Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS AGNELO S. LIMA ALEXANDRE MAGALHÃES ANDRÉ CARLOS CARLA LUANA XAMPINE FERNANDA TAVARES GILBERTO CALDERUCCI JULIANA LAYRA DA FONSECA MATHEUS ZUCATO MICHAEL MAXIMIANO MICHELL PIAZZA PAULO HENRIQUE VIEIRA VICTORIEN GERARDO PEDRO HENRIQUE MAIA DE LIMA NATHALIA GONÇALVES SIMÕES LUIS LE GUERROUE ROGER OLIVEIRA KAINÃ GABETTA DANILO VALIM FAGUNDES EHD604 – Fundamentos em Oceanografia Física Itajubá, 2017. UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ INSTITUTO DE RECURSOS NATURAIS AGNELO S. LIMA ALEXANDRE MAGALHÃES ANDRÉ CARLOS CARLA LUANA XAMPINE FERNANDA TAVARES GILBERTO CALDERUCCI JULIANA LAYRA DA FONSECA MATHEUS ZUCATO MICHAEL MAXIMIANO MICHELL PIAZZA PAULO HENRIQUE VIEIRA VICTORIEN GERARDO PEDRO HENRIQUE MAIA DE LIMA NATHALIA GONÇALVES SIMÕES LUIS LE GUERROUE ROGER OLIVEIRA KAINÃ GABETTA DANILO VALIM FAGUNDES EHD604 – Fundamentos em Oceanografia Física Trabalho de campo submetido ao professor Prof. Dr. Alessandro Luvizon Bergamo, como requisito parcial para aprovação na disciplina de Fundamentos em Oceanografia – EHD604, do curso de graduação em Engenharia Hídrica da Universidade Federal de Itajubá. Itajubá, 2017 Sumário 1 – Introdução .......................................................................................................................................... 4 2 - Metodologia ........................................................................................................................................ 5 2.1 Medições na balsa .......................................................................................................................... 5 2.2 Medições na praia .......................................................................................................................... 7 3. Caracterização meteorológica ............................................................................................................. 8 3.1 Precipitação .................................................................................................................................... 9 3.2 Temperatura ................................................................................................................................ 10 3.3 Pressão ......................................................................................................................................... 11 3.4 Umidade relativa .......................................................................................................................... 12 4 Caracterização do continente ............................................................................................................. 13 4.1 Delimitação da Bacia .................................................................................................................... 13 4.2 Região Hidrográfica da Vertente Litorânea do Estado de São Paulo .......................................... 15 4.4 Topografia .................................................................................................................................... 15 4.5 UGRHI 03 – Litoral Norte.............................................................................................................. 16 4.6 Tipo e Uso do solo ........................................................................................................................ 18 4.7 Disponibilidade e Demanda dos Recursos Hídricos ..................................................................... 19 4.8 Dinâmica Demográfica e Social .................................................................................................... 20 4.9 Saneamento – Efluentes Domésticos .......................................................................................... 21 4.10 Qualidade da Água ..................................................................................................................... 23 5. Caracterização do Oceano ................................................................................................................. 26 5.1 Circulação ..................................................................................................................................... 26 5.2 Regime de marés.......................................................................................................................... 36 5.3 Nível do mar ................................................................................................................................. 41 6. Resultado do campo .......................................................................................................................... 47 6.1 Medição na praia ......................................................................................................................... 47 7. Análise dos resultados ....................................................................................................................... 50 7.1 Medições na praia ........................................................................................................................ 50 8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 51 1 – Introdução Os ecossistemas costeiros são ambientes influenciados por processos continentais e marinhos, que interagem através de variáveis físicas, químicas, biológicas, climáticas e antrópicas, as quais se inter-relacionam de maneira complexa, estabelecendo um equilíbrio dinâmico (Souza, 2001). Dentre esses ecossistemas, as praias oceânicas são os mais dinâmicos e sensíveis, pois dependem também de uma ampla variação em escala temporal, entre curtas flutuações (diárias, semanais e mensais) e flutuações de longo período (até milhares de anos). As praias oceânicas constituem um conjunto de zonas ou setor denominado de sistema praial, o qual é geralmente representado em duas dimensões, através da diferenciação dos respectivos processos que ocorrem em cada zona ao longo de um perfil transversal à linha de costa (Souza et al., 2005). Este perfil apresenta como limite superior ou interno (no sentido do continente) a linha de vegetação permanente ou qualquer alteração fisiográfica brusca (falésia, duna ou mesmo estruturas construídas pelo homem como muretas, muros, anteparos etc.), e limite inferior ou externo (no mar) o nível base de ação das ondas normais, ou profundidade de fechamento da praia. Abaixo desta área está a zona de transição