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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE ENGENHARIA DE BIOPROCESSOS E BIOTECNOLOGIA ANA PAULA MIOLA PERIN RELATÓRIO CULTURA DE TECIDOS Dois Vizinhos 2017 1 INTRODUÇÃO Cultura de tecidos vegetais é o nome dado a um conjunto de técnicas que são utilizadas em partes vivas de uma planta. Essas técnicas são muito uteis no melhoramento genético de plantas que são aplicadas na agricultura. Os pequenos fragmentos do vegetal (explantes) utilizados são isolados de um organismo, desinfetados e cultivados em meios de cultura apropriados. O principal objetivo da técnica é obter uma nova planta idêntica á original, ou seja, realizar uma clonagem vegetal que é definida como uma propagação assexuada de células ou organismos de modo a obter um novo individuo com genótipo idêntico ao seu ancestral (ANDRADE, 2002) Os explantes utilizados para cultivo in vitro na cultura de tecidos podem ser diversificados, podendo ser utilizados as folhas, raiz, caule ou qualquer outro tecido que responda a regeneração in vitro (figura 1). Essa capacidade de uma planta se regenerar é chamada de totipotncia essa manifestação de cada tecido em um determinado estimulo ou substrato apropriado para iniciar um novo indivíduo (TERMIGNONI; PORTO; MORAIS, 2005). Figura 1. Princípio da cultura de tecidos A plantas ornamentais caracterizam um mercado bastante competitivo e exigente e para atingir os parâmetros exigidos pelos consumidores a cultura de tecidos se faz essencial para tornar as plantas filhas sadias, com alta qualidade genética, características diferenciadas, propagação de clones em qualquer época do ano e facilitar o cultivo de espécies de difícil propagação. O cultivo comercial das orquídeas bem crescendo significativamente. As orquídeas são plantas herbáceas e perenes bastante diversificadas em tamanho, cor das flores. Seu cultivo pode ser tanto por sementes ou vegetativa. Na natureza so conseguem se estabelecer com ajuda simbiótica de fungos, bactérias e outras planta (FRÁGUAS; PEREIRA; RODRIGUES, 2014). As orquídeas podem ser encontradas em quase todas as regiões do planeta exceto os polos e desertos, sua frequência é mais abundantes nos trópicos. Além da sua função ornamental as orquídeas possuem um valor agregado na indústria para fabricação de de essências. No contexto de preservação ambiental o professor Lewis Knudson desenvolveu técnicas de cultivo assimbiótico no qual as orquídeas tiveram 100% de adaptação com parado com o meio natural. Com isso muitas outras técnicas de cultivo in vitro foram aparecendo cada uma dando chances a outras espécies de se propagar. (SILVA; PASQUAL, 2003). A rúcula é uma hortaliça relevante na alimentação humana e tem sido plantada em diversas regiões do Brasil. Embora a rúcula não seja a mais plantada e consumida ela vem ganhando mercado graças as receitas gourmet que incluem essa hortaliça (SILVA; BITTENCOURT-OLIVEIRA, 2011). As rúculas são facilmente cultivadas in vitro pertence à família Brassicaceas, com centro de origem na região do Mediterrâneo e parte ocidental da Ásia, de porte herbáceo é uma planta anual, que necessita de temperaturas amenas para o cultivo. O cultivo da hortaliça pode ser realizado em sistemas de cultivo convencionais, protegidos ou hidroponia, com intensificação no país, do cultivo em sistemas hidropônicos (MEIRELLES; BALDOTTO, 2016). Em termos de nutrição a rúcula apresenta uma carga de nutrientes bastante valiosa para nutrição animal. Possui sabor picante, cor verde escura e é rica em vitaminas A e C, magnésio, cálcio, potássio, enxofre, ferro e fibras. Por essas características é fundamental o desenvolvimento de tecnologias que incrementem sua produtividade e qualidade (PORTO et al., 2013). 