Buscar

2 Orientações para elaboração de um projeto de pesquisa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

METODOLOGIA DA PESQUISA 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC1 
 
Texto compilado do trabalho de: 
PESSÔA, Vera Lúcia Salazar. Fundamentos de Metodologia Científica para elaboração de trabalhos 
científicos. Material didático. Universidade Federal de Goiás - Campus de Catalão. Goiás: não publicado, 2007. 
 
ROTEIRO BÁSICO PARA ELABORAÇÃO DO TRABALHO CIENTÍFICO 
 
 
1 Identificação do problema 
 
 A pesquisa propriamente dita inicia-se com a problematização do tema. O problema 
consiste em indagações e dificuldades teóricas que necessitam de uma pesquisa para serem 
respondidas. “Formular o problema implica determinar com precisão o objetivo central da 
investigação” (BEUREN, 2003, p.52) de forma a torná-lo inconfundível, individualizado, 
específico e, portanto perfeitamente limitado. Esse processo se dá através da reflexão sobre as 
leituras, os debates, as experiências acadêmicas e profissionais. 
 Segundo Gil (2002, p. 26-29) algumas regras devem ser observadas para a elaboração 
de problemas: 
 
a) O problema deve ser formulado como pergunta: Esta é a maneira mais fácil de 
formular um problema, facilita sua identificação por parte de quem consulta o 
projeto e indica com clareza o direcionamento que será dado à pesquisa, pois a 
resposta ao problema somente aparecerá após a conclusão da pesquisa; 
b) O problema deve ser claro e preciso: Um problema, para ser solucionado, 
precisa ter clareza e precisão. Por exemplo, o problema: “Como funciona a 
mente?”, não pode ser resolvido, porque não está claro a que se refere. Não se sabe 
quais aspectos do funcionamento da mente se deseja conhecer. Além de estruturar 
a pergunta de forma clara, deve-se evitar o uso de termos da linguagem cotidiana 
por apresentarem ambigüidade; 
c) O problema deve ser empírico: Os problemas científicos não devem se referir a 
valores, julgamentos morais e considerações subjetivas. Para ser considerado 
científico um problema deve envolver variáveis que podem ser tidas como 
testáveis. Exemplo de um problema com juízo de valores: “a mulher deve realizar 
estudos universitários?”; 
d) O problema deve ser suscetível de solução: Além dos atributos acima 
mencionados, é necessária a presença de dados empíricos para solução do 
problema. Do contrário será melhor proceder a uma investigação acerca das 
técnicas de pesquisa necessárias; 
e) O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: É importante que o 
pesquisador delimite o problema, pois dentro de uma área de investigação existem 
inúmeros fatores que conduzem ao problema, e cada um deles poderá dar ensejo a 
uma pesquisa. A partir da delimitação o pesquisador dará o enfoque ao que 
realmente lhe interessa. 
 
 Martins (2000, p. 22) coloca que os problemas científicos devem evitar “problemas de 
engenharia”, ou seja, questões que buscam respostas ao “como fazer”. Exemplo: Como 
resolver os problemas das enchentes em São Paulo? → “problema de engenharia”. 
 A seguir são apresentados alguns exemplos de Assunto/tema/problema: 
 1
 
o Assunto: Contabilidade de custos 
o Tema: Métodos de custeio utilizados nas empresas 
o Problema: Que fatores exerceram mais influência na decisão da escolha dos 
métodos de custeio implantados em grandes empresas 
brasileiras? 
 
o Assunto: Auditoria 
o Tema: Auditoria no serviço público 
o Problema: Qual é o papel do auditor no serviço público? 
 
o Assunto: Recursos Humanos 
o Tema: Perfil ocupacional do trabalhador 
o Problema: Qual o perfil ocupacional dos trabalhadores em transporte 
 urbano de Uberlândia? 
 
o Assunto: Administração de Informação 
o Tema: Informatização de serviços 
o Problema: Quais os impactos da informatização dos serviços bancários nos 
 clientes/usuários? 
 
o Assunto: Contabilidade de Custos 
o Tema: Profissional de custos 
o Problema: Quais os fatores críticos para o sucesso do profissional de 
 custos? 
 
 
2 Objetivos 
 
 Os objetivos indicam, de forma clara, quais são os propósitos do estudo e quais os 
passos serão percorridos para o alcance desses propósitos. Em outras palavras, é o resultado 
que se pretende alcançar em função da pesquisa. 
 