para a plataforma continental interna (zona de costa-afora), sendo o limite entre ambas o nível base das ondas de tempestade. As praias oceânicas variam suas características físicas (granulométricas e morfológicas), e até certo ponto também as bióticas, em função de condicionantes geológicos, geomorfológicos e oceanográficos locais. Dentre os principais condicionantes geológicos- geomorfológicos estão as características fisiográficas da planície costeira e da plataforma continental adjacentes à praia. Os condicionantes oceanográficos, que de certa forma também dependem da fisiografia costeira, determinam o clima de ondas (ex. altura e período das ondas) e as condições de maré e vento, sendo fortemente influenciados pela dinâmica climática regional. Os fatores meteorológicos/climáticos têm maior influência nas variações do nível do mar (de curto e longo períodos) e na atuação dos ventos, agindo no comportamento do clima de ondas e, consequentemente, interferindo nas característicasdas correntes costeiras. Os fatores oceanográficos /hidrológicos envolvem a ação de ondas e marés, e as correntes geradas por esses agentes. O presente trabalho aborda o estudo que foi realizado durante a viagem de campo da turma de oceanografia física da Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) no município de Ubatuba mais exatamente na praia de Itamambuca (23° 24′ S – 45° W) relacionado à coleta de dados meteorológicos e físico-químicos. 2 - Metodologia Para a realização das medições no estuário do rio Itamambuca foram determinadas duas áreas de estudo correspondentes a região da balsa do camping e a região final do estuário na praia. A turma de 16 alunos foi dividida em 4 grupos, dividindo o período de 12 horas de trabalho da forma representada na Tabela 1. Tabela 1 Logística das medições Horário Medições na praia Medições na balsa 06:00 – 09:00 Equipe 1 Equipe 2 09:00 – 12:00 Equipe 3 Equipe 4 12:00 – 15:00 Equipe 2 Equipe 1 15:00 – 18:00 Equipe 4 Equipe 3 2.1 Medições na balsa Na região da balsa foi instalada uma corda atravessando a calha do rio, sobre a qual foram delimitados e sinalizados intervalos de 5 metros numa distância total de 40 metros, foi também instalada uma régua próxima a margem do rio a fim de se medir as variações da maré da região. Com a delimitação dos intervalos de medição foi definido um tempo de 30 minutos para a realização das medições em todos os intervalos, começando as 06:00 h e finalizando as 18:00 h. Em cada intervalo de medição foram realizadas medidas em superfície, meio e fundo de PH, condutividade, oxigênio dissolvido, temperatura e salinidade através de uma sonda multiparâmetros, foram também anotadas as medidas de profundidade de cada ponto amostrada através da graduação presente no fio da própria sonda. Foram também delimitados os intervalos correspondentes a 10, 25 e 35 metros, nos quais foi realizada a medição de velocidade superficial com o auxílio de um molinete. A Figura 1 mostra a medição sendo realizada por uma das equipes. Figura -1 Realização das medições na balsa. Após a realização das medições, cada equipe passou os dados obtidos para uma planilha de Excel. 2.2 Medições na praia Ao chegar ao local de medição dos dados meteorológicos, instalou-se o equipamento de medida (estação meteorológica), fixando o mesmo no solo através de uma estaca de metal central e de três auxiliares que formaram, em área, um triângulo, para dar estabilidade física ao equipamento, conforme mostrado na figura 2. Figura -2 Equipamento meteorológico utilizado, já fixado no chão e estabilizado fisicamente. O equipamento possui um visor principal, na base, além um equipamento remoto visor e outro medidor portátil de temperatura do ar. O medidor portátil deveria ser mantido próximo à estação, enquanto o equipamento remoto visor disponibilizava os dados medidos na estação, como vento, direção do vento, temperatura do ar, umidade relativa, pressão relativa, pressão absoluta e pluviometria. Os dados eram medidos e anotados a cada 15 minutos. O operador também anotava as condições climáticas observáveis à olho nu, isto é, se estava nublado, chuvoso, ensolarado, etc. Ao final das medições, totalizando o tempo total de 12 horas consecutivas, o equipamento foi retirado do local e guardado de acordo com as recomendações técnicas. 3. Caracterização meteorológica A região litorânea de Ubatuba analisada possui um clima do tipo Tropical Litorâneo Úmido ou Tropical Atlântico. Este tipo de clima está localizado entre os estados do Paraná e Rio Grande do Norte. As principais características deste tipo de clima são: • É influenciado pela umidade do Oceano Atlântico; • As temperaturas variam de acordo com a latitude. Nas cidades localizadas ao norte do país, a temperatura média é de 26°C, já as localizadas ao sul, atingem médias de 22°C. • A variação de pluviosidade também ocorre de acordo com a latitude. Nas cidades do Nordeste, o maior índice de chuva ocorre no inverno e no Sudeste ocorre no verão. • No clima Tropical Atlântico atuam 3 massas de ar: 5. Massa Polar Atlântica – Maior influência no inverno, atua do sul do Brasil até o centro do litoral nordestino. 5. Massa Tropical Atlântica – atua principalmente no litoral das regiões sul e sudeste. 5. Massa Equatorial Atlântica - atua principalmente nos litorais do norte e nordeste. 3.1 Precipitação A região de estudo possui chuvas bem distribuídas durante todo o ano sem possuir estação de seca. A precipitação média anual atinge valores próximos de 2600 mm, e possui valores médios de 6 a 8 mm diários. Através dos dados históricos determinou-se que no dia 22 de janeiro de 1976 a região obteve o maior valor de precipitação analisado, alcançando um total de 344,1 mm. Figura -3 Mapa climático de precipitação no Brasil, em destaque a área de estudo. FONTE: freemeteo – 27/11. 3.2 Temperatura A temperatura média anual alcança valores de 21,7ºC, tendo a maior temperatura atingida no dia 9 de setembro de 1997 com um valor de 40,8°C e a menor temperatura no dia 14 de maio de 1963, atingindo o valor de 3,1°C. Além disso, a temperatura média do mês mais quente foi de 25,2°C no mês de fevereiro e do mês mais frio de 17,7°C ocorrido no mês de julho. Figura -4 Mapa climático de temperatura do Brasil em destaque a área de estudo. FONTE: freemeteo – 27/11. 