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Janeiro / Fevereiro de 2005 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.bre d i t o r a a a tlântic F is io te ra pi a B r a s i l o A n o 6 - n 1 Marcha • • • Neuro funcional • • • Câncer Acupuntura Avaliação de variáveis da marcha usando microfones Estudo da marcha em indivíduos com hálux valgo Comparação entre caminhada no corredor e na esteira rolante Estimulação elétrica neuromuscular na paralisia cerebral Escala de Fugl-Meyer e desempenho do membro superior na hemiparesia Vibração sonora de baixa freqüência na espasticidade e controle motor Facilitação neuromuscular proprioceptiva em mulheres mastectomizadas Conseqüências de anomalias do forame esternal Março / Abril de 2005 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.bre d i t o r a a a tlântic F is io te ra pi a B r a s i l o A n o 6 - n 2 Laserterapia Respiratória Neuro funcional Esporte Dermato funcional Laser terapêutico na cicatrização tendinosa Influência da drenagem torácica intercostal na respiração e voz Ventilação não-invasiva na unidade de terapia intensiva Piscina terapêutica e lesão raquimedular Atividade física e lombalgia Duração do alongamento passivo Importância da crioterapia na lipólise • • • • F isio te ra p ia B ra sil - V o lu m e 6 - N ú m e ro 3 - M a io / Ju n h o d e 2 0 0 5 ISSN 1518-9740 e d i t o r a a a tlântic Fi sio ter ap ia F isio te ra p ia B ra sil - V o lu m e 6 - N ú m e ro 4 - Ju lh o / A g o s to d e 2 0 0 5 ISSN 1518-9740 e d i t o r a a a tlântic Setembro / Outubro de 2005 F is io te ra p ia B ra s il - V o lu m e 6 - N ú m e ro 5 - S e te m b ro / O u tu b ro d e 2 0 0 5 ISSN 1518-9740 www.atlanticaeditora.com.bre d i t o r a a atlântic Fi s i o t e r ap ia B r a s i l A n o 6 - n 5 o Eletromiografia Biomecânica Respiratória Ultra-som Filosofia Atividade muscular durante a marcha com diferentes tipos de calçados Avaliação do arco longitudinal medial do pé através da biofotogrametria Alteração do índice diafragmático em cirurgia de Fobi-Capella Verificação e controle de equipamentos Espiritualidade e reabilitação da saúde F isio te ra p ia B ra sil - V o lu m e 6 - N ú m e ro 6 - N o ve m b ro / D e ze m b ro d e 2 0 0 5 ISSN 1518-9740 e d i t o r a a a tlântic Fi sio ter ap ia Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20052 Fisioterapia prática Ginástica Laborativa Fisioterapia Brasil Índice (vol.6, nº1 janeiro/fevereiro 2005 - 1~80) ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ EDITORIAL Feliz Ano Novo com Klopstock ou Robespierre, Marco Antonio Guimarães da Silva ............................................................................ 5 ARTIGOS ORIGINAIS Efeitos da estimulação elétrica neuromuscular em pacientes com paralisia cerebral do tipo diplegia espástica, Ana Lúcia Portella Staub, Newra Tellechea Rotta, Mahmud Ahmad Ismail Mahmud, Airton Suslik Svirski, Antonio Cardoso dos Santos, Valéria Raymundo Fonteles, Eraldo Belarmino Jr., Cristiano Firpo Freire, Gionana Sebben, Cristiane Segatto, Yamara Gomes da Silva ............................................................................................................................................................ 6 Efeitos do ultra-som na migração das células satélites após uma lesão experimental em ratos, Joseani Ceccato, Ivan Pacheco, Gordon Bock, Adriana Moré Pacheco ............................................................................................................. 10 A utilização da escala de Fugl-Meyer no estudo do desempenho funcional de membro superior no tratamento de indivíduos hemiparéticos pós AVE, Carlos Henrique Senkiio, Fernanda Kill, Marcos Roberto Negretti, Cleber Alexandre de Oliveira, Nazareti Pereira Ferreira Alves, Selma Ramos da Silva e Souza ...................................................................... 13 Avaliação da imagem e esquema corporal em crianças portadoras da síndrome de Down e crianças sem comprometimento neurológico, Fernanda Ishida Corrêa, Fernanda Púpio Silva , Tânia Gesualdo ............................................... 19 Efeitos da vibração sonora de baixa freqüência na espasticidade e controle motor de pacientes de acidente vascular encefálico com reflexo tônico cervical assimétrico, Graziela Saraiva Reis, Lúcia Souza Magro, Nivaldo Antônio Parizoto, Paulo Umeno Koeke, Flávio Pulzatto ................................................................................................................. 24 Efeitos da facilitação neuromuscular proprioceptiva na performance funcional de mulheres mastectomizadas, Patrícia Viviane Gallo Nogueira, Elaine C. O. Guirro, Rinaldo R. J. Guirro, Valéria A. Palauro ................................................................... 28 Intervenções fisioterapêuticas e podológicas nos pés de idosos podem proporcionar marcha mais segura, Maria Lucia Bergamini Mitsuichi, Sada Gracia Jamussi, Emerson Fachin Martins ........................................................................................ 36 Comparação entre o teste de caminhada de seis minutos no corredor e na esteira rolante, Andreza Toledo, Karla Ribeiro, Audrey Borghi e Silva, Dirceu Costa ............................................................................................................. 41 Proposta de um método de avaliação de variáveis temporais da marcha usando microfones: resultados preliminares em indivíduos saudáveis, Christiano Bittencourt Machado, Cássio Rodrigues Lopes, Miriam de Castro Folly, André Luís Lima de Oliveira ....................................................................................................................................... 46 Estudo de elementos temporais da marcha em indivíduos com hálux valgo, Irocy Knacfuss, Stella Rosenbaum, Luiz Alberto Batista .................................................................................................................................. 53 REVISÃO Atribuições adicionais ao fisioterapeuta no pré-operatório da cirurgia cardíaca, Lucas de Oliveira Alonso, Cynthia Kallás Bachur ............................................................................................................................................... 61 A biomecânica do transverso abdominal e suas múltiplas funções, Alonso Monteiro Lemos, Leila de Albuquerque Feijó ........................................................................................................................................................................................................................................... 66 ESTUDOS DE CASOS A presença do forame esternal anômalo e a prática de acupuntura no meridiano extra (ren mai), Márcio Antônio Babinski ..................................................................................................................................................................................... 71 Fisioterapia aquática na qualidade de vida e capacidade funcional de pacientes com espondilite anquilosante, Nidia Aparecida Hernandes, Maiza Ritomy Ide , Fátima Aparecida Caromano ............................................................................................. 75 NORMAS DE PUBLICAÇÃO........................................................................................................................................................... 79 EVENTOS ................................................................................................................................................................................................ 80 Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20054 Fisioterapia Brasil www.fisioterapiabrasil.com.br Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin jeanlouis@atlanticaeditora.com.br Editores associados Dr. André Luís Santos Silva Drª. Tiene Deccache Publicidade e marketing René Caldeira Delpy Jr. rene@atlanticaeditora.com.br Revista Indexada na LILACS - Literatura Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde Editor científico Prof. Dr. Marco Antônio Guimarães da Silva (UFRRJ/UCB – Rio de Janeiro) Conselho científico Profa. Dra. Fátima Aparecida Caromano (USP – São Paulo) Prof. Dr. Guillermo Scaglione (Univ. de Buenos Aires – UBA – Argentina) Prof. Dr. Hugo Izarn (Univ. Nacional Gral de San Martin – Argentina) Prof. Dr. LC Cameron (UNIRIO - Rio de Janeiro) Profa. Dra. Margareta Nordin (Univ. de New-York – NYU – Estados Unidos) Prof. Dr. Mario Antônio Baraúna (Univ. do Triângulo Mineiro – UNIT – Minas Gerais) Profa. Dra. Neide Gomes Lucena (Univ. Fed. da Paraíba – UFPB – João Pessoa) Prof. Dr. Norberto Peña (Univ. Federal da Bahia – UFBA – Bahia) Prof. Dr. Roberto Sotto (Univ. de Buenos Aires – UBA – Argentina) Profa Dra Tania de Fátima Salvini (UFSCAR – São Paulo) Grupo de assessores Dr. Antonio Neme Khoury (HGI – Rio de Janeiro) Dr. Carlos Alberto Caetano de Azeredo (Rio de Janeiro) Dra. Claudia Bahia (FAFIS/IAENE – Salvador) Dr. Carlos Bruno Reis Pinheiro (Rio de Janeiro) Profa. Dra. Elaine Guirro (Unimep – São Paulo) Dr. Esperidião Elias Aquim (Univ.Tuiuti – Paraná) Dr. Farley Campos (UCB – Rio de Janeiro) Profa Hélia Pinheiro Rodrigues Corrêa (UCB – Rio de Janeiro) Dr. Hélio Pio (Rio de Janeiro) Prof. Dr. João Santos Pereira (UERJ – Rio de Janeiro) Dra. Lisiane Fabris (UNESC – Santa Catarina) Dr. Jorge Tamaki (PUC – Paraná) Dra. Marisa Moraes Regenga (São Paulo) Dra. Luci Fabiane Scheffer Moraes (Univ. do Sul de Santa Catarina) Dr. Nilton Petrone (Univ. Estácio de Sá – Rio de Janeiro) Dr. Paulo Henrique Eufrásio de Oliveira (FAFIS/IAENE – Bahia) Dr. Paulo Eraldo C. do Vale (UNICID – São Paulo) Dr. Philippe E. Souchard (Instituto Philippe Souchard) Profa. Solange Canavarro Ferreira (UNESA – HFAG – Rio de Janeiro) Dra. Suely Marques (Rio de Janeiro) © ATMC - Atlântica Editora Ltda - Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distri- buída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publica- do. