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D I R E I T O P E N A L - I Aulas

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D I R E I T O P E N A L
Definição:
“Conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas de segurança” (Cezar Roberto Bitencourt) 
FINALIDADE DO DIREITO PENAL
Proteção da sociedade e, mais precisamente, a defesa dos bens jurídicos fundamentais (vida, integridade física e mental, honra, liberdade, patrimônio, costumes, paz pública, etc) (Júlio Fabbrini Mirabete).
Características do Direito Penal
É ramo do Direito Público (regula relações entre os indivíduos e a sociedade).
O direito de punir (jus puniendi) é exclusivo do Estado, mesmo que a proposta de ação seja de um particular.
Tutela os bens jurídicos mais importantes (vida, liberdade, patrimônio, dignidade sexual, etc)
DIREITO PENAL COMO CIÊNCIA
Cultural: é produto da evolução cultural do homem em sociedade, integrando a categoria do “dever ser” e não a do “ser”;
Normativa : estuda a norma e as consequências jurídicas de seu não-cumprimento;
Finalista: age em defesa da sociedade protegendo os bens jurídicos fundamentais;
Sancionadora: impõe sanções para a proteção de outras normas (extrapenais) como o direito à propriedade, por exemplo.
Direito Penal Material: encontra-se reunido no Código Penal e em outras leis penais (extravagantes/peregrinas), onde são definidas as condutas contrárias ao ordenamento jurídico e cominadas as respectivas penas.
Direito Penal Formal: são as normas de aplicação do Direito Penal (material) contidas principalmente no Código de Processo Penal.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL
TEMPOS PRIMITIVOS
1.Vingança Privada
1.1 Reação imediata ao crime (agressão) pela própria vítima, sua família e mais tarde pelo grupo a que pertencia.
1.2 A resposta ao crime geralmente era desproporcional à agressão sofrida, surgindo então a idéia do talião (olho por olho, dente por dente) incorporada a diversas legislações antigas (Código de Hamurabi, Êxodo, Levítico , etc).
1.3 A evolução do princípio do talião possibilitou a composição (indenização à vítima)
2.Vingança Divina
2.1 É a vertente religiosa do Direito Penal, sendo o castigo uma exigência dos deuses imposto pelos sacerdotes (Código de Manu “Índia”, Código de Hamurabi “Babilônia”, etc).
3. Vingança Pública
3.1 A repressão ao crime se dava por meio da aplicação de penas severas, garantindo a segurança dos soberanos
3.2 Predominava o arbítrio do soberano e a crueldade das penas (morte na fogueira, esquartejamento, arrastamento, sepultação em vida, etc)
3.3 Paralelamente à vingança pública, subsistiam ainda a vingança privada e a vingança divina 
PERÍODO HUMANITÁRIO
CESARE BECCARIA (Marquês de Bonesana) – Filósofo e autor do livro Dos Delitos e das Penas (1764), analisou criticamente o sistema de justiça criminal da época (a interpretação das leis, o testemunho humano, as infrações penais da época).
JOHN HOWARD – Xerife de Bedford (Inglaterra), percorreu as prisões européias e relatou o que viu no livro The State of Prisions in England and Wales (1770). Encabeçou movimento reformador das prisões, defendendo tratamento mais digno para os presos (trabalho, religião, alimentação sadia, etc).
JEREMIAS BENTHAM – Entendia que a finalidade da pena era a prevenção do delito, não obstante admitisse o seu caráter correicional. Publicou em 1818 a obra Teoria das Penas e das Recompensas. Idealizou o panótico (arquitetura prisional)
Características e Institutos do Direito Penal Romano
Direito de ciclo completo?
Desenvolvimento das doutrinas da imputabilidade e culpabilidade).
O elemento subjetivo doloso (animus, astúcia) se encontra claramente diferenciado (dolo e culpa).
Teoria da tentativa (não teve desenvolvimento completo).
Reconhecimento das causas de justificação do crime (legítima defesa e estado de necessidade). 
A pena constitui uma reação pública, correspondendo ao Estado a sua aplicação.
Diferenciação entre autoria e participação.
Distinção entre Crimina publica e delicta privada ( ação penal pública e privada).
Características e Institutos do Direito Penal Germânico
Primitivamente não era escrito (consuetudinário).
Objetivava a Paz Pública (uma das penas era a “Perda da Paz” que autorizava qualquer pessoa matar o criminoso impunemente).
Quando o crime era privado, o agressor era entregue à família do ofendido para a justiça de sangue.
A vingança de sangue mais que um direito era um dever do ofendido.
Com o advento da monarquia entre os povos germânicos, a vingança de sangue é substituída pela composição (indenização à vítima).
A responsabilidade objetiva (imputação objetiva) era a regra, desconsiderando-se o elemento subjetivo do crime).
Utiliza-se também o procedimento ordálico (prova de Deus).
Características e Institutos do Direito Penal Canônico
Ordenamento jurídico da Igreja Católica 
Primitivamente tinha caráter disciplinar (para os membros da Igreja) 
Com o fortalecimento da Igreja Católica o Direito Canônico passa a ser aplicado também a leigos 
O recrudescimento dos postulados do Direito Canônico gerou a inquisição 
Influenciou os princípios que regem as prisões modernas (penitência) 
Crime e pecado. Pena e expiação do pecado 
Características e Institutos do Direito Penal Comum
Medieval, baseava-se nos costumes locais, no direito feudal, romano, canônico, acompanha o surgimento dos direitos nacionais .
Opera-se o renascimento dos estudos do direito romano (fenômeno da recepção).
Surge os glosadores (comentadores) do direito romano à luz do direito canônico e do direito local.
Por influência dos glosadores surgiram importantes diplomas legais.
ESCOLAS PENAIS 
Clássica, Positiva, Técnico-jurídica
O que se entende por Escola Penal ?
“Corpo orgânico de concepções contrapostas sobre a legitimidade de punir, sobre a natureza do delito e sobre o fim das sanções” (Luiz Jimenez de Asúa)
Escola Clássica
Inexistência orgânica (forma pejorativa)
Fundamentada em postulados do Iluminismo e humanismo (Voltaire, Montesquieu e Rousseau deram suporte ao processo de humanização das Ciências Penais).
A obra de Cesare Beccaria Dos Delitos e das Penas (1764) é um marco na doutrina humanista.
Censura aberta à legislação penal extremamente cruel da época.
Vertentes da Escola Clássica:
Jusnaturalismo (Grócio) Direito natural e superior resultante da própria natureza humana, imutável e eterno. 
Contratualismo (Rousseau) Resulta de um grande e livre acordo entre os homens, visando a segurança de todos. 
Observação - A aparente contradição das duas teorias é compensada no fundamental: o sistema jurídico deve ser anterior e superior ao Estado.
Escola Positiva
Aparece no final do século dezenove, coincidindo com o desenvolvimento de estudos biológicos e sociológicos. 
É também contemporânea da Criminologia, enquanto ciência.
Surge o descrédito das explicações metafísicas e espirituais.
Cesare Lombroso publica o livro L’uomo Delinquenti (1875).
A pena perde o caráter vingativo.
Escola Técnico-Jurídica
Tem em Arturo Rocco seu idealizador, que sugere o nome da Escola em palestra proferida na Itália em 1905.
Reage à confusão metodológica criada pela Escola Positiva que confundia Direito Penal com Criminologia e Política Criminal 
Sustenta que a ciência penal é autônoma, normativa e seu método de estudo é o lógico-abstrato
O Direito Penal é entendido como uma exposição sistemática dos princípios que regulam os conceitos de delito e de pena, e da consequente responsabilidade.
Obs.: É na Alemanha com Karl Binding (1920) que a escola mais se desenvolve e chega até nossos dias.
Evolução Histórica do Direito Penal Brasileiro Períodos Colonial, Imperial, Republicano
PERÍODO COLONIAL
Ao descobrir o Brasil (1500), o conquistador português não encontrou entre os indígenas uma sociedade juridicamente organizada.
As regras de convívio social eram consuetudinárias e transmitidas oralmente (conheciam empiricamente o talião, a composição e a expulsão da tribo).
Vigoravam em Portugal, à época,
as Ordenações Afonsinas (1446), substituídas posteriormente pelas Ordenações Manuelinas (1521), e, por último, pelas Ordenações Filipinas (1603)
O arbítrio dos donatários , na prática, era a regra, dada a distância do Brasil em relação a Portugal.
O Livro V, das Ordenações Filipinas, tratava de matéria penal (penas de morte, açoite, amputação de membros, degredo, etc).
PERÍODO IMPERIAL
O Código Criminal do Império (1830).
Com a independência do Brasil (1822), a constituição brasileira de 1824 determinou a elaboração de um código criminal fundado nas sólidas bases da justiça e da equidade.
Em 1827, José Clemente Pereira e Bernardo Pereira de Vasconcelos apresentaram, individualmente, projeto de código criminal, sendo sancionado, em 1830, por D. Pedro I, o Código de Bernardo Pereira de Vasconcelos.
Por sua clareza e apuro técnico, o Código Criminal do Império influenciou os códigos espanhol (1848) e português (1852).
PERÍODO REPUBLICANO
Com o advento da República (1889), Batista Pereira elaborou açodadamente um projeto de código, que foi aprovado e publicado em 1890 (antes da Constituição de 1891).
A doutrina considera o código de 1890 o pior de todos já elaborado no Brasil (desconsiderou os postulados do positivismo).
Diversas leis extravagantes foram editadas e, ao final, reunidas por Vicente Piragibe na Consolidação das Leis Penais (1932).
Projetos para substituição do Código de 1890:
1893 – João Vieira de Araújo (não obteve êxito)
1913 – Galdino Siqueira (não foi apreciado pelo Parlamento)
1928 – Virgílio de Sá Pereira (não obteve êxito)
O CÓDIGO PENAL DE 1940 
Em 1937, durante o Estado Novo, Alcântara Machado apresenta um novo projeto de código penal que é sancionado por decreto, em 1940, e entra em vigor em 1942 (Decreto-lei nº 2.848, de 7-12-1940).
Em 1984 é sancionada a Lei 7.209/84, que entra em vigor em fevereiro de 1985, alterando completamente a Parte Geral do Código Penal (Artigos 1º a 120).
DIREITO PENAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
A CF definiu o perfil político-constitucional do Brasil como um Estado Democrático de Direito.
Estado Democrático de Direito é muito mais do que simplesmente Estado de Direito, posto que este último garante a igualdade meramente formal entre os homens.
As leis devem possuir adequação social.
No âmbito penal, as leis devem punir apenas as condutas que possuam real lesividade social. 
Os princípios do Direito Penal devem todos se orientar a partir do princípio da dignidade humana.
O Estado de Direito constituiu um avanço do liberalismo burguês contra o arbítrio do Absolutismo Monárquico.
É possível um Estado de Direito, com leis iguais para todos, sem que, no entanto, se realize a justiça social.
Características do Estado Democrático de Direito
Imposição de metas e deveres quanto à construção de uma sociedade livre, justa e solidária:
pela garantia do desenvolvimento nacional ;
pela erradicação da pobreza e da marginalização;
pela redução das desigualdades sociais e regionais;
pela promoção do bem comum;
pelo combate ao preconceito de raça, cor, origem, sexo, idade e quaisquer outras formas de discriminação
pelo pluralismo político e liberdade de expressão das idéias;
pelo resgate da cidadania ;
pela afirmação do povo como única fonte do poder e pelo respeito inarredável da dignidade humana.
PRINCÍPIOS LIMITADORES DO PODER PUNITIVO DO ESTADO
O QUE SIGNIFICA PRINCÍPIO?
O termo princípio, em regra, parece designar o começo ou início de alguma coisa, porém, em termos jurídicos, é muito mais amplo; o princípio quer na verdade alicerçar uma estrutura, garantir a sua existência e a sua aplicabilidade. Na doutrina jurídica, variados são os conceitos de princípio, inúmeras são as classificações que lhes são atribuídas e, por fim, também não existe um consenso sobre sua função. (Sérgio Gabriel - O papel dos princípios no Direito brasileiro e os princípios constitucionais)
Consequência da violação de um princípio: 
“Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa ingerência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia (injúria) irremissível (imperdoável) a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra”. (Celso Antônio Bandeira de Mello).
Impõe limites à intervenção estatal no campo da aplicação da pena.
Ingressaram nas legislações penais como garantia contra o absolutismo.
Ganharam dimensão constitucional (Estão todos implícita ou explicitamente insertos na C.F).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE OU DA RESERVA LEGAL
Pelo Princípio da Legalidade a elaboração de normas incriminadoras é função exclusiva da lei (stricto sensu), isto é, nenhum fato pode ser considerado crime e nenhuma pena criminal pode ser aplicada sem que antes da ocorrência desse fato (anterioridade) exista uma lei definindo-o como crime e cominando-lhe a sanção correspondente.
Feuerbach, no início do século XIX, resumiu o princípio na fórmula latina: “ Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege”
A Constituição Federal (1988) consagrou o princípio no artigo 5º, inc. XXXIX: “não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
A lei deve definir com precisão e de forma cristalina a conduta proibida (taxatividade , clareza).
A anterioridade da lei aparece como um corolário (consequência) da legalidade
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL
Desde que uma lei entra em vigor até que cesse sua vigência, deve reger todos os atos abrangidos pela sua destinação. Não alcança, assim, os fatos ocorridos antes ou depois dos dois limites extremosExemplo:
Favorecimento real 
Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime:
 Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
