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GESTÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (11)

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ANDERSON JOSÉ LAURENTINO
DOUGLAS LAUREANO LESTENSKY
JOÃO GUILHERME NOGARA
THIAGO DALLA PRIA
A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL PARA AS
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO SÉCULO XXI NO BRASIL
CURITIBA
2008
ANDERSON JOSÉ LAURENTINO
DOUGLAS LAUREANO LESTENSKY
JOÃO GUILHERME NOGARA
THIAGO DALLA PRIA
A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE GERENCIAL PARA AS
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS NO SÉCULO XXI NO BRASIL
Trabalho de graduação apresentado à
disciplina de Estágio Supervisionado, do
Curso de Ciências Contábeis da FAE
Centro Universitário.
Orientador: Prof. Ms. Antonio de Oliveira
CURITIBA
DEZEMBRO 2008
Agradecemos a Deus que nos iluminou a cada dia, e a
todas pessoas que direta ou indiretamente contribuíram
para a realização deste estudo.
Em especial ao professor Antonio de Oliveira, pela
orientação, crítica e principalmente pelo apoio dado no
decorrer da pesquisa.
RESUMO
LAURENTINO, Anderson J.; LESTENSKY, Douglas L.; NOGARA, João G.; PRIA,
Thiago D. A importância da contabilidade gerencial para as micro e pequenas
empresas no século XXI no Brasil. 2008. 76f. Monografia (Ciências Contábeis) –
FAE Centro Universitário. Curitiba, 2008.
Esta pesquisa discorre sobre a importância da Contabilidade Gerencial para às
Micro e Pequenas Empresas, mostrando a necessidade de se ter acesso às
informações úteis que possibilitem ao gestor administrar seu negócio de maneira
eficiente. Para ilustrar o tema proposto, serão feitas algumas reflexões sobre a
história da Contabilidade, a informação como recurso eficiente e útil na gestão e
sobre algumas ferramentas da Contabilidade Gerencial no processo administrativo
de uma empresa. A relevância da Pequena Empresa no contexto econômico
demonstra a necessidade de se dar uma atenção especial a este segmento, pois,
segundo Pesquisa do SEBRAE (2007), 80% das Pequenas Empresas sucumbem
antes de completar um ano de atividades, pois com as constantes mudanças e
aumentos na competitividade entre essas empresas, é cada vez mais necessário
uma política especializada de gestão. Dessa maneira, é necessário que o Pequeno
Empresário tenha conhecimento que através da utilização da Contabilidade Gerencial
como instrumento de apoio na gestão dos negócios, sua empresa poderá torna-se
mais competitiva, pois o uso de todas as ferramentas disponíveis que possibilitem
gerar informações úteis para a gestão dos negócios, será crucial para a permanência
da empresa no mercado.
Palavras-chave: contabilidade gerencial; micro e pequena empresa; ferramentas
gerenciais.
LISTA DE SIGLAS
CFC - Conselho Federal de Contabilidade
CGSN - Comitê Gestor do Simples Nacional
CRC - Conselho Regional de Contabilidade
CRFB/88 - Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988
CVM - Comissão de Valores Mobiliários
LC - Lei Complementar
ME - Micro Empresa
MPE's - Micro e Pequenas Empresas
PCGA - Princípios Contábeis Geralmente Aceitos
PFC - Princípios Fundamentais de Contabilidade
SEBRAE - Sistema Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figuras
FIGURA 1 - TEMAS-CHAVES NA TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL ................................... 30
FIGURA 2 - PARTES DE UMA CADEIA DE VALORES................................................................. 32
FIGURA 3 - CUSTEIO ABC ............................................................................................................ 63
FIGURA 4 - QUATRO PROCESSOS DO BALANCED SCORECARD .......................................... 69
FIGURA 5 - MAPA ESTRATÉGICO ............................................................................................... 70
Gráficos
GRÁFICO 1 - TAXA DE MORTALIDADE DE MPE'S CONSTITUÍDAS EM 2005 POR
UNIDADE FEDERATIVA - 2007............................................................................... 52
GRÁFICO 2 - CUSTOS VARIÁVEIS............................................................................................... 57
GRÁFICO 3 - CUSTOS FIXOS....................................................................................................... 58
GRÁFICO 4 - CUSTOS TOTAIS..................................................................................................... 58
GRÁFICO 5 - RECEITA EM RELAÇÃO AO VOLUME VENDIDO ................................................. 59
GRÁFICO 6 - PONTO DE EQUILÍBRIO ......................................................................................... 60
Quadros
QUADRO 1 - PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE FINANCEIRA
E GERENCIAL.......................................................................................................... 39
QUADRO 2 - COMPARATIVO DO ENQUADRAMENTO DE MPE'S ENTRE LC
Nº 123/06 E PESQUISA DO SEBRAE..................................................................... 42
Tabelas
TABELA 1 - EVOLUÇÃO DAS TAXAS DE MORTALIDADE - 2007 .............................................. 52
TABELA 2 - ASSESSORIA/AUXÍLIO MAIS IMPORTANTE - 2007................................................ 53
TABELA 3 - PRINCIPAL DIFICULDADE NO ACESSO AO MERCADO - EMPRESAS
ATIVAS/PRINCIPAL MOTIVO PARA O FECHAMENTO DA EMPRESA -
EMPRESAS EXTINTAS - 2007 .................................................................................. 54
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
1.1 PROBLEMA ........................................................................................................... 9
1.2 HIPÓTESES .......................................................................................................... 10
1.3 JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 10
1.4 OBJETIVO GERAL ................................................................................................ 10
1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................. 11
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................ 12
2.1 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO AO OBJETIVO ..................................... 13
2.2 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO AOS PROCEDIMENTOS ..................... 14
2.3 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO À ABORDAGEM DO PROBLEMA........ 17
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 19
3.1 DEFINIÇÃO, OBJETIVO E APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE ............................ 19
3.2 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE........................................................................ 20
3.3 VERTENTES DA CONTABILIDADE ...................................................................... 24
3.3.1 Contabilidade Geral ou Financeira ..................................................................... 24
3.3.2 Contabilidade Societária .................................................................................... 26
3.3.3 Contabilidade Fiscal ou Tributária ...................................................................... 26
3.3.4 Contabilidade de Custos .................................................................................... 27
3.3.5 Contabilidade Gerencial ..................................................................................... 28
3.3.5.1 Foco no cliente................................................................................................ 30
3.3.5.2 Cadeia de valor e análise da cadeia de suprimentos....................................... 31
3.3.5.3 Fatores críticos de sucesso............................................................................. 32
3.3.5.4 Melhoria contínua e benchmarking.................................................................. 33
3.4 DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE SOCIETÁRIA/FINANCEIRA E
CONTABILIDADE GERENCIAL.............................................................................34
3.4.1 Quebra de Paradigma: Duas Novas Contabilidades........................................... 35
3.4.2 Principais Diferenças Entre as Duas Novas Contabilidades: Financeira x
Gerencial............................................................................................................ 37
3.5 O QUE É MICRO E PEQUENA EMPRESA? QUAIS BENEFÍCIOS LEGAIS
POR TAL ENQUADRAMENTO?............................................................................ 39
3.6 BENEFÍCIOS DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM MICRO E
PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................................... 46
3.7 REFLEXOS DA NÃO UTILIZAÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL EM
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................... 51
3.8 AS FERRAMENTAS GERENCIAIS EFICIENTES E EFICAZES
PARA GESTÃO ..................................................................................................... 54
3.8.1 Orçamento ......................................................................................................... 55
3.8.1.1 Processo de elaboração.................................................................................. 56
3.8.2 Relações Custo-Volume-Lucro........................................................................... 57
3.8.2.1 Custos fixos e variáveis................................................................................... 57
3.8.2.2 Ponto de equilíbrio .......................................................................................... 59
3.8.3 Custeio Variável ................................................................................................. 61
3.8.4 Custeio Baseado em Atividades (ABC) .............................................................. 62
3.8.5 Custo Padrão ..................................................................................................... 65
3.8.6 Balanced Scorecard........................................................................................... 67
3.8.6.1 Tradução da visão........................................................................................... 68
3.8.6.2 Comunicação e comprometimento .................................................................. 68
3.8.6.3 Planejamento de negócios .............................................................................. 68
3.8.6.4 Feedback e aprendizado ................................................................................. 68
3.8.6.5 Indicadores essenciais .................................................................................... 69
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ............................................... 71
4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 71
4.2 RECOMENDAÇÕES.............................................................................................. 73
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 74
9
1 INTRODUÇÃO
Com as constantes mudanças e aumentos na competitividade entre as
empresas brasileiras, torna-se cada vez mais importante adotar técnicas de gestão
especializadas. Na realidade brasileira, entretanto, muitas das Micro e Pequenas
Empresas não estão estruturadas para enfrentar tal desafio. Além disso, as dificul-
dades são aumentadas, na medida em que o fluxo de informações necessárias
para uma boa gestão empresarial fica maior e mais complexo.
O planejamento é um dos principais pontos de partida para o desenvol-
vimento das funções gerenciais, sendo um importante processo de reflexão que
precede a ação de tomada de decisão. A habilidade do gestor em utilizar-se da
Contabilidade Gerencial como ferramenta de gestão e suporte ao planejamento,
contribui fortemente para o sucesso da empresa.
