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(A) Revista Fisioterapia Brasil 2005

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Janeiro / Fevereiro de 2005
ISSN 1518-9740
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Marcha
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Neuro funcional
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Câncer
Acupuntura
 
Avaliação de variáveis da marcha usando microfones
Estudo da marcha em indivíduos com hálux valgo
Comparação entre caminhada no corredor e na esteira rolante
Estimulação elétrica neuromuscular na paralisia cerebral
Escala de Fugl-Meyer e desempenho do membro superior 
 na hemiparesia
Vibração sonora de baixa freqüência na espasticidade 
 e controle motor
Facilitação neuromuscular proprioceptiva 
em mulheres mastectomizadas
Conseqüências de anomalias do forame esternal
Março / Abril de 2005
ISSN 1518-9740
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Laserterapia
Respiratória
Neuro funcional
Esporte
Dermato funcional
Laser terapêutico na cicatrização tendinosa
 Influência da drenagem torácica intercostal na respiração e voz
 Ventilação não-invasiva na unidade de terapia intensiva
Piscina terapêutica e lesão raquimedular
 Atividade física e lombalgia
 Duração do alongamento passivo
Importância da crioterapia na lipólise
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Setembro / Outubro de 2005
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Eletromiografia
Biomecânica
Respiratória
Ultra-som
Filosofia
Atividade muscular durante a marcha com diferentes
tipos de calçados
Avaliação do arco longitudinal medial do pé através
da biofotogrametria
Alteração do índice diafragmático em cirurgia de Fobi-Capella
Verificação e controle de equipamentos
Espiritualidade e reabilitação da saúde
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Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20052
Fisioterapia prática
Ginástica Laborativa
Fisioterapia Brasil
Índice
(vol.6, nº1 janeiro/fevereiro 2005 - 1~80)
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
EDITORIAL
Feliz Ano Novo com Klopstock ou Robespierre, Marco Antonio Guimarães da Silva ............................................................................ 5
ARTIGOS ORIGINAIS
Efeitos da estimulação elétrica neuromuscular em pacientes com paralisia cerebral do tipo diplegia espástica,
Ana Lúcia Portella Staub, Newra Tellechea Rotta, Mahmud Ahmad Ismail Mahmud, Airton Suslik Svirski,
Antonio Cardoso dos Santos, Valéria Raymundo Fonteles, Eraldo Belarmino Jr., Cristiano Firpo Freire, Gionana Sebben,
Cristiane Segatto, Yamara Gomes da Silva ............................................................................................................................................................ 6
Efeitos do ultra-som na migração das células satélites após uma lesão experimental em ratos,
Joseani Ceccato, Ivan Pacheco, Gordon Bock, Adriana Moré Pacheco ............................................................................................................. 10
A utilização da escala de Fugl-Meyer no estudo do desempenho funcional de membro superior no tratamento
de indivíduos hemiparéticos pós AVE, Carlos Henrique Senkiio, Fernanda Kill, Marcos Roberto Negretti,
Cleber Alexandre de Oliveira, Nazareti Pereira Ferreira Alves, Selma Ramos da Silva e Souza ...................................................................... 13
Avaliação da imagem e esquema corporal em crianças portadoras da síndrome de Down e crianças
sem comprometimento neurológico, Fernanda Ishida Corrêa, Fernanda Púpio Silva , Tânia Gesualdo ............................................... 19
Efeitos da vibração sonora de baixa freqüência na espasticidade e controle motor de pacientes de acidente
vascular encefálico com reflexo tônico cervical assimétrico, Graziela Saraiva Reis, Lúcia Souza Magro,
Nivaldo Antônio Parizoto, Paulo Umeno Koeke, Flávio Pulzatto ................................................................................................................. 24
Efeitos da facilitação neuromuscular proprioceptiva na performance funcional de mulheres mastectomizadas,
Patrícia Viviane Gallo Nogueira, Elaine C. O. Guirro, Rinaldo R. J. Guirro, Valéria A. Palauro ................................................................... 28
Intervenções fisioterapêuticas e podológicas nos pés de idosos podem proporcionar marcha mais segura,
Maria Lucia Bergamini Mitsuichi, Sada Gracia Jamussi, Emerson Fachin Martins ........................................................................................ 36
Comparação entre o teste de caminhada de seis minutos no corredor e na esteira rolante,
Andreza Toledo, Karla Ribeiro, Audrey Borghi e Silva, Dirceu Costa ............................................................................................................. 41
Proposta de um método de avaliação de variáveis temporais da marcha usando microfones: resultados preliminares
em indivíduos saudáveis, Christiano Bittencourt Machado, Cássio Rodrigues Lopes,
Miriam de Castro Folly, André Luís Lima de Oliveira ....................................................................................................................................... 46
Estudo de elementos temporais da marcha em indivíduos com hálux valgo,
Irocy Knacfuss, Stella Rosenbaum, Luiz Alberto Batista .................................................................................................................................. 53
REVISÃO
Atribuições adicionais ao fisioterapeuta no pré-operatório da cirurgia cardíaca,
Lucas de Oliveira Alonso, Cynthia Kallás Bachur ............................................................................................................................................... 61
A biomecânica do transverso abdominal e suas múltiplas funções,
Alonso Monteiro Lemos, Leila de Albuquerque Feijó ........................................................................................................................................................................................................................................... 66
ESTUDOS DE CASOS
A presença do forame esternal anômalo e a prática de acupuntura no meridiano extra (ren mai),
Márcio Antônio Babinski ..................................................................................................................................................................................... 71
Fisioterapia aquática na qualidade de vida e capacidade funcional de pacientes com espondilite anquilosante,
Nidia Aparecida Hernandes, Maiza Ritomy Ide , Fátima Aparecida Caromano ............................................................................................. 75
NORMAS DE PUBLICAÇÃO........................................................................................................................................................... 79
EVENTOS ................................................................................................................................................................................................ 80
Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20054
Fisioterapia Brasil
www.fisioterapiabrasil.com.br
Editor executivo
Dr. Jean-Louis Peytavin
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Revista Indexada na LILACS - Literatura
Latinoamericana e do Caribe em Ciências da Saúde
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5Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005
Editorial
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Feliz Ano Novo com Klopstock
ou Robespierre
Prof. Dr. Marco Antonio Guimarães da Silva*
marco@atlanticaedu.com.br
Mergulhado em um cenário onde predominava a visão
de verdejantes e coloridas colinas que se sucediam formando
vales de indescritível beleza, experimentava, naquela doce e
fresca manhã, uma serenidade digna dos anjos. O que via
na natureza e o que sentia criava uma verdadeira mistura
entre misticismo e sensibilidade. Podia precisar, sem nenhuma
dificuldade, a época e o lugar em que me encontrava: a
poética e impetuística Alemanha de Klopstock1.
Subitamente, me vi transportado para Place de La
Concorde, na França de 1790, assumindo a personalidade
de um parlamentar girondino, prestes a ver separada de
meu pescoço a minha preciosa cabeça. Tinha diante de mim
duas importantes figuras daqueles difíceis tempos, as quais
me eram muito familiares – o meu editor executivo e o seu
sócio – incorporando respectivamente as personagens
Maximilien Robespierre e Saint-Just. Estavam para me ofe-
recer indulgência, quando uma chamada telefônica me
acordou. O sonho tornou-se realidade e realidade virou sonho.
Robespierre estava ao telefone; havia se transportado do
século XVII aos nossos dias e agora me cobrava o editorial.
Ainda sob efeito do terrível pesadelo e achando que poderia
salvar a minha vida, prometi o editorial para o mesmo dia.
Entretanto, recuperado dos efeitos da inusitada expe-
riência, sabia que a promessa feita ao editor teria que esperar,
porque havia algumas inquietações que me incomodavam e
que teriam quer ser resolvidas. Não era a coincidência entre
o real e o imaginário que me preocupava, afinal sempre
fizeram parte de minha existência e já me havia acostumado
a premonições e coisas similares. O que importunava era a
convivência de dois sonhos que se intercomunicaram e que
foram a expressão de sentimentos tão díspares: a extrema
serenidade e o mais intenso e pior dos pavores.
Resignado pela falta de equacionamento temporário das
questões levantadas, retorno à tarefa de elaborar o editorial
e me lembro de que ainda não houve tempo para levarmos
até os nosso leitores a nossa mensagem de final de ano.