 De acordo com a abrangência, os objetivos são classificados em gerais e específicos. 
 
• O objetivo geral consiste numa visão global do tema, define, de forma ampla, 
o que se pretende alcançar com a execução do projeto. Em geral, é constituído 
de uma frase ou parágrafo. Sugere-se a utilização de verbos no infinitivo para a 
descrição dos objetivos. 
 
• Os objetivos específicos são desdobramentos do objetivo geral em questões 
específicas, ou seja, são ações intermediárias para alcance do objetivo geral, 
possibilitando menor risco de fugas por parte do pesquisador. Cada um dos 
objetivos específicos será uma parte distinta da futura redação do texto a ser 
produzido. 
 
 Assim, deve-se levantar os componentes importantes do problema, transformá-los em 
objetivos específicos, verificar se são suficientes para atender ao que requer o objetivo geral e, 
finalmente, organizá-los na seqüência lógica do texto a ser construído. 
 Veja alguns exemplos: 
SEARQ
Destacar
SEARQ
Destacar
 2
 
o Objetivo geral: 
 
Conhecer o desempenho apresentado no ensino superior, pelo corpo de 
docentes dos cursos de Ciências Contábeis, da Universidade Federal de 
Uberlândia, bem como levantar propostas para eventuais deficiências. 
 
o Objetivos específicos: 
 
a) Apurar como é realizada e se há deficiências na formação do corpo 
docente dos cursos da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade 
Federal de Uberlândia; 
b) Apurar o desempenho dos docentes da Faculdade de Ciências Contábeis, 
classificando-o quanto à qualidade e à eficácia no ensino; 
c) Identificar propostas viáveis e que possam contribuir para a melhoria da 
formação dos discentes dos cursos de Ciências Contábeis. 
 
 
3 Justificativa 
 
 A justificativa consiste em apresentar as razões pessoais e, principalmente, aquelas 
baseadas na relevância social e científica da pesquisa, com criatividade e capacidade de 
convencer sobre a importância do tema. 
Deve-se apresentar os motivos de ordem teórica e de ordem prática que levaram o 
pesquisador a estudar tal tema e não outro qualquer. Deve-se, também, destacar o estágio em 
que se encontra a teoria relativa ao tema; as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer 
e a importância do tema do ponto de vista geral e para os casos particulares em questão. 
 
Por isso, em trabalhos monográficos, particularmente nos relacionados à área 
contábil, na seção da justificativa regularmente consta a contribuição do estudo à 
área de conhecimento da investigação, à prática das organizações e à sociedade em 
geral. (BEUREN, 2003, p. 66). 
 
 
4 Metodologia 
 
 A classificação de pesquisas não tem sido um assunto unânime entre os autores de 
metodologia. No entanto, as classificações mais comuns têm sido aquelas com base nos 
objetivos, quanto à abordagem do problema e com base nos procedimentos técnicos 
utilizados. Essas três serão detalhadas a seguir. 
 Além da classificação, propriamente dita, neste tópico serão abordados os 
instrumentos de coleta de dados: questionário, entrevista e formulário. 
 
4.1 Classificação de pesquisas quanto aos objetivos 
 
 Com base nos objetivos, as pesquisas são divididas em três grupos: exploratórias, 
descritivas e explicativas. Portanto, o que vai determinar a classificação em um ou outro 
grupo serão os objetivos do trabalho monográfico que está sendo realizado. 
 
 
 
