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Disciplina: LITERATURA BRASILEIRA II
Conteudista: Luiz Fernando Medeiros de Carvalho e Fabio Marchon Coube
Aula 4 - José de Alencar e a Narrativa de Fundação
Meta
Desenvolver a compreensão em torno da formação do romance na literatura brasileira a 
partir da obra de José de Alencar
Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. Reconhecer a relevância histórica que levou a formação do romance brasileiro.
2. Compreender a obra de José de Alencar a partir da perspectiva histórica do 
romantismo.
3. Diferenciar a as diferentes fases na obra de José de Alencar.
Introdução
A literatura brasileira é marcada em seu cerne por uma vasta discussão acerca de como 
identificar seu começo. Essa discussão é oriunda, principalmente, quando surgem a 
primeiras definições teóricas. Dúvidas são lançadas, afinal, qual é o registra época e, ao 
mesmo tempo, qual é o que define seu fim? Dentro dessa perspectiva, teóricos como 
Antonio Candido, Alfredo Bosi e Afrânio Coutinho são convocados para uma discussão 
aprofundada, não para buscar a definição do romance brasileiro, mas, sobretudo o que 
levou determinado autor a produzir a literatura desse tempo. As novas experiências de 
escrita que conduziram diversos autores em um mesmo período é que nos aproxima 
para buscar a obra e seu tempo. Para tanto, a obra de José de Alencar, nos conduz a uma 
profícua reflexão, seja ela pelo alto grau de relevância em seu tempo, assim como na 
qualidade estética, capaz de abranger diversas fases do romantismo brasileiro e traçar a 
preocupação de uma escrita essencialmente comprometida por registro de identidade 
nacional , ora representando a sociedade burguesa do Rio de janeiro, ora a valorização 
da temática indígena e regional. Trata-se, portanto, de um de nossos maiores 
romancistas e sua obra é marcada por um teor crítico capaz de elucidar desde tramas 
urbano-amorosas até a hipocrisia existente na corte, além de atravessar com exímia 
perícia lendas e costumes indígenas e regionais. Não é à toa que muitos o consideram o 
“patriarca” do romantismo brasileiro.
1. O despertar do romantismo no Brasil
No livro a História Concisa da Literatura Brasileira, quando Alfredo Bosi propõe dizer 
sobre as características gerais do romantismo, começa dizendo que o mesmo é 
complexo demais para ser simplesmente definido. Mas não é por isso que a falta de 
condições para defini-lo seja desculpa ou premissa para que o gênero não seja 
representado na crítica literária. (BOSI, 1978. p. 99)
Em verdade, Bosi dirá que é na falta de definição que devemos ter um cuidado a mais 
para não cairmos no reducionismo, uma vez que nessa falta de precisão ao sintetizar os 
temas do movimento, possivelmente perdemos o rigor para trabalhar com hipóteses de 
classificação. Logo, em breves passos, algumas posições podem ser lançadas como 
características gerais, desde que seja feito com cuidado e entendimento de que nem 
sempre o que foi dito abrange todos os autores e temas proporcionados pelo movimento. 
Tomando por exemplo, Bosi dirá que: 
Mas aqui como nos outros ciclos culturais, o todo é algo mais que a 
soma das partes: é gênese e explicação. O amor e a pátria, a natureza e 
a religião, o povo e o passado, que afloram tantas vezes na poesia 
romântica, são conteúdos brutos, espalhados por toda a história das 
literaturas, e pouco ensinam ao intérprete do texto, a não ser quando 
postos em situação, tematizados e lidos como estruturas estéticas.” 
Ora, é a compreensão global do complexo romântico que alcança 
entender esses vários níveis de abordagem que a análise horizontal dos 
“assuntos” aterra no mesmo plano. (BOSI, A. 1978, p. 99)
Logo, precisamos de uma análise mais restrita para começarmos a situar o romantismo, 
e portanto, como ele se concretiza na literatura brasileira. Para isso, é importante 
notarmos que, um recorte histórico da época é capaz de nortear a situação das classes e 
o sentimento inerente às condições da mesma que repercutiram nos movimentos 
literários. Há naEuropa um momento de contradição oriundo da revolução Industrial. 
Por um lado, a burguesia e as práticas de mercado se expandem. Os burgueses se tornam 
novos proprietários de terras. Além da do poderio econômico, passa a querer gozar 
também de status sociais, pertencentes até então à nobreza. Essa última, em franco 
declínio, está entre os vínculos passadistas e a rendição às relações de trabalho. 
