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Aula 04 - Licitações Públicas e Contratos Administrativos - Pós Estácio EAD

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LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 1 
Aula 4: Execução e inexecução do contrato.................................................................................. 2 
 ............................................................................................................................. 2 Introdução
 ................................................................................................................................ 3 Conteúdo
Os tribunais e a doutrina francesa.................................................................................. 3 
Fatos que podem concorrer para revisão do contrato .............................................. 3 
Prática x teoria .................................................................................................................... 4 
Eventos relativos aos contratos ...................................................................................... 5 
Fato da Administração ...................................................................................................... 7 
Fatos imprevistos ............................................................................................................... 7 
Exceção do contrato não cumprido .............................................................................. 8 
Indenização na rescisão unilateral do contrato .......................................................... 9 
Rescisão unilateral ........................................................................................................... 10 
Teoria da imprevisão é diferente da teoria do fato do príncipe ............................. 11 
Responsabilidade civil na execução do contrato ...................................................... 11 
Atividade Proposta........................................................................................................... 13 
........................................................................................................................... 14 Referências
 ......................................................................................................... 15 Exercícios de fixação
Notas ........................................................................................................................................... 19 
Chaves de resposta ..................................................................................................................... 25 
 ..................................................................................................................................... 25 Aula 4
Exercícios de fixação ....................................................................................................... 25 
 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 2 
Introdução 
Em uma situação de obra pública, deve ser feita uma distinção entre duas 
situações: a de dano oriundo de obra pública e a de dano decorrente da culpa 
do empreiteiro. Se a situação for a primeira, o dano é causado única e 
exclusivamente pela simples existência da obra sem qualquer consideração 
sobre irregularidade na sua execução. 
 
Já na segunda situação, o dano não decorre pura e simplesmente com a 
existência da obra, mas da irregularidade da execução dela, ou seja, a obra por 
si só não é danosa, mas por irregularidade em sua execução causou o dano. Se 
a empresa que foi contratada não tem patrimônio suficiente subsidiariamente, 
responde o Estado. E é sobre isso que você verá nesta aula. 
 
Objetivo: 
Compreender as formas de extinção dos contratos e identificar as possíveis 
responsabilidades aplicáveis aos contratantes em termos de Responsabilidade 
Extracontratual, de acordo com os posicionamentos do Supremo Tribunal 
Federal. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 3 
Conteúdo 
Os tribunais e a doutrina francesa 
Os tribunais e a doutrina francesa constataram que o contrato administrativo, 
no decorrer da sua execução, era afetado por medidas adotadas pela 
Administração contratante, causando onerosidade ao negócio jurídico e 
rompendo o equilíbrio econômico-financeiro, tendo como exemplo a elevação 
da carga tributária indexada ao pacto firmado com o particular. Dessa forma, 
na França essa circunstância passou a ensejar reparação por eventuais danos 
causados à parte contratada, tendo em conta a repercussão decorrente da 
mudança superveniente do cenário contratual, imposta pelo próprio organismo 
contratante (JUSTEN FILHO, 2012, p. 897). 
 
Na ordem jurídica brasileira, apesar de não haver expressa previsão sobre a 
teoria do fato do príncipe, compreende a doutrina que o artigo 65, §5º se 
adequa àquele referencial, admitida a recomposição econômico-financeira do 
contrato nas hipóteses em que Estado age para elevação da carga tributária. 
Entretanto, no Brasil não distinção em relação à autoridade competente que 
deu origem à majoração dos tributos, reconhecendo apenas a revisão das 
cláusulas contratuais. 
 
Fatos que podem concorrer para revisão do contrato 
O que é fato do príncipe? 
 
É uma medida geral adotada pelo Estado que vai ter impacto no contrato 
administrativo, provocando um desequilíbrio financeiro no contrato. É 
importantíssimo ler o Artigo 65, § 5º da Lei nº 8.666/93, que traz o conceito 
legal do fato do príncipe, embora a lei de licitação não utilize tal expressão. 
 
 
Atenção 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 4 
 CUIDADO! O Fato do Príncipe nem sempre aplica-se para mais, 
podendo ser utilizado para menos. Por exemplo: Licitação do tipo 
menor preço e o vencedor terá que entregar uma frota de 
veículos. O imposto de importação, por ocasião da entrega dos 
envelopes das propostas, possuía alíquota zero. Não sei se vocês 
recordam que, na época, o Presidente Collor dizia que os nossos 
carros são verdadeiras carroças. Talvez, ele utilizasse de tal 
expressão para estimular a melhoria da indústria automobilística. 
Hipoteticamente, com o decorrer do tempo, após a entrega da 
proposta, vem o Ministério da Fazenda e aumenta a alíquota de 
importação, em 20%, quebrando o equilíbrio econômico e 
financeiro do contrato. Com o aumento desse imposto, vai 
ocasionar o aumento dos encargos do contratado. Esse aumento 
da taxa de importação é chamado de fato do príncipe. Em função 
desse aumento, o contratado fará jus à revisão do contrato para 
que ele possa manter o equilíbrio financeiro originário do 
contrato. Nesse caso, o ente contratante tem o dever de 
restabelecer o licitante vencedor, não estando preso o percentual 
da alteração unilateral do contrato. Se a alíquota de importação 
aumentou em 20%, eu terei que ser restabelecido efetivamente 
nos 20% e não no patamar de até 25%, como consta a alteração 
unilateral do contrato. 
 