3.3 Pressão A pressão da região de estudo é de 1017 hPa (763mmHg), assim observa-se a distribuição de pressão na América do Sul. Figura -5 Mapa climático de pressão no Brasil, em destaque a área de estudo. FONTE: freemeteo – 17/11 3.4 Umidade relativa A umidade relativa média anual é de 86,4%, não contendo média mensal com umidade inferior a 80%. Além disso, o menor valor já registrado, dentre todos os anos, foi de 21%. A distribuição se dá pelo seguinte mapa climatológico: Figura -6 Mapa climático de umidade relatividade do ar para a região de estudo. FONTE: Clima tempo – 17/11. Fonte: Climatempo Tabela x: Dados históricos climatológicos para a região de estudo. FONTE: INMET 4 Caracterização do continente 4.1 Delimitação da Bacia A Bacia Hidrográfica do Rio Itamambuca está representada na Figura 7. Assim como, também foi delimitada com o auxílio do Google Earth, totalizando uma área de 52,3 km² e área urbana de 2,5 km². Tabela 2 Dados históricos climatológicos para a região de estudo. FONTE: INMET Figura -7 Localização da Bacia do Rio Itamambuca. Figura -8 Delimitação da Bacia do Rio Itamambuca e da área urbana, pelo Google Earth. 4.2 Região Hidrográfica da Vertente Litorânea do Estado de São Paulo A Região Hidrográfica da Vertente Litorânea (Figura 3) pertencente a Região Hidrográfica do Atlântico-Sudeste, de acordo com a divisão hidrográfica do Brasil adotada pelo IBGE e pela ANA, ocupa uma área de 21.389 km². Figura -9 Mapa com as regiões hidrográficas de São Paulo, mostrando a região da Vertente Litorânea. Essa região apresenta particularidades em relação às outras regiões hidrográficas do estado de São Paulo, pois há interação da bacia com o Oceano Atlântico. A estrutura fisiográfica da região está intimamente ligada à interação água doce, terra, ar e oceano. Portanto exige uma gestão integrada dos recursos hídricos interiores e da zona costeira. As características ambientais das UGRHIs que compõema região da Vertente Litorânea apresentam semelhanças significativas na composição dos ecossistemas, pressão antrópica, aspectos climáticos e hidrográficos. Abriga inúmeras unidades de conservação como o Parque Estadual da Serra do mar. 4.4 Topografia A topografia a da Região Hidrográfica Atlântico Sudeste é caracteristicamente acidentada, o que favorece as precipitações, uma vez que aumenta a turbulência do ar pela ascendência orográfica. O relevo pode ser resumidamente descrito pelas Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e Serra do Espinhaço. A bacia do Rio Itamambuca, representada no mapa de topografia (Figura 10), tem seu ponto mais alto a aproximadamente 1.100 metros de altitude em relação ao nível do mar. Possui poucos trechos de terreno plano em relação aos terrenos de topografia acidentada. Mais de 90% da área total do bairro corresponde a terrenos inclinados, o restante desse percentual se refere à zona plana de praias. O Rio Itamambuca tem sua nascente a aproximadamente 1000m de altitude na Serra do Mar e desemboca no canto direito da Praia de Itamambuca. Figura -10 Mapa da topografia da Bacia do Rio Itamambuca. 4.5 UGRHI 03 – Litoral Norte A Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI 03) representam a segunda menor UGRHI do Estado, com aproximadamente 1.977 km² de área distribuída em quatro municípios (Figura 11), sendo eles: São Sebastião, Caraguatatuba, Ubatuba e Ilhabela. Esses quatro municípios possuem características semelhantes nos aspectos físicos, bióticos e socioeconômicos. Os principais ecossistemas da região são a Mata Atlântica, restinga, litoral rochoso, praias arenosas e pequenos fragmentos de manguezal. A principal atividade econômica da região é o turismo, com predominância do setor terciário (comércio e serviços). Em épocas de férias e feriados, conta-se com um número significativo de população flutuante, devido a presença de moradias de uso ocasional, hotéis, pousadas e estruturas turísticas. A região se destaca também pela atividade industrial e portuária, principalmente pela presença do Porto de São Sebastião e do maior entreposto de hidrocarbonetos da América do Sul. Trata-se do Terminal Marítimo Almirante Barroso (Tebar), operado pela Petrobras Transporte S.A. A agricultura e a indústria de transformação do pescado completam as principais atividades econômicas, porém com menor expressão que as anteriores. A distribuição das moradias é concentrada na sede do município e em pequenos bairros e vilas ao longo das praias. Moradias e ocupações irregulares causam impactos diretos aos recursos hídricos, pela disposição imprópria dos resíduos e efluentes domésticos, ocupação e redução da mata ciliar. A UGRHI do Litoral Norte é dividida em 34 sub-bacias. Destacando as bacias referentes aos rios da Iriri/Onça, Fazenda/Bicas, Itamambuca, Perequê-Mirim, Juqueriquerê, Meresias, Juqueí, Uma e Camburi. Figura -11 Mapa limite da UGRHI 03. 4.6 Tipo e Uso do solo A Bacia Hidrográfica do Rio Itamambuca possui uma área aproximada de 5 mil hectares e localiza-se ao norte do município de Ubatuba-SP. Esta bacia é composta por uma densa rede de drenagem e, dentro de seus limites geográficos, abriga cerca de 7 mil habitantes, distribuídos em 7 bairros. O traçado desta rede de drenagem apresenta um traçado bastante regular, bem encaixada na estrutura geológica local. Dentro dos limites da bacia encontramos ocupação urbana, caiçaras, quilombolas, casas de veraneio e outros. Dentre essas formas de ocupação do solo, uma série de atividades tem degradado a bacia, como a ausência de saneamento e o crescimento desordenado. Como consequências ambientais, destaca-se a perda da biodiversidade com a redução da vegetação nativa e a fragmentação dos remanescentes florestais, ocasionando perda de resiliência ambiental nos ecossistemas naturais, e a perda da qualidade e quantidade de água disponível para a população local. O rio Itamambuca segue direção de noroeste para sudeste e suas nascentes originam-se na crista da Serra do Mar acima de 1000 metros de altitude, chegando à planície por meio de um vale relativamente estreito. A formação geológica da região se dá a partir de rochas cristalinas, como os granitos, encontrados na sua formação há milhares de anos atrás. O traçado, nitidamente estrutural, conta com a presença de inúmeros blocos de rocha e fragmentos menores deslocados devido ao forte gradiente e, mais próximos à planície, esse traçado torna-se mais largo e meandrante até sua foz. O sertão de Itamambuca, área interior da planície, é ocupado por uma comunidade quilombola. As casas da comunidade foram construídas