Segundo Bosi, é deveras importante notar a ascensão da burguesia e o declínio da 
nobreza, pois o cenário econômico, social e político europeu ditou os rumos do que 
ilustraria o sentimento e as contradições propiciados ao romantismo. Observemos então 
um breve recorte do cenário europeu vigente nessa época 
Uma dessas características gerais lançadas por Alfredo Bosi , a partir de sua leitura de 
Karl Mannheim: 
Segundo a interpretação de Karl Mannheim, o Romantismo expressa 
os sentimentos dos descontentes com as novas estruturas: a nobreza 
que já caiu, e a pequena burguesia que ainda nãosubiu: de onde, as 
atitudes saudosistas ou reivindicatórias que pontuam todo movimento 
(oo).O quadro, vivo e pleno de conseqüências espirituais naInglaterra 
e na França, então limites do sistema, exibe defasagensmaiores ou 
menores à medida que se passa do centro àperiferia. As nações eslavas 
e balcânicas, a Áustria, a Itália centrale meridional, a Espanha, 
Portugal e, com mais evidência, ascolônias, ainda vivem em um 
regime dominado pela nobreza fundiáriae pelo alto clero, não obstante 
os golpes cada vez mais violentosda burguesia ilustrada. (BOSI, S. p. 
99)
Início de Boxe de curiosidade
Figura 4.1: Karl Mannheim
Fonte: 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c7/Karl_Mannheim_1893-
1947.png/220px-Karl_Mannheim_1893-1947.png
Nascido na Hungria em 1893, o sociólogo de origem judia Karl Mannheim foi um dos 
pioneiros dos estudos do conceito de geração, das diferenças de classes, assim como nos 
estudos sobre os impactos gerados pela desigualdade de gênero ou étnico-racial. 
Embora boa parte de seu trabalho estivesse próximo à teoria marxista, afastou-se dessa 
teoria uma vez que não conseguiu enxergar na mesma considerações capazes de 
representar o melhor para a sociedade. 
Fim do boxe de curiosidade
Início de boxe multimídia
Entre a abordagem positivista e o pensamento histórico-romântico, o sociólogo 
Mannhein opta por esse último, pois seria como uma resposta à linearidade do que 
poderia ser denominado um fluxo temporal diante da história. Em relação a essa 
perspectiva e o conceito de geração em Mannheim, podemos observá-los em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922010000200004&script=sci_arttext
Fim de boxe multimídia
Logo, faz-se importante frisar que o Brasil ainda não correspondia aos acontecimentos 
sociais e culturais europeus propriamente ditos, uma vez que nesse período vigente 
(século XIX), ainda estávamos diante do colonialismo que marcava o território 
brasileiro com os latifúndios e o escravismo. E essa diferença é um dos motivos que 
impossibilitou, por exemplo, iniciarmos um período do romantismo tal e qual o 
europeu, assim como há distinções temáticas proporcionadas. Para Antonio Candido, 
em Iniciação à Literatura Brasileira, por mais que consideremos a Literatura feita no 
Brasil parte das literaturas do Ocidente da Europa, “com o passar do tempo, foi ficando 
cada vez mais visível que a nossa é uma literatura modificada pelas condições do Novo 
Mundo, mas fazendo parte orgânica do conjunto dasliteraturas ocidentais” (CANDIDO, 
A. 1999, p.10). 
Nessa perspectiva, o mencionado crítico procura fazer uma distinção da produção 
literária nos países europeus da produção do Novo Mundo, pois a literatura, como a 
portuguesa, italiana ou francesa, são constituídas por um lento processo, conforme 
foram sendo configurados seus idiomas. Essa condição fez com que essas literaturas 
fossem, paulatinamente, sendo desenvolvidas até chegar a sua maturidade. Diferente das 
literaturas denominadas ocidentais do Novo Mundo, como por exemplo, a literatura 
brasileira. Para ilustramos essas considerações, leiamos um trecho do desenvolvimento 
feito por Candido:
Com efeito, no momento da descoberta e durante o processo 
deconquista e colonização, houve o transplante de línguas e literaturas 
já
maduras para um meio físico diferente, povoado por povos de 
outrasraças, caracterizados por modelos culturais completamente 
diferentes,incompatíveis com as formas de expressão do colonizador. 
No caso do
Brasil, os povos autóctones eram primitivos vivendo em culturas 
rudimentares. Havia, portanto, afastamento máximo entre a cultura do 
conquistadore a do conquistado, que por isso sofreu um processo 
brutal de imposição.Este, além de genocida, foi destruidor de formas 
culturais superioresno caso do México, da América Central e das 
grandes civilizaçõesandinas.(CANDIDO, A. 1999, p.11-12)
A literatura no Brasil seria então marcada pela aceleração do processo de civilização, e a 
sociedade colonial e abraçou uma literatura que não nasceu de fato aqui, mas sim foi 
importada pelos portugueses. Esses, também derivam da influência, por exemplo, do 
Renascimento italiano. Para Candido, “Esta linguagem culta e elevada, nutrida de 
humanismo e tradição greco-latina, foi o instrumento usado para exprimir a realidade de 
um mundo desconhecido, selvagem em comparação ao do colonizador” (CANDIDO, A. 