Art. 349-A.  Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (Incluído pela Lei nº 12.012, de 2009). 
Exceção: no caso de lei posterior mais benéfica para o agente, está deverá ser aplicada.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Claux Roxin (1964) criou a terminologia, defendendo que a tipicidade penal exige a ofensa de alguma gravidade ao bem jurídico tutelado.
Devem ser tidas como atípicas as ações ou omissões que afetem infimamente (minimamente) um bem jurídico.
Klaus Tiedmann chamou de princípio da bagatela, defendendo ser imperativa a efetiva proporcionalidade entre a gravidade Da conduta que se pretende punir e a drasticidade da intervenção estatal.
CONDIÇÕES PARA APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
Mínima ofensividade da conduta.
Inexistência de periculosidade social do ato.
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento.
Inexpressividade da lesão provocada. 
Obervações:
Os crimes de menor potencial ofensivo e as contravenções penais já foram devidamente valorados pelo legislador quanto à pena.
Não se pode confundir pequeno valor (furto, artigo 155, § 2º, do CP) com valor ínfimo ou nulo que leva à atipicidade.
PRINCÍPIO DA HUMANIDADE
Nenhuma pena pode atentar contra a incolumidade (não lesividade) da pessoa humana. Este princípio impede a adoção da pena capital (morte) e da prisão perpétua no Brasil. A proibição de penas cruéis e infamantes, de torturas e maus-tratos nos interrogatórios policiais e a obrigação imposta ao Estado de dotar sua infra-estrutura carcerária de meios e recursos que impeçam a degradação e a dessocialização dos condenados decorrem do princípio da humanidade.
ARTIGO 5º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
XLVII - não haverá penas: 
 a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos
do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; 
 XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; 
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; 
PRINCÍPIOS DA INTERVENÇÃO MÍNIMA E DA FRAGMENTARIEDADE
Também conhecido como ultima ratio (última razão ou argumento), preconiza que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico. Se outras formas de sanção (civil, administrativa, comercial, etc) revelarem-se suficientes, a sua criminalização é inadequada e não recomendável. Por outro lado, como corolário (consequência) da intervenção mínima, a fragmentariedade busca selecionar fragmentos de antijuridicidade penalmente relevantes. (seletividade).
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
A sanção penal deve ser sempre proporcional ao delito praticado.
Este princípio é uma consagração do constitucionalismo moderno, embora já fosse reclamado por Cesare Beccaria (Dos Delitos e da Penas, 1764)
A Constituição Federal brasileira recepcionou este princípio em vários dispositivos, tais como: exigência da individualização da pena; proibição de determinadas modalidades de sanções penais; admissão de maior rigor para crimes mais graves, previsão de crimes de menor potencial ofensivo. 
Na antiguidade, o talião já ensaiava o princípio da proporcionalidade.
FONTES DO DIREITO PENAL
CONCEITO
Fonte é o lugar donde provém a norma de direito. Fonte do Direito Penal é, pois, aquilo de que ele se origina. (Magalhães Noronha).
CLASSIFICAÇÃO DAS FONTES:
Fontes materiais ou de produção: dizem respeito à origem (gênese) do Direito Penal. O Estado é a única fonte de produção (fonte material) do Direito Penal. A C.F no art. 22, I prescreve que compete à União legislar sobre matéria penal. (Parágrafo único: Lei Complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo).
Fontes formais ou de conhecimento: referem-se às formas de manifestação das normas jurídicas. dividem-se em: IMEDIATAS, que são as leis (não abrange decretos, portarias, medidas provisórias) e MEDIATAS (indiretas), que são os costumes, a doutrina, a jurisprudência e os princípios gerais de direito. 
a) costumes
consistem na reiteração constante e uniforme de regras de conduta social. Há expressões descritas em tipos penais (crimes) que se interpretam pelo costume. Exemplos: honra, decoro, reputação, ato obsceno. Confrontando-se com a lei, o costume pode ser:
secundum legem: é o que encontra suporte legal;
praeter legem: destina-se a suprir eventuais lacunas da lei (art. 4º da LICC) (as praxes forenses);
contra legem: é formado em sentido contrário ao da lei, contudo não não faz desaparecer a norma criminal, que somente se revoga com outra lei. (jogo do bicho)
b) Jurisprudência
Entendida como a repetição de decisões num mesmo sentido, tem grande importância na consolidação e pacificação das decisões dos tribunais.
c) Doutrina 
Resultado da atividade intelectual dos doutrinadores, que objetivam sistematizar as normas jurídicas, construindo e elaborando conceitos, princípios, e teorias que facilitem a interpretação e aplicação das leis vigentes.
d) Princípios gerais de direito
Fundam em premissas éticas extraídas do material legislativo.
INTERPRETAÇÃO DAS LEIS PENAIS
O que é interpretar?
É descobrir o real sentido e o verdadeiro alcance da norma jurídica.
MODALIDADES DE INTERPRETAÇÃO EM MATÉRIA PENAL
01) QUANTO ÀS FONTES (autor): 
A) autêntica: é fornecida pelo próprio Poder Legislativo, quando edita lei para esclarecer o conteúdo ou significado de outra já existente, ou quando faz determinadas definições do tipo: funcionário público (art.327 do CP), casa (art. 150, parágrafos 4º e 5º do CP). (violação de domicílio)
B) judicial: realizada por juízes e tribunais. ( Busca a vontade da lei.) 
C) doutrinária: é feita pelos escritores de direito, em seus comentários às leis. (communis opinio doctorum).
INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA
EXEMPLIFICAÇÃO
Violação de domicílio
   Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.
§ 4º - A expressão "casa" compreende:
I - qualquer compartimento habitado;
II - aposento ocupado de habitação coletiva
III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
§ 5º - Não se compreendem na expressão "casa":
I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do parágrafo anterior;
II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Funcionário público 
  Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
 § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.      (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
MODALIDADES DE INTERPRETAÇÃO EM MATÉRIA PENAL
02) QUANTO AOS MEIOS: 
A) Interpretação gramatical ou literal (filológica ou sintática): busca o sentido literal do texto normativo.
I Deve-se dar preferência à linguagem técnica;
II A lei não tem palavras supérfluas;
III As expressões contidas na lei têm conotação técnica e não vulgar.
B) Interpretação histórica: baseia-se na investigação dos antecedentes históricos que levaram à criação da norma jurídica. Exposições de motivos, discursos em plenário, debates, trabalhos nas comissões legislativas, etc).
C) Interpretação lógico-sistemática: busca-se situar a norma no conjunto geral do sistema que a engloba, para justificar sua razão de ser. (Crimes de Perigo Comum - Incêndio)
MODALIDADES DE INTERPRETAÇÃO EM MATÉRIA PENAL
03) QUANTO AOS RESULTADOS: 
A) Declarativas: na interpretação declarativa o texto não é ampliado nem restringido, correspondendo exatamente a seu real significado. O intérprete apenas declara o que está contido na letra da lei.
Vicente Ráo preconizava que a interpretação declarativa “afirma a coincidência da norma com o sentido exato do preceito”.
B) Restritivas: o legislador exprimiu-se de forma ampliativa, foi além de seu pensamento, cumprindo ao intérprete restringir o alcance da norma. 
Ex. Fraude por meio de cheque (art. 171§ 2º, VI). Não é a simples emissão de cheque sem fundos que caracteriza o crime, mas a fraude quando lhe for inerente.
C) Extensiva: destinada a corrigir uma fórmula legal demasiadamente estreita, cujo significado fica aquém da expressão literal.
Exemplo I - O art. 260 do CP (Perigo de desastre ferroviário) inclui também o serviço de metrô.
Exemplo II - No art. 261 do CP deve ser incluída a navegação “lacustre” omitida pelo legislador. 
Exemplo III - A bigamia do art. 235 inclui também a poligamia.
INTERPRETAÇÃO JUDICIAL / EXTENSIVA
EXEMPLIFICAÇÃO
"CRIMINAL. RESP. REMIÇÃO. FREQÜÊNCIA EM AULAS DE ALFABETIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO ART. 126 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL. RECURSO DESPROVIDO. 
I. A Lei de Execuções Penais previu a remição como maneira de abreviar, pelo trabalho, parte do tempo da condenação. II. A interpretação extensiva ou analógica do vocábulo 'trabalho‘, para abarcar também o estudo, longe de afrontar o caput do art. 126 da Lei de Execução Penal, lhe deu, antes, correta aplicação, considerando-se a necessidade de se ampliar, no presente caso, o sentido ou alcance da lei, uma vez que a atividade estudantil, tanto ou mais que a própria atividade laborativa, se adequa perfeitamente à finalidade do instituto.
III. Sendo um dos objetivos da lei, ao instituir a remição, incentivar o bom comportamento do sentenciado e a sua readaptação ao convívio social, a interpretação extensiva se impõe in casu, se considerarmos que a educação formal é a mais eficaz forma de integração do indivíduo à sociedade. IV. Recurso desprovido." (REsp 445.942/RS, 5.ª Turma, Rel. Min. 
GILSON DIPP, DJ de 25/08/2003.) 
Ante o exposto, CONCEDO a ordem para, cassando o acórdão impugnado,
restabelecer a decisão proferida pelo Juízo das Execuções, concessiva do benefício da
remição da pena em relação aos dias de estudo efetivamente cursados.
É como voto.
MINISTRA LAURITA VAZ
Relatora
ANALOGIA EM DIREITO PENAL
CONCEITO DE ANALOGIA
Analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em lei, a disposição relativa a um caso semelhante.
I - É forma de integração e não de interpretação do Direito Penal (analogia, costumes, princípios gerais de direito – LICC);
II - Analogia é forma de auto-integração da ordem legal para suprir lacunas, estendendo a aplicação da lei a casos que ela não regula e de que não cogita;
III - O Direito Penal, como regra, proíbe analogia em relação a normas penais incriminadoras.
FORMULAÇÃO DE DAMÁSIO EVANGELISTA DE JESUS 
O legislador, através da lei A, regulou o fato B. O julgador precisa decidir o fato C. Procura e não encontra no direito positivo uma lei adequada a este fato. Percebe, porém, que há pontos de semelhança entre o fato B (regulado) e o fato C (não regulado). Então, através da analogia, aplica ao fato C a lei A. 
A ANALOGIA PODE SER DIVIDIDA EM: 
 in bonam partem (beneficia o sujeito) 
Exemplo: o aborto sentimental (praticado por médico) previsto no artigo 128, II, do CP (gravidez decorrente de estupro) pode ser analogicamente praticado quando a gravidez resulta de atentado violento ao pudor. 
in malam partem (prejudica o sujeito) 
Exemplo: o legislador não previu o furto de uso. Tentar incriminar alguém por esta conduta é tentar aplicar analogia em malam partem não admitida pela nosso Direito Penal.
DIFERENÇA ENTRE ANALOGIA E INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
 Analogia é forma de integração (auto-integração) da lei, já a interpretação analógica é forma de interpretação. Após enumerar casuisticamente as hipóteses, o legislador usa fórmula genérica deixando para o intérprete definir a situação em um caso concreto.
Exemplo I - Art. 121, § 2º, inciso III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso (traiçoeiro) ou cruel. 
Exemplo II – Art. 71 do CP (Crime Continuado)
INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
EXEMPLIFICAÇÃO
 Homicídio simples 
Art 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena 
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Homicídio qualificado 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
 II - por motivo fútil; 
 III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
 V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:         Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
Crime continuado 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
01. A lei penal como qualquer outra nasce, vive e morre.
02. A lei nova deve sempre ser entidade como melhor que a lei anterior.
03. Salvo disposição em contrário, a lei entra em vigor 45 dias após sua publicação no DOU.
04. Ao lapso temporal entre a publicação e a efetiva vigência dá-se o nome de vacatio legis (possibilita o seu conhecimento).
 REVOGAÇÃO: traduz a idéia de cessação da existência da lei.
 DIVIDE-SE EM: 
I - Derrogação: quando cessa em parte a autoridade da lei. Ex.: A lei 7.290/84 derrogou a parte geral do CP;
II - Ab-rogação: quando faz cessar por completo a vigência da lei.
A REVOGAÇÃO PODE SER: 
I - Expressa: quando a lei expressamente determina a revogação da lei anterior;
II - Tácita: quando o novo texto é incompatível ou regula inteiramente a matéria.
ATIVIDADE
Diz respeito ao fato de que uma lei, desde sua entrada em vigor, deve reger todos os fatos por ela abrangidos, enquanto dure a sua vigência.
EXTRA-ATIVIDADE
Refere-se à possibilidade de a uma lei reger situações ocorridas fora do seu período de vigência. A extra-atividade divide-se em:
Retroatividade – que possibilita a lei novel alcançar fatos ocorridos antes da sua vigência (em matéria penal somente a lei mais benigna pode retroagir)
Ultra-atividade – que permite à lei já revogada regular fatos ocorridos durante o período de sua vigência.
CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO
1. O princípio do tempus regit actum só tem aplicação integral em processo penal.
2. A lei nova deve sempre ser entidade como melhor que a lei anterior.
3. A lei mais benigna é retroativa e também ultrativa.
 
SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS:
a) O crime se inicia na vigência de uma lei, mas tem a consumação em outro momento. (homicídio, extorsão mediante sequestro, etc)
b) O crime é cometido na vigência de uma lei, mas a sentença se dá na vigência de outra (mais gravosa ou benigna)
c) Durante a execução da pena sobrevém lei mais benigna. 
Observação:
Como decorrência do princípio do nullum crimen, nulla poena sine praevia lege, há uma regra dominante: a da irretroatividade da lei penal, que deve se submeter ao da retroatividade da lei mais benigna.
CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO
Abolitio criminis: ocorre quando a lei nova deixa de considerar crime fato anteriormente tipificado como tal. Retroage para afastar as conseqüências jurídico-penais a que estariam sujeitos os autores de crimes. Atinge, inclusive, fatos já julgados definitivamente. ( Art. 240 – Adultério; 220 – Rapto Consensual)
Novatio legis incriminadora: ao contrário da abolitio criminis, considera crime fato anteriormente não incriminado. É irretroativa, não podendo alcançar condutas praticadas antes da sua vigência. (Art. 216-A – Assédio Sexual; 313-A - Inserção de dados falsos em sistema de informações)
Novatio legis in pejus: lei posterior, que de qualquer modo agravar a situação do sujeito, não retroagirá. Se houver um conflito entre duas leis, a anterior mais benigna, e a posterior mais severa, aplicar-se-á a mais benigna. A anterior será ultra-ativa por ser mais benigna. (Art. 217-A – Estupro de vulnerável)
 Novatio legis in mellius: pode acontecer que uma lei nova, mesmo sem descriminalizar uma conduta, dê tratamento mais favorável ao sujeito. Mesmo que a sentença condenatória encontre-se em fase de execução, prevalecerá a lex mitior.
Lei penal no tempo
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
LEIS TEMPORÁRIAS OU EXCEPCIONAIS
Leis temporárias são as que possuem prazo prefixado de vigência. Exemplo: congelamento geral de preços, em que se publica lei punindo a conduta de quem descumprir o tabelamento. Já as leis excepcionais
têm vigência em situações de emergência. Exemplo: a publicação, em tempo de guerra, de lei punindo a conduta de quem acender as luzes. Leis dessa natureza são ultra-ativas, alcançando fatos que ocorreram na sua vigência, mesmo depois de revogadas.
Lei excepcional ou temporária 
 Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.  
OBSERVAÇÕES 
1. A maior ou menor benignidade da lei deve ser apurada caso a caso. Havendo dúvida em relação à lei que melhor beneficia o réu, este deve ser consultado por meio de seu defensor.
2. Lei intermediária: quando a lei mais benigna não é a do tempo do crime e nem a da data da condenação, deve-se optar pela lei intermediária por ser a mais favorável (princípios gerais do direito) Há discussão doutrinária.
LEIS PENAIS EM BRANCO
CONCEITO
São as de conteúdo incompleto ou lacunoso, que precisam ser complementadas por outras normas jurídicas, geralmente de natureza extrapenal.
Exemplos:
I – Infração de Medida Sanitária Preventiva (Art. 268 do CP)
I - Omissão de Notificação de Doença (Art. 269 do CP); 
II - Conhecimento prévio de impedimento (Art. 237 do CP – o complemento está no art. 1.521 do CC).
Lei 11.343/06 (Antidrogas)
Revogam-se em decorrência da revogação de seus complementos? (divergência doutrinária). 
NORMAS PENAIS EM BRANCO EXEMPLIFICAÇÃO
Conhecimento prévio de impedimento
 Art. 237 - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
 Pena - detenção, de três meses a um ano.
 Infração de medida sanitária preventiva 
 Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa:
Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
Omissão de notificação de doença 
Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
TEMPO DO CRIME
TEORIAS ACERCA DO TEMPO DO CRIME 
Teoria da atividade: adotada pelo Código Penal, considera o momento do crime, o momento da ação ou omissão, ainda que seja outro o momento do resultado. (Exemplificar com o adolescente infrator)
Teoria do resultado: considera-se praticado o crime no momento do resultado (no homicídio, quando falecer a vítima).
Teoria mista (ou da ubiquidade): o momento do crime tanto pode ser o da ação quanto o do resultado. 
 Súmula 711 do STF
“A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”.
CONTAGEM DE PRAZO NO DIREITO PENAL
Artigo 10, do Código Penal 
A contagem de prazo tem influência no cumprimento da pena, extinção de punibilidade (prescrição), livramento condicional (período de prova), progressão de regime, etc.
O prazo se desenvolve entre dois termos: O termo inicial a quao e o termo final ad quem. 
Termo: É o instante determinado no tempo.
O prazo no Direito Penal se diferencia do Direito Processual Penal. No Direito Penal “o dia do começo inclui-se no cômputo do prazo” (Art. 10, do CP).
Qualquer que seja a fração do dia do começo, será contado como dia inteiro (vide Prisão Temporária de 05 dias)
Os dias, meses e anos são contados pelo calendário comum.
EXEMPLOS: 
Dias: São contados por dias corrrido 
Meses: 02 meses, iniciando-se no dia 03 abril, termina à meia-noite do dia 02 junho.
Anos: 03 anos, iniciando-se no dia 02 de janeiro de 2005, termina à meia-noite do dia 01 de janeiro de 2008.
Desprezam-se nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direito as frações de dia, e na pena de multa, as frações de cruzeiros. (dias-multa).
Contagem de prazo 
 Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
 Frações não computáveis da pena 
 Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
ITER CRIMINIS
COGITAÇÃO
Refere-se ao plano intelectual acerca da prática criminosa, com a visualização do resultado querido, essa fase é interna ao sujeito, está em sua mente, em sua cabeça, daí a expressão "interna". Não se pune essa fase, pois não há como adentrar à cabeça do sujeito, salvo exceções que sejam explícitas em algum tipo, caracterizando pois um fato típico. Se escolhe os meios e a opção mais adequada, bem como a previsão do resultado. Tudo que vier a ir além da mente do sujeito será pois, externo. 
ATOS PREPARATÓRIOS
Atos externos ao agente que passam da cogitação à ação objetiva, como a aquisição da arma para a prática de homicídio. Da mesma forma que a cogitação também não são puníveis. Contudo, há uma exceção no código penal brasileiro, a formação de Quadrilha ou bando (Art. 288), cuja reunião (em tese um ato preparatório) é punido como crime consumado, este crime é punido pois se entende que a quadrilha é uma ameaça à sociedade, mesmo que ela não exerça nenhum tipo de crime (furto, estelionato, sequestro, assassinato...), já é punida por ser quadrilha, o bem jurídico a ser tutelado aqui é o bem estar social. Há também um certo consenso na jurisprudência de que certos atos preparatórios devem ser punidos autonomamente como crime, por exemplo, as hipóteses de petrechos para a falsificação de moedas (Código Penal, Art. 291). 
ATOS DE EXECUÇÃO
São aqueles dirigidos diretamente à prática do crime. No Brasil o Código Penal em seu artigo 14, inciso II (o crime se diz tentado quando iniciada a execução, esta não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente), adotou a teoria objetiva ou formal para tentar diferenciar atos executórios de atos preparatórios. Assim, exige-se que o autor tenha realizado de maneira efetiva uma parte da própria conduta típica, adentrando no núcleo do tipo. É punivel como tentativa. 
CONSUMAÇÃO 
É o momento no qual estão presentes todos os elementos da definição legal do crime.
CONFLITO APARENTE DE NORMAS
CONCEITO
É quando, a um mesmo fato supostamente podem ser aplicadas normas diferentes, da mesma ou de diversas leis penais, surge o que é denominado conflito ou concurso aparente de normas. (Júlio Fabbrini Mirabete)
Pressupostos:
a) unidade de fato;
b) pluralidade de normas que (aparentemente) identificam o mesmo fato delituoso.
Observação: impossibilidade jurídica de aplicação de mais de uma norma em virtude do princípio do non bis in idem.
 PRINCÍPIOS ADOTADOS PARA A SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
 ESPECIALIDADE, SUBSIDIARIEDADE, CONSUNÇÃO E ALTERBNATIVIDADE
A) Princípio da Especialidade 
Diz-se que uma norma penal incriminadora é especial em relação à outra, quando possui em sua definição legal todos os elementos típicos desta, e mais alguns, de natureza subjetiva ou objetiva, denominados especializantes. O confronto entre as duas normas pode se dá em abstrato.
 Exemplos: 
I - Art. 121, parágrafo 2º, inciso V, (para assegurar a execução de outro crime). Esta norma é geral, em relação ao crime de latrocínio (art.157, § 3º, in fine, do CP), que norma especial.
II - O crime de infanticídio é especial em relação ao crime de homicídio, contém os elementos do homicídio e mais alguns (estado puerperal, próprio filho, etc).
O tipo fundamental no crime de furto é excluído pela figura privilegiada ou qualificada.
B) Princípio da subsidiariedade 
Há relação de primariedade e subsidiariedade entre normas quando descrevem graus de violação do mesmo bem jurídico, de forma que a infração definida pela subsidiária, de menor gravidade que a principal, é anulada por esta. A conduta punível deve ser analisada em concreto para que se determine o preceito legal a que se enquadra.
 
