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Não houve novos desenvolvimentos sensacionais em relação aos princípios de chaveamento em média tensão de 2 a 52kV nos últimos tempos. No entanto, distinguiu-se a seguinte tendência: muitos fabricantes, que até o momento ofereciam somente dis- juntores a SF6, estão adotando cada vez mais disjuntores a vá- cuo em seus programas de média tensão. O campo de utilização do princípio de chaveamento a vácuo está se expandindo, por exemplo, quando aplicado no lugar das tradicionais chaves sec- cionadoras de manobra sob carga. Sobre os contatores a vácuo, que já estão no mercado há mais de 25 anos, há aperfeiçoamen- tos até o nível de tensão de 24kV. Até mesmo no campo de alta tensão, acima de 52kV, os disjuntores a vácuo começam a ser aplicados. Técnica de Chaveamento a Vácuo Princípio para o Próximo Século A transmissão e distribuição de energia elétrica baseia-se em diferentes níveis de tensão. Adequados a estes estão os dife- rentes disjuntores: em áreas de alta tensão hoje são utilizados em sua maior parte disjuntores a SF6. No campo da média tensão o usuário da técnica de chaveamento de potência pode optar entre disjuntores a vácuo, a SF6 e disjuntores a pequeno volume de óleo; na técnica de manobra sob carga, em siste- mas blindados, as chaves a SF6 já come- çam a ser maioria. No nível de baixa ten- são são oferecidos, dependendo do objeti- vo de utilização, disjuntores a vácuo ou de sopro magnético. Propriedades e requisitos especiais caracterizam cada um dos níveis de tensão e cada caso de aplicação. No mais, a física da aplicabilidade de um pro- duto impõe limites. Figura 1. Desenvolvimento dos princípios de extinção para disjuntores de média tensão no mercado mundial Figura 2. Designes de câmaras a vácuo atuais. Princípio de chaveamento - dependente do nível de tensão e da aplicação Enquanto sobretudo os fabricantes franceses preferem uma técnica padronizada de extin- ção da média até a alta tensão [1], todos os outros fabricantes utilizam mundialmente a técnica que oferece as melhores proprieda- des no respectivo campo de aplicação: o vácuo. Os disjuntores a SF6 foram desenvol- vidos primeiramente para as redes de alta tensão e depois estendidos para as de mé- dia tensão. Os disjuntores a vácuo, no en- tanto, foram previstos desde o início para a aplicação em média tensão na transmissão e distribuição de energia, além da indústria. Além disso, seu espectro de aplicação, hoje em dia, estende-se desde os disjuntores de geradores até a técnica aplicada à alimenta- ção em ferrovias, tanto em subestações como em locomotivas, até o fornecimento de energia na exploração de minas e no for- necimento seguro de energia em navios. Porém, o princípio de chaveamento a vácuo também está se expandindo para outras áreas, onde são requeridos a operação se- gura e altos ciclos de chaveamento. Exem- plos são os ciclos de chaveamento dos con- tatores a vácuo até alguns milhões de ma- nobras. Neste caso, só o contator a vácuo pode satisfazer, da melhor forma possível, às exigências, até o nível de tensão de 24kV. Também na técnica de manobra sob carga (onde predominam as chaves seccionado- ras) o vácuo tem sido aplicado com sucesso. Especialmente em conexão com fusíveis de alta capacidade, as chaves de manobra sob carga a vácuo oferecem um sistema seguro, já que satisfazem melhor do que outros apa- relhos de distribuição aos requisitos da ins- trução sobre combinações de fusíveis e cha- ves seccionadoras de manobra sob carga (IEC420). Em média tensão, atualmente, mais de 65% dos disjuntores usados no mundo são disjun- tores a vácuo. Na China, estes são utilizados quase sem exceção. Na Europa, por outro lado, a distribuição é diferente: ainda é gran- de a participação no mercado dos disjunto- res a SF6 , que é intensamente determinada pela estreita cooperação dos fabricantes de disjuntores e algumas concessionárias de energia [1]. A atual opinião mundial, no en- tanto, é de que, na média tensão, a técnica de chaveamento a vácuo será o princípio preponderante de chaveamento para a pró- xima década [2] (Figura 1). Diversos fabri- cantes japoneses oferecem há algum tempo a técnica de chaveamento a vácuo também para a área de alta tensão. Inicialmente eram produzidos disjuntores a vácuo de 84KV; hoje já é possível produzir esses disjuntores com uma tensão de até 145KV. Abaixo gráfico onde observa-se o compor- tamento dielétrico do vácuo, especialmente para níveis de impulso até 170kV, onde se enquadram os disjuntores de média tensão. Figura 3. Característica dielétrica dos diferentes meios isolantes (chapas planas). 