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AULAS DE DIREITO AGRÁRIO

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2ª prova: 17 de junho 
3ª prova: 24 de junho 
Exame: 1º de julho 
 
 
SEGUNDA PROVA 
Os contratos agrários podem ser divididos em contratos nominados (típicos) ou contratos 
inominados (atípicos). São típicos ou nominados os contratos que englobam o contrato de 
arrendamento e parceria. Enquanto que são atípicos ou inominados os contratos de comodato, 
empreitada, entre outros. 
CONTRATOS AGRÁRIOS TÍPICOS OU NOMINADOS - arrendamento e parceria 
Antes do Estatuto da Terra – lei 4504/64, os contratos eram regulados pelo CC/1916, após o ET, os 
contratos agrários (arrendamento e parceria), regulamentados pelo dec. 59566/66: Art. 1º O 
arrendamento e a parceria são contratos agrários que a lei reconhece, para o fim de posse ou uso 
temporário da terra, entre o proprietário, quem detenha a posse ou tenha a livre administração de um 
imóvel rural, e aquele que nela exerça qualquer atividade agrícola, pecuária, agro-industrial, 
extrativa ou mista (art. 92 da Lei nº 4.504 de 30 de novembro de 1964 - Estatuto da Terra - e art. 13 
da Lei nº 4.947 de 6 de abril de 1966). 
- ARRENDAMENTO RURAL – art. 3º do dec. 59566/66: é o contrato pelo qual uma pessoa se 
obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte ou partes 
do mesmo, incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de nele ser 
exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa ou mista, mediante, 
certa retribuição ou aluguel , observados os limites percentuais da Lei. § 1º Subarrendamento é o 
contrato pelo qual o Arrendatário transfere a outrem, no todo ou em parte, os direitos e obrigações 
do seu contrato de arrendamento. Deve haver consentimento, de modo expresso do arrendador. E 
inclui os mesmos direitos e obrigações do primitivo contrato de arrendamento. § 2º Chama-se 
Arrendador o que cede o imóvel rural ou o aluga; e Arrendatário a pessoa ou conjunto familiar, 
representado pelo seu chefe que o recebe ou toma por aluguel. § 3º O Arrendatário outorgante de 
subarrendamento será, para todos os efeitos, classificado como arrendador. 
- PARCERIA RURAL OU AGRÍCOLA – art. 4º do dec. 59566/66 c/c lei 11443/07 modificando 
com a realidade: Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, 
por tempo determinado ou não, o uso especifico de imóvel rural, de parte ou partes do mesmo, 
incluindo, ou não, benfeitorias, outros bens e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida 
atividade de exploração agrícola, pecuária, agro-industrial, extrativa vegetal ou mista; e ou lhe 
entrega animais para cria, recria, invernagem, engorda ou extração de matérias primas de origem 
animal, mediante partilha de riscos do caso fortuito e da força maior do empreendimento rural, e 
dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites 
percentuais da lei. DEVE-SE TER CUIDADO COM A FALSA PARCERIA, pois pode mascarar 
uma relação de trabalho. 
 
PRICÍPIOS DO DIREITO DOS CONTRATOS AGRÍCOLAS 
o Princípio da Autonomia da vontade – limitada por normas de ordem pública – função social da 
propriedade. NORMAS IMPERATIVAS. Observar os recursos naturais, meio ambiente, relações 
de trabalho. 
o Princípio da Supremacia da ordem pública – predomínio do coletivo, limita a autonomia, dando 
preferência ao interesse público. 
o Princípio do consensualismo – acordo de vontades. 
o Princípio da relatividade dos contratos – o contrato gera efeito/obrigação entre as partes 
contratantes, mas não pode prejudicar terceiros (função social da propriedade). 
o Princípio da obrigatoriedade dos contratos – pacta sunt servanda, por conta da segurança 
jurídica e da imutabilidade do contrato. 
o Princípio da revisão ou onerosidade excessiva – gera locupletamento indevido a uma das partes. 
Art. 478, 479 e 480 CC/02. 
o Princípio da boa-fé – art. 422 CC/02. 
o Princípio da função social da propriedade – art. 421 CC/02. 
o Princípio da proteção de quem trabalha a terra. 
o Princípio da conservação dos recursos naturais. 
o Princípio da proteção do meio ambiente. 
 