afastadas umas das outras, espalhando-se entre os vales secundários, vertentes suavizadas e platôs, mantendo preservada a vegetação de restinga. Quanto à drenagem, chama atenção a ocorrência de muitos bancos de areia e pontos de acúmulo de sedimentação no leito do rio por material remanejado: até o terço inferior das vertentes por impulso gravitacional e na planície também por influência antrópica. A BR 101 delimita a área aqui denominada de sertão (norte da rodovia) e a praia sendo que ao sul da rodovia ainda ocorre a planície com sua vegetação característica de restinga e planície de maré antes de chegar a praia, propriamente dita. Este setor foi selecionado por ter passado por diversas transformações quanto ao uso e ocupação e por se encontrar atualmente sob condição mais favorável do ponto de vista ambiental do que num passado recente, devido ao planejamento e adoção de medidas para recuperação da área e sua preservação. A margem oeste do rio Itamambuca há significativo adensamento de ocupação irregular, sem planejamento e saneamento básico. Nessa área tem crescido o número de caminhos, trilhas e desmatamento gerando um ciclo de degradação ambiental. 4.7 Disponibilidade e Demanda dos Recursos Hídricos A disponibilidade hídrica de uma bacia hidrográfica está relacionada ao balanço entre o seu potencial de produção de água e a quantidade demandada pelos diversos usos consuntivos, como o abastecimento público, a produção de alimentos e as atividades industriais. A Região Hidrográfica da Vertente Litorânea apresenta a maior disponibilidade hídrica do Estado, bastante superior à demanda. Diversos corpos d’água nascem na Serra do Mar, percorrem a região hidrográfica e deságuam no Oceano Atlântico, destacando-se os rios Cubatão e Ribeira, cujas águas são utilizadas para abastecimento público. Os aquíferos existentes na região são o Pré- Cambriano e o Litorâneo. Apesar de possuir uma das maiores disponibilidades hídricas do Estado de São Paulo, duas UGRHIs apresentam certa criticidade em decorrência da população flutuante que aflui em épocas de temporada, exercendo maior pressão sobre os recursos hídricos em termos quantitativos e qualitativos. Os valores de vazão de referência, demanda de uso da água, uso da vazão de referência e classes de disponibilidade hídrica do Rio Itamambuca são apresentados na Tabela 3. Tabela 3 Vazão de referência, demanda de uso e disponibilidade hídrica das bacias hidrográficas do Litoral Norte para outubro de 2013. 4.8 Dinâmica Demográfica e Social A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste ocupa 2,5% do território nacional e abrange cinco estados: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. É a região hidrográfica mais povoada, com densidade demográfica seis vezes maior que a média brasileira. A cidade de Ubatuba possui aproximadamente 287.470 habitantes (SEADE, 2007). A região possui 147,57 habitantespor km2. O município com a menor população 13.035 habitantes e a menor densidade demográfica 80,49 hab./km2 é Ilhabela, devido à sua menor área territorial e grande parte desta constituir o Parque Estadual de Ilhabela, restringindo a ocupação humana. Por outro lado, o município com a maior população 101.097 habitantes e a maior densidade demográfica 205,69 hab./km2 é Caraguatatuba, que atrai a população por possuir melhores condições de infraestrutura urbana e o maior IDH municipal (0,802) dentre todos os municípios da UGRHI. Este é o único município que apresenta alto desenvolvimento humano (acima de 0,8), visto que Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela possuem IDHM de 0,795; 0,798 e 0,781, respectivamente, na faixa de médio desenvolvimento humano. 4.9 Saneamento – Efluentes Domésticos O impacto dos esgotos domésticos é mais significativo na área litorânea, já que a contingencia populacional é maior, tendo lançamentos significativos que interferem nas atividades turísticas e econômicas, além de aumentar o risco á propagação de doenças de veiculação hídrica. Outro fator que tem aumentado a degradação da qualidade de água seria o histórico de uso do solo como desmatamentos, erosão e extração de areia e argila na calha e margens do rio. A Figura 12 mostra o percentual de coleta e tratamento de esgoto na região da UGRHI 03. Figura -12 Percentual de coleta e tratamento de esgoto. A falta de saneamento adequado e a ocupação desordenada ao redor do rio Itamambuca fez com que a concentração de bactérias que indicam presença de esgoto na água se elevasse, tornando o rio impróprio como mostra a Figura 13. Figura -13 Condições da água. 4.10 Qualidade da Água A qualidade da água é um conjunto de características físicas, químicas e biológicas que ela apresenta, de acordo com a sua utilização. Os padrões de classificação mais usados pretendem classificar a água de acordo com a sua potabilidade, a segurança que apresenta para o ser humano e para o bem-estar dos ecossistemas. O Índice de qualidade da água (IQA) foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos, sendo eles: Oxigênio dissolvido, coliformes fecais, potencial hidrogeniônico (pH), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), temperatura da água, nitrogênio total, fosforo total, turbidez, sólidos totais. De acordo com a CETESB, utilizando dados de amostragem de 15/10/2017 até 19/11/2017, a qualidade da água da praia de Itamambuca se encontra “própria”, enquanto que a do Rio Itamambuca se encontra “impropria”. Essa tabela está disponível no link: http://qualipraia.cetesb.sp.gov.br/qualidade-da-praia/ O TFG do ex-graduando André Muller Marinho fez um diagnóstico ambiental da bacia hidrográfica do Rio Itamambuca, e apesar de ter coletado os dados em 2013, estes ainda são condizentes com a atual situação dessa bacia. Alguns desses dados são apresentados nas Figuras 14, 15, 16 e 17. Figura -14 Locais de amostragens. Figura -15 Locais de amostragens. Figura - 16 Resultados obtidos quanto à salinidade das amostras. Figura - 17 Resultados obtidos quanto à quantidade de coliformes fecais das amostras. A concentração de E. coli no ponto IT-4, referente ao Rio Itamambuca, foi superior aos outros pontos em todas as coletas, o que indica a influência das comunidades que o rodeiam (escoamento bidirecional/zona estuarina). 