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Apostila de Economia II v 022011

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FUNDAÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DA REGIÃO CENTRO-SUL
(FUNDASUL)
FACULDADE CAMAQUENSE DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ADMINISTRATIVAS – (FACCCA)
DISCIPLINA
ECONOMIA II
2º SEMESTRE DE 2011 
Versão 022011
Professor: Júlio César Vieira da Silva
Aluno:____________________________	�
Bibliografia Básica
- GREMAUD, Amaury Patrick. Et al Diva Benevides Pinho, Marco Antônio Sandoval de Vasconcellos Manual de Economia. 4. Ed. São Paulo: Saraiva. 2003.
- WESSELS, Walter J. Economia. 2. Ed. –São Paulo: Saraiva, 2003
- MCCONNELL BRUE. Microeconomia. Rio de Janeiro: LTC – Livros
Técnicos Científicos Editora S. A. , 2001.
- PINDYCK, robert S.;RUBINFELD. Microeconomia. São Paulo; Makron Books do Brasil, 1999.
- VASCONCELLOS, Marco Antônio. Sandoval de, Economia Básica. São Paulo: Atlas, 1998
- MONTORO FILHO, ª F. et al . l. Manual de Economia. São Paulo,1998. 
- MOCHÓN MORCILLO, Francisco. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 1994.
- GALBRAITH, John K. A Economia ao Alcance de Quase Todos, 4 Ed. São Paulo: Pioneira, 1992.
- ROSSETTI, José Paschoal. Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 1990.
- SAMUELSON, Paul ª , Introdução à Análise Econômica. Rio de Janeiro: Agir, 1990.
- WONNACOTT/WONNACOTT & CRUSIUS/CRUSSIUS. Economia.
São Paulo: MCGraw-Hill, 1982.
Conteúdos Programáticos
1 TEORIA DA DEMANDA DO CONSUMIDOR
1.1 A escolha do Consumidor e a Procura
Abordagem pela Utilidade
Abordagem pelas Curvas de Indiferenças
Definição de Bens Normais, Substitutos e Complementares
2 Teoria ELEMENTAR DO FUNCIONAMENTO DO MERCADO
Demanda Oferta e Equilíbrio
 2.2 Lei da Demanda
3 Demanda por um indivíduo
Demanda de Mercado por uma Mercadoria
Oferta de uma Mercadoria por um produto Individual; Lei da Oferta
Oferta de Mercado para uma Mercadoria
Equilíbrio de Mercado
Representação gráfica das curvas de Demanda e de Oferta
Receita Total e Receita Marginal
Aplicação Básica da Teoria de Mercado – Política de Preços Mínimos, 
 Controle de Preços, Racionamento e Tributação sobre as Vendas 
3 TEORIA DA FIRMA
A Produção e a Firma
A Importância da Teoria da Produção
Conceitos Básicos de Produção
Combinação de Recursos
Custos de Produção de Longo Prazo e Curto Prazo
Os Rendimentos da Firma
Condições de Otimização dos Resultados: O Equilíbrio da Firma
4 ESTRUTURA BÁSICA DE MERCADO
Concorrência Perfeita e Monopólio
Importância dos Modelos
Hipóteses dos Modelos
Equilíbrio das Firmas, Curto Prazo e Longo Prazo
Efeitos das Estruturas de Mercados sobre os preços da Produção
Estrutura de Mercado mais complexa: Oligopólio, Monopsônio, Monopólio Bilateral
ECONOMIA I ou ANÁLISE MICROECONOMICA
São o ramo da ciência econômica voltado ao estudo do comportamento das unidades de consumo (indivíduos/famílias) ao estudo das empresas, suas respectivas produções e custos, e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e fatores de produção.
A Análise Microeconômica, ou simplesmente microeconomia ou ainda Teoria dos Preços analisa a formação de preços no mercado, ou seja, como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos.
Mercado: é, pois um grupo de compradores e vendedores que por meio de suas reais ou potenciais interações, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos.
Assim, enquanto a análise macroeconômica enfoca o comportamento da Economia como um todo, considerando variáveis globais como consumo agregado, renda nacional e investimentos globais, a análise microeconômica preocupa-se com a formação de preços de bens e serviços (soja, automóveis) e de fatores de produção (salários, aluguéis, lucros) em mercador específicos.
A Teoria Microeconômica não deve ser confundida com economia de empresas, pois tem enfoque distinto. A Microeconomia estuda o funcionamento da oferta e da demanda na formação do preço no mercado, isto é, o preço sendo obtido pela interação do conjunto de consumidores com o conjunto de empresas que fabricam um dado bem ou serviço. Do ponto de vista da economia de empresas, onde se estuda uma empresa específica, prevalece a visão contábil-financeira na formação do preço de venda de seu produto, baseada principalmente nos custos de produção, enquanto na Microeconomia prevalece a visão do mercado.
A abordagem econômica se diferencia da contábil mesmo quando são abordados os custos de produção, pois o economista analisa não só os custos efetivamente incorridos, mas também aqueles decorrentes das oportunidades sacrificadas, ou seja, dos custos de oportunidades ou implícitos. Como detalharemos mais tarde, os custos de produção do ponto de vista econômico não são apenas os gastos ou desembolsos financeiros incorridos pela empresa (custos explícitos), mas também quanto às empresas gastariam se tivessem de alugar ou comprar no mercado os insumos que são de sua propriedade (custos implícitos).
Os agentes da demanda – os consumidores – são aqueles que se dirigem ao mercado com o intuito de adquirir um conjunto de bens e serviços que lhes maximizem sua função 
utilidade. No direito utilizou-se a conceituação econômica para se definir consumidor: pessoa natural ou jurídica que no mercado adquire bens ou contrata serviços como destinatário final, visando atender a uma necessidade própria. Deve-se salientar que o Código Brasileiro de Defesa do Consumidor considera o consumidor como hiposuficiente, uma vez que entre fornecedor e consumidor a um desequilíbrio que favorece o primeiro.
A conceituação de empresa, entretanto, possui duas visões: a econômica e a jurídica. Do ponto de vista econômico, empresa ou estabelecimento comercial é a combinação, pelo empresário, dos fatores de produção: capital, trabalho, terra e tecnologia, de tal modo organizado para se obter o maior volume possível de produção ou de serviços ao menor custo.
Na doutrina jurídica reconhece-se o estabelecimento como uma universalidade de direito, incluindo-se na atividade econômica um complexo de relações jurídicas entre o empresário e a empresa. O empresário é, assim, o sujeito da atividade econômica, e o objeto é constituído pelo estabelecimento, que é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos utilizados para o processo de produção. A empresa, nesse contexto, é o complexo de relações jurídicas que unem o sujeito ao objeto da atividade econômica.
2 Pressupostos Básicos da Análise Microeconômica
2.1 A Hipótese “Coeteris Paribus”
Para analisar um mercado específico, a Microeconomia se vale da hipótese de que “TUDO O MAIS PERMANECE CONSTANTE” (em latim, coeteris paribus). O foco de estudo é dirigido apenas àquele mercado, analisando-se o papel que a oferta e a demanda nele exercem, supondo que outras variáveis interfiram muito pouco, ou que não interfiram de maneira absoluta.
Adotando-se essa hipótese, torna-se possível o estudo de um determinado mercado selecionando-se apenas as variáveis que influenciam os agentes econômicos – consumidores e produtores – nesse particular mercado, independentemente de outros fatores, que estão em outros mercados, poderem influenciá-los. Sabemos, por exemplo, que a procura de uma mercadoria é normalmente mais afetada por seu preço e pela renda dos consumidores. Para analisar o feito do preço sobre a procura, supomos que a renda permaneça constante (coeteris paribus); da mesma forma, para avaliar a relação entre a procura e a renda dos consumidores, supomos que o preço da mercadoria não varie. Temos, assim, o efeito “puro” ou “líquido” de cada uma dessas variáveis sobre a procura.
2.2 Papéis dos Preços Relativos
Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias.Por exemplo, se o preço do guaraná cair em 10%, mas também o preço da soda cair em 10%, nada deve acontecer com a demanda (procura) dos dois bens (supondo que as demais variáveis permaneceram constantes). Agora, tudo o mais permanecendo constante, se apenas cair o preço do guaraná, permanecendo inalterado o preço da soda, deve-se esperar um aumento na quantidade procurada de guaraná, e uma queda na de soda. Embora não tenha havido alteração no preço absoluto da soda, seu preço relativo aumentou, quando comparado como do guaraná.
2.3 Objetivos da Empresa
A grande questão na Microeconomia, que inclusive é a origem das diferentes correntes de abordagem, reside na hipótese adotada quanto aos objetivos da empresa produtora de bens e serviços.
A análise tradicional supõe o Princípio da Racionalidade, segundo o qual o empresário sempre busca a maximização do lucro total, otimizando a utilização dos recursos de que dispõe. Essa corrente enfatiza conceitos como receita marginal, custo marginal e produtividade marginal em lugar de conceitos de média (receita média, custo médio e produtividade média), daí ser chamada de marginalista. Como veremos, a maximização do lucro da empresa ocorre quando a receita marginal iguala-se ao custo marginal.
As correntes alternativas consideram que o móvel do empresário não seria a maximização do lucro, mas fatores como aumento da participação nas vendas do mercado, ou maximização da margem sobre os custos de produção, independem da demanda de mercado.
Geralmente, nos cursos de Economia, a abordagem marginalista compõe a Teoria Microeconômica propriamente dita, pelo que é chamada de Teoria Tradicionalista, enquanto as demais abordagens são usualmente analisadas nas disciplinas denominadas Teoria da Organização Industrial ou Economia Industrial.
3 Aplicação da Análise Microeconômica
A análise microeconômica, ou Teoria dos Preços, como parte da Ciência Econômica, preocupa-se em explicar como se determina o preço dos bens e serviços, bem como dos fatores de produção. O instrumental microeconômico procura responder, também, a questões aparentemente triviais; por exemplo, por que, quando o preço de um bem se eleva, a quantidade demandada desse bem deve cair, coeteris paribus.