Prática x teoria 
A prática ensina bem melhor do que a teoria. Vamos imaginar o seguinte 
cenário: 
 
Considere o regular firmamento de contrato administrativo cujo objeto é a 
realização de obra de engenharia no valor total de R$ 500.000,00. Iniciada a 
execução pela contratada, sobrevém redução de ICMS que ocasiona a redução 
do custo do contrato. A Administração determina a redução do valor do 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 5 
contrato. A empresa contratada se recusa a fazê-lo sob o argumento de que o 
ato é do próprio Estado e que, por isso, não poderia dar ensejo à alteração 
contratual. 
 
Considerando o texto hipotético, a Administração Pública tem razão, a situação 
relatada configura o que a doutrina denomina fato do príncipe. A simples 
constatação de que dele decorreu alteração da equação econômica-financeira 
inicialmente fixada permite concluir que dará ensejo tanto à majoração,quanto 
à redução do valor do contrato, de forma a manter o equilíbrio-econômico 
financeiro. Aplica-se o Artigo 65, §5º, da Lei nº 8.666/93. 
 
Eventos relativos aos contratos 
 
 
As partes contratantes, ao firmarem o pacto, esperam que o negócio jurídico 
seja realizado sem percalços ao longo da execução, porém inúmeros eventos 
podem ocorrem durante o contrato, uns que se enquadram na previsibilidade 
das partes e outros que fogem a possibilidade de prever. Portanto, enquanto os 
primeiros são conhecidos como riscos, os subsequentes estão no plano das 
incertezas. 
 
Diante dos conceitos acima descritos, a álea que circunscreve os contratos 
administrativos tem como um dos fatores impactantes sobre o equilíbrio 
econômico financeiro o próprio agir da Administração, ora através da ação, ora 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 6 
por omissão. Nessa perspectiva, o artigo 78, inciso XIV, da Lei nº 8.666/93 
descreve a hipótese de suspensão da execução por ordem da Administração. 
 
 
Atenção 
 Outra situação é prevista no inciso XV, retratando o atraso do 
pagamento devido por parte do Poder Público, revelando 
inadimplemento contratual injustificável. Assim, a mora estatal 
gera o dever jurídico de recomposição econômico-financeira do 
arranjo contratual e ainda de reparação dos prejuízos 
eventualmente suportados pela outra parte. 
 
Por fim, o inciso XVI do dispositivo em destaque traz o caso de inércia 
contratual da Administração, em torno das providências essenciais para 
execução do contrato, dispondo que “a não liberação, por parte da 
Administração, de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou 
fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais 
naturais especificadas no projeto” conduz à inexecução dos termos pactuados, 
dando ensejo à rescisão do negócio (JUSTEN FILHO, 2012, p. 981). Essa 
conjuntura é capaz de abalar o equilíbrio do contrato e, ainda sim, produzir 
danos ao contratado, portanto, além de surgir o direito de requerer a revisão 
do contrato, este poderá reclamar pela indenização das perdas acarretadas. 
 
Levando em consideração todas as hipóteses que resultam em desequilíbrio 
contratual, é importante salientar a inovação legislativa que regulamentou a 
autocomposição de conflitos no âmbito da Administração Pública, permitindo a 
resolução consensual das controvérsias junto às câmaras administrativas, sem 
que haja intervenção judicial. 
 
Lei nº 13.140/2015 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 7 
Art. 32. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão criar 
câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos, no âmbito dos 
respectivos órgãos da Advocacia Pública, onde houver, com competência para: 
I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública; 
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de 
composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa jurídica de 
direito público; 
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de 
conduta. 
 
Fato da Administração 
O que seria? É uma medida adotada pelo estado contratante, diferente do fato 
do príncipe em que a medida geral é adotada não pelo estado contratante. 
 
Por exemplo, a Administração Pública contrata uma empreiteira para realizar 
uma obra. Durante a execução da obra, a Administração Pública interrompe 
durante 30 dias. Essa interrupção vai impactar o contrato, pois os custos da 
empreiteira aumentaram (os empregados ficam propriamente parados, mas 
recebem). Essa interrupção caracteriza como fato da Administração Pública. 
 
Fatos imprevistos 
O que seriam fatos imprevistos? 
 
Seriam fatos materiais ligados diretamente à execução do contrato que acaba 
por onerar o contratado e, consequentemente, esse contratado fará jus à 
revisão de preços. 
 
Ex.: O contratado começa a executar o serviço e surge uma camada rochosa 
que não apareceu no estudo de sondagem. Haverá a elevação do custo da 
execução do serviço. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 8 
 
Atenção 
 CUIDADO! Em regra, fato do príncipe, da Administração, e fato 
imprevisível não incidem nos 25% (posição do STJ). Só a título 
de curiosidade, se o serviço fica muito custoso para a 
Administração Pública, ela pode partir para rescisão unilateral do 
contrato, em razão do interesse público. 
 
Exceção do contrato não cumprido 
Exceção do contrato não cumprido é outra cláusula exorbitante. Nos contratos 
privados, aplica-se a chamada exceção do contrato não cumprido, que autoriza 
uma das partes a interromper o contrato se a outra parte não cumpre com suas 
obrigações. 
 
Nos contratos administrativos, somente pode ser invocada a exceção após 90 
dias de inadimplemento por parte da Administração Pública. É só ler o Artigo 
78, XV, da Lei nº 8.666/93, assegurando ao contratado o direito de optar pela 
suspensão do cumprimento de suas obrigações. Logo, a exceção do contrato 
não cumprido não é aplicada integralmente. 
 