Tenho, então, a oportunidade de agora fazê-lo.
Sustentados por uma fala social desprovida de qualquer
senso de reflexão, há séculos mantemos uma tradição cultural
de desejarmos aos nossos os intermináveis e repetidos votos
de feliz ano novo. A expressão toma para si a tarefa quase
mecânica de manter e levar adiante os costumes que nos
foram legados pelos nossos antepassados. A linguagem falada,
imaginada em um mimetismo circunstanciado a um cumpri-
mento do dever, não está mais, de um modo geral, a serviço
do que realmente pensamos e acaba evidenciando uma
contradição entre aquilo que realmente desejamos e aquilo
que exprimimos. Querendo fugir deste ambiente ingenuamente
falso, reporto-me às duas situações que vivi quando dormia.
Agora, substituindo os tradicionais votos de muitas felicidades,
etc, etc! sonhando acordado, construo e ofereço, para reflexão
de todos, dois momentos. Um primeiro, que seria a opção de
uma navegação tranqüila através de verdejantes montanhas,
onde os nossos atos serão aprovados pelo conjuntode regras
facultativas que normalmente avaliam o que fazemos e que
Foucault chama de ética. Um segundo, em que, no momento
de desespero, deixamos que o instinto profissional canibalizado
por uma concorrência desleal e injusta nos leve a também
desrespeitar a convivência profissional por outros ultrajada e
acabe, com o tempo, por nos inserir como vítimas dos jacobinos
da Place de la Concorde de 1790.
A Revista Fisioterapia Brasil longe, portanto, de desejar
um feliz 2005, deseja apenas uma boa reflexão, esperando
que os nossos atos se identifiquem com o primeiro momento.
Vivamos com dignidade e ética e sejamos felizes em 2005,
2006, 2007...
1 Friederich Gottlieb Klopstock (1724-1803), destacado poeta
alemão, autor de vários hinos à natureza de poemas à amizade
e ao amor.
* Editor científico de Fisioterapia Brasil, Pós-Doutorado na UFRJ, Professor do curso de mestrado da UCB
Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20056
Efeitos da estimulação elétrica neuromuscular
em pacientes com paralisia cerebral do tipo
diplegia espástica
Effects of neuromuscular electrical stimulation
in children with spastic diplegic cerebral palsy
Ana Lúcia Portella Staub*, Newra Tellechea Rotta**, Mahmud Ahmad Ismail Mahmud*, Airton Suslik
Svirski***, Antonio Cardoso dos Santos****, Valéria Raymundo Fonteles*****, Eraldo Belarmino Jr.*****,
Cristiano Firpo Freire*****, Gionana Sebben*****, Cristiane Segatto*****, Yamara Gomes da Silva*****
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
*Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, **Chefe da Unidade de Neurologia Pediátrica no Departamento
de Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Profª Adjunta de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, ***Médico Fisiatra do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, ****Médico Fisiatra – Prof. da
Disciplina de Reabilitação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Chefe do Serviço
de Fisiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, *****Médicos Residentes de Neurologia Pediátrica Departamento de
Pediatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da
utilização da estimulação elétrica neuromuscular (EENM)
na funcionalidade, tônus muscular e marcha de pacientes
com paralisia cerebral (PC) do tipo diplegia espástica. Quatro
crianças entre 3,7 e 8 anos realizaram, durante dezesseis
semanas, tratamento com EENM numa freqüência de três
vezes por semana, seguido de treino de marcha. Todos foram
avaliados no início e no final do tratamento. Os parâmetros
utilizados foram largura de pulso de 0,3 ms, freqüência de 40
Hz, tempo de subida e descida de 2 s; tempo de sustentação
e repouso de 6 s, e intensidade de corrente conforme tolerância da
criança. Nossos resultados demonstraram uma melhora na
funcionalidade e na marcha nas crianças.
Palavras-chave: paralisia cerebral, diplegia, estimulação elétrica.
Artigo original
Abstract
The aim of this study was to evaluate the effects of
neuromuscular electrical stimulation (NMES) on gross motor
funcion, muscle tone and gait in children with spastic diplegic
cerebral palsy. Four children between 3.7 and 8 years of age
completed a 16 week treatment with NMES. The frequency of
treatment was thrice a week, followed by gait training. All the
children were evaluated before and after treatment. The parameters
used were pulse width 300 ms, 40 Hz of frequency, and ramp or
rise time set at 2 seconds; on-off times were set for 6 seconds.
The intensity was set obbeying child´s tolerance. Ours results
showed improvement on gross motor function and gait in all
children.
Key-words: cerebral palsy, diplegy, electrical stimulation.
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
Introdução
A Paralisia Cerebral (PC) é um grupo não progressivo,
mas freqüentemente mutável, de distúrbio motor (tônus
e postura), secundário a lesão do cérebro em desenvol-
vimento. O evento pode ocorrer no período pré, peri ou
pós-natal [1,2].
Apesar dos avanços dos cuidados intensivos peri-
natais, a incidência de PC nos últimos anos tem-se
mantido a mesma, em razão da sobrevida de recém-
nascidos com muito baixo peso. A incidência das formas
moderadas e severas está entre 1,5 e 2,5 por 1000
nascidos vivos nos países desenvolvidos; mas há relatos
de incidência geral, considerando todos os níveis de
comprometimento de até 7:1000 [ 2]. A taxa de in-
cidência de PC entre prematuros pesando abaixo de 1.500
gramas é de 25 a 31 vezes maior do que entre nascidos a
termo [3,4].
Recebido 5 de janeiro de 2004; aceito 15 de dezembro de 2004.
Endereço para correspondência: Ana Lúcia Portella Staub, Rua Honório Silveira Dias, 1400/201, 90540-070 Porto Alegre RS, Tel: (51)
33373732 / (51) 91141190, E-mail: anastaub@terra.com.br, astaub@hcpa.ufrgs.br
7Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005
Na PC, são comuns os achados de retardo nas
aquisições motoras, persistência de reflexos primitivos,
anormalidades de tônus e posturas, além de hiperreflexia
e sinais patológicos [5,6,7].
A hipertonia muscular, hiperatividade reflexa,
persistência de reflexos primitivos e a fraqueza muscular
comprometem a funcionalidade do movimento normal
e impossibilitam manutenção da postura [5] .
A diplegia espástica é um dos tipos de PC e caracteriza-
se por envolvimento maior dos membros inferiores em
relação aos superiores [8]. O padrão de marcha mais
comumente encontrado se caracteriza por flexão, adução
e rotação interna de quadril, excessiva flexão de joelhos
resultantes de espasticidade e/ou contratura dos músculos
isquiotibiais e excessiva flexão plantar decorrente de
espasticidade e/ou contratura dos músculos tríceps surais
[9,10].
O desequilíbrio muscular entre agonistas e antagonistas,
a perda do controle motor seletivo, assim como as con-
traturas musculares e tendinosas, produzem limitação do
movimento articular [8,10,11].
A estimulação elétrica neuromuscular (EENM),
também conhecida por estimulação elétrica funcional
(FES), é uma forma de eletroterapia capaz de produzir
contrações musculares. A EENM é particularmente
útil nas áreas de reabilitação ortopédica e neuromuscular
[12].
A EENM foi desenvolvida por Pape e col em 1990, e
vários estudos demonstraram sua efetividade, geralmente
em combinação com a fisioterapia [13-15].
A utilização da EENM foi considerada segura e efetiva
no tratamento de atrofia de desuso. Além disso, é útil na
manutenção da amplitude de movimento e na reeducação
muscular [12,14,16,17].
Alguns autores têm estudado a influência na força
muscular e no controle motor [18,19].
Poucos são os artigos que retratam o uso da EENM
em crianças com PC do tipo diplegia espástica. Carmick
[16], em 1993, utilizou a EENM para redução da
espasticidade em crianças com diplegia espástica, o que
possibilitou ganho de atividades funcionais, melhor
controle motor e reeducação muscular.
Os achados acima mencionados nos motivaram a
analisar o efeito da EENM em pacientes com PC do tipo
diplegia espástica. Este estudo de casos descreve os efeitos
observados neste grupo de pacientes submetidos a terapia
com EENM.
Material e métodos
Quatro crianças com PC do tipo diplegia espástica,
provenientes dos ambulatórios do Serviço de Fisiatria e
do Setor de Neuropediatria do Serviço de Pediatria do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre, foram incluídas
neste estudo. O trabalho foi desenvolvido entre março e
junho de 2002.