1.1 PROBLEMA
Qual a importância da Contabilidade Gerencial para as Micro e Pequenas
Empresas no século XXI no Brasil?
Como as organizações não suportam as pressões normais do cotidiano e
acabam encerrando suas atividades, os empresários defendem que a instabilidade
econômica seria uma das maiores razões para o fechamento de suas empresas. E,
freqüentemente, reforçam seus argumentos, através de exemplos relacionados à
obtenção de financiamentos para aquisição de equipamentos e capital de giro,
juros altos, dentre outros. Realmente estes fatores ocorrem e têm grande peso na
administração das Micro e Pequenas Empresas, mas não podem ser considerados
como os principais fatores causadores de tantos problemas.
Nas empresas de pequeno porte, o processo de gestão se ausenta, na
medida em que seus gestores exercem as etapas de execução e de controle,
muitas vezes, de forma inconsciente. E, nesta forma de trabalho, o empresário
acaba por definir o planejamento de uma forma equivocada, na medida em que
tende a valorizar a lucratividade no tempo presente, em detrimento dos objetivos
de longo prazo, especialmente relacionados a sustentabilidade do negócio.
10
1.2 HIPÓTESES
Segundo Rampazzo (2004, p.36), "hipótese é a suposição de uma causa
ou de uma lei destinada a explicar provisoriamente um fenômeno, até que os fatos
venham a contradizê-la ou afirmá-la".
Se grande parte das empresas não conseguem completar mais de um ano
de existência por deficiências em aspectos gerenciais, então a implementação e
utilização da Contabilidade Gerencial poderia colaborar para interromper a solução
de continuidade das Micro e Pequenas Empresas?
Se a falta de gestores qualificados para implementação e análise das
informações geradas pela Contabilidade Gerencial faz com que a Contabilidade
seja vista de forma fiscal e não como ferramenta de auxilio a gestão, então, a
qualificação de gestores quanto aos instrumentos contábeis disponíveis mudaria o
foco da Contabilidade Gerencial nas Micro e Pequenas Empresas?
1.3 JUSTIFICATIVA
Nesse nicho de mercado (Micro e Pequenas Empresas), as empresas
aparentam não se preocupar com controles internos de suas atividades, nem com
registros contábeis que possam vir a auxiliar a sua gestão.
Dessa forma, os gestores destes pequenos negócios aparentemente
tomam suas decisões de olhos vendados, pois não têm a mínima noção de como
está a situação da empresa.
Esta pesquisa visa incentivar gestores de Micro e Pequenas Empresas,
acadêmicos e profissionais da área contábil a desenvolver e adotar informações
que auxiliem a tomada de decisão, demonstrando a importância da Contabilidade
Gerencial e o quanto é valiosa as informações fidedignas.
1.4 OBJETIVO GERAL
Objetivo geral pode ser delineado sucintamente como sendo o que o
pesquisador pretende buscar responder em sua pesquisa, o motivo da pesquisa
em si.
11
De acordo com Santos (1999, p.60), o objetivo geral pode ser definido
como:
[...] um projeto de pesquisa cientifica é sua espinha dorsal. Deve
expressar claramente aquilo que o pesquisador pretende conseguir com
sua investigação. Não é o que ele vai fazer (isto se prevê nos
procedimentos), mas o que pretende conseguir como resultado intelectual
final de sua investigação.
Diante do exposto, para atender o tema proposto foi delineado o seguinte
objetivo geral: "Descrever a Importância da Contabilidade Gerencial para as Micro
e Pequenas Empresas no Século XXI no Brasil".
1.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Os objetivos específicos, de acordo com Beuren (2003. p.65), "devem
descrever ações pormenorizadas, aspectos específicos para alcançar o objetivo
geral estabelecido".
Desta forma, a pesquisa procurará:
• diferenciar as contabilidades societária e financeira da contabilidade
gerencial;
• conceituar micro e pequena empresa e demonstrar benefícios legais
existentes;
• identificar os benefícios na utilização da contabilidade gerencial em
micro e pequenas empresas;
• identificar os reflexos da não utilização da contabilidade gerencial pelasmicro e pequenas empresas;
• demonstrar as ferramentas gerenciais mais eficientes e eficazes para
gestão de uma micro e pequena empresa.
12
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A metodologia é a explicação detalhada, austera e exata de todo o ato
desenvolvido no desenvolvimento do trabalho acadêmico. Detalha o tipo da
pesquisa, o rumo seguido para tal feito, o preceito para obter os dados a serem
trabalhados, enfim, de tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.
De acordo com Martins (2005, p.80), no que se refere à metodologia:
Corresponde ao estabelecimento das atividades práticas necessárias para
a aquisição de dados com os quais se desenvolverão os raciocínios que
resultarão em cada parte do trabalho final. Cada procedimento (ou grupo
de procedimentos) é planejado em função de cada um dos objetivos
específicos estabelecidos, ou seja, pensa-se a coleta de dados para cada
problema expresso na forma de objetivo específico, os quais concorrerão
para a consecução do objetivo geral.
Assim sendo, a metodologia está diretamente ligada com o objetivo da
pesquisa, é o modo com o qual será conduzida a pesquisa, a forma de captação
de dados e informações, de tal forma, que a metodologia é a "espinha-dorsal" de
uma pesquisa, a forma com qual será trabalhado todos e quaisquer dados
relevantes à pesquisa.
As tipologias de pesquisa metodológica que podem ser utilizados no
desenvolver de um trabalho acadêmico voltado a Contabilidade são diversas, e
varia de autor para autor.
De acordo com Santos (1999), podem-se segregar os procedimentos
metodológicos segundo seus objetivos, segundo os procedimentos de coleta e
quanto à fonte de informação.
Dentro de cada tipologia metodológica (segundo objetivos, procedimentos
de coleta e à fonte de informação), há diversas divisões, dando origem a vários
tipos de pesquisa.
Desta forma é importante conceituar cada tipologia de pesquisa, pois se
necessita saber em qual delas a presente pesquisa se enquadra, e isto, conforme
exposto anteriormente, está diretamente relacionado com o objetivo estabelecido
na pesquisa.
13
2.1 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO AO OBJETIVO
No tocante a tipologia de pesquisa quanto aos objetivos, este delineamento
de pesquisa pode ser subdividido em pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e
pesquisa explicativa.
De acordo com Beuren (2003, p.80), a caracterização da pesquisa
exploratória:
[...] ocorre quando há pouco conhecimento sobre a temática a ser
abordada. Por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com maior
profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou construir
questões importantes para a condução da pesquisa.
Enfatiza Gil apud Beuren (2003, p.80) que:
a pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar uma
visão geral acerca de determinado fato [...], esse tipo de pesquisa é
realizado, sobretudo, quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-
se difícil formular hipóteses [...].
Sucintamente, a pesquisa exploratória tende tornar mais claro conceitos
prévios sobre determinado tema não observados de modo satisfatório anteriormente.
Assim sendo, colabora para a elucidação de questões sobre tal assunto.
A pesquisa descritiva, por sua vez, caracteriza-se como intermediária entre
as pesquisas exploratória e explicativa, ou seja, não é tão preliminar quanto a
primeira e nem tão profunda como a segunda.
No ponto de vista de Gil (1999) apud Beuren (2003, p.81):
[...] a pesquisa descritiva tem como principal objetivo descrever
características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento
de relações entre as variáveis. Uma de suas características mais
significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coletas de
dados.
Destaca Andrade (2002) apud Beuren (2003, p.81):
a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los,
analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere
neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados,
mas não são manipulados pelo pesquisador.
14
Já a pesquisa explicativa, diferentemente dos outros dois tipos de pesquisa
(exploratória e descritiva), pende para o viés do método experimental, pois, além
de descrever o fato, ela busca a causa para tal fato acorrer.
Na visão de Andrade (2002, p.20):
a pesquisa explicativa é um tipo de pesquisa mais complexa, pois, além
de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos estudados,
procura identificar seus fatores determinantes. A pesquisa explicativa tem
por objetivo aprofundar o conhecimento da realidade, procurando a razão,
o porquê das coisas e por esse motivo está mais sujeita a erros.
Beuren (2003, p.82), explana:
Num comparativo com as pesquisas exploratórias e descritivas, a pesquisa
explicativa integra estudos mais aprofundados pela necessidade de explicar
os determinantes na ocorrência dos fenômenos. Por esse motivo, as
pesquisas explicativas não são tão comuns quanto as exploratórias e
descritivas na Contabilidade.
Sintetizando, a idéia principal da pesquisa exploratória é elucidar a razão e o
porquê das coisas. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da
realidade.
Diante do exposto deste tópico, a presente pesquisa enquadra-se, no
tocante à tipologia de pesquisa quanto ao objetivo, num primeiro momento na
pesquisa descritiva, pois precisará esclarecer determinadas características com
base em assuntos já abordados, porém, no segundo momento, terá um viés de
pesquisa exploratória, pois o tema escolhido foi pouco explorado por autores,
sendo mais complexo formular hipótese precisa e conseguir demonstrar que tais
hipóteses são aplicáveis.
2.2 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO AOS PROCEDIMENTOS
Na pesquisa científica, os procedimentos norteiam qual a maneira de gerir
o estudo, ou seja, qual a maneira mais propícia para obtenção dos dados.