Agora, se o Poder Público baixar um decreto declarando calamidade pública no 
setor penitenciário, por exemplo, aí, rescisão só por medida judicial. Foi o que 
aconteceu exatamente numa certa ocasião no RJ. Quem pode fazer a rescisão 
unilateral do contrato? Só a Administração Pública poderá rescindir 
unilateralmente o contrato. Rescisão Unilateral do Contrato é outra cláusula 
exorbitante de grande importância. 
 
 
Atenção 
 Muito cuidado no contrato de concessão em função da 
continuidade do serviço público, essa regra dos 90 dias não 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 9 
serve, pois não pode sobrar para coletividade. O Artigo 39 da Lei 
8.987/95 mostra-nos que os serviços prestados pela 
concessionária não poderão ser interrompidos ou paralisados até 
a decisão judicial transitada em julgado, pois impede paralisação 
quando o serviço estiver afetando a comunidade, objetivando 
não prejudicar o bem comum. CUIDADO! Posição do STJ. Na 
consignação de pagamento, se o contratado concordar em 
receber a não integralidade do pagamento, por exemplo, 
somente a primeira parcela em atraso, aí, a exceção é 
prorrogada por 30 dias. 
 
 
Indenização na rescisão unilateral do contrato 
A indenização na rescisão unilateral do contrato se divide da seguinte forma: 
 
 
 
Exceção do contrato não cumprido – não se aplica à Administração Pública. 
Essa afirmação, hoje, é imprecisa. O contratado pode utilizar a exceção do 
contrato não cumprido a partir de 90 dias sem pagamento. Então, até 90 dias 
sem pagamento não se aplica a exceção do contrato não cumprido, ou seja, 
mesmo sem receber, o contratado é obrigado a cumprir suas obrigações. A 
partir dos 90 dias, aplica-se a exceção a favor do contratado, porque a lei de 
licitação autoriza. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 10 
A rescisão do contrato administrativo caracteriza-se: 
 
 
 
Rescisão unilateral 
Na rescisão unilateral do contrato, há várias hipóteses. 
 
1ª hipótese 
Falta do executado. Por exemplo, o contratado está executando o trabalho 
de forma errada. Isso vai ensejar uma rescisão unilateral do contrato por culpa 
do contratado. 
 
2ª hipótese 
Rescisão unilateral do contrato por interesse público. Durante a execução de 
uma obra, a Administração Pública recebe, de um organismo internacional, um 
imóvel como indenização que é justamente aquilo que a Administração Pública 
estava precisando. Pergunta-se: Nesse caso, o que vai fazer a Administração 
Pública? Vai tocar até o fim sópara atender o interesse do particular? Lógico 
que não. 
 
3ª hipótese 
Rescisão amigável. Somente via acordo. 
 
4ª hipótese 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 11 
Rescisão judicial. Se o Poder Público não cumpre a obrigação, o contratado não 
pode fazer em hipótese alguma a rescisão do contrato. Se a Administração não 
paga ao contratado, ele pode partir para uma rescisão amigável. 
 
Teoria da imprevisão é diferente da teoria do fato do príncipe 
Teoria da imprevisão foge à vontade das partes. 
 
Exemplo bastante significativo é tirado de uma decisão do STJ. A Administração 
realiza um contrato consistindo na edificação de um túnel para desafogar um 
trânsito. Só que, ao fazer a escavação, vários empregados da empreiteira 
morreram asfixiados, em função de um gás encontrado no subsolo. Como o 
empreiteiro não possuía a especialização de remover tal obstáculo, foi obrigado 
a contratar uma subempreiteira japonesa de São Paulo para remover o 
obstáculo. O Poder Público terá obrigatoriamente de restabelecer a despesa 
efetuada pelo licitante vencedor. 
 
Veja o esquema sobre essa teoria. 
 
 
 
Responsabilidade civil na execução do contrato 
O tema é polêmico, pois a lei é propriamente omissa. Vamos examinar agora os 
três posicionamentos do STF. Conheça cada um deles a seguir. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 12 
1º - A simples presença da obra já causa prejuízo a terceiros 
De quem é a responsabilidade? Ex. Na construção da linha vermelha, para 
construir o elevado na rua Bela, em São Cristóvão. A Rua Bela ficou 
inteiramente fechada para construção do elevado. Os comerciantes da Rua Bela 
tiveram prejuízos por seis meses. Cabe indenização por parte do Estado, 
aplicando-se o Artigo 37 § 6º da CF – Responsabilidade objetiva. Na época, o 
governador do estado habilmente fez acordo com os comerciantes. 
 
2º - Má execução da obra é a parte mais interessante 
Quem responde, segundo esse artigo (o Artigo 70 da Lei nº 8.666/93), é o 
empreiteiro, o contratado. Se o contrato for de labor, ou seja, o contratado só 
entra com a mão de obra, e ficando provado que a má execução da obra é 
resultante do péssimo material fornecido pela Administração Pública, o 
contratado fica isento de responsabilidade. No entanto, o contratado tem, por 
obrigação, de recusar o péssimo material fornecido pela Administração Pública, 
sob pena de responsabilidade solidária. 
 