A idade das crianças variou de 3,7 a 8 anos. Duas
crianças eram do sexo masculino e duas crianças do sexo
feminino. As crianças apresentaram grau de envolvimen-
to motordos membros inferiores de leve ou moderado, e
funcionalidade para marcha independente ou às custas
de dispositivos de auxílio.
Constituíram critérios de inclusão da pesquisa: a) um
bom nível de compreensão e colaboração por parte dos
pacientes; b) ausência de encurtamentos musculares ou
deformidades articulares incapacitantes; c) não-exposição
a tratamento com EENM, toxina botulínica A ou fenol
nos últimos 6 meses. A aceitação de participação na
pesquisa foi registrada sob forma de consentimento
informado, assinado pelo responsável. Este estudo teve
aprovação do Comitê de Pesquisa e Ética em saúde do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
No estudo, utilizou-se aparelho de EENM com
característica de onda bipolar e simétrica, com 2 canais
de estimulação. Os parâmetros de estimulação empre-
gados foram: largura de pulso de 0,3ms, frequência de
40 Hz, tempo de subida e descida de 2 segundos; tempo
de sustentação e repouso dos trens de pulso de 6 segundos
a fim de evitar desconforto. A intensidade da corrente
foi ajustada conforme tolerância do paciente e obser-
vação da ocorrência de contração muscular. Eletrodos
auto-adesivos foram os escolhidos pela facilidade de
aplicação.
As crianças foram tratadas com EENM em decúbito
dorsal na frequência de três vezes na semana, com 10
minutos de estimulação em cada ponto motor, por um
período de 16 semanas.
Os músculos abordados foram quadríceps femoral e
tibial anterior bilateralmente. As sessões de tratamento
foram finalizadas com treino de marcha em barras paralelas
ou andador clínico após as aplicações.
Os pacientes foram submetidos a avaliações de
funcionalidade por uma fisioterapeuta especializada em
pediatria, e avaliações médicas neurológica e fisiátrica,
no início do tratamento e após 12 semanas de aplicação
da EENM. Foram avaliados: a) nível de funcionalidade,
b) força muscular, c) tônus muscular através da escala de
Ashworth, d) reflexos superficiais e profundos. O estudo
contou também com análise de vídeo de marcha.
As mudanças na função motora das crianças em
tratamento, foram avaliadas segundos as 4 categorias
abaixo relacionadas:
1. Realiza marcha às custas de dispositivos de auxílio
(andador, muletas, apoio de outra pessoa);
2. Realiza marcha de forma independente com quedas
freqüentes;
3. Realiza marcha independente sem quedas;
4. Corre.
Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 20058
Resultados
Caso 1: E.B.
Criança do sexo masculino, com 3 anos e 7 meses ao
início do tratamento. Demonstrava envolvimento
bilateral, porém assimétrico de hipertonia, diminuição
de força muscular e hiperreflexia nos membros inferiores,
sendo o lado esquerdo o mais comprometido. Espasticidade
grau II no membro inferior esquerdo. Criança com
independência para a marcha e história de quedas freqüentes
em razão de dificuldade de realização da dorsiflexão ativa,
principalmente à esquerda.
Ao final do tratamento, observou-se evolução da
categotia 2 para 4. Criança concluiu o estudo sendo capaz
de correr aproximadamente 10 metros sem apresentar
quedas.
Houve também diminuição da hiperatividade dos
reflexos aquileo, patelar e adutor, além de redução do
grau de espasticidade de adutores, extensores de joelhos e
flexores plantares.
Caso 2: M.B.
Criança do sexo feminino, 3 anos e 7 meses de idade
ao início do tratamento. Realizou apenas nove semanas
de tratamento devido ao ingresso em outro serviço de
reabilitação. Ao iniciar o estudo encontrava-se na categoria
2, sendo as quedas, a principal queixa da paciente e seus
familiares.
Mostrava envolvimento bilateral e simétrico dos
membros inferiores, com presença de hiperreflexia e
aumento de área de difusão dos reflexos aquiliano, patelar
e de adutores. Espasticidade grau II de adutores e grau III
de tríceps sural. Ao final de 9 semanas de tratamento foi
possível observar redução do tônus de tríceps surais e dos
reflexos profundos. A criança passou da categoria 2 para 3.
Caso 3: D.S.
Criança do sexo masculino, 4 anos e 7 meses ao início
do tratamento. Exibia ao início do estudo envolvimento
bilateral e simétrico dos membros inferiores, com
hiperreflexia de reflexos profundos, espasticidade grau III
de adutores, grau II de extensores de joelhos e de tríceps
surais.
Encontrava-se na categoria 1 ao início do tratamento,
deslocando-se apenas com apoio de uma das mãos e
importante desequilíbrio dinâmico.
Ao longo do estudo, a criança adquiriu marcha inde-
pendente, conseguindo deslocar-se por curtas distâncias, com
característica de marcha lenta e equilíbrio instável. Evoluiu
para categoria 3 tornando-se independente para deslo-
camentos em ambiente domiciliar.
Houve melhora na força muscular dos extensores de
joelhos e dorsiflexores dos tornozelos.
Caso 4: A. A. S.
Criança do sexo feminino, 8 anos de idade ao início do
tratamento. Apesar do envolvimento bilateral de aumento
de tônus, demonstrava comprometimento maior à direita,
ocasionando marcha ceifante deste lado. Exibia
impossibilidade de realizar choque de calcanhar durante a
marcha. O equilíbrio estático se mostrava mais
comprometido que o dinâmico, e a coordenação
prejudicada pelo envolvimento distal dos membros
inferiores.
Criança encontrava-se na categoria 3 ao início do
estudo. Exibiu importante ganho na dorsiflexão passiva
e ativa dos tornozelos, principalmente à direita, o que
possibilitou melhora da fase de choque de calcanhar da
marcha e o correr, passando então para categoria 4. Além
do equilíbrio dinâmico para a marcha, também se observou
melhora no equilíbrio estático assim como da coordenação
para atividades motoras amplas.
Discussão
O principal achado deste estudo se baseia na melhora
da funcionalidade nos 4 casos, após a intervenção com
EENM.
O efeito da EENM sobre o sistema músculo-esquelético
tem sido pesquisado por Trimble e Enoka [20]. Estes autores
estudando os efeitos do treinamento associados à EENM,
concluíram que há, preferencialmente, ativação de unidades
motoras de contração rápida. É possível que estas sejam
ativadas somente com exercícios voluntários de alta in-
tensidade. Os autores concluíram que a EENM fornece
um feedback cutâneo que altera a população de unidades
motoras ativadas. Adicionalmente, o aumento da pro-
priocepção proporcionado pela EENM, somado ao treino
de marcha, talvez tenha contribuído para a melhora do
equilíbrio. Este estudo confirma os resultados de relatos
prévios nos quais a EENM foi utilizada em crianças PC
[13,16,17,21-24].
Carmick [13] descreveu 2 casos de crianças com diplegia
espástica que se beneficiaram com o uso do FES. Neste
trabalho, a autora propõe o fortalecimento de tríceps sural
através da combinação do FES com fisioterapia como forma
de manejo da postura em eqüino dos pés. Os resultados
apontaram melhora da marcha, equilíbrio, postura e
amplitude de movimento ativo e passivo do tornozelo. Não
houve aumento da espasticidade. A autora, no entanto, não
descreve os parâmetros de estimulação utilizados.
Park et al. [17] relataram os efeitos de estimulação
elétrica sobre o controle de tronco de crianças com diplegia
espástica. Neste estudo randomizado, os autores descreveram
9Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005
melhora do controle de tronco no grupo que recebeu
tratamento com EENM.
Sommerfelt et al 25, em um estudo randomizado,
concluíram que não houve efeito significativo na função
motora e de marcha de pacientes diplégicos submetidos
ao tratamento com estimulação elétrica transcutânea. No
entanto, a avaliação subjetiva realizada pelos pais
evidenciou significativa melhora motora em 11 das 12
crianças tratadas. Os autores utilizaram a estimulação
elétrica em nível de sub-contração.
A evolução dos nossos casos leva-nos a acreditar que a
EENM, através de sua atuação sobre a atividade das
unidades motoras dos dorsiflexores, tenhaproporcionado
a melhora na funcionalidade e na marcha das crianças.
