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www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 1 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO Prof. André Mota Tema: JURISDIÇÃO 1. CARACTERES Substitutividade: no sentido de substituir a atividade das partes em conflito, pondo a sua vontade acima das mesmas. inércia: não haverá movimentação sem que haja a prévia provocação, justamente com o intuito de impedir que o julgador seja influenciado pelas paixões que o levaram a tomar a iniciativa (art. 2º, CPC: “o juiz não prestará a tutela jurisdicional senão quando provocado, nos casos e formas legais”). imparcialidade: o órgão julgador se classifica como sendo o sujeito imparcial da relação processual. definitividade: a atividade jurisdicional é marcada pela indiscutibilidade. Após esgotados os atos procedimentais, e ocorrente o fenômeno da coisa julgada, não há se falar em nova discussão daquilo que fora objeto do decisório emitido. 2. PRINCÍPIOS INFORMADORES investidura: o conflito posto em questão deverá ser desatado por órgão constitucionalmente e legalmente revestido de autoridade. No ordenamento jurídico nacional, a tarefa em questão é atribuída aos juízes (art. 1º, CPC: “a jurisdição civil, contenciosa ou voluntária, será exercida pelos juízes em todo o território nacional, conforme as disposições que este código estabelece”). juiz natural (imparcialidade): atrelada à característica anterior, significa que o julgador deve estar despido de qualquer intenção ou predisposição no julgamento. aderência ao território (ou improrrogabilidade): além de estar investido na função, faz-se mister que a atividade jurisdicional seja exercida em dado limite (territorial ou material). www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 2 indeclinabilidade (ou inafastabilidade): uma vez provocado, o órgão jurisdicional não poderá se escusar de resolver a lide. A carta maior é clara ao mencionar a inafastabilidade do controle jurisdicional de lesão ou ameaça a direito (art. 5º, XXXV). 3. COMPETÊNCIA 3.1. Critérios para a determinação de competência interna a) territorial b) funcional c) em razão do valor d) em razão da matéria 3.2. O Regime jurídico acerca da competência O regime jurídico acerca da competência irá variar conforme a sua natureza. Sendo relativa (territorial ou em razão do valor), a infração a regra da competência deve ser alegada pela parte, sob pena de preclusão e consequente prorrogação de competência (tornando-se competente o juízo que, até então não o era). Outrossim, a infração à regra de competência de natureza absoluta (em razão da matéria ou hierarquia), por estar apoiada em regras de ordem pública, acaba por gerar vício insanável, o qual poderá ser arguido em qualquer momento e grau de jurisdição (EX OFFICIO OU MEDIANTE PRELIMINAR DE CONTESTAÇÃO). 3.3. Modificações de competência Não obstante inicialmente estabelecida, fato é que a competência em razão do valor e do território poderá ser modificada pela conexão ou continência. Haverá a conexão quando entre duas ou mais causas houver identidade de objeto ou causa de pedir; já a continência se dará quando houver identidade de partes e causa de pedir, mais o objeto de uma, por ser mais amplo, abrande o da outra. Havendo conexão ou continência, será competente o juiz prevento, ou seja, aquele que primeiro despachou no processo (em se tratando de juízes de mesma competência terriotorial- art. 106, CPC), ou aquele que primeiro promoveu a citação válida (em se tratando de juízes de diferentes territórios- art. 219, CPC). www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 3 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO Prof. André Mota www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 4 Tema: AÇÃO 1. ELEMENTOS Partes: são os sujeitos parciais do processo, os quais se fixam num dos pólos da relação jurídico-processual. Autor é aquele formula pretensão perante o aparato jurisdicional, ao passo, que réu é aquele contra o qual a tutela jurisdicional fora solicitada. Causa de pedir: é a razão do pedido. Consiste na motivação, de fato e de direito, que enseja o petitório. Pedido: é o objeto da ação, ou seja, o que se busca perante o aparato jurisdicional. 3. CONDIÇÕES DA AÇÃO Possibilidade jurídica do pedido: consiste no amparo, em tese, que a suposta pretensão encontra perante o ordenamento jurídico nacional. Interesse de agir: restará atendido quando vislumbrado o binômio “necessidade-adequação”. Legitimidade: qualidade atribuída ao sujeito para se fixar num dos pólos da relação jurídica. A legitimidade está relacionada à titularidade do direito material discutido em juízo (legitimidade ad causam). COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO Prof. André Mota www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 5 Tema: PROCESSO: PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS SUBJETIVOS: se referem às exigências em relação aos sujeitos protagonistas da relação processual: juiz e partes. Quanto ao JUIZ, este deverá: a) estar investido de jurisdição; b) ser competente para apreciar a questão e c) ser dotado de imparcialidade. Quanto às PARTES, estas deverão: a) ter capacidade de ser parte, b) de estar em juízo e c) capacidade postulatória. OBJETIVOS: são de duas ordens, a saber: EXTRÍNSECOS à relação processual: (inexistência de fatos impeditivos- litispendência, perempção, coisa julgada, ausência de pagamento de custas no caso de repetição de ação anteriormente extinta sem resolução de mérito e convenção de arbitragem) INTRÍNSECOS: (subordinação do procedimento às normas legais- petição inicial, citação e instrumento de mandato). A obediência aos pressupostos processuais consiste exigência de ordem pública, de interesse do Estado, cognoscível de ofício (à exceção da convenção de arbitragem-art. 301, par. 4º, CPC) e em qualquer momento e grau de jurisdição, tendo em vista não estar sujeito à preclusão. COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO Prof. André Mota www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 6 Tema: PROCESSO: SUJEITOS 1. PARTES A) Deveres na atuação processual O CPC, em seu art. 14, especifica um rol de deveres das partes e de todos aqueles que, de qualquer forma, participam do processo, a saber: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - proceder com lealdade e boa-fé; III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento; IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito. V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou finalVelando pela leal atuação processual, o CPC disciplina a existência do instituto da litigância de má-fé, apontando que responderá por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente. Segundo o legislador, reputa-se litigante de má-fé aquele que: I- deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal (ex: divórcio com separação de bens simulada para fraudar credores); IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; Vl - provocar incidentes manifestamente infundados; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, condenará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu (o valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantia não superior a 20% sobre o valor da causa), mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou. Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. B) Dos deveres quanto às despesas e às multas www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 7 Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou requerem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença. O pagamento será feito por ocasião de cada ato processual. As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico. Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público. Entretanto, a sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios (esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria). Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de zelo do profissional; b) o lugar de prestação do serviço; c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas (sucumbência recíproca). Mas se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e honorários. Se o processo terminar por desistência ou reconhecimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu. Sendo parcial a desistência ou o reconhecimento, a responsabilidade pelas despesas e honorários será proporcional à parte de que se desistiu ou que se reconheceu. Havendo transação e nada tendo as partes disposto quanto às despesas, estas serão divididas igualmente. 2. DO JUIZ a) deveres O juiz dirigirá o processo, competindo-lhe: I - assegurar às partes igualdade de tratamento (isonomia); II - velar pela rápida solução do litígio (celeridade); www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 8 III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça (zelo); IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes (composição). b) responsabilidade Responderá por perdas e danos o juiz, quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. Reputar-se-ão verificadas as hipóteses previstas no no II só depois que a parte, por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e este não Ihe atender o pedido dentro de 10 (dez) dias. c) atuação processual: Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito (indeclinabilidade). Art. 127. O juiz só decidirá por eqüidade nos casos previstos em lei. Art. 128. O juiz decidirá a lide nos limites em que foi proposta, sendo-lhe defeso conhecer de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa da parte (inércia). Art. 129. Convencendo-se, pelas circunstâncias da causa, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim proibido por lei, o juiz proferirá sentença que obste aos objetivos das partes (simulação). Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente protelatórias (impulso oficial). Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que Ihe formaram o convencimento (princípio da livre convicção motivada). Art. 132. O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência julgará a lide (princípio da identidade física do juiz), salvo se estiver convocado, licenciado, afastado por qualquer motivo, promovido ou aposentado, casos em que passará os autos ao seu sucessor. Parágrafo único. Em qualquer hipótese, o juiz que proferir a sentença, se entender necessário, poderá mandar repetir as provas já produzidas. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 9 d) Dos impedimentos e da suspeição O impedimento se resume a duas situações: a) quando o juiz atua (como parte, órgão de direção) ou já atuou no processo (juiz, mandatário, perito, órgão do MP ou testemunha); ou b) quando um parente seu estiver na condição de parte (linha reta ou colateral até o 3º grau) ou advogado (linha reta e na colateral até o 2º grau). Fora das hipóteses acima, todas as outras que comprometerem a parcialidade do juiz configurarão hipóteses de suspeição. Como não foi possível ao legislador listar todas elas, preferiu mencionar apenas algumas e, ao final, deixar em aberto, através das frases “interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes” e “poderá, ainda, o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo”, o que nos leva a contemplar um rol meramente exemplificativo. Vejamos as hipóteses listadas: I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo. 4. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS MODALIDADES A) ASSISTÊNCIA aplicação: Modalidade de intervenção voluntária, consiste no ingresso de terceiro que objetiva avitória de uma das partes, haja vista que o resultado do julgamento poderá afetar a sua esfera jurídica (e não meramente econômica!). Regime jurídico: www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 10 O assistente vincula-se às declarações do assistido. É que, apesar de figurar na demanda, o interesse controvertido é do assistido. Assim, poderá o assistido reconhecer a procedência do pedido, desistir da ação, efetuar transação, etc.. Fato é que a atuação é de mero auxiliar ou coadjuvante da parte principal. B) OPOSIÇÃO aplicação: Modalidade de intervenção espontânea, onde o terceiro migra para o processo a fim de contrapor-se ao direito de ambas as partes originárias. (ex: ingresso de terceiro no bojo de ação reivindicatória de imóvel, afirmando que a coisa lhe pertence). regime jurídico: A oposição deverá ser intentada até a prolação da sentença na ação originária. Apresentada até o início da audiência de instrução e julgamento, será a mesma processada em apenso aos autos principais, sendo julgadas na mesma sentença a ação e oposição; apresentada após o início da audiência de instrução e julgamento (em que todos os meios probatórios já foram predeterminados), a oposição obedecerá o rito ordinário (seguindo-se a sequência processual conforme qualquer outra causa), podendo o magistrado determinar a suspensão processual (por até 90 dias) para julgamento conjunto com a oposição. C) NOMEAÇÃO À AUTORIA aplicação: Modalidade provocada, a qual visa o ajuste do pólo passivo. Será cabível naquelas situações em que o detentor é demandado em ação que deveria ter sido ajuizada em face do proprietário do objeto causador do dano a bem alheio e não a um mero detentor (ex: pessoa que invade terreno alheio e coloca caseiro para tomar conta) ou na hipótese em que ato praticado por ordem ou instrução de superior causa prejuízos a outrem. (ex: dono que manda gado pastar em terreno vizinho, destruindo-lhe a plantação; patrão que manda jogar o lixo colhido em terreno de vizinho). regime jurídico: www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 11 O ato em questão deverá ser realizado no prazo da defesa. Sendo aceita pelo autor e pelo réu, haverá a substituição (ou ajuste) no pólo passivo (também chamado de “extromissão”), com a entrada daquele que fora nomeado. Não aceitando a nomeção, a ação continuará a tramitar entre as partes originárias, correndo o autor o risco de vê-la extinta sem resolução de mérito, em virtude da ilegitimidade passiva. D) DENUNCIAÇÃO DA LIDE Aplicação: Modalidade de intervenção provocada, mediante a qual se pretende exercer o direito de regresso, seja em virtude de evicção (ex: ação judicial em que se objetiva coisa anteriormente adquirida a terceiro), seja por prejuízos decorrentes de posse direta (ex: ação intentada contra o locatário de determinado bem, pelos prejuízos causados pelo mesmo) ou, finalmente, em razão de vínculo contratual ou legal de responsabilidade (ex1: empregador que é demandado pelos prejuízos causados por seu obreiro- art. 932, CC; ex2: ação movida contra condutor de veículo, quando o mesmo denuncia à lide o seguro). Regime jurídico: Duas observações devem ser feitas. A primeira, é que a denunciação poderá ser efetuada tanto pelo autor da ação originária (na própria inicial, efetuando-se a citação do denunciado juntamente com a do réu) quanto pelo réu (no prazo para contestar); A segunda, é que a sentença terá dupla função, qual seja, a de definir a relação obrigacional existente entre autor e réu da ação originária e a relação obrigacional regressiva entre o réu e o denunciado, valendo a mesma como título executivo judicial (art. 76, CPC). E) CHAMAMENTO AO PROCESSO Aplicação: Modalidade de intervenção provocada, com o alargamento processual, na medida em que se inclui na demanda sujeito que partilha responsabilidades com o réu da demanda originária. O CPC contempla o chamamento do devedor principal pelo fiador; dos demais fiadores pelo fiador demandado; ou, finalmente, dos demais devedores solidários quando demandado apenas um ou alguns deles. Regime jurídico: www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 12 O réu efetuará o chamamento no prazo relativo à defesa; migrando o terceiro e havendo o alargamento da relação processual, a sentença que julgar procedente a ação servirá de título executivo em favor do que satisfizer a dívida para que execute o co-obrigado nos autos do mesmo processo. COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO Prof. André Mota Tema: PROCESSO: ATOS E PRAZOS PROCESSUAIS 1. BREVE DIGRESSÃO Assim como ocorre com os atos jurídicos em geral, os atos processuais são ações voltadas à produção de feitos jurídicos. Aqui, todavia, o objetivo é produzí-los no âmbito da relação jurídica processual (forma “endoprocessual”). 