1999, p. 12)
Foi a partir das imposições culturas importadas que o Brasil teve sua expressão literária 
situada em um entre-lugar, pois com o passar do tempo, essa foi se adequando a sua 
realidade, seja ela social ou cultural, como situa RuggeroJacobbi e a condição de 
terceira imagem de mundo, uma vez que Portugal já seria uma segunda, derivação da 
imagem da tradição greco-latina: “De certo modo, poderíamos dizer, como umescritor 
italiano, que a literatura brasileira “é a imagem profunda de ummundo que em vão 
chamamos terceiro, pois na verdade é a segundaEuropa”.(CANDIDO, A. 1999, p. 12)
Início de boxe de multimídia
Nascido na Itália em 1920, teatrólogo RuggeroJacobbi migrou para o Brasil após a 
Segunda Guerra Mundial. Enraizando-se em São Paulo durante 14 anos, ajudou a 
modernizar o teatro brasileiro, exerceu influência em diversos estudos teatrais, desde a 
produção até a formação da plateia. Além de diretor, seu trabalho como crítico literário 
também teve grande repercussão. Para uma abordagem mais profícua sobre a 
contribuição de RuggeroJacobbi no teatro brasileiro, temos no artigo “A contribuição de 
RuggeroJacobbi para o teatro brasileiro”,de Berenice Raulino uma ótima sugestão de 
leitura. Disponível em:file:///C:/Users/Usu%C3%A1rio/Downloads/46-152-1-PB.pdf
Fim de boxe multimídia
Já no livro O romantismo no Brasil, Candido continuará sua abordagem de maneira 
mais precisa, demonstrando que o Brasil no começo do século XIX estaria numa 
situação contraditória, seja no sentido político, como no sentido cultural. Pois sermos 
dependentes estritamente de um país considerado atrasado para os padrões europeus 
como Portugal e as classes superiores mostravam que também queria ser “dirigentes”, 
uma vez que as restrições criadas pelo colonizador não se adequava às necessidades da 
elite brasileira (CANDIDO, A. 2002, p. 12), Segundo Candido “Os homens cultos, 
osclérigos, osproprietários sentiam mal-estar no mundofechado que a Metrópole criara, 
não apenasimpedindo o intercâmbio comercial, mastomando a parte do leão nos 
produtos dariqueza e estabelecendo condições humilhantespara os naturais do 
país.”(CANDIDO, A. 2002, p. 12),
Boxe de curiosidade
Para Antonio Candido, tanto a Inconfidência Mineira, em 1789, quanto a Revolta dos 
Alfaiates, em 1798, foram resultadas pela indignação que se via na população brasileira 
diante da condição de colônia de exploração. Seja oriunda das classes abastadas – como 
na primeira, seja pelas classes subalternas – conforme a segunda, são marcas da situação 
de insatisfação da população brasileira da época.
Figura 4.2. Pintura Resposta de Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira.
Fonte: 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/14/Resposta_de_Tiradentes.j
pg/250px-Resposta_de_Tiradentes.jpg
Figura 4. 3. Bandeira da Conjuração Baiana
Fonte: 
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/b6/Salvador_Piedade_XIX.jp
g/200px-Salvador_Piedade_XIX.jpg
Fim do boxe de curiosidade
Os escritores brasileiros, oriundos de famílias abastadas, migravam para Recife, São 
Paulo ou Rio para cursarem universidades e acabavam por desenvolver similaridades 
com os conflitos ideológicos que emergiam na Europa. É o que podemos notar quando 
Bosi desenvolve as seguintes exemplificações acerca da produção literária de nossos 
escritores:
Os exemplos mais persuasivos vêm dos melhores escritores.O 
romance colonial de Alencar e a poesia indianista de GonçalvesDias 
nascem da aspiração de fundar em um passado mítico anobreza 
recente do país, assim como - mutatis mutandis – asficções de W. 
Scott e de Chateaubriand rastreavam na IdadeMédia feudal e 
cavaleiresca os brasões contrastados por uma burguesiaem ascensão. 
De resto, Alencar, ainda fazendo "romanceurbano", contrapunha a 
moral do homem antigo à grosseria dos novos-ricos; e fazendo 
romance regionalista, a coragem dosertanejo às vilezas do citadino.
