Análise psicodiagnóstica do desenho infantil

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UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
Alunas:
Deyviane Rodrigues
Marcella Barbalho
Júlia Chaves
Paula Voury
Luisa Pozzebon
Marina Almeida
Maiara Brilhante
ANÁLISE DO DESENHO
Belém
2018
1- Descrição do Caso
A criança que participou da dinâmica, vamos chamar de Roxo. Nasceu no dia 16/11/2009, é do sexo masculino, tem 8 anos de idade, tendo como religião Católica, Apostólica, Romana. Reside com os pais e uma das irmãs (Cacá), de 14 anos, em um edifício. Sua mãe tem 42 anos de idade, atua como servidora pública no Tribunal Regional Eleitoral do Pará, na função de Técnico Judiciário e tanto o pai quanto a mãe tem como religião o Catolicismo, sendo praticantes. 
Segundo os pais, a gravidez foi acidental e eles tinham preferência pelo sexo masculino. A mãe possui histórico de aborto espontâneo e tiveram acompanhamento médico na gravidez de Roxo. Durante a gravidez, a mãe não tomou nenhum remédio e não teve nenhum tipo de doença. Nenhum acontecimento emocional, social ou financeiro que fosse relevante e a mãe não sofreu nenhum tipo de acidente. A mãe tinha 34 anos quando engravidou e o pai 39 anos. O parto foi cesariana, tendo o caso clínico da mãe e da criança como normais. Não há doenças na família e não há vícios. 
Segundo os pais, a relação dele com a família e amigos é boa. Os limites são impostos por eles cotidianamente, por meio de conversas, ameaças (castigos), brigando e palmadas. A criança reage testando a paciência dos pais, amedrontando-se. Seu humor é considerado bom, “normal”.
Os brinquedos preferidos da criança são os jogos eletrônicos, jogos virtuais (Minicraft, Roblox), na sala do apartamento, de três a quatro horas por dia, com os amigos Pepê e Mamá (vamos chamar assim), que moram no mesmo prédio que ele. 
A criança ingressou em uma escola particular aos 3 anos de idade, tendo o período de adaptação rápido de uma semana. Segundo os pais, o desenvolvimento cognitivo foi normal. as relações interpessoais na escola são boas, as principais dificuldades eram na escrita, na troca das letras “T” e “D”. As habilidades desenvolvidas eram o desenho e a atividade extra escola a natação. Seus planos para o futuro são morar nos Estados Unidos e conhecer o Japão. 
As refeições são feitas com a família apenas nos finais de semana, tem preferência por bife e frango, costuma se alimentar na sala, em frente a TV e não usa nenhum remédio para auxiliar no apetite. 
A criança dorme sozinha às vezes, se não com a mãe na cama. Dorme no quarto dos pais e no sofá da sala, às 22h, no total de oito horas por dia, apresentando sono calmo e tem o hábito de chupar o dedo para dormir. 
Roxo faz as necessidades fisiológicas com ajuda para higiene e não gosta de tomar banho. Escova os dentes com a ajuda dos pais. Veste-se e despe-se sozinho.
 A criança faz perguntas sobre sexualidade e como nasceu. Seus pais têm reação de espanto, não tendo conversas sobre masturbação ou sexualidade. Ambos trocam de roupa na frente dela e tomam banho juntos com a criança. 
2- Descrição da situação de aplicação
2.1- Local de aplicação:
Apartamento onde a criança reside com a família, na sala de estar, na mesa em que faz as refeições e dever de casa.
2.2- Dados de observação do comportamento do sujeito
A) Durante a entrevista
Roxo comportou-se bem durante a entrevista, apesar de animado. Não foi ríspido ou grosseiro, respondendo às perguntas sempre entre cinco e dez segundos, sem atrasos ou antecipações.
B) No desenho livre
Durante o desenho livre, que durou cerca de trinta minutos, a criança demorou cerca de um minuto pensando no que desenhar, não apresentando dificuldades para a ação após apagar sua primeira opção e iniciar a segunda.
