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Hermeneutica Constitucional

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DIREITO CONSTITUCIONAL I 
 
 
Eugène Delacroix: A liberdade guiando o povo 
 
 
 
 
 
 
 
Chamamos de ética o conjunto de coisas 
que as pessoas fazem quando todos estão 
olhando. O conjunto de coisas que as 
pessoas fazem quando ninguém está 
olhando chamamos de caráter. 
Oscar Wilde 
 
 
TEORIA DA CONSTITUIÇÃO 
 
 
PRINCÍPIOS DE HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL 
 
 
1. A CONSTITUIÇÃO COMO UM SISTEMA DE PRINCÍPIOS E REGRAS 
 
Sobre a importância dos princípios no sistema normativo, é esclarecer o magistério de Celso 
Antônio Bandeira de Mello: 
 
“Princípio é, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro 
alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas, 
compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e 
inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema 
normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico. É o 
conhecimento dos princípios que preside a intelecção das diferentes partes 
componentes do todo unitário que há por nome sistema jurídico positivo. 
Violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A 
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento 
obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de 
ilegalidadeou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, 
porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores 
fundamentais”. 
 
2.PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL 
 
a)Princípio da unidade da Constituição, segundo Pedro Lenza, “Constituição deve sempre 
interpretada em sua globalidade com um todo [...]”. 
 
Somando-se a isto, Marcelo Alexandrino expõe as conseqüências práticas do princípio da 
unidade, quais sejam: 
 
“a) todas as normas contidas na Constituição formal têm igual dignidade – não 
há hierarquia, relação de subordinação entre os dispositivos da Lei Maior; 
b) não existem normas constitucionais originárias inconstitucionais –devido à 
ausência de hierarquia entre os diferentes dispositivos constitucionais, não se 
pode reconhecer a inconstitucionalidade de uma norma constitucional em face de 
outra, ainda que delas constitua cláusula pétrea”. 
c) não existem antinomias normativas verdadeiras entre os dispositivos 
constitucionais –o texto constitucional deverá ser lido e interpretado de modo 
harmônico e com participação de seus princípios, eliminando-se com isso 
eventuais antinomias aparentes”. 
 
b)Princípio do efeito integrador, segundo Marcelo Alexandrino, “[...] o princípio integrador 
significa que, na resolução dos problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos 
critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social e reforço da unidade 
política”. 
 
c) Princípio da máxima efetividade, eficiência ou interpretação efetiva, de acordo com 
Marcelo Alexandrino, “[...] reza que o intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido 
que lhe dê maior eficácia, mais ampla efetividade social”. 
 
d) Princípio da concordância prática ou harmonização, de acordo com Marcelo 
Alexandrino, tem como fundamento “[...] a ideia de igualdade de valor dos bens constitucionais 
(ausência de hierarquia entre dispositivos constitucionais) que, no caso de conflito ou 
concorrência, impede, como solução, a aniquilação de uns pela aplicação dos outros [...]”. 
 
e) Princípio da força normativa, de acordo com Marcelo Alexandrino, é elaborado por 
Konrad Hesse, “[...] o intérprete deve valorizar as soluções que possibilitem a atualização 
normativa, a eficácia e a permanência da Constituição”. 
 
f) Princípio da interpretação conforme a Constituição. Segundo Marcelo Alexandrino, 
 
“[...] impõe que, no caso de normas polissêmicas ou plurissignificativas (que 
admitem mais de uma interpretação), dê-se preferência à interpretação que lhes 
compatibilize o sentido com o conteúdo da Constituição”. 
Como decorrência desse princípio, temos que: 
a)dentre as várias possibilidades de interpretação, deve-se escolher a que não 
seja contrária ao texto da Constituição; 
b) a regra é a conservação da validade da lei, e não a declaração de sua 
inconstitucionalidade; uma lei não deve ser declarada inconstitucional quando 
for possível conferir a ela uma interpretação em conformidade com a 
Constituição”. 
 
g) Princípio da proporcionalidade ou razoabilidade 
 
Princípio da razoabilidade ou proporcionalidade (da proibição de excesso ou devido processo 
legal em sentido substantivo). 
 