2. ATOS PROCESSUAIS www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 13 a) Forma: Em regra, não dependem de forma, a não ser quando a lei expressamente estabelecer. b) Publicidade: Os atos serão públicos, havendo restrição nas hipóteses legalmente mencionadas (segredo de justiça- art. 155, CPC- quando o exigir o interesse público ou disserem respeito à casamento, separação, filiação, alimentos e guarda de menores). c) Comunicação: Expedir-se-á carta de ordem quando o juiz for subordinado ao tribunal do qual dela emanar; carta rogatória, quando dirigida à autoridade judiciária estrangeira; e precatória quando solicitada a juízo de mesma hierarquia, localizado em diferente comarca. 3. PRAZOS PROCESSUAIS a) espécies: Baseada nos dispositivos legais pertinentes à matéria, a doutrina expõe a seguinte classificação: legais: fixados pelo legislador. É a regra (p. exemplo, contestação, apelação); O juiz proferirá os despachos de expediente, no prazo de 2 (dois) dias e as decisões, no prazo de 10 (dez) dias. judiciais: arbitrados pelo magistrado no silêncio da lei. Exemplo é aquele fixado para a pronúncia acerca de documentos trazidos aos autos. Não havendo prazo legal ou judicial, o ato a cargo da parte deverá ser realizado em 5 dias- art. 185, CPC); peremptórios: os quais, em regra, não poderão sofrer prorrogação. dilatórios: aqueles suscetíveis de redução ou prorrogação mediante convenção das partes (desde que feito ao juiz antes do vencimento e se funde em motivo legítimo) ou decisão judicial. Obs: nas comarcas de difícil transporte, o juiz poderá prorrogar quaisquer prazos, mas nunca por mais de 60 dias; em caso de calamidade pública, poderá ser excedido o limite em questão. próprios: destinados às partes e cujo descumprimento acarreta ônus; impróprios: destinados aos protagonistas da jurisdição e cujo descumprimento não acarreta ônus endoprocessuais, porém eventuais penalidades de caráter administrativo. A consequência é lógica: não acarreta ônus ao magistrado ou aos serventuários pelo fato dos mesmos não possuírem interesse no feito. b) contagem dos prazos: www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 14 “início do prazo” não se confunde com “início do cômputo doprazo”. O “início do prazo” é marcado por ser o termo inicial fixado para a prática do ato (não levado em consideração na contagem), ao passo que o “início do cômputo do prazo” é o primeiro dia levado em consideração à contagem do prazo. Assim, entende o legislador quando o mesmo apregoa que “contam-se os prazos excluindo-se o dia do começo e incluindo-se o do vencimento” (art. 185, CPC). Os prazos fixados são contínuos, não se interrompendo nos domingos e feriados. COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO Prof. André Mota Tema: PROCESSO: FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO 1. FORMAÇÃO O processo civil começa por iniciativa da parte (inércia da jurisdição), mas se desenvolve por impulso oficial. Para tanto, considera-se proposta a ação, tanto que a petição inicial seja despachada pelo juiz, ou simplesmente distribuída, onde houver mais de uma vara. Feita a citação, é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes (estabilização dos elementos da ação), salvo as substituições permitidas por lei. A alteração do pedido ou da causa de pedir em nenhuma hipótese será permitida após o saneamento do processo. 3. SUSPENSÃO Haverá a suspensão do processo nos seguintes casos: www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 15 I - pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador II - pela convenção das partes III - quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de suspeição ou impedimento do juiz; IV - quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente; b) não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato, ou de produzida certa prova, requisitada a outro juízo; c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente: V - por motivo de força maior 3. EXTINÇÃO A) Extingue-se o processo, sem resolução de mérito quando: I - quando o juiz indeferir a petição inicial Il - quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes III - quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias IV - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada; Vl - quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual; Vll - pela convenção de arbitragem; Vlll - quando o autor desistir da ação: IX - quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal; X - quando ocorrer confusão entre autor e réu; XI - nos demais casos prescritos neste Código. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 16 B) Haverá resolução de mérito: I - quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor; II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; III - quando as partes transigirem; IV - quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição; V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO Prof. André Mota Tema: PROCESSO: PROCEDIMENTO 1. O PROCEDIMENTO ORDINÁRIO Considerando a sua larga utilização no meio forense, de modo a consistir na principal modalidade de procedimento, faz-se mister tecermos considerações acerca do procedimento ordinário, visualizando os atos processuais realizados no seu bojo. A) PETIÇÃO INICIAL - requisitos (art. 282, CPC). B) ADMISSIBILIDADE DA INICIAL - emenda - indeferimento liminar (art. 295, CPC) - improcedência liminar (art. 285-A, CPC) www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 17 - recebimento: quando devidamente preenchidos os requisitos legais. C) CITAÇÃO Diz-se “real”, pois dela se tem a certeza que o destinatário tomou conhecimento. É o caso da citação postal (correios) e por intermédio de oficial de justiça (art. 222, CPC). A “ficta”, outrossim, constitui mera ficção jurídica, no sentido da lei presumir conhecimento pelo destinatário. São modalidades, as citações por hora certa (suspeita de ocultação após a procura do reu por três dias distintos) e por edital (réu incerto ou que reside em local incerto ou não sabido). D) ATITUDES DO RÉU (Arts. 297 e seguintes, CPC) No prazo de 15 dias, poderá o réu apresentar as seguintes posturas: Inércia: Contestação exceção impugnação ao valor da causa (261, CPC) reconvenção E) PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES F) JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO Aqui o processo já está “maduro” para julgamento, não havendo que se falar em instrução, seja porque ocorreu a revelia, seja pelo fato de que a causa versa apenas questão de direito ou, sendo de fato e de direito, não houver necessidade de produção de provas. G) AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO Verificando o magistrado que o litígio versa acerca de direito disponíveis, designará tal audiência, a fim de obter a composição. Não havendo a composição, o magistrado fixará os pontos controvertidos da lide e designará a data da realização da audiência de instrução. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 18 H) INSTRUÇÃO Momento propício para a coleta dos demais elementos de prova (tendo em vista que a base documental já fora trazida por intermédio da inicial e da defesa). A prova pode ser definida como o instrumento utilização para a convicção do julgador acerca dos fatos da causa. Tem por destinatário o juiz. Tem por objeto os fatos (por isso não se prova o direito- “Iura novit cúria”, a não ser que diga respeito ao direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, e se assim determinar o juiz). Ademais, os fatos hão de ser controvertidos (razão pela qual são dispensáveis as provas dos fatos incontroversos, afirmados por uma parte e confessados pela outra, notórios e aqueles em cujo favor milita a presunção legal de existência ou veracidade- art. 334, CPC). Os meios de prova são os seguintes: a) depoimento pessoal: b) testemunhal; c) prova documental d) prova Pericial (exames, vistoria e avaliação); e) Inspeção Judicial; f) Confissão. I) SENTENÇA Possui os seguintes compartimentos ou elementos: Relatório Fundamentação Dispositivo www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 19 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL TEORIA GERAL DO PROCESSO E PROCESSO DE CONHECIMENTO Prof. André Mota Tema: COISA JULGADA 1. DEFINIÇÃO É a eficácia que torna imutável a decisão não mais sujeita a recurso, ordinário ou na via extraordinária. 