelo que faz cada coisa ser o que é. Amar o saber é se manter numa atitude constante de meditação sobre as coisas, sua verdade e o próprio ser da verdade. É reconhecer o destino humano de sempre aprender. É estar sempre em marcha, sempre a caminho, sem se acomodar supondo que já sabe porque está bem informado. Enfim, a filosofia, enquanto amor ao saber, é um aprendizado como exercício contínuo. Nesse sentido a Filosofia nem é dogmatismo, nem é ceticismo porque ambas são visões imobilistas do mundo: o dogmático se apega à certeza de uma doutrina e nela permanece; o cético anseia por uma certeza, mas conclui que é impossível qualquer certeza, sendo inútil a sua busca. Ora, o mundo muda, os acontecimentos se sucedem; a verdade filosófica não é dogma. Ela não pode ser absoluta. 
Absoluto vem do latim “absolutum”: ab = de; solutum = solto, desligado. Absoluto é o que está desligado de tudo, não precisa de nada, basta-se a si mesmo. Nosso conhecimento é sempre relativo porque depende de muitas coisas: depende da época em que vivemos, da cultura a que pertencemos, da educação que recebemos. Por mais que conheçamos, ainda há muito a conhecer! Por mais que compreendamos, ainda há muito a compreender. É por isso que a discussão filosófica nunca é uma troca de verdades, uma tentativa de convencer o outro; mas é sempre a tentativa de um de elucidar o pensamento para o outro, alargar perspectivas, abrir horizontes. Nesse sentido é uma discussão que “nem considera as oposições, nem tolera os acordos condescendentes”, como bem diz Martin Heidegger.
Sócrates vai consultar o oráculo de Apolo (deus da Luz, da Razão, do Conhecimento) para saber se era sábio; o oráculo (que era uma mulher, normalmente o oráculo é uma mulher – a sibila) pergunta o que ele sabia. Ele respondeu:
“Só sei que nada sei”
O filósofo é aquele que sabe que não sabe.
Quem tudo julga saber padece de dupla ignorância:
Não sabe
Não sabe que não sabe
O filósofo sabe que não sabe e consciente de sua ignorância procura saber sempre mais.
Filosofia e filosofias
Agora podemos fazer uma distinção entre a filosofia e as filosofias.
A Filosofia é única: é aquela atitude de sempre procurar o saber; portanto, enquanto procura de saber, a Filosofia é um esforço que está presente em todas as filosofias. Todas as filosofias, a de Platão, Aristóteles, Descartes, Kant, Nietzsche etc são resultados dessa procura; são expressões desse esforço na direção do saber, que é traduzido por cada filósofo naquela reflexão, naquela filosofia, que é exclusiva dele. 
O desenho de Keith Haring remete a essa distinção entre a filosofia e seu desdobramento nas diversas filosofias. A música (na filosofia o amor ao saber) é comum a todos os dançarinos (na filosofia o amor ao saber é comum a todos os filósofos) mas cada um dança de seu jeito ( na filosofia cada um expressa esse amor na sua reflexão pessoal)
Origem e começo da Filosofia
As questões filosóficas respondem a experiências reais que podem acontecer com os seres humanos a qualquer tempo; sua origem se encontra nos estranhos momentos cotidianos de admiração para conosco e para com o mundo. Mas foram os gregos antigos que primeiro articularam de forma clara essas experiências e, sistematicamente, tentaram achar respostas para as questões que elas pareciam levantar. Com isso queremos dizer que as formas filosóficas de questionamento tiveram seu começo na Grécia. Vejam: quando falamos em origem da filosofia estamos nos referindo ao espanto, à admiração que instiga a curiosidade e nos leva a procurar saber o por quê daquilo que provoca a nossa admiração. Quando falamos de começo da Filosofia, estamos falando de um acontecimento pontual, ocorrido na Grécia; estamos nos referindo ao modo de pensar específico que surgiu ali.
