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1 FACULDADE ADVENTISTA DA BAHIA CURSO DE ODONTOLOGIA PAULO RICARDO CARVALHO DOS SANTOS RELATÓRIO DE AULA PRÀTICA: AMÁLGAMA DENTÁRIO Trabalho apresentado ao Curso de Odontologia da Faculdade Adventista da Bahia como parte dos requisitos exigidos para a aprovação da disciplina de Materiais Dentários sob a orientação do professor Juan Barrientos Nava. Cachoeira 2017 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................. 3 2 REVISÃO DE LITERATURA............. 3 3 RELATO DE AULA PRÁTICA........ 6 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...... 7 5 CONCLUSÕES E RESPOSTAS... 7 6 IMAGENS........................................ 10 7 REFERÊNCIAS ............................. 12 3 1 INTRODUÇÃO O amálgama é o material mais utilizado em restaurações dos dentes posteriores e, no geral, somam cerca de dois terços das restaurações existentes no mundo (MANHART, 2004 apud REIS,2006). Mesmo com todos os avanços no que diz respeito aos materiais restauradores, os mesmos ainda precisam de muitos anos para se equipara ao amálgama, que faz proveito de séculos de existência. O progresso dos amálgamas dentários se deve, principalmente, a G.V. Black, um dos dentistas mais famosos da história. Foi ele quem padronizou as propriedades dos amálgamas dentários, para que o resultado final fosse de certa forma, previsível. Hoje em dia o conhecimento sobre os amálgamas evoluiu extremamente e diversos melhoramentos foram feitos neste material. O êxito do amálgama pode ser dado, principalmente, a sua durabilidade e seu custo beneficio. Além, é claro, do seu fácil manuseio. Suas principais desvantagens se concentram em: seu aspecto metálico, que não imita a estrutura dentária; sua relativa fragilidade; sua propensão à corrosão; não reforça a estrutura dental enfraquecida e, a presença do mercúrio, que em quantidades elevadas é tóxico ao ser humano. 2 REVISÂO DE LITERATURA “O amálgama dental é um material restaurador que tem sido usado com sucesso há mais de um século” (CENTOLA, 2000). Todavia, atualmente, diversas modificações foram feitas nas ligas e no processo de trituração do material. Contudo, a composição continua sendo basicamente a mesma, que segundo Reis (2007, pg. 321) é a seguinte “o amálgama dentário é formado pela mistura de mercúrio liquido com partículas sólidas de uma liga contendo prata, estanho e cobre, além de outros elementos, entre os quais se destaca o zinco”. A prata é o componente principal, ela confere resistência a restauração; o estanho confere maior facilidade para mistura da liga com o mercúrio (amalgamação); o cobre confere maior dureza e resistência mecânica, atualmente á ligas que se diferem em alto teor de cobre e baixo teor de cobre, algo que será discutido mais adiante; o 4 zinco auxilia na fabricação do amálgama e serve como desoxidante durante a presa da liga (REIS; LOGUERCIO, 2007). Uma tabela contendo a composição típica de uma liga de amalgama pode ser observada a seguir: Elemento Porcentagem Prata 40 – 70 Estanho 17 – 30 Cobre 2 - 40 Zinco 0 – 2 Índio 0 - 10 Paládio 0 – 7 Mercúrio 0 - 3 Adaptado de Reis e Loguercio (2007, pg.322) Como pode ser observado algumas ligas apresentam mercúrio na composição, isso tem por finalidade de diminuir o tempo de trabalho e presa. O índio e o paládio são incluídos para aumentar as propriedades mecânicas, resistência a corrosão e redução do creep. A liga para a produção de amalgama dental pode ser apresentada de três maneiras: tipo limalha, partículas esféricas e mistas. Sobre a liga tipo limalha, Noort (2010, pg.80) afirma o seguinte: As partículas tipo limalha são produzidas pelo torneamento mecânico do lingote solido da liga no esmeril. O farelo produzido é peneirado, e somente os grãos que possuem uma amplitude de tamanhos específicos são usados no pó para ser amalgamado com o mercúrio. [...] Os fragmentos individuais são altamente reativos com o mercúrio devido ao esmerilhamento. Em consequência, a reação de presa é muito rápida, a menos que um tratamento térmico (para aliviar as tensões internas) seja realizado. O tratamento térmico é geralmente feito com a colocação do pó em água fervente. Sobre a produção das ligas em partículas esféricas Noort (2010, pg.80) ratifica que “os vários ingredientes da liga são fundidos juntos e então vaporizados numa atmosfera inerte, onde as gotículas se solidificam na forma de pequenas esferas de tamanhos variados.” Noort (2010) também assevera que esse método de fabricação diminui os custos de produção e tem a vantagem de não necessitar de outro processo mecânico. 