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Aula 4- Tratamento Térmico e Termoquímico Prof. Jorge Tadao Matsushima Objetivos: Estudar os diferentes tipos de tratamentos térmicos e termoquímicos para os aços, abordando-se os objetivos, características e aspectos estruturais vantajosos resultantes. Tratamento Térmico Têmpera Consiste no resfriamento rápido do aço de uma temperatura superior à sua temperatura crítica (mais ou menos 50oC acima da linha A1 para os hipereutetóides) em um meio com óleo, água, salmoura ou mesmo ar. Objetivo Obtenção da estrutura martensítica, para o que se deve, portanto, fazer com que a curva de esfriamento passe à esquerda do cotovelo da curva em C, evitando assim a transformação da austenita. 3 4 Têmpera Finalidade da Têmpera ● Aumento do limite de resistência à tração do aço e também da sua dureza. ● Redução da ductibilidade (baixos valores de alongamento e estricção), da tenacidade. ● Apresenta como inconveniente, o aparecimento de apreciáveis tensões internas atenuados ou eliminados por revenimento. Tratamento Térmico Têmpera – Procedimento Definir a velocidade de resfriamento adequada para processo de têmpera, de tal forma que impeça transformações da austenita em temperaturas mais elevadas em qualquer parte da peça que se deseja endurecer. Controlar a dimensão das peças – a temperabilidade depende da seção das peças, uma vez que, pode determinar diferenças de esfriamento entre a superfície e o centro das peças. Controlar da temperatura de aquecimento – qualquer que seja o aço, a temperatura de aquecimento deve ser superior à da linha de transformação A1. Aço hipoeutetóide: elevar a temperatura acima do limite superior da zona crítica – linha A3 para a completa austenitizaçao. Aço hipereutetóide: aquecer acima da linha A1 sem necessidade de se ultrapassar a linha A3 . O aço será constituídos de grãos de austenita e pequenas partículas de carboneto de ferro (Fe3C). 5 Tratamento Térmico Tratamento térmico que normalmente sempre acompanha a têmpera. Objetivo: Aliviar ou remover tensões internas; Corrigir a dureza excessiva e fragilidade do material Aumentar a ductibilidade e resistência ao impacto. 6 ● Obtenção da estrutura martensítica – dureza elevada. Por outro lado, aparecimento de tensões internas podendo ser de natureza estrutural e térmica. Revenimento Tratamento Térmico Têmpera bem sucedida!!!! 7 Capacidade relativa do um aço ser endurecido pelo resfriamento. DUREZA: definida pelo grau de penetração produzido em um ensaio padrão. ● Ensaio de Jominy – uma barra de aço com tamanho padrão 25 mm de diâmetro por 100 mm de comprimento) é levada à temperatura de austenitização e, então, uma extremidade é exposta a um jato de água. Tratamento Térmico Endurecibilidade ou Temperabilidade Aquece-se o aço à temperatura usual de têmpera , 780 ºC em atmosfera neutra para evitar a descarbonetação. Resfria-se em água fria ou solução salina a 10% para a máxima dureza. Agitação intensa é necessária para assegurar o resfriamento rápido, para evitar o aparecimento regiões moles. Com este procedimento a profundidade de endurecimento é de aproximadamente 3 mm. 8 ÁGUA Aço ferramenta temperável em água Tratamento Térmico 9 Pré-aquecimento a 650-700 ºC para equalização de temperatura antes do aquecimento até a temperatura de austenização. Este passo permite manter a estabilidade dimensional. Aquecimento até 800-840 ºC para a têmpera e resfriamento em óleo. Com este procedimento a profundidade de endurecimento é de aproximadamente 3 mm. Revenimento Recomenda-se uma faixa de temperaturas entre 170 e 200 ºC, para adequar a dureza do aço ferramenta. Entre 250 e 300 ºC pode resultar em redução da resistência ao impacto. Aço ferramenta temperável em óleo ÓLEO Tratamento Térmico 10 pré-aquecimento adequado a 780 ºC antes da austenização A têmpera é efetuada pelo resfriamento em convecção natural. Seções