Isso não quer dizer que outros povos antigos, como por exemplo os chineses, os persas e os hindus não possuíssem sabedoria ou não tivessem desenvolvido o pensamento e formas de conhecimento da natureza e dos seres humanos. O que se quer dizer é que a Filosofia é um modo de pensar cujas características são completamente diferentes daquelas desenvolvidas por outros povos. A Filosofia, enquanto projeto grego, emerge de questões radicalmente diferentes e sua influência é decisiva e predominante na formação do pensamento ocidental. A maneira de pensar e explicar a realidade, a Natureza, a vida e as ações humanas, criada pelos gregos, tornaram-se próprias e específicas do ocidente, daí porque não podemos falar, por exemplo, de “filosofia chinesa”ou “filosofia hindu”. Há uma sabedoria oriental, mas Filosofia é sempre uma referência ao modo de pensar instituído pelos gregos e do qual somos, enquanto ocidentais, herdeiros.
Esclarecendo melhor, quando dizemos que a origem da filosofia é o espanto, a admiração, a perplexidade, isso não significa, como bem diz o filósofo alemão Martin Heidegger, que um dia os homens se espantaram, começaram a filosofar e, tão logo a filosofia se pôs em marcha, o espanto, como impulso, desapareceu. O que se quer dizer é que a filosofia exige uma certa dose de admiração infantil diante do mundo; ficar admirado conosco e com o que nos rodeia é deixarmo-nos tocar por um certo tipo de curiosidade que nos conduz a sair da estreiteza mental que nos leva a aceitar o mundo tal qual é, como uma coisa dada, óbvia, natural. Nesse sentido, ontem como hoje, o espanto perpassa a filosofia. O problema é que no mundo de hoje, recebemos uma carga de informação muito grande e , empanturrados de informação, julgamos que sabemos e vamos , pouco a pouco, perdendo nossa capacidade de admiração, vendo o mundo como algo natural, normal, evidente. Ficamos habituados com o mundo. 
	Quando falamos de começo da filosofia, estamos fazendo uma referência cronológica; indicamos o nascimento da filosofia na Grécia, entre o final do século VII e o início do século VI aC.
Antes, porém, do surgimento do questionamento do tipo filosófico, podemos dizer que os povos organizavam e dirigiam suas vidas não utilizando a habilidade de pensar racionalmente, mas acreditando mais em sonhos, augúrios, presságios. 
O mundo, antes da Filosofia, era um mundo encantado,animado por espíritos bons e maus, que se comunicavam com os humanos através de uma linguagem somente legível para poucos iniciados. O real era interpretado através do mito.
Recomendação de Leitura: O conto A BELA E A FERA ou A FERIDA GRANDE DEMAIS, de Clarice Lispector. 
Por quê estudar filosofia?
Porque a filosofia nos liberta de aparências, dogmas, hábitos, falsas opiniões, opiniões ingênuas, crenças e preconceitos do senso comum.
Os conhecimentos humanos
Os conhecimentos humanos são diversos e expressam o esforço do homem para compreender e interpretar o mundo. O senso comum, a arte, a religião, a ciência , a filosofia são formas de conhecimento, distintas umas das outras.
O senso comum – É o conjunto de concepções geralmente aceitas como verdadeiras em determinado meio social. 
Características do senso comum: 
conhecimento ingênuo, adquirido sem base crítica, coerente e sistemática
é fragmentário (difuso, assistemático)
sujeito a incoerências
resistente às mudanças
superficial, formado de juízos não-aprofundados retirados da experiência cotidiana com as coisas, capta as aparências; não nos dá a conhecer a estrutura do real.