5 A reação de presa do amalgama é iniciada com a mistura do mercúrio com sistema prata-estanho (Ag-Sn). Noort (2010, pg.80) afirma que “essa mistura provoca a dissolução da camada externa das partículas da liga no mercúrio, formando duas novas fases solidas em temperatura ambiente.” A reação pode ser esquematizada da seguinte forma: Ag3Sn + Hg → Ag3Sn + Ag2Hg3 + Sn7Hg γ + mercúrio → γ + γ1 + γ2 (Adaptado de Noort (2010, pg.80) Pode-se notar que na reação nem toda liga é dissolvida pelo mercúrio. Dessa forma ao final do processo existirá a liga inicial envolvida por duas novas fases, denominada Y1 (gama um) e Y2 (gama dois) (NOORT, 2010). Tal afirmação pode ser observada no esquema a seguir, retirado de Noort (2010, pg.81). É importante salientar que a fase Y2 é a mais fraca do amalgama, e o creep e corrosão geralmente está ligado com a mesma. Logo, apareceu à necessidade de eliminar esta fase do material restaurador, com isso surgiram os amálgamas com alto teor de cobre. Segundo Sakaguchi (2012, pg. 223): A principal diferença entre ligas de amálgama de baixo e alto teor de cobre não é meramente porcentagem de cobre, mas também o efeito que o teor de cobre de cobre mais alto tem na reação do amalgama. O maior teor 6 de cobre nessas ligas é fornecido pelo eutético prata-cobre ou pela fase Cu3Sn. Essa quantidade de cobre resulta na eliminação fase Y2, que é mais fraca e mais suscetível à corrosão em um amálgama de baixo teor de cobre. Portanto, restaurações usando amálgamas feitos com cobre suficiente tendem a ter propriedades físicas e mecânicas superiores e um período mais longo de uso clinico do que as restaurações feitas com amálgamas com baixo teor de cobre. Sobre as propriedades dos amálgamas “a especificação nº 1 da ADA (ISSO 1559) para ligas de amálgama lista as alterações dimensionais, resistência à compreensão e creep como medidas de qualidade do amálgama” (ANUSAVICE, 2013 pg.350). No que diz respeito as alterações dimensionais, o amálgama pode se contrair ou expandir, variando de acordo com a manipulação. O amálgama não deve se expandir muito para não causar danos a polpa e sensibilidade pós-operatória. A expansão tardia ocorre em amálgamas contendo zincoque entraram em contato com umidade, essa expansão acontece de 3 a 5 dias depois de realizada a restauração epode continuar por meses. (ANUSAVICE,2013) Anusavice (2013) ratifica que “a falta de resistência mecânica adequada é um dos pontos fracos inerentes das restaurações com amalgama”. Anusavice também afirma que o amalgama possui boa resistÊncia a compreessão, porém baixa sob tração. “Creep ou escoamento ocorre quando um material sólido lentamente sofre deformação plástica sob pressão” (ANUSAVICE,2013,pg.353). Como já fousupracitado, maiores taxas de creep estão relacionados a fase Y2 dos amálgamas com baixo teor de cobre. Anusavice (2013) afirma que boa manipulação pode diminuir a taxa de creep. 3 RELATO DE AULA PRÁTICA A aula prática tinha dois objetivos principais: aprender os procedimentos adequados para a preparação do amalgama e realizar a restauração na cavidade do dente 16, executando a condensação, brunidura e escultura. No primeiro momento foi realizado o preparo do amálgama dentário, que discorreu da seguinte forma: colocar a capsula contendo a liga metálica e o mercúrio no amalgamador por quarenta segundos, não se esquecendo de fechar a tampa do mesmo. Após isso, o conteúdo da capsula foi colocado na parte rasa de um pote 7 dappen e com ajuda de uma pinça clinica a membrana que separa a liga do mercúrio foi retirada e descartada adequadamente. No segundo momento da aula foi realizada a restauração do dente 16 no manequim. Antes da efetuação da mesma foi feita a aplicação do verniz cavitário na cavidade do dente. Logo após, o processo da restauração aconteceu da seguinte maneira: com ajuda de um porta amalgama foi sendo depositado dentro da cavidade ,aos poucos, um pouco do amalgama, não se esquecendo de fazer a condensação do material, tal procedimento foi realizado até que a cavidade estivesse preenchida. Logo a seguir, foi realizada a primeira brunidura do amalgama, sendo utilizado um brunidor simples. Com ajuda de uma espátula hollemback 3s e um esculpidor discóide cleóide foi feita a escultura, que tinha por objetivo, assemelhar à restauração a face oclusal do dente em estado integro. Após a escultura foi realizada uma segunda brunidura, que serviria como polimento inicial. É importante salientar que as sobras do material foram descartadas em um recipiente com água, pois dessa forma não ia acontecer a liberação de mercúrio no ambiente. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO No que diz respeito ao meu procedimento pude constatar que saiu conforme o esperado. O amálgama por mim manipulado atendeu aos requisitos propostos na aula teórica. Apresentava superfície brilhosa e tinha certa plasticidade. Não estava nem subtriutrado, quando o amálgama fica quebradiço, parecendo areia; nem estava supertriturado, quando o amálgama apresenta superfície muito brilhosa e consistência pastosa. O endurecimento do meu material ocorreu de forma satisfatória permitindo a escultura do mesmo. A brunidura final deixou o amálgama bastante brilhoso e reflexivo. Todavia, carece de polimento. 5 CONCLUSÕES E RESPOSTAS Com base no que foi exposto pode-se concluir que o procedimento atendeu os objetivos principais supracitados. Também pude constatar que o manuseio e 8 preparo do amalgama é de baixa complexidade e o resultado final é bastante satisfatório. Um amálgama triturado adequadamente tem a característica de “uma massa coesa com temperatura média e possui um brilho superficial acetinado”(REIS;LOGUERCIO, 2006, pg. 342). Em contraposição, um amalgama mal triturado tem aparência de areia e um muito triturado é extremamente brilhoso e com aparência molhada. Como pode ser observado na imagem a seguir, que na esquerda apresenta um amálgama subtriturado, ao centro um triturado adequadamente e á direita um supertriturado. Fonte: Loguercio e Reis (2006, pg.342) A expansão tardia do amalgama acontece em misturas contendo zinco ou de baixo teor de cobre que entram em contato com umidade durante a manipulação. Tal efeito é causado pelo hidrogênio que é resultado da reação entre o zinco e a água. Como o hidrogênio não se mistura com o amálgama ele forma depósitos no material o que aumenta a pressão interna causando creep. A fonte primária de contaminação com a umidade vem da saliva, quando não há um isolamento inadequado do meio operatório. È relevante salientar que a água precisa ser introduzida entre a massa no momento da trituração ou condensação para poder causar a expansão tardia. 9 Fonte: Anusavice (2013, pg.352) Com diversas controvérsias a respeito do uso do amálgama devido a toxidade do mercurio foi tenato usar o gálio, que é um outro metal liquido a temperatura ambiente, sobre isso Noort (2010, pg.87) afirma o seguinte: [...] Embora a liga resultante tenha propriedades físicas e mecânicas similares as do amalgama de mercúrio, a excessiva expansão de presa e propriedades deficientes de manipulação precisam ser superadas antes que esses materiais possam ser considerados um substituto viável. Com base nisso fica evidente que a substituição do mercúrio pelo gálio, embora tenha propiedades fisicas e mecânicas parecidas com o amalgama normal, ainda é preciso superar algumas limitações antes que esse produto seja comercializado. 10 6 IMAGENS 11 12 7 REFERÊNCIAS 1. ANUSAVICE, Kenneth J.; SHEN, Chiayi; RAWLS, H. Ralph. Phillips materiais dentários. Tradução de Roberto Ruggiero Braga, Carmem S. Pfeifer. 12.ed. 2.tir. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2013. 2. SAKAGUCHI, Ronald L.; POWERS, John M. (Ed.). Craig, materiais dentários restauradores. Tradução de Cintia Garcia Cardoso. 13.ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2012. 3. REIS, Alessandra; LOGUERCIO, Alessandro D. Materiais dentários diretos: dos fundamentos à aplicação clínica. Rio de Janeiro, RJ: Santos Editora, 2013. 4. NOORT, ROBERT VAN. Introdução aos Materiais Dentários. Rio de Janeiro: Elsevier:2010. 5. CENTOLA, A. L. B.; NASCIMENTO, T. N. do; TURBINO, M. L.; GIRALDI, K. C. F. M. Restaurações com amálgama: análise rugosimétrica utilizando-se cinco tipos de ligas e quatro técnicas de polimento. Pesqui Odontol Bras, v. 14, n. 4, p. 345-350, out./dez. 2000. 6. MINTO AMP, DINELLI W, NONAKA T, THOMÉ LH DE C. Estudo comparativo da resistência à fratura de pré-molares superiores íntegros e restaurados com amálgama aderido. Pesqui Odontol Bras 2002;16(2):121-126. 7. GRIGOLETTO, JAMYLE, ET AL. Exposição ocupacional por uso de mercúrio em odontologia: uma revisão bibliográfica. Ciência & Saúde Coletiva, 13(2):533-542, 2008 8. CAMPOS, RIVAS, ET AL. Contaminação por mercúrio na Odontologia: a utilidade da análise quantitativa em ambiente de prática restauradora com amálgama. J Health Sci Inst. 2012;30(3):217-21
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