C) No desenho da família
A criança iniciou o desenho da direita para a esquerda, utilizando régua e borracha (constantemente). Durante os trinta minutos que duraram a ação, mostrava-se muito animado, começando pela irmã porque seria mais engraçado. Perguntou para a irmã mais velha se o cabelo de um dos membros da família estava bonito e, depois, mostrou a ela o desenho de outra irmã, pois o achou engraçado. Levantou da cadeira algumas vezes, durante o desenho, e falou bastante consigo mesmo, comentando sobre o que fazia. Quando errava algum detalhe, apagava e consertava-o imediatamente. Enquanto desenhava Cacá, a observava. Achou engraçado quando iniciou o autodesenho. Sobre o título da família, disse que era estranha porque a irmã fede, é fada. O pai é príncipe e ele o porco, porque não gostava de tomar banho.
D) No inquérito
Mostrou-se tranquilo e sem dificuldades para responder às perguntas, levando entre cinco e dez segundos para responder.
2.3- Respostas ao inquérito
A) Desenho livre
1- Que representa seu desenho? Ou O que você desenhou?
Um buraco quadrado.
2- Este foi o primeiro tema (ou a primeira coisa) que você pensou ou você quis desenhar outras coisas?
Quis desenhar primeiro um ratinho pequeno de brinquedo, mas achou que não ia conseguir desenhar os detalhes.
3- Você costuma fazer esse tipo de desenho? O que ou em que estava pensando quando fez o desenho?
Sim. Estava pensando em fazer alguma coisa dentro do desenho (que chamava de buraco), mas não fez, só pintou de lápis. Achou o buraco pequeno.
4- Agora, olhando seu desenho, o que você acha?
Normal, como os outros desenhos que faz.
B) Desenho da família
1- Quem são as pessoas que desenhou?
Irmã Cacá, mãe, pai e ele mesmo.
2- Qual o grau de parentesco?
Sem resposta.
3- Qual a idade deles?
Cacá 14, pai 47, mãe 43 e ele 8 anos (perguntou a idade de todos para a irmã, exceto a sua própria).
4- Estão aí todos os seus parentes?
Não. Não desenhou todos, porque não teria espaço no papel, desenhando apenas os que moram em sua casa, disse.
5- Quem está faltando?
Muitos. A irmã mais velha Mana (fictício), o irmão mais velho, a avó por parte de pai. Depois, disse que só faltava a avó por parte de mãe.
6- Por que não está aí?
Porque não teve espaço suficiente.
7- Em que estava pensando, quando estava desenhando?
Respondeu que "nada", focando-se apenas no desenho.
3- Análise dos desenhos
3.1- Desenho livre:
O desenho encontra-se no centro da folha de papel (adaptabilidade), com tamanho normal (adaptabilidade), com pressão forte no lápis (tensão, ansiedade ou agressão), com utilização de régua. A utilização de cor é monocromática e negra (preguiça ou falta de motivação, aspectos regredidos).
3.2- Desenho da família:
O desenho encontra-se no lado esquerdo da folha de papel(pensamentos relacionados ao passado, atitude regredida, dependência, insegurança), com tamanho normal, pressão também forte e utilização de régua. O uso de cores é adequado (adaptabilidade), com a presença do laranja (necessidade de contato social, impaciência); azul (tranquilidade, conformismo e introversão); verde(maturidade, sensibilidade e tensão); e violeta(oposição, tensões). A família está separada em grupos (divisão), onde a irmã é a primeira; a mãe, a segunda; o pai, o terceiro; e ele mesmo é o último a ser desenhado (menos importante).
4- Hipótese diagnóstica do caso
No momento, considera-se que "Roxo" denota apresentar traços de insegurança, tensão, regressão, ansiedade, introversão, tendo como figura de referência mais importante a irmã "Cacá" e sendo o membro inferior da família.
5- REFERÊNCIAS
AFFONSO, Rosa Maria Lopes (Org.). Ludodiagnóstico: investigação clínica através do brinquedo. Porto Alegre: Artmed, 2012.
BÉDARG, Nicole. Como interpretar os desenhos das crianças. São Paulo: Isis Editora, 2003.
BLINDER, Carlos; KBNOBEL, Joseph; SIQUIER, Maria Luisa. Clínica psicanalítica com crianças. Aparecida, SP: Ideias&Letras, 2011.
MEREDIEU, Florende de. O desenho infantil. 11.ed. São Paulo: Cultrix, 2006.
PUVIANI, Vanna. O uso do desenho no trabalho clínico com crianças: teoria e técnica. 2.ed. Belo Horizonte: Artesã, 2013.