é uma atitude natural, caracterizada pela falta de fundamentação sistemática. As pessoas não sabem o porquê dessas noções,
é um conhecimento desprovido de rigor
subjetivo – é o próprio sujeito que organiza os conhecimentos
acrítico – contenta-se com os conhecimentos imediatos, não estimula o espírito crítico.
espontâneo – Surge da nossa experiência vulgar
sensível – é elaborado a partir de nossas vivências, dos estados de alma, ou das emoções que a vida cotidiana nos proporciona.
empírico – é um conhecimento que se assenta na experiência de vida, nos conhecimentos que passam de geração em geração, nos sentidos. 
O senso comum é, entretanto, um conhecimento utilitário, pois serve para que o homem compreenda o mundo que o rodeia; serve para que o homem aja sobre a realidade; permite-lhe viver; orienta as atividades cotidianas do homem. É um saber não sistematizado , capaz de guiar o homem na busca de elementos indispensáveis para sua sobrevivência; é o guia do homem na solução de suas dificuldades diárias. 
A ciência – É uma atitude construída. Características do conhecimento científico:
Objetividade
Linguagem precisa e rigorosa
Utilização de um método (procedimentos e meios para obtenção de um fim)
Uso de instrumentos (para ultrapassar a percepção imediata da realidade e fazer uma verificação objetiva)
Formula hipóteses que são colocadas à prova do raciocínio e da testabilidade empíricas
A religião – parte de verdades reveladas ; baseia-se na fé e é dogmática.
A arte – é uma interpretação do mundo com base na intuição. 
“ Somente a pretensão de letrados poderia converter as intuições do senso comum em experiências dignas de esquecimento, a pretexto de dogmatizar a verdade e de cristalizar a livre circulação dos conhecimentos. Se a toga e suas conquistas podem representar uma evolução da humanidade, que se libertou de antigas deficiências, que conseguiu inverter a situação de opressão com relação aos elementos da natureza, que galgou uma nova forma de organização dos sistemas de conhecimento e relação com a natureza... ainda assim não se faça dela o novo símbolo de opressão da humanidade. Sua função deve estar vinculada a necessidades e carências humanas e sociais, bem como suas limitações estão sugeridas pelas próprias deficiências e relatividades que caracterizam a humanidade. Quando pelo poder criativo racional, científico ou filosófico o homem quer fazer-se deus, aí se inicia sua investida contra si próprio por um poder que não possui, ou seja, o poder de controlar variáveis”. (Bittar)
A FILOSOFIA NÃO É UM SABER.
A filosofia não é um corpo de doutrinas dado de uma vez por todas; 
não é um saber acabado, com determinado conteúdo, 
não é um conjunto de conhecimentos estabelecidos de uma vez por todas. 
Kant: (séc. XVIII) “ Não há filosofia que se possa aprender. Só se pode aprender a filosofar” . A filosofia é um pensar permanente, é uma atitude, ela questiona permanentemente o saber instituído. 
O que marca a filosofia não é a posse da verdade, mas a BUSCA. 
Ela é exercício de curiosidade
Necessidade de saber mais sobre nós mesmos e sobre o que nos rodeia.
É exercício de fazer perguntas, de levantar questões. As questões são idéias que guiam nossa curiosidade em direção a respostas.
20 .As questões da Filosofia
Sabemos que há diferentes tipos de questões. Algumas são consideradas importantes e significativas, enquanto outras parecem não ter conseqüências. Na sociedade atual, são consideradas grandes questões somente aquelas que requerem aquisição e análise de um grande conteúdo de informação. Podemos chamá-las, por exemplo, de questões técnicas, que são aquelas cujas respostas dependem da busca sistemática de informações, ou seja, dependem de fatos facilmente codificados em dados. Essas questões são geralmente respondidas por “especialistas” que coletam dados, administram questionários e são considerados aptos para encontrar as respostas. Numa sociedade dirigida por técnicos, as questões do cotidiano, aquelas que brotam do espírito humano, aquelas que não podem ser respondidas por nenhum acúmulo de dados, que ocupam a nossa mente durante a maior parte de nossa vida, que emergem da vida comum, vão perdendo o relevo e a importância; e surgem como questões tão comuns e triviais que não vale a pena examina-las detalhadamente. Para que possamos entender a filosofia, é preciso perceber que esses dois tipos de questões estão em conflito mútuo. Esse conflito pode ser expresso de outra forma: ciência versus senso comum. Isso significa que no nosso mundo é como se coexistissem duas culturas antagônicas: a do especialista e a do leigo, cabendo à ciência corrigir as deficiências do senso comum; passa-se, então, a se acreditar que todos os grandes problemas da vida podem ser resolvidos pelos especialistas, armados com seus arsenais de habilidades técnicas.