maiores devem ser resfriadas com jato de ar para obtenção de durezas maiores. Após o resfriamento até a temperatura de toque manual (50-60 ºC), o revenimento deve ser aplicado. Às vezes o revenimento múltiplo é necessário para que sejam atingidas a transformação completa da austenita e a máxima tenacidade compatível com a dureza. AR Aço ferramenta temperável em ar Tratamento Térmico Austêmpera Consiste de um tratamento isotérmico dos aços e o processo caracteriza-se pela formação de uma microestrutura constituída de bainita. É um processo que evita a formação direta da martensita, eliminando-se os inconvenientes que essa estrutura apresenta quando obtida pela têmpera direta. 11 Tratamento Térmico 12 Tratamento Térmico Austêmpera Operação e transformação (a) aquecimento a uma temperatura dentro da faixa de austenitização. (b) resfriamento em um banho mantido a uma temperatura constante, geralmente entre 260oC e 400oC. (c) permanência no banho a essa temperatura, para se ter isotermicamente, a transformação da austenita em bainita. (d) resfriamento até a temperatura ambiente, em ar tranquilo ou banho de sal. Austêmpera - Vantagens Melhores ductibilidade, tenacidade e resistência para uma determinada dureza. Empenamento reduzido, o que reduz o tempo posterior de usinagem, sucata e inspeção. Vantagens da austêmpera sobre a têmpera e o revenido Formação direta da austenita em uma estrutura bainítica, à temperatura mais alta que a martensita. Tensões internas são muito menores, consequentemente, não há praticamente distorção e empenamento e do mesmo modo a possibilidade de fissuras de têmpera é quase completamente eliminada. 13 Tratamento Térmico Martêmpera Consiste em aquecer o aço até a temperatura de austenitização, e então resfriar rapidamente (sem atingir a curva TTT do aço), chegando assim a temperatura de formação da martensita, é deixado isotérmico por um certo tempo, então resfriado em banho de sal ou óleo aquecidos. É um tipo de tratamento térmico indicado para aços ligados por que reduz o risco de empenamento das peças, visando a obtenção da martensita. Apresenta-se uniforme e homogênea, diminuindo riscos e trincas. Após a martêmpera é necessário submeter a peça a revenimento. 14 Tratamento Térmico 15 Martêmpera ● Aquecimento a uma temperatura dentro da faixa de austenitização. ● Resfriamento num meio fluido quente (óleo aquecido, banho de sal, metal fundido) até uma temperatura geralmente acima da faixa de formação da martensita. ● Manutenção nesse meio de resfriamento até que a temperatura se uniformize através de toda a seção das peças. ● Resfriamento a velocidade moderada (geralmente ao ar) de modo a prevenir qualquer grande diferença de temperatura entre a parte externa e a parte interna das seções. Tratamento Térmico Martêmpera – Objetivos Aumento da dureza por meio da microestrutura martensítica; Menor nível de tensões internas em relação a têmpera convencional e, consequentemente, maior estabilidade dimensional sobre os lotes e menor perda de peças por trincas e/ou distorções dimensionais; Maior custo que a têmpera devido ao emprego de fornos do tipo banho de sal. 16 Tratamento Térmico Atividade em sala O aço é um material extremamente versátil, pode-se conseguir propriedades muito diferentes sem mudar a composição química. Discuta essa afirmativa. A normalização é um tratamento térmico muito importante na indústria, O resfriamento é realizado ao ar. Cite os principais objetivos desse tratamento e as microestruturas obtidas. Como podem surgir trincas durante o tratamento de têmpera? O que é temperabilidade? Como podemos medi-la Porque deve-se fazer o revenimento em todas as peças temperadas? 