(BOSI, A. 1978, p. 101)
 A influência europeia também exercida no romantismo brasileiratambém é observada 
por Antonio Candido, uma vez que, conforme já mencionado, há certa ligação 
“orgânica”, conforme desenvolve o crítico, ou seja, apesar de lapsos de uma 
originalidade que o mesmo diz ser radical. Em alguns de nossos escritores a influência 
europeia, de certa forma, muda de eixo, antes ainda guiada pelos portugueses através da 
dependência econômica e cultural, passando para uma independência cultural 
alavancadapor influência, sobretudo francesa. Segundo o crítico, de autores como 
Ossian e Chateaubriand “marcaram o indianismo mais do que Basílio da Gama ou 
Durão, enquanto a poesia religiosa e sentimental seguiu os passos de Lamartine” 
(CANDIDO, A. 1999, p. 38)
Boxe de curiosidade
Figura 4.4 Academia Imperial de Belas Artes, fundada em 1816, no Rio de Janeiro
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/ff/MarcFerrez-AIBA-
1891.jpg/250px-MarcFerrez-AIBA-1891.jpg
No livro O romantismo no Brasil, Antonio Candido enfatizará a influência francesa no 
cenário brasileiro, como, por exemplo, perante a fundação da Academia de Belas Artes. 
Essa passagem do livro ilustra bem essa situação: A partir de 1816, uma importante 
missão artística contratada na França fundou o que seria depois a Academia de Belas 
Artes,com os cursos de desenho, pintura,escultura, gravura etc., rompendo a tradição
local de fundo barroco e instaurando oNeoclassicismo, que era então uma 
formapreferencial de modernidade. Pintores comoTaunay e Debret, arquitetos como 
Grandjeande Montigny, escultores como osIrmãosFerrez deixaram marca profunda na 
práticaartística acadêmica de todo o nosso séculoXIX. (CANDIDO, A. 2002, p. 12-13)
Fim de boxe de curiosidade
Dito isso, além das similaridades com as ideologias europeias, há, paulatinamente, uma 
formação literáriaque seja cada vez mais próxima de realidade e da cultura brasileiras. 
Pautado por uma dimensão de proporção local ou regional, a busca pela afirmação da 
diferença vem através da expressão do “eu”. Ou, melhordizendo, a visão de mundo 
romântica se dá através da subjetividade. 
E como forma de se expressar diante do mundo, demonstra descontentamentos, assim 
comouma busca por representações de temas que abrangeriam a identidade nacional 
como marca subjetiva da diferença. É o que elabora Candido na seguinte passagem:
No Romantismo predomina a dimensão mais localista, com o 
esforçode ser diferente, afirmar a peculiaridade, criar uma expressão 
novae se possível única, para manifestar a singularidade do país e do 
Eu. Daí odesenvolvimento da confissão e do pitoresco, bem como a 
transformaçãodo tema indígena em símbolo nacional, considerado 
conditio sinequapara definir o caráter brasileiro e portanto legítimo do 
texto. (CANDIDO, A. 1999, p. 38)
Assume-se, no romantismo brasileiro, a temática nacionalista. Logo, os temas locais 
tiveram grande produtividade no seu despertar. É nessa esteira que a narrativa ficcional 
exercida na condição de prosa tornou-se mais próspera como representação da 
verossimilhança, através das experiências que seriam do campo subjetivo, logo, escrita 
de maneira mais livre e ampliada como, por exemplo, no romance.
2. Romance e Romantismo
Em Formação da Literatura Brasileira, o crítico literário Antonio Candido dirá que 
uma das principais características do Romantismo foi a capacidade de inovação da 
maneira de se escrever poesia e drama, fazendo com que onovo modelo de escrita fosse 
propagado de maneira sucessora os clássicos. No entanto, a ficção ainda estaria atrelada 
á tradição, sobretudo ao pré-romantismo, como ocorreu em países como França, 
Inglaterra e Alemanha. 
Isso não quer dizer que o romance do Romantismo não tenha produzido seus efeitos. 
Em verdade, foi o principal instrumento do homem europeu para expor seus 
pensamentos. Segundo Candido, “O romance, forma narrativa moderna, surgiu como 
resposta a necessidades de expressão, da parte do escritor, e a determinadas aspirações, 
da parte do leitor.”(CANDIDO, 2009, p. 231). Para tanto, é no Romantismo quese 
encontram as ramificações dessas necessidades de expressão, em geral, ilustradas nos 
romances produzidos em meados do século XVIII. Essa forma de escrita foi fomentada 
pelos movimentos revolucionáriosque chacoalharam as estruturas sociais, uma vez que 
promoveu novas perspectivas de vida, motivadas, por exemplo, a partir da formação do 
trabalho industrializado, sentimentos de liberdade e reivindicações de direitos.