Entretanto, deve-se salientar que, se a Teoria Microeconômica não é um manual de técnicas para a tomada de decisões do dia-a-dia, mesmo assim ela representa uma ferramenta útil para estabelecer políticas e estratégias, dentro de um horizonte de planejamento, tanto ao nível das empresas quanto ao nível de política econômica.
Em nível de empresas, a análise microeconômica pode subsidiar as seguintes decisões:
Política de preços da empresa
Previsões de demanda e de faturamento 
Previsões de custos de produção
Decisões ótimas de produção (escolha da melhor alternativa de produção, isto é, da melhor combinação de fatores de produção)
Avaliação e elaboração de projetos de investimentos (análise custo-benefício da compra de equipamentos, ampliação da empresa, etc)
Política de propaganda e publicidade (como as preferências dos consumidores podem afetar a procura do produto)
Localização da empresa (se a empresa deve situar-se próxima aos centros consumidores ou aos centros fornecedores de insumos)
Diferenciação de mercados (possibilidades de preços diferenciados, em diferentes mercado consumidores do mesmo produto)
Em nível de política econômica, a Teoria Microeconômica pode contribuir na análise e tomada de decisões das seguintes questões:
Efeitos de impostos sobre mercados específicos
Políticas de subsídios (nos preços de produtos como trigo e leite, ou na compra de insumos como máquinas, fertilizantes, etc)
Fixação de preços mínimos na agricultura
Controle de preços
Política salarial
Política de tarifas públicas (água, luz, etc)
Políticas de preços públicos (petróleo, aço, etc)
Leis antitrustes (controle de lucros de monopólios e oligopólios)
Como se observa, são decisões necessárias ao planejamento estratégico das empresas e à política e programação econômica do setor público.
Evidentemente, a contribuição da Microeconomia está associada à utilização de outras disciplinas, como a Estatística, a Matemática Financeira, a Contabilidade e mesmo a Engenharia, de forma a dar conteúdo empírico a suas formulações e conceitos teóricos.
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DIVISÃO DOS TÓPICOS DE MICROECONOMIA
Os grandes tópicos abordados na análise microeconômica são os seguintes:
I – Teoria da Demanda (procura)
							Teoria da Produção
II – Teoria da Oferta 
							Teoria dos Custos de Produção
							Concorrência Perfeita
			Mercado de Bens 		Concorrência Monopolista
			Serviços			Monopólio
III – Análise das Estruturas						Oligopólio
					Mercado de Fatores		Concorrência Perfeita
					de Produção			Monopsônio
									Oligopsônio
IV – Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-estar
A Teoria da Demanda ou Teoria da Procura estuda as diferentes formas que a demanda pode assumir e os fatores que a influenciam.
A Teoria da Oferta abrange a Teoria da Produção, que estuda o processo de produção numa perspectiva econômica, e a Teoria dos Custos de Produção, que classifica e analisa os custos. A Teoria da Produção envolve apenas relações físicas entre o produto e fatores de produção, enquanto a Teoria dos Custos já envolve preços dos insumos de produção
A Análise das estruturas de Mercado aborda a maneira como estão organizados os mercados, e como é determinados o preço e quantidade de equilíbrio nesses mercados. É dividida na análise da estrutura dos mercados e serviços e dos mercados de fatores de produção (também chamada “Demanda Derivada”, dado que os mercados de insumos derivam, em última análise, do mercado de bens e serviços).
A Teoria do Equilíbrio Geral e do Bem-estar estuda a interação de todos os mercados simultaneamente e seu impacto em todos os agentes.
– TEORIA DA DEMNADA DO CONSUMIDOR
 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR
Problema
A Pillsbury Co., adquiriu uma empresa em Woodbridge, Nova Jesey, que produzia um novo sorvete de alta qualidade e que era comercializado sob a marca HaagenDazs.
A inclusão na receita de mais creme e mais ovos tornou-o melhor e mais saboroso que a maioria dos demais, e seu nome escandinavo sugeriam que era um produto de qualidade, merecedor de um preço moais elevado. Porém, antes que o Haaangen-Dazs pudesse ser comercializado em larga escala, a empresa teve de resolver um importante problema.
Qual deveria ser o preço a ser cobrado?
Independente de quão bom fosse o sorvete, sua lucratividade seria consideravelmente influenciada pela decisão da empresa em relação ao preço a ser cobrado pelo sorvete.
Não era o suficiente saber que os consumidores pagariam mais por um sorvete de alta qualidade; a questão era determinar.
Quanto mais pagariam
Portanto, a empresa teve de elaborar uma cuidadosa análise das preferências do consumidor para poder determinar a demanda de sorvete e como ela estaria ligada ao preço e à qualidade.
Este problema – envolvendo política de empresas – exemplifica a importância da Teoria econômica referente ao comportamento do consumidor, bem como os tipos de problemas que ela pode ajudar a resolver.
No presente capítulo, abordaremos a teoria do consumidor seguindo uma ordem histórica, começaremos estudando essa teoria tal como ela apareceu nos trabalhos dos primeiros economistas que trataram dela e, posteriormente, trataremos da mesma na forma como ela aparece na moderna teoria econômica.
____PSI_____________________________________________________________
A TEORIA DA UTILIDADE
Utilidade Total e Utilidade Marginal
Por que as pessoas demandam mercadorias? A resposta parece óbvia: as pessoas demandam mercadorias porque eu consumo lhes traz algum tipo de prazer ou satisfação. Essa é uma condição necessária para que uma mercadoria seja procurada pelos consumidores. Não há demanda paramercadorias indesejáveis tais como injeção no olho ou coco de galinha para fazer crescer o bigode.
Imaginemos agora que o prazer ou a satisfação percebido por um consumidor pelo consumo de uma mercadoria possa ser medido, e chamemos essa medida de utilidade dessa mercadoria para esse consumidor. Mesmo que não saibamos nada acerca da medida exata da utilidade, podemos, empregando um pouco de bom senso, predizer que ela deve ter um comportamento característico.
Apenas para que possamos ver de uma forma mais concreta qual deve ser esse comportamento, suponhamos que a mercadoria em questão seja chocolate em barra. Se passarmos a dar uma barra de chocolate por semana a uma criança que até então não consumia nada de chocolate, essa barra de chocolate provavelmente trará uma satisfação muito grande a essa criança, gerando assim uma utilidade relativamente alta. Se, depois disso, passarmos a dar uma segunda barra semanal de chocolate, essa barra será bem recebida pela criança, mas provavelmente não com o mesmo entusiasmo com que foi recebida a primeira barra. Uma terceira barra será recebida com um entusiasmo ainda menor. Se formos aumentando o número de barras de chocolate, chegaremos a um ponto em que uma barra adicional de chocolate representará para a nossa criança um benefício tão pequeno que para ela será quase indiferente receber ou não essa barra adicional. Isso porque o chocolate sendo consumido praticamente até a sociedade deixou de ser para ela um produto escasso.
Com isso, queremos dizer que a utilidade total derivada do consumo de chocolate cresce na medida em que aumentamos o número de barras por semana. Todavia, o valor acrescentado à utilidade total pela última barra de chocolate consumida é tão menor quanto maior for o total consumido de barras de chocolate.
O parágrafo da Fig. 4.1. ilustra essa idéia. No eixo horizontal de tal gráfico, medimos a quantidade consumida de chocolate. A altura de cada coluna indica a utilidade total do consumo de chocolate. A altura do trecho em cinza escuro da coluna indica quanto for acrescentado à utilidade total pela última barra consumida. Observe que, na medida em que aumenta a quantidade consumida, isto é, na medida em que vamos para as colunas mais à direita, o trecho da coluna em cinza escuro é cada vez menor o que indica que a última consumida acrescenta cada vez menos à utilidade total.
A utilidade que a última unidade consumida (no nosso exemplo, a última barra de chocolate) acrescenta à utilidade total é chamada utilidade marginal. Assim, no gráfico a fig. 4.1., a utilidade marginal é representada pela área em cinza escura em cada coluna. Podemos definir o termo utilidade marginal de uma maneira mais geral da seguinte forma:
A utilidade marginal do consumo de uma mercadoria é o crescimento à utilidade total decorrente do consumo de uma unidade adicional dessa mercadoria.
No nosso exemplo, a utilidade marginal do chocolate diminui na medida em que aumenta o seu consumo. Comportamento semelhante deve ser esperado para a utilidade marginal de outra mercadoria qualquer. Em outras palavras, na medida em que o consumo de uma mercadoria por parte de uma pessoa aumenta o prazer decorrente de uma unidade adicional, isto é, a utilidade marginal dessa mercadoria, diminui. Assim, podemos enunciar a seguinte lei, que descreve o comportamento da utilidade marginal com relação à quantidade consumida de uma mercadoria:
Lei da utilidade marginal decrescente: na medida em que aumenta o consumo de uma mercadoria, a utilidade marginal dessa mercadoria diminui.
Voltando agora ao nosso exemplo, é fácil notar que a utilidade total do consumo de uma barra de chocolate é igual à utilidade marginal da primeira barra de chocolate, que a utilidade total do consumo de duas barras de chocolate é igual à soma da utilidade marginal da primeira barra de chocolate mais a utilidade marginal da segunda barra, que a utilidade total do consumo de três barras de chocolate é igual a soma das utilidades marginais das três primeiras barras consumidas, por diante. De uma maneira geral, podemos descrever a relação entre a utilidade marginal e a utilidade total pela expressão.
Onde U(n) é a utilidade total do consumo de n unidades e Umg(i) é a utilidade marginal da i-ésima unidade consumida. Essa expressão matemática quer dizer simplesmente que a utilidade total do consumo de n unidades é igual a soma das utilidades marginais da primeira até a n-ésima mercadoria.