Algumas vezes, entretanto, as questões do cotidiano assumem uma escala e uma significância tais que parecem diminuir completamente todas as outras. Às vezes, por exemplo, depois de decidirmos que temos que fazer aquela visita ou enfrentar aquela tarefa incômoda, podemos nos perguntar: Como devo viver a minha vida? Essa , claramente, não é uma questão técnica; nenhum acúmulo de dados pode respondê-la. Tampouco será suficiente o senso comum, o conhecimento usual, cotidiano, que temos acerca de nós mesmos e daquilo que nos cerca. Trata-se de uma questão radicalmente diferente, pois exige que ultrapassemos nossas preocupações banais para que vejamos o mundo e a nós mesmos como somos, sem os preconceitos de nossa vida comum. Quando as coisas se põem sérias pra valer, nós nos deparamos com este tipo diferente de questão. São as questões filosóficas. Elas se diferenciam das demais questões por se tratarem de inquietações mais profundas e essenciais do espírito humano, da sua relação com o mundo, da sua existência. Questiona o que, como e por que, buscando o sentido das ações, indo à gênese do pensamento humano, aos fundamentos, sem a preocupação de produzir benefícios práticos ou econômicos mas, sobretudo, espirituais. Elas surgem dos problemas da existência cotidiana, podendo parecer tão estranhas e desconcertantes que quase desafiam explicações. As questões filosóficas diferem das questões técnicas. As questões técnicas, para serem respondidas, precisam apenas de informação, coleta de dados, aplicação de questionários por parte de especialistas. As questões filosóficas, diferentemente, exigem REFLEXÃO. E por serem questões do cotidiano, por serem uma variedade especial de questões do cotidiano, todos, em algum momento de sua vida, filosofam! Não é necessário ser um especialista para ser filósofo! Filósofos são amantes da sabedoria; buscam a verdade. Mas a verdade dos filósofos não é aquela comum e não examinada, que pode ser extraída da opinião de jornalistas, de políticos,de tecnocratas, pode ser fruto de modismos, da televisão etc. 
	De forma resumida podemos dizer que há quatro tipos de questões filosóficas
Questões metafísicas – São as questões sobre a natureza básica das coisas, sobre o que as coisas realmente são. Exemplo: “O que é o tempo?” , “O que é coisa?”
Questões epistemológicas – São as questões relativas à noção de conhecimento ou crença; enfocam não como as coisas são, mas como podemos conhecê-las. Ex: “Qual a fonte confiável de conhecimento?”
Questões éticas – São as questões sobre a natureza da vida correta ou virtuosa, que focalizam o problema de como viver as nossas vidas. Ex: O que é o bem? Qual a origem dos valores morais? O homem é livre ou determinado? 
Questões políticas – São as questões sobre a natureza da sociedade justa. Ex: Qual o fundamento do poder político? Por que existem indivíduos que mandam e outros que obedecem? Em que condições é legítimo obedecer? 
Mas, é preciso dizer que a filosofia busca responder as questões fundamentais da vida cotidiana usando abordagens e métodos próprios. O processo pelo qual os filósofos procuram as respostas para essas questões é conhecido, como já foi dito, como reflexão. A reflexão busca os pressupostos ou os fundamentos de todos os nossos modos cotidianos de ser. 