1.1 Objetivos O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta de plântulas de orquídeas e rúculas cultivadas in vitro a diferentes concentrações do meio Knudson. 2 METODOLOGIA 2.1 Meio de cultura O meio Knudson foi preparado para 2L utilizando 2g de nitrato de cálcio, 0,5g fosfato monobásico de potássio, 0,5g sulfato de magnésio, 1g sulfato de amônio, 0,05g sulfato ferroso, 0,015g sulfato de manganês, 20g/L sacarose. Dos 2 L preparados, foi separado 1,3 L de concentração original do meio Knudson onde foi adicionado 10,4 g de ágar e o restante 0,7 L utilizado para o meio ½ Knudson completando com mais 0,7 L de água e 11,2 g de ágar, para obtenção de 1,4 L de meio de cultura Knudson com metade da concentração. Assim as soluções foram levadas ao micro-ondas a fim de homogeneizar a solução. Após a mistura ficar pronta frascos de vidro serviram de base para os meios, onde foram adicionado ± 30 mL do meio de cultivo, suficiente para preencher 15 frascos de cada meio, totalizando 30 frascos. Todos os frascos foram vedados com fita, alumínio e sacolas plásticas em seguida levados para autoclave. 2.2 Repicagem de orquídeas Utilizou-se plantas hibridas Sopholaeliocattleya jowel box. Self e Anceps coruela x Schomburgkia splendida, como apresentadas na figura 1. As sementes foram manipuladas em fluxo laminar estéril e materiais devidamente esterilizados. Dentro do fluxo os frascos contendo os meios de cultivo foram abertos cuidadosamente para não permitir a contaminação. Foram aderidas as sementes de orquídeas em 3 frascos com meio Knudson original e 3 frascos de meio Knudson, em seguida os frascos foram fechados devidamente com filme plástico e seguiram para a sala de cultivo. Figura 1. Na primeira imagem está representada Sopholaeliocattleya jowel box. Self e na segunda imagem, Anceps coruela x Schomburgkia splendida, 2.3 Germinação de (rúcula/salsa) Para a germinação das sementes realizou-se o mesmo procedimento de esterilização dos materiais e do fluxo laminar como realizado na repicagem das orquídeas. Na limpeza das sementes foram necessários 10 mL de hipoclorito de sódio em 90 ml de água e um frasco autoclavado. As sementes ficaram por 5 minutos nessa solução e depois a solução foi retirada lavando as sementes com água autoclavada. Após a lavagem devida das sementes, foram recolhidas 2 e inoculadas no meio de cultivo e levadas para sala de cultivo. 2.4 Análise dos dados Na coleta de dados as plantas foram retiradas do meio de cultura, mergulhadas em hipoclorito 10% e lavadas em água corrente para retirar todo o resíduo de hipoclorito. Os dados analisados para as orquídeas foram: número de folhas, número de brotos, número de raízes, comprimento da parte aérea, comprimento da raiz mais longa, peso fresco. Para as rúculas foram analisadas apenas duas características, o tamanho da raiz e o comprimento da parte área. 3 RESULTADOS 3.1 Orquídeas 11 12 13 14 15 Knudson 1/2 Knudson 1- Nº DE FOLHAS 0 0,05 0,1 0,15 0,2 Knudson 1/2 Knudson 2- Nº DE BROTOS 0 0,05 0,1 0,15 0,2 Knudson 1/2 Knudson 3- Nº DE BROTOS 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9 2 Knudson 1/2 Knudson 4- Nº RAIZES 3.2 Rúcula 0 1 2 3 4 Knudson 1/2 Knudson 5- COMP. PARTE AEREA 0 0,5 1 1,5 2 Knudson 1/2 Knudson 6- RAIZ 0 0,1 0,2 Knudson 1/2 Knudson 7- PESO FRESCO 0 1 2 3 Knudson 1/2 Knudson 8- CALOS 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Knudson 1/2 Knudson Raiz Parte Aerea 9- RÚCULA TABELA 1. Orquídeas DESVIO PADRAO TIPO DE MEIO Nº DE FOLHAS