Modos de provas - laudos agronômicos, fotografias. 
FORMA 
Quanto à forma, os contratos agrários podem ser ajustados por prazo certo ou determinado e 
com prazo indeterminado, podendo ainda, ter forma escrita ou não, ou ser meramente verbais, em 
face de sua informalidade. Art. 107 CC, art. 92 do Estatuto da Terra. Pode ser verbal ou escrita, art. 
13 do dec. 59566/66 e art. 11, 12 e 14, constam requisitos obrigatórios que devem estar presentes 
em todos os contratos agrícolas, sendo que nos verbais presume-se como ajustadas, devido ao 
desconhecimento da lei pelas partes. 
CLÁUSULAS OBRIGATÓRIAS 
Art. 11. Os contratos de arrendamento e de parceria poderão ser escritos ou verbais. Nos contratos 
verbais presume-se como ajustadas as cláusulas obrigatórias estabelecidas no art. 13 deste 
Regulamento. 
 § 1º O arrendador ou o parceiro-outorgante deverá encontrar-se na posse do imóvel rural e dos 
bens, a qualquer título que lhes dê o direito de exploração e de destinação aos fins contratuais. 
 § 2º Cada parte contratante poderá exigir da outra a celebração do ajuste por escrito, correndo as 
despesas pelo modo que convencionarem. 
 Art 12. Os contratos escritos deverão conter as seguintes indicações: 
 I - Lugar e data da assinatura do contrato; 
 II - Nome completo e endereço dos contratantes; 
 III - Características do arrendador ou do parceiro-outorgante (espécie, capital registrado e data da 
constituição, se pessoa jurídica, e, tipo e número de registro do documento de identidade, 
nacionalidade e estado civil, se pessoa física e sua qualidade (proprietário, usufrutuário, usuário ou 
possuidor); 
IV - característica do arrendatário ou do parceiro-outorgado (pessoa física ou conjunto família); 
V - objeto do contrato (arrendamento ou parceria), tipo de atividade de exploração e destinação do 
imóvel ou dos bens; 
 VI - Identificação do imóvel e número do seu registro no Cadastro de imóveis rurais do IBRA 
(constante do Recibo de Entrega da Declaração, do Certificado de Cadastro e do Recibo do Imposto 
Territorial Rural). 
 VII - Descrição da gleba (localização no imóvel, limites e confrontações e área em hectares e 
fração), enumeração das benfeitorias (inclusive edificações e instalações), dos equipamentos 
especiais, dos veículos, máquinas, implementos e animais de trabalho e, ainda, dos demais bens e 
ou facilidades com que concorre o arrendador ou o parceiro-outorgante; 
 VIII - Prazo de duração, preço do arrendamento ou condições de partilha dos frutos, produtos ou 
lucros havidos, com expressa menção dos modos, formas e épocas desse pagamento ou partilha; 
 IX - Cláusulas obrigatórias com as condições enumeradas no art. 13 do presente Regulamento, nos 
arts. 93 a 96 do Estatuto da Terra e no art. 13 da Lei 4.947-66; 
 X - foro do contrato; 
 XI - assinatura dos contratantes ou de pessoa a seu rogo e de 4 (quatro) testemunhas idôneas, se 
analfabetos ou não poderem assinar. 
 Parágrafo único. As partes poderão ajustar outras estipulações que julguem convenientes aos seus 
interesses, desde que não infrinjam o Estatuto da Terra, a Lei nº 4.947-66 e o presente 
Regulamento. 
Art. 13: Nos contratos agrários, qualquer que seja a sua forma, contarão obrigatoriamente, cláusulas 
que assegurem a conservação dos recursos naturais e a proteção social e econômica dos 
arrendatários e dos parceiros-outorgados a saber (Art. 13, incisos III e V da Lei nº 4.947/66); 
 I - Proibição de renúncia dos direitos ou vantagens estabelecidas em Leis ou Regulamentos, por 
parte dos arredentários e parceiros-outorgados (art.13, inciso IV da Lei número4.947-66); 
 II - Observância das seguintes normas, visando a conservação dos recursos naturais: 
a) prazos mínimos, na forma da alínea " b ", do inciso XI, do art. 95 e da alínea " b ", do inciso V, 
do art. 96 do Estatuto da Terra: 