Essa relação também pode ser vista no gráfico da Fig. 4.2. O eixo horizontal desse gráfico indica o número de unidades (barras de chocolate) consumidas. No eixo vertical mede-se a utilidade marginal do consumo. Note que as colunas mais à direita são menores que as colunas mais à esquerda. Isso indica que a utilidade marginal diminui na medida em que aumenta o número de barras de chocolate consumidas.
Se quisermos saber qual será a utilidade total do consumo de três barras de chocolate por semana, por exemplo, basta que somemos o valor das três primeiras barras do gráfico da Fig. 4.2. Uma vez que as colunas desse gráfico são retângulos com base igual a 1, essa soma é igual à área dessas três primeiras colunas marcadas em cinza escuro.
Até aqui, no nosso exemplo, o consumo semanal de chocolate por parte de uma criança varia de barra de chocolate. Todavia, poderíamos ser mais precisos. Em vez de aumentar o consumo da criança de barra em barra de chocolate, poderíamos aumentá-lo digamos, de quarto de barra em quarto de barra, ou ainda de grama em grama de chocolate. Quando fazemos isto, isto é, quando tornamos a variação no consumo de chocolate cada vez menor, as colunas dos gráficos das Fig. 4.1. e 4.2. ficam cada vez mais estreitas. Se concebermos variação no consumo de chocolate suficientemente pequena, as colunas desses gráficos tornar-se-ão tão estreitas que poderemos substituir os gráficos de barra das Fig. 4.1. e 4.2. por gráficos de linha como os das Fig. 4.3. e 4.4.
Quando representamos a relação entre a utilidade marginal e o consumo de chocolate em um gráfico de barras, a utilidade total do consumo de três barras de chocolate era dada pela área das primeiras três barras do gráfico. Agora que passamos a representar a utilidade marginal em função da quantidade consumida em um gráfico de linha, a utilidade total do consumo de uma quantidade q() que será dada área sob a curva de utilidade marginal até a quantidade q() conforme podemos ver no gráfico da fig. 4.4.
1.2. A curva de demanda individual e o equilíbrio do consumidor
Até agora falamos de utilidade marginal sem nos preocuparmos em definir uma medida para essas grandezas. Para acharmos uma medida, podemos pensar que uma pessoa valoriza mais aquilo que lhe traz mais utilidade, ou, em outras palavras, ela está disposta a pagar ,mais por algo que tenha uma utilidade maior para ela. Assim, podemos definir nossa medida de utilidade do consumo de uma mercadoria como sendo o máximo que uma pessoa está disposta a pagar por esse consumo.
Para compreender melhor esse ponto, retornemos o exemplo da criança que consome chocolate. O gráfico da Fig. 4.2. descreve, conforme já vimos, como varia a utilidade marginal conforme varia o consumo de chocolate. Em outras palavras, esse gráfico descreve quanto é acrescentado à utilidade total pela última barra de chocolate consumida pela criança. Pois bem, nesse gráfico podemos ver que a utilidade acrescentada pela primeira barra de chocolate é maior que a utilidade acrescentada pela segunda barra, que por sua vez é maior que a utilidade acrescentada pela terceira barra, e assim por diante. Isso reflete apenas a lei da utilidade marginal decrescente que acabamos de ver. Agora, se a primeira barra de chocolate acrescenta mais utilidade que todas as outras barras consideradas individualmente, então a criança está disposta a pagar um preço maior por essa barra, digamos, R$ 4,00. Como a segunda barra deve ser menor que o preço máximo que a criança estádisposta a pagar pela segunda barra deve ser menor que o preço máximo que a criança está disposta a pagar pela primeira, e maior que o máximo está disposta a pagar pela terceira barra, suponhamos que esse preço seja R$ 3,00. Do mesmo modo, o preço máximo que a criança está disposta a pagar pela terceira barra é menor que o preço máximo que está disposta a pagar pela segunda barra e maior que o preço máximo que está disposta a pagar pela quarta barra, e assim por diante.
Vamos chamar o preço máximo que um consumidor está disposto a pagar por uma unidade adicional de uma mercadoria de preço marginal de reserva. Como o preço marginal de reserva é tanto maior quanto maior for a utilidade acrescentada por uma unidade adicional da mercadoria, ou seja, quanto maior for a utilidade marginal, podemos dizer que o preço marginal de reserva é uma medida da utilidade marginal.
O gráfico da Fig. 4.5. ilustra o comportamento do preço marginal de reserva conforme varia a quantidade de barras de chocolate consumidas. O fato de o preço marginal de reserva ser decrescente decorre da lei da utilidade marginal decrescente. Imaginemos agora que a barra de chocolate seja vendida ao preço de R$ 1,50. Chamemos esse preço de preço efetivo ou de preço de mercado. Se esse for o preço, a nossa criança com certeza comprará a primeira barra, pois o preço máximo que está disposta a pagar por essa barra (R$4,00) é superior ao seu preço efetivo. Por uma segunda e por uma terceira barra, a criança pagaria até R$ 3,00 e R$ 2,00, respectivamente. Por isso, ela compraria também essas duas barras. Por uma quarta barra, entretanto, nossa criança só estaria disposta a pagar R$ 1,00. Como esse preço é inferior ao preço efetivo da barra de chocolate (R$1,50), a criança não comprará uma quarta barra. Assim, ela comprará apenas três barras de chocolate se o preço for igual a R$ 1,50. Generalizando, ela comprará todas as barras de chocolate que tiverem seu preço marginal de reserva superior ou igual ao preço efetivo da barra de chocolate.
Podemos agora, novamente, supor que a quantidade consumida de chocolate ou de qualquer outra mercadoria possa sofrer variações muito pequenas, de modo que o preço marginal de reserva possa ser representado em um gráfico de linha como o da Fig. 4.6.
Nesse caso, a quantidade adquirida pelo consumidor será aquela que iguala o preço marginal de reserva ao preço efetivamente praticado no mercado. Por exemplo, se o preço for Po, a quantidade consumida será qo , pois preço marginal de reserva, isto é, o preço máximo que o consumidor está disposto a pagar pela última unidade consumida é maior que Po para todas as unidades consumidas antes de o consumidor atingir o consumo Po . Assim, a curva representada no gráfico da Fig. 4.6 nada mais é do que a curva de demanda do consumidor, em outras palavras, essa curva relaciona preço e quantidade adquirida pelo consumidor.
Se o preço marginal de reserva for superior ao preço praticado no mercado, isso indica que o consumidor pode comprar unidades adicionais da mercadoria por um preço menor do que o máximo que ele estaria disposto a pagar por elas. Portanto, um preço marginal de reserva superior ao preço de mercado serve de estímulo para que o consumidor aumente a quantidade comprada da mercadoria. Por isso, sempre que o consumidor estiver consumido uma quantidade inferior a q() ele estará sendo estimulado a aumentar o seu consumo, pois para qualquer consumo inferior a conforme podemos observar no gráfico da Fig. 4.6., o preço marginal de reserva é superior ao preço de mercado. Por outro lado, se o preço marginal de reserva for inferior ao preço de mercado, então isso indica que o consumidor está pagando por algumas unidades consumidas mais do que o máximo que ele estaria disposto a pagar por elas, e portanto, que o consumidor está sendo estimulado a reduzir o consumo da mercadoria. Assim, se o consumidor estiver consumindo uma quantidade superior ele deverá reduzir o seu consumo, pois, para quantidades superiores o preço marginal de reserva é inferior ao preço de mercado P() , conforme podemos observar novamente no gráfico da Fig. 4.6. Quando o preço marginal de reserva é exatamente igual ao preço de mercado, então o consumidor não terá incentivo nem para aumentar, nem para diminuir seu consumo, pois ele já estará comprando todas as unidades pelas quais estaria disposto a pagar um preço maior ou igual ao preço praticado no mercado e não estará comprando nenhuma unidade com preço superior àquele que ele estaria disposta a pagar. Assim, no gráfico da fig. 4.6., consumindo uma quantidade q() o consumidor não teria a aumentar nem a diminuir o seu consumo. Por isso dizemos que, nesse ponto, o consumidor atingiu o seu equilíbrio. Nossa conclusão pode ser expressa em termos mais gerais da seguinte maneira:
O equilíbrio do consumidor é atingido quando a quantidade consumida é aquela para qual o preço marginal de reserva é igual ao preço efetivo de mercado.
1.3 O excedente do Consumidor
Retornemos agora à fig. 4.5. Já vimos que se o preço de mercado da barra de chocolate fosse igual a R$ 1,50, a nossa criança consumirá apenas três barras de chocolate por semana. Pela primeira barra estaria disposta a pagar R$ 4,00. Mas ela só paga R$ 1,50. A diferença entre esses dois valores representa o ganho ou a vantagem que essa criança leva ao consumir a primeira barra de chocolate. Chamamos esse ganho de excedente do consumidor decorrente do consumo da primeira barra de chocolate.
O excedente do consumidor é a diferença entre o que o consumidor está disposto a pagar e o que ele efetivamente paga por uma mercadoria.
Na Tabela 4.1. abaixo, calculamos o excedente do consumidor decorrente do consumo da segunda e da terceira barra de chocolate, assim como a soma dos excedentes decorrentes de cada barra consumida.
Nessa Tabela percebemos que o consumo da primeira barra gera um excedente do consumidor de R$ 2,50, que o consumo da segunda barra gera um excedente de R$ 1,50 e que o consumo da terceira barra gera um excedente de R$ 0,50, sendo que o excedente do consumidor total, isto é, a soma dos excedentes gerados individualmente por cada barra é igual a R$ 4,50. Esse valor mede o benefício ou a vantagem líquida que a criança obtém ao consumir as três barras de chocolate ao preço de R$ 1,50 a barra.