3º - Encargos trabalhistas, previdenciários e fiscais 
A empresa contratada hipoteticamente deixou de pagar o salário dos 
trabalhadores. O operário da empresa contratada pode mover ação contra o 
Poder Público contratante para que ele pague o salário? O Artigo 71 da Lei nº 
8.666/93 traz a resposta. A lei está dizendo que a responsabilidade é somente 
do contratado, pois o citado artigo reza que o contratado é responsável pelos 
encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da 
execução do contrato. Cumpre frisar, no entanto, que a posição do Supremo 
Tribunal Federal rasgou a decisão do Tribunal Superior do Trabalho, ao afirmar 
categoricamente que nenhum enunciado pode prevalecer sobre o texto legal. 
Recentemente, houve a declaração de constitucionalidade do § 1º do Artigo 71 
da CF. Já o Artigo 71 § 2º da Lei nº 8.666/93 diz que a Administração Pública 
responde solidariamente. A Administração Pública, ao fazer o pagamento de 
uma parcela contratual, tem que tomar o seu devido cuidado. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 13 
Atividade Proposta 
Leia o CASO CONCRETO a seguir e responda à questão formulada: A Empresa 
Hefer Construções Civis Ltda, vencedora em procedimento licitatório, contratou 
com a Empresa Brasileira de Telégrafos – ECT – empresa pública integrante da 
Administração Pública Indireta, para a construção de duas agências no interior 
do Estado do Paraná. No respectivo contrato, constavam os ajustes dos preços 
e materiais de mão de obra. Ocorre que a empresa vencedora ao longo da 
execução do serviço alegou desequilíbrio econômico-financeiro do contrato 
gerando a descontinuidade do serviço contratado. 
 
Com relação ao caso em questão responda, fundamentadamente: 
 
1) Qual a natureza jurídica do contrato firmado entre a ECT e a empresa 
contratada? 
2) Poderia arguir a empresa vencedora a aplicação do CDC quanto ao contrato 
firmado entre o poder público e pessoa jurídica de direito privado? 
3) Em razão da descontinuidade do serviço praticado pela contratada, qual 
conduta deveria tomar a ECT e com que fundamento? 
4) Aplica-se ao caso as cláusulas exorbitantes? Qual seu conceito e 
aplicabilidade no ramo dos contratos administrativos? 
 
Chave de resposta: 
Sugestão de respostas para cada pergunta do enunciado: 
1- A natureza jurídica do contrato firmado entre a ECT e a empresa contratada 
é de contrato de prestação de serviços de natureza administrativa, tendo em 
vista ser a ECT empresa pública cujo delineamento foi exposto no artigo 37, 
XXI quando determinou a obrigatoriedade de licitação para todos os integrantes 
da Administração Pública. 
2- À luz do Artigo 37, XXI, da Constituição Federal, a natureza do vínculo 
jurídico entre a ECT e a empresa contratada, é de Direito Administrativo, sendo 
certo que a questão apresentada não envolve Direito Privado, tampouco de 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 14 
relação de consumo. Aliás, apenas os consumidores, usuários do serviço dos 
Correios, é que têm relação jurídica de consumo com a ECT. 
3- Considerando que a descontinuidade do serviço público tem tratamento no 
artigo 78, XV e 79, § 2º da Lei nº 8.666/93 e que somente pode ser feita por 
período de 90 dias, o descumprimento de tal norma gera para administração o 
direito de rescindir unilateralmente o contrato por inadimplência do contratado, 
sem prejuízo da indenização pelos danos que vier a causar. 
4- A Lei de Licitações e Contratos estabelece que o contraente, in casu, a ECT, 
poderá servir-se das cláusulas exorbitantes do direito privado para melhor 
resguardar o interesse público. É de sabença que as cláusulas exorbitantes são 
as que inexistem no Direito Privado e permitem ao Poder Público alterar as 
condições de execução do contrato, independentemente da anuência do 
contratado, podendo, inclusive, suspender sua execução. Constitui uma viga-
mestra do Direito Administrativo contratual, que só é compreensível na sua 
inteireza quando se tem em consideração que a outra viga-mestra é a garantia 
do equilíbrio econômico-financeiro assegurada ao contratado, logo aplica-se ao 
caso a cláusula de rescisão contratual unilateral pela administração pública com 
fundamento no artigo 54 da Lei nº 8.666/93. 
 
 
Material complementar 
 
Para saber mais sobre a Execução e a Inexecução do Contrato, leia 
o texto disponível em nossa biblioteca virtual. 
 
 
Referências 
ACHE, Andrea. Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC. Oficina 
nº 38, Semana Orçamentária. Departamento de Licitações da Universidade 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 15 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Disponível em: 
<http://licitacoes.ufsc.br/?page_id=442>. 
ARAÚJO, Edmir Netto de. Curso de Direito Administrativo. 7a. ed.. São 
Paulo: Saraiva, 2015. 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Administrativo. 30a. 
ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2016. 
CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administrativo. 26ª 
ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2013. 
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: 
Malheiros Editores, 2000. 
GARCIA, Flávio Amaral. Licitações&amp; Contratos Administrativos: 
casos e polêmicas.3a ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. 
GASPARINI, Diógenes. Direito administrativo. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2012. 
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos 
Administrativos. 15a. ed. São Paulo: Dialética, 2012. 
MADEIRA, José Maria Pinheiro. Administração pública centralizada e 
descentralizada. Tomo I. 12ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 25a 
ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2007. 
PEREIRA JUNIOR, Jessé Torres; DOTTI, Marinês Restelatto. Políticas Públicas 
nas Licitações e Contratações Administrativas. 2a ed. rev. atual. e ampl. 
Belo Horizonte: Fórum, 2012. 
SILVA, José Afonso da Silva. Teoria do Conhecimento Constitucional. São 
Paulo: Malheiros, 2014. 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A Constituição e o Supremo. Brasília. 
Disponível em: <http://stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=1693> 
Acesso em 03 jul. 2016. 
 
