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PRINCÍPIO DA LEGALIDADE * Art. 5o, XXXIX, da CF – Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. * Art. 1o do CP – Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. Reserva Legal (art. 1o do CP – primeira parte) e Anterioridade (art. 1o do CP – segunda parte) DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE Lex praevia – lei prévia Princípio da Anterioridade A lei que institui o crime e a pena deve ser anterior ao fato que se quer punir. * Art. 5o, XL, da CF – A lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Lex stricta – lei estrita Princípio da Máxima Taxatividade Legal e Interpretativa As incriminações só podem decorrer de lei em sentido estrito, isto é, LEIS ORDINÁRIAS. Inicialmente, se o princípio da separação dos poderes restar intacto, admite-‐se que um tipo incriminador seja criado por LEI COMPLEMENTAR ou EMENDA CONSTITUCIONAL, pois além de estar em igual hierarquia submete-‐se a procedimento legislativo mais rigoroso – aprovação por maioria absoluta. * Art. 22, inc. I, da CF – é competência privativa da União legislar em matéria penal. * Súmula 722 do STF – São da competência legislativa da União a definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento. * Art. 22, parágrafo único, da CF – os Estados poderão legislar nessa matéria caso a União edite lei complementar delegando essa atribuição. A MEDIDA PROVISÓRIA por não ser lei antes de sua aprovação pelo Congresso Nacional, não pode instituir crime ou pena criminal. * Exige como requisitos “relevância e urgência” – art. 62 da CF. * É espécie de lei delegada com eficácia condicionada à expressa aprovação do Congresso Nacional – art. 62, parágrafo único, da CF. * A Constituição Federal veda a delegação em matéria de legislação sobre direitos individuais – art. 68, parágrafo 1o, da CF. ATENÇÃO: Princípio da Lesividade e Princípio da Isonomia – como determinado interesse seria erigido à categoria de bem jurídico em uma parte do país e não em outra? ... Ex: aborto. Lex scripta – lei escrita Princípio da Reserva Legal Somente a lei formal pode criar crimes e penas. Não se admite incriminação pelo direito consuetudinário. Lex certa – lei certa Princípio da Taxatividade A lei deve ser clara e determinada quanto ao seu conteúdo e abrangência. Não se admitem incriminações vagas e imprecisas. ATENÇÃO: permitem as Normas Penais em Branco em Sentido Estrito e os Tipos Penais Abertos. Normas Penais em Branco em Sentido Estrito: o legislador delega à outros agentes públicos a incumbência de preencher o sentido da norma. Os limites temporal e material da lei ficam sujeitos a edição de normas administrativas provenientes de órgãos sem competência para legislar em matéria penal – Princípio da Separação dos Poderes e o Princípio da Taxatividade. * Ex: art. 50, I da Lei 6.766/79 – Constitui crime contra a Administração Pública: I -‐ dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo para fins urbanos, sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo com as disposições desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e Municipíos. Tipos Penais Abertos: necessitam da valoração judicial para complementar o tipo. Tipos Dependentes: a valoração judicial distingue atos puníveis e impuníveis. Tipos Explicativos: a valoração judicial delimita o alcance do tipo. Tipos Silenciosos: a valoração judicial atribui sentido ao tipo. Tipo de Autor: proíbem estados e condições existenciais – o ser e não o fazer. * Tipo Dependente – art. 31 e art. 14, ambos do CP – Atos preparatórios e Tentativa. * Tipo Explicativo – art. 171 do CP – Estelionato – “qualquer outro meio fraudulento”. * Tipo Silencioso – art. 151 e art. 244 do CP – Violação de Correspondência e Abandono Material – “indevidamente” ou “sem justa causa”. * Tipo de Autor – art. 286 e art. 287 do CP – Incitação e Apologia– Todos que Valoram a Periculosidade ao invés da Ofensividade. FONTES DO DIREITO PENAL Fontes de Produção ou Materiais: só a União pode legislar em matéria penal – art. 22, I da CF. Os Estados têm competência complementar – art. 22, § único. Fontes de Conhecimento ou Formais: Imediata: lei. Mediata: costumes e princípios. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL Quanto ao Sujeito: Autêntica: interpretação advém da própria lei. – Ex: art. 150, § 4o do CP. Doutrinária: advém da doutrina. Jurisprudencial: advém da jurisprudência. Quanto ao Resultado: Declarativa: declara o sentido da lei. – Ex: art. 141, III do CP. Difamação... Extensiva: amplia o sentido da lei. – Ex: art. 176 do CP. Restaurante... Restritiva: restringe o sentido da lei. – Ex: art. 352 do CP. Danificar coisa própria Quanto aos Meios: Gramatical: baseia-‐se nas palavras. Lógica: baseia-‐se no sentido e na racionalidade. INTERPRETAÇÃO E ANALOGIA NO DIREITO PENAL INTERPRETAÇÃO: é um processo de descoberta do conteúdo da lei e não de criação de normas. No direito penal se admite qualquer forma de interpretação, inclusive, sendo permitida a interpretação extensiva e analógica. Interpretação Extensiva – processo de conhecimento do conteúdo da norma mediante ampliação do sentido de determinado termo, a fim de dar lógica a sua aplicação. A própria lei utiliza expressões abrangentes. Ex: art. 176 do CP, a expressão “restaurante” abrange outros estabelecimentos afins, como bares e lanchonetes... art. 159 do CP – a expressão “seqüestro” abrange o cárcere privado. É admitida, inclusive in malam partem. Interpretação Analógica -‐ processo de conhecimento do conteúdo da norma mediante um procedimento de comparação entre os seus termos, a fim de dar lógica a sua aplicação. A própria lei autoriza a analogia. Ex: art. 28, II do CP – “álcool ou substância de efeitos análogos”... art. 171 do CP – “outro meio fraudulento”... art. 121, § 2o, IV do CP – “ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa”... É admitida, inclusive in malam partem. ANALOGIA: é um processo de integração do sistema normativo, suprindo-‐se lacunas mediante a aplicação de norma existente a caso semelhante não regulamentado. Por ser uma forma de suprimir as lacunas da lei, sua aplicação supõe a inexistência de norma específica. Analogia in malam partem – aplica-‐se determinada norma para punir – aplicar ou agravar a pena do réu – em caso análogo, em face da inexistência de lei específica. Inadmissível no Direito Penal brasileiro. Analogia in bonam partem -‐ aplica-‐se determinada norma para absolver – não aplicar ou atenuar a pena do réu – em caso análogo, em face da inexistência de lei específica. Excepcionalmente, admissível no Direito Penal brasileiro – Princípio da Eqüidade – evitar injustiças. CARACTERÍSTICAS DA LEI PENAL Imperatividade: a lei penal é obrigatória. Exclusividade: a lei penal deriva do Poder Público. Generalidade: a lei penal destina-‐se a todos. Impessoalidade: a lei pessoal não distingue destinatários. NORMAS PENAIS No Código Penal encontramos normas que descrevem condutas típicas, normas que prescrevem sanções punitivas e também normas que podem beneficiar o sujeito e até mesmo excluir o crime. ESPÉCIES Normas Penais Incriminadoras: são normas penais que criam infrações penais – Tipos Penais – proibindo ou impondo condutas, sob ameaça de pena. São as normas penais em sentido estrito, proibitivas ou mandamentais. Somente se admite a incriminação por meio de lei ordinária, lei complementar ou por emenda constitucional. Normas Penais Não Incriminadoras: são preceitos que não criam infrações penais – Tipos Penais. Diretivas: estabelecem princípios. Art. 1o do CP. Explicativas: esclarecem conceitos. Art. 150, § 4o do CP. Complementares: orientam a aplicação da lei. Art. 59 do CP. Permissivas: permitem ou autorizam certos comportamentos. Permissivas Exculpantes: excluem a culpabilidade.Art. 22 do CP. Permissivas Justificantes: excluem a ilicitude -‐ antijuridicidade. Art. 25 do