Mesmo com limitações visivelmente encontradas no
estudo, principalmente quanto aos métodos de avaliação
dos achados pós EENM, pode-se notar que houve melhora
nas crianças, através dos relatos familiares e na evolução
das categorias. Isto nos leva a acreditar que possivelmente
através da EENM, infringimos, de alguma forma, uma
melhora funcional às crianças submetidas a eletroterapia.
Melhores evidências se fazem necessárias para
consolidar novos achados, bem como de outros autores.
Conclusão
Neste estudo, foi obtido uma melhora da função motora
para marcha, em todas as quatro crianças submetidas ao
tratamento com EENM. Parâmetros como grau de
espasticidade e resposta dos reflexos profundos também
evoluíram favoravelmente com a terapêutica. O estudo
demonstrou que a EENM pode ser uma ferramenta
complementar da fisioterapia no manejo da PC. Os
mecanismos pelos quais a EENM melhora a função motora
não estão totalmente esclarecidos. Novos estudos se fazem
necessários para uma adequada avaliação dos efeitos da
EENM em crianças com PC.
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Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200510
Efeitos do ultra-som na migração das células satélites
após uma lesão experimental em ratos
Effects of the ultrasound on proliferation of satellites
cells after experimental injury in rats
Joseani Ceccato*, Ivan Pacheco, D.Sc.**, Gordon Bock***, Adriana Moré Pacheco, M.Sc.****
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
*Fisioterapeuta do Clube Grêmio Náutico União – Porto Alegre-RS, Fisioterapeuta da Clínica SOS Esportes, **Médico Ortopedista e
Traumatologista do Esporte da Clínica SOS Esportes, Médico Ortopedista e Traumatologista do Esporte e Coordenador do Centro de
Medicina e Reabilitação do Clube Grêmio Náutico União, Diretor Médico da Federação Gaúcha de Futebol, ***Fisioterapeuta em Santa
Cruz do Sul-RS, ****Fisioterapeuta do Clube Grêmio Náutico União, Fisioterapeuta da Clínica SOS Esportes, Professora do Curso de
Fisioterapia da PUCRS
Resumo
O ultra-som terapêutico é muito utilizado nas lesões
musculares para acelerar o processo de cicatrização. Muitas
investigações são realizadas para verificar os seus efeitos
durante as fases da regeneração do tecido muscular esquelético e
alguns estudos revelam que a proliferação de células satélites é
aumentada com a utilização do ultra-som. A intenção de realizar
este estudo partiu das diferentes abordagens encontradas sobre
os efeitos do ultra-som na migração das células satélites para o
sítio da lesão. Foram utilizados ratos machos, adultos, da linhagem
Wistar (obtidos no laboratório da FFFCMPA), distribuídos alea-
toriamente em cinco grupos, onde o músculo gastrocnêmio de
ambos membros inferiores foram lesionados com uma contusão
experimental. O lado direito recebeu tratamento com ultra-som,
enquanto o esquerdo foi o controle. A freqüência utilizada foi
3MHz, pulsado a 20%, intensidade de 1w/cm2 durante 4 minutos,
por dois dias no grupo I, 4 no grupo II, 6 no grupo III, 13 no
grupo IV e 20 no grupo V, sendo sacrificados nos dias 3, 5, 7, 14
e 21, respectivamente. Houve predomínio de células satélites no
membro tratado em 18 ratos (54,54%) (p < 0,05). Conclui-se
que, mesmo ocorrendo esse aumento de proliferação de células
satélites, não se pode afirmar que a alteração foi provocada somente
pelo efeito do ultra-som. Mais estudos aprofundados devem ser
realizados nesta área.
Palavras-chave: ultra-som, cicatrização.
Artigo original
Abstract
Therapeutic ultrasound is commonly used in muscle lesions.
A lot of investigations are carried out to verify its effects during
the phases of regeneration of the skeletal muscle tissue. The
porpose of this study was to analyse different approaches found
on the effects of the ultrasound on migration of satellites cells
to the injury site. Were used maleadults rats, of the Wistar
lineage (obtained at the laboratory of FFFCMPA), randomly
distributed in five groups, where the gastrocnemius muscle in
both inferior members were injured with experimental
contusion. The right side received treatment with ultrasound,
while the left side was the control group. The frequency used
was 3 mHz, pulsed to 20%, intensity of 1w/cm2 for 4 minutes,
for two days in the group I, 4 in the group II, 6 in the group III,
13 in the group IV and 20 in the group V, each group was
sacrificed on the 3, 5, 7, 14 and 21 days, respectively. There was
prevalence of satellites cells in the treated member on 18 mouses
(54,54%) (p < 0,05). We can conclude that, even with increase of
proliferation of satellites cells, we cannot affirm that the alteration
was provoked only by the effect of the ultrasound. Further
studies are required in this area.
Key-words: ultrasound, cicatrisation.
Recebido 16 de março de 2004; corrigido 13 de dezembro; aceito 15 de dezembro de 2004.
Endereço para correspondência: Adriana Moré Pacheco, Rua Comendador Rheingantz, 362/601 B, Auxiliadora 90450-020 Porto Alegre
RS, E-mail: adrimpacheco@terra.com.br
11Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005
Introdução
A lesão muscular é observada com frequência na prática
desportiva e está associada ás afecções das fibras musculares
e do tecido conjuntivo. Pode ser manifestada por contusões
diretas, distensões, rupturas parciais e totais ou ainda por
microtraumas repetitivos (overtraining) [1,2].
Desde o momento do trauma, aparecem modificações
morfológicas na fibra muscular como acúmulo de mi-
tocôndrias alteradas, fragmentação das miofibrilas, ruptura
parcial do sarcolema, entre outras. Há uma necrose inicial
que se segue após cerca de doze horas por uma reação
inflamatória, ocorrendo fagocitose dos resíduos necróticos
da fibra muscular [1,2]. O reparo muscular envolve a re-
moção dos componentes celulares lesionados, a proliferação
das células satélites (células reparadoras mononucleadas
situadas normalmente entre a lâmina basal e a membrana
plasmática da fibra muscular) para a formação de
componentes de nova fibra muscular; e a fusão das células
satélites para a formação de novos miotúbulos. As células
satélites são armazenadas sob forma inativa dentro da
membrana basal de sustentação e são liberadas quando o
processo de reparo inicia. Elas representam 4 a 11% do
músculo, nos humanos [3,4,5].
Um dos meios mais utilizados na reabilitação
esportiva, associado com os exercícios terapêuticos é o
ultra-som. O ultra-som terapêutico promove a liberação
de mediadores químicos, resultando na proliferação de
tecido de granulação e estimulando a atividade dos fibro-
blastos. Há uma melhor atividade circulatória e celular,
com aumento de fagócitos e macrófagos para reduzir o
edema e acelerar o processo de cicatrização [3].
Há algumas controvérsias em relação aos efeitos que
o ultra-som proporciona na migração de células satélites
durante a regeneração muscular, alguns autores acreditam
que ocorra apenas um aumento na proliferação dessas
células e outros que há uma modificação na estrutura
global do músculo [2,6]. Portanto, o objetivo deste estudo
foi verificar o efeito do ultra-som terapêutico na migração
das células satélites para o sítio da lesão, durante a rege-
neração do músculo, após uma lesão experimental no
gastrocnêmio de ratos.
Material e métodos
O experimento foi realizado no Laboratório de
Fisiologia da Fundação Faculdade Federal de Ciências
Médicas de Porto Alegre. Foram utilizados 45 ratos
machos, adultos (180 dias), heterozigotos, com peso entre
320 e 400 gramas, da espécie Rattus novergicus da
linhagem Wistar/FFFCMPA. Eram mantidos em gaiolas
de polipropileno de dimensões 40X32X16cm, sob um
ciclo de dia e noite de 12 horas (das 7h às 19h) com
temperatura controlada de 22,O°°C. Foram alimentados
com ração Nuvilab CR1 (Nuvital Nutrientes Ltda) e a
água era fornecida por mamadeira de vidro com bico de
inox em rolha de borracha, ambos ad libitum.
Os ratos foram divididos aleatoriamente em cinco
grupos com oito animais cada, e um grupo piloto com
cinco animais para a realização de um teste, com o objetivo
de validar o mecanismo de contusão. Foi construído um
dispositivo com adaptações a um modelo experimental
já existente [7]. Tal contusão foi realizada no complexo
muscular gastrocnêmio de ambos os membros inferiores
de cada espécime.