Expressa ou explícita: quando a
norma, em seu próprio texto, subordina a sua aplicação à não-aplicação de outra, de maior gravidade. Ex. art. 132, 239, 307, etc.
Tácita ou implícita: quando uma figura típica funciona como uma elementar ou circunstância legal específica de outra, de maior gravidade punitiva. Ex.: Ameaça/constrangimento ilegal, constrangimento ilegal/aborto sem o consentimento da gestante/extorsão/estupro, etc. (vis absoluta – força física) (vis compulsiva – ameaça) 
SUBSIDIARIEDADE EXPRESSA OU EXPLÍCITA
Perigo para a vida ou saúde de outrem 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
Simulação de casamento 
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
Falsa identidade 
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
SUBSIDIARIEDADE TÁCITA OU IMPLÍCITA
Ameaça 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Constrangimento ilegal 
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Estupro  
Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) 
C) Princípio da consunção 
Ocorre a relação consuntiva ou de absorção, quando um fato definido como crime é meio necessário ou fase de preparação ou execução de outro crime mais grave ou mais complexo.
Exemplos:
I O furto em residência absorve o crime de violação de domicílio. 
II O crime de homicídio absorve o de lesão corporal.
III O crime de lesão corporal absorve a contravenção penal de vias de fato.
D) Princípio da alternatividade 
A norma penal que prevê vários fatos alternativamente, como modalidade de um mesmo crime, só aplicável uma única vez, ainda que o agente tenha praticados todas as condutas sucessivamente. Ex: Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio. Receptação (art. 180 do CP).
Princípio da alternatividade
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Receptação 
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) 
Petrechos para falsificação de moeda 
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:
CONCEITOS DE CRIME ( Ausência de definição no CP).
CONCEITO FORMAL DE CRIME (aspecto externo, nominal do fato)
É o fato humano contrário à lei (Carmignani).
CONCEITO MATERIAL DE CRIME (conteúdo do fato)
É a violação de um bem penalmente protegido (José Frederico Marques).
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME (características do crime)
Do ponto de vista analítico, crime é o fato típico, antijurídico e culpável.
Teoria bipartida: Fato típico e antijurídico
Teoria tripartida: Fato típico, antijurídico e culpável.
Culpabilidade: é a reprovação da ordem jurídica em face de estar o homem ligado a um fato típico e antijurídico. Funciona como condição de imposição da pena.
ANÁLISE DO CRIME SOB O PONTO DE VISTA FORMAL
REQUISITOS 
Para que haja crime é necessário conduta humana (ação ou omissão);
Pelo princípio da reserva legal a conduta tem que estar prevista como crime;
O fato típico é o primeiro requisito do crime;
Não basta apenas que o fato seja típico, é necessário que seja antijurídico (contrário ao direito);
Às vezes a antijuridicidade da conduta é afastada por uma causa de exclusão (legitima defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito e estrito cumprimento do dever legal);
O conceito de antijuridicidade ou ilicitude se dá por exclusão, ou seja, o que não for declarado lícito, é antijurídico.
A punibilidade é apenas a consequência jurídica do delito e não uma característica sua.
ILICITUDE 
PENAL - CIVIL - ADMINISTATIVA
Ilícito penal é a violação do ordenamento jurídico, contra a qual, pela sua intensividade ou gravidade, a única sanção adequada é a pena, e ilícito civil é a violação da ordem jurídica, para cuja debelação bastam as sanções atenuadas da indenização, da execução forçada, da restituição in specie, da breve prisão coercitiva,da anulação do ato, etc. (Nelson Hungria)
Ilícito administrativo: não existe diferença ontológica em relação ao ilícito penal. A diferença reside na gravidade da violação ao ordenamento jurídico.
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
 