Exercícios de fixação 
Questão 1 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 16 
Durante a execução de um contrato de obra pública destinado à construção de 
um túnel, a empresa contratada pela Administração Pública deparou-se com 
condições geológicas surpreendentes e excepcionais, não cogitadas pelas 
partes quando da celebração do ajuste. Diante desta nova situação, que criou 
maiores dificuldades e onerosidades para o prosseguimento e conclusão dos 
trabalhos, a empresa poderá: 
a) Pleitear judicialmente o reajuste da equação econômico-financeira com 
base no instituto denominado fato do príncipe. 
b) Invocar a teoria da imprevisão, com o consequente aditamento do 
contrato e reajuste do preço originalmente pactuado. 
c) Rescindir unilateralmente o contrato, oportunidade em que receberá a 
importância do que até então executou. 
d) Paralisar imediatamente a execução do contrato, até que a 
Administração Pública reajuste o preço originalmente avençado. 
e) Alegar a teoria do fato da administração, para obter administrativamente 
a rescisão do contrato de direito público. 
 
Questão 2 
Uma empresa de equipamentos eletrônicos foi contratada pelo Tribunal 
Regional Eleitoral para fornecer acessórios a determinadas repartições 
eleitorais. Após dar início ao pactuado, foi surpreendida com o aumento 
exacerbado, imprevisto e imprevisível, do imposto sobre importação de 
produtos estrangeiros incidente sobre um dos componentes de informática, de 
origem japonesa, essencial ao cumprimento do ajuste. Tal fato, que onerou 
extraordinariamente os encargos do particular, dificultando sobremaneira a 
execução do contrato, implica: 
a) Rescisão do contrato em virtude da constatação do fato da 
administração. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 17 
b) Aditamento do ajuste em razão da constatação da interferência 
imprevista. 
c) Rescisão unilateral do contrato pelo particular. 
d) Alteração unilateral do ajuste pelo particular, ante a ocorrência de força 
maior. 
e) Revisão do contrato em virtude da ocorrência do fato do príncipe. 
 
Questão 3 
A Administração Pública, após celebrar contrato de obra pública, não 
providenciou a desapropriação do local onde seria realizada a obra. A omissão 
acabou por inviabilizar a execução do contrato, sendo causa da extinção de 
vínculo contratual. A situação retratada acima exemplifica uma hipótese de: 
a) Fato do Príncipe 
b) Fato da Administração 
c) Interferência imprevista 
d) Teoria da Imprevisão 
e) Causa de anulação do contrato 
 
Questão 4 
Empresa pública de transporte coletivo firmou contrato com rede de 
distribuição de combustíveis para que, pelo prazo de 24 meses, fornecesse gás 
natural veicular para sua frota de ônibus, pagando, por metro cúbico de gás, o 
valor médio cobrado pelo mercado segundo levantamento feito pela ANP. No 
nono mês de vigência do contrato, o principal fornecedor de gás ao Brasil teve 
de suspender o fornecimento do produto devido aos graves problemas político-
sociais internos. A contratada se vê impossibilitada de cumprir a avença nos 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 18 
termos pactuados. Considerando a situação hipotética acima, assinale a opção 
correta. 
a) Aplica-se ao caso a teoria da imprevisão. 
b) A empresa fornecedora de combustíveis terá de ressarcir a empresa 
pública pelos prejuízos causados pela paralisação de sua frota por força 
da cláusula rebus sic stantibus. 
c) A contratada não deverá arcar com qualquer ônus pelo inadimplemento 
do contrato por se tratar de fato do príncipe. 
d) A empresa pública poderá buscar reparação financeira junto à Corte 
Interamericana de Direito OEA. 
 
Questão 5 
O Supremo Tribunal Federal promoveu a realização de licitação com o intuito de 
contratar empreiteira para construir um edifício anexo à sua sede. Concluído o 
certame, sagrou-se vencedora a empresa X, vindo a ser celebrado o contrato 
previsto no respectivo edital. Com respeito a essa situação hipotética, assinale a 
opção correta: 
a) Tendo trabalhado na construção do edifício, um empregado da 
respectiva empreiteira poderá demandar a União, subsidiariamente, na 
hipóteses de inadimplência das obrigações trabalhistas por parte da 
empregadora. 
b) A União poderá responder solidariamente com a empresa contratada 
pelos encargos previdenciários que resultarem da execução do contrato. 
c) Um fornecedor que sofra prejuízos civis decorrentes do não pagamento 
de materiais adquiridos pela empreiteira para a utilização na construção 
do edifício poderá acionar a União, em busca de reparação pelos danos 
sofridos, em face da responsabilidade civil da Administração Pública. 
Nesse caso, caberá ação regressiva contra a empresa contratada. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 19 
d) A lei não permite que empreiteira vencedora do certame efetive a 
subcontratação de partes da obra. 
e) Essa espécie de obra não pode ser licitada, devendo ser executada 
diretamente pela Administração Pública. 
 
