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10º PEÇA NPJ 2018.1 AO JUIZO DE DIREITO DA (1)

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AO JUIZO DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE MACEIÓ
 
ASSOCIAÇÃO CASTRO ALVES, pessoa jurídica de direito privado inscrita no CNPJ sob o n. ..., com sede na ... (endereço completo), por seu advogado (instrumento de mandato anexo), com endereço profissional na .... (endereço completo), local indicado para receber intimações (art. 39, i, CPC), vem à presença de Vossa Excelência, com supedâneo no art. 129, III, da Constituição Federal, bem como na Lei 7.347/1985, propor 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE LIMINAR
em desfavor do MUNICIPIO DE MACEIÓ, pessoa jurídica de direito público interno, representado por seu Procurador Geral , com endereço para intimações ( endereço completo), pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
I – SÍNTESE DOS FATOS 
A Associação Castro Alves, constituída há 3 (três) anos, cujo objetivo é a defesa do patrimônio social e, particularmente, do direito à saúde de todos, mostrou-se inconformada com a negativa do Posto de Saúde Salgadinho, gerido pelo Município de Maceió, de oferecer atendimento laboratorial adequado aos idosos que procuram esse serviço. 
O argumento das autoridades era o de que não havia profissionais capacitados e medicamentos disponíveis em quantitativo suficiente. Em razão desse estado de coisas e do elevado número de idosos correndo risco de morte, a Associação resolveu peticionar ao Secretário municipal de Saúde, requerendo providências imediatas para a regularização do serviço público de Saúde. 
O Secretário respondeu que a situação da Saúde é realmente precária e que a comunidade precisa ter paciência e esperar a disponibilização de repasse dos recursos públicos federais, já que a receita prevista no orçamento municipal não fora integralmente realizada. 
Reiterou, ao final e pelas razões já aventadas, a negativa de atendimento laboratorial aos idosos. Apesar disso, as obras públicas da área de lazer do bairro em que estava situado o Posto de Saúde Salgadinho, nos quais eram utilizados exclusivamente recursos públicos municipais, continuaram a ser realizadas.
II- LEGITIMIDADE ATIVA
Associação Castro Alves decorre do fato de ter sido constituída há mais de 3 (três) anos e destinar-se à defesa do patrimônio social e do direito à saúde de todos, atendendo ao disposto no Art. 5º, inciso V, alíneas a e b, da Lei nº 7.347/85.
Portanto, inegável a legitimidade da Associação frente à defesa de interesses protegidos na presente ação, como também inegável a natureza transindividual do bem a ser tutelado no presente caso
III- LEGITIMIDADE PASSIVA:
Município Maceió é justificado por ser o responsável pela gestão do Posto de Saúde Salgadinho . 
IV- CABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA
O cabimento exclusivo da ação civil pública decorre do fato de o objetivo da demanda judicial ser a defesa de todos os idosos que procuram o atendimento do Posto de Saúde Salgadinho, nos termos das finalidades estatutárias da Associação defesa do patrimônio social e, particularmente, do direito à saúde de todos – , e não eventual defesa de direito ou interesse individual. Como se discute a qualidade do serviço público oferecido à população e esses idosos não podem ser individualizados, trata-se de típico interesse difuso , enquadrando-se no Art. 1º, incisos IV ou VIII, da Lei nº 7.347/85
V- DOS FUNTAMENTOS JURIDICOS 
O direito à saúde é um direito fundamental do indivíduo. A Constituição da República de 1988 definiu como fundamentos do Estado Democrático de Direito a “cidadania” e a “dignidade da pessoa humana” (artigo 1°). Não resta dúvida que o direito à saúde está atrelado a tais fundamentos, pelo que a omissão do Poder Público nessa seara representa abalo aos próprios fundamentos da República. 
Conforme a norma do artigo 6° da Constituição o direito à saúde constitui direito fundamental social, integrando, pois, o elenco de direitos humanos previstos expressamente no texto constitucional.
Por sua vez, o artigo 196 da Constituição da República, de forma enfática, dispõe claramente:
“Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
A preocupação do Constituinte com o direito à saúde foi tão elevada que fez constar expressamente que as respectivas ações e serviços são de “relevância pública”(ao que parece, a única hipótese expressa no texto constitucional).
Comentando acerca da definição do direito à saúde como matéria de extrema relevância pública, asseveram os especialistas em Direito Sanitário GUIDO IVAN DE CARVALHO e LENIR SANTOS:
“Ao qualificar os serviços e ações de saúde como de relevância pública, não pretendeu o legislador constituinte dizer que os demais direitos humanos e sociais não têm relevância; quis o legislador talvez enunciar a saúde como um estado de bem-estar prioritário, fora do qual o indivíduo não tem condições de gozar outras oportunidades proporcionadas pelo Estado,como a educação, antecipando-se, assim, à qualificação de “relevância” que a legislação infraconstitucional deverá outorgar a outros serviços, públicos e privados.” 