Gil (1999, p.65) ressalva que "o elemento mais importante para a identificação
de um delineamento é o procedimento adotado para a coleta de dados".
Em relação à tipologia de abordagem metodológica quanto aos proce-
dimentos, há uma variada gama de tipos de pesquisa, onde se destacam o estudo de
caso, a pesquisa de levantamento, a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, a
15
pesquisa participante e a pesquisa experimental, todas estas aplicáveis à Conta-
bilidade, as quais serão apresentadas em forma de tópicos, atendo-se nos mais
importantes para o desenvolvimento desta pesquisa.
Estudo de caso: de acordo com Beuren (2003, p.84):
a pesquisa do tipo estudo de caso caracteriza-se principalmente pelo
estudo concentrado de um único caso. Este estudo é preferido pelos
pesquisadores que desejam aprofundar seus conhecimentos a respeito de
determinado caso específico.
Deste modo, o estudo de caso está mais voltado para pesquisas acerca de
um tema bem delimitado, o qual se preocupa com um episódio peculiar ocorrido.
Levantamento ou survey: para Gil (1999, p.70), pesquisas de levantamento:
se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento
se deseja conhecer. Basicamente, procede-se a solicitação de
informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema
estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as
conclusões correspondentes aos dados coletados.
A pesquisa de levantamento pode ser resumida em uma coleta direta de
dados via entrevista, pois se obtém opiniões em relação ao assunto diretamente com
o indivíduo entrevistado, de uma população previamente estabelecida na pesquisa.
Pesquisa bibliográfica: de acordo com Cervo e Bervian (1983, p.55),
pesquisa bibliográfica é a pesquisa que: "explica um problema a partir de referenciais
teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como
parte da pesquisa descritiva ou experimental".
Por este tipo de pesquisa ser de natureza teórica, é parte obrigatória de uma
pesquisa, poisé dela que se tem o conhecimento das obras científicas existentes.
Para Beuren (2003, p.87):
no que diz respeito a estudos contábeis, percebe-se que a pesquisa
bibliográfica está sempre presente, seja como parte integrante de outro
tipo de pesquisa ou exclusivamente enquanto delineamento. [...] podem
ajudar o estudante a conhecer o que foi produzido de importante sobre o
objeto da pesquisa.
Segundo Oliveira (1999, p.119), "a pesquisa bibliográfica tem por finalidade
conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre
determinado assunto ou fenômeno".
Resumidamente, a pesquisa bibliográfica é parte essencial para qualquer
pesquisa, pois irá explicar o problema a partir de obras já publicadas de outros
16
autores, sendo sua finalidade explicar por diversos ângulos de autores distintos um
mesmo tema.
Pesquisa experimental: conforme Kerlinger (1980, p.125), experimento
pode ser como:
um estudo no qual uma ou mais variáveis independentes são manipuladas e
no qual a influência de todas ou quase todas as variáveis relevantes
possíveis não pertinentes ao problema da investigação é reduzida ao mínimo.
Assim sendo, pesquisa experimental é aquela em que o indivíduo
influencia as variáveis para que, se reduza ao máximo a pesquisa, eliminando as
variáveis que não participem diretamente no problema a ser demonstrado.
Pesquisa documental: muitas vezes confundida com a pesquisa biblio-
gráfica por suas características parecidas, porém diferem segundo sua natureza de
fonte. Segundo Beuren (2003, p.89):
A pesquisa bibliográfica utiliza-se principalmente das contribuições de
vários autores sobre determinada temática de estudo, já a pesquisa
documental baseia-se em materiais que ainda não receberam um
tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os
objetivos da pesquisa.
Assim como a maioria das tipologias, a pesquisa documental pode integrar o
rol de pesquisas utilizadas em um mesmo estudo ou caracterizar-se como o
único delineamento utilizado para tal. Sua notabilidade é justificada no
momento em que se podem organizar informações que se encontram
dispersas, conferindo-lhe uma nova importância como fonte de consulta.
A pesquisa documental utiliza-se, diferente da pesquisa bibliográfica, de
materiais pouco analisados, utilizados em estudos científicos, onde tais informações
podem ser vistas de uma ótica diferente a já utilizada pelo autor, visto a maior
flexibilidade que este tipo de pesquisa proporciona.
Pesquisa participante: conforme Silva e Grigolo (2002), apud Beuren
(2003, p.90):
a pesquisa participante caracteriza-se pela interação entre os pesqui-
sadores e os membros das situações investigadas, porém não é exigida
uma ação por parte das pessoas ou grupos especificados na pesquisa. O
tema escolhido deve indicar, de partida, a fundamentação teórica que
orientará uma pesquisa em que os indivíduos a serem observados passam
a constituir, eles próprios, o objeto máximo de estudo.
Na pesquisa participante, o próprio pesquisador, num dado momento,
encontra-se como objeto de estudo, ao qual há a integração total do pesquisador e
pesquisado.
17
Diante dos conceitos expostos, a presente pesquisa se enquadra na
vertente da pesquisa bibliográfica e pesquisa documental, pois, o objetivo da mesma
necessita de conhecimento científico teórico, sendo estes encontrados em obras já
bastante utilizadas no meio acadêmico (livros) e outros dados científicos nem tão
difundidos, como artigos referente ao objetivo desta pesquisa, por exemplo.
2.3 TIPOLOGIA METODOLÓGICA QUANTO À ABORDAGEM DO PROBLEMA
Concluindo as tipologias de pesquisas mais comumente aplicadas à Contabi-
lidade, depara-se com a tipologia de pesquisa quanto à fonte de informação, na qual
se ramifica entre pesquisa qualitativa e pesquisa quantitativa.
Para Richardson (1999, p.80):
os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever
a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas
variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por
grupos sociais.
Beuren (2003, p.92) complementa que:
na pesquisa qualitativa concebem-se análises mais profundas em relação
ao fenômeno que está sendo estudado. A abordagem qualitativa visa
destacar características não observadas por meio de um estudo
quantitativo, haja vista a superficialidade deste último.
O tipo de pesquisa qualitativa busca analisar fatos e descobrir as causas
de um certo problema, o porquê daquele fato acontecer.
O uso do método qualitativo é muito comum em Contabilidade, pois, a
Contabilidade é uma ciência social, portanto nem sempre sendo exata, apesar de
lidar com números (BEUREN, 2003). Este uso é ocasionado porque a pesquisa
qualitativa importa-se com a busca do comportamento dos acontecimentos.
Em contrapeso a este tipo de abordagem, nota-se a abordagem
quantitativa, que, segundo Richardson (1999, p.70), "caracteriza-se pelo emprego
da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no
tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples [...] às
mais complexas".
Dessa maneira, o método quantitativo busca precisão dos resultados,
evitando assim distorções acerca da análise e interpretação dos dados.
18
"A utilização dessa tipologia de pesquisa torna-se relevante à medida que
se utiliza de instrumentos estatísticos desde a coleta, até a análise e o tratamento
dos dados" (BEUREN, 2003, p.93).
Neste enfoque, a presente pesquisa caracteriza-se por assumir uma
tipologia mais qualitativa do que quantitativa, pois busca entender o porquê do
problema, o que ocasiona tal feito, utilizando-se de artifícios como pesquisas biblio-
gráficas e documental, pesquisas publicadas por órgãos públicos, para assim,
obter-se uma prudente gama de informações sobre o tema e objetivo da pesquisa,
e assim formular hipóteses e desenvolver o raciocínio sobre o assunto a fim de
tentar comprovar suas suposições.
19
3 REVISÃO DE LITERATURA
Para a construção da habilidade explicativa e argumentativa da presente
pesquisa, faz-se necessário discorrer sobre os assuntos, temas, conceitos e afins
que sejam indispensáveis para que, ao final desta, permita-se avaliar e validar a
hipótese demonstrada para o problema relatado (ambos descritos no capítulo 1).
Para facilitar o entendimento do que vem a ser Contabilidade Gerencial,
faz-se necessário compreender primeiramente o que é Contabilidade, seu conceito
e objetivos, aplicação, e também a evolução desta ao longo do tempo.
Isto posto, é de suma importância a diferenciação entre os ramos da Conta-
bilidade, para que, caso hajam dúvidas na nomenclatura utilizada ou até mesmo de
conceitos que possam estarem confusos, sejam sanados neste capítulo.
Após tal conceituação, é necessário também entender quais as diferenças
existentes entre a Contabilidade Financeira – a mais utilizada entre os ramos da
Contabilidade –, e a Contabilidade Gerencial – novo enfoque da Contabilidade
(NEVES e VICECONTI, 1998).
Após toda definição do que vem a ser Contabilidade, é indispensável
entender o conceito de Micro e Pequena Empresa, quais as características para tal
enquadramento, e quais os benefícios legais que auxiliam o fomento deste nicho
de empresas.
Esclarecido todo este rol, o foco passa a ser o estabelecimento de quais
são os benefícios para o Micro e Pequeno Empresário em adotar a Contabilidade
Gerencial em seu negócio, e, em contrapartida, quais são os reflexos desta
não adoção.
Serão demonstradas também algumas das ferramentas gerenciais mais
aptas às Micro e Pequenas Empresas, para que o pequeno empresário tome
conhecimento das técnicas que estão disponíveis no mercado para o geren-
ciamento de seu negócio.