 3
a) Pesquisas exploratórias: 
• São realizadas quando o tema ainda é pouco conhecido (explorado). Têm o 
objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, para torná-lo 
mais explícito ou levantar hipóteses.Em grande parte dos casos, tais pesquisas 
envolvem: a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas que 
tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e c) análise de 
exemplos que “estimulem a compreensão” (SELLTIZ et al., 1967, p. 63 apud 
GIL, 2002, p. 41). Geralmente, as pesquisas exploratórias assumem a forma de 
pesquisa bibliográfica ou estudo de caso. 
• Na área contábil pode-se ter como exemplo, por ser um assunto pouco 
explorado, a verificação dos aspectos facilitadores e dificultadores relacionados 
à profissão contábil no processo de harmonização das normas contábeis no 
âmbito da Associação de Livre Comércio da América - ALCA. (BEUREN, 
2003, p. 80). 
b) Pesquisas descritivas: 
• Têm como objetivo principal a descrição das características de determinada 
população ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis. A coleta de 
dados nesse tipo de pesquisa possui técnicas padronizadas, como o 
questionário e a observação sistemática. Geralmente assumem a forma de 
levantamentos. 
• Como exemplo, pode-se citar a pesquisa feita sobre o perfil do contabilista 
brasileiro, realizada pelo Conselho Federal de Contabilidade em 1995 na qual 
identificou-se o sexo dos contabilistas, idade média, situação econômico-
financeira, tempo de formação escolar e outros itens que descrevem o 
profissional de Contabilidade no Brasil. (SILVA, 2003, p. 66). 
c) Pesquisas explicativas: 
• Constituem o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da 
realidade, pois explica a razão, o porquê das coisas. Com base nisso, Gil (2002, 
p. 42), afirma que “o conhecimento científico está assentado nos resultados 
oferecidos pelos estudos explicativos”. Com essa afirmativa, não se pode 
invalidar as pesquisas exploratórias e descritivas, o que, na maioria das vezes, é 
a etapa prévia para obter explicações científicas. 
• Um exemplo relacionado à contabilidade poderia ser “a análise do impacto do 
novo Código Civil brasileiro na responsabilidade dos sócios sobre as 
obrigações da empresa constituída sob a forma jurídica de Sociedade 
Anônima.” (BEUREN, 2003, p. 82). 
 
 A figura 1 ilustra a classificação das pesquisas por objetivos, levando-se em 
consideração o nível de profundidade do conhecimento de determinada área para escolha 
adequada. 
 4
EXPLORATÓRIAS DESCRITIVAS EXPLICATIVAS
QUANTO AOS OBJETIVOSQUANTO AOS OBJETIVOS
Conhecimento
EXPLORATÓRIAS DESCRITIVAS EXPLICATIVAS
QUANTO AOS OBJETIVOSQUANTO AOS OBJETIVOS
Conhecimento
 
 Figura 1 - Classificação de pesquisas quanto aos objetivos 
 
4.2 Classificação de pesquisas quanto à abordagem do problema 
 
 A segunda classificação se refere à tipologia de pesquisas quanto à abordagem do 
problema. Nessa perspectiva destacam-se as pesquisas qualitativas e quantitativas. A figura 2 
ilustra esta última classificação: 
 
 
 
Figura 2 - Classificação de pesquisas quanto à abordagem do problema 
 
a) Pesquisa qualitativa: 
• As pesquisas qualitativas são marcadas pela ausência de instrumentos 
estatísticos na análise do problema. Neste tipo de pesquisa procura-se conhecer 
a natureza de determinado fenômeno, de forma mais profunda, através da 
análise da interação de certas variáveis, compreensão e classificação de 
processos dinâmicos vividos por grupos sociais, bem como o entendimento das 
particularidades do comportamento dos indivíduos. 
• O uso da abordagem qualitativa é bastante comum na contabilidade, pois, 
embora se use intensamente números, a contabilidade se enquadra no campo 
das ciências sociais, ao contrário do que muitos pensam. Assim, como 
exemplo, pode-se pesquisar sobre a análise dos reflexos da utilização dos 
demonstrativos contábeis no processo de gestão de uma entidade sem fins 
lucrativos. 
 
b) Pesquisa quantitativa: 
• Como o próprio nome diz, as pesquisas quantitativas se caracterizam pelo 
emprego de instrumentos estatísticos, tanto na coleta quanto no tratamento dos 
dados. Este procedimento perde em termos de profundidade, quando 
comparado ao anterior, mas ganha em termos de amplitude. Assim, a 
abordagem quantitativa é frequentemente utilizada em estudos descritivos, que 
 5
procuram descobrir e classificar a relação entre variáveis e a relação de 
causalidade entre os fenômenos. 
• Um exemplo de pesquisa quantitativa em Contabilidade é o estudo sobre os 
principais controles de ativos e passivos ambientais utilizados pelas empresas 
brasileiras certificadas pela ISO 14000. 
 