- de 3 (três), anos nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de exploração de lavoura 
temporária e ou de pecuária de pequeno e médio porte; ou em todos os casos de parceria; 
 - de 5 (cinco), anos nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de exploração de lavoura 
permanente e ou de pecuária de grande porte para cria, recria, engorda ou extração de matérias 
primas de origem animal; 
 - de 7 (sete), anos nos casos em que ocorra atividade de exploração florestal; 
 b) observância, quando couberem, das normas estabelecidas pela Lei número 4.771, de 15 de 
setembro de 1965, Código Florestal, e de seu Regulamento constante do Decreto 58.016 de 18 de 
março de 1966; 
 c) observância de práticas agrícolas admitidas para os vários tipos de exportação intensiva e 
extensiva para as diversas zonas típicas do país, fixados nos Decretos número 55.891, de 31 de 
março de 1965 e 56.792 de 26 de agosto de 1965. 
 III - Fixação, em quantia certa, do preço do arrendamento, a ser pago em dinheiro ou no seu 
equivalente em frutos ou produtos, na forma do art. 95, inciso XII, do Estatuto da Terra e do art. 17 
deste Regulamento, e das condições de partilha dos frutos, produtos ou lucros havidos na parceria, 
conforme preceitua o art.96 do Estatuto da Terra e o art. 39 deste Regulamento. 
IV - Bases para as renovações convencionadas seguido o disposto no artigo 95, incisos IV e V do 
Estatuto da Terra e art. 22 deste Regulamento. 
 V - Causas de extinção e rescisão, de acordo com o determinado nos artigos 26 a 34 deste 
Regulamento; 
 VI - Direito e formas de indenização quanto às benfeitorias realizadas, ajustadas no contrato de 
arrendamento; e, direitos e obrigações quanto às benfeitorias realizadas, com consentimento do 
parceiro-outorgante, e quanto aos danos substanciais causados pelo parceiro-outorgado por práticas 
predatórias na área de exploração ou nas benfeitorias, instalações e equipamentos especiais, 
veículos, máquinas, implementos ou ferramentas a ele cedidos (art. 95, inciso XI, letra "c " e art.96, 
inciso V, letra " e " do Estatuto da Terra); 
 VII - observância das seguintes normas, visando à proteção social e econômica dos arrendatários e 
parceiros-outorgados (art.13, inciso V, da Lei nº 4.974-66): 
 a) concordância do arrendador ou do parceiro-outorgante, à solicitação de crédito rural feita pelos 
arrendatários ou parceiros-outorgados (artigo 13, inciso V da Lei nº 4.947-66); 
 b) cumprimento das proibições fixadas no art. 93 do Estatuto da Terra, a saber: 
 - prestação do serviço gratuito pelo arrendatário ou parceiro-outorgado; 
 - exclusividade da venda dos frutos ou produtos ao arrendador ou ao parceiro-outorgante; 
 - obrigatoriedade do beneficiamento da produção em estabelecimento determinado pelo arrendador 
ou pelo parceiro-outorgante: 
 - obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em armazéns ou barracões determinados pelo 
arrendador ou pelo parceiro-outorgante; 
 - aceitação pelo parceiro-outorgado, do pagamento de sua parte em ordens, vales, borós, ou 
qualquer outra forma regional substitutiva da moeda; 
 c) direito e oportunidade de dispor dos frutos ou produtos repartidos da seguinte forma 
(art.96,inciso V, letra " f " do Estatuto da Terra): 
 - nenhuma das partes poderá dispor dos frutos ou dos frutos ou produtos havidos antes de efetuada 
a partilha, devendo o parceiro-outorgado avisar o parceiro-outorgante, com a necessária 
antecedência, da data em que iniciará a colheita ou repartição dos produtos pecuários; 
 - ao parceiro-outorgado será garantido o direito de dispor livremente dos frutos e produtos que lhe 
cabem por força do contrato; 
 - em nenhum caso será dado em pagamento ao credor do cedente ou do parceiro-outorgado, o 
produto da parceria, antes de efetuada a partilha. 
 