Os resultados que acabamos de obter também podem ser representados graficamente. No gráfico da fig. 4.5., a área da parte da coluna acima da linha de preço (em cinza) representa o excedente do consumidor gerado por cada barra de chocolate consumida. A medida da área de cinza escuro do gráfico representa o excedente total do consumidor.
Quando estivermos supondo que a quantidade consumida para sofrer variações muito pequenas, isto é quando estivermos representando a relação entre quantidade e preço marginal de reserva em um gráfico de linha como o da Fig. 4.6., e excedente do consumidor será dado pela área do gráfico abaixo da curva de demanda e acima da linha de preço, isto é, no caso do gráfico da fig. 4.6., pela área em cinza escura.
__________________________________________________________psi______________
2 A Teoria da Escolha
A idéia inerente à teoria da utilidade de que podemos de alguma maneira medir o nível de satisfação ou prazer decorrente do consumo de uma mercadoria pode parecer para muito bastante irreal. Não pretendemos aqui entrar em uma discussão filosófica sobre o realismo ou irrealismo da teoria da utilidade. Todavia, podemos nos perguntar: é possível uma teoria do consumidor que, sem lançar mão de tal idéia, consiga explicar a relação de demanda?
A resposta a essa pergunta é afirmativa. Ao tentar explicar decisões de consumo envolvendo a compra de diversas mercadorias, os economistas acabaram desenvolvendo um instrumental que tornou a noção de utilidade supérflua. Chamaremos aqui, na ausência de melhor nome, essa nova teoria de teoria da escolha.
Antes de começarmos, vale a pena chamar atençãopara uma simplificação que fizemos ao tratar da teoria utilidade. Quando utilizamos do exemplo de uma criança que consome chocolate, negligenciamos o fato de que o prazer que essa criança obtém ao consumir o chocolate não depende apenas da quantidade consumida de chocolate. Por exemplo, se a nossa criança não tem acesso ao consumo de nenhum outro tipo de doce que não seja o chocolate, então, nesse caso, o consumo de uma barra de chocolate vai trazer para essa criança uma utilidade adicional muito maior do que traria caso ela já consumisse diversos tipos de doce.
Podemos dizer que a nossa análise adotou uma hipótese coeteris paribus, pois estudamos como varia a utilidade do consumo de chocolate desde que o consumo de todos os outros bens permaneça constante.
Para compreender a teoria da escolha, precisaremos a hipótese coeteris paribus. Isso porque essa teoria pretende explicar como o consumidor decide quanto vai consumir de cada uma das diversas mercadorias. Todavia, para que uma apresentação gráfica da teoria seja possível, lançaremos mão de uma hipótese simplificadora: vamos supor que existem apenas duas mercadorias – alimentação e vestuário.
2.2. Cestas de Mercadorias
Um conceito fundamental para a exposição da teoria da escolha é o conceito de cesta de mercadorias. Uma cesta de mercadorias nada mais é do que um conjunto de uma ou mais mercadorias associado às quantidades consumidas de cada uma dessas mercadorias.
A tabela 4.2. nos dá alguns exemplos de cesta de mercadorias. Assim, por exemplo, a cesta de mercadorias I é composta de 10 unidades de alimentação e de 15 unidades de vestuário, a cesta II é composta de 5 unidades de alimentação e 25 unidades de vestuário, e assim por diante.
As cestas de mercadorias descritas na Tabela 4.2. também podem ser representadas em um gráfico como o da Fig. 4.7. O eixo horizontal representa o consumo de alimento e o eixo vertical representa o consumo de vestuário. Cada ponto no gráfico corresponde a uma cesta de mercadorias da Tabela 4.2.
2.2. Curvas de Indiferença
Vamos agora tentar descrever como um consumidor deveria classificar as diferentes opções de consumo, representadas por diferentes cestas de mercadorias, segundo suas preferências. Para tal, notemos, em primeiro lugar, que é bastante razoável supor que, seja qual for a forma pela qual o consumidor escolhe entre diferentes cestas de mercadorias de consumo, três condições devem ser verdadeiras.
A primeira dessas condições diz que, sempre que pegarmos quaisquer cestas de consumo possíveis, o consumidor será capaz de dizer se prefere a primeira cesta à segunda, se prefere a segunda cesta à primeira ou se estas duas cestas lhe são indiferentes.
A segunda condição estabelece que, se o consumidor prefere uma cesta A a uma cesta B, e se ele prefere essa cesta B a outra cesta C, então se o consumidor prefere uma cesta A a uma cesta B, e se ele prefere essa cesta B a outra cesta C, então esse consumidor preferirá a cesta A à cesta C. Essa condição um tanto quanto óbvia confere um aspecto de racionalidade lógica às preferências do consumidor.
Por fim, a terceira condição estabelece que, sendo todas as mercadorias desejáveis, o consumidor prefere sempre consumir uma quantidade maior de cada uma dessas mercadorias. Assim, o consumidor preferirá, por exemplo, entre as cestas de consumo V e VI da Tabela 4.2 e do gráfico da Fig. 4.7., a cesta de mercadorias VI, pois esta, embora possua o mesmo número de unidades de alimentação, possui mais unidades de vestuário que a cesta V.
Dadas essas premissas, podemos agora tratar de um instrumento de representação das preferências do consumidor que nos será extremamente útil: a curva de indiferença. Em termos técnicos, uma curva de indiferença é lugar geométrico dos pontos que representam cestas de consumo indiferentes entre si. Embora essa definição técnica possa parecer um tanto quanto difícil, compreender o que realmente sgnifica uma curva de indiferença é bem mais fácil. Para isso, suponhamos, por exemplo, que Maria consome mensalmente uma cesta de mercadorias composta de quatro unidades de alimentação e três unidades de vestuário. Se pedirmos a Maria para nos dizer quais outras opções de consumo seriam tão desejáveis quanto essa cesta de mercadorias inicial, ou, em outras palavras, quais cestas de consumo seriam indiferentes à cesta de mercadorias inicial, ela poderia nos responder de, pelo menos, três maneiras alternativas.
Primeiramente, ela poderia nos fornecer uma tabela com as cestas de consumo indiferentes (ou, se preferirmos, igualmente desejáveis) à cesta de mercadorias composta por duas unidades de vestuário, e cinco unidades de alimentação. Suponha, portanto, que ela nos tenha fornecido a Tabela 4.3 a seguir:
Tabela 4.3. Cestas de consumo indiferentes entre si ou igualmente desejáveis segundo Maria:
		
	Cesta de mercadorias
	Unidades de alimentação
	Unidades de vestuário
	A
B
C
D
E
	1.0
2.0
3.0
4.0
5.0
	12.0
6.0
4.0
3.0
2.4
Se perguntarmos agora a Maria se não apenas as cestas de consumo que são indiferentes à cesta de mercadorias original, ela nos responderá que certamente não. Existem, diria Maria, infinitas outras cestas, porém, sendo essas cestas infinitas, elas não poderia representá-las em uma tabela. Desse modo, Maria, que é uma excelente matemática, nos oferece mais duas opções: ela pode nos dizer quais são todas as cestas de consumo indiferentes às cestas A, B, C, D e E da Tabela 4.3 através de uma equação matemática ou através de um gráfico. Maria nos diria também que a equação matemática é uma resposta mais elegante e rigorosa que um simples gráfico. Entretanto, como nós não temos conhecimentos de matemática tão profundos quanto o de Maria resolveu nos contentar com a resposta fornecida por um gráfico como o da Fig. 4.8., pois ele será suficientemente bom para os nossos propósitos.
A curva representada nesse gráfico descreve um conjunto de cestas de consumo que são igualmente desejáveis para Maria. Por esse motivo, esta curva é conhecida como curva de indiferença.
Uma curva de indiferença nada mais é do que a representação gráfica de um conjunto de cestas de consumo indiferentes para o consumidor, ou seja, cestas que trazem a mesma satisfação.
Observe que, descrevendo as cestas que lhe são indiferentes através de uma curva de indiferença, Maria pode nos informar de todas as cestas contidas na Tabela 4.3. e ele mais uma infinidade de cestas intermediárias, como, por exemplo, a cesta Z. Assim, ficamos sabendo que também o consumo de dez unidades de vestuário e de 1,2 unidade de alimentação correspondente à cesta Z também é indiferente ao consumo das cestas A, B, C, D e E.
A apresentação de um conjunto de cestas de mercadorias que são indiferentes ou igualmente desejáveis para Maria também nos permite verificar com facilidade como Maria compararia as cestas de mercadorias que não pertencem a ela. Com efeito, todas as cestas de mercadorias localizadas acima e a direita da curva de indiferença da Fig. 4.8, como, por exemplo, a cesta de mercadorias X, é preferível às cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença. Para ver isso, note que a cesta X está situada acima e a direita da cesta B, que pertence a curva de indiferença da Fig. 4.8. Isso significa que a cesta X contém mais unidades de alimentos e mais unidades de vestuário que a cesta B. Desse modo, podemos afirmar que a cesta X é preferida á cesta B. Como a cesta B é indiferente a todas as outras cestas sobre a curva de indiferença representada no gráfico e como a cesta X é referida à cesta B, então a cesta X é preferida a todas as outras cestas sobre essa curva de indiferença. Da mesma maneira, podemos ver que as cestas de mercadorias representadas à esquerda e abaixo da curva de indiferença. Por exemplo, a cesta Y contém menos utilidades de alimentos e de vestuário que a cesta C. Assim, Maria prefere a cesta C à cesta Y. Do mesmo modo, ela preferiráqualquer uma das cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença da Fig. 4.8. à cesta Y
O gráfico da Fig. 4.9 ilustra esse resultado. A área em cinza do gráfico representa o conjunto de cestas de mercadorias que são melhores que as cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença. A área em branco representa aquelas cestas de mercadorias que são consideradas piores que as cestas de mercadorias sobre a curva de indiferença.