4.3 Classificação de pesquisas quanto aos procedimentos técnicos de coleta e análise de 
dados 
 
 Após a classificação quanto aos objetivos, tem-se o momento de delinear a pesquisa, 
ou seja, planejá-la no que se refere aos procedimentos técnicos de coleta e análise de dados. 
Entre outros aspectos, o delineamento considera o ambiente em que são coletados os 
dados e as formas de controle das variáveis. Nesse sentido, Gil (2002, p. 43) classifica as 
pesquisas em: bibliográfica, documental, experimental, ex-post facto, levantamento, estudo de 
caso, pesquisa-ação e pesquisa participante. A figura 3 apresenta esta classificação: 
 
QUANTO AOS PROCEDIMENTOS TQUANTO AOS PROCEDIMENTOS TÉÉCNICOSCNICOS
Fontes de papelFontes de papel
BIBLIOGRÁFICA 
DOCUMENTAL
Fontes: pessoasFontes: pessoas
EXPERIMENTAL
EX-POST FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA-AÇÃO
PESQUISA PARTICIPANTE
QUANTO AOS PROCEDIMENTOS TQUANTO AOS PROCEDIMENTOS TÉÉCNICOSCNICOS
Fontes de papelFontes de papel
BIBLIOGRÁFICA 
DOCUMENTAL
Fontes: pessoasFontes: pessoas
EXPERIMENTAL
EX-POST FACTO
LEVANTAMENTO
ESTUDO DE CASO
PESQUISA-AÇÃO
PESQUISA PARTICIPANTE
 
 Figura 3 - Classificação de pesquisas quanto aos procedimentos técnicos utilizados 
 
a) Pesquisas bibliográficas: 
• São pesquisas que objetivam explicar um problema com base em contribuições 
teóricas já publicadas em outras obras (livros, revistas, jornais, teses, 
dissertações, etc.). Podem ser desenvolvidas exclusivamente por meio de fontes 
bibliográficas, ou apenas como parte de pesquisas descritivas e experimentais. 
• Um exemplo relacionado à Contabilidade compreende um estudo sobre o 
surgimento e a evolução da Contabilidade de Custos desde os registros mais 
antigos conhecidos pelo homem. 
b) Pesquisas documentais: 
• Diferem das pesquisas bibliográficas por utilizarem materiais que ainda não 
receberam tratamento analítico, são documentos de “primeira mão”, ou que 
podem ser reelaborados. São documentos conservados no interior de órgãos 
públicos e privados, como: registros, anais, regulamentos, circulares, ofícios, 
memorandos, balancetes, comunicações informais, filmes, microfilmes, 
fotografias, videoteipe, diários, cartas pessoais, etc. A pesquisa documental é 
bastante utilizada em abordagens históricas. 
• Como exemplo na área contábil pode-se citar um estudo da relação entre o 
parecer do perito contábil sobre a situação patrimonial de empresas que 
requereram concordata e a decisão do juiz nos processos julgados nos dez 
últimos anos da 1ª Vara Federal de São Paulo (SP). 
 6
 
c) Pesquisas experimentais: 
• Constituem o delineamento mais prestigiado nos meios científicos. Consistem 
basicamente em determinar um objeto de estudo, seleção das variáveis capazes 
de influenciá-lo e definição das formas de controle e observação dos efeitos 
que a variável produz no objeto. Trata-se, portanto, de uma pesquisa em que o 
pesquisador é um agente ativo, e não um observador passivo. As pesquisas de 
laboratórios são os exemplos mais comuns. 
• Considerações éticas e humanas impedem que a experimentação se faça 
eficientemente nas ciências humanas, razão pela qual os procedimentos 
experimentais se mostram adequados apenas a um reduzido número de 
situações. Não se pode, por exemplo,submeter pessoas a atividades 
estressantes com vistas a verificar alterações em sua saúde física ou mental. Ou 
privá-las de convívio social para verificar em que medida esse fator é capaz de 
afetar sua auto-estima. 
 
d) Pesquisas ex-post facto: 
• Segundo Gil (2002, p. 49) “A tradução literal da expressão ex-post facto é ‘a 
partir do fato passado’. Isso significa que neste tipo de pesquisa o estudo foi 
realizado após a ocorrência de variações na variável dependente no curso 
natural dos acontecimentos”. É o experimento realizado após a ocorrência dos 
fatos, portanto, diferente das pesquisas experimentais, o pesquisado não possui 
controle das variáveis. 
• “É bastante usada no campo das ciências sociais aplicadas (contabilidade, 
economia, administração, direito), pois permite a consideração dos fatores 
históricos que são fundamentais para a compreensão das estruturas sociais”. 
(SILVA, 2003, p. 62). Por exemplo: uma análise histórica da evolução do 
pensamento contábil se valerá desse tipo de pesquisa, pois os fatos serão 
espontâneos (já ocorreram). 
 
