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MATERIAL DE APOIO Administração de Materiais e Patrimoniais NEMIAS FIGUEIREDO CARDOSO 2 CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PLANO DE DISCIPLINA DISCIPLINA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E PATRIMONIAIS CURSO Administração CARGA HORÁRIA EMENTA Evolução e conceitos de administração de materiais. Funções e objetivos da administração de materiais. Localização e alcance da administração de materiais nas organizações. Armazenamento de materiais. Logística. A função compras. A organização e o pessoal de compras. Compra na quantidade certa. Compra no preço certo. Fontes de fornecimento. Organizações alternativas para compras. Fabricar ou comprar. Terceirização. IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR A disciplina contribui para a preparação pessoal, profissional e acadêmica, por meio de discussão sobre os enfoques que norteiam a Administração de Materiais e Patrimoniais, além de favorece a organização do trabalho diário em sala de aula, complementando, assim, a formação básica necessária ao curso. OBJETIVO GERAL Promover a qualificação e/ou aperfeiçoamento de docentes, através do conhecimento das propostas teóricas e metodológicas que embasam as mais recentes teorias sobre Administração de Materiais e Patrimoniais; Proporcionar uma reflexão crítica acerca de um melhor gerenciamento de material e patrimônio, no âmbito privado e público; METODOLOGIA � Método expositivo e interativo; � Discussão de textos a partir de leituras individuais e/ou coletivas; � Resolução de exercícios; � Apresentação de seminários; � Produção de trabalhos individuais e/ou grupais. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO � Pontualidade e assiduidade; � Participação nas discussões e nos trabalhos individuais e grupais; � Atividades Complementares; � Seminários; � Avaliação individual de conhecimentos; BIBLIOGRAFIA ARNOLD, JRT. Administração de materiais: uma introdução. São Paulo: Atlas; 1999. CHIAVENATO, Idalberto. Iniciação a Administração de Materiais. São Paulo: Makron, McGraw- Hill, 1991. CHING, H Y. Gestão de Estoques: na Cadeia de Logística Integrada. São Paulo: Atlas, 1999. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1993. FERNANDES, José Carlos de F. Administração de Material: uma abordagem básica. São Paulo: Atlas, 1987. FRANCISCHINI, PG; GURGEL, FA. Administração de materiais e do patrimônio. São Paulo: Pioneira Thonson, 2002. GOMES, Josir Simeone; SALAS, Joan M. Amat. Controle de Gestão: um enfoque contextual e organizacional. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 1999. GURGEL, Floriano C. A. Administração dos Fluxos de Materiais e Produtos. São Paulo: Atlas, 1996. HAMEL, G; PRAHALAD, C. K. Competindo pelo Futuro. Ed. Campus, RJ, 1995. MARTINS, Petrônio Garcia; CAMPOS, Paulo Renato. Administração de Materiais e Recursos 3 Patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2000. MOREIRA, Daniel Augusto. Introdução a Administração da Produção e Operações. São Paulo: Pioneira, 1998. MOURA, Reinaldo A. Armazenamento e Distribuição Física. São Paulo: IMAM, 1997. PATERNO, Dario. A Administração de Materiais no Hospital: compras, almoxarifado e farmácia. São Paulo: Centro São Camilo de Desenvolvimento em Administração da Saúde, 1997. POZO, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais – Uma Abordagem Logística. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002. SLACK, Nigel et alli. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1997. STONER, James A. e FREEMAN, R. Edward. Administração. 5ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 1999. VIANA, João José. Administração de Materiais – Um Enfoque Prático. São Paulo: Atlas, 2002. 4 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................... 6 1 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO ...................................................................................................... 8 1.2 FUNÇÕES E OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS ........................................................................... 12 1.2.1 Terminologias utilizadas na Administração de Materiais e Patrimônio ............................................................ 13 1.3. ARMAZENAMENTO, LOCALIZAÇÃO E ALCANCE DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS NAS ORGANIZAÇÕES ............................................................................................................................................................. 15 1.3.1 Sistema de Utilização em Pallets de madeira .................................................................................................. 18 1.3.2 Sistema de Utilização em Pallets de plástico .................................................................................................. 18 1.3.3 Sistema de Utilização em Pallets de metal. ..................................................................................................... 19 1.3.4 Equipamentos de Movimentações ................................................................................................................... 19 1.3.4.1 Carrinho Hidráulico ................................................................................................................................. 19 1.3.4.2 Empilhadeiras Manuais ........................................................................................................................... 20 1.3.4.3 Empilhadeiras Elétricas com Patolas ...................................................................................................... 20 1.3.4.4 Empilhadeiras Laterais ............................................................................................................................ 20 1.3.5 Cores de Segurança ........................................................................................................................................ 21 2 LOGÍSTICA .................................................................................................................................................................... 24 3 A FUNÇÃO COMPRAS ................................................................................................................................................. 