NºDE BROTOSD Nº DE RAIZ PARTE AEREA RAIZ PESO FRESCO CALOS KNUDSON 8,2 0,5 1,0 0,7 0,7 0,1 0 ½ KNUDSON 5,9 0,5 1,3 1,2 0,8 0,05 0 TABELA 2. Rúcula DESVIO PADRAO TIPO DO MEIO RAIZ PARTE AEREA KNUDSON 1,7 1,0 ½ KNUDSON 0,7 0,7 4 DISCUSSÃO 4.1 Orquídeas O meio Knudson é um dos principais meios de cultivo utilizados nas práticas in vitro, especialmente no cultivo de orquídeas. Baseado na adaptação que a maioria das plantas possuem com relação ao meio Knudson, foram testados duas concentrações do meio, para avaliar o desenvolvimento das plantas. As analises foram separadas por grupos e os resultados apresentados em forma de gráficos e tabelas. De acordo com a análise de variância, pode-se observar interação significativa para número de raízes, número de brotos, comprimento radicular e biomassa fresca radicular dos híbridos de orquídea. Analisando os gráficos 1, 2, 3, 5, 7, 8 notou-se que o meio Knudson original se sobressaiu em relação ao ½ Knudson. Quando o meio Knudson original é comparado com outros meios de cultura, como no trabalho descrito por Rodrigues et al. (2012), que comparou o meio Knudson C com o meio MN em cultivo in vitro de orquídeas hibridas. Nesse trabalho o autor relata que o meio Knudson estimulou a formação da parte aérea, e não estimulou formação das raízes, e em outros quesitos se igualou com o outro meio de cultura utilizado. Em outros trabalhos foi possível comprovar a mesma informação, como no trabalho apresentado por Silva et al. (2009), onde constatou que para altura das plântulas apenas as concentrações do meio Knudson promoveram efeito significativo, enquanto que em relação ao número de raízes, apenas o uso de diferentes concentrações de vitaminas do meio MS apresentou efeito significativo. Enquanto, no presente estudo o meio Knudson original se sobressaiu em quase todos os parâmetros exceto no número e tamanho das raízes como apresentados nos gráficos 4 e 6, onde o ½ Knudson foi mais eficiente. Se levado em consideração os estudos realizados por outros autores como Felix et al. (2013), é possível notar que o meio ½ Knudson favorece a formação das raízes das orquídea s. Num substrato com deficiência de nutrientes, aumentar o comprimento das raízes é uma maneira da plântula buscar os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento mesmo que isto implique em gasto de reservas. Pode-se inferir desta forma, que as vitaminas, aminoácidos e sacarose do meio por estarem reduzidas, influenciaram positivamente o enraizamento in vitro (SILVA; VILLA; PASCAL, 2009). Ainda que o ½ Knudson favorece a formação das raízes, o meio que mais favoreceu a planta como um todo foi o meio original, por dispor de maiores quantidades de nutrientes e sais no meio. Para melhorar o desenvolvimento radicular da planta e possível suprir o meio com hormônios especiais para esse segmento. Sendo essa falha suprida o meio original se torna ideal para culturas in vitro. Nas imagens apresentado abaixo e possível visualizar a diferença entre as plântulas de cada meio. Figura 2. Plantas do meio Knudson original Figura 3. Planta do ½ Knudson 4.2 Rúculas No caso das sementes de rúculas, as duas concentrações de meio de cultura também foram analisado. Nesse caso foram usados 2 sementes em cada frasco, no final deveríamos ter as medidas de 12 plantas, mas um meio de cultivo contaminou perdendo as 2 sementes de um frasco como e possível ver na figura 4. Esse fato pode ter ocorrido devido a erros de manipulação inadequada, transferindo microrganismos para dentro do frasco. A contaminação possui características de fungo, embora não foi analisado para saber o tipo de