e) Levantamentos: 
• Segundo Gil (2002, p. 30) estas pesquisas se caracterizam “pela interrogação 
direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, 
procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas 
[amostra] acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise 
quantitativa [através de técnicas estatísticas], obterem-se as conclusões 
correspondentes aos dados coletados”. As conclusões acerca do grupo estudado 
são generalizadas para toda a população, mediante uma margem de erro pré-
estabelecida. Quando o levantamento recolhe informações de todos os 
elementos tem-se um senso. 
• As pesquisas de levantamento, geralmente, são mais utilizadas em estudos 
descritivos, cujos resultados, não demandam exigência de aprofundar no 
problema de pesquisa. No que concerne à Contabilidade são bastante 
aplicáveis. Como exemplo tem-se: um estudo sobre as metodologias de custeio 
utilizadas nas empresas atacadistas brasileiras. 
 
f) Estudo de caso: 
• De acordo com Gil (2002, p. 54) o estudo de caso é bastante utilizado em 
ciências biomédicas e sociais. “Consiste no estudo profundo e exaustivo de um 
ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado 
 7
conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos 
já considerados”. Este tipo de pesquisa é ideal para estudo de fenômenos 
contemporâneos dentro seus contextos, onde os limites entre o fenômeno e o 
contexto não são claramente percebidos. É utilizado para desenvolver 
entrevistas estruturadas ou não, questionários, observações de fatos, análise 
documental. O objeto a ser pesquisado pode ser o indivíduo, a empresa, uma 
atividade, ou até mesmo uma situação. Os principais propósitos de uso do 
estudo de caso, segundo Gil (2002, p.54), são: 
9 Explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente 
definidos; 
9 Preservar o caráter unitário do objeto estudado; 
9 Descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada 
investigação; 
9 Formular hipóteses ou desenvolver teorias; e 
9 Explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações 
muito complexas que não possibilitaram a utilização de levantamentos e 
experimentos. 
• Entre as desvantagens do estudo de caso, estão relacionados: a falta de rigor 
metodológico, pois os procedimentos não são claramente definidos, 
possibilitando vieses no estudo e a dificuldade de generalização, por se tratar 
de um ou poucos casos. Na área contábil pode-se citar como exemplo o estudo 
de caso relacionado à identificação das fases de implantação de um programa 
de qualidade em uma empresa contábil para a obtenção da certificação ISO 
9000. 
 
g) Pesquisa-ação: 
• É um tipo de delineamento empírico com vistas à “solução de um problema 
coletivo, em que os pesquisadores e participantes da situação ou problema 
estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo”. (SILVA, 2003, p. 64). 
Pode ser aplicada a diversos campos, como contabilidade, educação, economia, 
administração e serviço social. 
 
h) Pesquisa participante: 
• Assim como a pesquisa-ação, a pesquisa participante é marcada pela interação 
entre pesquisadores e membros da situação investigada. No entanto, o que 
diferencia as duas abordagens é o fato de não ser exigida uma ação por parte 
das pessoas ou grupos envolvidos na pesquisa participante. Nesse tipo de 
pesquisa, busca-se a plena participação da comunidade na análise de sua 
própria realidade, com o objetivo de promover a participação social para o 
benefício dos participantes. 
• Nas ciências sociais, notadamente na Contabilidade, também se usa a pesquisa 
participante, isto ocorre quando há grande envolvimento do pesquisador no 
assunto que está sendo estudado. Um exemplo é o desenvolvimento e a 
implantação de um sistema de custos em indústria moveleira pelo controller 
dessa unidade, que é o próprio pesquisador. 
 