Direito de preferência para a aquisição do imóvel: art. 47 do dec. 59566/66, cria um direito real 
de aquisição do bem para o arrendatário e o parceiro, que podem haver para si o imóvel, mediante 
depósito do valor, em 30dias. 
Nas relações contratuais que versam sobre a posse e o uso de imóveis rurais, destinadas a 
implantação de atividades rurícolas (agrícolas, pecuária, agroindustrial, extrativista e mista), não é 
incomum a formatação de negócios confusos, obscuros e até mesmo equivocados, por absoluto 
desconhecimento, desrespeito ou má interpretação da legislação agrária. No âmbito rural, muito se 
fala de contrato de arrendamento ou parceria, mas nem sempre a nomenclatura atribuída pelas 
partes a esses contratos, se coaduna com a efetiva vontade dos contratantes e os limites fixados pela 
legislação específica. 
O que define a natureza jurídica do contrato não é o “nomen juris” (nome do contrato) 
atribuído pelas partes, tampouco os termos eventualmente utilizados na redação do instrumento, 
mas sim a sua configuração real que ressalta não só da vontade das partes, como também a forma 
que se dá sua execução. 
No arrendamento rural, a terra é cedida a terceiro, mediante remuneração certa em dinheiro 
ou o equivalente em produtos, sendo a contraprestação invariável, suportando o arrendatário, 
exclusivamente, os riscos do empreendimento e amealhado com exclusividade os frutos. Já na 
parceria rural, em qualquer de suas modalidades, ao contrário, a renda pelo uso do imóvel é 
variável, suportando ambos os contratantes os riscos do empreendimento e dividindo entre si os 
frutos e lucros, conforme tiverem estipulado em contrato, devendo obedecer, em qualquer caso, os 
percentuais previstos em lei. 
A caracterização da natureza do contrato é de extrema importância, em razão das 
consequências diversas que emanam de sua identificação para os contratantes, diante da diversidade 
normativa de sua regência. Afinal, se porventura um contrato for denominado de parceria, mas na 
sua essência for caracterizado como arrendamento, em função de suas cláusulas e em atenção aos 
termos do Estatuto da Terra, como tal será apreciado e cumprido, para todos os efeitos legais. 
Da mesma forma, por exemplo, se um contrato for denominado de arrendamento ou 
parceria, mas na sua essência for caracterizado como contrato de trabalho, independente da sua 
denominação, será tratado pela legislação trabalhista, inclusive quanto ao privilégio de foro. 
Outra peculiaridade destes contratos é quanto fixação da remuneração, que na prática, 
também é pouco observada pelos envolvidos nessa relação contratual. A legislação agrária limita a 
vontade dos contratantes, quanto ao preço do arrendamento e a forma de pagamento, fixando 
condições que devem constar obrigatoriamente nos respectivos contratos, conforme tratado nos 
incisos XI, alínea a, e XII do artigo 95 do Estatuto da Terra e regulamentada pelos artigos 13, inciso 
III e 16, caput, a 19 do Decreto nº. 59.566/66. 
(Estatuto da Terra) - Art. 95. Quanto ao arrendamento rural, observar-se-ão os seguintes 
princípios: XI - na regulamentação desta Lei, serão complementadas as seguintes condições que, 
obrigatoriamente, constarão dos contratos de arrendamento: a) limites da remuneração e formas de 
pagamento em dinheiro ou no seu equivalente em produtos; XII - a remuneração do arrendamento, 
sob qualquer forma de pagamento, não poderá ser superior a 15% (quinze por cento) do valor 
cadastral do imóvel, incluídas as benfeitorias que entrarem na composição do contrato, salvo se o 
arrendamento for parcial e recair apenas em glebas selecionadas para fins de exploração intensiva 
de alta rentabilidade, caso em que a remuneraçãopoderá ir até o limite de 30% (trinta por cento). 
(Decreto nº. 59.566/66) – Art. 16. A renda anual dos contratos de arrendamento será 
ajustada pelas partes contratantes, tendo como limite o estabelecido no art. 95, inciso XII, do 
Estatuto da Terra. Art. 19. Nos contratos em que o pagamento do preço do arrendamento deva ser 
realizado em frutos ou produtos agrícolas, fica assegurado ao arrendatário o direito de pagar em 
moeda corrente, caso o arrendador exija que a equivalência seja calculada com base em preços 
inferiores aos vigentes na região, à época desse pagamento, ou fique comprovada qualquer outra 
modalidade de simulação ou fraude por parte do arrendador (art. 92, § 7º do Estatuto da Terra). 
 De acordo com o Estatuto da Terra, a remuneração do arrendamento, sob qualquer forma de 
pagamento, não poderá ser superior a 15% (quinze por cento) do valor cadastral do imóvel, incluído 