Resta-nos ainda dizer que filosofar exige uma certa dose de admiração, de curiosidade, de perplexidade diante do mundo; exige um estado de surpreender-se diante de coisas que a maioria das pessoas tem como certas. A filosofia começa com esse sentimento de admiração para conosco e para com o mundo que nos rodeia. Se você se sente insatisfeito e desencantado com a forma como o mundo de hoje responde a suas grandes questões, se você se pergunta sobre a natureza de uma vida correta, de uma sociedade justa, sobre o sentido da vida humana, sobre como alcançar a felicidade, se Deus realmente existe, se somos livres ou se nossas ações são determinadas pela genética ou pelo meio ambiente, como realmente conseguimos saber algo, por quê há tanto mal no mundo, entre outras coisas, então você já está a caminho de se tornar um filósofo. Alguns obstáculos podem impedir a realização dos objetivos que a Filosofia visa. Deles a Filosofia se distingue e se distancia: o mito, a mistificação e a ideologia. A Filosofia se distingue do mito porque este incorpora relatos fabulosos, recorre ao sobrenatural na tentativa de explicar o mundo.A filosofia faz um uso metódico da razão. Quando tratarmos do pensamento mítico vocês verão que a filosofia não pretende negar o mito, mas os falsos mitos. Platão dá um novo sentido e uso ao mito.Utiliza-o como meio pedagógico, para nos fazer ascender ao mundo verdadeiro das idéias, do qual, segundo ele, o mundo sensível é apenas cópia imperfeita. A mistificação é o ofuscamento do verdadeiro problema e das soluções para o mesmo através de artifícios e subterfúgios, do mal uso da linguagem, da dissimulação de motivos, do apelo às emoções. A obliteração da reflexão filosófica ocorre ainda com mais força no caso da ideologia. Esta dissimula a própria realidade e seu significado. Segundo Marx, a ideologia é uma forma de conhecimento ilusório, que mascara os conflitos sociais. Ela teria importante influência nos jogos de poder e na manutenção dos privilégios que dão forma à maneira de pensar e de agir dos indivíduos na sociedade. A ideologia se faz presente em diversos campos de atuação: na propaganda, nas histórias em quadrinhos, nos provérbios populares etc. O conteúdo de algumas frases que ouvimos no cotidiano pode ser ideológico, como por exemplo: “Se este comportamento está estabelecido por lei, concluímos que é justo e legítimo”. Ora, sabemos que, embora amparados por lei, o comportamento dos soldados nazistas não tinha nada de justo nem de legítimo. Nem tudo que é legal é legítimo. “O trabalho dignifica o homem”: ora, vemos que nem sempre isso ocorre; às vezes coisifica-o, transforma-o num objeto, faz o homem perder a dignidade.
Questões Técnicas – Aquelas cujas respostas requerem a busca sistemática e a análise de informações (referem-se a fatos facilmente codificados em dados).
 Na sociedade da informação são as únicas consideradas importantes., porque o poder político pertence aos que dispõem de recursos financeiros e intelectuais para usar as informações; as questões são apropriadas e controladas pelos que detêm o poder. Dissemina-se a crença de que todos os grandes problemas da vida podem ser resolvidos por tecnocratas ( técnicos em poder e habilidade cada vez mais responsáveis pelas decisões importantes enfrentadas pelas sociedades modernas.- 
Questões filosóficas - São questões que emergem do cotidiano da existência humana, mas se diferenciam das demais questões por tratarem de inquietações mais profundas e essenciais do espírito humano, da sua relação com o mundo , da sua existência. Questiona o que, como e por que, buscando o sentido das ações, indo à gênese do pensamento humano, aos fundamentos, sem a preocupação de produzir benefícios práticos ou econômicos, mas sobretudo espirituais. As questões filosóficas instigam a razão e o espírito humanos. Diferem das questões técnicas, pois estas para serem respondidas precisam apenas de informações, coleta de dados, aplicação de questionários por parte de especialistas. As questões filosóficas, diferentemente, exigem reflexão. 