§ 1º do Artigo 71 da CF: Por votação majoritária, o Plenário do Supremo 
Tribunal Federal (STF) declarou a constitucionalidade do artigo 71, parágrafo 
1º, da Lei nº 8.666, de 1993 (Lei de Licitações). O dispositivo prevê que a 
inadimplência de contratado pelo Poder Público em relação aos encargos 
trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à Administração Pública a 
responsabilidade por seu pagamento, nem pode onerar o objeto do contrato 
ou restringir a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive 
perante o Registro de Imóveis. A decisão foi tomada no julgamento da Ação 
Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 16, ajuizada pelo governador do 
Distrito Federal em face do Enunciado da súmula 331 do Tribunal Superior do 
Trabalho (TST), que, contrariando o disposto no § 1º artigo 71, da Lei nº 
8.666/1993, responsabiliza subsidiariamente tanto a Administração Direta 
quanto a indireta, em relação aos débitos trabalhistas, quando atuar como 
contratante de qualquer serviço de terceiro especializado. Em vista do 
entendimento fixado na ADC 16, o Plenário do STF deu provimento a uma 
série de Reclamações ajuizadas na Suprema Corte contra decisões do TST e 
de Tribunais Regionais do Trabalho fundamentadas na Súmula 331/TST. Ao 
decidir, a maioria dos Ministros se pronunciou pela constitucionalidade do 
artigo 71, § 1º da Lei nº 8.666/93, mas houve consenso no sentido de que o 
TST não poderá generalizar os casos e terá de investigar com mais rigor se a 
inadimplência tem como causa principal a falha ou falta de fiscalização pelo 
órgão público contratante. 
 
Art 70: O contratadoé responsável pelos danos causados diretamente à 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 20 
Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução 
do contrato, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade à fiscalização 
ou ao acompanhamento pelo órgão interessado. O Supremo Tribunal Federal 
diverge desse artigo, dizendo: O empreiteiro está agente do Estado, logo a 
responsabilidade é do Estado. O Artigo 70 da lei de licitação atropela o Artigo 
37 § 6º da CF. Segundo o Supremo Tribunal Federal, o prejudicado pode 
entrar com uma ação contra o ente da federação que contratou o empreiteiro 
e, depois, se o ente da federação, em não prosperando a ação, postula ação 
regressiva contra o empreiteiro. Vale fazer uma grande observação. Se for 
uma grande empreiteira, abastada economicamente, o contratante escolhe 
em face de quem irá mover a ação, se é contra o Estado ou se é contra o 
empreiteiro. Se for uma empreiteira bem saneada economicamente, aí, é 
preferível mover uma ação contra o contratado, porque a parte interessada 
foge do famigerado precatório. Portanto, vai depender de cada caso 
concreto. 
 
Art 71: Artigo 71 § 1º, da Lei nº 8.666/93, faz alusão de que a inadimplência 
do contratado, com referência aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, 
não transfere à Administração Pública a responsabilidade por seu pagamento, 
nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir a regularização e o uso 
das obras e edificações, inclusive perante o Registro de Imóveis. (Redação 
dada pela Lei nº 9.032, de 1995). Vale observar que a lei não trabalha com 
encargos previdenciários, trabalha apenas com encargos trabalhistas, fiscais e 
comerciais e não há como transferir para o ente da federação contratante. Só 
que esse §1º do Artigo 71 da lei entra em choque com o Enunciado 331 do 
TST, que diz que há responsabilidade subsidiária do ente da federação. O 
Artigo 71 menciona uma coisa e o Enunciado diz outra. Qual vai prevalecer? 
Pelo Enunciado do TST, o trabalhador pode exigir que o ente da federação 
contratante pague o seu salário. Para o Procurador do Estado Marcos Póvoas 
(Procurador-Chefe da Procuradoria Especial do Contencioso Trabalhista da 
PGE), a recente decisão do STF corrobora a tese do estado do Sergipe no 
tocante à não aplicação da responsabilidade subsidiária prevista na Súmula 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 21 
331, IV, do TST, em virtude da redação do Artigo 71, da Lei nº 8.666/93, que 
é explícito acerca da não responsabilização estatal. 
 
Artigo 65 § 5º da Lei nº 8.666/93: Quaisquer tributos ou encargos legais 
criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência de disposições 
legais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de 
comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes 
para mais ou para menos, conforme o caso. 
 
Artigo 71 § 2º da Lei nº 8.666/93: A Administração Pública responde 
solidariamente com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes 
da execução do contrato, nos termos do Artigo 31 da Lei nº 8.212, de 24 de 
julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 9.032, de 1995) A Administração 
vai reter a dívida que o empreiteiro tem junto ao INSS. Na realidade, 
dificilmente vai ocorrer a responsabilidade solidária, porque a Administração, 
hoje, pode reter a dívida do empreiteiro. Mas, se o ente da federação 
esqueceu de reter? Aí, há responsabilidade solidária do Estado. 
 
Artigo 78, XV, da Lei nº 8.666/93: “Constituem motivos para rescisão do 
contrato: XV - o atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela 
Administração Pública decorrentes de obras, serviços, salvo em caso de 
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna”. O contratado não 
poderá fazer a rescisão unilateral do contrato. Ele terá que fazer o distrato, 
de forma amigável e, em não conseguindo, terá que ir a juízo, porque 
cláusulas exorbitantes só podem ocorrer em favor da Administração Pública e 
jamais contra ela. Se a Administração Pública for parte errada, descumpridora 
do contrato, o contratado não pode rescindir unilateralmente o contrato. No 
entanto, a lei admite que, vencidos os 90 dias de atraso, o contratado fica 
autorizado UNILATERALMENTE a suspender a execução do contrato. Só 
retorno após o pagamento, mas não é fazer a rescisão. Terá que esperar os 
90 dias. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 22 
Cláusulas exorbitantes: Existem outras cláusulas exorbitantes, tais como: 
Aplicação das penalidades, Fiscalização e Ocupação temporária. A aplicação 
das penalidades é outra cláusula de grande importância porque as sanções 
previstas no Artigo 87 da Lei nº 8.666/93 são autoaplicáveis, portanto, sem 
necessidade de ir a juízo, na hipótese de inexecução total ou parcial do 
contrato. ATENÇÃO: A lei admite somente acumulação da pena de multa com 
outra sanção (as demais sanções não podem ser cumuladas umas com as 
outras). No entanto, antes de aplicar tais sanções, a Administração Pública 
terá que dar obrigatoriamente o contraditório e ampla defesa para o 
contratado. Às penas de advertência, multa e suspensão cabe recurso no 
prazo de 5 dias úteis. E, contra a inidoneidade, cabe pedido de 
reconsideração no prazo de 10 dias. Já a fiscalização é a execução do 
contrato, pode ser acompanhada e fiscalizada por representante da 
Administração Pública, permitida a contratação por terceiros para essa 
finalidade específica, bastando, para tanto, ler o Artigo 67 da lei. E a 
ocupação temporária (Artigo 58, V, Lei nº 8.666/93) é quando a 
Administração Pública ocupa provisoriamente bens móveis, imóveis e pessoal 
no caso de rescisão do contrato, sob pena de prisão. A ocupação temporária 
é muito comum no caso de rescisão, no caso de apuração de faltas 
administrativas. Portanto, a Administração pode ocupar o pessoal e os bens 
da empresa, que deu causa ao rompimento do contrato. 
 
