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CONTRATOS

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Direito Civil - Contratos
Fontes Obrigacionais
1. Atos unilaterais 
“A declaração unilateral de vontade é uma das fontes das obrigações resultantes da vontade de uma só pessoa, formando-se a partir do instante em que o agente se manifesta com a intenção de se obrigar, independentemente da existência ou não de uma relação creditória, que poderá surgir posteriormente” (DINIZ, 2011, pág. 812).
É possível alguém se obrigar sozinho? Sim, mas, não através de um contrato, pois todo contrato é bilateral quanto às partes. Os atos unilaterais são obrigações assumidas por alguém independente da certeza do credor. Tais atos só podem ser criados pela lei.
Segundo nosso Código Civil, são quatro os atos unilaterais: a promessa de recompensa, a gestão de negócios, o pagamento indevido e o enriquecimento sem causa.
Art. 854: Promessa de recompensa 
“Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o devido”. 
Ex dado em sala: Delegado que ofertou 3 mil reais para aquele que desse informações do bandido que assaltou sua casa em rede nacional. Meia hora depois do anúncio, o infrator estava preso e o delegado foi obrigado a cumprir a promessa, pois enquadra-se no artigo acima. 
Art. 861: Gestão de negócios 
“Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão do negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar”. 
É a atuação de uma pessoa que, espontaneamente e sem mandato, administra negócio alheio, presumindo o interesse do próximo. 
Ex: é gestor de negócio alheio o morador de um edifício que arromba a porta do vizinho para fechar torneira que ficou aberta enquanto o vizinho saiu em viagem; então o gestor fecha a torneira, enxuga o apartamento, manda secar os tapetes e troca a fechadura arrombada, devendo o vizinho indenizá-lo pelas despesas, 869). O gestor não tem autorização e nem obrigação de agir, mas deve fazê-lo por solidariedade, garantindo a lei o reembolso das despesas feitas.
Art. 869: “Se o negócio for utilmente administrado, cumprirá ao dono as obrigações contraídas em seu nome, reembolsando ao gestor as despesas necessárias ou úteis que houver feito, com juros legais, desde o desembolso, respondendo ainda pelos prejuízos que este houver sofrido por causa da gestão.”
Dito unilateral, pois o gestor age sem combinar com o dono do negócio, não havendo o acordo de vontades (consenso) que caracteriza os contratos. A gestão é gratuita (= altruísmo), mas o gestor pode ser processado caso não exerça bem sua tarefa (862, 863).
Art. 862: “Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abstido” (moderado). 
Art. 863: “No caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão excederam o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença”. 
Outros exemplos: providenciar um guincho para remover o carro de alguém estacionado na frente de uma casa em chamas; um advogado paga com seu dinheiro um imposto devido pelo cliente; pagar alimentos quando o devedor da pensão está ausente (871, então quem sustenta filhos dos outros pode exigir indenização dos pais); também é gestão de negócios pagar as despesas do funeral de alguém (872).
Art. 876: Pagamento indevido 
“Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fia obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição”. 
O pagamento indevido é fonte de obrigação, em face do princípio da equidade, pelo qual não se permite o ganho de um, em detrimento de outro, sem causa justificada. Assim sendo, através da ação de "in rem verso", o prejudicado pode retornar ao"status quo ante". 
O ônus da prova é de quem paga indevidamente, isto é, para alguém que alega o pagamento indevido, é fundamental provar o erro em que incidiu, pois aquele que deliberadamente efetua um pagamento indevido, apenas comete uma liberalidade, não configurando, assim, o enriquecimento sem causa. No pagamento voluntário, onde o pagador está consciente da inexistência da dívida, ocorre apenas liberalidade, que é causa jurídica suficiente para sustentar o ato, tal como se passa na doação comum.
Desta forma conclui-se que o prejudicado pelo pagamento indevido, para invocar o restabelecimento da situação anterior, deve fazer prova substancial do erro quanto ao pagamento, da inexistência de causa que justifique o seu empobrecimento e o enriquecimento indevido do que recebeu o pagamento, pois a inobservância de tais requisitos resultará no fracasso da futura demanda.
O pagamento indevido cria para o "accipiens"(aquele que recebe) um enriquecimento sem causa, e, portanto, gera para o "solvens" (aquele que paga- devedor) uma ação de repetição para reaver o pagamento indevido. 
Para que fique caracterizado o pagamento indevido, necessário se faz a presença de alguns pressupostos. Primeiramente, é necessário a existência de um pagamento. Em seguida, deve-se provar inexistência de causa jurídica que justifique o pagamento, pois se não há vínculo preexistente, falta a razão que justifique a obrigação do pagamento pelo lesado. Finalmente, o lesado deve demonstrar que cometeu um erro ao efetuar o pagamento. Assim sendo, uma vez reunidos os três pressupostos, estará caracterizado o pagamento indevido. Necessário frisar que estes elementos devem ser comprovados pelo "solvens" para que obtenha sucesso em sua demanda.
Um exemplo típico, ocorre quando vários credores pretendem receber um pagamento de um único devedor. Este por sua vez, sem ter certeza de que é o verdadeiro credor, opta por pagar a um dos credores. Posteriormente, verifica-se que o verdadeiro credor é outro diverso daquele que recebeu. Portanto, verifica-se o erro, a inexistência de causa jurídica e o pagamento. Assim sendo, o devedor tem direito a repetição do pagamento.
Espécies de pagamento indevido 
Dá-se o objetivo ou “indebito ex re” quando o erro diz rerspeito à existência e extensão da obrigação, ou seja, quando o “solvens” paga dívida inexistente (indébito absoluto), mas que supunha existir, ou débito que já existiu mas se encontra extinto, ou dívida pendente de condição suspensiva; ou, ainda, quando paga mais do que realmente deve ou se engana quanto ao objeto da obrigação e entrega ao “accipiens”uma coisa no lugar de outra. Nestes dois últimos casos, a devolução da coisa mantém íntegra a obrigação.
Configura-se o indébito subjetivo ou “indebito ex persona” quando a dívida realmente existe e o engano é pertinente a quem paga (que não é a pessoa obrigada) ou a quem recebe (que não é o verdadeiro credor). 
Art. 969: “Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o por conta de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a ação ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito; mas o que pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador."
Art. 884: Enriquecimento sem causa 
“Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à vista de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários”. 
Parágrafo único: Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e se a coisa não mais substituir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. 
A previsão do novo Código é que há enriquecimento sem causa com obrigação de restituir nas seguintes hipóteses: 
“a) inexistência de causa jurídica para o enriquecimento de um e o empobrecimento de outro; ou b) a causa para enriquecimento deixou de existir” (LISBOA, 2008, p. 421)
2. Contratos 
Contrato é acordo entre duas ou mais vontades, em conformidade a ordem jurídica, destinado aestabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com a finalidade de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial. Produz efeitos obrigacionais.
O contrato é uma espécie de negócio jurídico que depende, para a sua formação, da participação de duas ou mais partes, é portanto, negocio jurídico bilateral ou plurilateral. Resulta de uma composição de interesses, decorrentes do mútuo consenso. 
As partes se vinculam ao contrato através do princípio “pacta sunt servanda”. 
Efeitos obrigacionais dos contratos:
1. Transitoriedade: Ninguém fica atrelado a outrem eternamente. Perpetuidade tem relação ao direito real, não contratos, que tem característica transitória. 
2. Valor econômico: Todo contrato precisa ter um valor econômico para viabilizar a responsabilidade patrimonial do inadimplente.
3. Consenso: todos os contratos se formam pelo consenso, do acordo entre duas pessoas. 
Requisitos de validade dos contratos 
Para que o negócio jurídico produza efeitos, possibilitando a aquisição, modificação ou extinção de direitos, deve preencher certos requisitos, apresentados como os de sua validade. Se possui é valido, e dele decorrem os mencionados efeitos, almejados pelo agente. Se porém, falta-lhe um desses requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito jurídico em questão e é nulo ou anulável. 
De ordem geral
Art. 104: “ A validade do negocio jurídico requer: 
I – agente capaz
II – objeto licito, possível, determinado ou determinável
III – forma prescrita ou não defesa em lei (Obs: a validade de declaração de vontade não dependerá e forma especial, se não quando a lei expressamente exigir – art. 107”.
De ordem especial 
Os requisitos de validade do contrato podem assim, ser distribuídos em 3 grupos:
A-) Requisitos subjetivos
1. Manifestação de duas ou mais vontades e capacidade genérica dos contraentes: A capacidade exigida nada mais é do que a capacidade de agir em geral. Art. 3º (nulo) e 4º (anulável). 