30 3.1 A organização e o pessoal de compras .............................................................................................................. 32 3.2 Compra na quantidade certa .............................................................................................................................. 35 3.3 Compra no preço certo ....................................................................................................................................... 36 3.4 Fontes de fornecimento ...................................................................................................................................... 36 3.4.1 Etapa 1 - Levantamento e Pesquisa de Mercado ...................................................................................... 37 3.4.2 Etapa 2 - Análise e Classificação ............................................................................................................... 37 3.4.3 Etapa 3 - Avaliação de Desempenho ......................................................................................................... 37 3.5 ORGANIZAÇÕES ALTERNATIVAS PARA COMPRAS ..................................................................................... 38 3.5.1 Vantagens de Centralizar ........................................................................................................................... 39 3.5.2 Desvantagensem Centralizar .................................................................................................................... 39 3.6 Fabricar ou comprar ........................................................................................................................................... 39 4 TERCEIRIZAÇÃO .......................................................................................................................................................... 41 5 “Aprender sobre o futuro envolve duas importantes etapas. Uma é compreender a gama de possibilidades e a outra é estar pronto para operar de forma eficiente dentro desta gama.” Jonh Peters “AS PESSOAS SÃO NOSSO PRINCIPAL ATIVO”. Peter Drucker (1973) 6 INTRODUÇÃO As empresas são organizações sociais que utilizam determinados recursos para atingir determinados objetivos. Elas existem para produzir alguma coisa. As empresas exploram um determinado negócio para alcançar os objetivos desejados, que podem ser lucro ou atendimento de determinadas necessidades da sociedade (empresas sem fins lucrativos). As empresas constituem sistemas abertos em constante e complexo intercâmbio com o seu ambiente externo, obtendo dele os recursos, processando e transformando e a ele devolvendo-os. A relação de entradas e saídas fornece a indicação de eficiência do sistema, isto e, quanto maior o volume de saídas em relação a um determinado volume de entradas, mais eficiente será o sistema. Em contrapartida, a eficácia reside na relação entre as saídas e os objetivos que se pretende alcançar. Isso significa que quanto mais saídas alcancem os objetivos propostos tanto mais eficaz será o sistema. (A eficiência significa a utilização adequada dos recursos, e a eficácia significa o alcance dos objetivos propostos). A ciência da administração apoia-se no seguinte tripé: � Finanças = mola propulsora � Material = condição para o processo produtivo � Pessoal = responsável por acionar o processo produtivo Para que exista uma administração perfeita, é necessária uma harmonia entre essas 3 áreas, ou seja, elas deverão estar de tal forma entrosadas que uma fique dependente da outra, uma vez que se entrelaçam e se confundem dentro do fluxo administrativo. Nada se pode fazer sem capital, bem como sem material. Somente com esses dois, não temos condições de administrar, pois ha falta do elemento humano que ira acionar todo o processo produtivo. Não devera existir diferença no nível hierárquico entre estas áreas, pois tem a mesma importância para o bom funcionamento da empresa. 7 A presente construção tem como consequência às preocupações decorrentes de observações e constatações, de que pouco se sabe acerca da dimensão das atividades do gestor de materiais e patrimônio. Considerou-se, importante dizer que, apesar de ser um assunto tratado por muitos profissionais da área de Patrimônio da atualidade, sempre que se buscou resposta, encontrou-se mais e mais perguntas, gerando situações conflituosas e angustiantes. Os profissionais desta área vêm vivenciando experiências, onde detectam dificuldades ou entraves dos mais adversos, impedindo a prática das atividades, tais como: inexistência de procedimentos, que disciplinem o controle e a movimentação dos bens, faltando, principalmente, informações que possam refletir a real situação e disposição patrimonial dos mesmos e, também, de um sistema informatizado e integrado que venha compatibilizar as informações entre o físico e o contábil. A Unidade de Patrimônio de uma Empresa seja estatal ou não, é de grande importância, visto que é dentro dela que se processa toda a política de aquisição, controle, conservação e distribuição de bens, agindo assim em uma inter-relação com outros seguimentos internos e externos à empresa em sua totalidade. Em consonância, com a dimensão de suas atividades, necessária se faz a demanda por maior qualidade com menor custo, a fim de atender não apenas às necessidades da sociedade como também às exigências legais que norteiam estas ações. Nenhuma empresa ou organização sobreviverá ou poderá melhorar o nível de sua produtividade, se não tiver perfeitamente organizada a sua “Administração de Materiais”, que tem como finalidade precípua cuidar de todos os problemas que tenham relação com os suprimentos e tudo o mais que possa representar investimentos de capital de uma organização, fiscalizando, zelando, controlando, para que os abastecimentos sejam efetuados a “tempo e hora” nas linhas de montagem, concorrendo, dessa forma, para que se obtenha, nos ciclos de produção, mais e melhor produtividade. Nesta assertiva, é que, a seguir, procurou-se destacar alguns fatores relevantes a fim de bem delinear a prática da política de aquisição e administração de Bens Materiais e Patrimoniais. 