 
 
 8
4.4 Instrumentos de coleta de dados 
 
 Após o detalhamento dos tipos de pesquisas que podem ser utilizados, torna-se 
necessário apresentar os principais instrumentos de coletas de dados. Em geral, nunca se 
utiliza apenas um instrumento (técnica), mas, na maioria das vezes, há uma combinação de 
dois ou mais deles, usados concomitantemente. 
 A seguir são identificados e descritos os instrumentos: coleta documental, observação, 
entrevista, questionário e formulário. 
 
a) Coleta documental: 
• Consiste na utilização de fontes de dados coletados por outras pessoas, 
podendo constituir-se de material já elaborado ou não. Divide-se em pesquisa 
documental e pesquisa bibliográfica, já vistas anteriormente; 
b) Observação: 
• Consiste em ver, ouvir e examinar os fatos que se desejam estudar, utilizando-
se de instrumentos (anotações em fichas, gráficos, formulários) para o registro 
das informações. 
• Ao aplicar a técnica da observação, o pesquisador examina o fato sem nele 
interferir, controlando as idéias pré-concebidas que podem surgir. Assim, deve 
acompanhar, em silêncio, como simples espectador imparcial, retirando de 
forma clara e precisa todo o conhecimento do fato, anotando tudo o que for 
pertinente a ele e repetindo tantas vezes quantas for necessário, o exame do 
mesmo. 
c) Entrevista: 
• Consiste numa técnica de conversação direta, dirigida por uma das partes, de 
maneira metódica, objetivando a compreensão de uma situação, requerendo do 
pesquisador uma idéia clara da informação que necessita. Exige também 
algumas medidas como: planejamento da entrevista, conhecimento prévio do 
entrevistado, local e hora e organização do roteiro ou formulário de 
acompanhamento da mesma. 
• Para maior êxito da entrevista, deve-se observar algumas normas sobre como 
fazer o contato inicial com o entrevistado, a formulação de perguntas, o 
registro de respostas e o término da mesma. 
• O pesquisador deve entrar em contato com o entrevistado e estabelecer, desde 
o primeiro momento, uma conversação amistosa, explicando a finalidade da 
pesquisa, seu objetivo, relevância e ressaltando a necessidade de sua 
colaboração. É importante obter e manter sua confiança, assegurando-lhe o 
caráter confidencial de suas informações. 
• Deve-se evitar todo tipo de pergunta que sugira resposta. Para não confundir o 
entrevistado deve-se fazer uma pergunta de cada vez, e primeiro, as que não 
tenham probabilidade de serem recusadas. Deve-se permitir ao entrevistado 
restringir ou limitar suas informações. 
• As respostas, se possível, devem ser anotadas no momento da entrevista, para 
maior fidelidade e veracidade das informações, devendo ser anotadas com as 
mesmas palavras usadas pelo entrevistado, evitando-se sintetizá-las. A 
anotação posterior apresenta duas inconveniências:falha de memória e/ou 
distorção do fato, quando não se guardam todos os elementos. O uso do 
gravador é ideal, se o entrevistado concordar com sua utilização. Deve prestar 
atenção aos itens que o entrevistado deseja esclarecer sem manifestar as suas 
opiniões. Não deve apressá-lo e dá-lhe tempo suficiente para suas conclusões. 
 9
• A entrevista deve terminar como começou, isto é, em ambiente de cordialidade, 
para que o pesquisador, se necessário, possa voltar e obter novos dados, sem 
que o entrevistado se oponha a isto. 
d) Questionário: 
• É um dos instrumentos mais usados para o levantamento de informações. É 
constituído de uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por 
escrito, tendo como objetivo principal adquirir informações sobre o objeto em 
estudo. Não deve ser muito longo para não desanimar quem está respondendo. 
Pode ser aplicado pessoalmente ou enviado pelo correio, e-mail, etc. 
• No começo do questionário devem ser colocadas as indagações que 
caracterizam o informante e necessárias à pesquisa: sexo, idade, estado civil, 
profissão, etc. (no caso de pessoa física) ou quantidade de funcionários, 
faturamento, ramo de atuação, etc. (no caso de empresas). Deve-se também 
indicar se há necessidade ou não do informante escrever seu nome, ou nome da 
empresa. 
• As perguntas devem ser formuladas de maneira objetiva, precisa, em 
linguagem acessível ou usual do informante, para serem entendidas com 
facilidade. Deve-se evitar perguntas “tendenciosas”, isto é, que pelo seu 
enunciado orientam a resposta. 
• A principal limitação do questionário está relacionada à sua devolução, em 
geral os níveis de devolução são baixos. 
e) Formulário: 
• Consiste num conjunto de questões, enunciadas como perguntas, de forma 
organizada e sistematizada, tendo como objetivo alcançar determinadas 
informações, obtidas em entrevistas, questionários ou observações. 
 