3.1 DEFINIÇÃO, OBJETIVO E APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE
Genericamente, a Contabilidade pode ser conceituada como sendo a
ciência que controla e registra(por meio de suas técnicas) atos e fatos incorridos
num determinado período dentro de uma organização, em seu patrimônio.
20
De acordo com a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade – CFC –
nº 774/94 – que dispõe sobre os Princípios Fundamentais da Contabilidade:
a Contabilidade possui objeto próprio – o Patrimônio das Entidades – e
consiste em conhecimentos obtidos por metodologia racional, com as
condições de generalidade, certeza e buscam das causas, em nível
qualitativo semelhante às demais ciências sociais. A Resolução alicerça-
se na premissa que a Contabilidade é uma ciência social com plena
fundamentação epistemológica.
No ponto de vista de Iudícibus (2000, p.19), a Contabilidade:
repousa mais na construção de um 'arquivo básico de informação
contábil', que possa ser utilizado, de forma flexível, por vários usuários,
cada um com ênfases diferentes, porém, extraídos todos os informes do
arquivo básico ou 'data-base' estabelecido pela Contabilidade.
Na Contabilidade, o objeto é sempre o conjunto de bens, direitos e
obrigações (patrimônio) de uma entidade, independente de sua constituição (física
ou jurídica), e suas mutações.
Deste modo, a Contabilidade permite que sejam fornecidas informações
econômico-financeiras-sociais para que seus usuários, com base nesse conhecimento
fidedigno à realidade, tenham uma ferramenta para a tomada de decisão e geren-
ciamento do negócio, e não apenas sirva para débito e crédito como muito é dito.
O campo de aplicação da Contabilidade, segundo Professores da FEA/USP
(2001, p.280), "é bastante amplo, abrangendo todas as entidades físicas ou
jurídicas, com ou sem fins lucrativos, que exerçam atividade econômica visando
atingir determinada finalidade".
Assim, existindo atividade econômica em uma organização, independente
de qual tipo de entidade for esta, a Contabilidade estará presente.
3.2 EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE
Tão importante quanto o conceito da Contabilidade, necessita-se men-
cionar o caráter evolutivo da Contabilidade ao longo do tempo.
A Contabilidade não surgiu como é vista hoje em dia, trata-se de uma
evolução contínua acompanhando as necessidades e exigências do meio empre-
sarial e social, contudo "não sabemos quem inventou a contabilidade. [...]
Sabemos, porém que sistemas de escrituração por partidas dobradas começaram
21
a surgir gradativamente nos séculos XIII e XIV [...] no norte da Itália" (HENDRIKSEN
e VAN BREDA, 1999, p.39).
O primeiro a cifrar a contabilidade, ainda na Itália (Veneza), foi um frei
franciscano chamado Luca Pacioli, onde, com seu livro "Summa de arithmetica,
geométrica, proportioni et proportionalitá", datado de 1494, proporcionou uma
enorme difusão da essência contábil.
A Summa era principalmente um tratado de matemática, mas incluía uma
seção sobre o sistema de escrituração por partidas dobradas, [...], e
apresentava o raciocínio em que se baseavam os lançamentos contábeis
(HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.39).
Para Drummond (1995) apud Beuren (2003, p.25):
no que tange ao Método das Partidas Dobradas, o Frei Luca Pacioli expôs
a terminologia adotada para o reconhecimento do devedor, Per, para o
credor, A. Estabeleceu que primeiro deve vir o devedor, e depois o credor,
uma prática ainda em uso.
Mesmo a Contabilidade tendo a mesma essência desde a Renascença,
algumas mudanças foram perceptíveis ao longo destes anos.
A primeira mudança é que o principal objetivo da Contabilidade era
produzir informação ao proprietário, sendo assim, as contas eram mantidas em
sigilo (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999).
A segunda mudança é que, ao contrário de antigamente, onde o patrimônio
dos sócios não era distinto claramente do patrimônio da empresa, atualmente há o
Princípio Fundamental de Contabilidade – PFC – da Entidade (fundamentado na
Resolução CFC nº 774/94), onde o patrimônio dos sócios não se confunde com o
da empresa e vice-versa. Em paralelo a isto, a Resolução nº 1121/08 do CFC,
estabelece os pressupostos básicos à Contabilidade, reforçando a fundamentação
para as técnicas contábeis.
Uma terceira mudança refere-se ao chamado exercício contábil, o qual
apurava o lucro de uma empresa somente quando a mesma fosse encerrada,
assim inexistindo a idéia atual de Continuidade das empresas.
A quarta característica "decorre da ausência de uma única unidade
monetária estável" (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.41).
Mesmo a Contabilidade tendo sido concebida na Itália, ou pelo menos
tenha sido difundida por meio de registros históricos, muitas outras civilizações da
Antiguidade contribuíram para esta ciência ser o que hoje é.
22
Segundo Iudícibus (2000, p.30):
a Contabilidade, seja talvez tão antiga quanto a origem do homo sapiens.
Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos da
existência de contas aproximadamente a 4.000 a.C. Entretanto, antes
disso, o homem primitivo, ao inventar o número de instrumentos de caça e
pesca disponíveis, ao contar seus rebanhos, ao contar suas ânforas da
bebidas, já estava praticando uma forma rudimentar de Contabilidade.
Pode-se notar que desde os tempos mais remotos, a humanidade já utilizava
artifícios de controles, assim praticando uma Contabilidade bem embrionária.
No seguimento da evolução cronológica da Contabilidade, os Professores
da FEA/USP (2001, p.282) discorrem que:
No Egito, por volta do ano de 2.000 a.C., historiadores registram a
existência de livros e documentos comerciais e de uma administração
centralizada referente à cobrança de impostos que exigia um complexo
sistema de documentação.
Nesta mesma época na China, segundo Hendriksen e Van Breda (1999,
p.42), "sistemas contábeis sofisticados parecem ter existido [...], e referências
intrigantes denotam uma familiaridade com o sistema de partidas dobradas em
Roma no início da era cristã".
Ainda de acordo com os Professores da FEA/USP (2001, p.282):
a invenção da escrita pelos fenícios por volta de 1.100 a.C., houve a
expansão, ainda que lenta, do conhecimento humano. Com o advento da
moeda e das medidas de valor, finalmente, pôde-se utilizar um sistema de
contas completo e as respectivas contas contábeis.
Outro momento relevante que marca a história da Contabilidade, de acordo
com Beuren (2003), foi a descoberta do 'Papiro de Zenon', o qual demonstra uma
coletânea de mais de mil documentos escrito em 256 a.C. Trazia uma Contabili-
dade já segmentada por departamentos, com níveis de despesa, receita e controle
de estoques. Tal escrito, já contemplava alguns tipos de controle sobre as
transações ocorridas em determinado período.
A Contabilidade sofreu influência árabe também, onde o maior de todos os
matemáticos árabes, Musa Al-Khwarizmi escreveu sua obra 'Al-Jabr Wa'l Mugabala',
sendo esta obra abalizada na descoberta indiana do conceito de zero e, juntamente
com ele, a noção de valor de posição que havia permitido aos estudiosos indianos o
desenvolvimento do sistema numérico que utilizamos atualmente (HENDRIKSEN e
VAN BREDA, 1999).
23
Ainda com referência a contribuição árabe, mesmo após intensas
mudanças na região (guerras por territórios), o conhecimento não se perdeu.
Leonardo Fibonacci de Pisa (1180-1250), que cresceu no norte da África,
aprendeu tanto a língua quanto a matemática dos árabes. Em sua volta para Pisa,
escreveu a obra Libber Abacci, que contribuiu significativamente para a
disseminação do sistema numérico arábico na Europa.
De acordo com Iudícibus (2000, p.40), a obra 'Liber Abacci', escrita por
Leonardo Fibonacci de Pisa trata-se, além da divulgação numérica arábica,
"de práticas comercias [...], pois difundem não apenas o mecanismo de
funcionamento das instituições jurídicas e comerciais, mas também os usos e
costumes do comercio".
Já acelerando mais ainda a linha do tempo que está sendo delineada nesta
pesquisa, outro fato importante para a Contabilidade, logo após a disseminação da
Peste Negrapela Europa, foi o uso generalizado da moeda como denominador
comum, onde, por causa da peste, um terço da população da Europa havia sido
eliminada, começou a declinar o sistema feudal. "A propriedade privada começou a
suplantar a posse conjunta da Idade Média. Em síntese, estavam sendo lançadas
as bases de nossa sociedade" (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.44).
O fim do período Moderno deu-se, conforme SÁ (1997) apud Beuren (2003,
p.25) "com a publicação do livro de Francesco Villa, em 1840, responsável pelo início
de uma nova fase na Contabilidade que perdura até hoje". A obra de Francesco Villa
intitulava-se "La contabilità applicatta alle administrazioni private e pubbliche", a qual
contribuiu para a disseminação da Contabilidade para um público cada vez maior.
"Esse, portanto, foi o mundo no qual a contabilidade nasceu" (HENDRIKSEN e
VAN BREDA, 1999, p.44).
A Contabilidade como vista atualmente é o reflexo de uma evolução
contínua ao decorrer do tempo. Cada vez mais difundida, a Contabilidade teve
como característica sempre se adaptar às novas realidades da época em que figu-
rava, e, como historicamente estas adaptações ocorreram, futuramente há de se
esperar maiores mudanças, já que usuários de diferentes perfis a utilizam, e como
será discorrido no próximo tópico, a Contabilidade tende a adaptar-se de acordo
com a perspectiva de seu usuário.