21.A Alegoria de Pitágoras e o modo de ser do filósofo Utilizando-se de um simbolismo alegórico, Pitágoras referes-e a três tipos de pessoas que comparecem ao estádio para os jogos olímpicos: as que iam para comerciar, as que iam para competir e as que iam para contemplar. O filósofo não é movido por interesses comerciais, nem pelo desejo de competir.Do mesmo modo, a percepção do todo não é dada àquele que atua, que age, que pratica alguma atividade no estágio. Assim, o filósofo se assemelha 
àquele que contempla, pois enxergar com distanciamento, ter a visão completa do horizonte, adentrar todos os quadrantes do observado são características daquele que contempla e não daquele que está imiscuído com os procedimentos da ação e com os resultados da mesma. Ele não é movido pelo desejo de disputar, de concorrer, mas apenas de saber; ele participa como espectador dos acontecimentos.Mas é preciso salientar que a filosofia não é inimiga da ação. Toda ação pressupõe uma decisão e essa atitude de observador externo do filósofo, que lhe dá a visão privilegiada das ocorrências, é importante e valiosa porque ela ilumina a decisão. A ação jurídica, por exemplo, reclama decisões; e para que o direito não se converta num tecnicismo decisório, há que se valer da filosofia, a quem cabe a investigação dos fundamentos da decisão. 
22. A filosofia é RISCO (pensar envolve perigos)
Às vezes tudo parece estar bem e estamos satisfeitos com nossa vida. De repente, somos defrontados com questões complexas, aparentemente sem solução, e entramos em crise. A crise é um momento doloroso, um estado de incerteza e de instabilidade.A vida parece não ter mais sentido. Somos retirados da segurança de verdades prontas e referências habituais. A crise é oportunidade de reflexão, mudança e de transformação. Mas a mudança exige coragem para o enfrentamento do novo e do desconhecido. 
“A filosofia que se compromete, que afronta a neutralidade oficial das etiquetas exibidas pela respeitabilidade institucional, terá de assumir-se como risco.
Mas risco que não seja a partida inútil ou eficaz. Risco que lhe dê um sentido atuante, um destino de luta, um projeto axiológico. Risco que penetre na raiz das coisas e das gentes, procurando o ponto de partida de nossa aculturação plasmada no cotidiano que todos os dias vamos vivendo. Descobrir a raiz, interpretá-la sem receio das ortodoxias circulantes, descobrir-lhe a significância ou a insignificância, desvendamento do solo em que pisamos, do ar que respiramos, do mundo em que vivemos.” ( Maria Carmelita Homem de Sousa, As Ilusões da Razão, Porto, Brasília Editora, 1986, pp.170-171)
Filosofia é disposiçãopara a vertigem :
Vertigem – estado em que a pessoa tem a sensação de que tudo gira ao seu redor.
Vertiginoso – que perturba a serenidade
A filosofia é disposição para ver de outro jeito o que se passa a sua volta; disposição para perder o prumo. Todo mundo pode filosofar, basta ter disposição para olhar diferente o que se passa ao seu redor.. 
Vertigo - Torre do Prazer (1930) obra do pintor surrealista Salvador Dali. Entregar-se ao amor pelo saber exige disposição para a vertigem. Na vertigem corre-se o risco da queda, mas abre-se também a possibilidade de ter prazer com o movimento. 