8 1 ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAL E PATRIMÔNIO Toda produção depende da existência conjunta de três fatores de produção: natureza, capital e trabalho, integrados por um quarto fator denominado empresa. Para os economistas, todo processo produtivo se fundamenta na conjunção desses quatro fatores de produção. Cada um dos quatro fatores de produção tem uma função específica, a saber: a) Natureza: é o fator que fornece os insumos necessários à produção, como as matérias primas, os materiais, a energia etc. É o fator de produção que proporciona as entradas de insumos para que a produção possa se realizar. Dentre os insumos, figuram os materiais e matérias-primas; b) Capital: é o fator que fornece o dinheiro necessário para adquirir os insumos e pagar o pessoal. O capital representa o fator de produção que permite meios para comprar, adquirir e utilizar os demais fatores de produção; c) Trabalho: é o fator constituído pela mão-de-obra, que processa e transforma os insumos, através de operações manuais ou de máquinas e ferramentas, em produtos acabados ou serviços prestados. O trabalho representa o fator de produção que atua sobre os demais, isto é, que aciona e agiliza os outros fatores de produção. É comumente denominado mão-de-obra, porque se refere principalmente ao operário manual ou braçal que realiza operações físicas sobre as matérias-primas, com ou sem o auxílio de máquinas e equipamentos; d) Empresa: é o fator integrador capaz de aglutinar a natureza, o capital e o trabalho em um conjunto harmonioso que permite que o resultado alcançado seja muito maior do que a soma dos fatores aplicados no negócio. A empresa constitui o sistema que aglutina e coordena todos os fatores de produção envolvidos, fazendo com que o resultado do conjunto supere o resultado que teria cada fator isoladamente. Isto significa que a empresa tem um efeito multiplicador, capaz de proporcionar um ganho adicional, que é o lucro. Mas adiante, ao falarmos de sistemas, teremos a oportunidade de conceituar esse efeito multiplicador, também denominado efeito sinergístico ou sinergia. Modernamente, esses fatores de produção costumam ser denominados recursos empresariais. Os principais recursos empresariais são: Recursos Materiais, Recursos Financeiros, Recursos Humanos, Recursos Mercadológicos e Recursos Administrativos. As organizações estão, continuamente, expostas a pressões ambientais, como as inovações tecnológicas, a globalização, a competitividade do mercado, a busca pela qualidade total, entre outros, e precisam manter certo equilíbrio em suas relações com o ambiente, bem como com as partes que a compõem, de modo a garantir sua continuidade e o cumprimento de sua missão. De acordo com Stoner e Freeman (1999), o controle ajuda os administradores a monitorar mudançasambientais e seus efeitos sobre o progresso da organização. Com uma nova visão, esse sistema de controle passou a operar não só para a organização como um todo, mas também para um segmento, um projeto ou recurso. Os elementos primordiais ao processo de controle de gestão passam a ser os planos e relatórios de performance, a identificação e diagnose dos problemas e a elaboração de diretrizes para a ação corretiva. O controle gerencial é dividido em quatro etapas básicas, que procura evidenciar o sistema de realimentação do processo por meio do feedback de informação. 9 Figura 1 - Etapas Básicas do Controle. Os controles buscam garantir que os resultados do que foi planejado, organizado e dirigido se ajustem tanto quanto possível aos objetivos a priori estabelecidos, estando à essência do controle na verificação se a atividade controlada está ou não atingindo os objetivos e resultados desejados. A administração de materiais e definida como sendo um conjunto de atividades desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as diversas unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas atribuições. Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, inclusive compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos requisitantes, ate as operações gerais de controle de estoques etc. A administração de materiais tem por finalidade principal assegurar o continuo abastecimento de artigos necessários para comercialização direta ou capaz de atender aos serviços executados pela empresa. As empresas objetivam diminuir os custos operacionais para que elas e seus produtos possam ser competitivos no mercado. Em outras palavras: “A administração de materiais visa à garantia de existência continua de um estoque, organizado de modo à nunca faltar nenhum dos itens que o compõem, sem tornar excessivo o investimento total”. 1.1 EVOLUÇÃO E CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS A atividade de material existe desde a mais remota época, através das trocas de caças e de utensílios até chegarmos aos dias de hoje, passando pela Revolução Industrial. Produzir, estocar, trocar objetos e mercadorias é algo tão antigo quanto à existência do ser humano. A Revolução Industrial, meados dos séc. XVIII e XIX acirrou a concorrência de mercado e sofisticou as operações de comercialização dos produtos, fazendo com que “compras” e “estoques” ganhassem maior importância. Este período foi marcado por modificações profundas nos métodos do sistema de fabricação e estocagem em maior escala. O trabalho, até então, totalmente artesanal foi em parte substituído pelas máquinas, fazendo com a produção evoluísse para um estágio tecnologicamente mais avançado e os estoques passassem a ser vistos sob outro prisma pelas administrações. A constante evolução fabril, o consumo, as exigências dos consumidores, o mercado concorrente 10 e novas tecnologias deram novo impulso à Administração de Materiais, fazendo com que a mesma fosse vista como uma arte e uma ciência das mais importantes para o alcance dos objetivos de uma organização, seja, ela qualquer que fosse. Pesquisas feitas em algumas empresas revelaram os seguintes dados: 30% a 60% do estoque de ferramentas ficam espalhados pelo chão das fábricas, perdidos, deteriorando-se ou não disponíveis (dentro de caixas de ferramentas pessoais); o que resulta em média de 20% do tempo dos operadores desperdiçado procurando por ferramentas. Se somarmos meia hora por turno, chegaremos em mais de três semanas de trabalho perdidas por ano. Imagine quanto estas empresas deixaram de ganhar por não estarem gerenciando de maneira eficaz