4.5 Cronograma 
 
 A elaboração do cronograma é feita dividindo-se a pesquisa em partes e fazendo a 
previsão de tempo necessário para passar de uma etapa a outra. Não se pode esquecer que, se 
determinadas partes da pesquisa podem ser executadas simultaneamente, existem outras que 
dependem das anteriores, como é o caso da análise e interpretação, cuja realização depende da 
codificação e tabulação, só possíveis depois de colhidos os dados. Na figura 4 tem-se um 
exemplo de cronograma. 
 
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32
1 Especificação dos objetivos
2 Operacionalização dos conceitos
3 Elaboração do questionário
4 Pré-teste do questionário
5 Seleção da amostra
6 Impressão dos questionários
7 Seleção dos pesquisadores
8 Treinamento dos pesquisadores
9 Coleta de dados
10 Análise e interpretação dos dados
11 Redação do relatório
Etapas do Levantamento Dias
 
Figura 4 – Cronograma de pesquisa 
Fonte: Gil (2002, p. 156) 
 
 
 
 10
5 Estrutura de um projeto de pesquisa 
 
Capa 
Folha de rosto 
Sumário (opcional) 
1. Introdução 
1.1. Tema (assunto) 
1.2. Delimitação do tema 
1.3. Formulação do problema 
2. Justificativa (por quê?) 
3. Objetivos (para quê? para quem?) 
ƒ Objetivo geral 
ƒ Objetivos específicos 
4. Embasamento teórico (como?) 
ƒ Revisão de literatura (Estado da Arte a respeito do assunto) 
5. Metodologia (como? Com quê? onde? Quando?) e Tipo(s) de pesquisa (s): 
ƒ Quanto aos objetivos; 
ƒ Quanto à abordagem do problema; 
ƒ Quanto aos procedimentos técnicos. 
ƒ Procedimentos metodológicos (instrumentos de coletas de dados, população, amostra, 
etc.) 
6. Cronograma (quando?) 
7. Orçamento (com quanto?) 
8. Referências (bibliográficas e documentais) 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BEUREN, Ilse Maria (Org.) Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: 
teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2003. 189p. 
 
 
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4ª. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 
159p. 
 
 
MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 
2ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. 116p. 
 
 
SILVA, Antônio Carlos Ribeiro da. Metodologia da pesquisa aplicada a contabilidade: 
orientações de estudos, projetos, relatórios, monografias, dissertações, teses. São Paulo: Atlas, 
2003. 181p. 
 
 
SUGESTÃO DE BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 6023: informação 
e documentação / referências / elaboração. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: 
<http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 13 de agosto de 2012. 
 
 
 11
______. NBR 6024: numeração progressiva das seções de um documento. Rio de Janeiro, 
2003. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 13 de agosto de 2012. 
 
 
______. NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: 
<http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 13 de agosto de 2012. 
 
 
______. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, 1990. Disponível em: 
<http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 13 de agosto de 2012. 
 
 
______. NBR 10520: informação e documentação / citações em documentos / apresentação. 
Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 13 de agosto de 
2012. 
 
 
______. NBR 14724: informação e documentação / trabalhos acadêmicos / apresentação. Rio 
de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.abnt.org.br>. Acesso em: 13 de agosto de 
2012. 
 
 
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia científica. 1ª. ed. São Paulo: Atlas, 
1982. 231p. 
 
 
______. Metodologia científica. 3ª. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 
 
 
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. São Paulo: 
Atlas, 1982. 205p. 
 
 
MARION, José Carlos; DIAS, Reinaldo; TRALDI, Maria Cristina. Monografia para os 
cursos de administração, contabilidade e economia. São Paulo: Atlas, 2002. 135p. 
 
 
SILVA, Ângela Maria.; PINHEIRO, Maria Salete de Freitas; FREITAS, Nara Eugênia. Guia 
para normalização de trabalhos técnico-científicos: projetos de pesquisa, monografias, 
dissertações e teses. 2ª ed. Uberlândia-MG: EDUFU, 2002. 159p.

Outros materiais