as benfeitorias que entrarem na composição do contrato, salvo se o arrendamento for parcial e recair 
apenas em glebas selecionadas para fins de exploração intensiva de alta rentabilidade, caso em que 
a remuneração poderá ir até o limite de 30% (trinta por cento). 
No que se refere ao valor cadastral do imóvel, vale destacar que a jurisprudência tem 
admitido que os percentuais limitativos do preço do arrendamento incidam sobre o valor real do 
imóvel e das benfeitorias e não sobre o mero valor cadastral, que geralmente está desatualizado. 
 De outro lado, com relação aos contratos de parceria rural, o Estatuto da Terra, em seu artigo 
96 inciso V, também remete à sua regulamentação o estabelecimento de normas complementares 
que devem ser incluídas no contrato, fixando a quota-limite de participação do proprietário nos 
frutos obtidos. 
 Segundo o inciso IV do citado artigo, os percentuais das quotas-limites de repartição dos 
frutos na parceria, variam entre 20% a 75%, conforme seu concurso na parceria, ou seja, na hipótese 
de nela ingressar apenas com a terra nua ou com esta e benfeitorias, determinando o menor ou 
maior percentual de participação, conforme suas quantidades e segundo suas utilidades e melhor 
aproveitamento na atividade. 
(Estatuto da Terra) - Art. 96. Na parceria agrícola, pecuária, agro-industrial e extrativa, observar-se-
ão os seguintes princípios: V - no Regulamento desta Lei, serão complementadas, conforme o caso, 
as seguintes condições, que constarão, obrigatoriamente, dos contratos de parceria agrícola, 
pecuária, agro-industrial ou extrativa: 
a) quota-limite do proprietário na participação dos frutos, segundo a natureza de atividade 
agropecuária e facilidades oferecidas ao parceiro; 
b) prazos mínimos de duração e os limites de vigência segundo os vários tipos de atividade agrícola; 
c) bases para as renovações convencionadas; 
d) formas de extinção ou rescisão; 
e) direitos e obrigações quanto às indenizações por benfeitorias levantadas com consentimento do 
proprietário e aos danos substanciais causados pelo parceiro, por práticas predatórias na área de 
exploração ou nas benfeitorias, nos equipamentos, ferramentas e implementos agrícolas a ele 
cedidos; 
f) direito e oportunidade de dispor sobre os frutos repartidos; 
VI - na participação dos frutos da parceria, a quota do proprietário não poderá ser superior a: 
a) 20% (vinte por cento), quando concorrer apenas com a terra nua; 
b) 25% (vinte e cinco por cento), quando concorrer com a terra preparada; 
c) 30% (trinta por cento), quando concorrer com a terra preparada e moradia; 
d) 40% (quarenta por cento), caso concorra com o conjunto básico de benfeitorias, constituído 
especialmente de casa de moradia, galpões, banheiro para gado, cercas, valas ou currais, conforme o 
caso; 
e) 50% (cinquenta por cento), caso concorra com a terra preparada e o conjunto básico de 
benfeitorias enumeradas na alínea d deste inciso e mais o fornecimento de máquinas e implementos 
agrícolas, para atender aos tratos culturais, bem como as sementes e animais de tração, e, no caso de 
parceria pecuária, com animais de cria em proporção superior a 50% (cinquenta por cento) do 
número total de cabeças objeto de parceria; 
f) 75% (setenta e cinco por cento), nas zonas de pecuária ultra-extensiva em que forem os animais 
de cria em proporção superior a 25% (vinte e cinco por cento) do rebanho e onde se adotarem a 
meação do leite e a comissão mínima de 5% (cinco por cento) por animal vendido; 
Agora em relação ao prazo desses contratos, convém destacar que o Estatuto da Terra 
também impõe limites temporais. De um lado, dispõe ser presumido o prazo mínimo de três anos 
para os contratos de arrendamento, quando celebrados por tempo indeterminado, estatuindo ainda 
que, em sua regulamentação, seriam complementadas as condições, a contarem obrigatoriamente 
dos contratos, sobre prazos mínimos de duração segundo os vários tipos de atividades agrícolas. E 
de outro, quando trata dos contratos de parceria, fixa o prazo mínimo de três anos, desde que não 
convencionadas pelas partes, segundo a dicção legal. 
Como se vê, ainda que esses contratos sejam utilizados de forma equivocada e ou dissociada 
da sua natureza jurídica pelos próprios contratantes, o arrendamento e a parceria são contratos 
distintos e essencialmente reconhecidos e delimitados pela legislação agrária, que deve ser sempre 
observada como fonte norteadora das relações contratuais que versam sobre as atividades rurícolas. 
 