estes recursos do processo produtivo. A administração de materiais é muito mais do que o simples controle de estoques, envolve um vasto campo de relações que são interdependentes e que precisam ser bem geridos para evitar desperdícios. A meta principal de uma empresa é maximizar o lucro sobre o capital investido e para atingir mais lucro ela deve usar o capital para que este não permaneça inativo. A evolução da administração de materiais processou-se em várias fases, por exemplo: • Atividade exercida diretamente pelo proprietário da empresa, uma vez que comprar era a essência do negócio. • Atividades de compras como apoio às atividades produtivas e, portanto, integradas à área de produção. • Coordenação dos serviços envolvendo materiais, começando com o planejamento das matérias-primas e a entrega de produtos acabados, em uma organização independente da área produtiva. • Agregação à área de logística das atividades de suporte à área de marketing. • Modelo atual da área de logística da qual faz parte a administração de materiais. Tais pontos podem ser mais bem compreendidos através do quadro a seguir: PERCEPÇÃO EMPRESARIAL SITUAÇÃO INICIAL PROCESSO DE EVOLUÇÃO ESTÁGIO AVANÇADO SITUAÇÃO ATUAL O administrador de materiais Pessoa de recados Funcionário a serviço da produção Executivo conhecedor do mercado de abastecimento Executivo que administra 60% dos custos e das despesas Perfil do profissional Pessoa bem considerada Burocrata eficiente Conhecedor de administração comercial e de mercados Executivo com preparo técnico, econômico e legal Progresso do profissional Sem possibilidades Comprador Planejamento do negócio Diretor executivo Atividades da administração de materiais Faz despesas Evita faltas e desmobiliza estoques excedentes Planejamento estratégico Concentração em uma visão de melhoria dos resultados Quadro 1 - Evolução da administração de materiais. Dentro de uma conceituação moderna, administração de material é uma atividade que abrange a execução e gestão de todas as tarefas de suprimento, transporte e manutenção do material de uma organização. A administração do material corresponde, portanto, no seu todo, ao planejamento, organização, direção e controle de todas as tarefas necessárias à definição de qualidade, aquisição, guarda, controle e aplicação dos materiais destinados às atividades operacionais de uma organização, seja de natureza militar, industrial, comercial ou de serviços. Segundo Sequeira (1975) apud PATERNO (1997, p.34) a administração de materiais é a técnica da utilização de princípios e meios, através dos quais fazemos render em plenitude, os equipamentos, as matérias-primas, as ferramentas e os materiais, e conseguimos sua devida conservação e controle. 11 Já Messias (1971) apud PATERNO (1997, p.34) a administração de materiais é um ramo especializado da ciência da administração, que trata de um conjunto de normas relacionadas com a gerência de materiais essenciais à produção. Na visão de Paterno (1997, p.35) a administração de materiais tem por finalidade assegurar o contínuo abastecimento dos materiais necessários e capazes de atender a um determinada demanda, bem como, cuidar de todos os problemas relacionados a materiais, fiscalizando, zelando e controlando, no sentido de garantir quantidade e qualidade no abastecimento e padrão no atendimento. Por fim, Francischini (2002) ressalta que a administração de materiais é atividade que planeja, executa e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, o fluxo de material, partindo das especificações dos artigos a comprar até a entrega do produto. O fluxo de materiais controla o desempenho do processo. Se o material correto, nas quantidades exatas, não estiver disponível no tempo preciso, o processo não poderá produzir o que deveria. A questão da falta de material, então, deve ser tratada de maneira a observar alguns pontos importantes: • Causas estruturais:- Falta de prioridade política para o setor (baixos investimentos, baixos salários, e serviços de baixa qualidade); - Clientelismo político (diretores incompetentes, fixação de prioridades sem a participação da sociedade e favorecimentos); - Controles burocráticos (agem sobre os instrumentos, particularmente naqueles de caráter econômico, levando à desvalorização das ações executadas e invertendo o referencial das organizações). É importante lembrar que não basta fazer as coisas corretamente, deve-se também fazer as coisas certas. A burocracia tem um foco muito voltado ao rito, não se preocupando com o produto final; - Centralização excessiva (produz danos imensos na área de materiais). Compras centralizadas e baseadas exclusivamente em menores preços são exemplos que devem ser evitados. • Causas organizacionais (derivadas das anteriormente descritas): - Falta de objetivos (com os objetivos pouco claros, cada unidade cria seu próprio sistema de referência). Como conseqüência, pode ocorrer uma dissociação entre a área fim e as áreas meio; - Falta de profissionalismo da direção; - Falta de capacitação e de atualização do pessoal; - Falta de recursos financeiros; - Falta de controles; - Corrupção; - Falta de planejamento; - Rotinas e normas não estabelecidas adequadamente. • Causas individuais (em parte, também derivam das anteriores): - Diretores improvisados (inseguros ou incapazes de inovar, sem condições de manter um diálogo adequado com a área fim); - Funcionários desmotivados (sem compromisso com a instituição). Seu principal objetivo é a manutenção do emprego. 