Art. 3 do C. C: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I – os menores de 16 anos 
II – os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiveram o necessário discernimento para a pratica desses atos. 
III- os que, mesmo por causa transitória, não puderam exprimir sua vontade.
Art. 4 do C. C: São relativamente incapazes:
I – Os maiores de 16 anos e menores de 18 anos. 
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham seu discernimento reduzido. 
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo 
IV – os pródigos 
Obs. T. P. M: Tutela para menores
C. P. I: Curatela para incapazes
2. Aptidão específica para contratar: Algumas vezes, para celebrar certos contratos, requer-se uma capacidade especial, mais intensa que a normal. Essas hipóteses não dizem respeito propriamente à capacidade geral, mas a falta de legitimação ou impedimento para realização de certos negócios. Ex: Consentimento dos descendentes e do cônjuge do alienante (para a venda a outros descendentes). 
A legitimidade é um limitador da capacidade. Algumas pessoas, embora capazes, não tem legitimidade (autorização) para comprar e vender certos bens, embora essa limitação é aplicada em certas circunstanciais.
3. Consentimento: É o acordo de vontade. Deve abranger sobre o acordo de existência e natureza do contrato, acordo sobre o objeto do contrato e sobre suas clausulas. O consentimento deve ser livre e espontâneo. 
A manifestação da vontade, nos contratos, pode ser tácita, quando a lei não exigir que seja expressa. A expressa é exteriorizada verbalmente, por escrito, gesto ou mímica. A tácita se infere da conduta do agente. O silencio pode ser interpretado como manifestação tácita da vontade quando as circunstancias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa, e também quando a lei autorizar. 
B-) Requisitos objetivos
Diz respeito ao objeto do contrato que deve ser: II – objeto licito, possível, determinado ou determinável – Art. 104 
1. Licitude do objeto do contrato: objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes. 
2. Possibilidade jurídica ou física do objeto do negócio jurídico: O objeto deve ser também possível. Quando impossível é nulo. A impossibilidade física é a que emana das leis físicas ou naturais, já a impossibilidade jurídica do objeto, quando o ordenamento proíbe, expressamente, negócios a respeito de determinado bem, como por exemplo, a herança de pessoa viva. 
3. Economicidade do objeto: deve ser suscetível de apreciação econômica. 
C-) Requisitos formais 
A forma é o meio de revelação da vontade. No direito brasileiro a forma é em regra, livre, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular. O consensualismo, portanto, é regra, e o formalismo, exceção. 
Art. 107: “A validade da declaração da vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente exigir”. 
Podem ser distinguidas 3 espécies de formas:
1. Forma livre: É a predominante no direito brasileiro. É qualquer meio de manifestação da vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei. (Ex: palavra escrita ou falada, escrito público ou particular). 
2. Forma especial ou solene: É exigida pela lei como requisito de validade de determinados negócios jurídicos, com finalidade de assegurar a autenticidade dos negócios, garantir a livre manifestação da vontade, demonstrar a seriedade do ato e facilitar a sua prova. 
A forma especial pode ser única ou múltipla. Forma única é a que, por lei, não pode ser substituída por outra. Diz-se múltipla ou plural a forma quando o ato é solene, mas a lei permite a formalização do negócio jurídico por diversos modos, podendo o interessado se optar validamente por um deles. 
3. Forma contratual: É a convencionada pelas partes. 
Princípios fundamentais do direito contratual 
Art. 421: Princípio da autonomia privada 
“A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”. 
O princípio da autonomia da vontade se alicerça na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os seus interesses, mediante acordo de vontades. Têm as partes a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. 
E ainda: Art. 421: É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas nesse Código”. 
Contrato atípico: É o que resulta não de um acordo de vontades regulado no ordenamento jurídico, mas gerado pelas necessidades e interesses das partes.
Art. 422: Princípio da boa-fé objetiva
“Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. 
O princípio da boa-fé exige que as partes se comportem e forma correta não só durante as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato. É pressuposta a boa-fé, entretanto, a má-fé cabe o ônus da prova. A boa-fé impõe ao contratante um padrão de conduta, o de agir com retidão, ou seja, com honestidade e lealdade. 
Hoje pode-se dizer que as clausulas gerais que o juiz deve rigorosamente aplicar no julgamento das relações obrigacionais são: a boa-fé, o fim social do contrato e a ordem pública. 
Probidade: Um dos aspectos objetivos do princípio de boa-fé. Pode ser entendida como honestidade de proceder, ou maneira criteriosa de cumprir todos os deveres. 
O princípio de boa-fé se biparte em:
A.) Boa-fé subjetiva: Também chamada de concepção psicológica. Diz respeito ao conhecimento ao à ignorância da pessoa em relação a certos fatos. Diz-se “subjetiva” justamente porque, para a sua aplicação, deve o intérprete considerar a intenção do sujeito da relação jurídica, o seu estado psicológico ou intima convicção. 
B.) Boa-fé objetiva: Também chamada de concepção ética. É a boa-fé objetiva que se constituiem norma jurídica fundada em um princípio geral do direito, segundo o qual todos devem comportar-se de boa-fé nas suas relações recíprocas. 
As expressões suppressio, surrectio e tu quoque são conceitos correlatos à boa-fé objetiva, oriundos do direito comparado. Devem ser utilizados com função integrativa, suprindo lacunas do contrato e trazendo deveres implícitos às partes contratuais. 
- Suprressio: Um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo por contrair a boa-fé.
- Surretio: Consiste no nascimento de um direito, sendo nova fonte de direito subjetivo consequente à continuada pratica de certos atos. 
- Tu quoque: aquele que descumpriu norma legal ou contratual, atingindo isso determinada posição jurídica, não pode exigir do outro o cumprimento do preceito que ele próprio já descumprira. No mesmo sentido de: quem não cumpriu o contratado, ou a lei, não pode exigir o cumprimento de um ou outro. 
Demais artigos que tratam da boa-fé:
Art. 113: “Os negócios devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”. 
Art. 187: “ Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim economico ou social, pela boa-fé ou pelo bons costumes”. 
A incidência da regra da boa-fé pode ocorrer em várias situações, não só para se reclamar do contratante o cumprimento da obrigação como também para exonerá-lo. 
Princípio do consensualismo: Basta o acordo de vontade, independentemente da entrega da coisa, para o aperfeiçoamento do contrato. Os contratos em regra são, consensuais. Alguns poucos no entanto, são reais, porque somente se aperfeiçoam com a entrega do objeto, subsequente ao acordo de vontades. 
Princípio da relatividade dos contratos: Funda-se na ideia de que os efeitos dos contratos só se produzem em relação às partes, não afetando terceiros, salvo algumas exceções consignadas na lei (estipulações em favor de terceiros). 
Princípio da obrigatoriedade dos contratos: Decorre da convicção de que o acordo de vontades faz lei entre as partes (“ pacta sunt servanda”) não podendo ser alterado nem pelo o juiz. 
Princípio da revisão dos contratos: Também denominado “princípio da onerosidade excessiva”, opõe-se ao da obrigatoriedade, pois permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário para obter alteração da convenção e condições mais humanas caso a prestação se torne excessivamente onerosa em virtude de acontecimentos extraordinário e imprevisíveis. 
Formação dos contratos 
“Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto”. Art. 435 CC. 
Fases: 1. Tratativas preliminares ou puntuação 
2. Proposta ou oferta, policitação ou oblação
3. Aceitação ou conclusão do negócio
O contrato resulta de duas manifestações de vontade: a proposta, também chamada de oferta, policitação ou oblação, dá início a formação do contrato, e não depende, em regra de forma especial, como também a aceitação. 
Nem sempre o contrato nasce instantaneamente de uma proposta, e em seguida tem-se a aceitação. Na maioria dos casos, a proposta é antecedida de conversações, debates e estudos, denominada fase da puntuação ou tratativas preliminares. 
Na fase da puntuação, como as partes ainda não manifestaram sua vontade, não há nenhuma vinculação ao negócio. Mesmo quando surge um projeto ou minuta, ainda assim não há vinculação das pessoas. Tal responsabilidade só ocorrerá se ficar demonstrada a deliberada intenção, com falsa manifestação de interesse, de causar dano ao outro contratante. 
Embora as negociações preliminares, também chamadas de tratativas preliminares, não gerem, por si mesmas, obrigações para qualquer um dos participantes, elas fazem surgir, entretanto, deveres jurídicos, decorrentes da incidência do princípio da boa-fé. 