Ilustrada essa situação, no Brasil, o espírito nacional se coaduna com as ruínas do 
regime colonial, o que fomentou a constituição de uma nação livre, dotada de 
reconhecer sua posição histórico-política. No entanto, no campo literário, a produção 
literária se atrasou à essa consciência nacional. Para Candido:
(...) isso equivale a dizer que estávamos trabalhados pela atmosfera de 
reivindicação, de revolta e de anseio de liberdade, na qual crescera e 
vingara o Romantismo europeu. Esse fato foi perfeitamente sentido e 
aceito no plano político, mas não foi realizado no plano literário senão 
tardiamente, quando os nossos escritores, amadurecias as idéias que 
nos vinham da França, compreenderam o sentido e a significação do 
Romantismo e o realizaram em suasobras, particularizando-os 
nacionalmente. Mesmo em poesia, para a qual havia o auxílio de uma 
tradição artesanal, o nosso Romantismo vingou tarde, inclusive veria 
publicado o seu livro de estréia, quando dois romances de um dos 
mais populares da época já circulavam entre leitores. (...) O 
amadurecimento de nossa consciência nacional fora realizado em 
ritmo acelerado, no embate dos choques políticos e militares, mas a 
nossa literatura naturalmente se atrasara, sujeita que estivera ao 
bacharelismo português, no que tinha de tópico e estéril. (CANDIDO, 
A. 2009, p. 238-239)
A partir dessa seguinte passagem, observa-se que, no nosso Romantismo, as 
expectativas lançadas ao romance, era de uma representação de conteúdo 
reivindicador,pois nas sociedade brasileira, a consciência nacional já inflamara em tom 
de denúncia os resquícios deixados pela herança exploradora de Portugal. É nessa 
esteira de independente produção intelectual e cultural de Portugal que se inicia a 
consciência literária, ainda retardatária à consciência política vigente na época.
No Brasil, o romance começou a ser trabalhado com maior intensidade a partir dos anos 
de 1830. No início, era apenas através de traduções de obras europeias, o que contribuiu 
para enfatizar a influência do Velho Mundo. As tímidas produçõesnarrativas eram 
apenas em forma de folhetins, ainda com forte tendência melodramática, e segundo 
Candido “refletiram nas primeiras tentativas feitas aqui, sob a forma de contos e novelas 
insignificantes” (CANDIDO, 2002, p. 40). 
No entanto, o surgimento do primeiro romancista brasileiro, Antônio Gonçalves 
Teixeira e Sousa, e o Brasil começava a tomar gosto pro ler seus costumes, assim como 
os lugares e hábitos corriqueiros da sociedade da época. Em 1844, a publicação de A 
moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, cai no gosto popular, e contribuiu para o 
surgimento de novos romances de gosto popular.
Início de boxe de curiosidade
Figura 4.5. Martins Pena
Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c5/Martins_Pena.jpg
Para Antonio Candido, o surgimento do romance está em par com outro grande 
acontecimento. Trata-se do da produção elaborada por Martins Pena. Vejamos:
No decênio de 1840 apareceu o romance, gênero que teve grandeêxito 
e mostrou excepcional vitalidade. Ao mesmo tempo floresceu o 
maiorcomediógrafo brasileiro, Martins Pena (1815-1848). Ambos os 
fatosenriquecem o panorama literário, quebrando pela sua tendência 
realista osentimentalismo e a idealização romântica, que no entanto se 
manifestariamtambém no teatro e na narrativa, apesar de terem na 
poesia a suasede principal. (CANDIDO, A. 1999, p, 40)
Nascido em 1815, Martins Pena foi um dramaturgo que introduziu a comédia de 
costumes no Brasil. Sua obra é marcada pelo tom irônico referente à sociedade 
brasileira e às instituições. Textos como “As Casadas Solteiras” e “O Noviço” podem 
ser acessados através do seguinte link: 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?