Evidentemente, poderíamos pedir para Maria que nos desse o conjunto de cestas de mercadorias que são indiferentes à cesta X e o conjunto de cestas de mercadorias que são indiferentes à cesta Y. Assim, Maria nos fornecia mais duas curvas de indiferença de um consumidor é chamado de mapa de indiferença. Evidentemente, como são infinitas as curvas de indiferença, não pode representar graficamente um mapa de indiferença com precisão. Assim, para representar um mapa de indiferença, escolheremos sempre apenas algumas de suas curvas de indiferença. A nossa representação gráfica de um mapa de indiferença será algo semelhante a Fig. 4.10.
2.3. Propriedades das Curvas de Indiferença
Passemos agora a estudar quais devem ser as principais propriedades das curvas de indiferença.
A primeira pode ser enunciada da seguinte maneira: curvas de indiferenças mais distantes da origem representam cestas de mercadorias mais desejadas e curvas de indiferença mais próximas da origem representam cestas de mercadorias menos desejadas.
Assim, por exemplo, a curva de indiferença da Fig. 4.10. que passa sobre a cesta de mercadoria X representa cestas de mercadorias preferidas às cestas de mercadorias representadas pela curva de indiferença que passa sobre a cesta B. De modo semelhante, podemos concluir que a curva de indiferença que passa sobre a cesta de mercadorias y representa cestas de consumo preferíveis às cestas de consumo representadas pela curva de indiferença que passa sobre cesta de mercadorias Y representa cestas de consumo preferíveis às cestas de consumo representadas pela curva de indiferença que passa sobre a cesta de mercadorias B.
A segunda propriedade importante é a seguinte: uma curva de indiferença tem sempre inclinação negativa, ou seja, ela inclina-se para baixo à direita.
Para ver que o contrário não pode acontecer, imagine por um momento que fosse possível a existência de uma curva de indiferença positivamente inclinada, isto é, uma curva de indiferença que se inclinasse para cima à direita, como a da fig. 4.11
Tomemos duas cestas de mercadorias A e B quaisquer sobre essa suposta curva de indiferença. A cesta de mercadorias B contém mais unidades de alimentação e mais unidades de vestuário que a cesta de mercadorias A. Então, se as duas mercadorias (alimentação e vestuário) são desejáveis, a cesta de mercadorias B, é preferida à cesta de mercadorias A e, portanto, as duas cestas não podem estar sobre a mesma curva de indiferença. Assim é impossível a existência de uma curva de indiferença positivamente inclinada se as mercadorias forem todas desejáveis, conforme estamos supondo.
Devemos ainda salientar uma última propriedade das curvas de indiferença. Duas curvas de indiferença não se cruzam jamais. Para mostrar essa propriedade, basta ver que, caso duas curvas de indiferença se cruzassem, chegaríamos a um resultado absurdo. Suponhamos, assim, que as duas curvas de indiferença se cruzem como no caso da Fig. 4.12. Tomemos três cestas de mercadorias: a cesta A no ponto de cruzamento entre as duas curvas de indiferença, a cesta B sobre a curva 10 e a cesta C sobre a curva 1. A cesta C está na mesma curva de indiferença que a cesta A. Assim, a cesta C é indiferente à cesta A. Então a cesta A é indiferente a cesta B. Como a cesta C é indiferente (1) que a cesta B. Então, se as curvas de indiferença 1 e 1 se cruzam, a cesta C deve ser ao mesmo tempo preferida e indiferente a cesta B. Como isso não é possível, também não pode ser possível que as duas curvas de indiferença se cruzem.
2.4. Taxa Marginal de Substituição
Voltemos agora à Tabela 4.3. Comparemos às cestas de consumo A e B. A cesta B possui uma unidade de alimentação a mais e seis unidades de vestuário a menos que a cesta A. Segundo Maria, essas cestas de consumo lhe são indiferentes. Então, quando Maria estiver consumida a cesta A uma troca de seis unidades de vestuário por uma unidade de alimentação não lhe trará nenhum benefício e nenhuma perda, pois, com essa troca, ela passaria a consumir a cesta B que é indiferente a cesta A. Troca mais do que seis unidades de vestuário por uma unidade de alimentação seria desvantajoso para Maria. Trocar menos do que seis unidades de vestuário por uma unidade de alimentação seria vantajoso. Assim, concluímos que a quantidade máxima de vestuário de que Maria, ao consumir a cesta A, estaria disposta a abrir mão em troca de uma unidade adicional de alimento é de seis unidades. Chamamos essa quantidade máxima de taxa marginal de substituição de vestuário por alimento. A taxa marginal de substituição de vestuário por alimento pode ter duas interpretações, ela representa o máximo de vestuário de que o consumidor está disposto a abrir mão em troca de uma unidade adicional de alimento, e ele representa de quanto devemos reduzir o consumo de vestuário se o consumo de alimentação é aumentado de uma unidade e se desejamos manter o consumidor sobre a mesma indiferença. Uma definição mais geral da taxa marginal de substituição diria o seguinte:
A taxa marginal de substituição de uma mercadoria I por uma mercadoria II é a redução na quantidade da mercadoria I necessária para repor o consumidor na mesma curva de indiferença quando há um aumento de uma unidade no consumo de mercadoria II. Ela indica o máximo que o consumidor estaria disposto a ceder da mercadoria I em troca da mercadoria II.
A Tabela 4.4 indica a taxa marginal de substituição (TMS) calculada a partir da Tabela 4.3.
Chama atenção o fato de que a taxa marginal de substituição de vestuário por alimento é cada vez menor na medida em que nos deslocamos para as linhas inferiores da tabela. Ao passar da cesta de mercadorias A para a cesta de mercadorias B, Maria estava disposta a trocar 6 unidades de vestuário por uma unidade adicional de alimentação. Porém ao passar da cesta de mercadorias D para a cesta de mercadorias E, ela só estava disposta a abrir mão de 0,6 unidades de vestuário em troca de uma unidade adicional de alimentos. Graficamente, isso faz com que a curva de indiferença seja convexa, isto é, que ela seja mais inclinada (menos deitada) à esquerda e menos inclinada (mais deitada) à direita. Perguntamos a Maria o porquê desse comportamento e ela ns respondeu da seguinte maneira:
“Quando eu consumo a cesta A, tenho uma grande quantidade de vestuário e uma pequena quantidade de alimento. Assim, minha carência de alimento é relativamente grande. Isso faz com que eu tenda a valorizar mais a alimentação e a valorizar menos o vestuário. Desse modo, estou disposta a trocar uma quantidade relativamente grande daquilo que me faz pouca falta (o vestuário) por uma quantidade relativamente pequena daquilo que me faz muita falta (a alimentação). Todavia, na medida em que eu passo a consumir as cestas de consumo indicadas pelas linhas mais baixas da Tabela 4.4, a quantidade consumida de alimentação aumenta e a quantidade consumida de vestuário diminui. Isso faz com que, pouco a pouco, eu sinta menos falta de alimentação e mais falta de vestuário. Na medida em que isso me acontece fico disposta a trocar quantidades cada vez menores de vestuário por uma unidade adicional de alimentação”.
Além de bastante convincente, a explicação de Maria parece ser adequada para a maioria dos casos, quer dizer, para outros pares de mercadorias que não vestuário e alimentação, e para outros consumidores. Assim, vamos supor daqui para frente que as curvas de indiferença são convexas.
2.5. A linha de Restrição Orçamentária
João, assim, como Maria, também tem as suas curvas de indiferençae, se pudesse escolher livremente quando comprar de cada mercadoria escolheria consumir uma quantidade infinita de cada uma. Infelizmente, isso não é possível nem para João, nem para Maria nem para nenhum de nós. Isso porque a mercadoria tem seus preços e João tem uma renda limitada. Essa renda limitada impossibilita João de consumir as quantidades que ele se desejaria de cada mercadoria.
Vamos estudar um pouco mais detalhado as restrições que a renda de João impõe ao seu consumo. Se q é a quantidade de alimentação consumida por João, q, é a quantidade de vestuário e P e P, são, respeitosamente, os preços de uma unidade de alimentação e de uma unidade de vestuário, então o gasto total de João em consumo será igual a 
Ora, João não pode gastar mais do que ganha. Esse fato pode ser representado pela seguinte expressão matemática:
onde R é a renda de João.
Por exemplo, suponhamos que a renda mensal (R) de João seja de R$ 500,00. Suponhamos também que o preço de uma unidade de alimentação (P) seja igual a R$ 5,00 e que o preço de uma unidade de vestuário (P), seja igual a R$ 10,00. Se João gastasse toda a sua renda comprando alimento, ele compraria R/P = 500/5 = 100 unidades de alimentação. Se, por outro lado, ele despendesse toda sua renda na aquisição de vestuário, ele poderia comprar R/P = 500/10 = 50 unidades de vestuário. Se ele decidisse comprar 20 unidades de alimentação, gastaria com essa 5 x 20 = 100, de modo que lhe restariam 400 para comprar vestuário, o que daria um máximo de 400/10 = 40 unidades. A tabela 4.5. mostra outras combinações possíveis entre o consumo de alimento e o consumo de vestuário. Se João escolher qualquer uma dessas combinações, ele gastará toda a sua renda para adquira-la.
As cestas de mercadorias dessa tabela estão representadas no gráfico da Fig. 4.13. Elas aparecem como pontos particulares da reta cuja equação é Pa qa + Pv qv = R. Essa reta é chamada linha de restrição orçamentária e representa o limite de consumo de João. Ele pode comprar todas as cestas de mercadorias que estão sobre a linha de restrição orçamentária e todas as cestas de mercadorias que estão sobre a linha de restrição orçamentária e todas as cestas que estão abaixo e à esquerda dessa linha (na área sombreada). Se João quiser, pode consumir, por exemplo, a cesta A ou a cesta X. Mas ele não pode consumir a cesta Y composta por 80 unidades de alimentação e 40 unidades de vestuário, pois ela lhe custaria 5 x 80 + 10 x 40 = 800 reais, ou seja, mais do que a sua renda.
