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05/10/2017 1 Profª Manuela Poletto Klein manuelap@ufcspa.edu.br; sala 401b 2017/2 QUÍMICA DE ALIMENTOS AULA 8 – PROPRIEDADES FUNCIONAIS DAS PROTEÍNAS Propriedades funcionais das proteínas As propriedades funcionais das proteínas podem ser definidas como “propriedades físicas e químicas que influenciam no comportamento das proteínas em sistemas alimentícios durante processamento, armazenamento, preparo e consumo’’ (Kinsella, 1976). 05/10/2017 2 Propriedades funcionais das proteínas • Capacidade de hidratação • Solubilidade • Propriedades emulsificantes • Propriedades espumantes • Propriedades gelificantes • Propriedades texturizantes • Formação de massa Capacidade de hidratação Hidratação (capacidade de ligação à água) “Gramas de água ligada por grama de proteína, quando um pó seco de proteína é equilibrado com vapor d’água com UR% de 90-95%” 05/10/2017 3 Interações com aminoácidos polares não carregados: 2 mols H2O/mol de aminoácido Interação com aminoácidos carregados: 6 mols H2O/mol de aminoácido Interação com aminoácidos hidrofóbicos: 1 mol H2O/mol de aminoácidos Capacidade de hidratação Capacidade de hidratação (composição de aminoácidos) X Capacidade de retenção de água (influenciada por fatores ambientais como pH, temperatura e força iônica e pela conformação proteica) Capacidade de hidratação 05/10/2017 4 Micela de caseína Capacidade de hidratação teórica é pequena. Capacidade de hidratação experimental das micelas de caseína: ~ 4 mL/g (aprisionamento físico) Capacidade de hidratação Fatores que influenciam na capacidade de retenção de água: • pH • Força iônica (sais) • Temperatura • Conformação proteica Capacidade de retenção de água 05/10/2017 5 • pH Efeito da força iônica (concentração de sal) na solubilidade de proteínas. Fonte: Coelho et. al. Tecnologia Enzimática (2008). Força iônica Máximo de hidratação SALTING OUT (1 M) SALTING IN (<0,2 M) 05/10/2017 6 Na + Na + Na + Cl - Cl - Cl - Cl - < 0,2 M Força iônica Na + Na + Na + Cl - Cl - Cl - Cl - Cl - Na + Na + Cl - Na + Na + Cl - Cl - Na + Na + 1 M Cl - Força iônica 05/10/2017 7 Temperatura T (ºC) Ligações H Conformação da proteína Aumento de área superficial = capacidade de ligação de água é 10% maior 05/10/2017 8 Diminuição da capacidade de ligação de água quando: • Desnaturação levar à agregação das proteínas Proteínas alimentares desnaturadas geralmente tem a mesma capacidade de ligação à água, porém a solubilidade é menor. Conformação da proteína Propriedades funcionais das proteínas • Capacidade de hidratação • Solubilidade • Propriedades emulsificantes • Propriedades espumantes • Propriedades gelificantes • Propriedades texturizantes • Formação de massa 05/10/2017 9 Solubilidade Manifestação do equilíbrio termodinâmico entre a proteína e a água: Interações hidrofóbicas Solubilidade Interações iônicas Solubilidade pI (proteínas de alimentos ~ 4,5) Fluxograma da produção de proteína isolada de soja 05/10/2017 10 Força iônica Temperatura Solventes orgânicos (acetona, etanol) Diminui interação com a água e há aumento das forças eletrostáticas intra e intermoleculares Precipitação de proteínas Solubilidade Propriedades funcionais das proteínas • Capacidade de hidratação • Solubilidade • Propriedades emulsificantes • Propriedades espumantes • Propriedades gelificantes • Propriedades texturizantes • Formação de massa 05/10/2017 11 Propriedades interfaciais Proteínas são moléculas anfipáticas; Migram espontaneamente para uma interface: • óleo-água • ar-água Sem adsorção Adsorção moderada Adsorção + intensa Propriedades interfaciais 1º - adsorção: 05/10/2017 12 Propriedades interfaciais 2º - reorientação: Caudas Alças Trem Propriedades interfaciais 05/10/2017 13 Propriedades interfaciais: emulsificantes Produtos do tipo emulsão (proteína tem papel importante): • Leite •Gema de ovo •Leite de coco •Leite de soja •Manteiga •Margarina •Maionese •Sorvete •Salsichas •Patês •Linguiças •Bolos • pH • Força iônica • Temperatura • Presença de surfactantes • Açúcares • Volume da fase oleosa • Tipo de proteína Fatores que influenciam a emulsificação 05/10/2017 14 pH Maioria das proteínas alimentícias são pouco solúveis, pouco hidratadas e desprovidas de forças repulsivas eletrostáticas no pI Bons emulsificantes quando se distanciam do pI Fatores que influenciam a emulsificação Força iônica Solubilização geralmente aumenta com uma concentração baixa de sal Em emulsões cárneas como linguiças e salsichas, a solubilização das proteínas miofibrilares em 0,5 M de NaCl aumenta suas propriedades emulsificantes. Fatores que influenciam a emulsificação 05/10/2017 15 Presença de surfactantes • Fosfolipídeos: • Competem com as proteínas pela adsorção na interface; • Difundem-se rapidamente; • Não ocorre reorientação na interface; • Ex.: MERENGUE Fatores que influenciam a emulsificação Conformação proteica • Desnaturação parcial antes da emulsificação: • Aumento da flexibilidade e hidrofobicidade superficial • Desnaturação excessiva: Solubilidade Fatores que influenciam a emulsificação 05/10/2017 16 Produtos tipo espuma: • cremes batidos • sorvetes • bolos • merengues • pães • suflês • musses Propriedades interfaciais: formação de espuma Nicolas Kurti, Professor of Physics at