5. Caracterização do Oceano 5.1 Circulação A circulação geral das águas que compõem a região Sudeste é mostrada figura abaixo: Figura -18 Distribuição esquemática, localização, volume e direção e intensidade das correntes marinhas que transportam as Massas de Água da Plataforma Continental da Região Sudeste. A Água Tropical é carregada pela Corrente do Brasil em direção Sudoeste, que, pela ação dos ventos, age como um tampão ao se aproximar da costa, aprisionando a Água de Plataforma e interferindo na circulação da Água Subtropical, que ocorre abaixo da corrente do Brasil e tem direção Nordeste de propagação. Essas águas, com direção Nordeste tendem a subir o talude continental e ocupar a parte de fundo de toda a plataforma. A Água Costeira, uma mistura das águas do continente com as oceânicas, flui próximo à costa, com fluxo residual predominantemente em direção Nordeste. • Circulação de superfície Na figura abaixo, uma visão esquemática da circulação geral de superfície da região Sudeste, onde predominam sobre a plataforma as correntes com fluxo residual com direção Sudoeste: Figura -19 Distribuição esquemática das correntes de superfície da Plataforma Continental da Região Sudeste. (Mesquita, 1983, Mesquita e Leite (1986). A circulação devida a maré é indicada por setas curvilíneas tracejadas, nas situações em que a corrente devida a maré é não predominante e por setas curvilíneas cheias, nas situações em que ela tem intensidade significativa. • Circulação de maré O sentido predominante de giro da circulação de maré na região Sudeste é o sentido anticiclônico (anti-horário). Conforme a imagem a seguir: Figura -20 Elipses da componente M2 da corrente de maré na região da Plataforma da Região Sudeste, em pontos de observação situados entre a superfície e a profundidade máxima de observação. (Mesquita & Harari, 1998). Como pode ser observado a componente M2 de correntes tem pequena intensidade (amplitude) na área próxima a cidade do Rio de Janeiro, mas é bastante importante na região de Paranaguá. Em particular, nessa região, a corrente tem circulação harmônica, ao longo de trajetória elíptica com mesma inclinação em relação a costa em todas as profundidades de observação. • Espectros Rotatórios de Correntes: A complexidade da circulação na região Sudeste é mostrada na imagem onde o espectro rotatório, das correntes marinhas, na superfície, (5 m), no meio da coluna (40 m) e no fundo, (60 m), da região da plataforma da região sudeste, mostra que as componentes diurnas, da corrente de maré, são mais intensas na superfície do mar e desaparecem completamente próximo ao fundo, indicando estarem sob forçantes provavelmente associadas a outras causas que não a ponto anfidrômico. Por outro lado, indica também que, em profundidades intermediárias, no meio da coluna, (40 m), a faixa espectral das componentes de correntes semi diurnas tem sentido de giro horário e anti-horário, alternadamente, e igualmente importantes. Figura -21Espectro Rotatório de correntes na superfície, (5m), no meio da coluna, (40 m) e no fundo, (60 m). As correntes tiveram comportamento independente da direção predominante da "força" dos ventos, que a despeito de duas passagens de "frente frias", em que houve arrefecimento de sua força e mudança na direção, conservou a direção média Sudoeste de propagação. No mesmo período as correntes de superfície propagaram em direção Sul no dia 29/11, depois aproximadamente em direção SW (Sudoeste), depois em direção Norte e finalmente, fechando o período, se propagou em direção Este até o dia 12/12. Na profundidade de 40 m, essas oscilações rotatórias, ainda estão evidentes, mas o sentido geral da propagação das correntes, contrariamente ao da superfície, é o SW, durante todo o período de observação No fundo (60 m) as Correntes de Inércia, (rotatórias) de período cerca de 24 horas, são muito fracas, mas ainda são visíveis, no diagrama de "vetores progressivosde correntes", ( os valores horários dos vetores correntes, observados em 26 S, representados por sua intensidade, módulo do vetor, e sua direção, em graus, são desenhados no mapa geográfico da região, em sucessão, de forma a se ter uma representação da trajetória percorrida pela corrente, durante o período de observação), e, ainda contrariamente ao que foi observado a 40 m de profundidade, mas concordante com a superfície, as correntes finalizaram o período de observação em direção Este. Mesquita (1983). Mesquita et al (1989). • Circulação e o Campo de Massa Na região Sudeste as observações iniciais do campo de massa, (densidade), através de medições de valores de Temperatura e Salinidade, foram feitas com o uso de garrafas de Nansen, portando termômetros de reversão. Com as garrafas se coletavam as amostras de água para a determinação dos valores de Salinidade da água do mar, (quantidade total de sais contidas em um litro de água do mar), e dos valores de concentração de Nutrientes (Silicato, Nitrato, Fosfato, e Oxigênio dissolvido) (número de átomos do sal expresso em gramas por litro de água do mar), enquanto o termômetro de reversão (que quebra a coluna de mercúrio ao ser revertido), permitia a obtenção de valores de temperatura "in situ" da água do mar em grandes profundidades. (Emilson, 1961, Magliocca et al.,1979). O comportamento diferenciado existente entre a circulação (correntes) de superfície e de fundo é também seguido pelo campo de massa na região Sudeste. Figura -22 Isopletas de Temperatura, Salinidade e de Densidade da água do mar, (pela ordem), da Plataforma Continental da Região Sudeste próximo a cidade do Rio de Janeiro. Como pode ser observado, na camada de fundo há uma persistente região de cerca de 5 metros de espessura, que tem valores de Temperatura e Salinidade aproximadamente constantes, próximo ao fundo. Há na superfície também uma camada de mistura e, no centro da coluna de água, se avoluma uma quantidade dominante de águas Tropicais, provenientes da Corrente do Brasil. A estrutura dos valores de Temperatura e Salinidade dos dados de STD/O indica, além disso, um conjunto de camadas oceânicas de espessura variável 3,5,8, a 10 metros, que só puderam ser medidas e trazidas ao conhecimento científico, após o advento dos sensores de medição contínua dos perfis verticais dessas variáveis. Tais estruturas são também observadas fora da plataforma, em profundidades maiores. Mesquita et. al. (1989). - Figura -23 Perfil de observações de Salinidade e Temperatura realizados com o STD/O Plessey,). O perfil de Temperatura é o correspondente à linha mais fina e a linha mais grossa corresponde ao perfil dos