select_action=&co_autor=81
Fim do boxe de curiosidade
A partir dessas obras, nota-se que, o romance romântico atinge um novo público leitor, 
seja através de romances-folhetins, seja com novas publicações voltadas não somente 
para a elite brasileira. É o que nos relata Bosi, a partir da seguinte passagem:
O romance romântico dirige-se a um público mais vasto, que abrange 
os jovens, as mulheres e muitos semiletrados; essa ampliação na faixa 
dos leitores não poderia condizer com uma linguagem finamente 
elaborada nem com veleidades de pensamento crítico: há o fatal 
"nivelamento por baixo" que sela tôda subcultura nas épocas em que o 
sistema social divide a priori os homens entre os que podem e os que 
não podem receber instrução acadêmica. O fato é que o nôvo público 
menos favorecido busca algum tipo de entretenimentosendo o 
folhetim o que melhor responde à demanda e melhor se estrutura no 
seu nível. Hoje fazem-se acurados estudos sôbre a cultura de massa 
manipulada pela indústria: a história em quadrinhos, a novela de rádio, 
o show de televisão e a música de consumo têm analistas que vão da 
psicanálise à sociologia e se encontram na encruzilhada da teoria das 
comunicações. Nos meados do século passado vigorava o prejuízo 
aristocrático pelo qual as produções feitas para o gôsto menos letrado 
caíam fora da cultura, e, como tal, não deveriam ser objeto de estudo e 
interpretação. Não se impusera ainda a noção de "massa", a não ser 
em sentido depreciativo, embora já se incorporasse nos discursos 
liberais o conceito de"povo": tão genérico, que, à falta de uma análise 
diferencial de classes e grupos, resvalava para a pura retórica. (BOSI, 
A. 1978, p. 111)
Logo, podemos ver no romance romântico, elementos cruciais para o surgimento de um 
público leitor, e,por conseguinte, uma maior produtividade entre nossos escritores. Para 
Antonio Candido, “O aparecimento do romance, gêneroadaptado à sensibilidade 
moderna, foi umverdadeiro acontecimento, pelas perspectivasque abriu.” (CANDIDO, 
2002, p. 43)
Já a partir de 1850, temos o romantismo um tema consagrado em território nacional. O 
tema indianista triunfa a partir de Gonçalves Dias, que publica em 1847 Primeiros 
Cantos, Segundos Cantos, em 1948, e Últimos Cantos, em 1851. Em 1857, há a 
publicação dessa tríade em único volume, após revisão. Também há de se destacar José 
de Alencar,que publicou sob forma de romance em folhetim O guarani, em 1857, lido e 
aclamado pelo público brasileiro.
É nessa sucessão de acontecimento que podemos atribuir uma intensificação da 
produção novelística no Brasil. Segundo Candido, no capítulo “Novas experiências” de 
Formação da Literatura Brasileira, isso se deve, sobretudo, ao trabalho de José de 
Alencar. Junto de Bernardo de Guimarães e Joaquim Manuel Macedo, são os principais 
romancistas dessa época. Referindo-se a Alencar, Candido dirá que “foi ele quem 
conferiu prestígio à ficção, dando-lhe por assim dizer posição social e, como pano de 
fundo, a vida burguesa do Rio de Janeiro”. (CANDIDO, A. 2009, p. 527)
O crítico literário Afrânio Coutinho, propõe certa paridade entre as obras de Alencar e 
Gonçalves dias. O primeiro,está em importância para a prosa romântica,assim como o 
segundo para a poesia. Para Coutinho, uma das principais características de Alencar foi 
a dedicação em tempo integral a sua obra. Segundo o crítico, Alencar era um 
“romancista por vocação, não apenas reflexo do meio ambiente. Jamais escreveu por 
motivos subalternos, e podia ter abandonado os planos literários quando alcançou 
nomeada como homem público, mas continuou fiel à voz interior”. (COUTINHO, 1997, 
p. 89)
3. As três fases de José de Alencar
Figura 4.6
Fonte:
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/80/Jos
%C3%A9_de_Alencar.jpg/200px-Jos%C3%A9_de_Alencar.jpg
Sem dúvidas, um livro crucial para o estudo da formação da literatura brasileira foi 
escrito por Antonio Candido em 1959. Trata-se do Formação da literatura Brasileira: 
momentos decisivos.Candido observara como ninguém até então que, para se pensar na 
formação, era necessário notar que havia também algumas manifestações literárias de 
concepções neoclássicas. 
Porém, em uma concepção romântica, há de se fazer uma distinção. Segundo o teórico 
literário, a definição de literatura passa por características comuns a o que ele chama de 
fase. Seria para ele “características internas (língua, temas, imagens), certos elementos 
da natureza social e psíquica, embora literariamente organizados, que se manifestam 
historicamente e fazem da literatura aspecto orgânico da civilização.” (p.23)
Nesse sentido, Candido buscou trabalhar em sua obra desde manifestações literárias até 
o que configuraria a literatura como sistema. Com exímia habilidade, a partir do 
capítulo “Novas experiências”, contribuiu para destrinchar os principais autores do 
romantismo no certame nacional. 
É nessa esteira que o crítico elabora um capítulo especialmente para José de Alencar. 
Não somente para, um, mais para “Os três Alencares” devido as múltiplas facetas de sua 
obra no que tange as diversas fases do romantismo brasileiro.
Inicia-se a discussão a partir do desejo que envolveu Alencar em escrever romances. 
Leitor de Chateaubriand, Dumas, Vigny, Hugo e Balzac, sentia nos franceses escritores 
de obras consideradas poemas da “vida real” (CANDIDO, A. 2009, p. 536). A partir 
dessa bagagem, ao viajar para o Ceará, teria considerado essa experiência o “broto” de 
Guarani e Iracema, duas de suas principais obras.