Tratativas preliminares: Aproximação da coisa com a pessoa. Surge nas tratativas deveres de lealdade, decorrentes da simples aproximação pré-contratual. A violação a esse dever secundário pode ensejar indenização, por existir uma relação obrigacional, independentemente de contrato, fundada na boa-fé. 
Minuta: Documento que é antecedente a proposta; rascunho. A minuta não vincula as partes, não é obrigacional; não há que se falar em aceitação. É instrumento usado na fase de formação de contratos, mas não tem efeito jurídico, pois não se formou o consenso. As partes ainda não estão determinando o conteúdo da vontade negocial. Todo e qualquer contrato deverá ter uma minuta. 
Obs:. Existe uma corrente minoritária de que a minuta, em certo momento, pode se transformar em proposta e vincular os contratantes. 
è A proposta 
Proposta também chamado de oferta, policitação ou oblação; é documento redigido por aquele que tem interesse no negócio jurídico, dispondo as condições favoráveis a ele, caso venha ocorrer o contrato. A proposta precisa ser clara, ou seja, trazer clareza da intenção, precisa ser concisa, DEPENDENTE DE ACEITAÇÃO.
A proposta pode ser feita verbalmente, porém, é preciso cuidado para não haver mal entendidos. 
Traduz uma vontade definitiva de contratar, não estando mais sujeito a discussões ou estudos, mas se dirigindo a parte para que essa aceite ou não. Vincula as pessoas. 
Pessoas: Policitante é o proponente – emite a proposta
Oblato – quem aceita 
Características da proposta:
1. Deve conter todos os elementos essências do negócio proposto como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de pagamento etc. 
2. Deve ser séria e consciente, pois vincula o proponente. 
Art. 427: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não resultar dos termos dela, da natureza do negócio ou das circunstancias do caso.”
A lei abre, entretanto, várias exceções a essa regra. Dentre elas não se encontram, todavia, a morte ou a interdição do policitante. Nesses dois casos, respondem respectivamente, os herdeiros e o curador do incapaz, pelas consequências jurídicas do ato. Com efeito, a morte intercorrente não desfaz a promessa, que se insere como elemento passivo da herança. A proposta se transmite aos herdeiros, como qualquer outra obrigação. O princípio, evidentemente não se aplica a uma proposta de obrigação personalíssima. 
3. Deve ser clara e inequivoca, ou seja, deve ser formulada em linguagem simples, mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao esclarecimento do destinatário e representado a vontade inquestionável do proponente. 
4. Declaração unilateral da vontade feita pelo proponente. 
Proposta não obrigatória/ Quando a oferta não obriga o proponente – PROVA! 
· Se tiver clausula expressa a respeito: A oferta não obrigada o proponente se contiver clausula expressa a respeito. Muitas vezes, a aludida clausula contem os dizeres “ proposta sujeita a confirmação” ou “não vale como proposta”. Neste caso, a ressalva se encontra na própria proposta, e o aceitante, ao recebê-la, já conhece e sabe da sua não obrigatoriedade. 
· Em razão da natureza do negócio: A proposta não obriga o proponente em razão da natureza do negócio. É o caso das chamadas propostas abertas ao público. 
· Em razão das circunstancias do caso: Aludidas no art. 428, sendo as seguintes:
I-Se feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente, a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante: “é pegar ou largar”, se o oblato não responde logo, dando pronta aceitação, caduca a proposta, liberando-se o proponente. 
Considera-se presente, aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo por algum outro meio mais moderno, como a internet estando ambas em contato simultâneo, ainda que os interlocutores estejam em cidades ou países diferentes. Todavia, o mesmo não se deve suceder com a proposta feita por via de e-mail, não estando ambos os usuários da rede simultaneamente conectados. 
II – Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar a resposta ao conhecimento do proponente:Cuida-se de oferta enviada, por corretor ou correspondência, a pessoa ausente. 
Contratos entre ausentes: São aqueles que usam um intermediário ou mensageiro, mesmo que estejam os contratantes na mesma cidade. 
III - Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo dado: Se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar pelo seu término. Ou seja, o proponente faz a proposta e fixa prazo de 15 dias para resposta do oblato. O oblato após 15 dias, permanece inerte, com isso, esgotado o tempo sem resposta, estará o proponente liberado, não prevalencendo a proposta feita. 
IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a retratação do proponente. Apesar da força obrigatória da proposta, a lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito ressalva nesse sentido. Para que não se sujeite a perdas e danos, é necessário que a retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela. Ou seja, a proposta não será obrigatória se a retratação do proponente chegar antes da proposta ou simultaneamente ao conhecimento do oblato.
Contratos entre presentes: Significa não ter um terceiro. 
Se o contrato for celebrado entre presentes, a proposta poderá estipular ou não prazo para a aceitação. Caso o policitante não estabeleça nenhum prazo, esta deverá ser manifestada imediatamente, sob pena de a oferta perder a força vinculativa. Se, no entanto, a policitação estipulou prazo, a aceitação deverá operar-se dentro dele, sob pena de desvincular-se o proponente.
São as pessoas que contratam diretamente entre si, mesmo e cidades diferente, usando telefone ou internet. (Parte final do inciso I, 428 C. C). Contato simultâneo. 
Art. 428. Deixa de ser obrigatória a proposta:
I - se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante
* Internet e contrato entre presentes: Segue a lei do domicílio, ou seja, se um brasileiro faz a aquisição de algum produto fornecido pela internet por empresa estrangeira, o contrato então celebrado rege-se pelas leis do pais do contratante que fez a oferta ou proposta. 
O código Civil, em harmonia com o art. 9º, § 2º da LINDB, diz que o direito aplicável aos contratos, em geral, é aquele do lugar de onde emanou a proposta. 
Art. 435. Reputar-se-á celebrado o contrato no lugar em que foi proposto. 
O consumidor brasileiro terá dois caminhos a segur no caso de compra realizada pela rede em que a empresa vendedora possua sede social em pais estrangeiro: 
A. Mover ação judicial no pais sede da empresa; 
B. Ajuizá-la no Brasil. Amparado que se encontra pela CF, pela LINDB, CPC e pelo CDC. 
Entre presentes, os contratos reputam-se concluídos no momento da aceitação. 
Contratos entre ausentes: Significa um terceiro tratando do contexto, por correspondência (carta, telegrama, fax, radiograma, e-mail etc.) ou intermediários, a resposta leva algum tempo para chegar ao conhecimento do proponente e passa por diversas fases.
Divergem os autores a respeito do momento em que a convenção se reputa concluída, apontando-se as seguintes teorias:
Entre ausentes a resposta passa por 3 fases. Há duas teorias. 
1. Da informação ou cognição: Aperfeiçoa-se o negócio quando o policitante se inteira da resposta. 
É o da chegada da resposta ao conhecimento do policitante, que se inteira de seu teor. Tem o inconveniente de deixar ao arbítrio do proponente abrir a correspondência e tomar conhecimento da resposta positiva. Não basta a correspondência ser entregue ao destinatário; o aperfeiçoamento do contrato se dará somente no instante em que o policitante abri-la e tomar conhecimento do teor da resposta.
2. Da declaração ou agnição, que subdivide-se em 3: 
a) - da declaração propriamente dita: o instante da conclusão coincide com o da redação da correspondência epistolar. Obviamente, tal entendimento não pode ser aceito, porque além da dificuldade de se comprovar esse momento, o consentimento ainda permanece restrito ao âmbito do aceitante, que pode destruir a mensagem em vez de remetê-la;
b) - da expedição: não basta a redação da resposta, sendo necessário que tenha sido expedida, isto é, saído do alcance e controle do oblato. É considera a melhor, embora não seja perfeita, porque evita o arbítrio dos contraentes e afasta dúvidas de natureza probatória;
a) - da recepção: exige que, além de escrita e expedida, a resposta tenha sido entregue ao destinatário. Distingue-se da teoria da informação porque esta exige não só a entrega da correspondência ao proponente como também que este a tenha aberto e tomado conhecimento de seu teor.
O art. 434 do Código Civil acolheu expressamente a teoria da expedição, ao afirmar que os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida. Proclama, com efeito, o aludido dispositivo:
“Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto:
I – no caso do artigo antecedente;
II– se o proponente se houver comprometido a esperar resposta;
III– se ela não chegar no prazo convencionado.”
A proposta no Código de Defesa do Consumidor – CDC – arts. 30 ao 35 
Quando há um produto com preços diferenciados, paga-se o menor preço. 
A proposta aberta ao público, por meio de exibição de mercadorias em vitrines, catálogos, anunciou nos diversos meios de divulgação, vincula o ofertante. O fornecedor deve assegurar não apenas o preço e as características dos produtos e serviços, mas também as quantidades disponíveis em estoque. Deve assim atender a clientela, nos limites do estoque informado, sob pena de responsabilidade. 