12 Entretanto, mesmo observando todos os pontos levantados, a administração de materiais isoladamente não é capaz de evitar as faltas. O sistema de materiais deve ser entendido como um subsistema do sistema de produção que funciona como meio para que se alcancem os objetivos. Trata-se, portanto, de uma área que depende do processo de formulação de objetivos e metas da organização. Na administração de materiais são encontrados diversos subsistemas que interagem para permitir um gerenciamento eficiente e conduzir à realização de atividades básicas que contribuem na busca de resultados confiáveis dentro do contexto em que se inserem. Esses subsistemas garantem o suprimento de bens em serviços indispensáveis à confiabilidade do setor produtivo, dentro de padrões de qualidade, e com um dispêndio de capital suficiente que permite manter um bom equilíbrio econômico financeiro à empresa. A administração de materiais deve conciliar esses interesses tão diversos, utilizando algumas técnicas que podem ser agrupadas em quatro subsistemas ou grupos: • Grupo 1 - Subsistema de normalização: responsável por responder à pergunta: o quê? (comprar, armazenar e distribuir). É composto das funções de normalização, que vai selecionar, padronizar e especificar os materiais, e de classificação/codificação de materiais; • Grupo 2 - Subsistema de controle: deve responder às questões: quando e quanto? Suas funções são gestão e valoração de estoques; • Grupo 3 - Subsistema de aquisição: possui duas funções - a aquisição, que responde pela compra dos materiais, e a alienação, que cuida da venda de materiais não utilizados ou inservíveis; • Grupo 4 - Subsistema de armazenamento: responsável pelo recebimento de materiais, armazenamento e distribuição. Nesse subsistema há as funções de armazenamento, movimentação e transporte de materiais e o controle de qualidade. Espera-se então, que o dinheiro que está investido em estoque seja necessário para a produção e o bom atendimento das vendas. Contudo, a manutenção de estoques requer investimentos e gastos elevados; evitar a formação ou, quando muito, tê-los em número reduzidos de itens e em quantidade mínimas, sem que, em contrapartida, aumente o risco de não ser satisfeita a demanda dos usuários é o conflito que a administração de materiais visa solucionar. 1.2 FUNÇÕES E OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS A administração de materiais tem por finalidade principal assegurar o contínuo abastecimento de artigos necessários para comercialização direta ou capaz de atender aos serviços executados pela empresa. As empresas objetivam diminuir os custos operacionais para que elas e seus produtos possam ser competitivos no mercado. Mais especificamente, os materiais precisam ser de qualidade produtiva para assegurar a aceitação do produto final. Precisam estar na empresa prontos para o consumo na data desejada e com um preço de aquisição acessível, a fim de que o produto possa ser competitivo e assim, dar à empresa um retorno satisfatório do capital investido. Segue os principais objetivos da área de administração de recursos materiais e patrimoniais: a) Preço Baixo - Reduzir o preço de compra implica em aumentar os lucros, obviamente se mantida a mesma qualidade; 13 b) Alto Giro de Estoques - implica em melhor utilização do capital; c) Baixo Custo de Aquisição e Posse - dependem fundamentalmente da eficácia das áreas de Controle de Estoques, Armazenamento e Compras; d) Continuidade de Fornecimento - é resultado de uma análise criteriosa quando da escolha dos fornecedores. Os custos de produção, expedição e transportes são afetados diretamente por este item; e) Consistência de Qualidade - a área de materiais é responsável apenas pela qualidade de materiais e serviços provenientes de fornecedores externos. Em algumas empresas a qualidade dos produtos e/ou serviços constituem-se no único objetivo da Gerência de Materiais; f) Despesas com Pessoal - obtenção de melhores resultados com a mesma despesa ou, mesmo resultado com menor despesa - em ambos os casos o objetivo é obter maior lucro final. Às vezes compensa investir mais em pessoal porque se pode alcançar com isto outros objetivos, propiciando maior benefício com relação aos custos; g) Relações Favoráveis com Fornecedores - a posição de uma empresa no mundo dos negócios é em alto grau determinada pela maneira como negocia com seus fornecedores; h) Aperfeiçoamento de Pessoal - toda unidade deve estar interessada em aumentar a aptidão de seu pessoal; i) Bons Registros - são considerados como o objetivo primário, pois contribuem para o papel da Administração de Material, na sobrevivência e nos lucros da empresa, de forma indireta. 1.2.1 Terminologias utilizadas na Administração de Materiais e Patrimônio a) Artigo ou Item - designa qualquer material, matéria-prima ou produto acabado que faça parte do estoque; b) Unidade - identifica a medida, tipo de acondicionamento, características de apresentação física (caixa, bloco, rolo, folha, litro, galão, resma, vidro, peça, quilograma, metro, .... ); c) Pontos de Estocagem - locais aonde os itens em estoque são armazenados e sujeitos ao controle da administração; d) Estoque - conjunto de mercadorias, materiais ou artigos existentes fisicamente no almoxarifado à espera de utilização futura e que permite suprir regularmente os usuários, sem causar interrupções às unidades funcionais da organização; e) Estoque Ativo ou Normal - é o estoque que sofre flutuações quanto a quantidade, volume, peso e custo em conseqüência de entradas e saídas; f) Estoque Morto ou Inativo - não sofre flutuações, é estático; g) Estoque Empenhado ou Reservado - quantidade de determinado item, com utilização certa, comprometida previamente e que por alguma razão permanece temporariamente em almoxarifado; h) Estoque de Recuperação - quantidades de itens constituídas por sobras de retiradas de estoque, salvados (retirados de uso através de desmontagens) etc., sem condições de uso, mas passíveis de aproveitamento após recuperação, podendo vir a integrar o Estoque Normal ouEstoque de Materiais Recuperados, após a obtenção de suas condições normais; i) Estoque de Excedentes, Obsoletos ou Inservíveis - constitui as quantidades de itens em estoque, novos ou recuperados, obsoletos ou inúteis que devem ser eliminados. Constitui um Estoque Morto; 14 j) Estoque Disponível - é a quantidade de um determinado item existente em estoque, livre para uso; k) Estoque Teórico - é o resultado da soma do disponível com a quantidade pedida, aguardando o fornecimento; l) Estoque Mínimo: é a menor quantidade de um artigo ou item que deverá existir em estoque para prevenir qualquer eventualidade ou emergência (falta) provocada por consumo anormal ou atraso de entrega; m) Estoque Médio, Operacional: é considerado como sendo a metade da quantidade necessária para um determinado período mais o Estoque de Segurança; n) Estoque Máximo: é a quantidade necessária de um item para suprir a organização em um período estabelecido mais o Estoque de Segurança; o) Ponto de Pedido, Limite de Chamada ou Ponto de