24
3.3 VERTENTES DA CONTABILIDADE
Na Contabilidade, aparentemente há uma peculiaridade em relação às
demais ciências: tem a característica de adaptar-se de acordo com seu usuário.
De acordo com Horngren, Sundem e Stratton (2004), o tipo de informação
contábil demandada difere de usuário para usuário, ou seja, cada usuário vai
necessitar de uma informação específica para seu uso. Estes usuários é que irão
influenciar a Contabilidade para gerar informações cada vez mais exclusivas,
assim forçando a diversificação da Contabilidade.
3.3.1 Contabilidade Geral ou Financeira
A Contabilidade Financeira é uma vertente da Contabilidade Geral, tendo
esta nomenclatura em função de um dos seus principais propósitos: elaborar e
fornecer relatórios e demonstrativos financeiros ao público externo.
De acordo com Atkinson et al. (2008, p.37), a Contabilidade Financeira:
é o processo de geração de demonstrativos financeiros para públicos
externos, como acionistas, credores e autoridades governamentais. Esse
processo é fortemente limitado por autoridades governamentais que
definem padrões, regulamentações e impostos, além de exigir o parecer
de auditores independentes [...].
Segundo a COSIF, a Contabilidade Financeira tem por objetivo: "coletar dados
das transações econômico-financeiras que afetam o patrimônio da entidade, classi-
ficá-los e registrá-los, fornecendo informações condensadas em forma de relatórios".
Já para Horngren, Sundem e Stratton (2004, p.4), a Contabilidade Finan-
ceira "refere-se à informação contábil desenvolvida para usuários externos, como
acionistas, fornecedores, bancos e agências regulatórias governamentais".
Ambos os autores e instituição supramencionados acordam entre a finali-
dade da Contabilidade Financeira, que, em resumo às idéias expostas, visa
demonstrar por meio de relatórios e demonstrativos econômico-financeiros a situação
da empresa ao público externo (acionistas, governo, fornecedores, bancos, dentre
outros).
Para a Comissão de Valores Mobiliários - CVM, na Deliberação CVM
nº 29/86, o conceito/objetivo da Contabilidade Financeira é:
25
permitir, a cada grupo principal de usuários, a avaliação da situação
econômica e financeira da entidade, num sentindo estático, bem como
fazer inferências sobre suas tendências futuras. Para a consecução desse
objetivo, é preciso que as empresas dêem ênfase à evidenciação de todas
as informações que permitam não só a avaliação de sua situação
patrimonial e das mutações desse patrimônio, mas, além disso, que
possibilitem a realização de inferências sobre seu futuro.
Traçando um paralelo entre os conceitos vistos anteriormente e a Deli-
beração da CVM, pode-se notar que os conceitos em relação a função da Contabi-
lidade Financeira são concernentes, porém, a CVM além de mencionar que a
Contabilidade Financeira evidencia a situação econômico-financeira e patrimonial
por meio de relatórios e demonstrativos, a mesma possibilita que, ao analisar os
dados já ocorridos, possa prever situações futuras, entretanto, esta visão da
Contabilidade se enquadra mais na definição da Contabilidade Gerencial, qual será
discorrida futuramente neste mesmo capítulo.
Para Horngreen, Datar e Foster (2004, p.2), a Contabilidade Financeira:
"concentra-se em demonstrativos para grupos externos, medindo, registrando
transações de negócios e fornecendo demonstrativos financeiros baseados em
princípios contábeis geralmente aceitos (PCGA)".
Vale fazer um parêntese que, no Brasil, as normas que regem a
Contabilidade são os Princípios Fundamentais de Contabilidade – PFC (balizados
na Resolução nº 774/94), ao contrário de países como os Estados Unidos da
América, onde a Contabilidade é regida pelos PCGA.
Segundo Atkinson et al. (2008, p.37):
O processo contábil-financeiro está restrito às exigências obrigatórias de
elaboração de relatórios por parte de autoridades regulamentadoras
externas [...] Como conseqüência, a contabilidade financeira tende a ser
orientada por normas [...].
De maneira geral, nota-se que o objetivo da Contabilidade Financeira se
confunde com o objetivo das demonstrações contábeis que, para fins de publicação
externa, necessitam atender aos Princípios Fundamentais de Contabilidade.
Em resumo ao exposto, a Contabilidade Financeira tem por objetivo
demonstrar por meio de relatórios a situação econômico-financeira e patrimonial da
empresa, sempre com base em informações históricas, ou seja, dando ênfase ao
desempenho passado. É normativa, devendo atender os parâmetros expressos na
legislação vigente, e em consonância aos PFC (no caso do Brasil).
26
3.3.2 Contabilidade Societária
A Contabilidade Societária é uma das diversas ramificações que a
Contabilidade Geral pode assumir.
De acordo com a COSIF:
a dita Contabilidade Societária, como em outras denominações (Finan-
ceira, Gerencial, Fiscal e Tributária, Criativa), é apenas um jargão merca-
dológico utilizado como forma de chamar a atenção para o estudo, neste
caso, das particularidades contidas na Legislação Societária agora resu-
mida no Código Civil Brasileiro e ainda a Lei das Sociedades por Ações
(Sociedades Anônimas).
Ainda segundo a COSIF, com a Contabilidade Societária pode-se verificar a
legislação de constituição das sociedades, envolvendo os agrupamentos ou
conglomerados empresariais, com o estudo da função das controladoras (holding)
e das controladas e coligadas na estrutura organizacional dos grupos de
empresas, assim como verificar a Equivalência Patrimonial e Avaliação e Reava-
liação de Bens (ex.: ativos permanentes, fundo de comércio).
Assim, Contabilidade Societária pode ser conceituada como sendo a
vertente da Contabilidade que visa ofertar informações societárias da empresa,
estudar as estruturas organizacionais (controladoras, controladas e coligadas),
assim como verificação das transações e registros entre tais entidades.
3.3.3 Contabilidade Fiscal ou Tributária
A Contabilidade Fiscal, ou também conhecida como Contabilidade Tributária,
trata da parte da Contabilidade que se encarrega de analisar profundamente a legis-
lação tributária e fazê-la refletir nos registros contábeis.
Segundo Fabretti (1996, p.25), Contabilidade Tributária:
é o ramo da contabilidade que tem por objetivo aplicar na prática
conceitos, princípios e normas básicas da contabilidade e da legislação
tributária, de forma simultânea e adequada.[...]
Como ramo da contabilidade, deve demonstrar a situação do patrimônio e
o resultado do exercício, de forma clara e precisa, rigorosamentede
acordo com os conceitos, princípios e normas básicas de contabilidade. O
resultado apurado deve ser economicamente exato.
27
Entretanto, a legislação tributária freqüentemente atropela os resultados
econômicos para, por imposição legal, adaptá-los a suas exigências e dar-lhe
outro valor (resultado fiscal), que nada tem a ver com o resultado contábil.
[...] é comum que empresa com prejuízo econômico, ao qual o fisco
manda acrescentar despesas que considera indedutíveis, chega a
apresentar um lucro fiscal que recebe o nome de 'lucro real'!.
De acordo com o referido autor acima, o objeto da Contabilidade Fiscal ou
Tributária é:
apurar com exatidão o resultado econômico do exercício social,
demonstrando-o de forma clara e sintética [...], atender de forma extra-
contábil as exigências das legislações [...]" (FABRETTI, 1996, p.27).
Desta forma, entende-se que a Contabilidade Fiscal ou Tributária é
encarregada da análise das contas de resultado da empresa, a qual deverá ser
examinada de acordo com a legislação vigente, para que se apure corretamente
os impostos.
3.3.4 Contabilidade de Custos
Outra subdivisão que da Contabilidade é a chamada Contabilidade de Custos.
Segundo Horngren, Datar e Foster (2004, p.2-3), a Contabilidade de Custos:
fornece informações tanto para a contabilidade gerencial quanto para a
financeira. Mede e relata informações financeiras e não-financeiras
relacionadas ao custo de aquisição ou à utilização de recursos em uma
organização; inclui aquelas partes, tanto da contabilidade gerencial quanto
da financeira, em que as informações de custos são coletadas e analisadas.
Já para a COSIF, a Contabilidade de Custos visa:
fornecer informações sobre a utilização de bens e serviços na produção
de outros bens ou serviços no ambiente onde são gerados, direcionados
para o fornecimento de subsídios para análise e avaliação do desem-
penho e da produtividade.
Ambos referenciais supracitados discorrem que a Contabilidade de Custos
fornece informação, tanto gerencialmente quanto financeiramente, sobre a
utilização dos recursos (materiais, mão-de-obra, entre outros) na produção de bens
e serviços de uma organização. Segundo tais informações, o gestor/administrador
terá como analisar o desempenho produtivo da empresa.
28
De acordo com Neves e Viceconti (1998, p.6):
A Contabilidade de Custos, nos seus primórdios, teve como principal função a
avaliação de estoques em empresas industriais, uma vez que envolve muito
mais que a simples compra e revenda de mercadorias, são feitos
pagamentos a fatores de produção, tais como salários, aquisições e utilização
de matérias-primas etc. Ademais, estes gastos devem ser incorporados ao
valor dos estoques das empresas no processo produtivo [...].