Fato do príncipe: Não tem nada a ver com a alteração unilateral do 
contrato. É uma outra história. Fato do príncipe quebra o equilíbrio financeiro 
inicial do contrato. Quebra, mas de forma diferente da alteração unilateral do 
contrato. Na alteração unilateral do contrato, o Poder Público mexe no 
contrato. No fato do príncipe, o ente da federação contratante não mexe nas 
cláusulas de serviço. Fato do príncipe é um ato genérico do Poder Público que 
vai repercutir no contrato administrativo, incidindo mesmo até a quem não 
faz parte do contrato. A Lei Geral de Licitação não usa a terminologia Fato do 
Príncipe, que tem previsão da lei. 
 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 23 
Inadimplência do contratado: A Administração Pública pode aplicar 
sanções unilateralmente no caso do descumprimento do contrato, sem ir ao 
judiciário, o que não existe no contrato de direito privado. Quais são as penas 
que podem ser utilizadas? São quatro: advertência, multa, podendo taxar de 
inidôneo. Advertência e multa aparecem em qualquer contrato, seja de direito 
privado ou de direito público. 
 
Indenização: A Administração Pública irá fazer a rescisão do contrato. Como 
o contratado não deu causa à rescisão, receberá indenização. Entretanto, a 
indenização só abraça prejuízos sofridos fazendo jus também à devolução da 
garantia contratual bem como as custas pela montagem e desmontagem. A 
lei não estabelece direitos a lucros cessantes, somente a danos emergentes. 
Seria o caso de um empreiteiro que aluga uma máquina para ser utilizada na 
obra que será indenizado pelo valor da máquina adquirida. O Artigo 58 da Lei 
nº 8.666/93 apresenta um rol exemplificativo de cláusulas exorbitantes, o 
incisoII dispõe que a administração pode rescindir unilateralmente os 
contratos administrativos nos casos especificados no Artigo 79, I da Lei nº 
8.666/93. O Artigo 79, I, (Rescisão unilateral do contrato, mesmo sem culpa 
do particular), dispõe que os casos passíveis de rescisão unilateral do 
contrato encontram-se no Artigo 78, incisos I a XII e inciso XVII. 
 
Motivo de força maior: O Artigo 78, inc. XVII da Lei nº 8.666/93 (XVII - a 
ocorrência de caso fortuito ou de força maior, regularmente comprovada, 
impeditiva da execução do contrato.) é, acima de tudo, bastante paradoxal. É 
estranhíssimo. A Administração Pública vai ter que indenizar por caso fortuito 
e força maior. Isso é uma autêntica brincadeira! A Administração só pode ser 
responsabilizada pelos atos que seus agentes causarem a terceiros. 
Brincando, São Pedro não é Servidor Público e não é o Estado que faz 
chover! Esse dispositivo fere o Artigo 37 § 6º da Constituição Federal. Toda 
jurisprudência admite, como excludente de responsabilidade, a força maior e 
o caso fortuito. Inegavelmente, esse artigo fere a Constituição da República 
no Artigo 37, § 6.º, uma vez que esse artigo dispõe que o Estado responde 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 24 
pelos atos que seus agentes causarem a terceiros, fere também a 
jurisprudência sobre a responsabilidade civil no direito brasileiro, uma vez que 
caso fortuito e força maior são exemplos clássicos de excludente de 
responsabilidade. 
 
Rescisão amigável: Se a Administração Pública não aceitar a rescisão 
amigável, só tem uma saída, que é fazer a rescisão judicial. É importante 
tomarmos conhecimento do Artigo 78, XV, Lei nº 8.666/93, em que o 
contratado fará jus à suspensão do contrato pelo atraso da Administração 
Pública por mais de 90 dias. A opção é do contratado: faz a rescisão ou 
suspende temporariamente o contrato. Outra hipótese de rescisão do 
contrato seria a Administração Pública suspender a execução do contrato por 
mais de 120 dias, de forma ininterrupta ou interpolada. Aí, o contratado 
poderá buscar a suspensão do contrato e a rescisão, via justiça. 
 