Ressuprimento: é a quantidade de item de estoque que ao ser atingida requer a análise para ressuprimento do item; p) Ponto de Chamada de Emergência: é a quantidade que quando atingida requer medidas especiais para que não ocorra ruptura no estoque. Normalmente é igual a metade do Estoque Mínimo; q) Ruptura de Estoque: ocorre quando o estoque de determinado item zera (E = 0 ). A continuação das solicitações e o não atendimento a caracteriza; r) Frequência - é o número de vezes que um item é solicitado ou comprado em um determinado período; s) Quantidade a Pedir - é a quantidade de um item que deverá ser fornecida ou comprada; t) Tempo de Tramitação Interna: é o tempo que um documento leva, desde o momento em que é emitido até o momento em que a compra é formalizada; u) Prazo de Entrega: tempo decorrido da data de formalização do contrato bilateral de compra até a data de recebimento da mercadoria; v) Tempo de Reposição, Ressuprimento: tempo decorrido desde a emissão do documento de compra (requisição) até o recebimento da mercadoria; w) Requisição ou Pedido de Compra - documento interno que desencadeia o processo de compra; x) Coleta ou Cotação de Preços: documento emitido pela unidade de Compras, solicitando ao fornecedor Proposta de Fornecimento. Esta Coleta deverá conter todas as especificações que identifiquem individualmente cada item; y) Proposta de Fornecimento - documento no qual o fornecedor explicita as condições nas quais se propõe a atender (preço, prazo de entrega, condições de pagamento etc); z) Mapa Comparativo de Preços - documento que serve para confrontar condições de fornecimento; aa) Contato, Ordem ou Autorização de Fornecimento: documento formal, firmado entre comprador e fornecedor, que juridicamente deve garantir a ambos (fornecimento x pagamento); bb) Custo Fixo:- é o custo que independe das quantidades estocadas ou compradas (mão-de-obra, despesas administrativas, de manutenção etc.); cc) Custo Variável - existe em função das variações de quantidade e de despesas operacionais; dd) Custo de Manutenção de Estoque, Posse ou Armazenagem: são os custos decorrentes da existência do item ou artigo no estoque. Varia em função do número de vezes ou da quantidade comprada pela organização independentemente da sua natureza jurídica; 15 ee) Custo de Obtenção de Estoque, do Pedido ou Aquisição: é constituído pela somatória de todas as despesas efetivamente realizadas no processamento de uma compra. Varia em função do número de pedidos emitidos ou das quantidades compradas. ff) Custo Total: é o resultado da soma do Custo Fixo com o Custo de Posse e o Custo de Aquisição; gg) Custo Ideal: é aquele obtido no ponto de encontro ou interseção das curvas dos Custos de Posse e de Aquisição. Representa o menor valor do Custo Total. 1.3 ARMAZENAMENTO, LOCALIZAÇÃO E ALCANCE DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS NAS ORGANIZAÇÕES O estudo das áreas de armazenamento visa atender às necessidades de todos os setores da organização. Para conseguir a melhor e mais adequada estruturação é conveniente analisar as possibilidades de instalação de vários armazéns e de um centro de abastecimento, assim como as características que mais os diferem entre si. Tais características podem ser assim arroladas: • materiais pesados de manejo e transporte difícil; • materiais pequenos muito diversificados e de uso frequente; e • materiais com grande freqüência de saída e pouco volume. Analisadas essas características, chega-se ao tipo de armazém necessário para um perfeito entrosamento entre os estoques e os centros consumidores, ou, ainda, em decorrência desse levantamento chega-se à situação em que o armazém atenderá a todas as necessidades. Conforme cita Viana (2002), a realização eficiente e efetiva de uma operação de armazenagem depende muito da existência de um bom layout. Então, nesse caso, a atenção deve-se voltar para: • espaço necessário; • tipo de instalação adequada; • distribuição dos estoques nas áreas que melhor atenderão o consumo; • meios de transporte; • tipo de controle a ser adotado; e • número de funcionários para manutenção dos estoques. A armazenagem é demasiadamente importante para a disponibilidade dos materiais, em atendimento às demandas. É, através dela, que se busca manter a integridade das características dos materiais. Para tanto, senhores(as) se faz que os locais reservados para esta função - os almoxarifados - tenham as condições necessárias, ou seja, se possível, tenham sido edificados para tal propósito ou adequadamente adaptados. Caso contrário, a tarefa de conservar as características dos materiais poderá ser prejudicada colocando-os em risco para a finalidade a que se destinam. Junto à função de armazenar os materiais em um almoxarifado, também cabe ao gestor tomar todos os cuidados requeridos para a preservação do patrimônio. Deste modo, todas as unidades deverão contar com programas de manutenção e conservação. A realização contínua dessas atividades contribuirá para que o patrimônio público seja transferido, em boas condições, às gerações futuras. Para que tal expectativa seja alcançada, é necessário que o material possa ser 16 prontamente, localizado no almoxarifado; isto é, possa ser identificado dentre os demais, em pouco tempo, o que implica a adequada organização dos espaços destinados para este fim. Os cuidados na armazenagem, que se iniciam com a perfeita localização dos materiais, devem-se estender aos aspectos de segurança que, no trato com os materiais, assume dois caminhos. - O primeiro diz respeito à própria segurança das pessoas, que trabalham no almoxarifado, nas atividades de movimentação de materiais, devendo para isso serem observadas regras como: materiais pesados devem ser armazenados no piso ou nas prateleiras inferiores, visando reduzir a possibilidade de quedas destes, quando da sua movimentação; materiais de maior volume serem estocados próximo à entrada do almoxarifado, para facilitar a sua retirada; a compatibilidade entre materiais (por exemplo, não estocar inflamáveis junto a combustíveis); os cuidados necessários para o trato de materiais tóxicos ou venenosos (por exemplo, o uso de equipamentos de proteção – luvas, máscaras, botas etc.); existência de material de socorro e um plano de ação na ocorrência de acidentes, além de