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. I.P. (Informação publicitária): As informações são de responsabilidade dos anunciantes. w w w . a t l a n t i c a e d i t o r a . c o m . b r I lustração da capa: Alberto Magnelli, Explosão Lírica nº7 – 1918 – óleo sobre tela (125 x 140 cm) Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 – Rio de Janeiro – RJ Tel./Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749 E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br www.atlanticaeditora.com.br São Paulo Praça Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3362-2097 Assinaturas 6 números ao ano + 1 CD-ROM Brasil - 1 ano: R$ 156,00 América Latina - 1 ano: US$ 160,00 Europa - 1 ano: • 150,00 Rio de Janeiro: (21) 2221-4164 Representante de Assinatura: A.Shalon Tel.: (11) 3361-5595 Direção de arte Cristiana Ribas cristiana@atlanticaeditora.com.br Administração Bárbara de Assis Jorge barbara@atlanticaeditora.com.br Atendimento ao assinante Ingrid Haig ingrid@atlanticaeditora.com.br Katty de Oliveira katty@atlanticaeditora.com.br Todo o material a ser publicado deve ser enviado para o seguinte endereço por correio ou por e-mail Jean-Louis Peytavin Rua da Lapa, 180/1103 20021-180 – Rio de Janeiro – RJ jeanlouis@atlanticaeditora.com.br 5Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005 Editorial ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Feliz Ano Novo com Klopstock ou Robespierre Prof. Dr. Marco Antonio Guimarães da Silva* marco@atlanticaedu.com.br Mergulhado em um cenário onde predominava a visão de verdejantes e coloridas colinas que se sucediam formando vales de indescritível beleza, experimentava, naquela doce e fresca manhã, uma serenidade digna dos anjos. O que via na natureza e o que sentia criava uma verdadeira mistura entre misticismo e sensibilidade. Podia precisar, sem nenhuma dificuldade, a época e o lugar em que me encontrava: a poética e impetuística Alemanha de Klopstock1. Subitamente, me vi transportado para Place de La Concorde, na França de 1790, assumindo a personalidade de um parlamentar girondino, prestes a ver separada de meu pescoço a minha preciosa cabeça. Tinha diante de mim duas importantes figuras daqueles difíceis tempos, as quais me eram muito familiares – o meu editor executivo e o seu sócio – incorporando respectivamente as personagens Maximilien Robespierre e Saint-Just. Estavam para me ofe- recer indulgência, quando uma chamada telefônica me acordou. O sonho tornou-se realidade e realidade virou sonho. Robespierre estava ao telefone; havia se transportado do século XVII aos nossos dias e agora me cobrava o editorial. Ainda sob efeito do terrível pesadelo e achando que poderia salvar a minha vida, prometi o editorial para o mesmo dia. Entretanto, recuperado dos efeitos da inusitada expe- riência, sabia que a promessa feita ao editor teria que esperar, porque havia algumas inquietações que me incomodavam e que teriam quer ser resolvidas. Não era a coincidência entre o real e o imaginário que me preocupava, afinal sempre fizeram parte de minha existência e já me havia acostumado a premonições e coisas similares. O que importunava era a convivência de dois sonhos que se intercomunicaram e que foram a expressão de sentimentos tão díspares: a extrema serenidade e o mais intenso e pior dos pavores. Resignado pela falta de equacionamento temporário das questões levantadas, retorno à tarefa de elaborar o editorial e me lembro de que ainda não houve tempo para levarmos até os nosso leitores a nossa mensagem de final de ano. Tenho, então, a oportunidade de agora fazê-lo. Sustentados por uma fala social desprovida de qualquer senso de reflexão, há séculos mantemos uma tradição cultural de desejarmos aos nossos os intermináveis e repetidos votos de feliz ano novo. A expressão toma para si a tarefa quase mecânica de manter e levar adiante os costumes que nos foram legados pelos nossos antepassados. A linguagem falada, imaginada em um mimetismo circunstanciado a um cumpri- mento do dever, não está mais, de um modo geral, a serviço do que realmente pensamos e acaba evidenciando uma contradição entre aquilo que realmente desejamos e aquilo que exprimimos. Querendo fugir deste ambiente ingenuamente falso, reporto-me às duas situações que vivi quando dormia. Agora, substituindo os tradicionais votos de muitas felicidades, etc, etc! sonhando acordado, construo e ofereço, para reflexão de todos, dois momentos. Um primeiro, que seria a opção de uma navegação tranqüila através de verdejantes montanhas, onde os nossos atos serão aprovados pelo conjuntode regras facultativas que normalmente avaliam o que fazemos e que Foucault chama de ética. Um segundo, em que, no momento de desespero, deixamos que o instinto profissional canibalizado por uma concorrência desleal e injusta nos leve a também desrespeitar a convivência profissional por outros ultrajada e acabe, com o tempo, por nos inserir como vítimas dos jacobinos da Place de la Concorde de 1790. A Revista Fisioterapia Brasil longe, portanto, de desejar um feliz 2005, deseja apenas uma boa reflexão, esperando que os nossos atos se identifiquem com o primeiro momento. Vivamos com dignidade e ética e sejamos felizes em 2005, 2006, 2007... 1 Friederich Gottlieb Klopstock (1724-1803), destacado poeta alemão, autor de vários hinos à natureza de poemas à amizade e ao amor. * Editor científico de Fisioterapia Brasil, Pós-Doutorado na UFRJ, Professor do curso de mestrado da UCB Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20056 Efeitos da estimulação elétrica neuromuscular em pacientes com paralisia cerebral do tipo diplegia espástica Effects of neuromuscular electrical stimulation in children with spastic diplegic cerebral palsy Ana Lúcia Portella Staub*, Newra Tellechea Rotta**, Mahmud Ahmad Ismail Mahmud*, Airton Suslik Svirski***, Antonio Cardoso dos Santos****, Valéria Raymundo Fonteles*****, Eraldo Belarmino Jr.*****, Cristiano Firpo Freire*****, Gionana Sebben*****, Cristiane Segatto*****, Yamara Gomes da Silva***** ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ *Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, **Chefe da Unidade de Neurologia Pediátrica no Departamento de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Profª Adjunta de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ***Médico Fisiatra do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, ****Médico Fisiatra – Prof. da Disciplina de Reabilitação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Chefe do Serviço de Fisiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, *****Médicos Residentes de Neurologia Pediátrica Departamento de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre Resumo O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da utilização da estimulação elétrica neuromuscular (EENM) na funcionalidade, tônus muscular e marcha de pacientes com paralisia cerebral (PC) do tipo diplegia espástica. Quatro crianças entre 3,7 e 8 anos realizaram, durante dezesseis semanas, tratamento com EENM numa freqüência de três vezes por semana, seguido de treino de marcha. Todos foram avaliados no início e no final do tratamento. Os parâmetros utilizados foram largura de pulso de 0,3 ms, freqüência de 40 Hz, tempo de subida e descida de 2 s; tempo de sustentação e repouso de 6 s, e intensidade de corrente conforme tolerância da criança. Nossos resultados demonstraram uma melhora na funcionalidade e na marcha nas crianças. Palavras-chave: paralisia cerebral, diplegia, estimulação elétrica. Artigo original Abstract The aim of this study was to evaluate the effects of neuromuscular electrical stimulation (NMES) on gross motor funcion, muscle tone and gait in children with spastic diplegic cerebral palsy. Four children between 3.7 and 8 years of age completed a 16 week treatment with NMES. The frequency of treatment was thrice a week, followed by gait training. All the children were evaluated before and after treatment. The parameters used were pulse width 300 ms, 40 Hz of frequency, and ramp or rise time set at 2 seconds; on-off times were set for 6 seconds. The intensity was set obbeying child´s tolerance. Ours results showed improvement on gross motor function and gait in all children. Key-words: cerebral palsy, diplegy, electrical stimulation. ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ Introdução A Paralisia Cerebral (PC) é um grupo não progressivo, mas freqüentemente mutável, de distúrbio motor (tônus e postura), secundário a lesão do cérebro em desenvol- vimento. O evento pode ocorrer no período pré, peri ou pós-natal [1,2]. Apesar dos avanços dos cuidados intensivos peri- natais, a incidência de PC nos últimos anos tem-se mantido a mesma, em razão da sobrevida de recém- nascidos com muito baixo peso. A incidência das formas moderadas e severas está entre 1,5 e 2,5 por 1000 nascidos vivos nos países desenvolvidos; mas há relatos de incidência geral, considerando todos os níveis de comprometimento de até 7:1000 [ 2]. A taxa de in- cidência de PC entre prematuros pesando abaixo de 1.500 gramas é de 25 a 31 vezes maior do que entre nascidos a termo [3,4]. Recebido 5 de janeiro de 2004; aceito 15 de dezembro de 2004. Endereço para correspondência: Ana Lúcia Portella Staub, Rua Honório Silveira Dias, 1400/201, 90540-070 Porto Alegre RS, Tel: (51) 33373732 / (51) 91141190, E-mail: anastaub@terra.com.br, astaub@hcpa.ufrgs.br 7Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005 Na PC, são comuns os achados de retardo nas aquisições motoras, persistência de reflexos primitivos, anormalidades de tônus e posturas, além de hiperreflexia e sinais patológicos [5,6,7]. A hipertonia muscular, hiperatividade reflexa, persistência de reflexos primitivos e a fraqueza muscular comprometem a funcionalidade do movimento normal e impossibilitam manutenção da postura [5] . A diplegia espástica é um dos tipos de PC e caracteriza- se por envolvimento maior dos membros inferiores em relação aos superiores [8]. O padrão de marcha mais comumente encontrado se caracteriza por flexão, adução e rotação interna de quadril, excessiva flexão de joelhos resultantes de espasticidade e/ou contratura dos músculos isquiotibiais e excessiva flexão plantar decorrente de espasticidade e/ou contratura dos músculos tríceps surais [9,10]. O desequilíbrio muscular entre agonistas e antagonistas, a perda do controle motor seletivo, assim como as con- traturas musculares e tendinosas, produzem limitação do movimento articular [8,10,11]. A estimulação elétrica neuromuscular (EENM), também conhecida por estimulação elétrica funcional (FES), é uma forma de eletroterapia capaz de produzir contrações musculares. A EENM é particularmente útil nas áreas de reabilitação ortopédica e neuromuscular [12]. A EENM foi desenvolvida por Pape e col em 1990, e vários estudos demonstraram sua efetividade, geralmente em combinação com a fisioterapia [13-15]. A utilização da EENM foi considerada segura e efetiva no tratamento de atrofia de desuso. Além disso, é útil na manutenção da amplitude de movimento e na reeducação muscular [12,14,16,17]. Alguns autores têm estudado a influência na força muscular e no controle motor [18,19]. Poucos são os artigos que retratam o uso da EENM em crianças com PC do tipo diplegia espástica. Carmick [16], em 1993, utilizou a EENM para redução da espasticidade em crianças com diplegia espástica, o que possibilitou ganho de atividades funcionais, melhor controle motor e reeducação muscular. Os achados acima mencionados nos motivaram a analisar o efeito da EENM em pacientes com PC do tipo diplegia espástica. Este estudo de casos descreve os efeitos observados neste grupo de pacientes submetidos a terapia com EENM. Material e métodos Quatro crianças com PC do tipo diplegia espástica, provenientes dos ambulatórios do Serviço de Fisiatria e do Setor de Neuropediatria do Serviço de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, foram incluídas neste estudo. O trabalho foi desenvolvido entre março e junho de 2002. A idade das crianças variou de 3,7 a 8 anos. Duas crianças eram do sexo masculino e duas crianças do sexo feminino. As crianças apresentaram grau de envolvimen- to motordos membros inferiores de leve ou moderado, e funcionalidade para marcha independente ou às custas de dispositivos de auxílio. Constituíram critérios de inclusão da pesquisa: a) um bom nível de compreensão e colaboração por parte dos pacientes; b) ausência de encurtamentos musculares ou deformidades articulares incapacitantes; c) não-exposição a tratamento com EENM, toxina botulínica A ou fenol nos últimos 6 meses. A aceitação de participação na pesquisa foi registrada sob forma de consentimento informado, assinado pelo responsável. Este estudo teve aprovação do Comitê de Pesquisa e Ética em saúde do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. No estudo, utilizou-se aparelho de EENM com característica de onda bipolar e simétrica, com 2 canais de estimulação. Os parâmetros de estimulação empre- gados foram: largura de pulso de 0,3ms, frequência de 40 Hz, tempo de subida e descida de 2 segundos; tempo de sustentação e repouso dos trens de pulso de 6 segundos a fim de evitar desconforto. A intensidade da corrente foi ajustada conforme tolerância do paciente e obser- vação da ocorrência de contração muscular. Eletrodos auto-adesivos foram os escolhidos pela facilidade de aplicação. As crianças foram tratadas com EENM em decúbito dorsal na frequência de três vezes na semana, com 10 minutos de estimulação em cada ponto motor, por um período de 16 semanas. Os músculos abordados foram quadríceps femoral e tibial anterior bilateralmente. As sessões de tratamento foram finalizadas com treino de marcha em barras paralelas ou andador clínico após as aplicações. Os pacientes foram submetidos a avaliações de funcionalidade por uma fisioterapeuta especializada em pediatria, e avaliações médicas neurológica e fisiátrica, no início do tratamento e após 12 semanas de aplicação da EENM. Foram avaliados: a) nível de funcionalidade, b) força muscular, c) tônus muscular através da escala de Ashworth, d) reflexos superficiais e profundos. O estudo contou também com análise de vídeo de marcha. As mudanças na função motora das crianças em tratamento, foram avaliadas segundos as 4 categorias abaixo relacionadas: 1. Realiza marcha às custas de dispositivos de auxílio (andador, muletas, apoio de outra pessoa); 2. Realiza marcha de forma independente com quedas freqüentes; 3. Realiza marcha independente sem quedas; 4. Corre. Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20058 Resultados Caso 1: E.B. Criança do sexo masculino, com 3 anos e 7 meses ao início do tratamento. Demonstrava envolvimento bilateral, porém assimétrico de hipertonia, diminuição de força muscular e hiperreflexia nos membros inferiores, sendo o lado esquerdo o mais comprometido. Espasticidade grau II no membro inferior esquerdo. Criança com independência para a marcha e história de quedas freqüentes em razão de dificuldade de realização da dorsiflexão ativa, principalmente à esquerda. Ao final do tratamento, observou-se evolução da categotia 2 para 4. Criança concluiu o estudo sendo capaz de correr aproximadamente 10 metros sem apresentar quedas. Houve também diminuição da hiperatividade dos reflexos aquileo, patelar e adutor, além de redução do grau de espasticidade de adutores, extensores de joelhos e flexores plantares. Caso 2: M.B. Criança do sexo feminino, 3 anos e 7 meses de idade ao início do tratamento. Realizou apenas nove semanas de tratamento devido ao ingresso em outro serviço de reabilitação. Ao iniciar o estudo encontrava-se na categoria 2, sendo as quedas, a principal queixa da paciente e seus familiares. Mostrava envolvimento bilateral e simétrico dos membros inferiores, com presença de hiperreflexia e aumento de área de difusão dos reflexos aquiliano, patelar e de adutores. Espasticidade grau II de adutores e grau III de tríceps sural. Ao final de 9 semanas de tratamento foi possível observar redução do tônus de tríceps surais e dos reflexos profundos. A criança passou da categoria 2 para 3. Caso 3: D.S. Criança do sexo masculino, 4 anos e 7 meses ao início do tratamento. Exibia ao início do estudo envolvimento bilateral e simétrico dos membros inferiores, com hiperreflexia de reflexos profundos, espasticidade grau III de adutores, grau II de extensores de joelhos e de tríceps surais. Encontrava-se na categoria 1 ao início do tratamento, deslocando-se apenas com apoio de uma das mãos e importante desequilíbrio dinâmico. Ao longo do estudo, a criança adquiriu marcha inde- pendente, conseguindo deslocar-se por curtas distâncias, com característica de marcha lenta e equilíbrio instável. Evoluiu para categoria 3 tornando-se independente para deslo- camentos em ambiente domiciliar. Houve melhora na força muscular dos extensores de joelhos e dorsiflexores dos tornozelos. Caso 4: A. A. S. Criança do sexo feminino, 8 anos de idade ao início do tratamento. Apesar do envolvimento bilateral de aumento de tônus, demonstrava comprometimento maior à direita, ocasionando marcha ceifante deste lado. Exibia impossibilidade de realizar choque de calcanhar durante a marcha. O equilíbrio estático se mostrava mais comprometido que o dinâmico, e a coordenação prejudicada pelo