Complementando:
A Contabilidade de Custos, cuja função inicial era de fornecer elementos
para avaliação dos estoques e apuração do resultado, passou, nas
últimas décadas, a prestar duas funções muito importantes na Contabili-
dade Gerencial: a utilização dos dados de custos para auxílio ao controle
e para tomada de decisões (NEVES e VICECONTI, 1998, p.8).
Conforme mencionado, a Contabilidade de Custos fornece informações
referentes à utilização de recursos no processo produtivo, proporcionando
informações à Contabilidade Gerencial, auxiliando assim na tomada de decisão dos
gestores.
3.3.5 Contabilidade Gerencial
A Contabilidade Gerencial, para muitos, é um mero jargão de mais uma
vertente da Contabilidade (COSIF). Entretanto este ramo parece ser muito utilizado
e difundido nas grandes empresas, principalmente multinacionais, porém não
parecem ser tão utilizado nas Micro e Pequenas Empresas.
Conceitualmente, Contabilidade Gerencial segundo a visão de Atkinson et
al. (2000, p.36):
é o processo de produzir informação operacional e financeira para funcio-
nários e administradores, tal processo deve ser direcionado pelas
necessidades informacionais dos indivíduos internos da empresa e deve
orientar suas decisões operacionais e de investimentos.
Já para a COSIF, Contabilidade Gerencial:
é a parte da Contabilidade que se refere o fornecimento de informações e
de subsídios para a tomada de decisões de caráter corrente e as de
natureza estratégicas permitindo também efetuar avaliações de
desempenho e fixação do preço de venda baseado no custo, no mercado
e no concorrente [...].
29
Na visão de Horngren, Sundem e Stratton (2004, p.4):
Contabilidade Gerencial é o processo de identificar, mensurar, acumular,
analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os
gestores a atingir objetivos organizacionais.
Para Ricardino (2005, p.9):
a contabilidade gerencial, num sentido mais profundo, está voltada única e
exclusivamente para a administração da empresa, procurando suprir
informações que se 'encaixem' de maneira variável e efetiva no modelo
decisório do administrador.
Pôde-se notar que os autores ao conceituarem Contabilidade Gerencial
utilizaram de uma mesma linha de raciocínio: do pressuposto que a Contabilidade
Gerencial serve de ferramenta de tomada de decisão. Porém não se pode resumir
tanto o campo de atuação desta vertente da Contabilidade.
De acordo com Neves e Viceconti (1998), a Contabilidade Gerencial não
se atém apenas nas informações produzidas, desenvolvidas dentro da Contabi-
lidade, mas também se ampara de outros campos do conhecimento não vinculados
diretamente à área contábil, como exemplo a administração financeira, estatística,
análise financeira, dentre outros.
Segundo Lopes e Martins (2005, p.95), concernentes ao enfoque acima
citado, discorrem que:
[...] podemos identificar duas atividades básicas que devem ser realizadas
para que as corporações atinjam seus objetivos: coordenação e
motivação. As várias atividades da firma precisam ser adequadamente
coordenadas e os gestores e demais envolvidos precisam estar motivados
para a realização de suas funções. Para a realização dessas funções, um
elemento é primordial: informação. Para que as atividades sejam bem
coordenadas, os gestores precisam receber informações sobre seu
desenvolvimento. Para que esses mesmos gestores adequadamente
motivados, é necessário que sistemas [...] sejam implementados como
base para a remuneração. Assim, as firmas precisam de sistemas
capazes de fornecer informações com a finalidade de coordenação e
motivação dos agentes econômicos envolvidos em suas atividades. Daí
surge a contabilidade gerencial.
Conforme Iudícibus (1998, p.21):
A Contabilidade Gerencial pode ser caracterizada, superficialmente, como um
enfoque especial conferido as várias técnicas e procedimentos contábeis já
conhecidos e tratados na Contabilidade Financeira, na Contabilidade de
Custos, na Análise Financeira de Balanços etc. Colocados numa perspectiva
[...] e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das
entidades em seu processo decisório.
30
Os últimos enfoques supracitados diferenciam-se dos demais, pois
ampliam a Contabilidade Gerencial como sendo uma técnica que não se utiliza
apenas das informações da Contabilidade convencional, mas também de outras
áreas da empresa, sendo muito mais abrangente do que apenas analisar registros
contábeis para tomada de decisão futura. Desta forma, a Contabilidade Gerencial
pode-se até a vir a ser confundida com a área de conhecimento de Administração
de Empresas.
Reforçando a idéia acima citada de Lopes e Martins (2005), para se ter uma
influente Contabilidade Gerencial, necessita-se de um bom sistema de Contabilidade
Gerencial, o qual, segundo Atkinson et al. (2000, p.36) é conceituado como:
[...] sistemas de informação que relatam os custos de atividades,
processos, produtos, serviços e clientes da empresa, que são usados
para uma variedade de tomadas de decisão e de melhorias de atividades.
Tais sistemas de informação, segundo Horngren, Datar e Foster (2004),
deverão ser elaboradosde acordo com os anseios dos administradores da
empresa, sendo os mais comuns (a seguir comentados):
• foco no cliente;
• cadeia de valor e análise da cadeia de suprimentos;
• fatores críticos de sucesso;
• melhoria contínua e benchmarking.
FIGURA 1 - TEMAS-CHAVES NA TOMADA DE DECISÃO GERENCIAL
Foco no cliente
Fatores críticos de sucesso
Cadeia de valor e análise
da cadeia de suprimentos
• Custo e eficiência
• Qualidade
• Tempo
• Inovação
Melhoria contínua
e benchmarking
FONTE: Horngren, Datar e Foster (2004, p.8)
3.3.5.1 Foco no cliente
No mercado cada vez mais concorrido, alguns artifícios utilizados pelo
planejamento das empresas podem trazer benefícios para a competitividade
destas. Um desses artifícios é focar no cliente.
31
De acordo com Horngren, Datar e Foster (2004), foco no cliente refere-se a
adicionar valor para o cliente, defendendo sempre a satisfação do cliente nas
transações entre ambas as partes (fornecedor e cliente).
"O sistema de contabilidade gerencial também deve acompanhar se as
funções internas do negócio adicionam valor para os clientes" (HORNGREN, DATAR
e FOSTER, 2004, p.8).
Assim, a Contabilidade Gerencial deverá administrar como está a satis-
fação do cliente para com a empresa.
3.3.5.2 Cadeia de valor e análise da cadeia de suprimentos
Outro artifício utilizado pelo planejamento é a cadeia de valor e a análise
da cadeia de suprimentos da empresa.
"Cadeia de valor refere-se à seqüência de funções de um negócio em que
são adicionadas utilidades aos produtos e serviços de uma empresa" (HORNGREN,
DATAR e FOSTER, 2004, p.8).
Na cadeia de valor, conforme a figura 2, a Contabilidade Gerencial estará
influenciando todos os processos nos diferentes níveis de processo do produto. Onde
estiver sendo adicionado valor ao produto, lá estará a Contabilidade Gerencial
influenciando o processo.
Segundo Horngren, Datar e Foster (2004, p.9):
cadeia de suprimentos descreve o fluxo de bens, serviços e informações
das fontes iniciais de materiais e serviços até a entrega dos produtos aos
consumidores, independente se essas atividades ocorreram na mesma
organização ou em outras.
A cadeia de suprimentos visa mapear qual o fluxo dos materiais e serviços
para a produção de um determinado bem ou outro serviço.
32
FIGURA 2 - PARTES DE UMA CADEIA DE VALORES
Pesquisa e
desenvolvimento
Planejamento de
produtos, serviços
ou processos
Produção Marketing Distribuição Serviço ao cliente
Contabilidade gerencial
FONTE: Horngren, Datar e Foster (2004, p.8)
3.3.5.3 Fatores críticos de sucesso
Os fatores críticos de sucesso são um ponto relevante a ser estudado para
o desenvolvimento de um sistema de informações contábeis.
De acordo com Horngren, Datar e Foster (2004), os principais fatores
críticos de sucesso de uma empresa são: custo e eficiência, qualidade, tempo e
inovação.
• Custo e eficiência: "as companhias enfrentam contínua pressão para
reduzir o custo os produtos e serviços que vendem" (HORNGREN,
DATAR e FOSTER, 2004, p.9).
Desta forma, os empresários terão que equacionar uma forma de que, se
reduzirem custos, não sofrerão impacto na eficiência do serviço prestado
ao cliente, assim, entende-se que o primeiro custo a ser combatido é custo
do retrabalho.
• Qualidade: "os clientes esperam altos níveis de qualidade [...] Os
contadores gerenciais avaliam os custos e os benefícios de receita com
as iniciativas de programas de qualidade total" (HORNGREN, DATAR e
FOSTER, 2004, p.10).
Assim, entende-se que programas de qualidade total, sistemas de
qualidade, certificados ISO 9001 são fundamentais neste processo de
gerenciamento.
• Tempo: como o mercado é impetuoso, os empresários deverão adaptar-
se seus processos produtivos para que se produza em ciclos mais
curtos, assim disponibilizando produtos para o mercado (HORNGREN,
DATAR e FOSTER, 2004).
33
As empresas, segundo exposto, devem se adaptar para atender as
demandas no prazo estipulado nos pedidos. Para isso, lançam do artifício
de reduzir os ciclos produtivos, para conseguirem produzir com tempo.
