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Teoria dos Custos deTransação
KUPFER, David; HASENCLEVER, Lia. Economia Industrial:
fundamentos teóricos e práticas no Brasil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013, p. 171-181, Capítulo 13.
1. Considerações Iniciais
Economia Institucional um segmento do pensamento
econômico que tem a sua origem na hipótese de que o
comportamento econômico dos agentes é condicionado pelo
ambiente social no qual estão (MACEDO, 2009, p. 70).
A Economia Institucional considera que as características das
relações sociais (políticas, jurídicas, entre outras) influenciam o
funcionamento do sistema econômico e, por sua vez, os resultados
em termos de bem-estar da sociedade. Os resultados da operação
do sistema econômico geram demandas por mudanças das
instituições sociais, num processo complexo de
interrelacionamentos (MACEDO, 2009, p. 70).
1. Considerações Iniciais
O estudo dos aspectos institucionais no pensamento econômico
existe desde o próprio surgimento da economia clássica (Smith,
Mill e Marshall), sendo mais enfatizado a partir do surgimento da
escola histórica alemã no final do século XIX (MACEDO, 2009, p.
71).
A escola histórica alemã defendia que os sistemas econômicos
deveriam ser estudados de forma integrada com a realidade social,
e a pesquisa econômica deveria iniciar com a coleta de material
histórico e descritivo do objeto a ser estudado (MACEDO, 2009, p.
71). Criticava os modelos abstratos e dedutivos da economia
neoclássica, formulados sem o amparo de informações primárias e
a utilização de suposições ceteris paribus (MACEDO, 2009, p. 71).
1. Considerações Iniciais
A escola institucionalista norte-americana seguiu a linha de
pesquisa iniciada pela escola histórica alemã, sendo seus principais
expoentes:
a) Thorstein Bunde Veblen (1857-1929);
b) Wesley Clair Mitchell (1874-1948);
c) John Rogers Commons (1862-1945)(MACEDO, 2009, p. 72).
Commons argumentava que a transferência do direito de
propriedade (a transação) seria a unidade de análise da
investigação econômica, contrastando com a abordagem da
economia neoclássica, que centrava sua análise na otimização de
lucros e utilidades, sujeitas a restrições (MACEDO, 2009, p. 72).
Os modelos simplificados da teoria neoclássica omitiam, na visão
de Commons, os aspectos relacionados à coordenação entre os
agentes econômicos, necessária para a consecução das transações
econômicas.
1. Considerações Iniciais
Commons argumentava que a economia é uma rede de relações
entre agentes econômicos com interesses divergentes. Os conflitos
de interesse entre os agentes econômicos tornam patentes
mecanismos que garantam o cumprimento de regras para a
efetivação das trocas (as instituições) (MACEDO, 2009, p. 72).
Instituições é o termo genérico para representar o comportamento
regular e padronizado das pessoas em uma sociedade, bem como
as ideias e os valores associados a essas regularidades.
Exemplos de instituições: leis e costumes os indivíduos agem
(consciente ou inconscientemente) de acordo com as normas
estabelecidas porque é mais vantajoso do que adotar
comportamentos alternativos.
1. Considerações Iniciais
Surgimento da Teoria dos Custos de Transação (TCT)
Coase (1937) publicou o artigo intitulado The nature of the firm
no qual estabeleceu as bases da investigação dos custos de
transação, procurando responder:
que existem organizações dirigindo o processo produtivo em
que relações hierárquicas, definidas pela subordinação dos
empregados à direção da empresa, determinam como se deve
organizar a (KUPFER; HASENCLEVER, 2013, p. 171).
1. Considerações Iniciais
O que leva diferentes etapas do processo produtivo a serem
integradas verticalmente dentro de uma empresa? (KUPFER;
HASENCLEVER, 2013, p. 171).
O artigo de Coase (1937) deu início ao estudo das condições sob as
quais os custos de transação deixam de ser desprezíveis e passam
a ser um elemento importante nas decisões dos agentes
econômicos, contribuindo para determinar a forma pela qual são
alocados os recursos na economia. Daí decorre o surgimento da
Teoria dos Custos de Transação (KUPFER; HASENCLEVER, 2013, p.
172).
2. Natureza e Fatores Determinantes dosCustos de Transação
O que são custos de transação?
São os custos que resultam da divisão do trabalho, ou seja, da
divisão de tarefas no processo produtivo, seja no interior de uma
mesma unidade produtiva (a divisão de tarefas dentro de uma
empresa), seja entre diferentes unidades produtivas (uma empresa
fornecendo insumos para a outra).
São os custos associados ao fato de um recurso produtivo passar
de uma etapa do processo produtivo para outra, ou seja, os custos
que os agentes enfrentam para organizar o funcionamento do
sistema econômico.