Depois de realizado o teste piloto e obtido um resultado
satisfatório, os cinco grupos de oito animais foram
submetidos às contusões e devolvidos às suas caixas.
Para efetuar a lesão muscular, os ratos foram anes-
tesiados com ketamina (50mg/ml) e Xilazina (20mg/
ml), via peritoneal. Durante o efeito anestésico, o animal
foi colocado sobre um suporte apropriado e o membro
inferior a ser lesionado foi posicionado em uma superfície
de madeira com o joelho em extensão e o pé em dorsi-
flexão de 90o, ficando a face anterior da perna em contato
com essa superfície. A contusão foi produzida pela queda
de um pêndulo constituído por uma haste de alumínio
cuja extremidade superior estava acoplada a um par de
rolamentos e na extremidade inferior havia uma esfera
de resina fixada com nove milímetros de diâmetro, que
atingiu diretamente o gastrocnêmio do rato (Figura 1). A
massa do pêndulo (400g), bem como seu comprimento e
altura de queda (45cm) foram calibrados com células de
carga piezoelétricas no Laboratório de Resistência dos
Materiais da Faculdade de Engenharia da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, obtendo um pico de força
de 27,23.
Transcorridas 36 horas após a lesão, os ratos iniciaram
um tratamento com onda ultrassônica no gastrocnêmio
direito, ficando o esquerdo como controle. Foi utilizado
o aparelho de ultra-som da KLD Biossistemas Equipa-
mentos Eletrônicos. O tratamento constituiu de uma
aplicação diária de ultra-som no local da lesão, com um
transdutor de 10 mm, uma freqüência de 3 MHz, modo
pulsado a 20%, intensidade de 1 W/cm2, durante 4
minutos, conforme referências revisadas [6,8,9].
Após um determinado período de tratamento com o
ultra-som todos os espécimes foram sacrificados: dois dias
de tratamento para o grupo 1; quatro dias para o grupo 2;
seis dias para o grupo 3; treze dias para o grupo 4 e 20 dias
para o grupo 5.
Após o sacrifício dos ratos (conforme Lei 6638/08/
1979), os músculos gastrocnêmios de ambas as patas de
cada animal foram dissecados, desinseridos e fixados em
formol acetato 10% para posteriormente serem realizadas
as técnicas histológicas. Em todas as peças foram reali-
zados cortes transversais (no centro do ventre muscular)
e após a desidratação, clareamento e impregnação foram
Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200512
incluídas em parafina e coradas com hematoxilina e eosina.
As lâminas foram enviadas para a análise histopatológica,
não sendo identificado ao patologista, o grupo controle e o
tempo de tratamento realizado.
Resultados
Os resultados foram computados em 33 ratos, de uma
amostra de 40, pois durante o desenvolver do trabalho, 7
ratos foram descartados por morte precoce. A amostra
foi dividida em cinco grupos, que inicialmente seriam de
8 espécimes cada. Com a exclusão dos 7 espécimes, foram
divididos 5 grupos com 2 contendo 6 ratos e 3 grupos
contendo 7 ratos. A quantidade de células satélites per-
maneceu inalterada em ambos os membros do grupo I.
Já no grupo II observamos um aumento de 50% das células
satélites no membro tratado com ultra-som. A proli-
feração de células satélites no grupo III foi maior em 59,1%
dos membros tratados em relação ao esquerdo (28,5%).
No grupo IV, houve predomínio dessas células em 57,1%
dos membros tratados e o quinto grupo apresentou um
aumento significativode células satélites no membro que
recebeu ultra-som em relação ao membro controle,
correspondendo a 85,7%.
Figura 1 – Relação entre os grupos estudados e a quantidade de
células satélites encontradas.
quantidade de células satélites na região em processo cicatricial
comparado ao membro controle, concordando com o estudo
de Rantanen e Thorsson et al. [9] que observaram um aumento
significativo de 96% das células satélites em relação ao grupo
que não recebeu tratamento com onda ultrasônica. O nosso
estudo demonstrou um aumento significativo de 85,7% no
grupo V. Acredita-se que como já apresentava uma fase mais
adiantada da regeneração muscular (21 dias) demonstrou uma
diferença maior que os demais grupos.
Outros autores, como Kitchen e Bazin [6], demons-
traram uma diferença na motilidade dos fibroblastos,
porém em relação à proliferação celular não observou
nenhuma modificação, sugerindo assim, mais estudos.
Na análise do nosso estudo, observamos apenas a
migração das células reparadoras, pois para uma análise da
motilidade dos fibroblastos necessitaríamos de outras
investigações imunohistoquímicas mais detalhadas. Os
resultados analisados demonstraram uma diferença
estatística significativa entre os grupos estudados (p < 0,05).
Conclusão
Concluímos que a migração das células satélites foi
aumentada com a utilização do ultra-som. Como estas
células estão envolvidas na formação de novas fibras
musculares poderia se supor um melhor reparo muscular,
porém mais estudos devem ser realizados para confirmar
esta hipótese.
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Discussão
O ultra-som terapêutico é utilizado com frequência na
reabilitação de lesões musculares, e vários estudos já foram
realizados para explicar o seu efeito sobre os tecidos. A
restauração muscular envolve a remoção de componentes
celulares lesionados e a proliferação de células satélites para
a fusão e formação de novas fibras musculares.
Em nosso estudo, a maioria dos membros que receberam
tratamento com onda ultrasônica apresentou uma maior
13Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005
A utilização da escala de Fugl-Meyer no estudo
do desempenho funcional de membro superior
no tratamento de indivíduos hemiparéticos pós AVE
Utilization of Fugl-Meyer scale in superior limb functional
performance applied to hemiparetic individuals after stroke
Carlos Henrique Senkiio*, Fernanda Kill*, Marcos Roberto Negretti*, Cleber Alexandre de Oliveira**, Nazareti Pereira
Ferreira Alves, M.Sc.***, Selma Ramos da Silva e Souza, M.Sc.***
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
*Acadêmicos de Fisioterapia da Universidade Camilo Castelo Branco,**Fisioterapeuta, Supervisor de Estágio em Hidroterapia e em
Fisioterapia Pediátrica da Universidade Camilo Castelo Branco – SP, ***Fisioterapeuta, Supervisora de Estágio de Fisioterapia Aplicada às
Disfunções Motoras Hospitalares da Universidade Camilo Castelo Branco – SP, Professora da Faculdade do Clube Náutico Mogiano – SP,
***Fisioterapeuta, Supervisora de Estágio em Neurologia do Adulto na Universidade Camilo Castelo Branco
Resumo
O objetivo deste estudo foi utilizar um instrumento de
avaliação e verificar o grau de confiabilidade do mesmo
enquanto aplicado em indivíduos com seqüelas de acidente vas-
cular encefálico (AVE). A avaliação de Fugl-Meyer, validada desde
1975, é amplamente aplicada em experimentos internacionais
direcionados a indivíduos portadores de hemiparesia com
predomínio braquial. Os testes oferecem condições de pontuar
atividades funcionais que necessitam da participação dos membros
superiores e que são consideradas subjetivas. Um grupo composto
por dez indivíduos portadores de hemiparesia foi submetido
inicialmente à avaliação de Fugl-Meyer, receberam tratamento
fisioterapêutico e novamente foram reavaliados. Os resultados
mostram que a avaliação de Fugl-Meyer permitiu quantificar o
desempenho motor do indivíduos com seqüela de AVE sem que
a análise qualitativa fosse desconsiderada.
Palavras-chave: avaliação de desempenho, membro superior,
acidente cerebrovascular, Escala de Fugl-Meyer.
Artigo original
Abstract
The purpose of this study was to use an evaluation
instrument and to verify its grade of reliability while applied in
individuals with stroke damage. The Fugl-Meyer evaluation,
validated since 1975, is broadly applied in international experiments
directed to hemiparetic individuals with brachial predominance.
The tests offer conditions of scoring functional activities which
need the participation of superior limbs and that are subjective. A
group formed by ten individuals with hemiparesis were initially
submitted to Fugl-Meyer evaluation, received physical therapy
treatment and once more were evaluated. The results show that
Fugl-Meyer evaluation permit to quantify the motor performance
individuals with stroke damages without ignoring quantitative
analysis.