O art. 35 do diploma, dispõe que se o fornecedor recursar-se a dar cumprimento a sua oferta, o consumidor poderá exigir, alternativamente, o cumprimento forçado da obrigação, um produto equivalente, ou ainda, a rescisão do contrato, recebendo perdas e danos. 
à A aceitação 
Conceito: A aceitação é concordância com os termos da proposta. É manifestação de vontade imprescindível para que se repute concluído o contrato, pois, somente quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à do proponente, a oferta se transforma em contrato. A aceitação, consiste portanto, na “formulação da vontade concordante do oblato, feita dentro do prazo e envolvendo adesão integral à proposta recebida”. 
Para produzir o efeito de aperfeiçoar o contrato, a aceitação deve ser pura e simples. Se apresentada “fora do prazo, com adições, restrições ou modificações, importará nova proposta, comunente denominada contraproposta. 
Espécies: a aceitação pode ser: 
A-) Expressa: decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência, e 
B-) Tácita: decorre de sua conduta, reveladora do consentimento. 
Hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação: Malgrado o contrato se aperfeiçoe com a aceitação, o CC trata de duas hipóteses em que tal manifestação de vontade deixa de ter força vinculante: 
Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento do proponente: Assim, se, embora expedida no prazo, a aceitação chegou tardiamente ao conhecimento do policitante, quando este, estando liberado em virtude do atraso involuntário, já celebrara negocio com outra pessoa, a circunstancia deverá ser, sob pena de responder por perdas e danos, imediatamente comunicada ao aceitante, que tem razões para supor que o contrato esteja concluído e pode realizar as despesas que repute necessárias ao seu cumprimento. 
Se antes da aceitação ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante: o art. 433 do CC considera “inexistente a aceitação, se antes dela ou com ela chegar ao proponente a retratação do aceitante”. Verifica-se que a lei permite também retratação da aceitação. 
Classificação dos contratos 
Contrato preliminar: Contrato preliminar ou pactumcontrahendo (como era denominado no direito romano) é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo.
Caio Mario: “contrato preliminar é aquele por via do qual ambas as partes ou uma delas se compromete a celebrar mais tarde outro contrato, que será o contrato principal.” 
Ex de contrato preliminar em compra venda: é chamado de promessa de compra e venda ou compromisso de compra e venda. 
A fase das tratativas preliminares antecede à realização do contrato preliminar e com este não se confunde, por que as tratativas preliminares não geram direitos e obrigações. 
Contrato preliminar é um contrato que obriga as partes a concluir, no futuro, outro contrato, por essa razão, dito como definitivo. A figura portanto, tem por objetivo, imediato a conclusão do contrato definitivo.
Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das partes, constituindo promessa unilateral, denomina-se opção. 
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado.
Não existe uma forma correta engessada em um contrato preliminar, mas uma coisa precisa ter, os requisitos de validade:
Agente capaz, objeto lícito possível e determinável ou determinado, forma ou não prescrita em lei, principio da autonomia da vontade etc. 
Vício no contrato = anulável. 
Exceções pessoais: defesa 
Ex: Se em contratos de cocredores e codevedores, uma das partes agem de má-fé o contrato será nulo apenas para aquele que assim agiu, as demais parte, se de boa-fé agiram, continuaram ativas. 
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento (arras), qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente. -> Passa a ter eficácia de direito real (art. 1225, inciso 7) a partir do registro em cartório, tendo efeito “orga omnes”. Os sucessores, se a parte principal vier a falecer, os herdeiros sucessores poderão cumprir o contrato. 
Art. 464. Esgotado o prazo (do contrato preliminar), poderá o juiz, a pedido do interessado, suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter definitivo ao contrato preliminar, salvo se a isto se opuser a natureza da obrigação. 
Art. 465. Se o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá a outra parte considerá-lo desfeito, e pedir perdas e danos. 
QUANTO AOS EFEITOS
A. Unilateral/ Bilateral/ Plurilateral 
Unilateral: São os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a doação pura. Segundo Orlando Gomes, o contrato “é unilateral e, no momento em que se forma, origina obrigação, tão somente, para uma das partes – ex uno latere. 
Bilateral: Todo contrato é sempre bilateral quanto as partes, mas, quanto aos efeitos, pode ser unilateral ou bilateral. Ou seja, os contratos bilaterais são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes. (Reciprocidade de obrigações) Exemplo: compra e venda. Obrigação do doador: doar; obrigação do donatário (o que recebe): nenhuma, ele apenas irá receber o bem.
Compra e venda: dispõe o art. 481 C. C, um dos contraentes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. A obrigação de um tem como causa de outro. 
Instituto relativo ao contrato bilateral: Exceção do contrato não cumprido ou exceptio non adimpleti contractus” a palavra exceção aqui, tem significado de defesa, então, este instituto é uma manobra defensiva usada por uma das partes para fazer a outra cumprir sua obrigação.
A e B celebram contrato, e A exige de B o cumprimento da obrigação. B estão se defende com base no artigo 476: Se A quer que B cumpra sua obrigação, A deve primeiro cumprir a dele. 
Trata-se de suspensão temporária do cumprimento de uma obrigação, exigindo a parte que a obrigação do outro contratante seja cumprida para que ele cumpra com a sua. 
Art. 476: “Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro”. 
Ex: na compra e venda, só posso exigir a coisa depois de pagar o preço. 
Plurilateral: são os contratos que contém mais de duas partes. Ex: contrato de sociedade, em que cada sócio é uma parte. Assim também nos contratos de consórcio. Uma característica dos contratos plurilaterais é a rotatividade de seus membros. 
QUANTO AS VANTAGENS PATRIMONIAIS 
B. Onerosos e gratuitos 
Onerosos: Ambas as partes tem vantagem e proveito econômico. Exemplo: compra e venda. Há sacrifícios e benefícios recíprocos. 
Gratuitos: São aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem, como sucede na doação pura, no comodato (empréstimo de coisa infungível) e no reconhecimento do filho. Para outra há só obrigação, sacrifício. Nessa modalidade, outorgam-se vantagens a uma das partes, sem exigir contraprestação da outra. 
SÓ INTERESSA AOS CONTRATOS ONEROSOS 
C. Comutativos e aleatórios 
Comutativos (contratos bilaterais comuntativos) Aqueles quando existe uma equivalência entre a prestação (vantagem) e a contra prestação (sacrificio). São os de prestações certas e determinadas. As partes podem antaver as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, por que não envolvem nenhum risco. 
Aleatórios (contratos bilaterais aleatórios): Uma das partes vai ter mais vantagem do que a outra, a depender de um fato futuro imprevisível (chamado Alea= sorte, destino) ex: seguro. Pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá em troca da prestação fornecida. 
Caracteriza-se pela incerteza para as duas partes sobre vantagens e sacrifícios que dele podem advir. 
Segundo Silvio Rodrigues: “As prestações oferecem uma possibilidade de ganho ou de perda para qualquer das partes, por dependerem de um evento futuro e incerto que pode alterar o seu montante. Isto é, existe uma álea no negócio, podendo daí resultar um lucro ou uma perda para qualquer das partes”. 
Segundo Caio Mário: “Se é certo que todo contrato há um risco, pode-se contudo dizer que no contrato aleatório este é da sua essência, pois que o ganho ou a perda consequente está na dependência de um acontecimento incerto para ambos os contratantes. O risco de perder ou ganhar pode ser de um ou de ambos; mas a incerteza do evento tem de ser dos contratantes, pois dependem de um evento futuro e inverto, sob pena de não subsistir a obrigação”. 
§ Obs:. Não confundir contrato aleatório com contrato condicional. Enquanto nos contratos condicionais a eficácia do contrato depende de um evento futuro e incerto, nos aleatórios, o contrato é perfeito desde logo, ou seja, irá se concretizar. Surge apenas um risco de a prestação de uma das partes ser maior ou menor, ou mesmo não ser nenhuma. Importante frisar que as partes ao pactuarem o contrato aleatório assumiram conscientemente a probabilidade de prestações desproporcionais.
Alea: sorte, destino 
Espécies de contratos aleatórios
a.) Emptio spei – Risco concernente à própria existência da coisa. 
Art. 458: “Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir”. 
Ex 1 - Quando alguém vende colheita futura, declarando que a venda ficará perfeita e acabada haja safra ou não, não cabendo ao comprador o direito de reaver o preço pago se, em razão de geada ou outro imprevisto, a safra inexistir, caso não haja dolo ou culpa do vendedor. Se houver, o contrato é nulo, pois não haverá o risco ou a incerteza dos dois contratantes, sendo isto requisito fundamental para o contrato aleatório. 