Rescisão Unilateral: A Administração Pública pode unilateralmente rescindir 
o contrato. Hipoteticamente, a Administração Pública assina um contrato para 
construir uma escola pública. Depois, essa edificação não se torna mais 
interessante para a Administração Pública, visto que a União vai construir 
uma escola técnica profissionalizante bem nas proximidades do 
estabelecimento de ensino do Estado. Para que ter duas escolas, uma dando 
cabeçada na outra? Vai acabar existindo salas com meia dúzia de alunos, 
certo? Nesse caso, o que faz a Administração Pública? Vai rescindir o 
contrato, mesmo sem culpa do particular. O Artigo 78, inc. XII, é importante, 
surge em razão do interesse público. A AP reavaliou razões de interesse 
público, não sendo mais conveniente permanecer com o contratado. Não há 
culpa do contratado. É lógico que essa rescisão unilateral sem culpa do 
contratado tem que ter motivação obrigatória. A consequência da rescisão 
unilateral do contrato é que vai dar margem à indenização. Só que essa 
indenização não alcança lucros cessantes, só danos emergentes (Artigo 79 § 
2º II da Lei nº 8.666/93). Esse dispositivo é criticado pela doutrina porque, 
às vezes, uma empresa séria não participa de outras licitações só para dar 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 25 
assistência de perto à Administração Pública. 
 
Aula 4 
Exercícios de fixação 
Questão 1 - B 
Justificativa: A interferência imprevista talvez seja a única espécie de álea que 
precede à formação do contrato, ou seja, interferências imprevistas são 
acontecimentos anteriores ao contrato, mas que por serem desconhecidos das 
partes também ensejam a aplicação da teoria da imprevisão. Clássico exemplo 
da doutrina para essa espécie da álea econômica é o seguinte: numa obra, 
descobre-se que o terreno é rochoso, incompatível com a geologia local ou, 
então, na construção de um prédio público, durante as fundações, começa a 
jorrar petróleo. Notem, porém, que aquele determinado terreno já existia ali há 
alguns milhões de anos antes de se pensar em contrato, ou seja, tal 
acontecimento, percebe-se, escapa ao conhecimento das partes, que dele só 
tomam ciência da situação, imprevista e inevitável, quando a obra já foi 
iniciada. Por óbvio que engenheiros já teriam feito o devido estudo do solo, 
exatamente para não serem surpreendidos, porém, esse é o exemplo 
costumeiro, dado pelo doutrina, para justificar a existência dessas 
interferências, que dificultam e oneram extraordinariamente o prosseguimento 
e a conclusão dos trabalhos. Por fim, cumpre frisar que , no que tange essas 
áleas, é resolvido por um único dispositivo da Lei nº 8.666/93, que é o Artigo 
65, II, alínea “d”. 
 
Questão 2 - E 
Justificativa: Fato do príncipe são atos de governo não diretamente ligados ao 
contrato, mas que sobre ele exercem influência reflexa. Ou seja, o governo 
pratica ato imprevisível, ou ainda ato previsível, mas de consequência 
incalculável, desequilibrando sua equação econômico-financeira. O fato do 
príncipe quebra o equilíbrio econômico e financeiro do contrato. Ocorre que ele 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 26 
é um ato genérico e abstrato do Poder Público. Dessa forma, ele quebra 
indiretamente o equilíbrio econômico do contrato. Ele não altera nenhuma 
cláusula de serviço do contrato, mas acaba alterando seu equilíbrio econômico. 
Segundo alguns doutrinadores, o próprio conceito de fato do príncipe se 
encontra na alínea “d” do inciso II, do Artigo 65, e no § 5º deste mesmo artigo. 
 
Questão 3 - B 
Justificativa: O fato da Administração não afeta o equilíbrio econômico do 
contrato, mas o agrava ainda mais, pois afeta a própria subsistência do 
contrato, uma vez que é sustada sua execução até ser removido o fato da 
Administração, ou seja, até pagar, está suspensa a execução do contrato. 
Então, o fato da Administração aparece em dois casos: inadimplência da 
Administração, que leva à rescisão do contrato, e atraso da Administração, que 
leva à prorrogação do contrato. Não se fala em equilíbrio do contrato, mas na 
sua existência ou não. A inadimplência da Administração vem tratada no Artigo 
78, XVI. Desse modo, a Administração responde por esse agravamento, o que 
gera o dever de a Administração rever o contrato em virtude de seu 
comportamento culposo. Do atraso da Administração trata o Artigo 57, § 1º, VI, 
da Lei nº 8.666/93, que também fala de equilíbrio econômico e financeiro do 
contrato. O atraso vai levar a uma prorrogação do contrato. 
 
Questão 4 - A 
Justificativa: A primeira alternativa está certa, pois ela ocorre quando, no curso 
do contrato, sobrevêm eventos excepcionais e imprevisíveis que impedem o seu 
cumprimento. A segunda alternativa está errada, pois a empresa não será 
obrigada a ressarcir, exatamente, pela aplicação da teoria da imprevisão. A 
terceira está igualmente incorreta, já que não ocorreu o denominado fato do 
príncipe. Não foi o Estado que decidiu suspender o fornecimento do gás 
combustível. Por fim, a última opção também está errada, na medida em que 
não é cabível a propositura de tal ação contra o governo estrangeiro, pois 
sequer existe algum contrato de fornecimento de gás entre a empresa e este. 
Ademais, não existe o mencionado tribunal. 
 
 LICITAÇÕES PÚBLICAS E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 27 
Questão 5 - B 
Justificativa: Encargos trabalhistas e fiscais – Artigo 71 § 2º da Lei nº 8.666/93 
(§ 2º A Administração Pública responde solidariamente com o contratado pelos 
encargos previdenciáriosresultantes da execução do contrato, nos termos do 
Artigo 31 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (Redação dada pela Lei nº 
9.032, de 1995).

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