A construção narrativa através de folhetim é a fórmula utilizada para a produção de seu 
primeiro trabalho, Cinco Minutos. No ritmo dos folhetins, sai sua segunda obra, O 
Guarani, também em 1857.
Boxe de curiosidade
Figura 4.7A primeira edição de O Guarani.
Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2f/Oguarani.jpg
Publicado primeiramente em formato de folhetim, O Guarani recebeu diversas outras 
edições, além de também ter sido imortalizado na adaptação em Ópera por Carlos 
Gomes, em 1870. A história de Peri e Ceci também teve adaptações fílmicas, como em 
1979, em filme homônimo dirigido por Fauzi Mansur e em diversas histórias em 
quadrinho.
Fim do boxe de curiosidade
Início de boxe multimídia
As obras de José de Alencar se encontram em domínio público e podem ser acessadas 
através do seguinte link:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?
select_action=&co_autor=71
Fim do boxe multimídia
 Após certo tempo se dedicando ao teatro, se decepciona com as críticas e retornar a 
composição de romance com Lucíola, de 1862, e chega no auge de uma prosa poética 
em Iracema, de 1865, segundo Candido, uma das mais perfeitas obras na ficção 
romântica (CANDIDO, A. 2009, p. 536). Senhora, em 1875, O tronco do Ipê, assim 
como Ubirajara, de 1874, são apenas algumas de suas principais obras, cujo número 
exato consta de vinte um romances.
Em um olhar crítico, Candido aponta pra a seguinte consideração acerca da obra de José 
de Alencar:
Desses vinte e um romances, nenhum é péssimo, todos merecem 
leitura e, na maioria, permanecem vivos, apesar da mudança dos 
padrões de gosto a partir do Naturalismo. Dentre eles, três podem ser 
relidos à vontade e o seu valor tenderá certamente a crescer para o 
leitor, à medida que a crítica souber analisar a sua força criadora: 
Lucíola, Iracema e Senhora. Há outros que constituem uma boa 
segunda linha, como O Guarani. Mais do que isso não convém dizer, 
porque a variedade da obra de Alencar é de natureza a dificultar a 
comparação dos livros uns com os outros. Basta com efeito atentar 
para a sua glória junto aos leitores – certamente a mais sólida de nossa 
literatura— para nos certificarmos de que há, pelo menos dois 
Alencares em que se desdobrou nesses noventa anos de admiração: o 
Alencar dos rapazes, heróico, altissonante; o Alencar das mocinhas, 
gracioso, às vezes pilantra, outras quase trágico. (CANDIDO, A. 
2009, p. 537)
O heroísmo e a galanteria é característica notável em muitos de seus personagens, como 
Peri, Ubirajara, e Estácio Correia. O desejo ideal de heroísmo vem decorrente do anseio 
pela liberdade, assim como inspirações em torno da sensibilidade brasileira em torno 
índio como ideal representação do herói em cenas cotidianas de um país mestiço e de 
raça histórica(CANDIDO, A. 2009, p. 538) É comose constitui Peri diante de Ceci, 
como podemos ver na seguinte passagem: 
Peri lançava-se como um raio, e antes que tivesse tempo de contê-lo, 
passava entre uma nuvem de flechas, chegava à beira da esplanada, e 
com um tiro de sua clavina abatia o Aimoré que assustara sua senhora, 
antes que ele tivesse tempo de soltar um segundo grito.” (ALENCAR, 
J. O Guarani, p. 170)
Um segundo Alencar é marcado pela construção de personagens femininos eximiamente 
bons, mulheres castas e que beiram a perfeição, castas, e a trama pode ter como 
intervenção uma desavença amorosa na relação entre namorados, como Candido nota, 
com a tuberculose em Cinco Minutos. Vejamos uma passagem que ilustra esse cenário:
Ao sair de um desses bailes, apanhei uma pequena constipação, de que 
não fiz caso. Minha mãe teimava que eu estava doente, e eu achava-
me apenas um pouco pálida e sentia às vezes um ligeiro calafrio, que 
eu curava, sentando-me ao piano e tocando alguma música 
debravura.Um dia, porém, achei-me mais abatida; tinha as mãos e os 
lábios ardentes, a respiração era difícil, e ao menor esforço umedecia-
se-me a pele com uma transpiração que me parecia gelada. 