CP. ESTRUTURA DA NORMA PENAL INCRIMINADORA Preceito Primário: descrição da conduta incriminada. Preceito Secundário: cominação de penas. NORMA PENAL EM BRANCO São normas penais incriminadoras que exigem uma complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Binding – “é toda a lei que determina a sanção, porém não o preceito, que deverá ser definido por regulamento ou por uma ordem da autoridade, e, raras vezes, por uma lei especial, presente ou futura”. Mezger – Classificou em Três Categorias: a) quando o complemento de uma norma encontra-‐se na mesma lei... b) quando se encontra em outras leis, porém emanadas da mesma autoridade legislativa... c) quando o complemento é feito por norma de instância legislativa diversa – Lei Penal em Branco em Sentido Estrito. * Mezger considera as duas primeiras categorias Técnicas Legislativas. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS EM BRANCO Norma Penal em Branco Homogênea ou Homóloga em Sentido Amplo Seu complemento é oriundo da mesma fonte legislativa que editou a norma em branco que necessita de complemento: lei complementada por lei. Homovitelina: o complemento da norma penal em branco advém de outra norma penal. Ex: art. 312 do Código Penal, cujo complemento está no art. 327 do Código Penal. Heterovitelina: o complemento da norma penal em branco advém de outro ramo do direito. Ex: art. 237 do Código Penal, cujo complemento está no art. 1521 do Código Civil... art. 172 (duplicata é instituto do direito comercial). Norma Penal em Branco Heterogênea ou Heteróloga em Sentido Estrito Seu complemento é oriundo de fonte legislativa de hierarquia diversa daquela que editou a norma em branco que necessita de complemento: lei complementada por regulamento, decreto, portaria... * Ex: art. 33 da Lei no 11.343/06 – Lei de Drogas – regulamentada pela Portaria 344 da ANVISA. IMPORTANTE: a alteração da norma extra penal implica, ou não, supressão do caráter ilícito de um fato. Ex: art. 269 do CP – a normal complementar que altera o rol das doenças de notificação compulsória torna a omissão do medico um fato licito? Modificação na portaria da ANVISA retirando substância do rol de entorpecentes? NORMA PENAL IMCOMPLETA OU IMPERFEITA São aquelas que para se saber a sanção imposta pela transgressão de seu preceito primário o legislador nos remete a outro texto de lei. Pela leitura do tipo penal incriminador, verifica-‐se o conteúdo da proibição ou do mandamento, mas para saber a conseqüência jurídica – pena – é necessário se deslocar para outro tipo penal. Seu preceito secundário necessita de complemento. * Ex: art. 1O da Lei 2.889/56 – Genocídio. NORMA PENAL EM BRANCO E INCOMPLETA O preceito primário e o preceito secundário necessitam de complementação. * Ex: art. 304 do CP – Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os artigos 297 a 302: Pena -‐ a cominada à falsificação ou à alteração. ATENÇÃO: Enquanto a Norma Penal em Branco é formalmente deficiente em seu preceito primário, a Norma Penal Incompleta ou Imperfeita é deficiente em seu preceito secundário. LEI PENAL NO TEMPO ASPECTOS GERAIS Validade da Norma Validade Formal: a satisfação das condições de validade formal – submissão instrumental às formas e aos procedimentos do ato normativo, bem como a competência do órgão que a emana – são suficientes para que a norma exista ou esteja em vigor. Validade Substancial: para além das condições formais de instrumentalidade sem as quais o ato normativo é imperfeito e suas normas não vem à existência – para que seja substancialmente válida a norma necessita preservar o seu conteúdo, ou seja, seu significado. Vigência da Norma Vigência Formal: a submissão ao tramite procedimental e a observância das regras que regulam a produção normativa, são suficientes para formalizar a sua vigência. Iniciada sua vigência e não havendo autorevogação, tal como nas leis transitórias, a norma continua formalmente existindo e incidindo até que