24.Os alunos estão certos: a Filosofia é “viagem”
Alguns alunos costumam dizer que a filosofia é viagem. De certo modo eles têm razão. Charles Feitosa, Doutor em Filosofia pela Universidade de Freiburg, nos dá indicações para compreendermos melhor essa “viagem” da Filosofia. Fazer filosofia é viver como um nômade, sem território fixo. Mas, será que não vale a pena embarcar nessa experiência, assumir esse risco? O que é uma viagem? Uma viagem é, a princípio, uma oportunidade excepcional de se encontrar com aquilo que não é habitual, familiar, nas suas mais variadas manifestações, desde o clima, comportamentos, vocabulário, culinária. Viajando, nós damos um mergulho admirado no que é “outro”, no que é “diferente”. Viajar é abandonar a segurança de nossas casas e a identidade garantida por nossos pertences, nosso trabalho, nossa família e nossa rede de amizades.È permitir que a força do inesperado nos arrebate, é ir ao encontro do novo. A Filosofia também é retirada da segurança de verdades prontas, de hábitos de pensamento, das evidências e crenças do senso comum. A viagem filosófica ajuda a relativizar as verdades, reavaliar os nossos valores, faz circular as idéias. Embora a atitude do filósofo e do viajante se assemelhem, no sentido de que ambos se desembaraçam da rotina de trabalho e diversão para se deixarem envolver pela atmosfera de admiração pelo mundo, há uma diferença. A diferença entre o filósofo e o viajante é que o viajante se surpreende com os aspectos mais incomuns, mais inusitados dos lugares que percorre, e o filósofo se espanta principalmente com os acontecimentos tidos por evidentes e banais à sua volta. Aquele que viaja é retirado do seu lugar habitual. O hábito é como um véu que cobre as questões, as relações, o estado de coisas. Faz tudo ficar bonito e tranqüilo. É preciso suspeitar dos hábitos! Viajar, como filosofar, é retirar o véu do hábito que repousa sobre o mundo. O Prof. Charles Feitosa lembra Nietzsche, para quem o filósofo, tem que se educar “através de viagens” e que tudo depende de como se viaja. Numa obra intitulada Humano Demasiado Humano, Nietzsche diz que há cinco tipos de viajantes:
Os que, nas viagens, querem mais ser vistos do que ver.
Os que realmente vêem algo no mundo.
Os que vivenciam alguma coisa em função do que é visto.
Os que incorporam e carregam consigo as vivências da viagem.
E, finalmente, os de maior força, aqueles que colocam as experiências incorporadas de novo para fora, através de ações e de obras logo que voltam para casa. 
O 
senso comum
 é um tipo de saber que é:
Uma atitude natural
Ingênua
Espontânea
Acrítica
Passiva
Superficial
FamiliarO segredo da filosofia e de toda viagem está, portanto, na capacidade de se deixar atravessar por aquilo que atravessamos no caminho (FEITOSA, 2004). 
A 
Filosofia
 liberta-nos 
de :
Preconceitos
Aparências
Dogmas
Hábitos
Falsas opiniões
Opiniões ingênuas
Crenças
Essa atitude de procura do saber, de busca permanente da verdade é o que caracteriza a atitude filosófica. A ATITUDE FILOSÓFICA é, assim, uma atitude que:
Questiona a realidade, problematizando-
a
É inconformista. Não aceita o que parece óbvio ou aquilo que aparece como evidente.
É uma atitude crítica
Implica sempre uma reflexão sobre problemas levantados pela existência cotidiana e uma tomada de posição.
Revela sempre uma insatisfação e procura de mais e melhor conhecimento.
Preparação para a participação na II FLORADA FILOSÓFICA/II SEMINARIO MÚSICA E DIREITO. TEMA: A IMPROVISAÇÃO NA MÚSICA E NO DIREITO.
DIÁLOGOS : DIREITO E MÚSICA 
Ambos são esforços de criação e regulação; impulsos para reinvenção da vida.
A partitura está para a música como a lei está para o direito. Reproduzir o conteúdo da partitura e da lei necessita da criatividade e do sentimento do intérprete. Tanto a música quanto a lei são resultados de processos de interpretação que não se esgotam porque se voltam para a vida. 
A palavra sentença vem de sentir, de sentimento. O direito não é somente uma coisa que se pensa, mas, como a música, é também algo que se sente. 