CONDUTA humana dolosa ou culposa.
RESULTADO (salvo nos crimes de mera conduta) (só é descrita a conduta: desobediência, violação de domicílio, porte ilegal de arma.
NEXO DE CAUSALIDADE entre a conduta e o resultado (salvo nos crimes de mera conduta e formais ) (formais: descreve conduta e resultado, mas não exige a produção deste: ameaça, violação de segredo profissional, concussão, etc).
TIPICIDADE, que é o enquadramento do fato material a uma norma penal incriminadora.
ELEMENTOS DO FATO TÍPICO
1. CONDUTA: é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada finalidade.	 (Damásio E. de Jesus)
 
Elementos da conduta: 
a) ato de vontade dirigido a uma finalidade; 
b) atuação positiva ou negativa dessa vontade no mundo exterior (fazer ou não fazer). (vontade, finalidade, exterioridade, consciência).
 
Formas de conduta: 
a) comissiva: caracteriza-se pela realização de comportamento positivo (subtrair, matar, apropriar-se, destruir, etc)
b) omissiva: revela-se pela não-realização de um comportamento exigido que o sujeito podia concretizar. 
c) comissiva-omissiva: resulta do dever jurídico de impedir o resultado, como no caso da mãe que deixa do filho morrer de inanição. 
Elemento subjetivo 
a) dolo (direto/determinado) (indireto: alternativo/indeterminado)
b) culpa
c) preterdolo ou preterintenção (Lesão Corporal Seguida de Morte, Aborto com resultado morte ou lesão grave em relação à gestante)
 
Sujeitos do crime 
a) Sujeito ativo: é o ser humano praticante da conduta típica descrita na norma penal incriminadora (César Dario Marino da Silva)
b) Sujeito passivo: é o titular do objeto jurídico atingido pela conduta criminosa, dividindo-se em formal ou constante, que é o Estado (titular do direito de punir); e, material, que o titular do interesse penalmente protegido.
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES EM FACE DO SUJEITO ATIVO 
Crime comum: pode ser praticado por qualquer pessoa. Exemplo: homicídio, furto, lesão corporal, dano, etc.Crime próprio: exige qualidade especial do sujeito ativo. Exemplo: peculato, corrupção passiva, auto-aborto (124, primeira parte).
Crime de
mão própria: só pode ser cometido pelo sujeito em pessoa. Exemplo: falso testemunho, prevaricação, deserção (CPM). (admite participação moral).
RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA 
 