• Inovação: "um fluxo constante de produtos ou serviços inovadores é a
base para o sucesso contínuo de uma empresa" (HORNGREN, DATAR e
FOSTER, 2004, p.10).
Sendo assim, é de suma importância que a empresa sempre esteja
inovando, buscando novos produtos ou ofertar serviços diferenciados,
para não perderem mercado em relação a concorrentes.
De forma geral, Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10), comentam que "o
contador gerencial ajuda os administradores a avaliar as decisões de inves-
timentos, alternativas, e as decisões de pesquisa e desenvolvimento, e, também, a
acompanhar o desempenho dos fatores críticos de sucesso [...]".
O contador voltado para a área gerencial acompanhará a performance dos
fatores críticos de sucesso aqui expostos.
3.3.5.4 Melhoria contínua e benchmarking
Melhoria contínua está ligada diretamente com o foco no cliente, pois, para
satisfazer os anseios do cliente, de certa forma, a empresa estará melhorando
algum processo produto.
Segundo Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10), "a melhoria contínua dos
competidores cria uma incessante demanda por níveis mais elevados de
desempenho para satisfazer o cliente". Desta forma, os empresários que não
estiverem aptos a melhorarem continuamente seus processos, ficarão defasados
em relação às expectativas do mercado.
Ainda para Hornegren, Datar e Foster (2004, p.10):
Os alvos de contínuas melhoras são freqüentemente estabelecidos por
meio de benchmarking, ou seja, a medição da qualidade de produtos,
serviços e atividades da companhia, contra os melhores níveis de
desempenho encontrados em empresas competitivas.
Benchmarking mede, compara os produtos ofertados pela empresa com os
melhores produtos já inseridos no mercado, sendo estes últimos, base para
comparação, onde, deste comparativo, tem-se a percepção do que o produto pode
ser melhorado para galgar mais mercado.
34
3.4 DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE SOCIETÁRIA/FINANCEIRA E
CONTABILIDADE GERENCIAL
Conforme ponderamento anteriormente feito no item 3.3, dentre as
diversas vertentes que a Contabilidade pode assumir (financeira, societária, fiscal/
tributária, custos e gerencial, as quais devidamente comentadas, e também outras
como criativa, pública), há maior destaque pela Contabilidade Financeira e Socie-
tária, pois são as mais difundidas no meio contábil. A Contabilidade Gerencial
denota-se, que vem se destacando e demandando cada vez mais por profissionais
aptos para contribuir na gestão das empresas.
Para melhor fundamentar tal afirmação, Neves e Viceconti (1998, p.8)
discorrem que:
a Contabilidade Gerencial é relativamente recente entre nós e pode-se
afirmar que a Contabilidade Financeira é muito mais difundida e estudada
que a Gerencial embora, [...], esta última seja estratégica na tarefa de
fornecer subsídios à administração da empresa.
Para diferenciar tais tipos de Contabilidade, é importante primeiramente
entender o foco de cada uma, e entender a evolução para a Contabilidade
Gerencial, que é o ramo que vem sendo mais utilizada por grandes empresas, e
em contraste, minimamente utilizada pelas Micro e Pequenas Empresas.
Mas primeiramente, surgem as indagações: a Contabilidade não é única?
Por que separá-la entre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial? Qual
finalidade desta distinção?
De acordo com a Revista Contabilidade & Finanças FIPECAFI-FEA-USP,
v.18, n.44, 2007:
a separação nos dois grupos decorre do entendimento de que os usuários
são diferentes, que apresentam distinções significativas em suas neces-
sidades, perspectivas e expectativas de utilização das informações contábeis.
Ambos os grupos pretendem utilizar a Contabilidade como fonte básica no
processo decisório, mas, não necessariamente, da mesma forma.
Ainda seguindo a linha de raciocínio da revistasupra mencionada, para
diferenciar os tipos de usuários basta olhar a porta de uma organização: para dentro
da organização existem os usuários internos, e para fora os usuários externos.
As necessidades destes usuários são distintas, portanto, cada grupo de
usuários necessitará de informações sob óticas diferentes.
35
Deste modo, a Contabilidade, como anteriormente visto, pode ter várias
ramificações, as quais se diferem pelo seu destino final, ou seja, de certo modo a
Contabilidade tem a capacidade de se adaptar conforme a demanda e percepção de
seu usuário, por isso que a Contabilidade Gerencial cada vez mais vem ganhando
espaço importante dentro das empresas, pois nem todos os pontos de vistas dos
usuários são iguais.
3.4.1 Quebra de Paradigma: Duas Novas Contabilidades
Com o surgimento das grandes corporações, a partir do final do século XIX,
surgiu uma nova forma de sociedade, como conseqüência futura, um novo tipo de
Contabilidade.
Onde antes existiam, em sua grande maioria, empresas familiares, o qual o
próprio dono se dedicava a gerir a empresa e ao mesmo tempo estar frente à
manufatura, o mercado foi se inovando, necessitando de produtos cada vez mais
elaborados, assim carecendo de investimentos mais pesados em manutenção e
desenvolvimento do processo produtivo.
De acordo com Ricardino (2005), assim surgiu a figura do sócio capitalista,
pois de um lado estavam aqueles que detinham capital, porém não participavam do
processo fabril, e de outro, os gestores da atividade produtiva que com seu capital
próprio, no entanto, não conseguiam prover investimentos necessários para o
incremento do processo produtivo que vinha acontecendo.
Deste modo, com o sócio capitalista participando das corporações, provocou
certa pressão sobre estas, havendo a necessidade de se demonstrar periodicamente,
o resultado do capital destes investimentos externos.
Até a ascensão do sócio capitalista, os empresários, segundo Ricardino
(2005, p.244):
não possuíam qualquer necessidade de prestar contas a terceiros e
mantinham o registro de suas atividades segundo critérios pessoais, que
atendiam perfeitamente bem a seus objetivos, não sofrendo imposições
de qualquer natureza.
Como não havia padrões, normas técnicas e reguladoras que orientassem
as informações a serem divulgadas, muito menos a conscientização dos gestores
36
da época em repassar as informações para seus investidores, criava-se um 'cabo-
de-guerra', onde numa ponta estavam os investidores vívidos por informações de
seus capitais aplicados, e noutra ponta, os empresários, que além de relutantes
para prestar tais informações, não possuíam conhecimento e/ou recursos
suficientes para tal feito.
Esta situação levantou a preocupação em regulamentar as demonstrações
contábeis e assim, a uniformidade de atividades.
Essa situação abriu novas perspectivas legais e profissionais, princi-
palmente nos Estados Unidos, onde o desenvolvimento industrial alcan-
çava uma escala sem precedentes quando comparado a qualquer outro
lugar do mundo. Assim, a partir do início do século XX, a atividade
contábil tornou-se matéria de ensino universitário, e aqueles que apren-
deram essa nova disciplina passaram a aplicá-la de forma a atender as
normas estabelecidas para fins societários (RICARDINO, 2005, p.244).
Assim, neste contexto surgiria a Contabilidade Societária ou Financeira,
como muitos a conhecem, pois, havia o usuário externo necessitando de infor-
mações, onde fez com que a Contabilidade se adaptasse a esta exigência.
Meio século de desenvolvimento tecnológico elevado, após duas grandes
guerras mundiais, abriu campo para o aparecimento de uma infinidade de novos
empreendimentos constituídos a partir do capital de terceiros.
A necessidade de informações que evidenciassem os resultados dos
investimentos foi primordial para a mudança de antigos conceitos contábeis, voltados
ao gerenciamento da produção, por outros dirigidos à prestação de contas ao
acionista. Faz-se assim mais um parêntese para nova Contabilidade – a Contabilidade
Financeira – a qual já havia sido esboçada, e vinha maturando ao longo do tempo.
"Após a II Guerra Mundial, a necessidade de equacionar os custos e
melhorar a atividade gerencial levou profissionais e acadêmicos a questionar a
validade da contabilidade societária para fins de gestão e decisão" (RICARDINO,
2005, p.244-245).
Deste ponto em diante, iniciavam as pesquisas de novas formas de emprego
da Contabilidade. Para alguns autores, estava surgindo um novo tipo de Contabili-
dade, a qual, para ser diferenciada da Contabilidade Societária ou Financeira, recebeu
o jargão de management accounting (em português Contabilidade Gerencial), sendo
este período batizado como a primeira fase da Contabilidade Gerencial conforme
Ricardino (2005).
37
3.4.2 Principais Diferenças Entre as Duas Novas Contabilidades:
Financeira x Gerencial
Sabendo-se os motivos da ramificação da Contabilidade entre Financeira e
Gerencial, pode-se agora delimitar minuciosamente as diferenças observadas
entre estas duas técnicas que a Contabilidade usa de subterfúgio para não deixar
de atender as necessidades de seus usuários.
Diferenciação é aparentemente percebida como a utilização predominante
de certos fatores por parte de uma das Contabilidades em relação à outra
(RICARDINO, 2005).
Tal diferenciação vai variar também de usuário para usuário, pois se
percebe que a Contabilidade pode se adaptar, assim sendo, cada Contabilidade
será única e exclusiva para cada usuário.