dados de Salinidade, distribuídos ao longo da profundidade máxima da amostragem, que foi de 350m. Na parte de cima são mostradas as escalas de Temperatura, (10 a 25 graus ° C), e de Salinidade, (35,00 a 37,00), dos perfis superpostos. A camada superior dos perfis corresponde a da "camada de mistura", assim chamada porque pela ação das ondas e da radiação solar incidente, as águas em geral são bem misturadas e apresentam valores de Temperatura e de Salinidade aproximadamente constantes, em cerca de 3 a 5 m, no caso. Segue-se uma camada chamada de "termoclina", onde a temperatura da água passa dos valores mais elevados, (25°C), da superfície, para valores mais baixos da camada mais interna do oceano, (15,2°C), aproximadamente, no caso, em cerca de 60 m de coluna de água. De forma independente os valores salinos passam de valores menores da superfície, (35,5), para valores maiores, (36,00), e retornam aos valores próximos de 35,5 na base da "haloclina", (correspondente à camada onde a Salinidade, em geral, nos trópicos, apresenta valores máximos do perfil), na mesma coluna de água de 60m. Tanto a curva de Temperatura quanto a de Salinidade apresenta detalhes, que só puderam ser observados após o advento dos sensores do STD/O 9040, Plessey, que permitiram a amostragem contínua ao longo da profundidade. Os valores de Salinidade apresentam numerosas variações, que, via de regra, correspondem a ajustes eletrônicos do equipamento a variabilidade térmica, que está sendo simultaneamente registrada pelo equipamento. Os valores de Temperatura exibem uma curva de variação independente e por isso é mais bem delineada pelo instrumento. Pequenas inversões de valores térmicos, (valores maiores de temperatura ocorrendo em profundidades maiores), podem ser observados na termoclina, que são compensados pelos valores simultaneamente registrados de Salinidade, de forma não ocorrer inversões dos valores de densidade da água do mar, que via de regra, sempre aumenta com a profundidade. Dessa forma, tanto os valores térmicos como os halinos se distribuem, não de forma contínua, como antes se pensa ocorrer, ao longo da profundidade, mas sim, através de pequenas camadas de espessura variável, que definem a "microestrutura oceânica", decorrente dos diferentes coeficientes de difusão dos valores térmicos (calor) e difusão dos valores halinos da água do mar. Essa "microestrutura oceânica" pode ser observada também ao longo das camadas abaixo da termoclina e da haloclina, que vão de 60 m a 240 m de profundidade, atingindo valores de 14 ° C de Temperatura e 35,00 de Salinidade e também, após a transição visível nessa faixa de profundidade, dos valores de Temperatura e Salinidade, que atingem valores de 12°C e valores abaixo de 35, respectivamente a cerca de 350 m de profundidade. Duas camadas são visíveis, onde os valores térmicos e salinos se conservaram aproximadamente constantes, a camada de 60 a 240 m e a de 250 até a profundidade máxima de observação, 350 m. Na camada da haloclina, entretanto, os valores salinos foram sempre maiores do que 36,00 o que permite dizer que intrusões de águas provenientes da corrente do Brasil (Água Tropical) ocorreram durante o período de observação de correntes na Plataforma de Paranaguá, de forma similar ao que ocorreu nas observações da Plataforma do Rio de Janeiro o que equivale a dizer, com certeza, em toda plataforma Continental Sudeste. 5.2 Regime de marés O fenômeno de marés acontece por razões meteorológicas como: ventos, temperatura, frentes, pressão; mas principalmente pela força da gravidade a qual dois corpos possuem uma força de atração entre si. Neste caso, o Sol e a Lua são os principais agentes que definem os regimes de marés, sendo o mais atuante a Lua. O conhecimento das marés na costa Sudeste do Brasil foi bastante beneficiado com a instalação de marégrafos pelágicos, nas décadas de 60 e 70, em que foram feitos os primeiros registros da variação do nível do mar pelo Instituo Oceanográfico da USP. Na praia de Itamambuca, no litoral norte de São Paulo, apresenta um regime de maré semi-diurna, ocorrendo diariamente dois ciclos de maré. A variação média doas níveis de maré são de um metro. Com o desenvolvimento tecnológico foi possível obter a solução numérica das equações hidrodinâmicas; também imagens e medições altimetricas do nível do mar. Figura -24 Linhas cotidais do Oceano Atlântico Sul. Na imagem acima pode ser observado dois pontos anfidrômicos, um no meio do Atlântico e outro na região costeira, onde a oscilação de marés são praticamente nulas. As numerações crescentes indicam os posicionamentos da crista da onda de maré, de hora em hora, que se propagam em torno do ponto anfidrômico e demoram 12 horas para completar um ciclo. A velocidade de propagação da onda é pequena, atingindo velocidades maiores quando se distanciam do ponto anfidrômico, assim comoa amplitude das ondas de maré. No ponto de Centro Atlântico, temos uma circulação de sentido anti- horário, sofrendo grande influência da Corrente do Brasil que passa pela costa da África e o Sudeste do Brasil. As observações do nível do mar e das marés em Ubatuba se constituem em séries temporais das mais antigas do país, com cerca de 47 anos de observações quase sem interrupções. Os registros de mar são feitos através de equipamentos da marca AOTT de origem Alemã e de grande durabilidade, permitindo que as medições sejam feitas em períodos duradouros. Os registros típicos de maré semi-diurna de Ubatuba são mostrados no gráfico apresentado pela figura 2, juntamente com o sistema de referência (Datum), na figura 3, em relação aos quais os níveis registrados pelo equipamento podem ser transferidos para o terreno. Figura -25 Registro de marés de Ubatuba. Figura -26 Sistema de referências e localização dos Datum do marégrafo de Ubatuba. O sistema de referência de níveis é verificado pelo sistema de aferições da Diretoria e Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil, e colocados dentro do sistema de nivelamento geodésico nacional para acompanhamento, bem como para referi-lo ao nível médio do mar, e necessário para analisar e acompanhar as flutuações naturais do terreno onde se encontra o marégrafo. Comparando o nível da água medido com a régua no estuário do Rio Itamambuca; com a previsão de marés realizada pelo Centro de Hidrografia da Marinha e pela Diretoria de Hidrografia e Navegação do Porto de São Sebastião, ambos localizados no norte da costa sudeste do Brasil e que possuem o mesmo regime de marés, podemos verificar algumas semelhanças de horário nos seus pontos de alta e baixa maré. No entanto vemos que a variação não é igual, visto que a altura da régua foi medida dentro do estuário, logo a vazão do rio causa um amortecimento nos níveis de água causados pelas marés. Figura -27 Alturas de maré no porto de São Sebastião e altura da régua no estuário de Itamambuca. 