CONTRATOS AGRÍCOLAS ATÍPICOS OU INOMINADOS 
Ex. compra e venda de folhas de fumo, comodato, empreitada. 
Devem ter: PARTES CAPAZES, OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU 
DETERMINÁVEL, VALORAÇÃO ECONÔMICA. 
Exige minuciosa especificação dos direitos e especificação das partes, por não possuírem uma 
disciplina legal. Art. 39 do dec. 59566/66, devem observar as mesmas regras dos contratos de 
arrendamento e parceria: Quando o uso ou posse temporária da terra for exercido por qualquer outra 
modalidade contratual, diversa dos contratos de Arrendamento e Parceria, serão observadas pelo 
proprietário do imóvel as mesmas regras aplicáveis à arrendatários e parceiros, e, em especial a 
condição estabelecida no art. 38 supra. 
 
NATUREZA JURÍDICA DOS CONTRATOS AGRÁRIO – art. 11 do dec. 59566/66 
Bilateral ou sinalagmático. Onerosos. Consensuais. Não solenes. Contrato principal. De trato 
sucessivo (perdura no tempo). Definitivos. Impessoais (não se trata de contrato personalíssimo, 
podendo ser cumprido por terceiros). 
 
BENFEITORIAS – art. 24 do dec. 59566/66. 
Se necessárias ou úteis, caberá o ressarcimento para o arrendatário e o parceiro no final do contrato. 
Se voluptuárias, elas são indenizadas se foram construídas com anuência do dono da propriedade, 
cabendo direito de retenção até o ressarcimento das benfeitorias. 
Art. 24. As benfeitorias que forem realizadas no imóvel rural objeto de arrendamento, podem ser 
voluptuárias úteis e necessárias, assim conceituadas: 
 I - voluptuárias, as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do imóvel rural, 
ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor; 
 II - úteis, as que aumentam ou facilitam o uso do imóvel rural; e 
 III - necessárias, as que tem por fim conservar o imóvel rural ou evitar que se deteriore e as que 
decorram do cumprimento das normas estabelecidas neste Regulamento para a conservação de 
recursos naturais. 
 Parágrafo único. Havendo dúvida sobre a finalidade da benfeitoria, e quanto à sua classificação 
prevalecerá o que for ajustado pelos contratantes. 
 Art. 25. O arrendatário, no término do contrato, terá direito á indenização das benfeitorias 
necessárias e úteis. Quanto às voluptuárias, somente será indenizado se sua construção for 
expressamente autorizada pelo arrendador(art. 95, VIII, do Estatuto da Terra e 516 do Cód. Civil). 
 § 1º Enquanto o arrendatário não for indenizado das benfeitorias necessárias e úteis, poderá reter o 
imóvel em seu poder, no uso e gozo das vantagens por ele oferecidas, nos termos do contrato de 
arrendamento (arts. 95, VIII do Estatuto da Terra e 516 do Código Civil). 
 § 2º Quando as benfeitorias necessárias ou úteis forem feitas às expensas do arrendador dando 
lugar a aumento nos rendimentos da gleba, terá ele direito a uma elevação proporcional da renda, e 
não serão indenizáveis ao fim do contrato, salvo estipulação em contrário. 
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,contratos-agrarios-arrendamento-e-parceria,36534.html 
 
RENOVAÇÃO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS 
Deve ocorrer a notificação seis meses antes do vencimento do contrato. E se outra pessoa quiser, a 
preferência é do arrendatário ou parceiro, e a retomada dá-se em seis meses, art. 95 e 96 do Estatuto 
da Terra. 
 
CONTEÚDO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS 
Lugar e data da assinatura do contrato; nome e endereço dos contratantes; objeto do contrato (pode 
haver arrendamento e parceria com a mesma pessoa, mas, deverão ser feitos dois contratos distintos 
– art. 6º do dec. 59566/66); descrição da gleba das terras, prazo de duração, preço; cláusulas 
obrigatórias do art. 12 e 13 do dec. 59566/66; foro do contrato; assinatura das partes e testemunhas; 
além de outras cláusulas pactuadas entre as partes, desde que não se contraponha ao Estatuto da 
Terra. 
 
PRAZOS DOS CONTRATOS AGRÁRIOS – art. 13 do dec. 59566/66 
Prazo mínimo de três anos, para proteção do agricultor, do solo e potencial produtivo e evitar o mau 
uso da terra. No arrendamento é para lavoura temporária e pecuária de pequena e médio porte. De 
cinco anos, no arrendamento de lavoura de grande porte e sete anos de arrendamento de exploração 
florestal. Devendo encerrar/extinguir: apesar de ter um prazo, deve-se respeitar a última ação do 
objeto, ou seja, a safra ou colheita. 
- de 3 (três), anos nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de exploração de lavoura 
temporária e ou de pecuária de pequeno e médio porte; ou em todos os casos de parceria; 
 - de 5 (cinco), anos nos casos de arrendamento em que ocorra atividade de exploração de lavoura 
permanente e ou de pecuária de grande porte para cria, recria, engorda ou extração de matérias 
primas de origem animal; 
 - de 7 (sete), anos nos casos em que ocorra atividade de exploração florestal. 
 