17 18 São aqueles que combinam a ação do calor com a ação química e o resultado é o enriquecimento de uma camada, ou mesmo todo o volume de uma peça com um elemento metálico ou não metálico. Finalidade Proporcionar o endurecimento superficial pela modificação parcial da composição química ou através de mudanças estruturaisna superfície do componente. Resultados Melhora da resistência ao desgaste da peça sem afetar a ductibilidade do interior do material. Aplicações Situações onde se deseja superfície com elevada dureza, resistência ao desgaste e material (interior) tenaz capaz de resistir ao impacto quando em uso. Exemplos: engrenagens, mancais e eixos. Tratamentos Termoquímicos Cementação É um tratamento térmico austenítico, onde o carbono é introduzido na fase austenita, e irá originar martensita com o posterior resfriamento da peça. Objetivos Aumentar a dureza e a resistência ao desgaste mantendo o núcleo dúctil e tenaz –maior resistência ao impacto e à fadiga. Formação de forças compressíveis na superfície com o aumento da resistência à fadiga. 19 Tratamentos Termoquímicos Cementação Usado para aços baixo carbono (0,1 a 0,2% p C). Temperatura de tratamento – normalmente 850 a 950oC. O carbono é introduzido na fase austenítica. solubilidade máxima do C na ferrita a T ambiente ~ 0,008% C. solubilidade máxima do C na ferrita à 723oC ~ 0,02%. solubilidade máxima do C na austenita à 723oC ~ 0,8%. solubilidade máxima do C na austenita à 1148oC ~ 2,0%. O teor de C na superfície aumenta para 0,8 a 1,0%. 20 Tratamentos Termoquímicos Cementação Sólida Nesse processo as peças são colocadas em caixas metálicas, geralmente de aço-liga resistente ao calor, em presença das chamadas misturas carburizantes. Misturas mais usadas – carvão de madeira com cerca de 5% a 20% de uma substância ativadora (BaCO3 é a mais usada). Mecanismo da cementação sólida O C atômico é rapidamente dissolvido na austenita difunde para o interior do aço. O CO2 reage novamente com o carvão. 21 C + O2 CO2 CO2 + C 2CO 3 Fe + 2 CO Fe3C + CO2 Tratamentos Termoquímicos Cementação Sólida – Mecanismo O C atômico é rapidamente dissolvido na austenita difunde para o interior do aço. O CO2 reage novamente com o carvão. Carbonato de bário – aumenta a velocidade de fornecimento de CO e usado como energizador quando o O2 é insuficiente no meio. A cementação é geralmente realizada a temperaturas que variam entre 850 a 950oC, uma vez que a geração de quantidade apreciável de CO dá-se acima de 800oC. Pode-se atingir profundidade de cementação até 2 mm ou mais. C + O2 CO2 CO2 + C 2CO 3 Fe + 2 CO Fe3C + CO2 BaCO3 BaO + CO2 CO2 + C 2CO Tratamentos Termoquímicos 23 Cementação Sólida Vantagens Eficiente e econômico para o processamento de pequenos lotes de peças ou para peças de grandes dimensões. Diminui a tendência ao empenamento das peças devido ao fato delas se apoiarem bem na mistura carburizante sólida. O resfriamento das peças a partir da temperatura da cementação é lento, o que pode representar uma vantagem para peças que deviam ser submetidas a uma usinagem de acabamento depois da cementação e antes da têmpera. Desvantagens Não é um método limpo. Pouco controle de C superficial e do gradiente de carbono. Não é recomendável para produção de camadas finas. Tratamentos Termoquímicos Cementação Líquida É realizada mantendo-se o aço à temperatura acima da crítica, num banho de sal fundido, com composição adequada para promover o endurecimento superficial de C. O agente ativo no banho de sal é o cianeto de sódio (NaCN) ou o cianeto de potássio (KCN) 24 Tratamentos Termoquímicos Cementação Líquida – Mecanismo As reações que produzem seja CO e C são benéficas para a obtenção da desejada camada de cementação. 25 2 NaCN Na2CN2 + C 2 NaCN + O2 2 NaCNO NaCN + CO2 NaCNO + CO 3 Fe + 2 CO Fe3C + CO2 3 Fe + C Fe3C Tratamentos Termoquímicos Cementação Líquida - Características gerais A profundidade da cementação depende da composição do banho, tempo de operação e temperatura. Tempos de operação de 3 a 4 horas, obtém-se espessuras de cerca 1,5 mm. Em tempos mais curtos, 1 a 2 horas, obtém-se espessuras de 0,5 mm. Vantagens Rapidez de operação Proteção efetiva contra oxidação e descarbonetação. Maior controle da profundidade de penetração. Menor possibilidade de empenamento das peças. Maior facilidade de produzir-se cementação localizada. 