0 50 100 150 200 250 300 350 400 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Dist (mm) U ( kV ) AR SF6 (1 bar) SF6 (5 bar) VácuoAr Óleo Gás Vácuo 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1980 1990 2000 Fa ti a d e m e rc a d o 50 30 17 20 7 63 65 25 10 Procedimentos modernos de fabricação possibilitam saltos tecnológicos A fabricação de câmaras a vácuo tem se aperfeiçoado continuamente nos últimos 30 anos: no início, os aparelhos eram produzi- dos em várias etapas, como soldagem a vácuo, soldagem subseqüente em salas descontaminadas e, posteriormente, evacu- ação das câmaras completas em aqueci- mento simultâneo. Hoje, fabricantes como a Siemens utilizam a técnica de soldagem es- tanque. Aqui, a câmara a vácuo pode ser evacuada e soldada em uma etapa única no forno a vácuo, possibilitando uma série de vantagens. Por um lado, esse processo possibilita a produção de câmaras a vácuo compactas (Figura 2) que, por sua vez, permitem di- mensões menores para o disjuntor completo. Assim, por exemplo, o diâmetro das atuais câmaras a vácuo, em alguns tipos, foi redu- zido em 45% de seu valor de 1978. Por outro lado são necessários somente poucos pon- tos de conexão. O processo de produção ocorre comandado por microprocessadores. Isso aumenta ainda mais a alta confiabilida- de das câmaras a vácuo. Comportamento de chaveamento previsí- vel, estável e seguro Um critério decisivo é o comportamento de chaveamento previsível e estável. Isso re- quer um princípio de chaveamento que não permita nem alterações do meio de extinção nem do sistema de contato. Em disjuntores convencionais, como disjuntores a PVO ou a SF6, um movimento relativo entre o arco elé- trico e o meio de extinção deve ser produzi- do para a extinção do arco elétrico. Depen- dendo do modo de chaveamento podem ocorrer falhas na capacidade de chavea- mento de alguns disjuntores. Em disjuntores a vácuo, essas falhas no comportamento de extinção não ocorrem, pois aqui não é espe- rada nenhuma influência do arco elétrico. Uma qualidade uniforme do vácuo, um mate- rial de contato apropriado, assim como um sistema de contato suficientemente dimensi- onado, garantem um comportamento de chaveamento seguro em toda faixa de cor- rente. O vapor metálico gerado em uma câmara de vácuo (Figura 5) no processo de desconexão tem uma tensão de manutenção tão baixa que a energia ali liberada quase não des- gasta o material de contato, que simples- mente se recombina com a superfície após a extinção do arco. As propriedades ne- cessárias do material de contato para um comportamento de chaveamento seguro são mantidas. Além disso, o disjuntor a vácuo ainda demonstra uma particularidade que é única nos aparelhos de chaveamento: devido à ação de chaveamento em si melhora-se a pressão interna em uma câmara a vácuo. Isso significa um vácuo perfeito mesmo no fim da vida útil mecânica de uma câmara a vácuo. Essas duas propriedades contribuem para que a capacidade de chaveamento não piore durante sua vida útil total [3]. Em disjuntores convencionais, no entanto, deve-se contar com uma alteração das propriedades de chaveamentoem paralelo com o crescente ciclo do mesmo, pois o arco elétrico do cha- veamento influencia negativamente tanto o material de contato como também o gás ou o óleo. O vácuo também domina a taxa de resta- belecimento de tensão após passagem por zero Os modernos disjuntores a vácuo podem ser aplicados para todas as tarefas de chavea- mento nas redes de média tensão. Tanto nas redes de distribuição como também na in- dústria, esses disjuntores prestam bons ser- viços [3, 5]. Afirmações de que os disjuntores a vácuo no chaveamento de transformadores em vazio causam sobretensões e que seu desempenho é inferior aos disjuntores a SF6 no chaveamento capacitivo [1] são infunda- das. Ao contrário, o aperfeiçoamento das câma- ras a vácuo nos últimos 20 anos