Key-words: performance assessment, upper limb,
cerebrovascular accident, Fugl-Meyer scale.
Recebido 29 de março de 2004; aceito 15 de dezembro de 2004
Endereço para correspondência: Selma Ramos da Silva e Souza, Universidade Camilo Castelo Branco – Clínica de Fisioterapia, Rua
Carolina Fonseca, 727 Itaquera 08230-030São Paulo SP, Tel: Tel: (11)6170-0052, E-mail: selma_fisio@hotmail.com
Introdução
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é a doença
vascular que mais acomete o sistema nervoso central,
bem como a principal causa de incapacidades físicas e cog-
nitivas. Suas causas estão relacionadas com a interrupção
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
do fluxo sangüíneo para o encéfalo, originado tanto por
obstrução de uma artéria que o supre caracterizando o AVE
isquêmico, quanto por ruptura de um vaso caracterizando
o AVE hemorrágico [1].
As seqüelas estarão relacionadas diretamente com a
localização, tamanho da área encefálica atingida e o tempo
Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200514
que o paciente esperou para ser socorrido. A alteração mais
comum é a hemiparesia, correspondendo à deficiência
motora caracterizada por fraqueza no hemicorpo con-
tralateral a lesão, também podendo ser acompanhada por
alterações sensitivas, mentais, perceptivas e da linguagem
[2-5].
O membro superior parético do indivíduo com seqüela
de AVE limita suas atividades motoras, desde a mais simples
como levar um copo até a boca, até a mais complexa como
abotoar uma camisa. Essas restrições são consequências dos
prejuízos relacionados a alteração do tônus, força muscular,
amplitude do movimento e habilidades motoras específicas
para o membro referido [3,5,7].
Para que o processo de reabilitaçãoocorra de forma
adequada há necessidade de estabelecer critérios de
avaliação, tratamento e reavaliação. Os parâmetros
utilizados na avaliação devem reproduzir fielmente o
método eleito para que a qualquer momento que se faça
necessário a repetição de sua aplicação, o avaliador possa
contar com o menor índice de variabilidade possível.
Materiais e métodos
A amostra foi composta por dez indivíduos hemiparéticos
com predomínio braquial, sendo 6 mulheres e 4 homens
com média de idade de 49,5 anos.
Os indivíduos com comprometimento cognitivo, distúr-
bios de linguagem, componente espástico severo e cadeirantes
foram exclusos do experimento.
O instrumento de avaliação utilizado foi a Escala de
Fugl-Meyer [8] traduzida e adaptada que tem por objetivo
quantificar o desempenho funcional de membros superior
e inferior de portadores de hemiparesia, sendo que nesta
pesquisa foi abordado apenas a avaliação de membro
superior.
Os indivíduos foram submetidos à avaliação na
Clínica-Escola da Universidade Camilo Castelo Branco –
SP, respeitando os mesmos parâmetros para todos os
participantes, como local utilizado para a avaliação,
duração, orientação prévia quanto ao posicionamento dos
testes e execução das atividades solicitadas e sequen-
ciamento dos itens avaliados, sendo atividade reflexa,
atividade voluntária, atividade voluntária associada ao
sinergismo, atividade voluntária associada a pouco
sinergismo, atividade reflexa normal, estabilidade de
punho, movimentação da mão e coordenação. Todos esses
itens receberam pontuação segundo escore estabelecido
pelo método (Tabela I).
A Tabela I mostra todos os itens avaliados, as posturas
do paciente e avaliador e as respectivas pontuações de
forma detalhada.
Após ser realizada a avaliação, os voluntários foram
submetidos a tratamento fisioterapêutico que consistiu em
dez sessões de cinesioterapia adaptada às atividades fun-
cionais para membro superior relacionada com as atividades
de vida diária. A avaliação de Fugl-Meyer foi aplicada
novamente ao término do cumprimento das dez sessões de
fisioterapia.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da ins-
tituição envolvida e todos os pacientes assinaram o termo
de consentimento informado.
Resultados e discussão
Baseado nos dados coletados acerca do grupo observou-
se que em todos os itens avaliados houve evolução
relacionada ao desempenho motor do membro superior
acometido, com exceção dos itens atividade voluntária que
se refere a flexão pura de ombro de 90º à 180º e abdução
pura de ombro até 90º conforme já descrito na Tabela I.
Verificou-se que, durante a execução dos itens men-
cionados, os voluntários referiram dificuldades relacionadas
à dor localizada no ombro acometido.
Ao progredir com a carga de exercícios durante o
tratamento fisioterapêutico do paciente com seqüela de AVE,
é possível que ocorra complicações no ombro como tendinite
ou bursite [5,9,10].
Embora tenha ocorrido a diminuição de duas funções
relacionadas à atividade voluntária, outros aspectos
importantes verificados na avaliação apresentaram evolução
como estabilidade de punho, preensão e coordenação motora
que são primordiais para beneficiar a execução de atividades
cotidianas.
O progresso pôde ser notado em simples atividades como
a sustentação de um copo, uma escova de dentes ou de
outros objetos. Em relação à melhora do desempenho de
diversos tipos de preensão palmar pode-se afirmar que esta
atividade contribui para a facilitação de funções como segurar
objetos pequenos como caneta ou então uma folha de papel.
Averigou-se nos resultados expostos na Tabela II melhora
da coordenação motora dos pacientes submetidos ao
tratamento que foram favorecidos quanto à execução de
ações como escrever, colocar uma chave na fechadura ou
então controlar a direção do segmento para a realização
dessas atividades.
O fato dos pacientes realizarem atividades seletivas
utilizando o membro superior acometido, beneficiou outras
atividades relevantes como as funcionais. Para o paciente
neurológico, recuperar a integridade do membro superior é
um fator decisivo durante o período de reabilitação, pois,
da mesma forma que a marcha, a funcionalidade dos
membros superiores confere ao indivíduo o caráter de
independência.
15Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005
Tabela I – Avaliação de Fugl-Meyer modificada.