envolvimento distal dos membros inferiores. Criança encontrava-se na categoria 3 ao início do estudo. Exibiu importante ganho na dorsiflexão passiva e ativa dos tornozelos, principalmente à direita, o que possibilitou melhora da fase de choque de calcanhar da marcha e o correr, passando então para categoria 4. Além do equilíbrio dinâmico para a marcha, também se observou melhora no equilíbrio estático assim como da coordenação para atividades motoras amplas. Discussão O principal achado deste estudo se baseia na melhora da funcionalidade nos 4 casos, após a intervenção com EENM. O efeito da EENM sobre o sistema músculo-esquelético tem sido pesquisado por Trimble e Enoka [20]. Estes autores estudando os efeitos do treinamento associados à EENM, concluíram que há, preferencialmente, ativação de unidades motoras de contração rápida. É possível que estas sejam ativadas somente com exercícios voluntários de alta in- tensidade. Os autores concluíram que a EENM fornece um feedback cutâneo que altera a população de unidades motoras ativadas. Adicionalmente, o aumento da pro- priocepção proporcionado pela EENM, somado ao treino de marcha, talvez tenha contribuído para a melhora do equilíbrio. Este estudo confirma os resultados de relatos prévios nos quais a EENM foi utilizada em crianças PC [13,16,17,21-24]. Carmick [13] descreveu 2 casos de crianças com diplegia espástica que se beneficiaram com o uso do FES. Neste trabalho, a autora propõe o fortalecimento de tríceps sural através da combinação do FES com fisioterapia como forma de manejo da postura em eqüino dos pés. Os resultados apontaram melhora da marcha, equilíbrio, postura e amplitude de movimento ativo e passivo do tornozelo. Não houve aumento da espasticidade. A autora, no entanto, não descreve os parâmetros de estimulação utilizados. Park et al. [17] relataram os efeitos de estimulação elétrica sobre o controle de tronco de crianças com diplegia espástica. Neste estudo randomizado, os autores descreveram 9Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005 melhora do controle de tronco no grupo que recebeu tratamento com EENM. Sommerfelt et al 25, em um estudo randomizado, concluíram que não houve efeito significativo na função motora e de marcha de pacientes diplégicos submetidos ao tratamento com estimulação elétrica transcutânea. No entanto, a avaliação subjetiva realizada pelos pais evidenciou significativa melhora motora em 11 das 12 crianças tratadas. Os autores utilizaram a estimulação elétrica em nível de sub-contração. A evolução dos nossos casos leva-nos a acreditar que a EENM, através de sua atuação sobre a atividade das unidades motoras dos dorsiflexores, tenhaproporcionado a melhora na funcionalidade e na marcha das crianças. Mesmo com limitações visivelmente encontradas no estudo, principalmente quanto aos métodos de avaliação dos achados pós EENM, pode-se notar que houve melhora nas crianças, através dos relatos familiares e na evolução das categorias. Isto nos leva a acreditar que possivelmente através da EENM, infringimos, de alguma forma, uma melhora funcional às crianças submetidas a eletroterapia. Melhores evidências se fazem necessárias para consolidar novos achados, bem como de outros autores. Conclusão Neste estudo, foi obtido uma melhora da função motora para marcha, em todas as quatro crianças submetidas ao tratamento com EENM. Parâmetros como grau de espasticidade e resposta dos reflexos profundos também evoluíram favoravelmente com a terapêutica. O estudo demonstrou que a EENM pode ser uma ferramenta complementar da fisioterapia no manejo da PC. Os mecanismos pelos quais a EENM melhora a função motora não estão totalmente esclarecidos. Novos estudos se fazem necessários para uma adequada avaliação dos efeitos da EENM em crianças com PC. Referências 1. Nelson KB, Swaiman KF, Russman BS. Cerebral palsy. In: Swaiman KF, ed. Pediatric neurology: principles and practice. vol. St. Louis: Mosby Company; 1994. Vol1. p. 471-88. 2. Kuban KCK, Levinton A. Cerebral Palsy. N Engl J Med 1994;20:188-95. 3. Volpe JJ. Intracranial hemorrhage: Intraventricular hemorrhage of the premature infant. In: Volpe JJ. Neurology of the newborn. 3° ed. Philadelphia: WB Saunders; 1995. p. 403-63. 4. Olhweiller L, Silva AR, Rotta NT. A study of psychomotor development in premature patients during the first year. Revista de Neurologia 2002;35(8):727-30. 5. Bobath K. The normal postural reflex mechanism and its deviation in children with cerebral palsy. 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Therapeutic electrical stimulation (TES) in the rehabilitation of spastic hemiplegia. Clin and Invest Med 1990;13: B100. 25. Sommerfelt K, Markestad T, Berg K, Saetesdal I. Therapeutic electrical stimulation in cerebral palsy: a randomized, controlled, crossover trial. Dev Med Child Neurol 2001; 43:609-13. � Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200510 Efeitos do ultra-som na migração das células satélites após uma lesão experimental em ratos Effects of the ultrasound on proliferation of satellites cells after experimental injury in rats Joseani Ceccato*, Ivan Pacheco, D.Sc.**, Gordon Bock***, Adriana Moré Pacheco, M.Sc.**** ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ *Fisioterapeuta do Clube Grêmio Náutico União – Porto Alegre-RS, Fisioterapeuta da Clínica SOS Esportes, **Médico Ortopedista e Traumatologista do Esporte da Clínica SOS Esportes, Médico Ortopedista e Traumatologista do Esporte e Coordenador do Centro de Medicina e Reabilitação do Clube Grêmio Náutico União, Diretor Médico da Federação Gaúcha de Futebol, ***Fisioterapeuta em Santa Cruz do Sul-RS, ****Fisioterapeuta do Clube Grêmio Náutico União, Fisioterapeuta da Clínica SOS Esportes, Professora do Curso de Fisioterapia da PUCRS Resumo O ultra-som terapêutico é muito utilizado nas lesões musculares para acelerar o processo de cicatrização. Muitas investigações são realizadas para verificar os seus efeitos durante as fases da regeneração do tecido muscular esquelético e alguns estudos revelam que a proliferação de células satélites é aumentada com a utilização do ultra-som. A intenção de realizar este estudo partiu das diferentes abordagens encontradas sobre os efeitos do ultra-som na migração das células satélites para o sítio da lesão. Foram utilizados ratos machos, adultos, da linhagem Wistar (obtidos no laboratório da FFFCMPA), distribuídos alea- toriamente em cinco grupos, onde o músculo gastrocnêmio de ambos membros inferiores foram lesionados com uma contusão experimental. O lado direito recebeu tratamento com ultra-som, enquanto o esquerdo foi o controle. A freqüência utilizada foi 3MHz, pulsado a 20%, intensidade de 1w/cm2 durante 4 minutos, por dois dias no grupo I, 4 no grupo II, 6 no grupo III, 13 no grupo IV e 20 no grupo V, sendo sacrificados nos dias 3, 5, 7, 14 e 21, respectivamente. Houve predomínio de células satélites no membro tratado em 18 ratos (54,54%) (p < 0,05). Conclui-se que, mesmo ocorrendo esse aumento de proliferação de células satélites, não se pode afirmar que a alteração foi provocada somente pelo efeito do ultra-som. Mais estudos aprofundados devem ser realizados nesta área. Palavras-chave: ultra-som, cicatrização. Artigo original Abstract Therapeutic ultrasound is commonly used in muscle lesions. A lot of investigations are carried out to verify its effects during the phases of regeneration of the skeletal muscle tissue. The porpose of this study was to analyse different approaches found on the effects of the ultrasound on migration of satellites cells to the injury site. Were used maleadults rats, of the Wistar lineage (obtained at the laboratory of FFFCMPA), randomly distributed in five groups, where the gastrocnemius muscle in both inferior members were injured with experimental contusion. The right side received treatment with ultrasound, while the left side was the control group. The frequency used was 3 mHz, pulsed to 20%, intensity of 1w/cm2 for 4 minutes, for two days in the group I, 4 in the group II, 6 in the group III, 13 in the group IV and 20 in the group V, each group was sacrificed on the 3, 5, 7, 14 and 21 days, respectively. There was prevalence of satellites cells in the treated member on 18 mouses (54,54%) (p < 0,05). We can conclude that, even with increase of proliferation of satellites cells, we cannot affirm that the alteration was provoked only by the effect of the ultrasound. Further studies are required in this area. Key-words: ultrasound, cicatrisation. Recebido 16 de março de 2004; corrigido 13 de dezembro; aceito 15 de dezembro de 2004. Endereço para correspondência: Adriana Moré Pacheco, Rua Comendador Rheingantz, 362/601 B, Auxiliadora 90450-020 Porto Alegre RS, E-mail: adrimpacheco@terra.com.br 11Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005 Introdução A lesão muscular é observada com frequência na prática desportiva e está associada ás afecções das fibras musculares e do tecido conjuntivo. Pode ser manifestada por contusões diretas, distensões, rupturas parciais e totais ou ainda por microtraumas repetitivos (overtraining) [1,2]. Desde o momento do trauma, aparecem modificações morfológicas na fibra muscular como acúmulo de mi- tocôndrias alteradas, fragmentação das miofibrilas, ruptura parcial do sarcolema, entre outras. Há uma necrose inicial que se segue após cerca de doze horas por uma reação inflamatória, ocorrendo fagocitose dos resíduos necróticos da fibra muscular [1,2]. O reparo muscular envolve a re- moção dos componentes celulares lesionados, a proliferação das células satélites (células reparadoras mononucleadas situadas normalmente entre a lâmina basal e a membrana plasmática da fibra muscular) para a formação de componentes de nova fibra muscular; e a fusão das células satélites para a formação de novos miotúbulos. As células satélites são armazenadas sob forma inativa dentro da membrana basal de sustentação e são liberadas quando o processo de reparo inicia. Elas representam 4 a 11% do músculo, nos humanos [3,4,5]. Um dos meios mais utilizados na reabilitação esportiva, associado com os exercícios terapêuticos é o ultra-som. O ultra-som terapêutico promove a liberação de mediadores químicos, resultando na proliferação de tecido de granulação e estimulando a atividade dos fibro- blastos. Há uma melhor atividade circulatória e celular, com aumento de fagócitos e macrófagos para reduzir o edema e acelerar o processo de cicatrização [3]. Há algumas controvérsias em relação aos efeitos que o ultra-som proporciona na migração de células satélites durante a regeneração muscular, alguns autores acreditam que ocorra apenas um aumento na proliferação dessas células e outros que há uma modificação na estrutura global do músculo [2,6]. Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar o efeito do ultra-som terapêutico na migração das células satélites para o sítio da lesão, durante a rege- neração do músculo, após uma lesão experimental no gastrocnêmio de ratos. Material e métodos O experimento foi realizado no Laboratório de Fisiologia da Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre. Foram utilizados 45 ratos machos, adultos (180 dias), heterozigotos, com peso entre 320 e 400 gramas, da espécie Rattus novergicus da linhagem Wistar/FFFCMPA. Eram mantidos em gaiolas de polipropileno de dimensões 40X32X16cm, sob um ciclo de dia e noite de 12 horas (das 7h às 19h) com temperatura controlada de 22,O°°C. Foram alimentados com ração Nuvilab CR1 (Nuvital Nutrientes Ltda) e a água era fornecida por mamadeira de vidro com bico de inox em rolha de borracha, ambos ad libitum. Os ratos foram divididos aleatoriamente em cinco grupos com oito animais cada, e um grupo piloto com cinco animais para a realização de um teste, com o objetivo de validar o mecanismo de contusão. Foi construído um dispositivo com adaptações a um modelo experimental já existente [7]. Tal contusão foi realizada no complexo muscular gastrocnêmio de ambos os membros inferiores de cada espécime. Depois de realizado o teste piloto e obtido um resultado satisfatório, os cinco grupos de oito animais foram submetidos às contusões e devolvidos às suas caixas. Para efetuar a lesão muscular, os ratos foram anes- tesiados com ketamina (50mg/ml) e Xilazina (20mg/ ml), via peritoneal. Durante o efeito anestésico, o animal foi colocado sobre um suporte apropriado e o membro inferior a ser lesionado foi posicionado em uma superfície de madeira com o joelho em extensão e o pé em dorsi- flexão de 90o, ficando a face anterior da perna em contato com essa superfície. A contusão foi produzida pela queda de um pêndulo constituído por uma haste de alumínio cuja extremidade superior estava acoplada a um par de rolamentos e na extremidade inferior havia uma esfera de resina fixada com nove milímetros de diâmetro, que atingiu diretamente o gastrocnêmio do rato (Figura 1). A massa do pêndulo (400g), bem como seu comprimento e altura de queda (45cm) foram calibrados com células de carga piezoelétricas no Laboratório de Resistência dos Materiais da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, obtendo um pico de força de 27,23. Transcorridas 36 horas após a lesão, os ratos iniciaram um tratamento com onda ultrassônica no gastrocnêmio direito, ficando o esquerdo como controle. Foi utilizado o aparelho de ultra-som da KLD Biossistemas Equipa- mentos Eletrônicos. O tratamento constituiu de uma aplicação diária de ultra-som no local da lesão, com um transdutor de 10 mm, uma freqüência de 3 MHz, modo pulsado a 20%, intensidade de 1 W/cm2, durante 4 minutos, conforme referências revisadas [6,8,9]. Após um determinado período de tratamento com o ultra-som todos os espécimes foram sacrificados: dois dias de tratamento para o grupo 1; quatro dias para o grupo 2; seis dias para o grupo 3; treze dias para o grupo 4 e 20 dias para o grupo 5. Após o sacrifício dos ratos (conforme Lei 6638/08/ 1979), os músculos gastrocnêmios de ambas as patas de cada animal foram dissecados, desinseridos e fixados em formol acetato 10% para posteriormente serem realizadas as técnicas histológicas. Em todas as peças foram reali- zados cortes transversais (no centro do ventre muscular) e após a desidratação, clareamento e impregnação foram Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200512 incluídas em parafina e coradas com hematoxilina e eosina. As lâminas foram enviadas para a análise histopatológica, não sendo identificado ao patologista, o grupo controle e o tempo de tratamento realizado. Resultados Os resultados foram computados em 33 ratos, de uma amostra de 40, pois durante o desenvolver do trabalho, 7 ratos foram descartados por morte precoce. A amostra foi dividida em cinco grupos, que inicialmente seriam de 8 espécimes cada. Com a exclusão dos 7 espécimes, foram divididos 5 grupos com 2 contendo 6 ratos e 3 grupos contendo 7 ratos. A quantidade de células satélites per- maneceu inalterada em ambos os membros do grupo I. Já no grupo II observamos um aumento de 50% das células satélites no membro tratado com ultra-som. A proli- feração de células satélites no grupo III foi maior em 59,1% dos membros tratados em relação ao esquerdo (28,5%). No grupo IV, houve predomínio dessas células em 57,1% dos membros tratados e o quinto grupo apresentou um aumento significativode células satélites no membro que recebeu ultra-som em relação ao membro controle, correspondendo a 85,7%. Figura 1 – Relação entre os grupos estudados e a quantidade de células satélites encontradas. quantidade de células satélites na região em processo cicatricial comparado ao membro controle, concordando com o estudo de Rantanen e Thorsson et al. [9] que observaram um aumento significativo de 96% das células satélites em relação ao grupo que não recebeu tratamento com onda ultrasônica. O nosso estudo demonstrou um aumento significativo de 85,7% no grupo V. Acredita-se que como já apresentava uma fase mais adiantada da regeneração muscular (21 dias) demonstrou uma diferença maior que os demais grupos. Outros autores, como Kitchen e Bazin [6], demons- traram uma diferença na motilidade dos fibroblastos, porém em relação à proliferação celular não observou nenhuma modificação, sugerindo assim, mais estudos. Na análise do nosso estudo, observamos apenas a migração das células reparadoras, pois para uma análise da motilidade dos fibroblastos necessitaríamos de outras investigações imunohistoquímicas mais detalhadas. Os resultados analisados demonstraram uma diferença estatística significativa entre os grupos estudados (p < 0,05). Conclusão Concluímos que a migração das células satélites foi aumentada com a utilização do ultra-som. Como estas células estão envolvidas na formação de novas fibras musculares poderia se supor um melhor reparo muscular, porém mais estudos devem ser realizados para confirmar esta hipótese. Referências 1. Kouvalchouk JF et al. Patología traumática del músculo estriado en el deportista. In: Enciclopedia Médico- Quirúrgica. Paris: Elsevier; 1992. p.1-8. 2. 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Am J Sports Med 1999;27(1):54-9. � Discussão O ultra-som terapêutico é utilizado com frequência na reabilitação de lesões musculares, e vários estudos já foram realizados para explicar o seu efeito sobre os tecidos. A restauração muscular envolve a remoção de componentes celulares lesionados e a proliferação de células satélites para a fusão e formação de novas fibras musculares. Em nosso estudo, a maioria dos membros que receberam tratamento com onda ultrasônica apresentou uma maior 13Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005 A utilização da escala de Fugl-Meyer no estudo do desempenho funcional de membro superior no tratamento de indivíduos hemiparéticos pós AVE Utilization of Fugl-Meyer scale in superior limb functional performance applied to hemiparetic individuals after stroke Carlos Henrique Senkiio*, Fernanda Kill*, Marcos Roberto Negretti*, Cleber Alexandre de Oliveira**, Nazareti Pereira Ferreira Alves, M.Sc.***, Selma Ramos da Silva e Souza, M.Sc.*** ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ *Acadêmicos de Fisioterapia da Universidade Camilo Castelo Branco,**Fisioterapeuta, Supervisor de Estágio em Hidroterapia e em Fisioterapia Pediátrica da Universidade Camilo Castelo Branco – SP, ***Fisioterapeuta, Supervisora de Estágio de Fisioterapia Aplicada às Disfunções Motoras Hospitalares da Universidade Camilo Castelo Branco – SP, Professora da Faculdade do Clube Náutico Mogiano – SP, ***Fisioterapeuta, Supervisora de Estágio em Neurologia do Adulto na Universidade Camilo Castelo Branco Resumo O objetivo deste estudo foi utilizar um instrumento de avaliação e verificar o grau de confiabilidade do mesmo enquanto aplicado em indivíduos com seqüelas de acidente vas- cular encefálico (AVE). A avaliação de Fugl-Meyer, validada desde 1975, é amplamente aplicada em experimentos internacionais direcionados a indivíduos portadores de hemiparesia com predomínio braquial. Os testes oferecem condições de pontuar atividades funcionais que necessitam da participação dos membros superiores e que são consideradas subjetivas. Um grupo composto por dez indivíduos portadores de hemiparesia foi submetido inicialmente à avaliação de Fugl-Meyer, receberam tratamento fisioterapêutico e novamente foram reavaliados. Os resultados mostram que a avaliação de Fugl-Meyer permitiu quantificar o desempenho motor do indivíduos com seqüela de AVE sem que a análise qualitativa fosse desconsiderada. Palavras-chave: avaliação de desempenho, membro superior, acidente cerebrovascular, Escala de Fugl-Meyer. Artigo original Abstract The purpose of this study was to use an evaluation instrument and to verify its grade of reliability while applied in individuals with stroke damage. The Fugl-Meyer evaluation, validated since 1975, is broadly applied in international experiments directed to hemiparetic individuals with brachial predominance. The tests offer conditions of scoring functional activities which need the participation of superior limbs and that are subjective. A group formed by ten individuals with hemiparesis were initially submitted to Fugl-Meyer evaluation, received physical therapy treatment and once more were evaluated. The results show that Fugl-Meyer evaluation permit to quantify the motor performance individuals with stroke damages without ignoring quantitative analysis. Key-words: performance assessment, upper limb, cerebrovascular accident, Fugl-Meyer scale. Recebido 29 de março de 2004; aceito 15 de dezembro de 2004 Endereço para correspondência: Selma Ramos da Silva e Souza, Universidade Camilo Castelo Branco – Clínica de Fisioterapia, Rua Carolina Fonseca, 727 Itaquera 08230-030São Paulo SP, Tel: Tel: (11)6170-0052, E-mail: selma_fisio@hotmail.com Introdução O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a doença vascular que mais acomete o sistema nervoso central, bem como a principal causa de incapacidades físicas e cog- nitivas. Suas causas estão relacionadas com a interrupção ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ do fluxo sangüíneo para o encéfalo, originado tanto por obstrução de uma artéria que o supre caracterizando o AVE isquêmico, quanto por ruptura de um vaso caracterizando o AVE hemorrágico [1]. As seqüelas estarão relacionadas diretamente com a localização, tamanho da área encefálica atingida e o tempo Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200514 que o paciente esperou para ser socorrido. A alteração mais comum é a hemiparesia, correspondendo à deficiência motora caracterizada por fraqueza no hemicorpo con- tralateral a lesão, também podendo ser acompanhada por alterações sensitivas, mentais, perceptivas e da linguagem [2-5]. O membro superior parético do indivíduo com seqüela de AVE limita suas atividades motoras, desde a mais simples como levar um copo até a boca, até a mais complexa como abotoar uma camisa. Essas restrições são consequências dos prejuízos relacionados a alteração do tônus, força muscular, amplitude do movimento e habilidades motoras específicas para o membro referido [3,5,7]. Para que o processo de reabilitaçãoocorra de forma adequada há necessidade de estabelecer critérios de avaliação, tratamento e reavaliação. Os parâmetros utilizados na avaliação devem reproduzir fielmente o método eleito para que a qualquer momento que se faça necessário a repetição de sua aplicação, o avaliador possa contar com o menor índice de variabilidade possível. Materiais e métodos A amostra foi composta por dez indivíduos hemiparéticos com predomínio braquial, sendo 6 mulheres e 4 homens com média de idade de 49,5 anos. Os indivíduos com comprometimento cognitivo, distúr- bios de linguagem, componente espástico severo e cadeirantes foram exclusos do experimento. O instrumento de avaliação utilizado foi a Escala de Fugl-Meyer [8] traduzida e adaptada que tem por objetivo quantificar o desempenho funcional de membros superior e inferior de portadores de hemiparesia, sendo que nesta pesquisa foi abordado apenas a avaliação de membro superior. Os indivíduos foram submetidos à avaliação na Clínica-Escola da Universidade Camilo Castelo Branco – SP, respeitando os mesmos parâmetros para todos os participantes, como local utilizado para a avaliação, duração, orientação prévia quanto ao posicionamento dos testes e execução das atividades solicitadas e sequen- ciamento dos itens avaliados, sendo atividade reflexa, atividade voluntária, atividade voluntária associada ao sinergismo, atividade voluntária associada a pouco sinergismo, atividade reflexa normal, estabilidade de punho, movimentação da mão e coordenação. Todos esses itens receberam pontuação segundo escore estabelecido pelo método (Tabela I). A Tabela I mostra todos os itens avaliados, as posturas do paciente e avaliador e as respectivas pontuações de forma detalhada. Após ser realizada a avaliação, os voluntários foram submetidos a tratamento fisioterapêutico que consistiu em dez sessões de cinesioterapia adaptada às atividades fun- cionais para membro superior relacionada com as atividades de vida diária. A avaliação de Fugl-Meyer foi aplicada novamente ao término do cumprimento das dez sessões de fisioterapia. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da ins- tituição envolvida e todos os pacientes assinaram o termo de consentimento informado. Resultados e discussão Baseado nos dados coletados acerca do grupo observou- se que em todos os itens avaliados houve evolução relacionada ao desempenho motor do membro superior acometido, com exceção dos itens atividade voluntária que se refere a flexão pura de ombro de 90º à 180º e abdução pura de ombro até 90º conforme já descrito na Tabela I. Verificou-se que, durante a execução dos itens men- cionados, os voluntários referiram dificuldades relacionadas à dor localizada no ombro acometido. Ao progredir com a carga de exercícios durante o tratamento fisioterapêutico do paciente com seqüela de AVE, é possível que ocorra complicações no ombro como tendinite ou bursite [5,9,10]. Embora tenha ocorrido a diminuição de duas funções relacionadas à atividade voluntária, outros aspectos importantes verificados na avaliação apresentaram evolução como estabilidade de punho, preensão e coordenação motora que são primordiais para beneficiar a execução de atividades cotidianas. O progresso pôde ser notado em simples atividades como a sustentação de um copo, uma escova de dentes ou de outros objetos. Em relação à melhora do desempenho de diversos tipos de preensão palmar pode-se afirmar que esta atividade contribui para a facilitação de funções como segurar objetos pequenos como caneta ou então uma folha de papel. Averigou-se nos resultados expostos na Tabela II melhora da coordenação motora dos pacientes submetidos ao tratamento que foram favorecidos quanto à execução de ações como escrever, colocar uma chave na fechadura ou então controlar a direção do segmento para a realização dessas atividades. O fato dos pacientes realizarem atividades seletivas utilizando o membro superior acometido, beneficiou outras atividades relevantes como as funcionais. Para o paciente neurológico, recuperar a integridade do membro superior é um fator decisivo durante o período de reabilitação, pois, da mesma forma que a marcha, a funcionalidade dos membros superiores confere ao indivíduo o caráter de independência. 15Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005 Tabela I – Avaliação de Fugl-Meyer modificada. Parte A Descrição da atividade Opções de resposta I. Atividade reflexa Percutir os tendões dos músculos Score 0 – reflexo ausente bíceps e tríceps braquial Score 2 – reflexo presente Score máximo = 4 II. Atividade voluntária a)Sinergismo flexor- paciente sentado Score 0 – não realiza é instruído a levar a mão afetada até Score 1 – realiza parcialmente a orelha. Deve-se avaliar: Score 2 – realiza perfeitamente ombro retraído – até 2 pts ombro elevado – até 2 pts ombro abduzido pelo menos ‘a 90º – até 2 pts ombro em rotação externa – até 2 pts cotovelo totalmente fletido – até 2 pts antebraço supinado – até 2 pts Score máximo = 12 b)Sinergismo extensor-paciente Score 0 – não realiza sentado é instruído a levar a mão Score 1 – realiza parcialmente afetada em direção ao joelho oposto. Score 2 – realiza perfeitamente Deve-se avaliar: ombro aduzido e em rotação interna – até 2 pts cotovelo estendido – até 2 pts antebraço pronado – até 2 pts Score máximo = 6 III. Atividade voluntária O paciente sentado é instruído a desempenhar associada ao sinergismo três ações isoladas flexor e extensor a)Levar a mão afetada até a região lombar Score 0 – não realiza Score 1 – realiza passando a mão pela espinha ilíaca ântero-superior Score 2 – realiza perfeitamente b) Realizar flexão pura de ombro até 90º Score 0 – não realiza ou então abduz o ombro ou flexiona o cotovelo logo no início do movimento Score 1 – realiza e abduz e/ou flexiona o cotovelo após o início da atividade Score 2 – realiza perfeitamente c) Realizar prono-supinação de Score 0 – não consegue manter a antebraço (ombro à 0Ú e cotovelo) postura correta, flexionado à 90º e/ou não realiza a prono-supinação de antebraço Score 1 – realiza parcialmente a prono- supinação mantendo ombro cotovelo corretamente posicionados Score 2 – realiza perfeitamente Score máximo = 6 IV. Atividade voluntária a) Abdução pura de ombro até 90º Score 0 – não realiza ou desempenhada com pouco com cotovelo estendido à 0Ú e flexiona o cotovelo e/ou não mantém ou nenhum sinergismo antebraço pronado o antebraço pronado logo no início da atividade Score 1 – realiza parcialmente, ou durante o trajeto do movimento o cotovelo flexiona e/ou antebraço não se mantém em pronação Score 2- realiza perfeitamente b) Flexionar o ombro de 90º à 180º Score 0 – não realiza, ou (cotovelo totalmente estendido e então ao iniciar o movimento antebraço em posição neutra) abduz o ombro e/ou flexiona o cotovelo Score 1 – realiza abduzindo e/ou flexionando cotovelo após o início da atividade Score 2 – realiza perfeitamente Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200516 Parte A Descrição da atividade Opções de resposta c) Pronação e supinação de Score 0 – não consegue antebraço com cotovelo estendido e manter a postura correta, ombro em posição entre 30º e 90º e/ou não realiza a prono- de flexão supinação de antebraço Score1 – realiza parcialmente a prono- supinação, mantendo ombro e cotovelo corretamente posicionados Score 2 – realiza perfeitamente Score máximo=6 V. Atividade reflexa Percutir os tendões dos músculos Score 0 – caso existam de normal bíceps e tríceps, e também estimular dois a três reflexos exacerbados a região ventral da mão Score 1 – caso exista um reflexo Score máximo = 2 exacerbado e no máximo dois reflexos vivos Score 2 – não mais que um reflexo vivo e nenhum reflexo exacerbado Parte B Descrição da atividade Opções de resposta Estabilidadede punho a) Paciente sentado com ombro à 0Ú, Score 0 – não realiza a atividade cotovelo à 90º de flexão e antebraço Score 1 – realiza a extensão totalmente pronado, é instruído a: de punho, mas não suporta estender o punho aproximadamente à 15º a resistência oferecida pelo avaliador (o avaliador deve oferecer resistência Score 2 – realiza a extensão ao movimento solicitado e, pode suportando resistência leve oferecida posicionar o cotovelo na angulação pelo avaliador solicitada) b) Paciente sentado, com ombro à 0°, Score 0 – não realiza a atividade cotovelo à 90º de flexão e antebraço Score 1 – realiza de forma totalmente pronado, é instruído a: ativo/assistida realizar movimentos alternados de Score 2 – realiza perfeitamente flexão/extensão de punho c) Paciente sentado com ombro semi Score 0 – não realiza a atividade flexionado e/ou semi abduzido, cotovelo Score 1 – realiza a extensão estendido e antebraço pronado, é instruído de punho, mas não suporta a a alternar movimento de flexão e extensão resistência oferecida pelo avaliador de punho (o avaliador pode , se necessário, Score 2 – realiza extensão suportando sustentar a postura) resistência leve oferecida pelo avaliador d) Paciente sentado, com ombro semi Score 0 – não realiza a atividade, ou flexionado e/ou semi abduzido, cotovelo então não sustenta a posição estendido e antebraço pronado, é instruído Score 1 – realiza extensão de a estender o punho até 15º e suportar punho, mas não suporta resistência resistência oferecida pelo avaliador oferecida pelo avaliador Score 2 – realiza a extensão suportando resistência leve oferecida pelo avaliador e) Paciente sentado, com ombro semi Score 0 – não realiza a circundução flexionado e/ou semi abduzido e Score1 – realiza o movimento de cotovelo totalmente estendido é instruído forma abrupta ou circundução a realizar circundução de punho incompleta Score máximo= 10 Score 2 – realiza perfeitamente Parte C Descrição da atividade Opções de resposta Mão a) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza flexionar os dedos Score 1 – realiza semi flexão dos dedos Score 2 – realiza perfeitamente (comparar com a mão não afetada) b) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza estender os dedos Score 1 – realiza a semi extensão dos dedos Score 2 – realiza perfeitamente 17Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005 Parte C Descrição da atividade Opções de resposta c) Paciente sentado é instruído a Score 0 – a posição solicitada manter a arts. metacarpofalangeanas não pode ser mantida estendidas do II-V dedos e flexiona as Score 1 – a posição poderá interfalangeanas distais e intermédias ser mantida, mas a preensão O avaliador deve oferecer alguma é insuficiente resistência. Score 2 – a posição pode ser mantida com muita resitência d) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza realizar adução pura de polegar e do Score 1 – o papel colocado I metacarpofalangeana, com entre o polegar e a interfalangeanas a 0Ú(posicionar um metacarpofalangeana se papel entre o polegar e a articulação solta quando puxado pelo metacarpofalangeana) avaliador Score 2 – segura bem o papel entre os dedos mesmo quando puxado pelo avaliador e) Paciente sentado é instruído Score 0 – não realiza a realizar a oponência do polegar Score 1 – o lápis que está entre o contra o segundo dedo. O avaliador polegar e o segundo dedo se solta coloca um lápis entre os dedos quando puxado pelo avaliador Score 2 – segura bem o lápis quando puxado pelo avaliador f) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza segurar um objeto cilíndrico (latinha) Score 1 – o objeto que está entre o com o polegar e o segundo dedo. polegar e o segundo dedo se solta quando puxado pelo avaliador Score 2 – segura bem o objeto quando puxado pelo avaliador g) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza segurar uma bolinha de tênis, Score 1 – a bolinha escapa da mão ao realizando abdução de todos os ser puxada pelo avaliador dedos Score 2 – segura bem a bolinha quando puxada pelo avaliador Score máximo=14 Parte D Descrição da atividade Opções de resposta Coordenação e Paciente sentado é intruído a velocidade realizar o teste index-nariz em cinco tempos O avaliador verifica: Tremor Score 0 – tremor acentuado Score 1 – tremor sutil Score 2 – ausência de tremor Dismetria Score 0 – dismetria acentuada Score 1 – dismetria sutil Score 2 – ausência de dismetria Velocidade Score 0 – realiza o index 6 sg mais lento quando comparado ao membro não afetado Score 1– realiza o index com atraso de 2 à 5 seg em relação ao membro não afetado Score 2 – realiza com atraso menor que 2 seg em relação ao membro não acometido Score máximo= 6 Pontuação total da atividade motora de membro superior = 66 Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200518 Conclusão A avaliação de Fugl-Meyer permitiu quantificar o desempenho motor dos indivíduos com sequela de AVE sem que a análise qualitativa fosse desconsiderada. A utilização de um instrumento de avaliação para uma criteriosa coleta de dados quantitativa, se bem interpretada afim de que uma melhor conduta de tratamento seja estipulada, vem favorecer a evolução funcional do paciente neurológico e o fisioterapeuta passa a contar com um confiável recurso de avaliação. Agradecimentos Aos Prof. Ms. Sandro Rogério dos Santos, Prof. Ms. Adriano Ribeiro de Freitas pela concessão do espaço e incentivo à produção científica. Aos voluntários pela paciência e dedicação quando solicitados. Referências 1. Souza SRS, Oliveira CA, Mizuta NA, Santos MH, Moreira AP. Reabilitação funcional para membros superiores pós- Tabela II – Resultados das avaliações inicial e final do grupo. Atividade Avaliação inicial Avaliação final Parte A Atividade reflexa x = 2,66 σ = 1,73 x = 3,70 σ = 0,66 Sinergismo flexor x = 9,77 σ = 2,90 x = 10,44 σ = 2,00 Sinergismo extensor x = 5,22 σ = 1,20 x = 5,66 σ = 0,70 Mão à região lombar x = 0,88 σ = 0,60 x = 1,33 σ = 0,70 Flexão pura de ombro à 90º x = 0,55 σ = 0,72 x = 0,77 σ = 0,97 Prono supinação de antebraço com cotovelo fletido x = 1,33 σ = 0,70 x = 1,55 σ = 0,52 Abdução de ombro à 90º x = 0,88 σ = 0,92 x = 0,88 σ = 0,92 Flexão de ombro de 90º à 180º x = 0,66 σ = 0,86 x = 0,55 σ = 0,72 Prono supinação com cotovelo estendido x = 0,88 σ = 0,78 x = 1,11 σ = 0,78 Atividade reflexa normal x = 1,11 σ = 0,60 x = 1,70 σ = 0,44 Parte B Estabilidade de punho a x = 1,22 σ = 0,83 x = 1,77 σ = 0,66 Estabilidade de punho b x = 1,11 σ = 0,60 x = 1,22 σ = 0,83 Estabilidade de Punho c x = 1,55 σ = 0,88 x = 1,66 σ = 0,70 Estabilidade de Punho d x = 1,0 σ = 0,86 x = 1,22 σ = 0,97 Estabilidade de Punho e x = 0,77 σ = 0,83 x = 1,11 σ = 0,78 Parte C Atividade com a mão a x = 1,88 σ = 0,33 x = 2,00 σ = 0,00 Atividade com a mão b x = 1,11 σ = 0,78 x = 1,33 σ = 0,86 Atividade com a mão c x = 1,44 σ = 0,72 x = 1,66 σ = 0,50 Atividade com a mão d x = 0,77 σ = 0,66 x = 1,11 σ = 0,78 Atividade com a mão e x = 1,00 σ = 0,86 x = 1,33 σ = 0,86 Atividade com a mão f x = 1,00 σ = 0,70 x = 1,66 σ = 0,70 Atividade com a mão g x = 1,33 σ = 0,86 x = 1,88 σ = 0,33 Parte D Tremor x = 1,22 σ = 0,83 x = 1,11 σ = 0,78 Dismetria x = 0,77 σ = 0,66 x = 1,44 σ = 0,88 Velocidade x = 1,22 σ = 0,97 x = 1,33 σ = 1,00 acidente vascular encefálico. Fisioter Bras 2003;4(3):195-9. 