De uma maneira mais formal, custos de transação são os custos de
negociar, redigir e garantir o cumprimento de um contrato. Dessa
forma, a unidade básica de análise quando se trata de custos de
transação é o contrato.
2. Natureza e Fatores Determinantes dosCustos de Transação
Por que contratos envolvem custos?
A Teoria dos Custos de Transação suspende a hipótese de simetria
de informação (uma das hipóteses da Teoria Microeconômica
Neoclássica) e elabora um conjunto de hipóteses que tornam os
custos de transação significativos: racionalidade limitada,
complexidade e incerteza, oportunismo e especificidade de ativos.
2.1. Fatores determinantes dos Custos de Transação
a) Racionalidade limitada, complexidade e incerteza
O comportamento humano, mesmo que sendo intencionalmente
racional, enfrenta limitações. Estas limitações possuem
fundamentos neurofisiológicos (que limitam a capacidade humana
de acumular e processar informações) e de linguagem (que limitam
a capacidade humana de transmitir informações).
A racionalidade limitada se torna relevante em condições de
complexidade e incerteza (transações complexas e ambientes de
incerteza). Estes três fatores geram assimetrias de informação.
Assimetrias de informação são diferenças nas informações que as
partes envolvidas em uma transação possuem, particularmente
quando essas diferenças afetam o resultado final da negociação.
2.1. Fatores determinantes dos Custos de Transação
b) Oportunismo e especificidade de ativos
Por oportunismo, entende-se a transmissão de informação seletiva,
distorcida e promessas autodesacreditadas sobre o
comportamento futuro do próprio agente econômico, ou seja, o
agente em questão estabelece compromissos que ele mesmo sabe,
a priori, que não irá cumprir. Como não se pode distinguir ex ante a
sinceridade dos agentes, há problemas na execução e renovação do
contrato.
2.1. Fatores determinantes dos Custos de Transação
b) Oportunismo e especificidade de ativos
Oportunismo na TCT está essencialmente associado à manipulação
de assimetrias de informação, visando à apropriação de fluxos de
lucros.
Exemplos:
(1) um fornecedor informa que uma pequena alteração na
especificação de uma matéria-prima solicitada por uma empresa
provocará um aumento no custo do insumo superior ao aumento
que efetivamente ocorre (e apenas o fornecedor tem esta
informação);
(2) uma empresa fornecedora de um insumo a um preço
preestabelecido reduz a qualidade do produto fornecido, visando
elevar os seus lucros.
2.1. Fatores determinantes dos Custos de Transação
b) Oportunismo e especificidade de ativos
Especificidade de ativos ativos específicos são ativos cujas
transações ocorrem em pequeno número (small number). Neste
tipo de transação (com ativos específicos), apenas um número
limitado de agentes está habilitado a participar: a especificidade
dos ativos transacionados reduz, simultaneamente, os produtores
capazes de ofertá-lo e os demandantes interessados em adquiri-los.
Exemplo: aparelhos hospitalares.
O problema associado à especificidade de ativos é que uma vez que
o investimento em um ativo específico tenha sido feito, comprador
e vendedor passam a se relacionar de forma exclusivaou quase
exclusiva.
3. A natureza dos contratos
Os contratos surgem nas transações econômicas para minimizar os
efeitos dos fatores apontados anteriormente. Existem quatro tipos
básicos de contratos:
1. Contratos que especificam no presente uma determinada
performance no futuro
Não permite nenhuma flexibilidade para ajustes a mudanças nas
circunstâncias futuras; é adequado apenas para as transações que
não envolvem custos de transação significativos, pois para
qualquer alteração de cenário futuro, o contrato deve ser refeito.
Por isso, pode ser descartado para transações que envolvam
complexidade e incerteza.
3. A natureza dos contratos
2. Contratos de cláusulas condicionais - Contratos que especificam
no presente uma determinada performance no futuro, condicionada
à ocorrência de eventos no futuro definidos antecipadamente.
As partes estabelecem um dado desempenho dependendo do que
ocorra no futuro. É um contrato para transações frequentes
(recorrentes). Exemplo: uma lanchonete pode estabelecer um
contrato com o seu fornecedor de sorvetes em que é admitido um
fornecimento extra se no verão o consumo se elevar.
Dificuldades deste tipo de contrato:
(a) O ambiente torna-se mais complexo: torna-se difícil antecipar
todas as possíveis circunstâncias futuras;
(b) A garantia do cumprimento do contrato: qual situação, entre as
predefinidas em contrato, está de fato se realizando a cada
momento.
3. A natureza dos contratos
3. Contratos de curto prazo sequenciais - Contratos de curta
duração, realizados apenas nos momentos em que as condições
necessárias para a realização da transação efetivamente se
concretizam.
Vendedor e comprador não possuem vínculo contratual
duradouro. É um contrato para transações ocasionais.