outra a revogue. Vigência Material: a norma somente preserva sua vigência material enquanto validamente justifica-‐se pelo respeito aos seus valores intrínsecos. Eficácia da Norma Eficácia Formal: a norma é formalmente eficaz e começa a produzir efeitos jurídicos com a sua simples positivação, ou seja,sua inserção no ordenamento jurídico. Eficácia Substancial: a norma será substancialmente efetiva na medida em que seus efeitos concretizarem os conteúdos que justificaram politicamente a sua produção. Publicação: é a divulgação do texto normativo no Diário Oficial da União. Vacatio Legis: é o espaço de tempo entre a publicação e a entrada em vigência da lei. PRINCÍPIOS DE DIREITO PENAL INTERTEMPORAL Tempus Regit Actum * Princípio da Legalidade e da Anterioridade da Lei Penal Princípio de Que o Tempo Rege o Ato: aplica-‐se sempre a norma que estava vigente no momento em que a infração penal foi cometida. Princípio da Aplicação da Lei Mais Favorável: aplica-‐se a norma posterior que, de qualquer modo, seja mais favorável ao agente . * Art. 5o, XL, da CF – A lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Extra Atividade: é aplicação da lei penal benéfica a fatos ocorridos fora do alcance de sua vigência. Retroatividade: é a aplicação da lei penal benéfica a fatos ocorridos antes de sua vigência. Ultra Atividade: é a aplicação da lei penal benéfica a fatos ocorridos durante a sua vigência, mesmo depois de revogada. Princípio da Continuidade Normativo Típica: nem sempre a revogação formal de um delito precedente significa abolitio criminis, pois a lei nova revogadora pode prever as mesmas condutas antes tipificadas. Migração: significa que os delitos podem ser deslocados para outros diplomas normativos – Legislação Extravagante – ou ainda, para outros títulos ou capítulos do mesmo diploma normativo no qual estavam previstos. * Ex: a Lei no 12.015/09 não descriminalizou o Atentado Violento Ao Pudor, apenas o deslocou para o art. 213 do CP. O mesmo ocorreu com o Rapto Para Fim Libidinoso, que migrou para o art. 148, § 1o , inc. V, do CP com a revogação do art. 219 do CP pela Lei no 11.106/05. ATENÇÃO: as normas processuais, ainda que benéficas, são irretroativas, aplicando-‐se o princípio tempus regit actum – art. 2 do CPP. No caso de normas híbridas, prevalece o conteúdo material. Jurisprudência: STF – RE 602561; STJ – HC 55064/SP. * Ex: art. 38 do CPP – prazo decadencial para oferecimento de queixa ou representação. VIGÊNCIA DA LEI PENAL NO TEMPO Lex Gravior – lei mais grave. Irretroatividade Absoluta A lei penal mais grave não se aplica aos fatos ocorridos antes de sua vigência, incide apenas sobre fatos posteriores à sua entrada em vigor. * Art. 5, XL da CF – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. ATENÇÃO: Súmula 711 do STF – A lei penal mais grave aplica-‐se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Espécies de Novatio Legis In Pejus: Novatio Legis Incriminadora: tipifica um novo delito. * Ex: art. 135-‐A do CP – incluído pela Lei 12.653/2012. Novatio Legis Penalizadora: agrava as conseqüências jurídicas penais de um delito já existente. * Ex: art. 33 da Lei 11.343/06, em relação à Lei 6.368/76. Abolitio Criminis – lei que abole o crime. Ab Rogação Completa do Preceito Penal A nova lei penal que descriminaliza um delito tipificado pela legislação, incide sobre todos os fatos anteriores a sua vigência. * Art. 2, caput do CP – Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. * Ex: A lei 11.106/05 que revogou o art. 240 do CP – Adultério. Natureza Jurídica: causa de extinção da punibilidade – art. 107, III do CP. Lex Mitior – lei mais benéfica. Ultra Atividade e Retroatividade A lei penal mais benéfica sempre prevalecerá em favor do agente: quer seja anterior – ultra atividade -‐ quer seja posterior – retroatividade. * Art. 2, parágrafo único do CP – A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-‐se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. * Ex: Lei 12.433/11 – Altera a Lei de Execução Penal para dispor sobre a remição de parte do tempo de execução da pena por estudo ou por trabalho. Espécies de Novatio Legis In Mellius: Lei Intermediária: a lei penal mais benéfica entre duas outras leis penais é extra ativa, aplica-‐se aosfatos anteriores a sua vigência – retroatividade benéfica – e continua incidindo sobre todos os fatos praticados na sua vigência, mesmo depois de revogada – ultra atividade. Lei Posterior: a lei penal posterior mais benéfica é retroativa, incide sobre todos os fatos anteriores a sua vigência. Lex Tertia – combinação de leis. Máximo Benefício da Aplicação Conjunta Na determinação da lei mais benéfica o interprete poderá combinar preceito e critérios mais favoráveis da lei anterior e da lei posterior para extrair o máximo benefício resultante da aplicação conjunta só dos aspectos mais favoráveis das duas leis. * Ex: a Lei 8.072/90 – Crimes Hediondos – art. 6 – Extorção Mediante Seqüestro – aumentou a pena de reclusão de 6 a 15 anos e multa para 8 a 15 anos sem previsão pecuniária. Ponderação Unitária: total impossibilidade de combinação entre os preceitos benéficos da lei nova e da lei antiga. * Doutrina Majoritária: impossibilidade da criação de uma tertia Lex – o interprete estaria usurpando competência exclusiva do Poder Legislativo ao compor uma lei com fragmentos de outras duas. Ponderação Diferenciada: perfeitamente possível a combinação entre os efeitos benéficos de diversas leis que se sucedem no tempo. * Doutrina Minoritária: a missão do juiz é, sobretudo, velar pela Constituição e tornar efetivos os postulados fundamentais. A integração de normas é perfeitamente legítima e, portanto, inexiste lesão ao princípio da separação dos poderes. Mas ainda que houvesse tal lesão, teríamos um conflito entre dois princípios constitucionais: a separação dos poderes e a retroatividade da lei penal mais benéfica. O Estado Democrático de Direito obriga o juiz a optar em favor do último, em uma Democracia o interesse legítimo de um cidadão sobrepõe-‐se ao interesse legítimo do Estado. * JURISPRUDÊNCIA: é́ possível a incidência da minorante do art. 33, § 4o da Lei 11.343/2011 ao condenado pelo art. 12o da Lei 6.368/76. ??? Sim. Em sessão realizada em 13.10.2011, o Plenário do STF desproveu o RES 596.152/SP, admitindo a combinação de leis, em virtude do empate na votação. Posteriormente, novos julgados foram proferidos no mesmo sentido: HC 105.282/RS (13.12.2011); HC 97.955/MS (06.12.2011); HC 106.153/SP (22.11.2011). O STJ também adota a teoria da ponderação diferenciada: HC 171.699 (20.03.2012). Nelson Hungria – O juiz não pode arvorar-‐se de legislador e criar uma terceira lei, dissonante, no seu hibridismo, de qualquer das leis em jogo. ... No mesmo sentido, Heleno Fragoso e Aníbal Bruno. Frederico Marques – Em obediência a princípios de eqüidade consagrados pela própria Constituição o julgador pode movimentar-se dentro dos quadros legais para uma tarefa de integração perfeitamente legítima. Primeiro a Constituição depois o formalismo jurídico, mesmo porque a própria dogmática legal obriga a essa subordinação ao texto constitucional. A verdade é que não estará retroagindo a lei mais benéfica se a parcela benéfica da lei posterior não for aplicada pelo juiz. ... Neste sentido: Basileu Garcia, Celso Delmanto, Rogério Greco, Fernando da Costa Tourinho Filho, Flávio Augusto Monteiro de Barros. LEIS INTERMITENTES Autorrevogáveis São leis criadas para vigerem por determinado período e, por vezes, por um lapso temporal breve. * Art. 3o do CP – A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-‐se ao fato praticado durante sua vigência. Lei excepcional: é aquela feita para viger durante uma situação excepcional, como um desastre natural. Lei temporária: é aquela feita para viger durante um período determinado. * Ex: as disposições penais tipificadas pela Lei 12.663/12 – Lei