Observamos também que a linha de restrição orçamentária cruza o eixo horizontal quando o consumo de alimentação é dado pela expressão R/P, que indica o consumo de alimento que se obtém quando toda a renda é destinada à compra de alimentação. De maneira semelhante, o consumo de vestuário, quando a linha de restrição orçamentária cruza o eixo vertical, é dado pela expressão, R/P, que indica quanto é possível consumir de vestuário se toda a renda for gasta com a sua aquisição.
2.6. Deslocamento da Linha de Restrição Orçamentária
A posição da linha orçamentária depende de dois fatores: os preços das mercadorias e a renda do consumidor. Vejamos o que acontece se um desses fatores varia. Comecemos supondo que haja uma redução no preço da alimentação de R$ 5,00 para, digamos, R$ 4,17.
Nesse caso, se João destinar toda a sua renda a aquisição de alimentação, ele poderá comprar R/Pa =500/4,17 = 120 unidades de alimentação. Esse valor a interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo horizontal. Como antes da redução no preço da alimentação esse valor era igual a 100, a interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo horizontal deve-se deslocar para a direita, conforme o gráfico (a) da Fig. 4.14.
Uma elevação no preço da alimentação provocará um efeito inverso, ou seja, levará a um deslocamento da interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo horizontal para a esquerda, conforme ilustra o gráfico (b) da Fig. 4.14. Esse gráfico foi construído na hipótese de que o preço da alimentação subiu de R$ 5,00 para R$ 6,25.
De modo semelhante, para R$ 8,333 provocará um aumento na quantidade de vestuário suponhamos, R$ 10,00 para R$ 8,33 provocará um aumento na quantidade de vestuário que se pode adquirir coma a renda de R$ 500,00 de 50 para 60 unidades., o que é representado graficamente por um deslocamento para cima da interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo vertical conforme ilustra o gráfico (c) da Fig. 4.14. Uma elevação no preço do vestuário provocará, por sua vez, um deslocamento para baixo da interseção da linha de restrição orçamentária. O gráfico (d) da Fig. 4.14. indica esse deslocamento no caso de uma variação no preço do vestuário de R$ 10,00 para R$ 12,50. Nesse caso, a quantidade de vestuário que se obtém ao despender toda a renda nessa mercadoria é de
		 R = 500 = 40 unidades
		 P 12,50
Resta agora ver como variações na renda deslocam a linha de restrição orçamentária. Suponhamos, de início, uma elevação na renda de João de, por exemplo, R$ 500,00 para R$ 600,00. Quando isso ocorre, aumenta a quantidade que João poderia consumir de alimentação caso gastasse toda a sua renda com esse produto e aumenta também a quantidade que ele poderia consumir de vestuário caso dedicasse toda a sua renda à sua compra. Por exemplo, se a renda de João crescesse de R$ 500,00 para R$ 600,00, essa nova renda possibilitar-lhe-ia comprar
 600 = 120 unidades de alimentação ou, se quisesse comprar apenas vestuário, 
 5
 600 = 60 unidades
 10
Graficamente, isso implicaria um deslocamento para cima da interseção da linha de restrição orçamentária com o eixo vertical e um deslocamento para a direita da linha de restrição orçamentária com o eixo horizontal. Além disso, a linha de restrição orçamentária se desloca paralelamente à linha de restrição orçamentária inicial para cima e para a direita, conforme podemos notar no gráfico (e) da Fig. 4.14.
Uma redução na renda de João faria com que sua linha de restrição orçamentária se deslocasse paralelamente para baixo e para a esquerda. O gráfico (f) da Fig. 4.14 ilustra esse deslocamento para o caso de uma redução na renda de R$ 500,00 para R$ 400,00.
O leitor deve notar que tanto uma elevação na renda quanto uma redução no preço de qualquer uma das mercadorias leva a um crescimento do conjunto de cestas de mercadorias acessíveis ao consumidor, conjunto esse que é representado graficamente pela área abaixo e à esquerda da linha de restrição orçamentária. Assim, por exemplo, a redução no preço do vestuário representada no gráfico (c) da Fig. 4.14 tornou acessível a cesta de mercadorias L. Do mesmo modo, a elevação na renda do gráfico (e) tornou acessível a cesta de mercadorias M.
De outro lado, uma elevação no preço assim como uma redução na renda reduz o conjunto de cestas de mercadorias acessíveis. Por exemplo, a elevação do preço do vestuário representada no gráfico (d) da Fig. 4.14 fez com que a cesta de mercadorias N se tornasse inacessível. Também a redução na renda do gráfico (d) da Fig. 4.14 tornou impossível a compra da cesta de mercadorias O.
O Equilíbrio do Consumidor
Vejamos agora como um consumidor deve escolher entre as diversas cestas de mercadorias que sua restrição orçamentária lhe permite consumirem. O gráfico da Fig.4.15, mostra a linha de restrição orçamentária de João, juntamente com o seu mapa de indiferença.
 Vestuário
	 0 20 40 60 80 100 Alimentação
Fig. 4.15. Linha de restrição orçamentária e mapa de indiferença sobreposto. O consumidor escolhe a cesta correspondente ao ponto E.
Das quatro curvas de indiferença mostradas no gráfico, João certamente preferiria escolher uma cesta de mercadorias sobre a curva de indiferença I3, como, por exemplo, à cesta de mercadorias C. Todavia, sua restrição orçamentária não permite que nenhuma cesta de mercadorias sobre essa curvade indiferença seja acessível (lembre-se que as cestas de mercadorias acessíveis encontram-se ou na área em cinza ou sobre a linha de restrição orçamentária). Como João terá de escolher apenas entre as cestas de mercadorias que sua renda permite comprar, ele procurará a cesta de mercadorias acessível que pertença à curva de indiferença mais alta possível. Podemos ver na Fig. 4.15 que ele pode escolher uma cesta de mercadorias sobre a curva de indiferença I0, como, por exemplo, a cesta A, ou sobre a curva I1, digamos, a cesta B ou outra cesta de mercadorias qualquer sobre alguma curva de indiferença que passe pelo conjunto de cestas que podem ser compradas por João, isto é, que passe pela área em cinza ou pela linha de restrição orçamentária. A curva de indiferença mais elevada que ainda tem uma cesta de mercadorias acessível é aquela que tangencia (toca em um único ponto, sem cruzar) a linha de restrição orçamentária. No caso da Fig. 4.15., a linha de restrição orçamentária é tangenciada pela curva de indiferença 12 no ponto E. Esse ponto corresponde à cesta de mercadorias preferida por João entre todas aquelas que ele pode comprar, pois qualquer outra cesta de mercadorias que lhe seja acessível pertencerá a uma curva de indiferença menos elevada e, por isso mesmo, pior. Assim João deve escolher, entre as cestas de mercadorias que ele pode comprar a cesta de mercadorias E. A escolha do ponto “E” caracteriza aquilo que chamamos equilíbrio do consumidor. Esse equilíbrio é caracterizado pelo fato de João ter escolhido a melhor cesta de mercadorias que ele poderia comprar, não tendo, por isso, nenhum motivo para refazer a sua escolha.
O equilíbrio do consumidor é obtido na cesta de mercadorias correspondente ao, ponto de tangencia entre a linha de restrição orçamentária e a curva de indiferença mais_ elevada que toca essa linha.
2.8. Derivando a Curva de Demanda
Evidentemente, sempre que houver um deslocamento da linha de restrição orçamentária, um novo equilíbrio será atingido, pois a nova linha de restrição orçamentária será tangenciada por outra curva de indiferença em um ponto diferente do antigo equilíbrio. A Fig. 4.16. ilustra uma mudança no equilíbrio do consumidor decorrente de um aumento na renda.
Vestuário
 qa0 qa1 - Alimentação
Fig. 4.16. Com o aumento da renda, o equilíbrio se desloca de E0 para E1.
Com um aumento na renda do consumidor a linha de restrição orçamentária se desloca da linha contínua para a linha tracejada. O equilíbrio que antes era atingido na cesta de mercadorias E0 passa agora para a cesta de mercadorias E0, a quantidade consumida de alimentação passa de q°A para q1 V e a quantidade consumida de vestuário passa de q0A. para q1A.
Uma variação no preço de uma mercadoria, na medida em que desloca a linha de restrição orçamentária, também leva à obtenção de um novo equilíbrio. A Fig. 4.17 ilustra um exemplo. Com uma redução no preço da alimentação, a linha de restrição orçamentária se desloca da linha cheia para a linha tracejada, fazendo com que o equilíbrio passe da cesta de mercadorias E0 para a cesta de mercadorias E1,
�
Vestuário
Alimentação
Fig. 4.17. Deslocamento da linha de restrição orçamentária e obtenção de um novo equilíbrio em decorrência da redução do preço da alimentação.
Se determinarmos assim a quantidade a ser consumida de uma mercadoria para cada um de seus possíveis preços, podemos então derivar a curva de demanda do consumidor. Isso é feito na Fig. 4.18. Essa fig. é composta de dois gráficos. O gráfico superior é um gráfico que combina curvas de indiferenças e diferentes linhas de restrição orçamentária.
A linha de restrição orçamentária mais à esquerda foi obtida supondo-se que o preço da unidade de alimentação era P0A linha de restrição orçamentária do meio foi obtida para um preço P1A por unidade de alimento menor que P0A.
�
Vestuário
					Preço
Fig. 4.18. Derivação da curva de demanda a partir do mapa de indiferença.
�
A linha de restrição orçamentária mais à direita foi obtida supondo-se o preço da unidade de alimentação igual a P2A, sendo esse preço ainda menor que P1A.