3. ESPÉCIES formal material 4. INEXISTÊNCIA DE COISA JULGADA Considerando que o objeto da coisa julgada é o objeto da ação,o qual está contido na parte dispositiva da sentença, não fazem coisa julgada (por estarem situados no fundamento e não no dispositivo): os motivos, ainda que importantes para alcançar a parte dispositiva; a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; a questão prejudicial: 5. O REEXAME NECESSÁRIO (ART. 475, CPC) www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 20 O reexame necessário constitui-se em condição de eficácia da sentença proferida em face da fazenda pública (união, estado, D.F., municípios, autarquias e fundações de direito público). Para que haja o reexame necessário, é mister que a sentença seja contrária à fazenda pública, seja uma sentença: 1) proferida num processo de conhecimento qualquer ; 2) seja uma sentença que acolhe os embargos apresentados pelo devedor que sofre uma execução fiscal; Em ambos os casos, não se aplicará o reexame necessário quando a condenação não exceder a sessenta salários mínimos, (art. 475, par. 2o., CPC, aplicando-se o primeiro exemplo acima à primeira parte do parágrafo e o segundo exemplo à segunda parte deste parágrafo), bem como quando a decisão recorrida estiver em consonância com jurisprudência do plenário ou súmula do STF ou com súmula do STJ ou outro tribunal superior. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 21 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCESSO DE CONHECIMENTO-RECURSOS Prof. André Mota Tema: TEORIA GERAL DOS RECURSOS 1. DEFINIÇÃO. É o instrumento de impugnação da decisão judicial, de uso facultativo, com o objetivo de alcançar a reforma, invalidação ou integração (esclarecimento) do provimento emitido. 2. FINALIDADE. Reformar, invalidar ou integrar a decisão. 3. PRINCÍPIOS RECURSAIS Duplo grau de jurisdição Correspondência: unicidade, singularidade ou unirrecorribilidade Taxatividade Fungibilidade www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 22 Proibição da reformatio in pejus: 4. PRESSUPOSTOS RECURSAIS A) Tempestividade B) Preparo: C) Legitimidade D) Interesse E) Regularidade formal 5. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO. O juízo de admissibilidade consiste na verificação dos pressupostos recursais (ou de admissibilidade) da modalidade recursal de que se tenha valido o recorrente para impugnar o decisório judicial. Preenchidos os requisitos, diremos que o recurso será “conhecido”, de modo a se poder adentrar na análise meritória (juízo de mérito) para, só então, concluir pelo “provimento” ou “improvimento” do instrumento recursal. 6. EFEITOS devolutivo suspensivo efeito expansivo efeito translativo . www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 23 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCESSO DE CONHECIMENTO- RECURSOS Prof. André Mota Tema: APELAÇÃO 1. DEFINIÇÃO É o recurso manejado contra toda e qualquer sentença, seja terminativa ou mérito, em procedimento comum ou especial. 2. OBJETO Conforme salientado, o recurso em análise é apto a atacar sentença, seja ela de mérito ou terminativa (art. 267 e 269, CPC). 3. FORMALIDADES Prazo: o prazo para a interposição do recurso é de 15 dias, contados da publicação da decisão que se quer recorrer. Petição: a peça deverá conter os nomes e qualificação das partes, fundamentos de fato e de direito bem como o pedido de nova decisão (reformando ou invalidando a anterior). Preparo: o recorrente deverá efetuar o preparo do seu recurso (salvo no caso dos que são isentos (par. 1, artigo 511, CPC), mediante o pagamento das custas, de modo a acostar o comprovante no ato de interposição do instrumento recursal (art. 511, CPC). 4. POSSIBILIDADE DO JUÍZO DE RETRATAÇÃO NA APELAÇÃO www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 24 Decisão que julga liminarmente a improcedência da demanda (Art. 285-A, CPC com redação dada pela Lei 11.277 de 2006); indeferimento da inicial (art. 296, CPC); 5. EFEITOS Regra: será recebida em ambos os efeitos (devolutivo- no sentido de devolver ao aparato jurisdicional a análise da matéria objeto da impugnação, e suspensivo- no sentido de impedir que a decisão recorrida possa ser, de logo, executada no plano dos fatos). Exceção (art. 520): no artigo 520 do CPC o legislador tratou de estabelecer o efeito tão somente devolutivo no recurso em análise, haja vista a natureza emergencial das matérias nele veiculadas, de modo que a concessão de efeito suspensivo em tais situações poderia acarretar lesão a direitos (sentença cautelar; que confirma a antecipação dos efeitos da tutela; sentença na ação de alimentos, a que julga improcedentes os embargos à execução e a sentença que julga a divisão ou demarcação de terras). www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 25 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCESSO DE CONHECIMENTO- RECURSOS Prof. André Mota Tema: AGRAVO 1. DEFINIÇÃO É o recurso cabível de toda e qualquer decisão interlocutória proferida no processo civil. 2. OBJETO Do conceito supra, verifica-se que o recurso deve ser manejado em face de decisões interlocutórias. Tais decisões podem ser conceituadas como provimentos que são proferidos no curso do processo (regra geral, antes da sentença), decidindo incidentes processuais. 3. ESPÉCIES retido de instrumento 4. FORMALIDADES E PROCESSAMENTO Na modalidade retida: Prazo: 10 dias ou oralmente, se proferida a decisão em audiência de instrução e julgamento. Petição: no prazo aludido, a parte deverá interpor petição fundamentada, sendo, porém, desnecessária a instrução por documentos. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 26 Preparo: não necessita. juízo de retratação: poderá ser exercido pelo magistrado, desde que conceda a oportunidade para a parte contrária manifestar, em dez dias, as suas contrarrazões. Na modalidade de instrumento: Prazo: dez dias. Petição: deverá ser escrita e interposta DIRETAMENTE no tribunal, sendo instruída com os seguintes documentos: a) obrigatórios: cópia da decisão agravada, certidão da respectiva intimação e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e agravado; b) facultativamente: com outras que entender úteis. Preparo: no ato de interposição do recurso (art. 511) pagará as custas e os valores relativos ao porte de remessa e retorno (que são despesas postais), conforme tabela publicada pelos tribunais. Juízo de retratação: deve o agravante, no prazo de três dias a contar da interposição do recurso, requerer a juntada, ao juízo de primeiro grau, cópia da petição do agravo, do comprovante de sua interposição, além da relação dos documentos que instruíram o recurso, sob pena de nãoconhecimento do agravo, desde que argüido e provado pelo agravado. O objetivo, aqui, é possibilitar ao magistrado o exercício de sua retratação, após o conhecimento do inconformismo da parte recorrente. Se assim o fizer, o recurso estará prejudicado. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 27 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCESSO DE CONHECIMENTO- RECURSOS Prof. André Mota Tema: EMBARGOS INFRINGENTES 1. BREVE DIGRESSÃO O objetivo do recurso em questão é a defesa da tese veiculada no voto vencido, com o fito de fazer com que o mesmo prevaleça. 2. CONCEITO E EFEITO. É o remédio apto a combater acórdão não unânime, o qual reformou sentença ou julgou procedente a Ação Rescisória, com o objetivo de fazer prevalecer o voto vencido. O efeito do recurso é meramente devolutivo. 