A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 173, parágrafo 5º, e 225, parágrafo 3º, determina que a lei puna a pessoa jurídica nos atos cometidos contra a economia popular, a ordem econômica e financeira e o meio ambiente.
Teorias acerca da natureza da pessoa jurídica:
Teoria da ficção: a PJ não tem capacidade penal e, portanto, não pode cometer crime. Falta-lhe os requisitos psíquicos da imputabilidade. Não tem consciência nem vontade própria.Teoria da realidade ou organicista: entende a pessoa jurídica como um ser real, um verdadeiro organismo datado de vontade própria.
1. A lei 9.605/98 (Lei dos crimes ambientais) prevê a responsabilização.
2. A dupla imputação (bis in idem?)
OBJETO DO DELITO
OBJETO JURÍDICO DO CRIME
É o bem ou interesse que a norma penal tutela : vida, integridade física, patrimônio, honra, etc.
OBJETO MATERIAL DO CRIME
É a pessoa ou coisa contra a qual recai a conduta do sujeito ativo, como o homem vivo no homicídio, a coisa no furto, o documento na falsificação, etc.
OBSERVAÇÃO
Às vezes, o sujeito passivo coincide com o objeto material ,é o que ocorre no homicídio e na lesão corporal, por exemplo. 
TEORIAS SOBRE A CONDUTA 
TEORIA CAUSALISTA (naturalista, tradicional, clássica)
A conduta é comportamento humano voluntário de fazer ou não fazer. É processo mecânico, muscular. Basta a voluntariedade (sem se indagar acerca da finalidade da conduta) para que haja o crime. Exemplo: Quando alguém aperta o gatilho de uma arma e atinge outra pessoa não se cogita sobre a finalidade do agente.
Dificuldades: conceituação da tentativa e explicação da tipicidade quando o tipo contém elementos subjetivos na própria descrição.
Crítica: essa teoria é criticada em virtude da cisão de um fenômeno real, separando-se a ação voluntária de seu conteúdo (o fim do agente ao praticar a ação).
TEORIA FINALISTA (ou da ação finalista) 
Todo comportamento do homem tem uma finalidade. A conduta realiza-se mediante a manifestação da vontade dirigida a um fim determinado, devendo assim ser apreciada juridicamente. No crime doloso a finalidade da conduta é a vontade de concretizar um fato ilícito. No crime culposo o agente responde por não ter empregado os cuidados necessários para evitar o resultado.
Exemplo: Atingimento de um ladrão que escondeu-se atrás de placa de tiro ao alvo para fugir da polícia.
TEORIA SOCIAL DA AÇÃO
A teoria social da ação (da adequação social ou normativa) faz um ponte entre as teorias causalista e finalista. A relevância social da ação deve também ser o critério no campo penal. Como o Direito Penal só comina pena às condutas socialmente danosas e como socialmente relevante é toda conduta que afeta a relação do indivíduo para com seu meio, sem relevância social não há relevância jurídico-penal. 
 
Exemplo: o médico que faz uma cirurgia quer curar o paciente, portanto não há ação típica de lesão corporal.
Crítica: dificuldade de conceituar o que seja relevância social (juízo ético), tornaria vaga, indeterminada a tipicidade.
2. RESULTADO 
Conceito: é a modificação do mundo exterior provocado pelo comportamento humano voluntário (Damásio Evangelista de Jesus).
1. Nos trabalhos forenses e na doutrina evento e resultado são usados como sinônimos.
2. Não constitui obstáculo ao entendimento da existência de crimes sem resultado naturalístico o que se contém nos artigos 13 e 18 do CP.
 
Teorias acerca da natureza resultado:
a) Teoria naturalística: resultado é a modificação do mundo externo causado por um comportamento humano.
b) Teoria jurídica ou normativa: o resultado da conduta é a lesão ou perigo de lesão de um interesse protegido pela norma penal. (todo crime produz resultado “dano ou perigo” mesmo os de mera conduta).
O N E X O D E C A U S A L I D A D E
 SUPERVENIÊNCIA CAUSAL 
 
Causa: é toda condição que atua paralelamente à conduta, interferindo no processo causal (Fernando Capez)
Concausas: o Código Penal adotou a “teoria da equivalência dos antecedentes causais”, assim, qualquer conduta que tiver contribuído para a produção do resultado deve ser entendida como causa (conditio sine qua non).
Teorias acerca da causalidade não adotadas no Brasil:
A) Causalidade adequada: causa é a condição mais adequada para a produção do resultado;
b) Eficiência: causa é a condição mais eficaz na produção do resultado;
c) Relevância jurídica: causa é tudo que concorre para o evento ajustado à figura penal ou adequado ao tipo.
ESPÉCIES DE CAUSAS
Dependente: é aquela que tem origem na própria conduta do agente e, por isso, não exclui o nexo de causalidade. Exemplo: A atira em B, que em decorrência do ferimento sofre hemorragia e morre.
 
Independente: é aquela que escapa do desdobramento natural da conduta e produz, por si só, o resultado. Existem duas espécies de causas independentes: a absoluta e a relativamente independente.
ESPÉCIES DE CAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES 
 
Preexistentes
Já existiam antes mesmo da conduta ser realizada, portanto, o resultado iria acontecer de qualquer forma. Exemplo: o genro atira em sua sogra, mas esta morre em conseqüência não do disparo, mas de envenenamento anterior provocado pela nora. (O genro responde por tentativa de homicídio, se não teve nenhuma participação no envenenamento)
concomitantes
Acontece no mesmo instante em que a conduta é realizada, mas não tem qualquer ligação com esta. Exemplo: no instante em que a nora aplica o veneno na sogra, um assaltante entra na casa e atira na velhinha causando-lhe a morte. (A nora responde por tentativa de homicídio)
 
Superveniente 
Acontece após a realização da conduta do agente. Exemplo: após a nora ter envenenado a sogra, um maníaco invada a casa e mata a velhina a facadas. (A nora responde por tentativa de homicídio)
ESPÉCIES DE CAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES 
 
Preexistentes
A desfere uma facada no braço da vítima que morre em razão de sua condição de hemofílico. A hemofilia atuou como causa independente, mas provocada pela conduta do agente. (O sujeito ativo responde pelo resultado morte).
  
Concomitantes
A atira na vítima, que, assustada, morre de ataque cardíaco. A causa foi independente (colapso cardíaco), mas se originou da conduta do agente. (O sujeito responde pelo resultado morte).
 
Supervenientes
A vítima leva um tiro na perna e, ao ser conduzida para o hospital, morre em decorrência de um acidente com a ambulância. Neste caso, por força do disposto no parágrafo 1º, do artigo 13 do Código Penal, ocorre (por ficção jurídica) a ruptura do nexo causal, respondendo o agente apenas pela conduta anterior.
A CAUSALIDADE NA OMISSÃO 
 
CÓDIGO PENAL – ART. 13 “ O RESULTADO DE QUE DEPENDE A EXISTÊNCIA DO CRIME SÓ É IMPUTADO A QUEM LHE DEU CAUSA. CONSIDERA-SE CAUSA A AÇÃO OU OMISSÃO SEM A QUAL O RESULTADO NÃO SE PRODUZIRIA.
 
NÃO SE FALA EM NEXO CAUSAL OBJETIVO EM CRIMES OMISSIVOS, UMA VEZ QUE DO NADA, NADA SURGE. A ESTRUTURA DO TIPO PENAL OMISSIVO É ESSENCIALMENTE NORMATIVA. O AGENTE RESPONDE PELO RESULTADO NÃO PORQUE LHE DEU CAUSA COM A OMISSÃO, MAS PORQUE NÃO O IMPEDIU REALIZANDO UMA CONDUTA QUE ESTAVA OBRIGADO A REALIZAR.
 