Para cada uma dessas linhas de restrição orçamentária, obtemos um ponto de equilíbrio. Quando o preço da unidade de alimentação é P0A, obtemos o equilíbrio E0. Quando ele é P1A obtemos o equilíbrio E1, e, para o preço da unidade de alimentação igual a P2A, obtemos o equilíbrio E2. Às cestas de mercadorias E0, E1 e E2 correspondem, respectiva​mente, as quantidades consumidas q0A, q1A e q2A . Assim, quando o preço de uma unidade de alimentação é P0A, a quantidade de alimentação que o consumidor deverá comprar é q0A, quando esse preço passa para P1A a quantidade consumida de alimentação passa para q0A, e quando ele é P2A a quantidade comprada de alimentação é q2A.
Esse resultado é apresentado no gráfico de baixo da Fig. 4.18. O eixo horizontal desse gráfico indica a quantidade consumida de alimentação e o eixo vertical indica o preço de uma unidade de alimentação. Assim, o ponto H0, indica apenas que, custando à alimentação P0A, a quantidade consumida da mesma será q0A. Do mesmo modo, os pontos H1, e H2, indicam que, se os preços da alimentação for P1A ou P2A, a quantidade adquirida da mesma será, respectivamente, q1A ou q2A . Se repetirmos o mesmo exercício para todos os níveis possíveis de preço para a alimentação, obteremos a curva d. Essa curva descreve a relação entre preço e quantidade que o consumidor planeja adquirir, ou seja, ela é a curva de demanda do consumidor.
�
ANÁLISE DA DEMANDA DE MERCADO
Demanda (ou Procura) é a quantidade de determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir, nem dado período de tempo.
Assim, a demanda é um desejo, um plano. Representa o máximo que o consumidor pode aspirar dada sua renda e os preços no mercado.
A escala de demanda indica quanto o consumidor pode adquirir, dadas várias alternativas de preços de um bem ou serviço. Ou seja, indica que, se o preço for R$ 2,00, ele pode consumir dada sua renda, 10 unidades; se o preço for R$ 3,00, ele pode consumir 8 unidades, e assim por diante. Nesse sentido, a demanda não representa a compra efetiva, mas a intenção de comprar.
VARIÁVEIS QUE AFETAM A DEMANDA
A demanda de um bem ou serviço pode ser afetada por muitos fatores, tais como:
Riqueza (e sua distribuição);
Renda ( e sua distribuição);
Preço dos outros bens;
Fatores climáticos e sazonais;
Propaganda;
Hábitos, gostos, preferências dos consumidores;
Expectativas sobre o futuro;
Facilidades de crédito.
Tradicionalmente, a função demanda é colocada em função das seguintes variáveis, considerada as mais relevantes e gerais, pois costumam ser observadas na maioria dos mercados de bens e serviços:
qd = f (ps, ps, pc, R, G) Função Geral da Demanda
 i
onde:
qd = quantidade procurada (demandada) do bem i / t (/ t significa num dado período de tempo).
ps = preço do bem i / t
ps = preço dos bens substitutos ou concorrentes / t
pc = preço dos bens complementares / t
R = renda do consumidor / t
G = gostos, hábitos e preferências do consumidor /t
São as variáveis mais freqüentes para explicar a demanda de um bem ou serviço. Agora, o mercado de cada bem tem suas particularidades, e algumas dessas varáveis podem não afetar a demanda; ou, ainda, a demanda pode ser afetada por variáveis não incluídas nessa relação (por exemplo, localização dos consumidores, a influência de fatores sazonais): Como são muitas variáveis, para estuda-las isoladamente, recorremos à hipótese de coeteris paribus (tudo o mais constante).
a) Relação entre qd e o preço do próprio bem (pi)
 i
É a função convencional da demanda:
qd = f (pi) 		supondo ps, pc, R e G constantes
 i
Sendo 
, que é a chamadaLei Geral da demanda: a quantidade demandada de um bem ou serviço varia na relação inversa de seu preço, coeteris paribus.
Por que há essa relação inversa? Ela ocorre devido aos chamados efeitos substituição e renda, que agem conjuntamente. Suponhamos uma queda do preço do bem. Podemos dividir o efeito dessa queda de preço sobre a quantidade demandada (efeito preço total) assim:
Efeito substituição: o bem fica barato relativamente a outros, com o que a quantidade demandada desse bem aumenta;
Efeito renda: com a queda de preço, o poder aquisitivo (ou “renda real”) do consumidor aumenta, e a quantidade demandada do bem i deve aumentar. Isto é, ao cair o preço de um bem, o consumidor tem mais renda para gastar.
A curva convencional da demanda é, portanto, negativamente inclinada e pode assumir quaisquer dos formatos a seguir:
Essa função indica qual a intenção de procura dos consumidores quando os preços variam com tudo o mais permanecendo constante. Fornece a escala de procura. Ela é obtida estatisticamente, utilizando-se dados de quantidade e preços realizados em períodos anteriores (mensais, anuais etc).
b) Relação entre demanda de um bem e preço dos outros bens (ps e pc)
A relação entre a quantidade demandada de um bem ou serviço, com os preços de outros bens ou serviços, dá origem a dois importantes conceitos: bens substitutos e bens complementares.
b1) Bens Substitutos (ou Concorrentes): o consumo de um bem substitui o consumo do outro.
qd = f (ps)		supondo ps, pc, R e G constantes
 i
ou seja, há uma relação direta entre, por exemplo, uma variação no consumo de Coca-Cola e uma variação no preço do guaraná, coeteris paribus.
O deslocamento da curva de demanda, supondo aumento no preço do bem substituto, pode ser ilustrado a seguir, a partir do exemplo de como a demanda de Coca-Cola é influenciada pelo preço do guaraná:
Ou seja, aos mesmos preços de Coca-Cola (R$ 20,00), será consumida mais Cocas-Cola (2.000), porque o guaraná ficou mais caro.
Outros exemplos de bens substitutos entre si: carne de vaca e carne de frango, cerveja Antarctica e cerveja Brahma, viajar de trem ou de ônibus etc.
b2) Bens Complementares: são bens consumidos conjuntamente
qd = f (pc)		com ps, ps, R e G constantes
 i
Por exemplo, um aumento no preço dos automóveis deverá diminuir a procura de gasolina, coeteris paribus. Graficamente:
Outros exemplos de bens complementares: camisa social e gravata, pneu e câmara, pão e manteiga etc.
c) Relação entre demanda de um bem e renda do consumidor (R)
qdi = f (R) com pi, ps, pc e G constantes
Se:
: o bem normal (aumentos da renda levam ao aumento da demanda do bem)
: bem inferior (aumentos da renda levam à queda de demanda do bem: carne de 2ª, roupas rústicas etc.)
: bem de consumo saciado (normalmente, alimentos como arroz, sal, açúcar: se aumentar a renda do consumidor, não aumentará significativamente a demanda desses bens).
Vamos verificar o que ocorre com a curva de procura, dado um aumento da renda dos consumidores, nos três casos:
d) Relação entre demanda de um bem e hábitos do consumidor (G)
qdi = f (G) com pi, ps, pc e R constantes
Os hábitos ou gostos (G) são alterados, “manipulados” por propaganda e campanhas promocionais. Podemos ter campanhas para aumentar o consumo ou para diminuir o consumo de bens, como nos exemplos a seguir:
As variáveis determinantes da função demanda podem ser assim resumidas:
�
CURVA DE DEMANDA DE MERCADO DE UM BEM
A demanda de mercado é igual ao somatório das demandas individuais.
 n
D mercado = ( di
 i = 1
sendo i = 1 a n consumidores, e di a demanda dos consumidores individuais.
Assim, a cada preço, a demanda de mercado é a soma das demandas dos consumidores individuais.
	Preço
R$
	qdguaraná
(consumidor A)
	qdguaraná
(consumidor B)
	qdguaraná
(consumidor C)
	Demanda de mercado de guaraná
	200,00
	14
	10
	22
	46
	150,00
	24
	15
	32
	71
	100,00
	34
	20
	42
	96
	50,00
	44
	25
	52
	121
Graficamente, teremos que a curva de demanda de mercado é a soma das curvas dos consumidores individuais:
OBSERVAÇÕES ADICIONAIS SOBRE DEMANDA
a) É importante distinguir variações da demanda e variações na quantidade demandada:
Variações da demanda - deslocamento da curva da demanda, devido a alterações em ps, pc, R ou G (ou seja, mudanças na condição coeteris paribus).Por exemplo, supondo um aumento da renda do consumidor, sendo um bem normal, ocorrerá um aumento da demanda (aos mesmos preços anteriores,o consumidor poderá comprar mais).
Variação na quantidade demandada – movimento ao longo da própria curva de demanda, devido a variação do preço do próprio bem ps, mantendo as demais variáveis constantes (coeteris paribus)
(movimento do ponto A para o ponto B, na mesma curva de demanda D0i, devido à queda de preço de p0 para p1)
ANÁLISE DA OFERTA DE MERCADO
Oferta é a quantidade de determinado bem ou serviço que os produtores desejam vender e determinado período de tempo.
A oferta representa os planos dos produtores ou vendedores, em função dos preços de mercado. Considera-se que os produtores são racionais, no sentido de que estão produzindo com o lucro máximo, dentro da restrição de custos de produção.
�
Variáveis que afetam a Oferta
As principais variáveis que afetam a oferta de um dado bem ou serviço são:
sendo o sobrescrito s derivado do inglês supply (oferta).
É a chamada função geral da oferta.
( qs
	 > 0 
( pi 
( qs
	 < 0 
( pn 
�
( qs
	 < 0 
( (m 
( qs >
	< 0 
( O
Observações:
[Como na teoria da procura, devemos distinguir:]
Variação da oferta - deslocamento da curva (quando altera a condição coeteris paribus, ou seja, quando se alteram pn, (m ou O);
Variação da quantidade ofertada - movimento ao longo da curva (quando se altera o preço do próprio bem pi, mantendo-se as demais variáveis constantes).