A seguir, de acordo com os conceitos demonstrados no item 3.3. sobre as
vertentes da Contabilidade, serão apresentadas algumas das peculiaridades mais
significativas entre a Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial.
A primeira diferença é em relação ao usuário da informação. Enquanto a
Contabilidade Financeira lida com a elaboração e a divulgação de informações
econômico-financeiras para o público externo à entidade (acionistas, bancos,
fornecedores, etc.), a Contabilidade Gerencial se atém em fornecer informações ao
público interno da organização (funcionários, gerentes, executivos).
A segunda diferença encontrada é em relação à liberdade de escolha. A
Contabilidade Financeira "está restrita às exigências obrigatórias de elaboração de
relatórios por parte das autoridades regulamentadoras externas" (ATKINSON et al.,
2008, p.37), enquanto que para a Contabilidade Gerencial não possui legislação
que a regulamente nem imponha práticas contábeis específicas. Resumidamente,
na Contabilidade Financeira a aderência é compulsória aos princípios contábeis
vigentes na legislação por seu viés normativo, enquanto na Contabilidade
Gerencial há a liberdade por adotar um certo modelo ou outro de gerenciamento
sem a prerrogativa de punição pelo não cumprimento de algum critério, pois tais
critérios não são formalizados, possuindo apenas um viés convencionalista.
Em consonância às diferenças antes demonstradas, a Revista Contabili-
dade & Finanças FIPECAFI-FEA-USP, v.18, n.44, 2007, expõe que:
em termos de unidade de mensuração, a moeda utilizada na Contabili-
dade Financeira é a moeda local, do país. Por sua vez, na Contabilidade
Gerencial, qualquer moeda pode ser usada e pode considerar, inclusive,
unidades de mensuração não-monetárias [...].
38
Assim, a terceira diferença encontrada está relacionada diretamente com a
normatividade da Contabilidade Financeira, pois a legislação, no caso do Brasil,
explicita que os registros contábeis deverão ser feitos em moeda funcional do país,
ou seja, em Reais. Já a Contabilidade Gerencial não tem esta necessidade,
podendo ser escriturada em qualquer moeda que se queira, ou em unidades de
mensuração como visto na citação anterior.
Sendo como a quarta divergência entre as duas ênfases da Contabilidade é
segundo o propósito e o horizonte temporal. Nestes aspectos a Contabilidade
Financeiraencontra-se enquadrada como uma Contabilidade histórica, onde se
baseia em fatos já ocorridos, em fatos do passado, deste modo relatando o desem-
penho incorrido de algum tempo já findo. A Contabilidade Gerencial se baliza no
presente e projeta o futuro, desta forma, analisa o contexto atual prevendo possíveis
acontecimentos e assim auxiliando na tomada de decisão dos gestores (ATKINSON et
al., 2008).
A quinta diferença passível de análise é o grau de confiabilidade da Contabi-
lidade. Esta confiabilidade está relacionada à objetividade e verificabilidade, sendo
esta verificabilidade é testada mais comumente por algum tipo de auditoria na
Contabilidade Financeira. Já na Contabilidade Gerencial, como é uma área da Conta-
bilidade muito subjetiva pela não normatização dos processos, a auditoria se mostrará
diferente, pois irá verificar se as regras estipuladas para este sistema de Contabilidade
estão sendo cumpridas, tornando mais complicada tal análise pela falta de subter-
fúgios materiais (legislação) para tal julgamento.
O sexto ponto de divergência: profissional especializado. A Contabilidade
Financeira tem a característica de ser evidenciada por meio de relatórios e
demonstrações contábeis, sendo de responsabilidade e autoridade de profissionais
Bacharéis em Ciências Contábeis devidamente registrados no CRC -Conselho
Regional de Contabilidade. Na Contabilidade Gerencial, o profissional responsável
pela escrituração e divulgação não requer que necessariamente seja a figura do
Contador, podendo ser qualquer outro profissional a desenvolver e ser responsável
pelos registros contábeis gerenciais podendo ser, por exemplo, o próprio
administrador da empresa.
O quadro 1 traça um paralelo entre as principais diferenças aqui apontadas
entre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial.
39
QUADRO 1 - PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL
PONTO DE VISTA CONTABILIDADE FINANCEIRA CONTABILIDADE GERENCIAL
Usuários Externos: acionistas, bancos,
fornecedores.
Internos: funcionários, gerentes, executivos.
Escrituração Normativa: baseada na legislação e
princípios definidos.
Desregulamentada: usa de modelos já utilizados
ou por modelos definidos pela administração.
Mensuração de Valor
Moeda funcional do país conforme
explícito na legislação.
Livre arbítrio, conforme estipulado pela
administração, podendo ser em unidades não-
monetárias.
Propósito e Horizonte
Temporal
Histórica, dando ênfase ao desempenho
passado.
Atual, dando ênfase aos fatos presentes e
projeções futuras.
Grau de Confiabilidade Maior grau de confiabilidade, devido a
auditorias conforme legislação.
Menor grau de confiabilidade, pois não há
legislação vigente que obrigue auditorias.
Profissional Capacitado Bacharel em Ciências Contábeis com
registro no CRC.
Qualquer profissional apto e concernente com
sistema de Contabilidade Gerencial.
FONTE: Os autores
3.5 O QUE É MICRO E PEQUENA EMPRESA? QUAIS BENEFÍCIOS LEGAIS
POR TAL ENQUADRAMENTO?
Considerando que o tema desta pesquisa refere-se "A Importância da
Contabilidade Gerencial para as Micro e Pequenas Empresas no Século XXI no
Brasil", faz-se necessário dissertar sobre o conceito de Micro e Pequena Empresa,
bem como qual benefício legal por tal enquadramento.
Essencialmente, para a individualização das Micro e Pequenas Empresas
(MPE's) no Brasil, carece a elaboração de algumas análises iniciais em analogia ao
seu posicionamento distinto na economia, de acordo com pesquisa do SEBRAE
(2007), como:
• não são empresas ditas organizadas, fogem da departamentalização ou
segmentação de setores, assim, não servindo de base para comparação
com grandes empresas, pois não se tratam de organizações grandes
em miniatura;
• em geral, atuam no mercado de bens, produtos e serviços, com
volatilidade de demanda;
• baixa dificuldade para entrar no mercado, porém, há forte concorrência
entre as empresas, sejam grandes, médias, pequenas ou micro empresas;
• alta dificuldade de se manter "viva", onde grande parte das empresas
encerram as atividades em menos de dois anos.
40
Assim percebe-se que boa parte das empresas existentes no Brasil se
enquadram como MPE's, deste modo, sendo responsáveis por grande número das
oportunidades de emprego no país, sendo de suma importância o estimulo e
incentivos a estes Micro e Pequenos Empresários.
Estas pequenas organizações são bem vistas, pois promovem fortes
modificações tecnológicas no mercado, porém, em contra-partida, sob a ótica
clássica, incidem em custos excessivos para a economia como resultado de
escalas de produção ineficientes (SEBRAE, 2007).
Tais empresas, em seus primeiros anos de vivência, são muito inseguras
em relação às vendas de seus produtos, movimentação do mercado, clientes,
localização, muito dos motivos que não permitam que tais empreendimentos
sobrevivam no longo prazo, tenha analogia com o próprio arcabouço técnico, de
gestão e a competência do empresário.
Em paralelo a este contexto de gestão de empresa, é importante discorrer
sobre a ótica da legalidade, ou seja, perante a legislação vigente qual o tratamento de
Micro e Pequenas Empresas, e no que as mesmas podem se beneficiar, para que,
em longo prazo, possam firmar-se no mercado competitivo que se denota atualmente.
Como prevenção da falência prematura das empresas, a Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) – no caput do art. 179, elucida
que:
Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão
às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei,
tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de
suas obrigações administrativas, tributáveis, previdenciárias e creditícias, ou
pela eliminação ou redução destas por meio de lei.
Quando escrita, a CRFB/88 já previa que as MPE's poderiam sofrer
dificuldades, assim assegurou-lhes benefícios, que de certa forma, com a criação
da Lei Complementar Federal nº 123/06, a chamada "Lei Geral das Micro e
Pequenas Empresas", só veio a confirmar tal zelo.
A Lei Complementar - LC nº 123/06, já em seu caput, elucida para qual fim
foi elaborada: "Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte".
Tal dispositivo legal foi criado com o intuito de fortalecer as MPE's, estabe-
lecendo tratamento diferenciado que serviu de oportunidade para as empresas que
41
se enquadrarem nesta faixa, de certa forma, manter-se na legalidade, com suas
obrigações em dia perante o Fisco. Outro ponto relevante é que tal LC serviu
também para a diminuição da carga tributária para estas pequenas organizações,
pois instituiu o chamado Simples Nacional, o qual simplificou a arrecadação de
impostos e diminuiu a carga tributária sobre os pequenos empresários.
Art. 1º. Esta Lei Complementar estabelece normas gerais relativas ao
tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas
e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios [...] (LC nº 123/06).
No capítulo II da Lei Complementar em comento, é tratada a definição de
Micro e Pequena Empresa, o qual é interessante para o objeto deste tópico.
Para a LC nº 123/06, o enquadramento de MPE's configura-se conforme
segue:
Art.3º. Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microem-
presas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a socie-
dade simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406,
de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro de
Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme
o caso, desde que:
 I - no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela
equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou
inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);
II - no caso

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