O ART. 13, PARÁGRAFO 2º, DO CP REGULAMENTA A RELAÇÃO DE CAUSALIDADE NOS DELITOS COMISSIVOS POR OMISSÃO ADOTANDO A TEORIA DA OMISSÃO NORMATIVA, RESULTANDO QUE A OMISSÃO É PENALMENTE RELEVANTE QUANDO O OMITENTE DEVIA E PODIA AGIR PARA EVITAR O RESULTADO. 
O DEVER DE AGIR INCUMBE A QUEM 
A)	TENHA POR LEI OBRIGAÇÃO DE CUIDADO, PROTEÇÃO OU VIGILÂNCIA. Exemplo: mãe que deixa de alimentar o filho que morre de inanição (A obrigação de cuidado, proteção ou vigilância advém das relações de pátrio poder, casamento, família, etc).
B)	DE OUTRA FORMA, ASSUMIU A RESPONSABILIDADE DE IMPEDIR O RESULTADO. Exemplo: alpinista contratado ou que se ofereceu espontaneamente para guiar um grupo abandona-o,
sobrevindo resultado danoso. NÃO É DO CONTRATO FORMAL QUE SURGE O DEVER JURÍDICO, MAS DA POSIÇÃO DE GARANTIDOR DA NÃO OCORRÊNCIA DO RESULTADO.
 C) COM SEU COMPORTAMENTO ANTERIOR, CRIOU O RISCO DA OCORRÊNCIA DO RESULTADO. Exemplo: um exímio nadador convida alguém a acompanhá-lo em um longo nado e, em determinado instante, vendo que o companheiro está perdendo as forças, não socorre, deixando-o morrer.
CASO FORTUITO 
Diz-se caso fortuito, toda ocorrência episódica, ocasional, rara, como no exemplo de alguém que involuntariamente tropeça e cai dentro de tonel cachaça, embriagando-se.
 
FORÇA MAIOR
A força maior deriva de uma força externa ao agente. É o caso, por exemplo, da pessoa que é obrigada por coação a ingerir bebida alcoólica. 
 
Observação: o caso fortuito e a força maior excluem a própria conduta, por ausência de dolo e culpa. Não atuam, portanto, sobre o nexo causal. 
IMPUTAÇÃO OBJETIVA
Desenvolvida por Karl Larenz (1927) e Richard Honig (1930) rechaçavam o rigorismo causalista da conditio sine qua non. Para a existência do crime, além do elo naturalístico de causa e efeito, são necessários os seguintes requisitos: a) criação de um risco proibido (não há adequação típica, por exemplo, na conduta da mulher que convida o marido para ir à praia na esperança de que ele se afogue, pois este é um risco permitido); b) que o resultado esteja na mesma linha de desdobramento causal da conduta (Ex: um traficante não pode ser responsabilizado pela conduta imprudente do usuário que morre de overdose); c) que o agente atue fora do sentido de proteção da norma (Ex. quem atira no braço de alguém que ameaça se suicidar com um tiro não pode responder por lesão corporal).
 
Observações:
O mero ingresso do dolo e da culpa no curso causal (conditio sine qua non) não resolve a questão do nexo causal.
02) Qualquer comportamento socialmente padronizado será considerado “objetivamente” atípico.
03) Para que haja o crime é preciso que o agente tenha o domínio do fato (controle a relação de causalidade)
T I P I C I D A D E
CONCEITO
É a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a descrição de cada espécie de infração contida na lei penal incriminadora. (Damásio E. de Jesus)
a) Elementos objetivos do tipo: também chamados de elementos descritivos, são os que se referem à materialidade da infração penal, no que diz respeito à forma de execução, tempo, lugar, etc. O verbo constitui o núcleo do tipo, a sua parte mais importante. Ex. matar, subtrair, constranger, destruir. (às vezes o verbo não é um injusto: ex: retirar, expor, etc).
b) Elementos normativos do tipo: são os que exigem um juízo de valor dentro do próprio campo da tipicidade, exteriorizando-se em expressões como: indevidamente (arts: 162, 319, 296 do CP), sem justa causa (arts: 246 e 248 do CP), e ainda nos ternos sem permissão legal, fraudulentamente, seu autorização, etc.
c) Elementos subjetivos do tipo (do injusto): referem-se ao estado anímico do sujeito, à sua intenção, exteriorizam-se em expressões como: para ocultar desonra própria (art. 134 do CP), com o intuito de (art. 158), por motivo (art. 208), para satisfazer (347), a fim de (353), etc.
ERRO DE TIPO
BASE LEGAL
Art. 20 do Código Penal - “ O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei”.
 
CONCEITO
É o que recai sobre circunstância que constitui elemento essencial do tipo. É a falsa percepção da realidade sobre um elemento do crime. É a ignorância ou falsa representação de qualquer dos elementos constitutivos do tipo penal.
 
FORMAS DE ERRO DE TIPO
ESSENCIAL 
Incide sobre elementares e circunstâncias do crime. Impede o agente de compreender o caráter criminoso do fato ou de conhecer a circunstância
Essencial invencível ou escusável (não pode ser evitado) - Exclui o dolo e a culpa, caso o crime admita essa última modalidade. Exemplo: Um caçador na floresta atira em um artista fantasiado de cervo. Se a fantasia era perfeita a ponto de confundir qualquer pessoa, afasta-se dolo e culpa.
 
Essencial vencível ou inescusável (poderia ser evitado pelo agente) - Recaindo sobre elementar, exclui o dolo, mas não a culpa. Exemplo: No caso acima apresentado, se o artista não estivesse fantasiado e o caçador, sendo míope, tivesse atirado, agiria culposamente.
ERRO DE TIPO ACIDENTAL 
Incide sobre dados irrelevantes da figura típica, fazendo com que o agente responda pelo crime como se não houvesse erro.
 
Erro sobre o objeto 
É o erro sobre a coisa que caracteriza o objeto material do crime. Exemplo: Furtar café pensando que está furtando feijão. É irrelevante.
 
Erro sobre a pessoa (error in persona)
O sujeito mata uma pessoa pensando que está matando outra. Responderá como se tivesse matado a pessoa pretendida. 
 
Erro na execução do crime (aberratio ictus) 
Também conhecida como desvio de golpe, ocorre quando se dá erro não em relação à pessoa que se pretendia atingir, mas em relação à execução do crime. Ex. Pretendendo atingir A, o sujeito erra a pontaria e acerta B.
Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis)
O agente quer atingir um bem jurídico, mas por erro na execução, acaba atingindo outro. Ex. Atirar uma pedra contra uma vidraça atingindo, entretanto, uma pessoa.
Conseqüências: Se apenas atinge o bem jurídico que não pretendia atingir, o outro, que ficou na tentativa, será absorvido pelo crime efetivamente cometido. Se, por outro lado, atingiu dois bens jurídicos (a janela e a pessoa), responde em concurso formal.
Erro sobre o nexo causal (aberratio causae)
Ocorre quando o agente na suposição de já ter consumado o crime, realiza nova conduta (erro sucessivo), sendo que é esta última que determina a consumação. Ex. Estrangular a vítima e atira-la ao rio para esconder o cadáver, vindo esta a morrer por afogamento.
ERRO DE PROIBIÇÃO
CONCEITO 
É o que incide sobre a ilicitude de um comportamento. O agente supõe, por erro, ser lícita a sua conduta. O objeto do erro não é, pois, nem a lei, nem o fato, mas a licitude, isto é, a contrariedade do fato em relação à lei. O agente supõe permitida uma conduta proibida. O agente faz um juízo equivocado daquilo que lhe é permitido fazer em sociedade.
 
1. Erro de Proibição - erro sobre a proibição jurídica do fato. (Art. 21 do CP).
2. O desconhecimento da lei é inescusável.
3. A influência de elementos culturais pode conduzir à impossibilidade de conhecimento do caráter ilícito do fato.
4. Não se reconhece erro de proibição em crime de homicídio.
CLASSIFICAÇÃO DO ERRO DE PROIBIÇÃO
INVENCÍVEL (escusável) 
É aquele que não poderia ser evitado por um homem comum, portanto, afasta-se a culpabilidade. Exemplo: comerciante chinês que tenta vender carne de cachorro para restaurante, atividade que desenvolvia em seu país. 
VENCÍVEL (inescusável) 
O erro poderia ter sido evitado por qualquer pessoa normal, diligente. Não afasta a culpabilidade, mas enseja a diminuição da pena de 1/6 a 1/3. Exemplo: sujeito com educação razoável encontra bolsa com dinheiro, dela se apropriando, pensando ser lícita a conduta. 
Exemplos: 
1. Estrangeiro que se casa com brasileira, já sendo casado em seu país, que admite a poligamia.
2. O sujeito que se apodera de pertences de outra pessoa para saldar dívida (art.345).
3. Candidato que pintou o asfalto com propaganda sua, pensando que era lícito (dada a abundância de cartazes, etc de outros candidatos).
4. Filho que, por compaixão, desliga aparelho que mantinha viva sua mãe, pensando ser lícita a eutanásia (poderá haver também o relevante valor moral
CRIME CONSUMADO E TENTADO
BASE LEGAL - Artigo 14 do Código Penal. 
CONCEITO DE CRIME CONSUMADO
É aquele em que foram realizados todos os elementos constantes de sua definição legal. (Art. 14, inciso I)
 
ITER CRIMINIS - é o caminho do crime, que desdobra-se em quatro etapas:
Cogitação - agente apenas idealiza, mentaliza o crime. Nesta fase o crime é impunível. 
Preparação - prática de atos
imprescindíveis à execução do crime. O agente não começou a realizar o verbo constante da definição legal (núcleo do tipo). Pode ser exemplificado como a compra de uma arma para matar alguém. Não é punível nesta fase, se os atos preparatórios não constituem crimes por si só. (Art. 122, 288, 291).
Execução - o bem jurídico começa a ser atacado. Nessa fase o agente inicia a realização do núcleo do tipo, e o crime já se torna punível.
Consumação - todos os elementos descritos no tipo penal foram realizados.
 
