Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Diferenciação de Produtos KUPFER, David; HASENCLEVER, Lia. Economia Industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013, p. 67-78, Capítulo 6. Aulas anteriores: Economia Industrial (EI) ou Organização Industrial (OI) é uma área de conhecimento em Ciências Econômicas que se dedica à análise da formação de estruturas de mercado: Qual é o funcionamento real das empresas, dos mecanismos de coordenação de suas atividades e, portanto, dos seus mercados? Estrutura-Conduta-Desempenho A existência de bens substitutos muda a análise do mercado e do espaço de concorrência. Elasticidade-preço da demanda passa a ser variável fundamental para a compreensão das decisões da empresa. Estrutura de Mercado Número de vendedores e compradores (concentração industrial); Diferenciação de produto; Barreiras à entrada; Estrutura de custos; Integração vertical; Diversificação. Diferenciação de produtos Teoria Microeconômica Neoclássica ou Marginalista: produtos são homogêneos (substitutos perfeitos) = concorrência perfeita = preço determinado pelas forças de oferta e demanda. Neste caso, as empresas são tomadoras de preços (price takers) e se deparam com curvas de demanda perfeitamente elásticas. Mundo real: diferenciação de produtos = preços distintos Consumidor se dispõe a pagar preços superiores Diferenciação de produtos explica isso Produtos diferenciados são substitutos imperfeitos Diferenciação é estratégia chave para a concorrência Empresas que diferenciam adquirem poder de mercado Poder de mercado Há poder de mercado quando uma ou várias empresas tem a capacidade de influenciar o preço de um produto. As estruturas de mercado variam das mais competitivas até aquelas que possuem forte poder de mercado. Quando uma firma se defronta com uma curva de demanda negativamente inclinada, ela tem capacidade de influenciar o preço de mercado. O poder de mercado é mensurado como o mark-up do preço de mercado sobre o custo marginal, definição do índice de Lerner: 𝑃 − 𝐶𝑀𝑎 𝑃 = − 1 𝜀𝑃𝐷 2. Fatores e tipos de diferenciação Diferenciação decorre de fatores subjetivos Atributos de diferenciação: Especificações técnicas; desempenho ou confiabilidade; durabilidade; design; estética; imagem e marca; formas de comercialização; assistência técnica; financiamento aos usuários. Há setores que apresentam uma vocação maior para a diferenciação, condicionada às características do produto (tecnológicas e possibilidades de uso) e/ou às dos seus consumidores. Diferenciação implica um produto novo Critérios de avaliação dos consumidores: local da oferta, qualidade do produto ou percepção da marca. Exemplo A diferenciação implica um produto novo e para que a estratégia tenha sucesso, é preciso que o produto possa ser modificado e que, de fato, os consumidores o considerem um produto melhor que os existentes. Tipos de diferenciação Vertical: ocorre quando entre duas variedades de um produto, uma delas tem atributos mais desejáveis que a outra. Com condições de preços iguais, escolhe-se o melhor produto. Exemplo: dois carros da mesma categoria, mas um com maior conforto que o outro. O consumidor tende a preferir o carro mais confortável. Horizontal: não se pode ordenar a qualidade dos produtos. A escolha depende do gosto do consumidor. Com preços iguais, nem todos os consumidores escolhem o mesmo produto. Escolhe-se o produto pelo gosto. Exemplo: alguns consumidores preferem carros brancos, outros preferem carros pretos. 3. Modelos de Competição Monopolística Combinam elementos das situações de monopólio e de concorrência perfeita: Empresas não são tomadoras de preço, têm poder de mercado (monopólio). Empresas estão sujeitas a concorrência de produtos substitutos próximos + livre entrada de novas empresas = lucros tendem a ser nulos (lucros positivos atraem novas empresas até que o lucro se iguale a zero novamente). Modelo do consumidor representativo (Chamberlin, 1933) Primeiro que incorpora a questão da diferenciação de produto. Modelo do Consumidor Representativo (Chamberlin, 1933) Mantém hipóteses do modelo de concorrência perfeita, mas admite diferenciação de produtos. Quadro 1.1 – Hipóteses Básicas do Modelo de Competição Perfeita 1. Grande número de empresas; 2. Produto homogêneo; 3. Livre entrada e saída de empresas; 4. Maximização de lucros; 5. Livre circulação da informação (todas as empresas sabem de tudo); 6. Perfeita mobilidade dos fatores de produção. Modelo do Consumidor Representativo (Chamberlin, 1933) A diferenciação de produtos é considerada segundo as seguintes hipóteses: Produtos são substitutos próximos, e, apesar de produtos diferentes, a demanda e os custos são iguais entre as empresas. Objetivo do modelo: verificar se o número de variedades é socialmente ótimo. Benefício da diferenciação: aumento das opções para o consumidor. Custo da diferenciação: aumenta custos fixos (associados aos esforços de venda: gastos com publicidade e estratégias de marketing). O modelo verifica se o número de variedades gerado por estímulos de mercado é o que maximiza a diferença entre benefícios e custos sociais. Modelo do Consumidor Representativo (Chamberlin, 1933) Gráfico 6.1a e 6.1b (p. 70) 1º empresas atuam praticando preços que produzem lucros extraordinários (P>CTMé). 