Ex 2 – Pessoa se propõe a pagar determinadaquantia a pescador pelo o que ele apanhar na rede que está na iminência de ser lançada ao mar. Mesmo que, ao puxa-la, verifique que nenhum peixe foi capturado, o pescador terá o direito ao preço integral, se agiu com habitual diligencia. 
b.) Emptio rei sperate – Risco quanto à quantidade da coisa esperada: 
Art. 459: “ Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. 
Parágrafo único: Mas, se da coisa nada vier a existir, a alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido”. 
Assim, se o risco da aquisição da safra futura limita-se à sua quantidade, pois ela deve existir, o contrato fica nulo se nada puder ser colhido. Porém, se vem a existir alguma quantidade, por menos que seja, o contrato deve ser cumprido, tendo o devedor direito a todo preço ajustado. 
c.) Venda de coisas já existentes, e não futuras, mas sujeitas a perecimento ou depreciação. 
Art. 460: Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas ao risco, assumido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.”
Risco na destruição: art. 460, a Alea (de aleatório) decorre não de coisas futuras, mas, de coisas existentes, contudo, expostas ao risco. Ex: comprar uma casa numa região de guerra. Comprar um navio que esta sobre um maremoto. 
Obs:. Por causa desse risco, o comprador irá obter um preço menor, mas se a coisa perecer antes da entrega, o preço assim será o mesmo. 
Ex: Venda de mercadoria que está sendo transportada em alto mar por pequeno navio, cujo risco de naufrágio o adquirente (aquele que terá o bem) assumiu. É valida mesmo que a embarcação já tenha sucumbido na data do contrato. Se contudo, o alienante sabia do naufrágio, a alienação poderá ser anulada como dolosa pelo prejudicado, cabendo o adquirente prova dessa carência, pois nesse caso, o adquirente não terá guardado na celebração do contrato, os princípios de probidade e boa-fé. 
D. Contratos principais e acessórios
Os contratos acessórios seguem o principal. 
A. Nulo o contrato principal, nulo também será o negócio acessório; a recíproca, todavia, não é verdadeira (CC. Art. 184) 
B. A prescrição da pretensão concernente á obligatio principal acarretará da relativa às acessórias, embora a recíproca também não seja verdadeira; desse modo, a prescrição da pretensão a direitos acessórios não atinge a do direito principal. 
Os contratos principais existem por si só. “Tem vida própria”. A grande maioria dos contratos é principal, porém, há contratos acessórios, cuja a existência depende de outro contrato. 
Contrato principal: são os que têm existência própria, autônoma e não dependem, pois, de qualquer outro, como a compra e venda e a locação. 
Contratos acessórios: são os que tem sua existência subordinada à do contrato principal, como a clausula penal e a fiança. Assinala Messineo que a função predominante dos contratos acessórios é garantir o cumprimento de obrigações contraídas em contrato principal. 
Exemplos de contrato acessório: 
1. Contrato de fiança 
2. Penhor 
3. Hipoteca: se aplica a bens imóveis – o bem dado na garantia da hipoteca fica na posse do credor.)
4. Anticrese: São direitos reais de garantia; garantia do cumprimento do contrato). 
Exemplo de contrato principal: compra e venda. 
E. Instantâneos e de duração 
A regra é o contrato ser instantâneo, “ter vida.”
Exemplo de contrato instantâneo: compra e venda; contrato de troca. 
Já os outros contratos são duradouros, se prolongam por dia. E alguns duram décadas, como por exemplo, o contrato de locação, se não houver clausula expressa sobre a duração, dura um tempo indeterminado.
Os direitos reais são permanentes, e os contratos deverão ser no máximo, duradouro. 
Exemplo de contrato duradouro: seguro, locação. 
F. Pessoais e impessoais
Pessoais: É celebrado por determinada pessoa, em virtude de suas qualidades pessoais. É chamado de “intuito personaz” – personalíssimo. (infungíveis). O obrigado não pode fazer-se substituir por outrem, pois essas qualidades sejam culturais, profissionais, artísticas ou de uma outra espécie, tiveram influencia decisiva ao consentimento de outro contratante. As obrigações personalíssimas, não podendo ser executadas por outrem, são intransmissíveis aos sucessores, assim como não podem ser objeto de cessão. Havendo erro essencial sobre a pessoa do contratante, são anuláveis. 
Se houver óbito do devedor, as obrigações extinguir-se-ão, pois os sucessores não poderão cumprir a prestação, que era personalíssima. 
Impessoais: Nos contratos impessoais (fungíveis) o cumprimento da relação contratual poderá se dar pelo próprio devedor ou quem ele indicar. Exemplo: construção de um edifício. Se admite a execução forçada do contrato. (Art. 475)
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos. 
à Aplicabilidade somente para contratos impessoais, visto que não é possível pedir a execução forçada dos pessoais, e sim impessoais, que podem ser substituídos por alguém. 
Exemplo: Alguém é contrato para pintar um quadro e quebra a mão, outra pessoa poderá realizar o ofício. Diferentemente de um cantor famoso que é contratado para cantar, e esse sofre um acidente e portanto, não poderá ir. O contrato não poderá ser cumprido e nem obrigado a ser, mas, e como fica a parte acessória do show? Como os bares, estacionamento que investiram? A quem será ajuizada a ação? Se não tiver em clausula contratual que alguém deverá indenizar, em casa de inadimplemento do cantor, aplica-se o principio da coisa perece para o credor, em outras palavras, quem irá arcar com o prejuízo será o próprio credor, no exemplo, o dono do bar ou do estacionamento. 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
G. Típicos e atípicos
Típicos: definidos em lei, tem previsão legal. Art , 481 ao 853. Compra e venda – fiança. 
Atípicos: não tem lei que o define, mas tem os três elementos de boa fé, autonomia e capacidade das partes. 
H. Solenes e informais 
Alguns contratos pelas suas características, a lei exige solenidades, para a sua conclusão, no caso de doação e fiança, devem ser por escrito (artigo 541 – 819). 
Solene: contrato que devem obedecer a forma prevista em lei para se aperfeiçoar. Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a formalidade é ad solemnitatem. Não observada o contrato é NULO. 
Contratos não solenes ou informais: são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. Como a lei não reclama nenhuma formalidade para seu aperfeiçoamento, podem ser celebrados por qualquer forma ou seja, por escrito particular ou verbalmente. 
Em regra os contratos tem forma livre, salvo expressas exceções. Podem ser mencionados exemplos, como dispõe o art. 107: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, se não quando a lei expressamente a exigir”. 
Os informais podem ser verbais enquanto os solenes devem ser por escrito. 
Todo contrato informal tem valor jurídico. Exemplo: Empréstimo mútuo de dinheiro, A pede dinheiro emprestado a B. A boa fé diz que A devolverá o dinheiro a B. Tem valor jurídico, mesmo sendo informal. 
Seja solene ou contrato informal, ele trabalha com uma informação importante, de que a boa fé objetiva e a função social do contrato está presente, portanto, tem validade. 
I. Reais e consensuais
Contratos reais: São aqueles que exigem para se aperfeiçoar, além do consentimento,a entrega (traditio) da coisa que lhe serve de objeto, como os de deposito, comodato, o mutuo. Esses contratos são os que formam a tradição da coisa. Se for coisa móvel a tradição e o registro imobiliário para imóveis transmitiram a propriedade. Em outras palavras, é que contratos reais é contrato de coisa, como por exemplo, compra e venda. Se for coisa móvel é a tradição, o passe da coisa, se for imóvel, o registro imobiliário. 
Contratos consensuais: Todo contrato tem que ser consensual, pois se não houver consenso não há em que se falar de contrato. São aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontade, independente da entrega da coisa. 
Interpretação dos contratos – hermenêutica contratual 
Interpretar o negócio jurídico é precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração da vontade. Pode-se dizer que as regras de interpretação dos contratos previstas no CC dirigem-se primeiramente às partes, que são as principais interessadas em seu cumprimento. Não havendo entendimento entre elas a respeito do exato alcance da avença e do sentido do texto por elas assinado, a interpretação deverá ser realizada pelo juiz, como representando do Poder Judiciário. 
Interpretação contratual declaratória: quando tem como escopo a descoberta da intenção comum dos contratantes no momento da celebração do contrato. 
Interpretação integrativa: quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o suprimento das lacunas e pontos omissos deixado pelas partes, complementando por meio de normas supletivas. 