CRIME CONSUMADO E CRIME EXAURIDO 
No crime exaurido, o sujeito ativo continua a atingir o bem juridicamente protegido, mesmo depois da consumação efetiva. (os atos posteriores são havidos como mero exaurimento). Ex.: No crime de Concussão (art. 316 do CP) a consumação se dá com a exigência. 
CONSUMAÇÃO 
CONSUMAÇÃO NOS DIVERSOS TIPOS PENAIS 
Materiais - com a produção do resultado naturalístico.
Formais - com a simples atividade, independentemente do resultado (Concussão).
De mera conduta - com a ação ou omissão delituosa (violação de domicílio).
Culposos - com a produção do resultado (não existe tentativa)
Permanentes - enquanto não cessar a permanência.
Habituais - com a reiteração da conduta.
TENTATIVA (CONATUS)
CONCEITO 
É a não-consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente. (Art. 14, inciso II)
Consequência jurídico-penal - a pena na tentativa é diminuída de um a dois terço. (Parágrafo único do art. 14).
Elementos 
a) início da execução;
b) não-consumação;
c) Interferência de circunstâncias alheias à vontade do agente.
FORMAS DE TENTATIVA
IMPERFEITA
Ocorre a interrupção do processo executório; o agente não chega a praticar todos os atos de execução do crime, por circunstâncias alheias à vontade. posto que ocorre interferência externa. O agente foi impedido de continuar esfaqueando a vítima que pretendia matar, por exemplo.
PERFEITA OU ACABADA (crime falho)
 A consumação não ocorre, embora o agente tenha praticado os atos suficientes para a produção do resultado. Ex. O agente efetuou diversos disparos na vítima, mas esta não veio a óbito.
Observação: o juiz considera essas formas de tentativa no momento da aplicação da pena base (art.59 do CP).
 
DELITOS QUE NÃO ADMITEM TENTATIVA 
Contravenções penais; crimes culposos, crimes habituais; crimes em que a lei só pune o agente se ocorrer o resultado (art.122 do CP); crimes em que a lei pune a tentativa como crime consumado (art.352 do CP)
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
Trata-se de espécies de tentativa abandona ou qualificada. O resultado não é produzido por força da vontade do agente, diferentemente da tentativa propriamente dita, em que o resultado não se produz por circunstâncias alheias à essa vontade (Artigo 15 do CP).
 
Ponte de ouro para quem abandonou voluntariamente o propósito.
Nas duas situações o sujeito não responde por tentativa.
Fundamenta-se em razões de política criminal 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA
O agente interrompe por sua própria vontade a execução do crime, ou seja, não esgota todo o processo executivo do crime. 
Exemplo 01 - o sujeito ativo dispõe de revólver municiado com 06 projéteis. Efetua dois disparos contra a vítima, mas não acerta, podendo prosseguir atirando, desiste por vontade própria. Neste caso só responde pelos atos já praticados (Periclitação da vida e da saúde, art. 132 do CP, ou Lesão Corporal, art. 129 do CP). 
Exemplo 02 - o ladrão que já estando dentro da casa da vítima e com a res furtiva na mão, desiste de levá-la.
ARREPENDIMENTO EFICAZ 
O agente, após encerrar a execução do crime, impede que o resultado se produza. Só é possível nos chamados crimes materiais, onde é exigida a produção de um resultado naturalístico. 
Exemplo 01 - o sujeito ativo atira na vítima ferindo-a com gravidade, mas se arrepende prestando socorro que impede a morte da mesma. Responde pelas lesões produzidas e não por tentativa de homicídio.
Exemplo dois - esposa que ministra veneno na comida do marido, mas depois aplica-lhe um antídoto evitando a morte. Responde pelas lesões causadas.
 
Observação - o arrependimento ineficaz não gera qualquer benefício para o sujeito ativo.
ARREPENDIMENTO POSTERIOR 
Causa de diminuição de pena que ocorre nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, em que o agente, voluntariamente repara o dano ou restitui a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa.
CRIME IMPOSSÍVEL
É também chamado de quase-crime, tentativa inidônea ou inadequada. Está capitulado no artigo 17 do Código Penal: “não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”.
Ineficácia absoluta do meio 
quando o meio utilizado pelo agente, por sua natureza, é absolutamente incapaz de produzir o resultado. Ex. Ministrar açúcar na alimentação da vítima pensando tratar-se de veneno; atirar contra a vítima com balas de festim ou arma descarregada, etc.
Impropriedade absoluta do objeto 
Neste caso não existe o objeto material onde deveria recair a conduta, ou quando, pela situação ou condição, torna impossível a produção do resultado visado pelo agente. Ex: Atirar em pessoa que já está morta; mulher que, supondo erroneamente encontrar-se grávida, realiza manobra abortiva; agente que subtrai objeto dele mesmo, pensando que está furtando alguém. 
Nos dois casos não há tentativa por ausência de tipicidade.
Não sendo figura típica, não enseja a aplicação de pena ou medida de segurança.
TEORIAS ACERCA DO CRIME IMPOSSÍVEL
Teoria sintomática 
O critério decisivo é a periculosidade do agente.
 
Teoria subjetiva 
O fator que decide a questão é a intenção do delinqüente. O autor deveria sofre a mesma pena do crime consumado
 
Teoria objetiva 
O elemento objetivo é o perigo para o bem juridicamente protegido. Se a conduta não possui idoneidade para lesar o bem jurídico, não constitui tentativa.
 
Teoria objetiva temperada 
Exige sejam absolutamente inidôneos os meios empregados pelo agente e o objeto sobre o qual recai a conduta. É a teoria adotada pelo legislador brasileiro.
CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS PENAIS
Normas penais incriminadoras
São as que descrevem condutas puníveis e impõem as respectivas sanções. Ex: Art. 121, caput, art. 155, 213, etc. ( toda a parte especial do CP)
 
Normas penais permissivas
São as que determinam a licitude ou a impunidade de certas condutas, embora estas constituam crimes.. Ex: Arts. 20 a 27, 28, parágrafo 1º, art. 156, parágrafo 2º, 142 (imunidades nos crimes contra a honra); do art. 348, § 2° (imunidades no crime de favorecimento pessoal); dos arts. 20 e 21 (erro sobre o elemento do tipo e sobre a ilicitude do fato); do art. 26 (inimputabilidade) etc.
  
Normas penais finais, complementares ou explicativas
São as que esclarecem o conteúdo das outras, ou delimitam a âmbito de sua aplicação. Ex: Arts. 4º, 5º, 7º, 10 a 12, do CP, etc.
A norma penal não diz expressamente qual a conduta proibida (está implícita)
 
Preceito: (mandamento) Art. 121 “Matar alguém”
Sanção: (pena) Pena: 06 a 20 anos de reclusão 
CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS PENAIS
Exclusividade
Somente elas definem crimes e cominam penas. 
Anterioridade
As que descrevem crimes somente têm incidência se já estavam em vigor na data de seu cometimento. 
Imperatividade 
Impõem-se coativamente a todos, sendo obrigatória a sua observância. 
Generalidade
Têm eficácia erga omnes, dirigindo-se a todos, inclusive inimputáveis. 
Impessoalidade 
Dirigem-se impessoal e indistintamente a todos, não se admitindo a elaboração de uma norma para punir especificamente uma pessoa.

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