microrganismo. Todas as medidas de descontaminação foram tomadas eliminando então a amostra de forma correta. E as estatísticas não foram afetadas por falta dessa amostra. Figura 4. Frasco contaminado possivelmente com fungo filamentoso As análises foram realizadas e estão apresentadas no gráfico 9 e tabela 2. Foram comparado dois parâmetros, parte área e raiz, a partir desses resultados foi possível verificar o melhor desenvolvimento da planta no meio original Knudson para parte aérea como visto no caso das orquídeas, enquanto para as raízes o ½ Knudson manteve o melhor enraizamento. As rúculas não são plantas muito exigentes como e no caso das orquídeas, que necessitam de uma grande variedade de nutrientes. Por isso, as concentrações contidas no meio original foram ideias para o desenvolvimento das plantas. Embora o ½ Knudson não teve os piores resultados de crescimento. As condições externas como temperatura e luz não podem ser esquecidas pois também são fatores essenciais para o crescimento do vegetal. 5 CONCLUSÃO Após analise cautelosa de todos os dados, é possível concluir que o aumento no número de folhas, brotos, calos, parte aérea são influenciados pela concentração total do meio Knudson original. Enquanto a metade da concentração original do meio influência o desenvolvimento da parte radicular da planta. REFERENCIAS TERMIGNONI, Regina Ramos; PORTO, Maria Luiza; MORAIS, Marcelo Gravina de. Cultura de tecidos vegetais. Porto Alegre: Ufgrs, 2005. 182 p. ANDRADE, Solange Rocha Monteiro de. Principios da cultura de tecidos vegetais. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2002. 16 p. MEIRELLES, Ana Flavia Mairinck; BALDOTTO, Marihus Altoé. PRODUTIVIDADE DE HORTALIÇAS (ALFACE, BRÓCOLIS E RÚCULA) EM RESPOSTA AO TRATAMENTO COM ÁCIDOS HÚMICOS E BACTÉRIAS PROMOTORAS DE CRESCIMENTO EM UNIDADES DE AGRICULTURA FAMILIAR. 2016. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 2016. SILVA, Ítalo Macedo; BITTENCOURT-OLIVEIRA, Maria do Carmo. EFEITOS ALELOPÁTICOS DE MICROCISTINAS EM RÚCULA (Eruca sativa Mill.). 2011. 67 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2011. SILVA, Enoque Fernandes da; PASQUAL, Moacir. Multiplicação e crescimento in vitro de orquídea Brassiocattleya Pastoral x Laeliocatteya. 2003. 73 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Agronomia, Universidade Federal de Lavas, Minas Gerais, 2003. FRÁGUAS, Chrystiane Borges; PEREIRA, Alba Regina; RODRIGUES, Vantuil Antônio. PROPAGAÇÃO IN VITRO DE ESPÉCIES ORNAMENTAIS. 2014. 20 f. TCC (Graduação) - Curso de Agronomia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. PORTO, Rebeca de Andrade et al. Potassium fertilization in rocket plants: production and efficiency in water use. Agroambiente, Boa Vista, v. 7, n. 1, p.28-35, jan. 2013. RODRIGUES, Donizetti Tomaz et al. Concentrações e composições químicas do meio nutritivo para o cultivo in vitro de orquídea. Revista Ceres, [s.l.], v. 59, n. 1, p.1-8, fev. 2012. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s0034-737x2012000100001. FELIX, Lucas Macedo; BARBANTE, Gilberto. Efeito de giberelina, oxido nítrico e etileno no estiolamento de Dendrobium. 2013. 54 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Biologia, Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. SILVA, Enoque Fernandes da; VILLA, Fabíola; PASCAL, Moacir. MEIO DE CULTURA KNUDSON MODIFICADO UTILIZADO NO CULTIVO IN VITRO DE UM HÍBRIDO DE ORQUÍDEA: CULTURE MEDIUM KNUDSON MODIFIED UTILIZED IN VITRO CULTIVATION OF ORCHID’S HYBRID. Scientia Agraria, Curitiba, v. 10, n. 4, p.267-274, ago. 2009.
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