3. CABIMENTO: REQUISITOS a) Cumulativo acórdão não-unânime b) Alternativos reforma da sentença de mérito procedência da ação rescisória www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 28 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCESSO DE CONHECIMENTO- RECURSOS Prof. André Mota Tema: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 1. CONCEITO É o remédio recursal que visa integrar decisório judicial (sentença, acórdão ou decisão interlocutória), sanando obscuridade, omissão ou contradição existente. 2. CONDIÇÕES ESPECÍFICAS PARA O MANEJO DO RECURSO a) obscuridade b) Omissão c) Contradição 3. EFEITOS O recurso interrompe o prazo para a propositura de quaisquer recursos, por AMBAS as partes, devolvendo-se, por conseguinte, a totalidade do mesmo. Os embargos declaratórios existentes na lei dos Juizados especiais cíveis (Lei 9.099/95) apenas suspendem o prazo. 4. PROCESSAMENTO www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 29 O prazo de interposição é de cinco dias, inexistindo deferimento de prazo para as contrarrazões (salvo no caso de possibilidade de efeitos modificativos). A interposição fora do prazo não terá o condão de interromper o prazo em questão. Inexiste preparo para a espécie recursal em exame. O julgamento se dará pelo mesmo órgão que emitiu o decisório a ser reexaminado. COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL A EXECUÇÃO CIVIL Prof. André Mota Teoria Geral da Execução 1. PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO CIVIL A) Princípio da realidade da execução (art. 591, CPC) B) Princípio da Economicidade. C) Princípio da máxima utilidade da execução. D) Princípio da especificidade. E) Princípio do ônus da execução. F) Princípio da dignidade da pessoa humana. G) Princípio da disponibilidade dos atos de execução. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 30 2. IMPENHORABILIDADE Nem todos os bens do devedor estarão sujeitos ao adimplemento da obrigação, sendo certo que alguns são impenhoráveis. A proteção sobre aludidos bens encontra guarida no fato de que a execução não pode levar o devedor a uma situação incompatível com a dignidade humana. a) Impenhorabilidade do bem de família b) Impenhorabilidade dos demais bens (art. 649, CPC) www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 31 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL A EXECUÇÃO CIVIL Prof. André Mota AS EXECUÇÕES EM ESPÉCIE Tema: O Cumprimento de Sentença 1. O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER, NÃO FAZER E ENTREGA DE COISA NO ORDENAMENTO JURÍDICO NACIONAL (ARTS. 461 E 461-A, CPC) A) Provimentos Mandamentais e Executivos B) Natureza da obrigação e técnica executiva apropriada C) A questão do termo inicial de aplicação da “Astreintes” 2. O CUMPRIMENTO DE SENTENÇA NAS OBRIGAÇÕES PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA PROCEDIMENTO a) Prazo para adimplemento voluntário b) Requerimento do credor c) Expedição de mandado d) Intimação do devedor e) Atitudes do devedor www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 32 Pagamento espontâneo (remir a execução- art. 651, CPC) Impugnação ao cumprimento de sentença (art. 475-L, CPC) COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL A EXECUÇÃO CIVIL Prof. André Mota TEMA: A EXECUÇÃO APOIADA EM TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL 1. EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA DE TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL PROCEDIMENTO 1. Propositura da ação 2. Despacho da inicial 3. Atitudes do devedor a) Efetuar o pagamento voluntário b) Requerer o parcelamento c) Apresentar embargos à execução 4. Continuidade da execução A) Dos atos de Constrição Da penhora e avaliação: B) Dos atos de Expropriação Adjudicação Alienação por iniciativa particular www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 33 Alienação em hasta pública 5. Finalização da execução COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL A EXECUÇÃO CIVIL Prof. André Mota TEMA: EXECUÇÕES ESPECIAIS: DA EXECUÇÃO FISCAL (LEI 6.830/80) 1. BREVE DIGRESSÃO Com o fito de imprimir maior celeridade à realização do crédito cuja titularidade são das pessoas jurídicas de direito público, a ordem jurídica estatal criou procedimento disciplinado em lei específica (extravagante, portanto), o qual procurou, ao máximo, adaptar as regras executivas às necessidades daqueles entes. 2. LEGITIMIDADE a) ativa: de acordo com o consubstanciado no artigo 1º da lei em comento, as pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, Municípios, Df, Autarquias e fundações públicas) serão as legitimadas ativas. b) Passiva: o devedor, tenha ele legitimidade originária ou superveniente (sucessores). 3. O TÍTULO EXECUTIVO MANTENEDOR DA EXECUÇÃO FISCAL O procedimento em questão é lastreado na certidão de dívida ativa, título executivo extrajudicial cuja previsão fora mencionada tanto no CPC (art. 585) quanto na LEF (Arts. 1 e 2). www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 34 O documento é confeccionado mediante regular procedimento administrativo, em que sejam assegurados o contraditório e ampla defesa. O título em análise aponta a existência de dívida, seja ela de natureza tributária (resultante de tributos, a exemplo do IR, IPTU, Contribuições, etc.) ou não tributária (a exemplo de multas administrativas, multas contratuais, créditos em virtude da utilização de bem público, etc.). Constituído o documento, o ordenamento legal presume ser o crédito- cujo valor abrange tanto o principal como os juros, multa e correção- líquido e certo, sendo esta última presunção, no entanto, relativa, de modo a admitir prova em contrário. 4. PROCEDIMENTO A) Competência B) Petição Inicial C) Citação D) Posturasdo executado Inércia Apresentação de Embargos à execução Fiscal F) Sentença www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 35 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCESSO CAUTELAR Prof. André Mota 1. TEMA DA AULA: A medida cautelar de arresto. 2. REFERÊNCIAS LEGAIS: arts. 813 a 821 do CPC; 653 e 654 do CPC; e 360 e do Código Civil. 3. DEFINIÇÃO É a medida cautelar, preparatória ou incidental, que tem como objetivo separar bens para garantir uma execução ameaçada por atos do devedor. 4. PRESSUPOSTOS: a) prova da dívida líquida e certa b) prova da atuação do devedor lesiva à efetividade da execução 5. A JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA Os fatos imputados ao devedor como prejudiciais ao êxito da execução devem ser provados pelo autor. Em direito não basta alegar. Quem alega tem o ônus da prova. É possível, porém, que o requerente não tenha a prova documental dos fatos que o devedor está praticando para tentar fraudar a execução. Então, o legislador permitiu que essa prova pudesse ser feita por testemunhas. A prova terá lugar, destarte, numa audiência. A justificação prévia é a audiência para a obtenção de prova oral dos fatos imputados ao devedor e que não possam ser provados por www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 36 documentos. A audiência será realizada o mais rapidamente possível e em segredo de Justiça. Essa audiência não é para a prova da dívida líquida e certa. A dívida só poderá ser provada documentalmente. 6. O ARRESTO SEM A PROVA DOS FATOS IMPUTADOS AO DEVEDOR É possível ao credor obter, em caráter excepcional, o arresto de bens do devedor sem a prova dos fatos que ameaçam a execução. Essa excepcionalidade beneficia a União, os Estados e os Municípios e os credores privados que não disponham de prova, desde que, no caso desses últimos, haja a prestação de caução. O fundamento diz respeito ao fato de que os atos afirmados pelas pessoas de direito público são dotados da presunção de legitimidade e veracidade. Em se tratando de credor privado que presta caução, a justificativa reside no fato de que o ressarcimento dos eventuais danos causados pela execução da medida já estaria assegurado pela garantia prestada. 