Parte A Descrição da atividade Opções de resposta
I. Atividade reflexa Percutir os tendões dos músculos Score 0 – reflexo ausente
bíceps e tríceps braquial Score 2 – reflexo presente
Score máximo = 4
II. Atividade voluntária a)Sinergismo flexor- paciente sentado Score 0 – não realiza
é instruído a levar a mão afetada até Score 1 – realiza parcialmente
a orelha. Deve-se avaliar: Score 2 – realiza perfeitamente
ombro retraído – até 2 pts
ombro elevado – até 2 pts
ombro abduzido pelo menos ‘a 90º – até 2 pts
ombro em rotação externa – até 2 pts
cotovelo totalmente fletido – até 2 pts
antebraço supinado – até 2 pts
Score máximo = 12
b)Sinergismo extensor-paciente Score 0 – não realiza
sentado é instruído a levar a mão Score 1 – realiza parcialmente
afetada em direção ao joelho oposto. Score 2 – realiza perfeitamente
Deve-se avaliar:
ombro aduzido e em rotação interna – até 2 pts
cotovelo estendido – até 2 pts
antebraço pronado – até 2 pts
Score máximo = 6
III. Atividade voluntária O paciente sentado é instruído a desempenhar
associada ao sinergismo três ações isoladas
flexor e extensor a)Levar a mão afetada até a região lombar Score 0 – não realiza
Score 1 – realiza passando a mão pela
espinha ilíaca ântero-superior
Score 2 – realiza perfeitamente
b) Realizar flexão pura de ombro até 90º Score 0 – não realiza ou então abduz o
ombro ou flexiona o cotovelo logo no
início do movimento
Score 1 – realiza e abduz e/ou flexiona
o cotovelo após o início da atividade
Score 2 – realiza perfeitamente
c) Realizar prono-supinação de Score 0 – não consegue manter a
antebraço (ombro à 0Ú e cotovelo) postura correta,
flexionado à 90º e/ou não realiza a
prono-supinação de antebraço
Score 1 – realiza parcialmente a prono-
supinação mantendo ombro cotovelo
corretamente posicionados
Score 2 – realiza perfeitamente
Score máximo = 6
IV. Atividade voluntária a) Abdução pura de ombro até 90º Score 0 – não realiza ou
desempenhada com pouco com cotovelo estendido à 0Ú e flexiona o cotovelo e/ou não mantém
ou nenhum sinergismo antebraço pronado o antebraço pronado logo no início da
atividade
Score 1 – realiza parcialmente, ou
durante o trajeto do movimento o
cotovelo flexiona e/ou antebraço não se
mantém em pronação
Score 2- realiza perfeitamente
b) Flexionar o ombro de 90º à 180º Score 0 – não realiza, ou
(cotovelo totalmente estendido e então ao iniciar o movimento
antebraço em posição neutra) abduz o ombro e/ou flexiona o cotovelo
Score 1 – realiza abduzindo e/ou
flexionando cotovelo após o início da
atividade
Score 2 – realiza perfeitamente
Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200516
Parte A Descrição da atividade Opções de resposta
c) Pronação e supinação de Score 0 – não consegue
antebraço com cotovelo estendido e manter a postura correta,
ombro em posição entre 30º e 90º e/ou não realiza a prono-
de flexão supinação de antebraço
Score1 – realiza parcialmente a prono-
supinação, mantendo ombro e cotovelo
corretamente posicionados
Score 2 – realiza perfeitamente
Score máximo=6
V. Atividade reflexa Percutir os tendões dos músculos Score 0 – caso existam de
normal bíceps e tríceps, e também estimular dois a três reflexos exacerbados
a região ventral da mão Score 1 – caso exista um reflexo
Score máximo = 2 exacerbado e no máximo dois reflexos
vivos
Score 2 – não mais que um reflexo vivo
e nenhum reflexo exacerbado
Parte B Descrição da atividade Opções de resposta
Estabilidadede punho a) Paciente sentado com ombro à 0Ú, Score 0 – não realiza a atividade
cotovelo à 90º de flexão e antebraço Score 1 – realiza a extensão
totalmente pronado, é instruído a: de punho, mas não suporta
estender o punho aproximadamente à 15º a resistência oferecida pelo avaliador
(o avaliador deve oferecer resistência Score 2 – realiza a extensão
ao movimento solicitado e, pode suportando resistência leve oferecida
posicionar o cotovelo na angulação pelo avaliador
solicitada)
b) Paciente sentado, com ombro à 0°, Score 0 – não realiza a atividade
cotovelo à 90º de flexão e antebraço Score 1 – realiza de forma
totalmente pronado, é instruído a: ativo/assistida
realizar movimentos alternados de Score 2 – realiza perfeitamente
flexão/extensão de punho
c) Paciente sentado com ombro semi Score 0 – não realiza a atividade
flexionado e/ou semi abduzido, cotovelo Score 1 – realiza a extensão
estendido e antebraço pronado, é instruído de punho, mas não suporta a
a alternar movimento de flexão e extensão resistência oferecida pelo avaliador
de punho (o avaliador pode , se necessário, Score 2 – realiza extensão suportando
sustentar a postura) resistência leve oferecida pelo avaliador
d) Paciente sentado, com ombro semi Score 0 – não realiza a atividade, ou
flexionado e/ou semi abduzido, cotovelo então não sustenta a posição
estendido e antebraço pronado, é instruído Score 1 – realiza extensão de
a estender o punho até 15º e suportar punho, mas não suporta resistência
resistência oferecida pelo avaliador oferecida pelo avaliador
Score 2 – realiza a extensão
suportando resistência leve oferecida
pelo avaliador
e) Paciente sentado, com ombro semi Score 0 – não realiza a circundução
flexionado e/ou semi abduzido e Score1 – realiza o movimento de
cotovelo totalmente estendido é instruído forma abrupta ou circundução
a realizar circundução de punho incompleta
Score máximo= 10 Score 2 – realiza perfeitamente
Parte C Descrição da atividade Opções de resposta
Mão a) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza
flexionar os dedos Score 1 – realiza semi flexão dos dedos
Score 2 – realiza perfeitamente
(comparar com a mão não afetada)
b) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza
estender os dedos Score 1 – realiza a semi extensão dos
dedos
Score 2 – realiza perfeitamente
17Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005
Parte C Descrição da atividade Opções de resposta
c) Paciente sentado é instruído a Score 0 – a posição solicitada
manter a arts. metacarpofalangeanas não pode ser mantida
estendidas do II-V dedos e flexiona as Score 1 – a posição poderá
interfalangeanas distais e intermédias ser mantida, mas a preensão
O avaliador deve oferecer alguma é insuficiente
resistência. Score 2 – a posição pode ser mantida
com muita resitência
d) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza
realizar adução pura de polegar e do Score 1 – o papel colocado
I metacarpofalangeana, com entre o polegar e a
interfalangeanas a 0Ú(posicionar um metacarpofalangeana se
papel entre o polegar e a articulação solta quando puxado pelo
metacarpofalangeana) avaliador
Score 2 – segura bem o papel entre os
dedos mesmo quando puxado pelo
avaliador
e) Paciente sentado é instruído Score 0 – não realiza
a realizar a oponência do polegar Score 1 – o lápis que está entre o
contra o segundo dedo. O avaliador polegar e o segundo dedo se solta
coloca um lápis entre os dedos quando puxado pelo avaliador
Score 2 – segura bem o lápis quando
puxado pelo avaliador
f) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza
segurar um objeto cilíndrico (latinha) Score 1 – o objeto que está entre o
com o polegar e o segundo dedo. polegar e o segundo dedo se solta
quando puxado pelo avaliador
Score 2 – segura bem o objeto quando
puxado pelo avaliador
g) Paciente sentado é instruído a Score 0 – não realiza
segurar uma bolinha de tênis, Score 1 – a bolinha escapa da mão ao
realizando abdução de todos os ser puxada pelo avaliador
dedos Score 2 – segura bem a bolinha quando
puxada pelo avaliador
Score máximo=14
Parte D Descrição da atividade Opções de resposta
Coordenação e Paciente sentado é intruído a
velocidade realizar o teste index-nariz em
cinco tempos
O avaliador verifica:
Tremor Score 0 – tremor acentuado
Score 1 – tremor sutil
Score 2 – ausência de tremor
Dismetria Score 0 – dismetria acentuada
Score 1 – dismetria sutil
Score 2 – ausência de dismetria
Velocidade Score 0 – realiza o index 6 sg
mais lento quando comparado ao
membro não afetado
Score 1– realiza o index com
atraso de 2 à 5 seg em relação
ao membro não afetado
Score 2 – realiza com atraso
menor que 2 seg em relação ao
membro não acometido
Score máximo= 6
Pontuação total da atividade motora de membro superior = 66
Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200518
Conclusão
A avaliação de Fugl-Meyer permitiu quantificar o
desempenho motor dos indivíduos com sequela de AVE
sem que a análise qualitativa fosse desconsiderada.
A utilização de um instrumento de avaliação para uma
criteriosa coleta de dados quantitativa, se bem interpretada
afim de que uma melhor conduta de tratamento seja
estipulada, vem favorecer a evolução funcional do paciente
neurológico e o fisioterapeuta passa a contar com um
confiável recurso de avaliação.
Agradecimentos
Aos Prof. Ms. Sandro Rogério dos Santos, Prof. Ms.
Adriano Ribeiro de Freitas pela concessão do espaço e
incentivo à produção científica. Aos voluntários pela paciência
e dedicação quando solicitados.
Referências
1. Souza SRS, Oliveira CA, Mizuta NA, Santos MH, Moreira
AP. Reabilitação funcional para membros superiores pós-
Tabela II – Resultados das avaliações inicial e final do grupo.