leva a afir- mar que os disjuntores a vácuo dominam justamente esses casos de chaveamento sem problemas. Materiais de contato espe- cialmente desenvolvidos em base de cobre- cromo (CuCr) asseguram que as correntes de corte situem-se em média em 3A (Figura 4) e, com isso, não originem sobretensões. Figura 4. Corrente de corte de câmaras a vácuo Siemens. Desde 1986, sabemos que o disjuntor a vá- cuo apresenta valores de corrente de corte comparáveis aos disjuntores a SF6. Entre- tanto, ensaios demonstram que, em disjun- tores a SF6, a corrente de corte depende mais intensamente da capacitância do tre- cho a ser chaveado do que em disjuntores a vácuo. Com o crescimento da capacitância também aumenta a corrente de corte. Para capacitâncias de 0,1 µF são medidas cor- rentes de corte de até 12 A. Essa forte de- pendência não é observada nos disjuntores a vácuo. A corrente de corte permanece quase independente da capacitância de chaveamento e atinge somente 6A em 0,1µF. Figura 5. Corte de uma câmara a vácuo moderna Com os modernos materiais de contato, os disjuntores a vácuo também são capazes de interromper correntes de curto-circuito, que se originem devido a falhas no secundário dos transformadores. Nessas falhas, surgem altas taxas de restabelecimento da tensão transitória devido às altas freqüências pró- prias dos transformadores, após a interrup- ção da corrente. A verificação das taxas de restabelecimento do disjuntor é fundamental para a comprovação de sua confiabilidade. Taxas de restabelecimento de tensão de até 7kV/µs podem ser controladas conforme [7] em uma tensão nominal de 15kV e uma cor- rente de curto circuito de 36kA. A Siemens tem comprovado, com seus disjuntores a vácuo fabricados em série, taxas de resta- belecimento de tensão de mais de 10kV/µs em correntes de curto circuito até 63kA. Esse resultado demonstra a superioridade do disjuntor a vácuo, quando se trata de conter altas taxas de restabelecimento da tensão após passagens por zero. 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 Fr e q ü ê n ci a r e la ti v a F 0 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 5 Corrente de ruptura Ia Disjuntores sem produtos de decomposi- ção - inofensivos ao meio ambiente Em disjuntores comuns, a gás ou a óleo, utilizam-se meios para resfriar o arco elétri- co. Com este processo, o arco elétrico tem sua energia retirada, a fim de evitar o resta- belecimento da tensão após a passagem da corrente pelo “0”. Nesse procedimento, o arco elétrico, devido à alta temperatura, alte- ra o meio de extinção em cada novo chave- amento. Em disjuntores a SF6, o gás decom- posto pode reagir com as partes internas dos terminais de chaveamento. Aqui, deve-se tomar cuidado para que o vapor d'água não chegue ao interior do pólo do disjuntor, pois a combinação de pólo do disjuntor, vapor d'água e SF6 em decomposição possibilita a formação de ligações corrosivas como ácido fluorídrico, que, sob certas circunstâncias, causa alterações prejudiciais das superfícies de contato e de alguns isoladores [4]. Em disjuntores a vácuo, não existem produ- tos de decomposição, pois aqui forma-se vapor metálico na interrupção de corrente. Como a câmara a vácuo é, ao contrário dos disjuntores a SF6, absoluta e hermetica- mente soldada, não ocorrem interações com o meio ambiente. Nem sujeira, nem poeira nem umidade atingem a câmara. Dessa for- ma evita-se qualquer oxidação. Todos os materiais na câmara são mantidos limpos durante a sua vida útil total. Como o desli- gamento desgasta a superfície de contato de forma uniforme, a resistência do sistema de contato mantém seus valores baixos. Essa independência de influências externas forma o pré-requisito para os altos ciclos de chave- amento e um funcionamento isento de ma- nutenção das câmaras a vácuo. As câmaras a vácuo também são bem pro- tegidas contra influências externas (Figura 5). Sua carcaça consiste essencialmente em cerâmica de óxido de alumínio, insensível a oscilações de temperatura devido aos rígidos pré-tratamentos térmicos. Em contrapartida, os disjuntores a SF6 utilizam um invólucro de resina epóxi, no qual são fundidos eletrodos de metal. Nessa construção, as altas tempe- raturas podem reduzir drasticamente a vida útil do disjuntor [2]. Capacitores e transição de corrente: sob controle O chaveamento de capacitores impõe outras exigências aos disjuntores. Aqui, não é tão importante um rápido restabelecimento da impedância entre contatos, mas que o dis- juntor possa suportar uma tensão alta após a passagem por zero de corrente: por isso são requisitados disjuntores isentos de reigna- ção. Sobretudo, disjuntores a vácuo são apropriados devido ao seu material de con- tato especial e à boa suportabilidade dielétri- ca, ideais para garantir a não ocorrência de reignições. Também ao ligar os capacitores, o disjuntor a vácuo é especialmente adequado. Como em todo dispositivo de chaveamento de ban- cos de capacitores, ocorre uma pré descarga antes da conexão galvânica dos contatos. Flui uma corrente de alta freqüência entre os gaps, a qual o disjuntor a vácuo pode inter- romper devido a suas boas propriedades de extinção. Contudo, como a distância entre contatos é pequena, não se pode formar sobretensão mesmo na extinção dessa cor- rente de alta freqüência. A pequena distância entre gaps antes do toque entre os contatos limita a tensão máxima à tensão nominal [8]. Uma particularidade do disjuntor a vácuo consiste em controlar uma transição de cor- rente. Tal situação pode ocorrer quando o tipo de falha muda durante o movimento dos contatos (por exemplo, se um curto-circuito monopolar à terra se transforma em uma falta dupla fase à terra). Enquanto disjunto- res com outros princípios de extinção podem falhar, o disjuntor a vácuo interrompe essa corrente sem problemas, pois não extingue ativamente, mas sim, aguarda passivamente a próxima passagem por zero. Com isso, esta distância entre gaps no vá- cuo também está sempre preparada para a extinção, mesmo quando o disjuntor esta aberto, e pode extinguir uma corrente de corte causada por sobretensões externas já na primeira passagem por zero. Em outros princípios de chaveamento, os arcos elétri- cos de corte "surpreendem" o disjuntor em estado estático. Este não pode interromper essa corrente, causando, como conseqüên- cia, uma interferência na rede [9]. Em resumo, a difusão da técnica de chave- amento no vácuo, para a média tensão, se baseia fortemente nas várias vantagens téc- nicas deste meio extintor. Um dos claros indicadores desta difusão reside na própria produção da Siemens, que se aproxima dos 25.000 disjuntores entregues ao mercado mundial anualmente. Literatura de referência [1] Brüggemann, G. Alternative in der Mittelspannung - Leistungsschalter in SF6- Technik. Etz Elektrotechnik + Autom. 119 (1998) Cadernos 23-24, páginas 14-16 [2] Stade P.G.: Vacuum Interrupters: The New Technology of Switching and Protecting Distribution Circuits IEEE Trans. or Indu. Appl.33 (1997) no.6, páginas 1501-1511 [3] Reininghaus R.; Sämann D..: Schaltenim Vakuum - das bewährte Schaltprinzip für die Mittelspannung. Etz Eletktrotechnik + Autom. 118 (1997) caderno 12, páginas 14-17. [4] Slade, P.G.; Long R.W.: Medium voltage vacuum and SF6 - circuit - breaker technology; a comparison, Electrical Systems Engineer (1992) páginas 72 a 76 [5] Sämann, D.: Leistungsschalter in Industrieanlagen, etz Elektrotechnik + Autom. 117 (1996) caderno 12, páginas 38-42 [6] Cornick, K.J.: Current chopping performance of distribution circuit-breakers. Proc. 2nd IEE conferende on developments in distribution switchgear, 1986, páginas 12-16 [7] Smith, R.K.: Tests show ability of vacuum circuit breaker to interrupt fast transient recovery voltage rates of rise of transformer secondary faults. IEEE Trans. on Power Delivery, PWD-10, (1995) no. 1, páginas 266- 273 [8] Huhse, P.; Zielke, E.: Einschalten von Kondensatorbatterien mit Vakuum Leistungsschaltern 3 AF, Siemens Energietechnik 3 (1981) caderno 6, páginas 204-207 [9] Böhme, H.: Mittelspannungstechnik, Berlin; Verlag Technik, 1. Aufl. 1992, páginas 261-264 Artigo original escrito pelo Dr. Sämman, gerente da área técnica de produtos de média tensão da Siemens AG, Erlangen, Alemanha – 1999. Supervisão técnica da tradução e adaptação: Eng. Arthur Lavieri/Eng. Osmar Tanakai Siemens Ltda – EV MT Depto de Sistemas e Produtos de Média Tensão http://www.siemens.com.br/ev E-mail: evmtbrazil@siemens.com.br
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