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SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.OBS.006 Página 1/7 Título do Documento: DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 05/09/2017 1 I. AUTOR • Jordana Parente Paiva • Francisco Edson de Lucena Feitosa II. INTRODUÇÃO Descolamento Prematuro de Placenta (DPP) é a separação da placenta da parede uterina antes do trabalho de parto e após a 20ª. semana, podendo provocar sangramento uterino e diminuição do aporte de oxigênio e nutrientes para o feto. Está presente em 1 a 2% das gestações. Possui alta morbimortalidade materna e perinatal. Os riscos maternos incluem maior incidência de hemorragias, coagulopatias, histerectomias de emergência, anemia, necessidade de hemotransfusão, falência renal, cesáreas e até mesmo a morte. Os riscos fetais estão associados com restrição do crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer, parto prematuro, asfixia, óbito fetal e neonatal. III. CLASSIFICAÇÃO É classificada em três graus, levando-se em conta os achados clínicos e laboratoriais, de acordo com classificação de Sher: » Grau I: Assintomático ou apresenta sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa, com vitalidade fetal preservada. Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatias materna. O diagnóstico é realizado após o nascimento por presença de coágulo retroplacentário. » Grau II: Sangramento genital moderado com hipertonia uterina. Repercussões hemodinâmicas na mãe com aumento de frequência cardíaca, alterações posturais da pressão arterial e queda do nível de fibrinogênio. Feto vivo, porém com vitalidade fetal prejudicada. » Grau III: Caracteriza-se por óbito fetal. Hipotensão arterial materna e hipertonia uterina importante. Divide-se em: • IIIA: Com coagulopatia instalada. • IIIB: Sem coagulopatia instalada. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.OBS.006 Página 2/7 Título do Documento: DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 05/09/2017 2 IV. FATORES DE RISCO » SOCIODEMOGRÁFICOS E COMPORTAMENTAIS • Idade materna ≥ 35 anos e < 20 anos • Paridade ≥ 3 • Raça Negra • Mães solteiras • Tabagismo, uso de álcool e drogas • Infertilidade de causa indeterminada » FATORES MATERNOS NA GESTAÇÃO ATUAL • Síndromes hipertensivas – responsável por até 50% dos casos de DPP não traumáticos • Hiperhomocisteinemia • Trombofilia • Diabetes pré-gestacional • Hipotireoidismo • Anemia • Malformações uterinas • Rotura Prematura de Membranas • Corioamnionite • Oligoâmnio/Polidrâmnio • Placenta prévia • Gestações múltiplas • Trauma (Automobilístico, brevidade do cordão, versão externa, torção do útero gravídico, retração uterina intensa) • Amniocentese/Cordocentese » FATORES MATERNOS EM GESTAÇÕES ANTERIORES • Cesárea anterior • Abortamentos SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.OBS.006 Página 3/7 Título do Documento: DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 05/09/2017 3 • Pré-eclâmpsia • Natimorto • Descolamento Prematuro de Placenta – aumenta o risco em 3 a 15 %. OBS.: A ausência de hipertensão no momento da chegada não exclui a etiologia hipertensiva, já que a gestante pode estar chocada. Os procedimentos relacionados à estabilização de uma gestante com distúrbios hipertensivos devem ser considerados (como por exemplo o sulfato de magnésio). V. APRESENTAÇÃO CLÍNICA » Dor abdominal (de leve desconforto até dor intensa). » Dor lombar em caso de placentas de inserção posterior. » Aumento do tônus uterino (de taquissistolia a hipertonia). » Sangramento, que pode se manifestar como: • Sangramento transvaginal exteriorizado • Hemoâmnio • Sangramento retroplacentário (20% dos sangramentos são ocultos) » Coagulopatia. » Sofrimento Fetal (categoria II e III). » Presença de hipertensão: Muito prevalente em pacientes com DPP. » Pode apresentar sinais de choque. Paciente pode não apresentar hipertensão por estar chocada! VI. EXAME FÍSICO Medida inicial: ABC da reanimação: vias aéreas pérvias, padrões de respiração e circulação. » Sinais vitais: observar taquicardia e alterações posturais da pressão. • Palpação uterina observando tônus: contrações tetânicas no quadro clássico. • Manobras de Leopold; • Medida da altura uterina; • Apresentação fetal; SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.OBS.006 Página 4/7 Título do Documento: DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 05/09/2017 4 • Ausculta de batimentos cardíacos fetais; • Monitorização contínua: padrão não tranquilizador No quadro clínico de DPP, é observado frequentemente sinais de choque (hipotensão, aumento da frequência cardíaca, confusão), hipertonia