26 Tratamentos Termoquímicos Cementação Gasosa Neste processo, a substância fonte de carbono é uma atmosfera gasosa. Mecanismo de cementação gasosa Além do CO, gases derivados de hidrocarbonetos são fontes para a cementação gasosa. O C que se dissolverá na austenita, difundindo-se para o interior do aço. 27 2 CO C + CO2 CO + H2 C + H2O CH4 C + 2 H2 C2H6 C + x CH4 + y H2 C3H8 C + x C2H6 + y CH4 + 2 H2 Tratamentos Termoquímicos Cementação Gasosa - Vantagens em relação a Sólida A mistura carburizante fica mais bem definida e perfeitamente estável, durante toda a fase ativa da cementação. Ao contrário do que ocorre na cementação sólida, em que a mistura perde eficiência a medida que a operação se prolonga. Constitui-se mais limpo que a cementação sólida, pois elimina os pós. Permite melhor controle do teor de C e da espessura da camada cementada. Apresenta maior velocidade de penetração do carbono. É mais rápida e oferece possibilidade de uma só têmpera direta, após cementação, evitando-se o aumento excessivo do grão. 28 Tratamentos Termoquímicos Nitretação É um tratamento termoquímico de endurecimento superficial em que se introduz nitrogênio na fase (ferrita) em temperaturas entre 500 a 570oC. Consequentemente, não ocorre mudança de fase quando o aço é resfriado até a temperatura ambiente. 29 Objetivo Aumentar a dureza e a resistência ao desgaste mantendo o núcleo dúctil e tenaz. Tratamentos Termoquímicos Propriedades dos Aços Nitretados Alta dureza superficial com aumento da resistência ao desgaste e com pouco risco de descamação. Alta resistência à fadiga – formação de forças compressíveis na superfície do aço. Melhora da resistência à corrosão em aços não inoxidáveis. Sem risco de empenamento. 30 Tratamentos Termoquímicos Cianetação ou Carbonitretação Líquida Consiste no aquecimento do aço a uma temperatura acima da temperatura crítica num banho adequado de sal cianeto fundido, ocorrendo absorção simultânea na superfície do aço de carbono e nitrogênio. O resfriamento em óleo, água ou salmoura produz uma camada superficial dura de alta resistência ao desgaste. Objetivo Aplicada mais comumente em aços-carbono de baixo teor de C, quando se deseja rapidamente uma camada com dureza e resistência ao desgaste. 31 Tratamentos Termoquímicos Cianetação ou Carbonitretação Líquida - Mecanismo 32 2 NaCN + O2 2 NaCNO 4 NaCNO Na2CO3 + 2 NaCN + CO + 2 N 2 CO CO2 + C (3) O CO em contanto com o ferro, passa provavelmente a CO2 e formando carbono ativo: (2) Decomposição do cianato de sódio formando nitrogênio que se combina diretamente com o ferro: (1) Passagem do cianeto de sódio a cianato de sódio na presença de O2. Tratamentos Termoquímicos Cianetação Gasosa ou Nitrocarbonetação Consiste em submeter-se o aço a uma temperatura elevada – geralmente acima da de transformação – numa atmosfera gasosa que pode fornecer carbono e nitrogênio simultaneamente, os quais são absorvidos pela superfície do metal. A carbonitretação é realizada a temperaturas mais baixas que as utilizadas na cementação a gás, ou seja, 705 a 900oC, durante um tempo mais curto, de modo a obter-se uma espessura endurecida menor. 33 Tratamentos Termoquímicos Cianetação Gasosa ou Nitrocarbonetação Objetivos Confere ao aço uma camada dura e resistente ao desgaste, com espessura variando-se geralmente de 0,07 a 0,7 mm. Por outro lado, uma camada carbonitretada apresenta melhor temperabilidade que uma camada cementada, de modo que, por carbonitretação e têmpera subsequentepode obter uma camada mais dura a custo mais baixo, dentro da faixa de espessura indicada. 34 Tratamentos Termoquímicos
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