a) Origem 
Nas palavras de Marcelo Alexandrino, o princípio da razoabilidade encontra sua origem nas 
reiteradas decisões da Corte Constitucional da Alemanha. 
 
b) Subprincípios ou elementos vinculados ao princípio da razoabilidade: 
 
b.1.Adequação (idoneidade ou pertinência), “[...] significa que qualquer medida que o Poder 
Público adote deve ser adequada à consecução da finalidade objetivada, ou seja, a adoção de um 
meio deve ter possibilidade de resultar no fim que se pretende obter [..]”. 
 
b.2.Necessidade ou exigibilidade “[...]significa que a adoção de uma medida restritiva de 
direito só é validade se ela for indispensável para a manutenção do próprio ou de outro direito, e 
somente se não puder ser substituída por outra providência também eficaz, porém menos 
gravosa[...]”. 
 
b.3.Proporcionalidade em sentido estrito”[...] é exercido depois de verificada a adequação e 
necessidade da medida restritiva de direito. Confirmada a configuração dos dois primeiros 
elementos, cabe averiguar se os resultados positivos obtidos superam as desvantagens 
decorrentes da restrição a um ou outro direito[...]”. 
 
h) Princípio da justeza ou da conformidade funcional, segundo Marcelo Alexandrino, 
“estabelece que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a um 
resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo 
legislador constituinte”. 
 
i)Princípio da supremacia constitucional, de acordo com o STF, ADin, 2.215 – MC/PE, Rel. 
Min. Celso de Mello, j. em 17.04.2001: 
 
“Sabemos que a supremacia da ordem constitucional traduz princípio essencial 
que deriva, em nosso sistema de direito positivo, do caráter eminentemente 
rígido de que se revestem as normas inscritas no estatuto fundamental. Nesse 
contexto, em que a autoridade normativa da Constituição assume decisivo poder 
de ordenação e de conformação da atividade estatal – que nela passa a ter o 
fundamento de sua própria existência, validade e eficácia -, nenhum ato de 
Governo (Legislativo, Executivo e Judiciário) poderá contrariar-lhe os princípios 
ou transgredir-lhes os preceitos, sob pena de o comportamento dos órgãos do 
Estado incidir em absoluta desvalia jurídica”. 
 
j) Princípio do conteúdo implícito (Fonte: webaula – Estácio) – “o intérprete deve atentar 
que a Constituição estabelece comandos que não estão expressos explicitamente em seu texto, 
mas sim na coerência interna de seus objetivos e fundamentos”. 
 
l)Princípio da imperatividade das normas constitucionais(Fonte: webaula – Estácio) - 
“uma vez que todas as normas constitucionais emanam da vontade popular e são normas 
cogentes ou imperativas, o intérprete deve sempre lhes dar a maior extensão possível”. 
 
m)Princípio da simetria (Fonte: webaula – Estácio) - “princípio de interpretação federativo 
que busca adequar entre os entes os institutos da Constituição Federal às Constituições e 
institutos dos Estados-Membros. Por exemplo, cabe ao Presidente da República à iniciativa de 
leis para o aumento do efetivo das forças armadas, caberá por simetria ao Governador os 
projetos de lei para o aumento do efetivo da Polícia Militar, por exemplo: art. 61 da CRFB/88. 
 
n)Princípio da presunção de constitucionalidadedas normas constitucionais (Fonte: 
webaula – Estácio) – “o intérprete deve dar às normas hierarquicamente inferiores à 
Constituição uma interpretação que as coadune com a Lei Maior, visto que foram fruto de um 
processo legislativo que, em tese, procurou adequá-las aos ‘comandos constitucionais”. 
 
 
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA: 
 
1.LENZA, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 15. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2011. 
2. FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011. 
3.MORAES, Alexandre. Direito Constitucional. São Paulo: Atlas, 2010. 
4. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2010. 
5. PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional descomplicado. 6ª. Ed. – Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 
6. SILVA E NETO, Manoel Jorge. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009. 
7. SILVA, José Afonso da.Curso de Direito Constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2009.

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