Dois princípios deverão ser observados na interpretação dos contratos: boa-fé e conservação do contrato. 
Boa-fé: Deve o intérprete presumir que os contratantes procedem com lealdade e que tanto a proposta como a aceitação foram formuladas dentro do que podiam e deviam eles entender razoavelmente. 
Conservação: se uma clausula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá a que possa produzir algum efeito. 
Art. 113 CC: “os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar e da sua celebração”. 
Vejamos alguma das regras que podem ajudar o trabalho do hermeneuta: 
A. Busca da vontade real: Qual o espírito, qual a vontade desejada pelo contrato? Esta primeira regra é a mais importante, pois na alma, do contrato, está o consensualismo (o acordo de vontade). A vontade real é a desejada pelas partes, que pode ser diferente da manifestada. (vontade declarada). Deve o juiz tentar reconstruir o ato de vontade em que se exteriorizou o contrato para buscar a vontade real (artigo 112 do código civil) 
“Nas declarações de vontade se atenderá mais a intenção nela consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”. 
B. Senso médio: O interprete deve se colocar no lugar das partes e raciocinar como faria o homem médio, ou seja, a generalidade da população, sem extremos, sem radicalismos, de acordo com os costumes (artigo 113 do C. C). O senso médio é a sensatez, o equilíbrio, a razoabilidade que só vem com o conhecimento e com o tempo.
C. Fim econômico: Todo contrato tem um objetivo econômico, um fim econômico, ninguém contrata para ter prejuízo, e sim para satisfazer sua necessidade e ter um ganho patrimonial. Assim nos contratos comutativos e onerosos deve-se buscar a equivalência entre as prestações. É a chamada função social do contrato. Art. 421 do CC. 
D. Uma clausula em destaque prevalece sobre as demais: por exemplo, clausula em negrito, sublinhada
E. Dirigismo contratual: é uma política do estado para dar superioridade jurídica a classes economicamente fracas, como o consumidor. Art 423
F. Contratos benéficos: são aqueles unilaterais e gratuitos, ex doação, empréstimo, fiança. Art. 114. 
Regras esparsas: 
§ Quando houver no contrato de adesão clausulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. (Art. 423). 
à Em contratos de adesão, exatamente pelo fato de, nessa espéie de contrato não se dar ao aderente oportunidade ou possibilidade de discutir as suas clausulas e influir o seu conteúdo é que o aludido artigo determinou que eventuais clausulas ambíguas ou contraditórias sejam interpretadas de maneira mais favorável a ele. 
§ A transação interpreta-se restritivamente. (Art. 843). 
§ A fiança não admite interpretação extensiva (Art. 819). 
§ Sendo a clausula testamentária suscetível de interpretações diferentes, prevalecerá que a melhor assegure a observância da vontade do testador (Art. 1899) 
Interpretação dos contratos no CDC 
Proclama o art. 47 do CDC: “As clausulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”. O dispositivo aplica-se a todos os contratos que tenham por objeto relações de consumo e harmoniza-se com o espírito do referido diploma, que visa a proteção do hipossuficiente, isto é, do consumidor, visto que as regras que ditam tais relações são, em geral, elaboradas pelo fornecedor. 
*Contrato de adesão: Comunente o contrato de adesão é celebrado em relação de consumo, sendo regido pelo CDC. É aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. Ou seja, caracterizam-se pelo fato de o seu conteúdo ser determinado unilateralmente por um dos contratantes, cabendo ao outro contratante apenas aderir ou não aos seus termos. Tem como característica a desigualdade econômica dos contratantes. 
Obs:. O contrato do tipo “contrato-tipo” tem afinidade ao contrato de adesão no fato de ser apresentado por um dos contraentes, em fórmula impressa ou datilografada, ao outro, que se limita a subscrevê-lo. Mas, difere porque admite discussão sobre o seu conteúdo, as clausulas não são impostas por uma parte à outra, apenas pré-redigidas e não é essencial a desigualdade entre as partes. 
Art. 46: Os contratos que regulam as relações de consumo deixam de ser obrigatórios se ao consumidor não for dada oportunidade de conhecer previamente o seu conteúdo ou se estes forem redigidos de forma a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. 
Efeitos dos contratos 
1. Obrigatoriedade: Pacta sunt servanda 
Esse principio faz que você cumpra o que estabeleceu, o contrato faz lei entre as partes. Tem como escopo evitar de alguma forma que o contrato chegue ao artigo 389 do inadimplemento – Art. 389: “ Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária, segundo índices oficias regularmente estabelecidos e honorários de advogado”. 
A partir do momento que não é cumprido a clausula contratual é remetido ao artigo 302. 
Cumprimento forçado do contrato 
Art. 475: A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
2. Irretratabilidade: Uma vez perfeito e acabado o pacto pode ser desfeito por outro contrato chamado de distrato, desde que não fira os direitos de cada parte. 
Art. 472: O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. 
Ex: não quero mais seguir com o contrato, é feito, por acordo de vontade, um novo contrato (o chamado distrato) para desfazer o anterior. 
3. Intangibilidade: Alem de não poder ser desfeito, o contrato não pode ser alterado por apenas um dos celebrantes, sempre vai exigir novo acordo. De regra o contrato é assim, irrevogável (irretratável) e intangível (inalterável). 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. À Clausula rebus sic stantibus: teoria da imprevisão. 
4. Efeito pessoal: em relação ao objeto o contrato cria obrigaçõesde natureza pessoal. O credor exige do devedor o cumprimento da prestação sob pena de perdas e danos. Esta é a regra: descumprido o contrato, resolve-se em perdas e danos (artigo 389 do cc). Todavia, o código civil admite expressamente que, em alguns casos, a parte inocente exija o cumprimento forçado do contrato, ao invés, da simples perdas e danos contra o inadimplente. (artigo 475). 
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
à Aplicabilidade somente para contratos impessoais, visto que não é possível pedir a execução forçada dos pessoais, e sim impessoais, que podem ser substituídos por alguém.
Vícios Redibitórios – Defeito material 
Doutrina 
Vícios redibitórios são defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminuem valor. A coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo adquirente (aquele que recebe), mediante devolução do preço, e, se o alienante (aquele que transfere) conhecia o defeito, com satisfação de perdas e anos. (CC, arts. 441 e 443). 
“São defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina ou lhe diminuem sensivelmente o valor, de tal modo que o ato negocial não se realizaria se esses defeitos fossem conhecidos, dando ao adquirente ação para redibir o contrato ou para abatimento no preço, ficando com a coisa”. 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Requisitos 
a-) o contrato deve ser comutativo, ou seja, sinalagmático, com obrigações recíprocas para ambos os contratantes. Nos contratos não comutativos, não há que se falar em vício redibitório. 
· Contrato comutativo: são contratos de prestação certa e determinada, as partes podem anteaver as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem. (Equivalência de prestações). 
b-) o defeito deve ser oculto e contemporâneo, não podendo ser constatado pelo homem médio. 
c-) o defeito deve ser existente anterior à formação do contrato, vindo a se manifestar posteriormente. Ou seja, já existe o defeito e é celebrado o contrato, algum tempo depois, o vício redibitório torna-se aparente. 
d-) tornam a coisa imprópria ao uso que se destina ou que lhe diminua o valor. 
Ações próprias 
O adquirente (aquele que recebe), tem contudo, tem duas opções, entretanto, uma vez feita a escolha, não poderá mudar o pedido. 
1. De ficar com a coisa e reclamar abatimento do preço, como lhe faculta o artigo 442 do referido diploma: Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço. – É a chamada ação estimativa ou “quanti minoris”. 
2. Rejeitar a coisa e redibir o contrato – Ação redibitória. 
Art. 443. Se o alienante (aquele que da) conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
Ou seja, se o alianente, com má-fé sabia do vicio ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu somado perdas e danos. Se não conhecia, somente o que recebeu mais as despesas do contrato.
Com efeito, a proteção do equilíbrio das prestações, nos contratos comutativos, e da boa-fé dos contratantes em todos os negócios jurídicos, impuseram àquele que entrega determinado objeto a obrigação de responder pelos defeitos e vícios, não só do direito transferido (responsabilidade pela evicção), como da própria coisa, quando não perceptíveis por quem recebeu o bem. 
A teoria dos vícios redibitórios caracteriza-se pelo perfeito cumprimento da obrigação, e para caracterizar um vício redibitório, o defeito precisa ser contemporâneo, ou seja, existir na época da aquisição. Art. 444 do C. C. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
Prazos 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade. 
§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis. 