uterina, contrações tetânicas e comprometimento da vitalidade fetal. Útero de Couvelaire (diagnosticado em cesarianas): em DPP graves, pode ocorrer o extravasamento sanguíneo para o miométrio, tornando o útero atônico e propenso à hemorragia. É necessário um manejo agressivo da atonia para prevenir a coagulação intravascular disseminada (CIVD), por se tratar de uma atonia mais difícil de responder ao tratamento padrão da hemorragia pós-parto por outras causas de atonia. São pacientes com alto risco para histerectomia. O DIAGNÓSTICO DE DPP É CLÍNICO! VII. ULTRASSONOGRAFIA » Função limitada no diagnóstico por baixa sensibilidade para DPP. » Realizada apenas quando há estabilidade materna e vitalidade fetal preservada. » Função principal de esclarecer localização da placenta e afastar diagnóstico de placenta prévia, pode ser útil também para obter informações do feto como apresentação e peso. » No exame de ultrassom, podem ser evidenciados coágulos retroplacentário em apenas ¼ dos casos. Os achados ultrassonográficos, se presentes na DPP são: coágulo retroplacentário, espessamento anormal da placenta e bordo sem continuidade. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.OBS.006 Página 5/7 Título do Documento: DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 05/09/2017 5 VIII. EXAMES LABORATORIAIS Tem como objetivo rastrear as complicações de DPP: anemia grave, choque e discrasia sanguínea. » Hemograma com contagem de plaqueta; » Tipagem ABO Rh; » Coagulograma; » Exames de rotina para doença hipertensiva se suspeita clínica. Teste do Coágulo: o estado de coagulação da gestante pode ser avaliado rapidamente com a coleta de 10ml de sangue em tubo de ensaio seco – este deve ser mantido em temperatura ambiente. Após 7 a 10 minutos, deverá haver a formação de um coágulo firme; se isso não ocorrer, a coagulopatia está instalada. Esse exame é inespecífico, porém tem facilidade de realização, baixo custo e resultado rápido. IX. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Sangramentos da segunda metade da gestação: » Placenta prévia; » Rotura uterina; » Vasa prévia; » Rotura de seio marginal. X. CONDUTA ABC: Vias aéreas pérvias, respiração, circulação (sinais vitais). » Aos menores sinais de hipotensão e choque: Instituir 2 acessos venosos calibrosos com infusão de 1000 ml de solução cristaloide, com velocidade de infusão de 500 ml nos primeiros 10 minutos e manutenção com 250 ml/h. » Manter débito urinário > 30mL/h. » Motorização cardíaca fetal contínua desde que o feto esteja em risco de hipoxemia ou desenvolver acidose. » Monitorização hemodinâmica materna: frequência cardíaca,pressão sanguínea, débito urinário, perda sanguínea. Se houver instabilidade hemodinâmica com PAs < 90mmHg e SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.OBS.006 Página 6/7 Título do Documento: DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 05/09/2017 6 sangramento importante, seguir protocolo de transfusão maciça por sangramento periparto disponível em http://www.ebserh.gov.br/documents/214336/1109990/PRO.AGT.004+- +REV1+TRANSFUS%C3%83O+MACI%C3%87A+POR+SANGRAMENTO+PERIPARTO.pdf/32 0a051e-3271-4be4-8e07-8c567954306d » Mãe hemodinamicamente instável: PARTO CESÁREA » Feto morto e mãe hemodinamicamente estável: parto vaginal. A amniotomia se faz necessária para reduzir hemorragia materna e passagem de tromboplastina para a corrente da mãe. A ocitocina pode ser administrada se houver necessidade de induzir o parto. » Feto vivo com CTG categoria III: se parto vaginal é iminente (próximos 20 minutos) – parto vaginal espontâneo ou instrumental. Se parto vaginal não iminente, INDICAR CESÁREA. » Feto vivo com CTG categoria II: a via de parto dependerá da idade gestacional, dilatação cervical, e se existe instabilidade fetal ou materna. » Feto vivo com CTG categoria I: a via de parto dependerá da estabilidade hemodinâmica materna e da idade gestacional. » Sulfato de Magnésio para a neuroproteção nas gestações < 32 semanas » Profilaxia para Streptococo do grupo B conforme protocolo de trabalho de parto prematuro. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.OBS.006 Página 7/7 Título do Documento: DESCOLAMENTO PREMATURO DE PLACENTA Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 05/09/2017 7 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de Gestação de Alto Risco. Brasília, DF, 2012. 2. TIKKANEN, M. Placental Abruption: epidemiology, risk factors and consequences. Acta Obstetricia et Gynecologica Scandinavica. v. 90, p. 140-149, 2011. 3. OYELESE, Y.,ANANTH, C.V. Placental Abruption: management. UpToDate, 2017.
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