Atividade Avaliação inicial Avaliação final
Parte A
Atividade reflexa x = 2,66 σ = 1,73 x = 3,70 σ = 0,66
Sinergismo flexor x = 9,77 σ = 2,90 x = 10,44 σ = 2,00
Sinergismo extensor x = 5,22 σ = 1,20 x = 5,66 σ = 0,70
Mão à região lombar x = 0,88 σ = 0,60 x = 1,33 σ = 0,70
Flexão pura de ombro à 90º x = 0,55 σ = 0,72 x = 0,77 σ = 0,97
Prono supinação de antebraço com cotovelo fletido x = 1,33 σ = 0,70 x = 1,55 σ = 0,52
Abdução de ombro à 90º x = 0,88 σ = 0,92 x = 0,88 σ = 0,92
Flexão de ombro de 90º à 180º x = 0,66 σ = 0,86 x = 0,55 σ = 0,72
Prono supinação com cotovelo estendido x = 0,88 σ = 0,78 x = 1,11 σ = 0,78
Atividade reflexa normal x = 1,11 σ = 0,60 x = 1,70 σ = 0,44
Parte B
Estabilidade de punho a x = 1,22 σ = 0,83 x = 1,77 σ = 0,66
Estabilidade de punho b x = 1,11 σ = 0,60 x = 1,22 σ = 0,83
Estabilidade de Punho c x = 1,55 σ = 0,88 x = 1,66 σ = 0,70
Estabilidade de Punho d x = 1,0 σ = 0,86 x = 1,22 σ = 0,97
Estabilidade de Punho e x = 0,77 σ = 0,83 x = 1,11 σ = 0,78
Parte C
Atividade com a mão a x = 1,88 σ = 0,33 x = 2,00 σ = 0,00
Atividade com a mão b x = 1,11 σ = 0,78 x = 1,33 σ = 0,86
Atividade com a mão c x = 1,44 σ = 0,72 x = 1,66 σ = 0,50
Atividade com a mão d x = 0,77 σ = 0,66 x = 1,11 σ = 0,78
Atividade com a mão e x = 1,00 σ = 0,86 x = 1,33 σ = 0,86
Atividade com a mão f x = 1,00 σ = 0,70 x = 1,66 σ = 0,70
Atividade com a mão g x = 1,33 σ = 0,86 x = 1,88 σ = 0,33
Parte D
Tremor x = 1,22 σ = 0,83 x = 1,11 σ = 0,78
Dismetria x = 0,77 σ = 0,66 x = 1,44 σ = 0,88
Velocidade x = 1,22 σ = 0,97 x = 1,33 σ = 1,00
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19Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 2005
Avaliação da imagem e esquema corporal
em crianças portadoras da síndrome de Down
e crianças sem comprometimento neurológico
Evaluation of image and corporal scheme in children
with Down syndrome and children without neurological disease
Fernanda Ishida Corrêa* , Fernanda Púpio Silva**, Tânia Gesualdo***
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
*Professora mestre do Dep. de Fisioterapia da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP),
** Mestranda Engenharia Biomédica pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP),
*** Graduada em fisioterapia pela Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP)
Resumo
Os portadores de patologias neurológicas, como a
Síndrome de Down, podem apresentar alterações do Esquema
e Imagem Corporal, dificuldades na integração das infor-
mações dentre as modalidades como o sistema visual e/ou
proprioceptivo e na seleção sensorial. Isto significa uma falta
de habilidade para selecionar uma modalidade sensorial para
o controle postural quando há diferentes informações che-
gando sobre a posição do corpo no espaço. Existem várias formas
de avaliações do Esquema e da Imagem Corporal, que podem ser
utilizadas em crianças e adolescentes. Neste estudo, foram utilizados
uma tabela e um jogo de encaixe das partes do corpo humano
como forma de analisar o Esquema Corporal. E para a análise da
Imagem Corporal, a avaliação foi feita através do desenho da figura
humana. Essas avaliações foram feitas em crianças e adolescentes
(entre 6 e 15 anos), sendo dois grupos, um composto por portadores
da Síndrome de Down e outro grupo formado por indivíduos que
não apresentam comprometimento neurológico. Pôde-se observar
claramente que todos os crianças portadores da Síndrome de Down
em estudo, apresentaram um atraso no Esquema e na Imagem
Corporal, podendo este, interferir diretamente no desenvolvimento
psicomotor desses indivíduos.
Palavras-chave: Síndrome de Down, esquema corporal, imagem
corporal.
Artigo original
Abstract
Individuals with neurological pathologies, as Down syndrome,
can present alterations of the Outline and Corporal Image,
difficulties in the integration of the information among the
modalities as the system visual and/or proprioceptive and in the
sensorial selection. This means a lack of ability to select a sensorial
modality for the postural control when have different information
about the position of the body in space. There are several kinds of
evaluations of Outline and Corporal Image, that can be used in
children and adolescents. This study used a table and a game of
fitting of parts of the human body as form of analyzing the
Corporal Outline. And the analysis of Corporal Image, the evaluation
was made through the drawing of the human illustration. Those
evaluations were made in children and adolescents (between 6 and
15 years), being two groups, one composed by individuals with
Syndrome of Down and other group formed by individuals
without neurological disease. It could be observed clearly that all
the children with Syndrome of Down, presented a delay in Outline
and in Corporal Image, being able to interfere directly in individual
development psicomotor.
Key-words: Down syndrome, corporal outline, corporal image.
Endereço para correspondência: Fernanda Ishida Corrêa Rua Professor Francisco Galvão Freire, 163, Urbanova II 12244-479 São José dos Campos
SP, E-mail: fecorrea@univap.br
Introdução
A Síndrome de Down (SD) é uma doença caracterizada
por um cromossomo vinte e um extra (trissomia 21). É a
mais comum e bem conhecida de todas as síndromes mal
formativas. Foi descrita por John Langdon Down em
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
1866. A causa exata da presença do cromossomo adicional
é desconhecida [1].
Em 1966, foi publicada por Hall, uma lista de 10
aspectos característicos de recém-nascidos com SD. Essas
características incluem hipotonicidade, reflexo de Moro
fraco, hiperextensibilidade articular, excesso de pele na
Fisioterapia Brasil - Volume 6 - Número 1 - janeiro/fevereiro de 200520
região posterior do pescoço, perfil facial aplanado, fissuras
palpebrais em declive, aurículas anômalas, displasia
pélvica, displasia da falange média do 5o dedo e rugas
siminianas. Além desses aspectos, há outros que dão um
quadro sintomatológico, como: disgenesias (alguns órgãos
que não se formam completamente), espina bífida,
deformação do coração, deformação do pavilhão da
orelha e estrabismo [2], podendo ainda, apresentar
alterações físicas e mentais variáveis, associadas ao atraso
do desenvolvimento neuropsicomotor [3].
O desenvolvimento psicomotor da criança portadora da
Síndrome de Down é semelhante ao desenvolvimento de
crianças sem a síndrome, porém, geralmente ele se apresenta
com um ritmo mais lento [1].
A presença de graus importantes de hipotonia muscular,
presente desde o nascimento, seguramente contribui para
um atraso motor. A variabilidade no desenvolvimento é
muito mais ampla do que a observada em grupos de crianças
normais. Um atraso no desenvolvimento motor da criança
vai interferir com o desenvolvimento em outras áreas de
atuação [4].
Sabendo que as disfunções do Esquema e Imagem
Corporal, podem prejudicar o domínio dos movimentos e a
consciência dos segmentos corporais, influenciando
diretamente no desenvolvimento neuropsicomotor, o
objetivo deste trabalho foi avaliar o Esquema e Imagem
Corporal de crianças e adolescentes em idade escolar,
portadoras da Síndrome de Down e em crianças e adoles-
centes que não apresentam patologias neurológicas, com a
finalidade de constatar possíveis disfunções destes compo-
nentes da psicomotricidade.
Materiais e métodos
Os sujeitos que contribuíram para esta pesquisa foram
16 crianças portadoras da Síndrome de Down, sendo 10 do
sexo masculino e 6 do sexo feminino, com idade entre 6 e
15 anos e 13 sujeitos de uma escola de Ensino Fundamental,
sendo 6 do sexo feminino e 7 do sexo masculino, com idade
entre 6 e 15 anos.
Todas as crianças deveriam ter cognitivo preservado,
para a compreensão da aplicação do teste, verbalização
preservada, controle motor suficiente para segurar um lápis,
nenhuma outra patologia neurológica associada à Síndrome
de Down.
Foram utilizados os seguintes materiais para a aplicação
dos testes: Questionário destinado aos responsáveis sobre o
desenvolvimento motor da criança; folha de papel sulfite
para desenho; lápis grafite HB para cada sujeito desenhar;
uma tabela de avaliação do Esquema Corporal para cada
criança; jogo de encaixe: de cartolina e velcro com o desenho
do corpo humano (boneca) dividido em cabeça, tronco,
membros superiores e inferiores.
O procedimento para a realização da pesquisa iniciou-se
com a elaboração do questionário e dos termos de con-
sentimento, junto com a montagem da boneca de isopor
para ser utilizada como forma de avaliação do Esquema
Corporal. Desenvolveu-se, também, um gabarito

Outros materiais