Os prazos decadenciais para que o adquirente tenha direito de obter a redibição do contrato ou ficar com a coisa e abater o seu preço, é no caso de coisa móvel, 30 dias, e para imóveis, 1 ano, a contar da entrega efetiva (tradição). Se o adquirente já estava na posse, então os prazos são reduzidos pela metade, a contar da alienação. 
Quando o vício, por sua natureza, somente puder ser conhecido mais tarde, o prazo será de 180 dias para bens móveis e 1 ano para bens imóveis, a contar da ciência pelo adquirente. 
Evicção – Defeito Jurídico 
Evicção é a perda da coisa em virtude de sentença judicial, que atribuiu a outrem por causa jurídica preexistente ao contrato. Dá-se evicção quando o adquirente vem a perder, total ou parcialmente, a coisa por sentença fundada em motivo jurídico anterior.
Ex: A é filho único, e com a morte de seu pai, herda todos os bens, inclusive uma casa na praia. A então, vende a casa a B, eis que aparece um testamento do falecido pai, determinando que aquela casa pertenceria a C. Verificado pelo juiz, a veracidade do testamento, desfaz-se então, a venda, entrega-se a casa a C e A devolve o dinheiro a B. 
Chamamos de evicto o adquirente, no exemplo, é B. Art. 450 CC. Evicta é a coisa, ou seja, a casa de praia. Evictor é o terceiro reinvidicante, C. O alienante é A, que vendeu a coisa que não era sua. 
Adquirente: que ou aquele que se torna proprietário de um bem, móvel ou imóvel, através de venda, troca, herança, doação ou qualquer outro meio legal.
Alienante: aquele que aliena ou transfere para outrem o domínio ou a propriedade de 
Requisitos
a-) o contrato deve ser oneroso, ou seja, deve haver contraprestação através do pagamento por parte do adquirente. 
b-) deve haver desconhecimento pelo evicto da litigiosidade da coisa ou de ser a mesma alheia. Chamamos de evicto o adquirente. 
c-) deve ocorrer denunciação da lide ao alienante ou direitamente a qualquer dos anteriores responsáveis. 
d-) a privação da coisa deve ter ocorrido por meio judiciais ou administrativos. 
Todo alienante é obrigado não só a entregar ao adquirente a coisa alienada, como também a garantir-lhe o uso e gozo. Quando houver responsabilidade expressa do alienante, o adquirente tem direito à devolução do preço mais perdas e danos. 
Há portanto, um conjunto de garantias a que todo alienante está obrigado, por lei, na transferência da coisa ao adquirente. Não só deve fazer boa a coisa vendida no sentido de que ela possa ser usada para os fins a que se destina, como também no de resguardar o adquirente contra eventuais pretensões de terceiros e o risco de vir a ser privado da coisa ou de sua posse e uso pacífico, pela reinvidicação promovida com sucesso por terceiro, ressarcindo-se se consumar a evicção. 
ü Obs:. Se a evicção ocorrer em uma doação, o evicto (adquirente), não perde nada, pois não pagou pela coisa, apenas vai deixar de ganhar. 
ü O contrato pode excluir a clausula de evicção, ou até reforça-la. Ex: se ocorrer a evicção, o alienante se compromete a devolver ao evicto, o dobro do preço pago. 
ü Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
Exclusão total da evicção: somente ocorrerá se o alienante tiver se exonerado da obrigação e o adquirente (evicto) tiverassumido os riscos da evicção ou era conhecedor da mesma. Neste caso, não haverá devolução do preço, nem indenização por perdas e danos. 
O preço a ser devolvido será o valor da coisa na época. 
Exclusão parcial da evicção: Sendo considerável a evicção, mas não total, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato ou abatimento do preço. Não sendo considerável, somente poderá haver indenização. 
ü Silencio do contrato sobre a evicção: mesmo assim o adquirente tem direito à devolução do preço mais perdas e danos, pois é uma garantia implícita. 
ü Exclusão da evicção pelo alienante: ainda assim o alienante continuará respondendo pela devolução do preço da coisa. 
Tem origem na troca, três elementos importantes nesse tipo de comércio: sal, tabaco e selo. (troca de coisa por coisa). O problema é que as mercadorias nem tinham sempre o m mesmo preço. 
Contrato de compra e venda 
1. Conceito: Troca de coisa por dinheiro. Contrato bilateral pelo qual uma das partes se obriga a transferir a outra o domínio de uma coisa mediante o pagamento convencionado de certo preço em dinheiro. 
Art. 481 - Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
O contrato em apreço pode ter objeto bens de toda natureza: corpóreos, sendo móveis e imóveis, como incorpóreos. Todavia, para a alienação dos últimos, reserva-se como mais adequada e correta técnicamente, a expressão cessão. (cessão de direitos hereditários. Cessão de crédito). 
Pelo contrato de compra e venda, os contratantes apenas se obrigam, ou seja, esse contrato não transfere o domínio. A transferência do domínio depende de outro ato: a tradição para os bens móveis e o registro para os bens imóveis. Ou seja, a tradição ou o registro que “passam a propriedade” para o domínio de alguém, e não o contrato de compra e venda, que apenas obrigam as partes.
Com efeito dispõe o art. 1.267 do C. C: “ A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.”
Do mesmo modo, o art. 1.227: “Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no cartório de registro de imóveis dos referidos títulos, salvo os casos expressos neste Código”. 
Obs:. Quando o contrato não diz o local da entrega, o pagamento será feito no domicilio do devedor.. 
Os automóveis são bens móveis, então se transferem pela tradição. O registro no DETRAN – Departamento estadual de trânsito – é importante para fins administrativos, não para fins civis. Assim, quando você vende um carro, ele deixa de ser seu quando você entrega ao comprador mas é prudente comunicar ao DETRAN para não ficar recebendo multas e infrações em seu nome e toda vez ter que ficar provando que já alienou o veículo. 
NA pratica quando é vendido um carro, é assinado um recibo, e o vendedor tem 30 dias para entregar o carro, mas a partir do momento que você assina esse recibo, você não tem mais responsabilidade do carro. Passado os 30 dias, se o não transferido o bem, será bloqueado. Qualquer comando que aquela pessoa passar, o guarda vai puxar a placa do veiculo, e será levado ao pátio, bloqueado junto ao DETRAN. 
2. Elementos do contrato de compra e venda 
A. A coisa: É o objeto de dar do vendedor, tal coisa em geral é corpórea, ocupa lugar no espaço, é tangível, mas pode também ser incorpórea como a propriedade intelectual, o direito do autor. 
Art. 3º, I CDC – coisa: qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 
Existência da coisa: É nula a venda de coisa inexistente. São suscetíveis de venda as coisas atuais e as futuras (ex: venda de bezerro de vaca prenhe, obrigando o alienante a transferir a propriedade após o nascimento), corpóreas e incorpóreas. 
Art. 483: “A compra e venda pode ter por objeto coisa atual e futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório”. 
Dar coisa certa ou dar coisa incerta. 
Coisa incerta: Porque realizar um contrato de compra e venda cujo objeto é dar coisa incerta? Porque não tem a certeza de que vai ter a coisa na hora do inadimplemento, não se tem a certeza de que será cumprido. Dever haver clausula de concentração, ou seja, ato de escolha. 
Disponibilidade: A coisa deve encontrar-se disponível, Istoé, não estar fora do comércio. Entretanto, algumas coisas são indisponíveis, são inalienáveis, os direitos da personalidade bem como or órgãos do corpo humano. 
Art. 11 do cc direitos da personalidade – direitos do autor. São instramissiveis, irrenunciáveis, imprescritíveis, inalienáveis. 
Há dois direitos da personalidade que pode ter disponibilidade relativa, ou seja, posso vender, direito autoral e direito a imagem. 
Do ponto de vista legal, não é permitido a venda de órgãos, só é permitido a doação. 
Os bens públicos, artigo 99 e 100, são inalienáveis, e também os bens herdados com clausula de inalienabilidade. 
Clausula de inalienabilidade de bens herdados: É utilizada essa clausula como por exemplo, X vende bem para Y e X não quer que Y venda esse bem posteriormente para ninguém. 
Ex: Mae doa apartamento ao filho com clausula de inalienabilidade de venda por ele ser viciado em drogas. 
b. O preço: Sem sua fixação a venda é nula. É determinado, em regra, pelo livre debate entre os contraentes, conforme as leis do mercado, sendo por isso, denominado preço convencional. Mas, se não for desde logo determinado, deve ser ao menos determinável, mediante critérios estabelecidos pelos próprios contratantes. O que não se admite é a indeterminação absoluta, como na clausula “pagarás o que quiseres”, deixando ao arbítrio do comprador a taxação do preço. 