VEDAÇÕES NOS CONTRATOS DE ARRENDAMENTO E PARCERIA – art. 93 do Estatuto 
da Terra 
Art. 93. Ao proprietário é vedado exigir do arrendatário ou do parceiro: 
I - prestação de serviço gratuito; 
II - exclusividade da venda da colheita; 
III - obrigatoriedade do beneficiamento da produção em seu estabelecimento; 
IV - obrigatoriedade da aquisição de gêneros e utilidades em seus armazéns ou barracões; 
V - aceitação de pagamento em "ordens", "vales", "borós" ou outras formas regionais substitutivas 
da moeda. 
Parágrafo único. Ao proprietário que houver financiado o arrendatário ou parceiro, por inexistência 
de financiamento direto, será facultado exigir a venda da colheita até o limite do financiamento 
concedido, observados os níveis de preços do mercado local. 
 
CASOS DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS AGRÁRIOS – art. 26 do dec. 59566/66 
I - Pelo término do prazo do contrato e do de sua renovação; 
II - Pela retomada; 
III - Pela aquisição da gleba arrendada, pelo arrendatário; 
IV - Pelo distrato ou rescisão do contrato; 
V - Pela resolução ou extinção do direito do arrendador; 
VI - Por motivo de for maior, que impossibilite a execução do contrato; 
VII - Por sentença judicial irrecorrível; 
VIII - Pela perda do imóvel rural; 
IX - Pela desapropriação, parcial ou total, do imóvel rural; 
X - por qualquer outra causa prevista em lei. 
 
CASOS DE DESPEJO 
Término do prazo do contrato e pedido de restituição do bem, mas sem sua devolução; 
Imóvel repassado para terceiro sem o consentimento do proprietário; 
Mudança na destinação do imóvel; 
Abandono total ou parcial do cultivo; 
Inobservância das cláusulas obrigatórias do art. 11, 12 e 13 do dec. 59566/66; 
Não preservação dos recursos naturais e proteção social e econômica; 
Práticas agrícolas conservacionistas. 
 
DIREITOS E OBRIGAÇÕES DAS PARTES CONTRATANTES 
Entregar o imóvel em condições de uso; 
Utilizar o imóvel para o que foi contratado; 
Levar ao conhecimento do proprietário atos de turbação e esbulho; 
Realizar benfeitorias úteis e necessárias, salvo convenção entre as partes; 
Devolução do imóvel, tal como o recebeu, salvo deteriorações naturais; 
Indenizar o uso predatório do imóvel. 
 
Diferentes espécies de USUCAPIÃO para imóveis 
 
A usucapião é assunto largamente presente no cotidiano das pessoas por traduzir discussão acerca 
do patrimônio, haja vista aquele instituto ser um dos modos de se adquirir a propriedade. 
Com o advento do Código Civil de 2002, ocorreram algumas mudanças no referido instituto dando 
lugar a novas espécies, inclusive. O mesmo ocorreu em 2011, com a Lei 12.424 de 16 de junho de 
2011, a qual trouxe uma nova usucapião, a familiar, como denominam alguns doutrinadores, v. g., 
Maria Helena Diniz. 
Com o Código Civil aberto, ao ler os artigos 1.238 até 1.244 notamos haver sete tipos de 
usucapião, além de haver mais um no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), totalizando oito 
espécies. Contudo, mesmo havendo notória diversidade de hipóteses de cabimento da respectiva 
ação, infelizmente alguns profissionais, ao ingressarem com a demanda, fazem inserir apenas 
AÇÃO DE USUCAPIÃO. 
Desse modo, sem delimitar, no início ou ao longo da narrativa, qualquer indício da espécie a qual se 
pleiteia, a outra parte, se bem observar que o pedido foi elaborado de maneira genérica, poderá 
pedir a carência da ação, extinção do processo sem julgamento de mérito, e tudo o mais para bem 
contestar uma peça mal elaborada. 
Com o intuito de expor, de maneira didática, as espécies e requisitos, montamos uma abordagem 
diferente para você, leitor, entender melhor o assunto. 
 
USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA 
Art. 1.238, caput, CC. 
Tempo: 15 anos. 
Não é necessário haver boa-fé e nem justo título. Os principais requisitos a se provar é a posse 
mansa, pacífica e ininterrupta pelo lapso temporal referido, qual seja, quinze anos. 
 
USUCAPIÃO EXT. REDUZIDA 
Art. 1.238, § único, CC. 
Tempo: 10 anos. Por ser subespécie da extraordinária, também não há necessidade de haver justo 
título nem boa-fé. Entretanto, para o autor conseguir a redução de cinco anos é necessário que tenha 
feito no imóvel obras ou serviços de caráter produtivo, aumentando a utilidade daquele. 
 
USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL 
OU pró-labore, constitucional. 
Art. 1.239, CC. 
Tempo: 5 anos. Imóvel até 50 hect. O possuidor deve comprovar que fez da propriedade um bem 
produtivo, estabelecendo ali sua morada. O usucapiente[4] não pode ser proprietário ou possuidor 
direto de outro imóvel, seja urbano ou rural. 
 
USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA 
OU pró-misero, pró-moradia, pró-habitatione, habitacional. 
Art. 1.240, CC. 
Tempo: 5 anos. Não é necessário justo título nem boa-fé. O imóvel deve ser de até 250m2. Aqui 
também o possuidor não pode ser proprietário ou possuidor direto de outro imóvel, seja urbano ou 
rural. 
 
USUCAPIÃO FAMILIAR 
OU conjugal 
Art. 1.240-A, CC. 
Tempo: 2 anos, a contar do abandono do imóvel pelo cônjuge. O imóvel o qual pertencia ao casal 
ou de um deles, deve ser de até 250m2. Importante mencionar que o consorte possuidor do imóvel 
não pode, para efeitos dessa usucapião, ser possuidor de outro imóvel, seja na zona urbana ou rural. 
 
USUCAPIÃOORDINÁRIA 
Art. 1.242, caput 
Tempo: 10 anos. Difere da extraordinária reduzida porque, neste caso, o possuidor deve estar de 
boa-fé, ou seja, ignora qualquer obstáculo impeditivo. O possuidor deve ter, ainda, justo título[5] 
 
USUCAPIÃO ORD. REDUZIDA 
Art. 1.242, § único, CC. 
Tempo: 5 anos. Bem adquirido onerosamente e teve registro cancelado, mas havia boa-fé do 
possuidor. Para valer-se dessa espécie, deve comprovar que mantém no imóvel sua morada ou 
realizou investimentos de interesse social ou econômico. 
 
USUCAPIÃO COLETIVA 
Art. 1.228, §4.º, CC e art. 10, Lei 10.257/01, Estatuto da Cidade. 
Tempo: 5 anos. Caberá esta espécie quando se tratar de áreas urbanas com mais de 250m2, 
ocupadas por população de baixa renda, não se sabendo precisar a delimitação de cada um. Referido 
prazo deve ser sem interrupção e nem oposição. Neste caso, é rito é sumário, sendo obrigatória a 
intervenção do MP. 
Dica: as Súmulas 237, 263, 391 e 445 do STF, bem como a 11 do STJ, versam sobre usucapião. 
Conceito: modo de aquisição da propriedade e de outros direitos reais pela posse prolongada da 
coisa com a observância dos requisitos legais. 
Requisitos gerais: a posse ad usucapionem deverá ser exercida, com animus domini, mansa e 
pacificamente, contínua e publicamente, durante o lapso prescricional estabelecido em lei: 
a) animus domini: “intenção de dono” - para usucapir deve-se possuir o bem como se lhe 
pertencesse; 
b) posse mansa e pacífica: exercida sem contestação de quem tenha legítimo interesse 
(proprietário); 
c) posse contínua e duradoura: exercida s em intermitência ou intervalos – se o 
usucapiente vier a perder a posse por qualquer razão não mais será possível seu 
reconhecimento judicial. Perdida a posse, inutiliza-se o tempo anteriormente vencido. 
Observação: é admitida a acessio poss ess ionis, ou seja a união de pos ses com a 
do antecessor, no caso de sucessão, desde que todas sejam contínuas, pacíficas e justas. 
d) posse justa: sem vícios de violência, clandestinidade ou precariedade. 
Observação: é possível o convalescimento da posse, a exceção da adquirida a título precário.

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