haver pessoal habilitado na equipe para atuar em caso de emergência; existência de uma listagem de substâncias químicas armazenadas, contendo sua descrição (composição) e forma de atuação em caso de vazamento ou contato acidental; entre outras medidas de segurança para o próprio gestor, de sua equipe e de pessoas que, esporadicamente, possamvisitar a unidade. - O segundo aspecto refere-se à segurança das pessoas, que usarão o material, após a sua armazenagem. Se o produto for deteriorado, durante uma armazenagem inadequada, poderá ocorrer um acidente, quando de seu uso. Por exemplo: imaginem o que poderá acontecer com um policial que utilizar munição indevidamente armazenada. Há três tipos principais de edificações destinados ao armazenamento de materiais: os armazéns, os galpões e os pátios. Os armazéns são edificações de alvenaria, fechadas lateralmente e com telhado, com ou sem forro, cujo piso deve ser construído com material resistente ao peso dos materiais armazenados. Nesse tipo de instalação convém instalar estufas, geladeiras, entre outros equipamentos necessários para que o ambiente possa apresentar-se de maneira correta ao controle sanitário. A área total é aproveitada como: • área de armazenamento: local reservado ao armazenamento propriamente dito e aos corredores de acesso às prateleiras; • área de serviços: locais destinados às rampas de acesso, ao atendimento ao público (usuários, entregadores) e ao recebimento de materiais; e • área de administração: local designado para a realização dos serviços administrativos e burocráticos, com instalações sanitárias e vestuário. Os galpões também são edificações cobertas, às vezes fechadas lateralmente, com piso apropriado às cargas que deverá suportar e sem condições de controle da maior parte das condições ambientais. Além de área de armazenamento, pode ser utilizada também como área de serviço. Existem ainda os pátios, que são terrenos descobertos, com piso nivelado e drenado, utilizados unicamente como área de armazenamento, na qual não há o mínimo controle de qualquer condição ambiental. Entre os critérios mais comuns de armazenagem que orientam a elaboração de normas de armazenamento, podem ser enumerados os seguintes: • rotatividade de materiais; 17 • volume e peso; • ordem de entrada/saída; • similaridade; • valor; • carga unitária; e • acondicionamento e embalagem. Dentre os itens de material mantidos em estoque, existem aqueles que têm maior movimentação em relação a outros, em virtude de sua utilização por maior número de usuários, ou por outro motivo qualquer. A esses materiais, que entram e saem com maior freqüência, deve ser dado um tratamento específico em relação à localização no armazém, ou seja, armazená-los nas proximidades das portas (setores de expedição e embalagem). Armazenar, observando o critério da ordem de entrada e saída, significa obedecer à ordem cronológica de saída levando em conta a sua época de entrada. Isso quer dizer: as unidades estocadas há mais tempo devem sair primeiro, a fim de que não venha a ocorrer situações de esquecimento de itens em estoque, o que pode causar oxidações, deterioração, obsoletismo, perda de propriedades físicas, endurecimentos, ressecamentos e outras situações que impliquem em perda de material (fundamental no armazenamento de medicamentos). O bom projeto de um armazém leva em considerações todos os fatores envolvidos e a utilização da metodologia PQRST, garantira o seu cumprimento. · P: Produto – Material: O que será armazenado? · Q: Quantidade – Volume: Quanto de cada material será armazenado? · R: Roteiro – Processo: Onde serão estocados os itens? · S: Serviços de apoio: Como será a estocagem dos itens? · T: Tempo: Por quanto tempo serão armazenados os materiais? É importante ressaltar que a armazenagem está entre os tópicos mais importantes da cadeia logística. Um sistema de armazenagem quando bem aplicado na empresa pode solucionar e evitar diversos problemas que influenciam diretamente o processo produtivo e de distribuição dos produtos, otimizando espaços e diminuindo sensivelmente o custo do produto para o consumidor final e conseqüentemente aumentando a competitividade no mercado. Atualmente as empresas estão muito niveladas em relação ao aspecto tecnológico, sendo a logística um dos principais diferenciais para a sobrevivência e o crescimento das empresas no mercado. Uma logística eficiente pode representar o diferencial de uma empresa. As boas práticas de armazenagens têm por objetivo garantir a integridade e a qualidade dos produtos armazenados de forma a impedir a perda do valor e deterioração, a temperatura de armazenamento deve ser compatível com a recomendação do fabricante. O objetivo da armazenagem é demonstrar que existem vários métodos de armazenagem para os diversos produtos existentes na empresas, independente de tamanho, forma ou especificações técnicas, possa contribuir para uma melhoria da eficiência das organizações. A armazenagem é uma função que consiste, no seu sentido mais amplo da palavra, em uma atividade grandiosa e complexa, sob o ponto de vista operativo, a serviço do processo produtivo e da organização distributiva. A paletização hoje é cada vez mais utilizada porque exige manipulação rápida de grandes quantidades de 18 cargas. O uso de empilhadeira e palete podem proporcionar uma economia de até 80% do capital despendido com o sistema de transporte interno. Um sistema de paletização bem organizado permite a formação de pilhas altas e segura, oferece melhor proteção às embalagens, que são manipuladas em conjunto, além de economizar tempo nas operações de carga e descarga. As principais vantagens são: - Economia de tempo; - Mão-de-obra e - Maior ganho de espaço de armazenagem. 1.3.1 Sistema de Utilização em Pallets de madeira Os pallets são equipamentos de madeira (maioria), de plástico ou de metal, destinados a permitir a colocação de mercadorias sobre eles, de maneira a garantir o deslocamento das mesmas ao seu local de estocagem de forma unitizada e eficiente. Os modelos de madeira são os mais utilizados, devido à durabilidade, resistência e as facilidades na entrega das mercadorias onde todos utilizam o mesmo padrão e facilitando a troca do mesmo no ato do descarregamento. Já existe no mercado pallets feito de papelão reciclado, que apresenta boa durabilidade e resistência para condicionamento de mercadorias de pesos leves. Para atender às necessidades de estocagem e de transporte, os pallets seguem padrões em termos de dimensões, conforme as regiões do mundo onde são utilizados. Existe no Brasil empresa que possui seus próprios pallets, que são identificados por cores; pode-se citar a empresa Chep do Brasil que trabalha em sistema de empréstimo de seus pallets para que as indústrias paletizem seus produtos e entrega para seus clientes. 