 A principal conseqüência do enquadramento de uma norma na categoria dos direitos fundamentais é o reconhecimento de sua supremacia hierárquica – não apenas do ponto de vista formal, mas também sob a ótica axiológica – e, conseqüentemente, de sua força normativa diferenciada.
 Preleciona DANIEL SARMENTO, com propriedade:
“Na verdade, o princípio da dignidade da pessoa humana exprime, em termos jurídicos, a máxima kantiana, segundo a qual o Homem deve sempre ser tratado como um fim em si mesmo e nunca como um meio. O ser humano precede o Direito e o Estado, que apenas se justificam em razão dele. Nesse sentido, a pessoa humana deve ser concebida e tratada como valor-fonte do ordenamento jurídico, como assevera Miguel Reale, sendo a defesa e promoção da sua dignidade, em todas as suas dimensões, a tarefa primordial do Estado Democrático de Direito. Nesta linha, o princípio da dignidade da pessoa humana representa o epicentro axiológico da ordem constitucional, irradiando efeitos sobre todo o ordenamento jurídico e balizando não apenas os atos estatais, mas também toda a miríade de relações privadas que se desenvolvem no seio da sociedade civil e do mercado. A despeito do caráter compromissório da Constituição, pode ser dito que o princípio em questão é o que confere unidade de sentido e valor ao sistema constitucional, que repousa na idéia de respeito irrestrito ao ser humano - razão última do Direito e do Estado.”
Não resta qualquer dúvida que o interesse mais relevante e que merece proteção imediata é a saúde. Não é razoável exigir-se que, constatada a violação aos direitos fundamentais, principalmente de pessoa idosa, fique ela exposta, até o provimento jurisdicional definitivo, aos sérios riscos de vir a perder sua vida, decorrentes da omissão dos ora requeridos no atendimento à saúde.
O Supremo Tribunal Federal há mais de uma década firmou o entendimento de que o direito à saúde constitui direito fundamental do indivíduo e que sua efetividade é dever do Poder Público. Sobre o tema confira-se
Não se discute acerca da obrigação do Poder Público em arcar com exames, remédios e tratamentos, prestando atendimento integral ao cidadão. Nesse sentido, confira-se acórdão do Superior Tribunal de Justiça:
“CONSTITUCIONAL. RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA OBJETIVANDO O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO (RILUZOL/RILUTEK) POR ENTE PÚBLICO À PESSOA PORTADORA DE DOENÇA GRAVE: ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA - ELA. PROTEÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS. DIREITO À VIDA (ART. 5º, CAPUT, CF/88) E DIREITO À SAÚDE (ARTS. 6º E 196, CF/88). ILEGALIDADE DA AUTORIDADE COATORA NA EXIGÊNCIA DE CUMPRIMENTO DEFORMALIDADE BUROCRÁTICA. 1 - A existência, a validade, a eficácia e a efetividade da Democracia está na prática dos atos administrativos doEstado voltados para o homem. A eventual ausência de cumprimento de uma formalidade burocrática exigida não pode ser óbice suficiente para impedir a concessão da medida porque não retira, de forma alguma, a gravidade e a urgência da situação da recorrente: a busca para garantia do maior de todos os bens, que é a própria vida. 2 - É dever do Estado assegurar a todos os cidadãos, indistintamente, o direito à saúde, que é fundamental e está consagrado na Constituição da República nos artigos 6º e 196. 3 - Diante da negativa/omissão do Estado em prestar atendimento à população carente, que não possui meios para a compra de medicamentos necessários à sua sobrevivência, a jurisprudência vem se fortalecendo no sentido de emitir preceitos pelos quais os necessitados podem alcançar o benefício almejado (STF, AG nº 238.328/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 11/05/99; STJ, REsp nº 249.026/PR, Rel. Min. José Delgado, DJ 26/06/2000). 4 - Despicienda de quaisquer comentários a discussão a respeito de ser ou não a regra dos arts. 6º e 196, da CF/88, normas programáticas ou de eficácia imediata. Nenhuma regra hermenêutica pode sobrepor-se ao princípio maior estabelecido, em 1988, na Constituição Brasileira, de que "a saúde é direito de todos e dever do Estado" (art. 196). 5 - Tendo em vista as particularidades do caso concreto, faz-se imprescindível interpretar a lei de forma mais humana, teleológica, em que princípios de ordem ético-jurídica conduzam ao único desfecho justo: decidir pela preservação da vida. 6 - Não se pode apegar, de forma rígida, à letra fria da lei, e sim, considerá-la com temperamentos, tendo-se em vista a intenção do legislador, mormente perante preceitos maiores insculpidos na Carta Magna garantidores do direito à saúde, à vida e à dignidade humana, devendo-se ressaltar o atendimento das necessidades básicas dos cidadãos. 7 - Recurso ordinário provido para o fim de compelir o ente público (Estado do Paraná) a fornecer o medicamento Riluzol (Rilutek) indicado para o tratamento da enfermidade da recorrente.” RMS 11183/PR; RECURSO ORDINARIO EM MANDADO DE SEGURANÇA 1999/0083884-0 - Ministro JOSÉ DELGADO - T1 - PRIMEIRA TURMA j. 22/08/2000 DJ 04.09.2000 p. 121 RSTJ vol. 138 p. 52.