7. O ARRESTO E A AÇÃO PRINCIPAL O legislador estabelece expressamente a ausência da repercussão da decisão do arresto no “julgamento” do processo principal – art. 817. Essa regra repete o princípio contido nas disposições gerais que regem o processo cautelar - art. 810. A norma do art. 810 tem redação defeituosa, contudo, ao estabelecer que “a sentença proferida no arresto não faz coisa julgada na ação principal”. O legislador melhor diria que a sentença na medida cautelar de arresto não teria repercussão em eventual discussão sobre a exigibilidade ou prevalência do título executivo. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 37 COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCESSO CAUTELAR Prof. André Mota 1. TEMA DA AULA: A medida cautelar de seqüestro. 2. REFERÊNCIAS LEGAIS: Arts. 822 a 825. 3. DEFINIÇÃO É a medida cautelar prevista para preservar os bens que estão sendo disputados ou que serão disputados em processo de cognição. 4. PRESSUPOSTO DO SEQÜESTRO A regra do art. 822 fala da decretação do sequestro nos seguintes casos: de bens móveis, semoventes ou imóveis dos frutos e rendimentos do imóvel reivindicando dos bens do casal nos demais casos expressos em lei 5. A JUSTIFICAÇÃO PRÉVIA Os fatos imputados como prejudiciais ao bem disputado devem ser provados pelo autor. Em direito não basta alegar. Quem alega tem o ônus da prova. É possível, porém, que o requerente não tenha a prova documental dos fatos que está alegando. Então, o legislador permite que essa prova possa ser feita por testemunhas. A prova terá lugar, destarte, numa audiência. A www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 38 justificação prévia é a audiência para a obtenção de prova oral dos fatos imputados como causa de pedir do seqüestro. COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCESSO CAUTELAR Prof. André Mota Tema da aula: A busca e apreensão. 1. BREVE DIGRESSÃO A busca e apreensão é espécie inserida no gênero “apreensão judicial”, ao lado das medidas de arresto e sequestro. Possui a mesma caráter residual, na medida em que se aplica aos casos em que são incabíveis aquelas providências (exemplos: documento subtraído que servirá à instrução processual; busca e apreensão de bem móvel para a garantia de execução de quantia certa, ainda sem título; menor na ação de perda ou destituição do pátrio poder ou como preparatória de manutenção de guarda; idoso em caso de maus tratos, etc.; busca e apreensão de material confeccionado com violação à direito autoral, como modalidade preparatória à futura ação de indenização por danos materiais e morais). 2. DEFINIÇÃO É a medida cautelar que tem por objetivo preservar pessoas ou coisas para a eficácia da decisão a ser proferida na cognição ou dos atos a serem praticados na execução. 3. ESPÉCIES A medida é real quando incide sobre coisas e pessoal quando incidir sobre pessoas. 4. SÍNTESE DO PROCEDIMENTO Petição inicial Justificação prévia www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 39 Mandado O acompanhamento por perito COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCEDIMENTOS ESPECIAIS Prof. André Mota Tema: A AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 1. Referências Legais: arts. 890 a 900 do CPC e 334 a 345 do CC. 2. Breve digressão Numa dada relação jurídica obrigacional, sendo atingida a data do vencimento para a entrega de coisa ou para o pagamento de quantia, é comum contemplarmos o recebimento do objeto ou quantia em questão e, por conseguinte, a quitação regular (emissão de recibo, por ex.), de forma a liberar o devedor da agora extinta obrigação. Ocorre que determinadas circunstâncias acidentais (divergência quanto ao valor, dúvida quem se deva pagar, negativa de entrega de recibo, etc.) podem fazer com que surja a necessidade de se proceder a medida de consignação, judicial ou extrajudicial, como forma de desonerar aquele que deve e não está podendo exercer o seu direito de se desvincular da obrigação a qual está atado. Vê-se, portanto, que existe um conflito de interesses, a ser solucionado mediante instrumentos legais (judiciais ou extrajudiciais) de pacificação social. 3. Definição: É o procedimento, judicial ou extrajudicial, para a obtenção pelo autor, de quitação de dívida naquelas hipóteses em que o credor se nega a receber a coisa ou o dinheiro, ou ainda quando o devedor não sabe a quem pagar. Com a quitação, o autor busca evitar a mora e os seus efeitos. 4. Espécies de Consignação: www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 40 4.1. Extrajudicial: Com o escopo de garantir a pacificação social e, ao mesmo tempo,evitar assoberbar ainda mais o judiciário, o legislador previu a consignação extrajudicial como forma alternativa de solução de conflitos. O procedimento consiste no depósito de quantia em instituição bancária oficial, em conta com correção monetária, com a posterior notificação do credor, mediante aviso de recebimento, para que o mesmo tome ciência e se manfeste (em dez dias) acerca do depósito efetuado. Embora haja divergência, temos que é indicado seja a correspondência emitida pelo representante do estabelecimento bancário, haja vista a maior segurança que o ato proporciona. Procedida a notificação, o credor poderá tomar as seguintes atitudes: a) Comparecer perante o estabelecimento e levantar o depósito efetuado (aceitação expressa), com a consequente liberação do devedor da obrigação; b) Deixar escoar o prazo de manifestação de recusa (aceitação tácita), com a consequente liberação do devedor; c) Efetuar o levantamento com ressalvas, dizendo não se tratar de depósito integral, dando cabimento ao ingresso de ação judicial para a cobrança da diferença que entenda ser devida; d) Manifestar a recusa por escrito, endereçada ao estabelecimento bancário, no prazo de dez dias, importando a ineficácia do depósito, não liberando o devedor da obrigação. No insucesso da tentativa extrajudicial, restará ao devedor ou ao terceiro interessado (Misael Montenegro também fala em terceiro desinteressado, a exemplo dos pais, quanto às dívidas contraídas pelos filhos, ressaltando apenas que, in casu, não ocorreria a sub-rogação) ingressar com demanda judicial dentro de trinta dias, na qual colacionará os documentos indispensáveis (prova do depósito e cópia da correspondência com a recusa). Não propondo a consignatória dentro dos trinta dias, será necessário que o autor, logo após autorização judicial, providencie novo depósito, haja vista que aquele tornou sem efeito. 4.2. Da Ação Judicial. A) Natureza: A consignação é ação de cognição, de rito especial, para a obtenção pelo autor, de quitação de dívida naquelas hipóteses em que o credor se nega a receber a coisa ou o dinheiro, ou ainda quando o devedor não sabe a quem pagar. Relativamente à pretensão por ela veiculada, há controvérsia na doutrina, sendo majoritária, no entanto, a posição que afirma se tratar de pretensão do tipo declaratória. B) Procedimento www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 41 Como ação especial, tem a mesma um rito legal próprio, com especificidades em relação ao procedimento comumente conhecido. b.1) Competência Deve o procedimento judicial ser instaurado no lugar do pagamento, geralmente expresso no documento obrigacional, podendo, por conseguinte, ser intentada no domicílio do devedor ou do credor, a depender de ser a mesma quesível ou portável, respectivamente. A regra, como sabido é que a mesma se trate de dívida a ser paga no domicílio do devedor. A competência em questão é relativa, de modo que pode ser prorrogada acaso não oposta exceção pela parte interessada, haja vista que o magistrado não pode suscitá-la de ofício, a teor do preceituado na Súmula 33 do STJ. b.2) Da legitimidade A legitimidade constitui condição da ação, de forma que o seu regular exercício apenas de dará quando atendido o requisito em questão. É parte ativa da ação o devedor e o terceiro interessado (fiador, devedor solidário, sócio, etc.), existindo quem diga (Misael Montenegro, com espeque no par. Único do artigo 304, CC) quem afirme que se incluiria o terceiro desinteressado, o qual apenas não poderia se sub-rogar nos direitos do credor. Outrossim, é parte passiva o credor. Há quem diga (Misael Montenegro, com espeque no artigo 308, CC) que também o pode uma outra pessoa que represente o devedor (ex: administradora de imóveis). Contra: Nelson Nery Junior. b.3) Petição inicial Além dos requisitos genéricos do art. 282, CPC, obedecendo-se algumas particularidades deste procedimento. Em primeiro lugar, acaso se trate de ação posterior à tentativa de consignação extrajudicial, deverá a mesma conter cópia do comprovante de depósito bem como da correspondência demonstradora da recusa. Ademais, deverá a mesma conter os seguintes requisitos especiais: I – requerimento do depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do § 3o do art. 890: a ressalva feita pelo legislador é em vista de eventual depósito extrajudicial. II - a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer resposta: a peculiaridade da ação tem por efeito que o requerimento da citação do réu seja feito em se considerando a postura que ele pode adotar em relação ao pedido formulado. O réu na ação de consignação pode levantar a quantia ou coisa www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 42 oferecida, o que equivale ao reconhecimento da procedência do pedido (inciso II do art. 269) ou pode contestar o pedido. b.4) Intimação para o depósito Recebida a inicial, não sendo caso de indeferimento, o autor será intimado para providenciar, no prazo de (05) cinco dias, o depósito da quantia ou coisa devida. O depósito, aqui, consiste em condição de procedibilidade, de modo que o processo será extinto sem resolução de mérito, acaso não seja ultimado. b.5) Da citação do consignado: A citação do consignado será pelo Correio, a menos que o autor requeira a citação por Oficial de Justiça ou que seja a hipótese de que a citação seja necessariamente por edital. Art. 894. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor o faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito. Art. 895. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos que o disputam para provarem o seu direito. b.6) Da contestação do réu: As regras que regem a defesa na ação de consignação em pagamento não tratam a matéria de forma completa. A defesa será apresentada no prazo de 15 (quinze) dias. Nesta ação não é admitida apenas a contestação. É possível ao réu oferecer quaisquer das exceções (impedimento, suspeição ou incompetência relativa). A reconvenção não é admitida na ação de rito especial. A reconvenção é própria do procedimento comum ordinário. É possível ao réu, todavia, formular pedido contraposto, ou seja, apresentar na própria contestação um pedido contra o autor, desde que haja conexão com a consignação. Na contestação o réu pode alegar todas as matérias de defesa contra o processo e, no mérito, ele pode alegar quaisquer das matérias do art. 896. Art. 896. Na contestação, o réu poderá alegar que: I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou coisa devida; (invertendo-se o ônus da prova e, acaso constatada a ausência de recusa, a demanda será extinta sem resolução de mérito, em virtude da ausência de interesse de agir do autor). II - foi justa a recusa; III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento; IV - o depósito não é integral. (A lei permite ao autor efetuar a complementação do depósito inicial, no prazo de dez dias, quando a defesa tiver por fundamento que o depósito inicial foi incompleto. Essa complementação não será possível, www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS DireitoProcessual Civil André Mota 43 entretanto, se o não cumprimento integral da obrigação for prevista contratualmente como causa da rescisão do contrato que gerou a obrigação de pagar). Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação será admissível se o réu indicar o montante que entende devido. b.7) Da Revelia e procedência da Consignação: O art. 897 sugere que a conseqüência da revelia será necessariamente a procedência do pedido de consignação. A conclusão é errada. A revelia não conduz necessariamente à procedência do pedido em qualquer processo. Imaginemos, por exemplo, que o juiz acionado seja absolutamente incompetente e só se dê conta disso no momento da sentença. Ele não poderá julgar procedente o pedido. Terá de declarar a sua incompetência absoluta e remeter os autos ao juízo competente. b.8) Do levantamento da quantia depositada sem prejuízo da defesa: Com a alteração promovida pela Lei n. 8.951/94 o réu na ação de consignação passou a poder levantar o depósito feito pelo autor sem prejuízo de sua defesa. Antes da lei, o réu só poderia levantar o depósito ao final, o que acabava permitindo que a ação de consignação fosse utilizada como uma ameaça ao credor, em especial em questões de locação. §1o Alegada a insuficiência do depósito, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a conseqüente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida. b.9) Da instrução: Na consignação temos, via de regra, a desnecessidade de audiência de instrução porque, na maioria dos casos, a matéria veiculada é de direito ou sendo de direito e de fato, os fatos são comprovados por documentos. Em havendo necessidade de prova em audiência, far-se-á como de costume, ou seja, é possível a produção de todas as provas que o direito admite. b.10) Da Consignação de prestações periódicas: As prestações periódicas são aquelas decorrentes, principalmente, dos contratos de trato sucessivo, ou seja, aqueles cujas principais obrigações se renovam periodicamente. Uma vez consignada uma parcela, as demais que forem se vencendo poderão ser depositadas pelo devedor até cinco dias depois da data do vencimento. Esse depósito é sem maiores formalidades e o prazo previsto para ele é em razão da possibilidade de obtenção de quitação junto ao credor no prazo do pagamento. Art. 892. Tratando-se de prestações periódicas, uma vez consignada a primeira, pode o devedor continuar a consignar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que os depósitos sejam efetuados até 5 (cinco) dias, contados da data do vencimento. b.11) Da extinção da Consignação e da continuação do processo: Quando a ACP tiver por fundamento dúvida sobre quem deva receber, comparecendo ao processo mais de um interessado, o juiz resolverá a consignação, dizendo de sua procedência ou não, e o processo passará a correr segundo o rito ordinário para que o juiz decida quanto a quem deve ficar com o www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 44 depósito. A primeira decisão, de mérito relativamente à consignação, pode ser atacada através do AI. A segunda decisão, extintiva do processo, comportará a apelação. Art. 898. Quando a consignação se fundar em dúvida sobre quem deva legitimamente receber, não comparecendo nenhum pretendente, converter-se- á o depósito em arrecadação de bens de ausentes; comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano; comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os credores; caso em que se observará o procedimento ordinário. b.12) Do julgamento da causa: A doutrina diverge quanto à natureza da sentença na ACP. A corrente majoritária é no sentido de que ela possui natureza declaratória. A parcela restante da doutrina opina que ela tem natureza constitutiva. O § 2º do art. 899 revela, todavia, uma peculiaridade. Ele permite ao juiz proferir uma sentença de conteúdo condenatório em favor do réu, numa alteração substancial do papel das partes no processo. Art. 899. § 2o A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido, e, neste caso, valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe a execução nos mesmos autos. b.13) Do recurso: O recurso contra a sentença na ACP é a apelação. A apelação será recebida em ambos os efeitos. Art. 890. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida. § 1 o Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o devedor ou terceiro optar pelo depósito da quantia devida, em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, em conta com correção monetária, cientificando-se o credor por carta com aviso de recepção, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa. § 2 o Decorrido o prazo referido no parágrafo anterior, sem a manifestação de recusa, reputar- se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada. § 3 o Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o devedor ou terceiro poderá propor, dentro de 30 (trinta) dias, a ação de consignação, instruindo a inicial com a prova do depósito e da recusa. § 4 o Não proposta a ação no prazo do parágrafo anterior, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.. Do Pagamento em Consignação Art. 334. Considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. Art. 335. A consignação tem lugar: I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma; II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 45 Art. 336. Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento. Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente. Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito. Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores. Art. 340. O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co- devedores e fiadores que não tenham anuído. Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada. Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor,será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente. Art. 343. As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão à conta do credor, e, no caso contrário, à conta do devedor. Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento. Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio entre credores que se pretendem mutuamente excluir, poderá qualquer deles requerer a consignação. COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCEDIMENTOS ESPECIAIS Prof. André Mota TEMA: MANDADO DE SEGURANÇA- Lei 12.016/09 1. DEFINIÇÃO Instrumento jurídico-processual, de natureza constitucional, utilizado para evitar ou sanar lesão a direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o ato ou omissão for praticada por parte de autoridade pública ou por quem o faça as vezes. 2. PRESSUPOSTOS Do conceito exposto, extrai-se os requisitos imprescindíveis ao manejo do remédio heróico, senão vejamos: www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 46 a) Direito líquido e certo: conceito tipicamente processual, pode ser entendido como aquele que é contemplado de imediato, prima facie, sem necessidade de maiores delongas. É justamente por isso que, no mandamus, inexiste dilação probatória; nele a questão deve ser vislumbrada mediante a análise de prova documental pré-constituída. b) Periculum in mora: não basta a evidência do direito alegado. É mister que o autor demonstre que o mesmo fora objeto de violação ou mesmo esteja na iminência de o ser por parte de autoridade pública ou por quem o faça as vezes. Vale ressaltar que o instrumento em questão não poderá ser utilizado quando o ato a ser impugnado seja passível de combate mediante recurso administrativo ou judicial com efeito suspensivo ou, ainda, quando se tratar de decisão transitada em julgado (art. 5, lei 12.016/09). Nesses casos, o manejo da ação não seria possível por não existir o interesse de agir. 3. LEGITIMIDADE Tanto a pessoa física quanto a jurídica poderá valer-se do remédio heróico. Verifica-se que a nova lei procurou abarcar o entendimento sedimentado pela jurisprudência quanto à utilização do mandamus por pessoa jurídica. 4. PROCEDIMENTO A ação em comento, desde a sua propositura até o seu julgamento, deverá obedecer ao procedimento a seguir descrito: A) Petição Inicial A inicial, além de preencher os requisitos do artigo 282, CPC, deverá ser apresentada em duas vias com os documentos que a instruírem. Ademais, deverá a mesma apontar a autoridade coatora bem como a pessoa jurídica a qual a mesma integra. B) Juízo de admissibilidade: Ao despachar a inicial, o magistrado poderá adotar uma dentre as seguintes posturas: b.1) Indeferimento- quando não for o caso de mandado de segurança ou lhe faltar algum dos requisitos legais ou quando decorrido o prazo decadencial para a sua impetração (a saber, 120 dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado- art. 23, LMS). Da decisão que indefere a inicial será cabível a interposição do recurso de apelação; quando a competência for originária, da decisão do relator que a indefere, será cabível o recurso de agravo para o órgão competente do tribunal que integre. b.2) recebimento- recebendo a inicial, cuidará o mesmo de adotar as seguintes providências: www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 47 notificação da autoridade coatora para que preste informações em dez dias ciência à pessoa jurídica interessada para que, querendo, ingresse no feito concessão de liminar no sentido de suspender o ato que deu origem ao pedido. C) A LIMINAR A liminar será concedida (requisitos) quando houver fundamento relevante e do ato impugnado possa resultar dano irreparável ou de difícil reparação antes do julgamento final do mérito. A autoridade administrativa, no prazo de 48 horas da notificação da medida liminar, cuidará de enviar cópia do mandado notificatório ao ministério ou órgão ao qual se acha vinculado ou a quem tiver a representação judicial para que o mesmo adote as medidas que entender cabíveis (suspensão da liminar e defesa do ato apontado como ilegal. Da decisão que conceder ou denegar a liminar, caberá agravo de intrumento (da que concede também cabe o pedido de suspensão, a ser tratado mais à frente); sendo do relator, cabível será o agravo interno. Os efeitos da liminar irão perdurar até a prolação da sentença (e não mais 90 dias, prorrogável por mais 30, a teor do disposto no artigo 1, “b”, da lei 4.348/64). D) OUVIDA DO MINISTÉRIO PÚBLICO Prestadas as informações, o representante do ministério público será ouvido no prazo improrrogável de 10 dias. E) DECISÃO Será a sentença proferida no prazo trinta dias Da sentença, concedendo ou denegando a segurança, caberá apelação (recebida apenas no efeito devolutivo, visto que não impede a execução provisória, salvo nas hipóteses de proibição de liminares- art. 14 par. 3º), estendendo-se à autoridade coatora o direito de recorrer. A sentença que concede a segurança estará sujeita ao Reexame necessário (art. 14, par. 1º). Perceba, inclusive, que o duplo grau sempre será obrigatório, independentemente do valor que eventualmente seja atribuído à condenação, não havendo que se aplicar, aqui, a regra do art. 475, par. 2º, CPC. www.cers.com.br CURSO COMPLETO TRIBUNAIS Direito Processual Civil André Mota 48 A sentença que extingue o mandamus sem apreciar o mérito não impede o ajuizamento da ação para pleitear o respectivo direito e seus efeitos patrimoniais. De igual forma, o pedido de mandado de segurança poderá ser renovado dentro do prazo decadencial se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito (art. 6º, par. 6º). COMPLEXO DE ENSINO RENATO SARAIVA- CERS PROCESSO CIVIL PROCEDIMENTOS ESPECIAIS Prof. André Mota Tema da aula: AÇÃO CIVIL PÚBLICA (Lei 7.347/85) 1. BREVE DIGRESSÃO Certamente que a processualística moderna não se limita ao resguardo de direitos individuais violados. Vai, portanto, mais além, preocupando-se, agora, com a tutela jurisdicional de interesses coletivos em seu sentido mais amplo (conflitos de massa). Com o fito de possibilitar a defesa dos interesses em questão (meio ambiente, consumidor, bens de valor artístico, estético, paisagístico, histórico, turístico, etc.), o legislador criou, por intermédio da lei 7.347/85, a denominada “ação civil pública”. 2. LEGITIMIDADE De acordo com o artigo 5º, são legitimados: o Ministério Público, a defensoria pública, as pessoas jurídicas de direito público (União, Estados, D.F., Municípios, Autarquias e Fundações de direito público), empresa pública, sociedade de economia mista e associação (desde que, quanto a esta, esteja constituída e em funcionamento há pelo menos um ano e inclua, dentre suas finalidades a tutela dos interesses previstos na lei em comento). 3. COMPETÊNCIA Serão propostas no foro do local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para processar a causa. (art. 2º, LACP). Apesar de estar apoiada no critério territorial a lei atribuiu-lhe natureza absoluta. Isso quer dizer que não há modificação por vontade
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