A música está associada à face perversa da humanidade, em que a destruição e a morte se faziam presentes. A música nasce do grito de dor, da busca pela sobrevivência, da luta para resistir ao controle do outro. A lei também surge da dor, da necessidade de conter o conflito, de solucionar a guerra. 
“ Será vã a lenda de Lino, durante as lamentações por sua morte,
A primeira música ousou penetrar a rigidez da matéria
E então, no espaço cheio de espanto onde o jovem quase divino
Repentinamente desapareceu para sempre, o vazio
Começou a vibrar
Naquele ritmo que agora nos arrebata, nos consola, nos ajuda.” (Rainer Maria Rilke, na Primeira Elegia de Duíno)
A harmonia na música se constrói de sons consonantes e dissonantes. O Direito também se constrói de conflitos. 
No direito e na música há uma vocação para dominar o tempo. Há também o estabelecimento de linhas para marcar a distribuição dos espaços, reger a divisão das forças e a sua percussão. 
Leitura, compreensão e interpretação em Sala de Aula do texto DIREITO AO SABOR DO JAZZ, do PROF. PAULO FERREIRA DA CUNHA (Univ. do Porto – Portugal).
O JAZZ
Multiplicidade de músicas, espaços e etnias. Influência da música dos negros e da música de raiz ocidental.
Berço: New Orleans, no delta do Mississipi. Confluência de culturas e músicas (franceses,ingleses, espanhóis, americanos, africanos).
Apesar da origem cultural e espacial específica, não se tornou uma música étnica. 
Há uma polivalência na linguagem musical do jazz. Muitos estilos (New Orleans, Be-bop, Cool Jazz, Free jazz, Third Stream, Fusion, Jazz Rock, Latin Jazz etc), muitos intérpretes (Louis Armstrong, Charlie Parker, Charles Mingus, Duke Ellington, Telonius Monk etc) , mas que ainda têm como jazz a música que fazem. 
Improvisação, liberdade e multuculturalismo no jazz.
Os BLUES e a introdução das “blue notes”; as músicas religiosas protestantes; o ragtime – a convivência de músicas tocadas, dançadas e executadas por pessoas tão diferentes e a interpenetração das influências 
O DIREITO
A insuficiência do positivismo legal para compreender e interpretar o fenômeno jurídico tem sido uma constatação óbvia e freqüente nas faculdades de direito contemporâneas. Na busca de novos modelos epistemo-metodológicos para a juridicidade, o Direito tem procurado aproximar-se cada vez mais de outros saberes em busca de diálogo. É assim que, a partir da década de 1990, o surgimento de várias matizes do movimento “Law and ...” – tais como o Law & Society, o Law & Literature e o Law & Humanities –, provocou uma onda de larga disseminação de estudos estético-culturais sobre o fenômeno jurídico. Desde então, não tem sido incomum encontrar-se nas Faculdades de Direito cursos e bibliografias dedicados a temas até então pouco familiares à dogmática jurídica, como arte, ópera, teatro ou poesia. 
Tensão entre regulação e emancipação
Direito e multiculturalismo
 TALVEZ O JAZZ TENHA ALGO A DIZER AO DIREITO. RESTA SABER SE O DIREITO QUER OUVIR!
Os músicos de jazz dão o exemplo de como improvisar face a um tema e uma estrutura relativamente estável. Todas as vezes que se toca há nuances novas. A diferença não é encarada como um valor em si que justifique um desenvolvimento separado, mas é encarada como riqueza. 
Sugestão deLeitura: DIREITO E MÚSICA – UMA METÁFORA, de autoria da Profª Dra. Mônica Sette Lopes (UFMG)
Sessão de músicas com vistas ao conhecimento da linguagem musical do jazz:
When the Saints – Louis Armstrong
Saint Louis Blues – Glenn Miller
Stuffy (Mainstream) – Coleman Hawkins
Careless Love Blues – Dinah Washington 
Street Theme – Dizzy Gillespie
Clarinet Lament – Duke Ellington 
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