da Copa. IMPORTANTE: a lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-‐se ao fato praticado durante sua vigência. LEIS PENAIS EM BRANCO No caso da lei penal em branco, a modificação da norma complementar também deverá obedecer os princípios da anterioridade e da retroatividade benéfica, salvo se tiver natureza excepcional ou temporária. Norma Complementar Temporária: sua alteração não retroage, ainda que favorável. * Ex: o tabelamento de preços que complementa o art. 6, inc. I da Lei 8.137/90. Norma Complementar Permanente: sua alteração, se favorável, deve ser aplicada retroativamente. * Ex: a portaria da ANVISA que dispõe sobre as substâncias entorpecentes. CONFLITO APARENTE DE NORMA A tipicidade de uma conduta pode apresentar dificuldades na aplicação da lei quando a mesma conduta apresentar características previstas em mais de um tipo incriminador. Entretanto o conflito normativo não é real, é apenas aparente. A aplicação de uma norma esgota a punição do fato, excluindo a aplicaçãocumulativa da outra. PRINCÍPIOS QUE REGEM A APLICAÇÃO NORMATIVA PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE Lex Specialis Derogat Legis Generalis Se entre duas ou mais normas penais existir relação de gênero – Especialidade – a norma especial afasta a incidência da norma geral. Lex Generalis: é aquela que contém todos os elementos do tipo incriminalizador. * Ex: art. 334, caput, do CP – Contrabando – é geral em relação ao tráfico de drogas. Lex Specialis: é aquela que contém todos os elementos do tipo geral e mais o elemento especializador. * Ex: art. 33 da Lei 11.343/06 – Tráfico de Drogas – é especial em relação ao contrabando. PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE Lex Primaria Derogat Legis Subsidiarie Haverá Subsidiariedade quando existir diferentes normas protegendo o mesmo bem jurídico em diferentes fases, etapas ou graus de agressão. Norma Primária: ao tipificar a conduta condiciona sua punição a inexistência de subsunção típica na fase posterior. * Ex: art. 132 do CP – Expor a Perigo a Vida de Outrem – Se o Fato não Constitui Crime mais Grave. Norma Secundária: a subsunção ao tipo secundário envolve por completo a conduta tipificada pela norma primária. * Ex: art. 132 do CP – Expor a Perigo a Vida de Outrem – em relação à Tentativa de Homicídio. Subsidiariedade Expressa: a própria lei ressalva a possibilidade de punição por fato mais grave. * Ex: art. 132 do CP – Perigo a Vida ou Saúde de Outrem – em relação ao do art. 133 do CP – Abando de Incapaz. Subsidiariedade Tácita: encontra-‐se nos tipos delitivos que descrevem fase prévia de passagem necessária para a realização do delito mais grave cuja a punição abrange todas as etapas anteriores de execução. * Ex: tentativa em relação ao crime consumado. PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO Lex Consumens Derogat Legis Consumptae A norma típica mais ampla, mais abrangente, ao incluir em seus elementos essenciais a violação da conduta incriminada pelo tipo prévio, consome, absorve a proteção parcial que a norma menos abrangente objetiva. Assim, estando esse fato prévio abrangido pela prática do crime mais grave, em uma relação de meio para fim, é por este consumido ou absorvido. * Ex: lesão corporal em relação ao homicídio. ANTEFATO E PÓS FATO IMPUNÍVEIS Antefato Impunível: o resultado não se altera essencialmente. Considera-‐se um caso de subsidiariedade tácita. * Ex: violação de domicílio no crime de furto. Alguma falsificações pelo crime de estelionato. Pós Fato Impunível: se ajusta ao princípio da consumação. Geralmente ocorre com atos de exaurimento do crime consumado, os quais estão previstos em tipos autônomos. * Ex: crime de furto consumado com a posterior destruição ou danificação da coisa. O agente que furta a coisa o faz para uso ou consumo, a punição do furto abrange a lesão posterior tipificada pelo crime de dano.
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