2. Empiricamente, as variáveis que comparecem com mais regularidade nas funções oferta são os preços do próprio bem (pi), e o custo dos fatores de produção (m . A variável “Objetivos da Empresa” (O) não é quantificável.
3. Muitas vezes, a oferta depende mais do preço no período anterior (pt-1), do que do preço do próprio período, dado que a decisão de alterar a produção tem uma certa defasagem, pois os recursos nem sempre estão imediatamente disponíveis.
CURVA DE OFERTA DE MERCADO (DE UM BEM)
É a soma das curvas de oferta das firmas individuais, que produzem um dado bem ou serviço:
 n
 Qj = ( dj
 j = 1
sendo j = 1, 2, ..., n produzindo um bem i, e qj as ofertas das firmas individuais.
O EQUILÍBRIO DE MERCADO
	O preço em uma economia de mercado é determinado tanto pela oferta como pela procura. Colocando em um único gráfico as curvas de oferta e de procura de um bem ou serviço qualquer, a intersecção das curvas é o ponto de equilíbrio E, ao qual correspondem o preço p0 e a quantidade q0.
Este ponto é único, onde a quantidade que os consumidores desejam comprar é exatamente igual à quantidade que os produtores desejam vender. Ou seja, não há excesso ou escassez de oferta ou de demanda. Existe coincidência de desejos.
Tendência ao nível de equilíbrio: lei da oferta e da procura
No gráfico a seguir, para qualquer preço superior a p0, (como p’), a quantidade que os ofertantes desejam vender é muito maior do que a que os consumidores desejam comprar. Existe um excesso de oferta (qs’ – qd’). De outra parte, com qualquer preço inferior a p0, surgirá um excesso de demanda (qd” – qs”). Em qualquer dessas situações, não existe compatibilidade de desejos.Entretanto, supondo uma economia de mercado, concorrencial o mecanismo de preços leva automaticamente ao equilíbrio. Quando ocorre excesso de oferta, os vendedores com estoques não planejados terão que diminuir seus preços, concorrendo pelos escassos consumidores: no caso de excesso de demanda, os consumidores estarão dispostos a pagar mais pelos produtos escassos.
Assim, há uma tendência normal ao equilíbrio: no ponto E (p0, q0) não existem pressões para alterar preços. Neste ponto, os planos dos compradores são consistentes com o plano dos vendedores.
Como se vê, é como se existisse uma “mão invisível” que fizesse com que os agentes, sem qualquer interferência do governo, encontrassem sozinha uma posição de equilíbrio, via mecanismo de preços.
MUDANÇAS NO PONTO DE EQUILÍBRIO DEVIDO A DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE OFERTA E DEMANDA
Como vimos anteriormente, existem vários fatores que podem provocar deslocamento das curvas de oferta e demanda que evidentemente provocarão mudanças do ponto de equilíbrio. Suponhamos, por exemplo, que o mercado do bem x esteja em equilíbrio, e o bem x seja um bem normal (não inferior). O preço de equilíbrio inicial é p0 e quantidade q0 (ponto A no próximo gráfico).
Suponhamos agora que os consumidores tenham um aumento de renda real (aumento do poder aquisitivo). Conseqüentemente, coeteris paribus, a demanda do bem x, a um mesmo preço, será maior.
Isso significa um deslocamento da curva de demanda para a direita, para D1. Assim, ao preço p0, teremos um excesso de demanda, que provocará gradativamente um aumento de preços. Com os preços aumentando, o excesso de demanda vai diminuindo, até acabar, no novo equilíbrio, ao preço p1, e a quantidade q1 (ponto B).
Da mesma forma, um deslocamento da curva de oferta afeta a quantidade e os preços de equilíbrio. Suponhamos, para exemplificar, uma diminuição dos preços das matérias-primas usadas na produção do bem x. Conseqüentemente, a curva de oferta do bem x se desloca para a direita. Por um raciocínio análogo ao anterior, podemos perceber que o preço de equilíbrio se tornará menor e a quantidade maior.
�
ELASTICIDADES
Até esta altura, sabemos apenas que, quando aumenta o preço de um bem, a quantidade demandada deve cair, coeteris paribus. Ou seja, conhecemos apenas a direção, o sentido, mas não a magnitude numérica: isto é, se o preço aumenta em 10%, quanto cairá a quantidade demandada? O conceito de elasticidade fornece essa resposta numérica.
Elasticidade - em sentido genérico, é a alteração percentual em uma variável, dada uma variação percentual em outra, coeteris paribus.
Assim, elasticidade é sinônimo de sensibilidade, resposta, reação de uma variável, em face de mudanças em outras variáveis.
Trata-se de um conceito de ampla aplicação em Economia. Vejamos alguns exemplos:
Exemplos da Microeconomia:
Elasticidade-preço da demanda - é a variação percentual na quantidade demandada, dada a variação percentual no preço do bem, coeteris paribus;
Elasticidade-renda da demanda - é a variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual na renda, coeteris paribus;
Elasticidade-preço cruzada da demanda - é a variação percentual na quantidade demandada, dada a variação percentual no preço de outro bem, coeteris paribus;
Elasticidade-preço da oferta – é a variação percentual na quantidade ofertada, dada a variação percentual no preço do bem, coeteris paribus.
�
Exemplos da Macroeconomia
Elasticidade das exportações em relação à taxa de câmbio – é a variação percentual nas exportações, dada a variação percentual da taxa de câmbio, coeteris paribus;
Elasticidade da demanda de moeda em relação à taxa de juros – é a variação percentual da procura de moeda, dada a variação percentual da taxa de juros, coeteris paribus.
Enfim, sempre quando tivermos uma relação de causa e efeito em economia, podemos calcular uma elasticidade.
ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA
É a variação percentual na quantidade demandada, dada uma variação percentual no preço do bem, coeteris paribus. Mede a sensibilidade, a resposta dos consumidores, quando ocorre uma variação no preço de um bem ou serviço.
Epp = 
 = 
 = 
= 
Como 
 é negativa (pela lei geral da demanda), e p e q são valores positivos, segue que Epp é sempre negativa. Por essa razão, seu valor é usualmente expresso em módulo (por exemplo, ( Epp ( = 1,2, que equivale a Epp = - 1,2).
�
Classificação dos bens, de acordo com a elasticidade-preço da demanda
De acordo com a elasticidade-preço da demanda, a demanda pode ser classificada como elástica, inelástica ou de elasticidade-preço unitária.
DEMANDA ELÁSTICA ( EPP ( > 1
Exemplo: ( Epp ( = 1,5 ou Epp = - 1,5 
Dada uma variação percentual, por exemplo, de 10% no preço, a quantidade demandada varia, em sentido contrário, em 15% coeteris paribus. Isso revela que a quantidade é bastante sensível à variação de seu preço.
DEMANDA INELÁSTICA ( EPP ( < 1
Exemplo: ( Epp ( = 0,5 ou Epp = - 0,5 
Os consumidores são pouco sensíveis a variações de preço: uma variação de, por exemplo, 10% no preço levam a uma variação na demanda desse bem de apenas 5% (em sentido contrário).
DEMANDA DE ELÁSTICIDADE UNITÁRIA ( EPP ( = 1
Exemplo: ( Epp ( = 1 ou Epp = - 1 
Se o preço aumenta em 10%, a quantidade cai também em 10%, coeteris paribus. 
Por exemplo, dados os valores das elasticidades-preço da demanda dos bens A e B, EppA = - 2 e EppB = - 0,8, o bem A tem demandada mais elástica que o bem B, pois um aumento de 10% no preço de ambos levaria a uma queda de 20% na quantidade demandada do bem A, e de apenas 8% na do bem B, coeteris paribus. Os consumidores de bem A são relativamente mais sensíveis a variações de preços desse produto.
Fatores que afetam a elasticidade-preço da demanda
Disponibilidade de bens substitutos
Quanto mais substitutos, mais elástica a demanda, pois, dado um aumento de preços. O consumidor tem mais opções para “fugir” do consumo desse produto. Ou seja, trata-se de um produto cujos consumidores são bastante sensíveis à variação de preços.
Como a elasticidade depende da quantidade de bens substitutos, observa-se que, quanto mais específico o mercado, maiôs a elasticidade. Por exemplo, a elasticidade-preço da demanda de quaraná deve ser maior que a de refrigerantes em geral, pois tem mais substitutos para o guaraná do que para refrigerantes em geral. Na mesma linha de raciocínio, temos que:
( Epp ( pasta de > ( Epp ( pasta de > ( Epp ( pasta de
 Mentol Kolynos mentol dente
Essencialidade do bem 
Quanto mais essencial o bem, mais inelástica sua procura. Esse tipo de bem não traz muitas opções para o consumidor “fugir” do aumento de preços. Exemplos clássicos: sal e açúcar.
Importância relativa do bem no orçamento do consumidor
A importância relativa, ou peso do bem no orçamento, é dada pela proporção de quanto o consumidor gasta no bem, em relação à sua despesa total.
Maior o peso no orçamento, maior a elasticidade-preço da procura. O consumidor é muito afetado, por alterações nos preços, quanto mais gasta com o produto, dentro de sua cesta de consumo. Por exemplo:
Carne: Epp alta
Fósforo: Epp baixa
Formas de cálculo
O cálculo do valor numérico da elasticidade dependerá do conhecimento ou não da função demanda, e se se deseja calcula-la num ponto específico da demanda, ou em determinado trecho da curva. Vejamos as várias alternativas.
a) Elasticidade no ponto (calculada num ponto específico da demanda)
1. Por acréscimos finitos ( ()
( Epp ( = p . (q
 q (p
Exemplo: Dados p0 = 15,00; p1 = 10,00; p0 = 100; q1 =

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