2. O’Sullivan S, Schmitz T. Fisioterapia: Avaliação e tratamento. São Paulo: Manole;1993. 3. Bobath B. Hemiplegia no adulto: avaliação e tratamento. São Paulo: Manole;1980. 4. Ekman LL. Neurociência: Fundamentos para a reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. 5. Rowland LP. Merritt Tratado de neurologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. 6. Freitas ED. Manual prático de reeducação motora de membrosuperior na hemiplegia: fundamentado no método Brunnstrom. São Paulo: Memnon; 2000. 7. Page SJ, Sisto S, Levine P, Johnston MV. Modified constraint induced therapy: A randomized feasibility and efficacy study. J Rehabil Res Dev 2001;38(5):583-90. 8. Fugl-Meyer AR, Jääskö L, Leyman I, Olsson S, Steglind. The post-stroke hemiplegic patient: a method for evaluation of physical performance. Scand J Rehab Med 1975;7:13-31. 9. Horn AI, Fontes SV, Carvaho SMR, Silvado RAB, Barbosa PMK, Durigan Jr. A, Attalah AN, Fukujima MM, Prado GF. Cinesioterapia previne ombro doloroso em pacientes hemiplégicos/paréticos na fase sub-aguda do acidente vascular encefálico. Arq Neuropsiquiatr 2003;61(3B):768- 71. 10. Martínez JFM. Síndrome doloroso regional camplejo tipo I. Rev Medunab 2001;4(10):1-7. � 19Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005 Avaliação da imagem e esquema corporal em crianças portadoras da síndrome de Down e crianças sem comprometimento neurológico Evaluation of image and corporal scheme in children with Down syndrome and children without neurological disease Fernanda Ishida Corrêa* , Fernanda Púpio Silva**, Tânia Gesualdo*** ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ *Professora mestre do Dep. de Fisioterapia da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), ** Mestranda Engenharia Biomédica pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), *** Graduada em fisioterapia pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP) Resumo Os portadores de patologias neurológicas, como a Síndrome de Down, podem apresentar alterações do Esquema e Imagem Corporal, dificuldades na integração das infor- mações dentre as modalidades como o sistema visual e/ou proprioceptivo e na seleção sensorial. Isto significa uma falta de habilidade para selecionar uma modalidade sensorial para o controle postural quando há diferentes informações che- gando sobre a posição do corpo no espaço. Existem várias formas de avaliações do Esquema e da Imagem Corporal, que podem ser utilizadas em crianças e adolescentes. Neste estudo, foram utilizados uma tabela e um jogo de encaixe das partes do corpo humano como forma de analisar o Esquema Corporal. E para a análise da Imagem Corporal, a avaliação foi feita através do desenho da figura humana. Essas avaliações foram feitas em crianças e adolescentes (entre 6 e 15 anos), sendo dois grupos, um composto por portadores da Síndrome de Down e outro grupo formado por indivíduos que não apresentam comprometimento neurológico. Pôde-se observar claramente que todos os crianças portadores da Síndrome de Down em estudo, apresentaram um atraso no Esquema e na Imagem Corporal, podendo este, interferir diretamente no desenvolvimento psicomotor desses indivíduos. Palavras-chave: Síndrome de Down, esquema corporal, imagem corporal. Artigo original Abstract Individuals with neurological pathologies, as Down syndrome, can present alterations of the Outline and Corporal Image, difficulties in the integration of the information among the modalities as the system visual and/or proprioceptive and in the sensorial selection. This means a lack of ability to select a sensorial modality for the postural control when have different information about the position of the body in space. There are several kinds of evaluations of Outline and Corporal Image, that can be used in children and adolescents. This study used a table and a game of fitting of parts of the human body as form of analyzing the Corporal Outline. And the analysis of Corporal Image, the evaluation was made through the drawing of the human illustration. Those evaluations were made in children and adolescents (between 6 and 15 years), being two groups, one composed by individuals with Syndrome of Down and other group formed by individuals without neurological disease. It could be observed clearly that all the children with Syndrome of Down, presented a delay in Outline and in Corporal Image, being able to interfere directly in individual development psicomotor. Key-words: Down syndrome, corporal outline, corporal image. Endereço para correspondência: Fernanda Ishida Corrêa Rua Professor Francisco Galvão Freire, 163, Urbanova II 12244-479 São José dos Campos SP, E-mail: fecorrea@univap.br Introdução A Síndrome de Down (SD) é uma doença caracterizada por um cromossomo vinte e um extra (trissomia 21). É a mais comum e bem conhecida de todas as síndromes mal formativas. Foi descrita por John Langdon Down em ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ 1866. A causa exata da presença do cromossomo adicional é desconhecida [1]. Em 1966, foi publicada por Hall, uma lista de 10 aspectos característicos de recém-nascidos com SD. Essas características incluem hipotonicidade, reflexo de Moro fraco, hiperextensibilidade articular, excesso de pele na Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200520 região posterior do pescoço, perfil facial aplanado, fissuras palpebrais em declive, aurículas anômalas, displasia pélvica, displasia da falange média do 5o dedo e rugas siminianas. Além desses aspectos, há outros que dão um quadro sintomatológico, como: disgenesias (alguns órgãos que não se formam completamente), espina bífida, deformação do coração, deformação do pavilhão da orelha e estrabismo [2], podendo ainda, apresentar alterações físicas e mentais variáveis, associadas ao atraso do desenvolvimento neuropsicomotor [3]. O desenvolvimento psicomotor da criança portadora da Síndrome de Down é semelhante ao desenvolvimento de crianças sem a síndrome, porém, geralmente ele se apresenta com um ritmo mais lento [1]. A presença de graus importantes de hipotonia muscular, presente desde o nascimento, seguramente contribui para um atraso motor. A variabilidade no desenvolvimento é muito mais ampla do que a observada em grupos de crianças normais. Um atraso no desenvolvimento motor da criança vai interferir com o desenvolvimento em outras áreas de atuação [4]. Sabendo que as disfunções do Esquema e Imagem Corporal, podem prejudicar o domínio dos movimentos e a consciência dos segmentos corporais, influenciando diretamente no desenvolvimento neuropsicomotor, o objetivo deste trabalho foi avaliar o Esquema e Imagem Corporal de crianças e adolescentes em idade escolar, portadoras da Síndrome de Down e em crianças e adoles- centes que não apresentam patologias neurológicas, com a finalidade de constatar possíveis disfunções destes compo- nentes da psicomotricidade. Materiais e métodos Os sujeitos que contribuíram para esta pesquisa foram 16 crianças portadoras da Síndrome de Down, sendo 10 do sexo masculino e 6 do sexo feminino, com idade entre 6 e 15 anos e 13 sujeitos de uma escola de Ensino Fundamental, sendo 6 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, com idade entre 6 e 15 anos. Todas as crianças deveriam ter cognitivo preservado, para a compreensão da aplicação do teste, verbalização preservada, controle motor suficiente para segurar um lápis, nenhuma outra patologia neurológica associada à Síndrome de Down. Foram utilizados os seguintes materiais para a aplicação dos testes: Questionário destinado aos responsáveis sobre o desenvolvimento motor da criança; folha de papel sulfite para desenho; lápis grafite HB para cada sujeito desenhar; uma tabela de avaliação do Esquema Corporal para cada criança; jogo de encaixe: de cartolina e velcro com o desenho do corpo humano (boneca) dividido em cabeça, tronco, membros superiores e inferiores. O procedimento para a realização da pesquisa iniciou-se com a elaboração do questionário e dos termos de con- sentimento, junto com a montagem da boneca de isopor para ser utilizada como forma de avaliação do Esquema Corporal. Desenvolveu-se, também, um gabarito
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