Oxford, famously stated: ‘‘It is a sad reflection on our civilization that while we can and do measure the temperature in the atmosphere of Venus, we do not know what goes on inside our souffle´s’’ (~1984) Propriedades interfaciais: formação de espuma 05/10/2017 17 A formação de bolhas ou o ato de bater ou agitar uma solução proteica criam espumas estabilizadas por proteínas! Proteína – propriedade de formar uma película fina e resistente na interface gás-líquido! Propriedades interfaciais: formação de espuma Propriedades interfaciais: formação de espuma 05/10/2017 18 • pH • Sais • Açúcares • Lipídeos • Concentração proteica Fatores que influenciam a formação e estabilidade da espuma • pH No pI não há repulsão: Interação proteína-proteína favorece formação da película porém Proteínas alimentícias são pouco solúveis no pI: pequena fração de proteína solúvel participa da formação de espuma Fatores que influenciam a formação e estabilidade da espuma 05/10/2017 19 • pH No pI: espuma estável, mas em pouca quantidade Fora do pI: espumabilidade alta, mas baixa estabilidade As proteínas da clara do ovo exibem boas propriedades de formação de espuma em pH 8-9 e em seu pI de 4-5. Adição de cremor de tártaro (bitartarato de K) Fatores que influenciam a formação e estabilidade da espuma Depende do tipo de sal e do tipo de proteína • Proteínas do soro do leite: NaCl diminui estabilidade e espumabilidade da espuma (efeito salting in) • Proteínas globulares (albumina do ovo, glúten e proteínas da soja): aumento de estabilidade e espumabilidade (neutralização de cargas) • Sais Fatores que influenciam a formação e estabilidade da espuma 05/10/2017 20 Espumabilidade (aumento da estabilidade das proteínas à desnaturação) Estabilidade (viscosidade) • Açúcares Fatores que influenciam a formação e estabilidade da espuma Em [ ] > 0,5% Diminuem a formação de espuma poissão mais ativos na interface, mas são desprovidos de propriedades coesivas e viscoelásticas! Gema de ovo? • Lipídeos Fatores que influenciam a formação e estabilidade da espuma 05/10/2017 21 • Quanto maior a [proteína], mais firme será a espuma (bolhas pequenas e alta viscosidade). • Espumabilidade máxima: 2 % a 8 % • Concentração de proteínas: Fatores que influenciam a formação e estabilidade da espuma Aquecimento da WPI: 70 ºC/1 min 90 ºC/5 min • Conformação: Fatores que influenciam a formação e estabilidade da espuma 05/10/2017 22 Propriedades funcionais das proteínas • Capacidade de hidratação • Solubilidade • Propriedades emulsificantes • Propriedades espumantes • Propriedades gelificantes • Propriedades texturizantes • Formação de massa Capacidade de formação de gel (gelificação) • Gel: fase intermediária entre o sólido e o líquido; • Composto de polímeros em ligação cruzada por meio de ligações covalentes ou não covalentes para a formação de rede capaz de aprisionar a água, bem como outras substâncias de baixo peso molecular. 05/10/2017 23 Gelatina, embutidos cárneos e ovo cozido Sol GelPró-gel (desnaturação) gelificação T ºC Resfriamento Capacidade de formação de gel (gelificação) GÉIS TRANSLÚCIDOS (poucos aminoácidos hidrofóbicos) (gelatina) TIPO COÁGULO – OPACOS (aminoácidos hidrofóbicos) (géis cárneos, proteínas do leite) Capacidade de formação de gel (gelificação) As proteínas podem formar 2 tipos de géis: 05/10/2017 24 Propriedades funcionais das proteínas • Capacidade de hidratação • Solubilidade • Propriedades emulsificantes • Propriedades espumantes • Propriedades gelificantes • Propriedades texturizantes • Formação de massa Propriedades texturizantes Transformação de uma proteína do estado solúvel (globular) para o estado insolúvel (fibroso) – desnaturação e crosslinking; Propriedades esperadas para proteínas texturizadas: o Mastigabilidade o Elasticidade o Maciez o Suculência Ex.: proteína texturizada de soja 05/10/2017 25 Fluxograma de obtenção de proteína texturizada de soja – extrusão termoplástica: Alta pressão e T: desnaturação e ligações cruzadas – proteína fibrosa Propriedades texturizantes Propriedades funcionais das proteínas • Capacidade de hidratação • Solubilidade • Propriedades emulsificantes • Propriedades espumantes • Propriedades gelificantes • Propriedades texturizantes • Formação de massa 05/10/2017 26 Glúten: Representação da gliadina e glutenina (malha de fibras) presentes no glúten Gliadina: interagem com a glutenina por interações não- covalente, contribuem para a viscosidade (natureza hidrofóbica e volumosa das prolina); Subunidades de alto P.M. de glutenina: “espinha dorsal” do glúten, unidas intercadeias por ligações dissulfeto, proporcionam elasticidade e força à massa. Capacidade de formação de massa Ocorre formação da rede de glúten (desnaturação parcial das proteínas do glúten): • Amassamento - forças de tensão e cisalhamento com absorção de água • Interações hidrofóbicas e pontes dissulfeto -- resultando na formação de polímeros em forma de fio. Capacidade de formação de massa 05/10/2017 27 Referências bibliográficas FENNEMA, O. R.; DAMODARAN, S.; PARKIN, K. L. Química de Alimentos de Fennema – 4ª ed. - Editora Artmed, 2010. BOBBIO, F.O.; BOBBIO, P.A. Introdução à química de alimentos. 3. ed. São Paulo: Varela, 2003. 238p. 53
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