Não há necessidade de se antecipar possíveis circunstâncias
futuras que irão afetar a transação.
Dificuldades deste tipo de contrato:
(a) O objeto de transação deve ser homogêneo, de modo que não
faça diferença a identidade do comprador e do vendedor;
(b) Podem ocorrer atitudes oportunistas por parte do vendedor,
que adquire informações privilegiadas pelo processo de
. Exemplo: licitações do setor público tendo
vencido a licitação uma vez, o vendedor tem informações sobre
o serviço prestado que o coloca em vantagem frente a outros.
3. A natureza dos contratos
4. Relação de autoridade - Contratos estabelecidos hoje com o
direito de selecionar no futuro uma performance específica dentro
do conjunto de performances estipulado previamente.
Exemplo: um gerente de produção pode definir a qualquer
momento dentro do processo produtivo de um produto se um
determinado insumo deve ser manuseado em uma etapa ou na
etapa seguinte, dependendo de determinadas condições. Há,
portanto, uma relação de autoridade do gerente de produção
sobre o processo produtivo.
4. Tipos de Transações e Estruturas de Governança
Tipos de transações ou tipos de investimento realizado
Em relação ao grau de especificidade dos ativos, classificam-se em:
1. Transações com ativos específicos envolvem ativos com
mercados muito limitados (poucos compradores e poucos
vendedores) e há o interesse dos agentes envolvidos em
assegurar a continuidade da mesma, para preservar os
investimentos feitos. Isto pressupõe que as transações sejam
frequentes ao longo do tempo (recorrentes).
2. Transações não específicas envolvem equipamentos e
materiais padronizados, em geral submetidos à padronização
técnica.
4. Tipos de Transações e Estruturas de Governança
Tipos de transações ou tipos de investimento realizado
Em relação à frequência, classificam-se em:
1. Transações ocasionais - ocorrem para resolver uma demanda
específica, sem relação contratual duradoura.
2. Transações recorrentes transações frequentes ao longo do
tempo.
4. Tipos de Transações e Estruturas de Governança
Estruturas de Governança
Uma estrutura de governança é definida como o arcabouço
institucional no qual a transação é realizada, isto é, é o conjunto de
instituições e tipos de agentes que estão diretamente envolvidos na
realização das transações e na garantia de sua execução.
As estruturas de governança foram desenvolvidas para assegurar a
realização das transações, em função da especificidade dos ativos,
do comportamento oportunista, da racionalidade limita dos
agentes, ambientes complexos e incerteza.
É a forma como os agentes econômicos e as instituições (conjunto
de regras, costumes, etc.) se interrelacionam para garantir o
cumprimento dos contratos.
4. Tipos de Transações e Estruturas de Governança
Estruturas de Governança
A TCT classifica as estruturas de governança da seguinte forma:
1) Governança pelo mercado: forma adotada em transações não
específicas, especialmente eficaz no caso de transações recorrentes.
Não há esforço para sustentar a relação, e na avaliação de uma
transação, as partes precisam consultar apenas a sua própria
experiência. É o caso que mais se aproxima da noção ideal de
mercado puro.
4. Tipos de Transações e Estruturas de Governança
Estruturas de Governança
2. Governança trilateral: é exigida a especificação ex-ante de uma terceira
parte, tanto na avaliação da execução da transação quanto para a solução de
eventuais litígios. É a mais adequada em transações mistas e específicas.
3. Governança específica de transação: neste caso, o fato dos ativos
transacionados não envolverem padronização aumenta significativamente o
risco da transação e a possibilidade do surgimento de conflitos de solução
custosa e incerta. Assim, dois tipos de estrutura podem surgir:
(a) Um contrato de relação exemplo: a pesquisa e desenvolvimento de
projetos realizados conjuntamente por empresas, cuja evolução é
incerta e não pode ser prevista com antecipação;
(b) Uma estrutura unificada e hierarquizada, ou seja, uma empresa.
4. Tipos de Transações e Estruturas de Governança
Estruturas de Governança
Quanto maior a especificidade do ativo (do investimento), ou seja,
menor número de compradores e vendedores neste mercado,
juntamente com os demais problemas que geram custos de
transação, e quanto maior a recorrência das transações, maior é a
possibilidade de que a empresa verticalize a etapa que seria
transacionada no mercado (ver Tabela 13.1, p. 177).
Aplicações deste referencial
MACEDO, Luís Otávio Bau. Perfil de governança e a coordenação
de alianças estratégicas do sistema agroindustrial da carne
bovina. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) Universidade
de São Paulo, 205 f., 2009.
MACEDO, L. O. B. ; MORAES, M. A. F. D. de. Perfil de governança e
a coordenação de alianças estratégicas da carne bovina brasileira.
Informações Econômicas (Impresso), v. 39, p. 5-15, 2009.

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