50 52 54 56 58 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86 88 90 92 06:00 07:12 08:24 09:36 10:48 12:00 13:12 14:24 15:36 16:48 18:00 A lt u ra ( cm ) hora Altura da Régua (cm) Altura de maré Porto de São sebastião 5.3 Nível do mar O nível do mar é, das medições do mar, aquela que sintetiza as influências de vários processos oceânicos, incluindo efeitos devidos às correntes marinhas, efeitos devidos ao campo de massa, (densidade), efeitos meteorológicos, efeitos devidos ao geopotencial terrestre (geóide, superfície de mesmo valor da aceleração da gravidade), efeitos dos contornos oceânicos, bem como efeitos das forçantes das marés de natureza astronômica. Estes dois últimos efeitos, que correspondem basicamente à resposta do Oceano ao "Potencial Gerador de Marés", (função matemática escrita a partir da lei de gravitação Universal de Newton, em termos de parâmetros da órbita da Terra e da Lua, que permite o cálculo da forças que produzem a maré oceânica, em todos os portos, bem como a maré terrestre, em todos os pontos do planeta Terra ), já foram parcialmente tratados em sessão anterior. Figura -28 Registros simultâneos de pressão atmosférica, direção e força de Ventos (N - S e E - O) e nível do mar, observados na Base de Pesquisas José de Paiva Carvalho de Cananéia, no período de 25 de dezembro 1979 a 6 de janeiro de 1980. (Mesquita et al. 1989). Como pode ser visto, a flutuação da direção e intensidade dos ventos, associadas à pronunciada variação da pressão atmosférica, devido a passagem de fenômeno meteorológico conhecido como "frente fria", que ocorreu durante a maré de sizígia, (maré mais alta que ocorre durante a Lua Cheia e Lua Nova), produziu uma variação da maré diária, de cerca de 2 metros, e do nível diário do mar, da ordem 70 cm, o que causou um efeito devastador, com as águas do mar adentrando as cidades, em toda a costa da região Sudeste. Figura -29 Variação dos níveis diários do mar da cidade de Cananéia e Santos no período de 1 a 31 de janeiro de 1980. (Franco e Mesquita, 1986) Figura ‑30 Variação dos níveis médios diários do mar da cidade de Cananéia e Paranaguá no período de 08/04/75 a 08/05/75. (Franco e Mesquita,1986) Pela figura 29 e 30, percebemos que a variação do nível do mar é semelhante pela costa sudeste. Portanto as variações em Itamambuca se comportam de maneira semelhante as de Cananéia, Santos e Ubatuba. Figura -31 nível do mar, com amostragens de 3 dias, de 31 de julho de 2017 ate 31 de agosto de 2017. Fonte: Goos Brasil Temos uma variação de 1800mm até 2700mm, nota-se que estes são valores reais, e não médias diárias. Figura ‑32 Variação do nível médio mensal dos registros de marés feitos portos de Piraquera, Ubatuba, Santos e Cananéia do ano de 1978. A variação sazonal do nível do mar na região Sudeste é da ordem de 30 cm e apresenta pico no meses de Fevereiro, causado por intensa radiação solar e precipitação atmosférica e máximo do mês de Maio, que é interpretado por Mesquita , Harari e França (1995), como causado pela variação estérica, (variação do volume da água do mar por efeitos devidos à variação da temperatura da água do mar, resultando, em consequência, a variação do nível do mar), do nível do mar, devido a ocorrência na região Sudeste de um maior volume de águas mais quentes da Corrente do Brasil, (Água Tropical), em toda a região Sudeste, que se estende até o mês de Agosto e Setembro. Em agosto-setembro-outubro ocorrem os menores valores do nível mensal, que depois de um aumento em novembro, voltam a cair nos meses de Dezembro e Janeiro, em decorrência de um maior volume das águas Subtropicais, (mais frias), em toda a região Sudeste. Esta alternância de águas mais quentes e mais frias nos meses de Verão e Inverno, respectivamente, dá origem na região ao fenômeno de inversão térmica sazonal. Figura ‑33 Nível do mar, com amostragens de 3 dias, de 30 de dezembro de 2016 até 30 de dezembro de 2017. Fonte: Goos Brasil Figura -34 Valores anuais do nível relativo do mar de portos Brasileiros entre Canavieiras, (BA) a Imbituba (SC). (França, 1995) Porém os valores da figura 7 são somente até o ano de 1986. Com o GLOSS, GLOBAL SEA LEVEL OBSERVING SYSTEM, temos as figuras 8 e 9, referentes a valores médios até os anos 2000. Figura -35 Valores anuais do nível relativo ao marégrafo de Cananéia. Fonte: GLOSS, The Global Sea Level Observing System Figura -36 Valores anuais do nível relativo ao marégrafo de Rio de Janeira, Ilha do Fiscal. Fonte: GLOSS, The Global Sea Level Observing System A figura 8 e 9 pode-se ver que há um aumento do nível do mar. Como exemplificado pela figura 6. Pode-se inferir que o nível do mar também está aumentando em Itamambuca, que também se situa no Litoral Sudeste, entre Cananéia e Rio de Janeiro. No entanto, mais dados seriam necessários para uma caracterização mais precisa da região de Itamambuca. A falta de estações de medição nas proximidades e a dificuldade de obtenção de dados atrapalham a caracterização. 6. Resultado do campo 6.1 Medição na praia Para se compreender as características climatológicas, comparou-se os valores históricos com os seguintes dados obtidos em campo. Assim, os valores obtidos na estação meteorológica instalada na praia, durante as 12 horas de medições, foram: Tabela 4 Representa os valores obtidos na estação meteorológica. hora Temp. do ar (°C) Pressão Atm. (mmHg) Umidade Rel. (%)Vel. Do vento (Km/h) Direção do vento (°) Condições do Tempo 06:00 25,7 761 63 0 NE E 06:15 26,9 761 66 0 NE E 06:30 29,6 761 59 0 NE E 06:45 25,1 761 63 0 NE E 07:00 21,2 761 79 0 N E 07:15 20,8 762 85 0 N N 07:30 20,8 762 86 0 N N 07:45 20,8 762 85 0 N N 08:00 21 762 85 0 N N 08:15 21,3 762 85 0 N N 08:30 21,8 762 80 0 NW E 08:45 22,7 762 74 5,8 N E 09:00 25,3 762 61 8,6 N E 09:15 25,9 763 62 0 N N 09:30 27,6 763 62 6,5 SW N 09:45 28,8 762 53 9,4 W N 10:00 27,4 762 51 7,9 W N 10:15 28,8 762 50 5,8 SW N 10:30 29,3 763 51 10,1 Sw N 10:45 28,6 763 55 4,3 N E 11:00 27,8 762 60 13,3 SW E 11:15 27,2 762 56 10,1 W E 11:30 26,9 762 60 9,4 SW E 11:45 21,1 762 59 7,2 W E 12:00 26,6 762 59 10,1 SW E 12:15 29,1 762 55 9,4 W E 12:30 28,2 762 54 10,1 SW E 12:45 27,1 762 56 10,1 W E 13:00 27,6 761 58 10,1 SW E 13:15 27,2 761 61 10,1 W E 13:30 27,9 761 55 13,3 SW E 13:45 27,5 761 52 8,6 W E 14:00 27,2 761 55 10,1 W E 14:15 27,9 761 55 9,4 W E 14:30 28,4 761 53 7,9 SW E 14:45 29 761 49 8,6 SW E 15:00 28,9 761 54 7,9 SW E 15:15 36 761 32 8,6 SW E 15:30 31,8 760 41 8,6 SW E 15:45 32,5 761 42 7,6 SW E 16:00 31,4 760 44 6,5 W N 16:15 31,1 760 46 6,5 W N 16:30 28,8 760 49 8,6 SW E 16:45 28,9 760 44 10,1 SW E 17:00 29,2 760 54 8,6 SW N 17:15 26,9 760 55 6,5 SW N 17:30 24,6 760 63 7,9 SW N 17:45 24,2 760 67 7,2 W N 18:00 23,4 760 74 6,5 W N Para melhor visualizar a variações das características atmosféricas em função do tempo pode-se observar a Figura 37. Figura -37 Variação das características atmosféricas em função do tempo. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0:00 2:24 4:48 7:12 9:36 12:00 14:24 16:48 19:12 (° C ) , ( m m H g . 1 0^ -1 ) , ( % ), ( K m /h ) Hora Temp. do ar (°C) Pressão Atm. (mmHg) 10^-1 Umidade Rel. (%) Vel. Do vento (Km/h) 7. Análise dos resultados 7.1 Medições na praia A temperatura média obtida na medição de 12h foi de 26,81 °C, já a temperatura média anual para o mês de novembro, segundo dados do INMET, é de 22,6°C. A comparação entre estes dados não se aplica, tanto pelo fato de não possuir uma série histórica como também os dados obtidos não levarem em consideração um dia todo e apenas 12h. A pressão foi praticamente constante durante o dia, e obteve uma média de 761,35 mmHg, que é o valor esperado para o nível do mar. A umidade relativa apresentou uma média de 59,53% que é um valor inferior a média anual para o mês de novembro 85%, se explica pois as medições não levaram em condições os valores de umidade do período noturno. E também o tempo estava nublado, ou encoberto durante todo o período de medição, assim com menores temperatura teve-se menos evaporação e, portanto, menos vapor d’água disponível na atmosfera. Nos dados pôde-se também observar a variação da velocidade do vento e principalmente as mudanças de direção percebidas durante as 12 horas observadas. Outro dado muito relevante são as condições do tempo nas 12 horas analisadas, esse dado retrata todos os outros dados, já que os parâmetros têm influência direta do tempo. No caso, o dia esteve em sua totalidade, encoberto de nuvens ou parcialmente nublado. 8. REFERÊNCIAS • MILLER, Gabriel; BERNARDES, M. E. C. Análise de dados físico- químicos no estuário do Rio Itamambuca em Ubatuba-SP. 2014. Universidade Federal de Itajubá. • MARINHO, A. M. Diagnóstico Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Itamambuca (Ubatuba-SP): Uma Abordagem voltada ao Saneamento Ambiental. 2013. Trabalho Final de Graduação. Universidade Federal de Itajubá. • BUZATO, Esmeralda. Avaliação de impactos ambientais no município de Ubatuba: uma proposta a partir dos geoindicadores. 2012. Universidade de São Paulo. • PROJETO AGRODOP. Diagnóstico Socioambiental da Bacia do Rio Itamambuca. Disponível em http://projetoagrodrop.com.br/diagnostico- socioambiental-da-bacia-do-rio-itamambuca/. Acesso em 27 nov. 2017. • PROJETO BRASIL DAS ÁGUAS. Região Hidrográfica Atlântico Sudeste. Disponívem em: http://brasildasaguas.com.br/educacional/regioes- hidrograficas/regiao-hidrografica-atlantico-sudeste/. Acesso em 27 nov.2017. • Serra do Mar. Disponível em: http://pt-br.topographic- map.com/places/Serra-do-Mar-1343802/. Acesso em 27 nov. 2017. • Disponível em: http://qualipraia.cetesb.sp.gov.br/qualidade-da-praia/. Acesso em : 27 nov. 2017. • MARINHO, André Muller. Diagnóstico Ambiental Da Bacia Hidrográfica Do Rio Itamambuca (Ubatuba-Sp): Uma Abordagem Voltada Ao Saneamento Ambiental. Disponível em: http://www.redelitoral.ita.br/7oficina/TrabAp/Projeto/RedeLitoral_7Works hop_AndreMuller.pdf . Acesso em 27 nov. 2017. • FREEMETEO. Mapa climático de precipitação. 2017. Disponível em: <https://freemeteo.com.br/clima/brasilia/mapas/precipitacao/?gid=34690 58&language=portuguesebr&country=brazil>. Acesso em: 27 nov. 2017. • • FREEMETEO. Mapa climático de temperatura. 2017. Disponível em: <https://freemeteo.com.br/clima/brasilia/mapas/temperatura/?gid=34690 58&language=portuguesebr&country=brazil#region=002>. Acesso em: 27 nov. 2017. • • FREEMETEO. Mapa climático de pressão. 2017. Disponível em: <https://freemeteo.com.br/clima/brasilia/mapas/pressao/?gid=3469058&l anguage=portuguesebr&country=brazil#region=002>. Acesso em: 27 nov. 2017. • CLIMA TEMP0. Mapa climático de umidade relativa do ar. 2017. Disponível em: <https://www.climatempo.com.br/mapas/umidade- relativa>. Acesso em: 27 nov. 2017. • INMET. Caracterização atmosférica Ubatuba. 2017. Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=tempo/graficos>. Acesso em: 27 nov. 2017. • • Sua PESQUISA. Clima tropical Atlântico. 2017. Disponível em: <https://www.suapesquisa.com/geografia_do_brasil/clima_tropical_atlant ico.htm>. Acesso em: 27 nov. 2017. • Nível global do oceano. Disponível em < http://www.gloss-sealevel.org/ > acessado em 22/11/2017 • Dados em tempo real do nível do mar pelo IOC. Disponível em < http://www.ioc-sealevelmonitoring.org/index.php > acessado em 22/11/2017 • Mesquita A R de & França C A S (1989). Tidal Statistics of Varadouro Channel as Inferred from Cananéia tidal Station. Academia de Ciencias do Estado de São Paulo. S Paulo. vol ( 2 ) : 242 - 254. • Franco, A S dos & Mesquita, A R de (1986).On the Practical use in Hydrography of Filtered daily values of mean sea level. Int. hidrg. Rev. Monaco. LXIII ( 2 ) : 133 - 141. • http://www.mares.io.usp.br/sudeste/sudeste.html 1 – Introdução 2 - Metodologia 2.1 Medições na balsa 2.2 Medições na praia 3. Caracterização meteorológica 3.1 Precipitação 3.2 Temperatura 3.3 Pressão 3.4 Umidade relativa 4 Caracterização do continente 4.1 Delimitação da Bacia 4.2 Região Hidrográfica da Vertente Litorânea do Estado de São Paulo 4.4 Topografia 4.5 UGRHI 03 – Litoral Norte 4.6 Tipo e Uso do solo 4.7 Disponibilidade e Demanda dos Recursos Hídricos 4.8 Dinâmica Demográfica e Social 4.9 Saneamento – Efluentes Domésticos 4.10 Qualidade da Água 5. Caracterização do Oceano 5.1 Circulação 5.2 Regime de marés 5.3 Nível do mar 6. Resultado do campo 6.1 Medição na praia 7. Análise dos resultados 7.1 Medições na praia 8. REFERÊNCIAS
Compartilhar