Frise-se, nesse passo, que a execução da política de saúde cabe preferencialmente ao Município, restringindo-se a atuação federal e estadual no gerenciamento do sistema e na participação no financiamento, somente executando ações e serviços de saúde de forma excepcional.
O que se verifica, na hipótese, é a necessidade de defesa do direito à vida e à saúde dos idosos que procuram os serviços do Posto de Saúde Salgadinho, amparados pelos Art. 5º, caput, pelo Art. 6º, todos da CRFB/88.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
O Município tem o dever de assegurar o direito à saúde dos idosos e de cumprir a competência constitucional conferida para fins de prestação do serviço público de saúde (Art. 30, inciso VII, da CRFB/88).
Art. 30. Compete aos Municípios:
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;
Ademais, trata-se de direito à saúde de pessoa idosa, pelo incide as normas da Lei n.° 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), que preconiza a prioridade absoluta no atendimento: Como a proteção constitucional  legal ao idoso , prevista no Art. 230 da CRFB/88 ou no Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03)
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
  
VI – DA MEDIDA DE LIMINAR 
É indispensável que Vossa Excelência intervenha e, liminarmente, nos termos do artigo 12 da Lei 7.347/85, determinando-se que o Município regularize o sistema de saúde para prestar o atendimento laboratorial adequado aos idosos na localidade abrangida pelo Posto de Saúde. E o risco de ineficácia da medida final, se a liminar não for deferida, tendo em vista a urgência da situação, uma vez que os idosos estão sujeitos a complicações de saúde e a risco de morte, caso não recebam o tratamento de saúde adequado , fixando-se multa diária na hipótese de o réu vir a descumprir tal determinação (art. 12, caput e § 2.°, Lei 7.347/1985). 
No caso ora posto sob apreciação judicial, todos os requisitos exigidos pela lei processual para o deferimento da tutela antecipada encontram-se reunidos. A verossimilhança da alegação decorre da própria certeza com relação aos fatos, bem demonstrados nos autos inquisitoriais ora apensados. O fumus boni iuris encontra-se induvidosamente presente, assentado sobre os argumentos jurídicos que apontam para cristalina violação do princípio fundamental do respeito à dignidade humana (CF, art. 1°, III), da saúde como direito social (CF, art. 6°, caput) e como direito de todos e dever do Estado (CF, art. 196).
De igual modo, o perigo do dano irreparável também existe. Ora, o periculum in mora é notório, na medida em que a omissão dos gestores do em solucionar tal deficiência tem acarretado inúmeros transtornos aos usuários , que se encontram privados do acesso a um serviço de saúde eficiente e resolutivo, bem como, aos instrumentos básicos de controle social quanto ao funcionamento dos serviços de saúde neste Município.
Impor à coletividade, especialmente a parcela mais carente da população, que aguarde a ação voluntária do Estado para o gozo de seus direitos mais basilares, seria manter, por prazo indefinido, a situação de injustiça e de grave violação aos direitos fundamentais
V - PEDIDOS
 Diante do exposto, requer-sc: 
1. A concessão imediata da Medida Liminar requerida para o fim de determinar ao Posto de Saúde Salgadinho, gerido pelo Município de Maceió que ofereça atendimento laboratorial adequado aos idosos que procuram esse serviço, sob pena de multa diária, nos termos do artigo 11, da Lei 7347/85;
2. A citação dos requeridos, para que, querendo, apresentem contestação;
3. A intimação do Ministério Público;
4. A produção de todas as provas em direito admitidas, em especial, a prova documental, testemunhal e pericial;
5. Condenação dos réus em honorários advocatícios e custas processuais
6. A procedência dos pedidos para o fim de confirmar a liminar anteriormente concedida e determinar ao Posto de Saúde Salgadinho que ofereça atendimento laboratorial adequado aos idosos que procuram esse serviço
Em cumprimento ao art. 319, VII do CPC, o autor opta pela realização da audiência de conciliação ou mediação
Dá à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), para efeitos procedimentais 
Termos em que pede deferimento.
 Local e data. 
ADVOGADO./OAB.

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