Normalmente, é consensual, contudo, o preço pode ser fixado pelo mercado. (Art. 486 e 487 do CC. – lei da oferta e procura). 
Admite-se que um terceiro fixe o preço, artigo 485. 
“Deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem designar outra pessoa”. 
Quando os contratantes convencionarem submeter-se ao preço fixado por terceiro que escolherem, estes não tem o direito de repudiar a sua estimativa, que se torna obrigatória. Todavia, o preço não poderá ser desarrazoado, contrário às legítimas expectativas dos contratantes. É ressalvado a qualquer dos contratantes, o direito de demandar a nuliadade do contrato por dolo.
O preço pode ser fixado também “em função de índices ou parâmetros desde que suscetíveis de objetiva determinação” (CC, art. 487), ou seja, índices de atualização monetária, que podem ser adotados pelos contratantes. 
Pode ser convencionada, ainda, “a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, entendendo-se que, nesse caso, “as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor”, se não houve tabelamento oficial (art. 488). Complementa o parágrafo único, na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio. 
Se houver tabelamento oficial, afastada fica a manifestação de vontade expressa ou tácita das partes na fixação do preço, por se tratar de norma cogente.
O preço deve ser pago “em dinheiro”, como prescreve o art. 481 do CC, ou redutível a dinheiro, subtendendo-se válido o pagamento efetuado por meio de título de crédito, do qual conste o montante em dinheiro estipulado. Se for pago mediante a entrega de algum objeto, teremos contrato de troca ou permuta, se mediante prestação de serviços, o contrato será inominado. 
c. Consentimento: o consentimento pressupõe a capacidade das partes para vender e comprar e deve ser livre e espontaneo, sob pena de anulabilidade, bem como recair sobre os outros dois elementos, a coisa e o preço. 
*Obs:. Não basta a capacidade genérica para os atos da vida civil. Para vender exige-se também a específica para alienar,pois o cumprimento da obrigação de entregar a coisa pressupõe o poder de disposição do vendedor. No tocante ao comprador, basta a capacidade de obrigar-se. 
* As incapacidades genéricas dos artigos 3 e 4 do CC não impedem, todavia, que os seus portadores realizem toda sorte de negócios jurídicos, especialmente os de compra e venda, por que podem ser supridas pela representação ou pela assistência e pela autorização do juiz. 
* Em muitos casos, a lei impõe restrição específica à liberdade de comprar e vender, atuando a limitação como hipótese de falta de legitimação, como por ex, o ascendente que vende a descendente sem que os demais descentes e o cônjuge expressamente consintam. (Ver tópico 4)
Será anulável a venda também, se houver erro sobre o objeto principal da declaração ou sobre as suas qualidades essenciais. Ex 1: o do indivíduo que se propõe a alugar a sua casa da cidade e o outro contratante entende trata-se de sua casa de campo. (erro sobre objeto principal). Ex 2: pessoa que adquire um quadro por alto preço, na persuasão de se tratar de original, quando não passa de cópia. (erro sobre qualidade essencial). Somente não vicia a manifestação da vontade o erro acidental, de somenos importância, que não acarreta prejuízo. 
3. Características do contrato de compra e venda 
a. Bilateral: é necessário ter o comprador e o vendedor. Os contratos de efeitos bilatérias são também conhecidos como sinalagmáticos, palavra que deriva do grego, sinalagma, que significa reciprocidade. Dito bilaterais uma vez que gera obrigações recíprocas, para o comprador a de pagar o preço em dinheiro; para o vendedor, a de transferir o domínio de certa coisa. 
b. Consensual: o contrato de compra e venda nasce do acordo de vontade. “So vou comprar e vender se eu quiser”. 
Art. 428 do CC: “A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.” 
c. Oneroso: se não for onerosa não é compra e venda. Ambas as partes te interesse econômico e vantagem patrimonial. Ambos os contratantes obtém proveito, ao qual corresponde um sacrifício. 
São aqueles em que ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício. São dessa espécie quando impõem ônus e, ao mesmo tempo, acarretam vantagens a ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. É o que se passa com a compra e venda, a locação e a empreitada, por exemplo.
Na compra e venda a vantagem do comprador é representada pelo recebimento da coisa, e o sacrifício, pelo pagamento do preço. Para o vendedor, o benefício reside no recebimento deste, e o sacrifício, na entrega da coisa. Ambos buscam um proveito, ao qual corresponde um sacrifício. 
A onerosidade precisa estar dentro do negocio jurídico. 
d. Geralmente comutativa: a compra e venda pode ser aleatória, mas em geral, é em contrato comutativo, já que existe uma equivalência entre o preço pago (prestação) e a coisa adquirida (contra prestação). 
As prestações são certas e as partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem. 
e. Instantena: a compra e venda dura segundos, minutos e mesmo sendo pagamento a prazo a compra e venda continua sendo instantânea. 
f. Solene: quando a lei exige uma forma para sua celebração, como sucede na compra e venda de imóveis, em que a lei reclama escritura pública e o registro. 
4. Legitimidade para a compra e venda 
A legitimidade é um limitador da capacidade. Algumas pessoas, embora capazes, não tem legitimidade (autorização) para comprar e vender certos bens, embora essa limitação é aplicada em certas circunstanciais.
a. Para proteger a família, o cônjuge não pode vender um bem sem autorização do outro cônjuge, artigo 1.647, inciso 1, do CC. 
Mesmo casado, se o imóvel foi adquirido antes do casamento, mesmo se não é partilhado os bens, é preciso a assinatura do outro cônjuge para vender, exceto se o regime do casamento é o da separação absoluta de bens. A venda realizada sem assinatura pode ser anulável. 
De acordo com o Código Civil, o negócio jurídico é nulo quando celebrado por pessoa absolutamente incapaz; for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; não revestir a forma prescrita em lei; for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; tiver por objetivo fraudar lei imperativa; a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção (art. 166).
Por outro lado, será anulável o negócio jurídico, além dos casos expressamente declarados na lei, por incapacidade relativa do agente e por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores (art. 171).
b. Para proteger a igualdade da herança entre os filhos, e evitar a simulação escondendo uma doação. 496 C. C 
c. Por uma questão moral, afinal, não basta ser honesto, é preciso parecer honesto. Ex: o juiz não pode comprar os bens que ele mandou penhorar do devedor no processo de execução, sob pena de nulidade, artigo 497, inciso 1 e 3. 
d. O condômino não pode vender a sua parte a estranho, se outro consorte a quiser, tanto por tanto, sob pena de nulidade. (coletividade) Art. 504 do CC. 
e. É vedada a compra e a venda entre marido e mulher que tenha por objeto bem que integre a comunhão (499 – “ é lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da comunhão”.) 
Venda ad mensuram e ad corpus 
Estas duas espécies de Compra e venda se aplicam a imóveis. 
Trata-se da venda ad mensuram, em que o preço é estipulado com base nas dimensões do imóvel, por exemplo, tal preço por alqueire. 
Se verificada, em posterior medição, que a área não corresponde ás dimensões dadas, tem o comprador o direito de exigir a sua complementação. Somente se esta não for possível, por não ter o vendedor área remanescente contígua, é que se abre para aquele a opção de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional do preço. O erro no tamanho do imóvel traz consequências conforme o art. 500. 
Art. 500. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço.
Complementação: o que nela se pleiteia é o integral cumprimento do contrato, mediante a entrega de toda a área prometida. 
Já na venda ad corpus adquire-se a coisa certa e que se presume conhecida pelo comprador, de modo que não se pode falar de abatimento de preço (parágrafo 3 do artigo 500). 
§ 3o Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.
Nessa espécie de venda, o imóvel é adquirido como um todo, como corpo certo e determinado, caracterizado por suas confrontações, não tendo nenhuma influencia na fixação do preço as suas dimensções. Presume-se que o comprador adquiriu a área pelo conjunto que lhe foi mostrado e não em atenção à área declarada. 
Obs:. Na venda ad corpus existe uma presunção absoluta de que o comprador conhecia o imóvel, sua extensão e suas divisas. 
Jure et de Yuri: não admite prova em contrário. – Não admite prova em contrário
Juris tantum: admite prova em contrário. – Admite prova em contrario
Ad corpus é coisa certa, ad mensuram não.
Não exige a lei, para que uma venda, se caracterize como ad corpus ou ad mensuram, o juiz irá decidir sobre sua natureza, a real intenção das partes. 
Clausulas especiais à compra e venda 
Modificiam o contrato e são opicionais, ou seja, podem ou não estar no contrato. Normalmente não estão, mas isso será decidido a critério das partes. 
A. Retrovenda – art. 505 
Art.

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