(ALENCAR, Cinco minutos, p. 14)
Nesse caso, como em Diva, A pata da gazela, e Sonhos d´ouro, a energia 
narrativa tem como foco a figura da mulher. Geralmente, quando o homem é o foco, 
geralmente, não há apelo de final feliz, como acontece, segundo Candido, em O 
Guarani e a palmeira que some sem deixar nenhum rastro, ou em O sertanejo, que 
continua em uma dama inacessível (CANDIDO, A. 2009, p. 539)
Nessa segunda fase, o desejo tem elegância e representa a mulher burguesa, também 
notável como romance “de salão”, conforme reinava no século XIX (CANDIDO, A. 
2009, p. 540)
O terceiro Alencar seria oriundo de temas profundos, considerados para “adultos”, cuja 
série de elementos pouco heroicos ou pouco elegantes, como em Lucíola e Senhora. 
Candido dirá que são “traços atrevidos”, como uma “orgia vermelha” em Lucíola. Para 
exemplificarmos, vejamos a seguinte passagem no referido livro:
Tal é a força mística do pudor, que o homem o mais ousado, desde que 
tem no coração oinstinto da delicadeza, não se anima a amarrotar 
bruscamente esse véu sutil que resguarda a fraqueza da mulher. Se a 
resistência irrita-lhe o desejo, o enleio casto, a leve rubescência que 
vestea beleza como de um santo esplendor, influem mágico respeito. 
Isto, quando se ama; quando a atração irresistível da alma emudece o 
escrúpulos e as suscetibilidades. O que não será pois quando apenas 
um desejo ou um capricho passageiro nos excita? Então, ousar é mais 
do que uma ofensa; é um insulto cruel. 
(ALENCAR, J.,p. 7)
Mas eu tinha corrido toda a casa, notando essa transformação 
repentina, sem descobrir aautora; já estava inquieto quando pela janela 
da sala de jantar, a vi na cozinha, e num estado que só tanta beleza e 
graça podia salvar do ridículo. Figure uma moça vestida de ricas 
sedas, com asmangas enroladas e a saia arregaçada e atada em nó 
sobre o meio da crinolina; com uma toalha passada pelo pescoço à 
guisa de avental; vermelha pelo calor e reflexo do fogo, batendo 
gemas de ovos para fazer não sei que doce. Repito: era preciso ter a 
faceirice e gentileza daquela mulher, para nessa posição e no meio da 
moldura de paredes enfumaçadas, obrigar que a admirassem ainda.
(ALENCAR, J.,p. 82)
Conclusão
As referidas passagens sobre as fases de Alencar,ora representando o heroísmo e a 
galanteria em romance cujo foco está em torno do homem e o ideal de liberdade, assim 
como nos romances voltados para a figura pura feminina, cuja implicação na obra 
geralmente não dá tom final à história, preenchem a terceira fase, com tons adultos e 
focados em elementos pouco nobres ou heróicos.
 Essas fases dos “Alencares” são marcas indeléveis do vigor que sua obra propõe no 
cenário do romance romântico brasileiro, assim como “a percepção complexa do mal, 
do anormal, ou do recalque, como obstáculos à perfeição e como elemento permanente 
na conduta humana. (CANDIDO, A. 2009, p. 545). 
Suas múltiplas fases completam um nas outras, compondo uma obra consistente capaz 
de abranger as mais diversas representações da identidade nacional da sociedade 
brasileira de sua época. E como um clínico anacronismo, sua obra tem força de 
representação até os dias atuais.
Atividade Final
1. Na primeira parte, intitulada “O despertar do Romantismo no Brasil”, o crítico 
Antonio Bosi desenvolve que devemos ter cuidado para não cairmos em um 
reducionismo ao classificar o Romantismo. Cite o porquê da seguinte afirmativa.
(mínino de 8 linhas)
2. Na segunda parte, intitulada “Romance e romantismo”, há no romantismo 
brasileiro, primeiramente uma herança portuguesa, e conseguinte, uma herança 
francesa. Disserte sobre quais foram as diferenças entre ambas para a 
constituição do romance no Brasil (mínino de 8 linhas)
3. Na terceira parte, há uma discussão acerca das três fases de José de Alencar. 
Elabore-as e fazendo referência a, pelo menos,uma obra de cada fase. (mínino de 
8 linhas)
Referências Bibliográficas
ALENCAR, J. Obra completa. Ministério da Cultura: Fundação Biblioteca Nacional. 
Disponível em:http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?
select_action=&co_autor=71
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 2ª Edição. São Paulo: Editora 
Cultrix, 1978.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira. São Paulo: Ouro sobre o azul, 
2009.
_________________Iniciação à literatura brasileira: resumo para principiantes. São 
Paulo :Humanitas/ FFLCH/USP, 1999.
_________________O romantismo no Brasil. São Paulo :Humanitas /FFLCH / SP, 
2002.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: era romântica. VOl. 3. Rio de Janeiro, 
Global Editora, 1997.

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