2º concorrentes entram no mercado deslocando demanda com a qual cada firma se defronta para a esquerda. 3º nível de produção socialmente ótimo (no qual o CTMé é mínimo) não é atingido Assim, a produção de equilíbrio é socialmente ineficiente porque a firma não produz ao menor custo médio possível. Empresas atuam em escalas em que o custo médio não é mínimo, devido aos custos adicionais dos esforços de venda. Ou seja: excesso de diversidade de produtos não permite às empresas realizarem a totalidade das economias de escala disponíveis. Modelo do Consumidor Representativo (Chamberlin, 1933) Críticas ao modelo: Em função das hipóteses utilizadas, o tratamento da diferenciação de produtos não incorpora elementos fundamentais do processo. A hipótese de custos e demanda homogêneos entre as empresas é especialmente irrealista e restritiva. A hipótese de entrada livre na indústria também é incoerente com a possibilidade de diferenciação de produtos . A diferenciação é um fator que gera barreiras à entrada, uma vez que as empresas entrantes terão gastos substanciais com esforços de venda para reverter a preferência dos consumidores por produtos de firmas já estabelecidas. Modelos locacionais Consideram que quanto maior a substitutibilidade dos produtos maior será a competição. Exemplo: Coca-Cola X Pepsi X Sprite Quais incentivos têm as empresas de produzirem mercadorias pouco ou muito diferenciadas? Este é o objeto de estudo dos modelos locacionais. Fazem analogia entre as características de produtos e a localização de lojas. “Assim como os consumidores preferem adquirir produtos em lojas próximas às suas residências – o que só não ocorre se o custo de transporte para outra loja for inferior à diferença de preços, estes preferem também adquirir os produtos mais adequados às suas preferências, e somente não o fazem se o custo de adequação a um produto similarfor inferior à diferença de preços” (KUPFER; HASENCLEVER, 2012, p.71). Modelo da cidade linear (Hotteling, 1929) Este modelo considera uma cidade com uma única avenida, onde os consumidores estão uniformemente distribuídos. Duas empresas que oferecem o mesmo produto decidem onde devem se localizar. Gráfico 6.2a e 6.2b. As empresas têm incentivo a se localizar no centro da cidade. Aplica-se o raciocínio em outros atributos de diferenciação (exemplo: duas empresas que estão decidindo se produzem “balas muito doces” ou “balas pouco doces”. Como conclusão, o modelo observa que as empresas teriam incentivos a oferecer produtos semelhantes (balas com doçura moderada) e não diferenciados. Princípio da diferenciação mínima. Crítica: não considera o efeito da entrada de novas empresas. Modelo da cidade circular (Salop, 1979) Analisa a localização das empresas, enfatizando os efeitos da entrada de empresas na indústria. Considera um espaço circular, o que exclui vantagens iniciais de localização Como a localização de quiosques ao redor de uma lagoa Princípio da máxima diferenciação: empresas equidistantes Como resultado, o modelo observa que o número de empresas que corresponde ao ótimo social é metade do número que surge com a livre atuação do mercado Se o modelo é livre, o número de diferenciação será maior que o desejável. Abordagens alternativas Bain (1956) Considera a diferenciação como barreira à entrada Evolucionistas: Diferenciação é incorporada à dinâmica das indústrias – A diferenciação surge como resultado de inovação de produto. A empresa busca poder de mercado e abre possibilidade de lucros extraordinários. Indústrias em que a diferenciação de produto se constitui em instrumento de concorrência Oligopólio diferenciado Gastos com propaganda elevado Resulta de uma tendência à instabilidade estrutural => são as mesmas empresas que introduzem novos produtos. Competição pela diferenciação atua de 3 formas Aumenta vendas de uma empresa Atua sobre a demanda como um todo Garante sobrevivência da empresa
Compartilhar