1.3.2 Sistema de Utilização em Pallets de plástico Muitos utilizados em câmaras frias, e usados pela própria empresa, ou seja, é patrimônio da empresa e devido ao custo, não sai de dentro da empresa permite melhor forma de higienização, ideal para produtos alimentícios que são armazenados em câmaras frias de congelados, mercadorias como frangos e derivados, cortes de carnes bovinas e suínas; é atóxico, e resiste a temperaturas (entre -35° C a + 60° C). 19 1.3.3 Sistema de Utilização em Pallets de metal Resistente em câmaras frigoríficas e de longa durabilidade; e utilizados principalmente para produtos derivados de leite, como queijos, que necessita de muito cuidado de higiene para evitar contaminação, que pode trazer conseqüências graves para quem consumir essas mercadorias e prejuízos para a empresa, não contamina o produto, oferece mais facilidade de limpeza e higienização. Devido ao seu custo alto, apenas as grandes empresas utilizam este modelo. 1.3.4 Equipamentos de Movimentações Existem grandes variedades de equipamentos mecânicos e hidráulicos para o manuseio de amplo leque de tamanho e variedades de mercadorias,esses equipamentos são para o uso em diversas operações de armazenagem, otimizando todos os processos; além de reduzir os custos com mão-de-obra, da mais agilidade na armazenagem; minimiza o tempo do descarregamento proporcionando maior ganho em toda a cadeia logística. Deve- se observar que os equipamentos de movimentação a serem utilizados são de acordo com as necessidades de cada armazém ou Centro de Distribuição. 1.3.4.1 Carrinho Hidráulico São equipamentos que tracionam entre 2 a 3 toneladas e são dedicados à movimentação horizontal e movimentados manualmente por uma pessoa. Têm aplicação nas atividades de picking, desde que os produtos estejam localizados no nível do piso e permitem que desloquemos produtos em distancias Reduzidas. Por ex: Produtos previamente separados em área de pré-embarque até a área de carregamento. Tem facilidade de entrada nos caminhões para descarregamentos de cargas paletizadas que não possibilita uso de empilhadeiras, ex: (caminhão baú). Em função de tais premissas, permite liberar as empilhadeiras para suas atividades fim. 20 1.3.4.2 Empilhadeiras Manuais Empilhadeiras que são movimentadas manualmente, normalmente por um operador andando a pé, e que têm um sistema de elevação elétrico. Destinam-se a operações de baixo volume e de pequenas alturas (até 3,5 m) e sua carga é limitada a 1 tonelada. É muito utilizado em lugares que não permite o uso de empilhadeira, podemos citar como exemplo em uma câmara fria de altura média. São movidos a baterias tracionárias que não causa poluição, por isso, é muito frequente o uso desse equipamento em ambiente fechado. 1.3.4.3 Empilhadeiras Elétricas com Patolas Tais empilhadeiras são elétricas e as “patolas” têm a mesma função do contrapeso, nas empilhadeiras a combustão, ou seja, conferir equilíbrio à empilhadeira quando carregada. A velocidade de operação é baixa, contrastada pela vantagem de operar em corredores mais estreitos, em torno de 2,5 metros. Consegue elevar a carga a 7 metros de altura e sua capacidade de carga pode chegar a 2 toneladas, emite pouco barulho, podendo trabalhar várias no mesmo ambiente, são muito utilizadas em grandes armazéns ou Cds por serem movidas a baterias tracionarias, que não polui o ambiente de trabalho, e quando preparadas com óleo hidráulico, rodas e (comandos elétricos especiais) podem também trabalhar dentro de câmaras frias. O tempo de uso da carga de uma bateria em média é de 14 horas; variando de acordo com o tempo de trabalho, peso e volume das mercadorias. 1.3.4.4 Empilhadeiras Laterais Fazem a operação de carga e descarga nas estruturas de um único lado, não requerendo que a máquina vire, para acessar as posições, normalmente operam em corredores em torno de 2,0 m de largura e podem atingir cerca de 12,00 m de altura. A torre se movimenta em um sistema de trilhos transversalmente à máquina, os garfos se deslocam de uma torre fixa, através de um sistema pantográfico. Obviamente, o maior ponto de atenção é o de que a empilhadeira somente pode entrar por um lado do corredor, para acessar a uma determinada posição requerida. 21 1.3.5 Cores de Segurança São as empregadas para a identificação de equipamentos, delimitação de áreas e advertência contra perigos. A NBR-76 da ABNT, que regula o assunto em pormenores, devera ser obedecida, permitindo-se pequenas variações de tonalidades, desde que possam ser denominadas pelas mesmas expressões. * Vermelho - é a cor adotada principalmente para identificar equipamentos contra incêndio. Devera também ser empregada em portas de saídas de emergência, em luzes de barricadas e tapumes de obstrução, e em botões interruptores de circuitos elétricos para paradas de emergência, tais como: · Extintores, hidrantes e bombas de incêndio; · Caixas e sirenes de alarmes de incêndio; · Placas localizadoras de equipamentos contra incêndio; · Viaturas de combate a incêndio; · Caixas com cobertores para abafamento de chamas; · Localização de mangueiras de incêndio; · Baldes de areia ou água para combate a incêndio; · Tubulações, válvulas e hastes de sistemas de aspersão de água. * Alaranjado - é a cor adotada para indicar “alerta” e assinalar: · Partes internas das guardas de máquinas, que poderão ser removidas ou abertas; · Faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos; · Faces externas de polias e engrenagens. * Amarelo - é a cor adotada para indicar “cuidado”, usada também em combinação com listras e quadrados pretos quando houver necessidade de melhor visibilidade de sinalização: · Partes baixas de escadas portáteis; · Corrimãos, parapeitos, pisos e partes inferiores de escadas que apresentam perigo; · Espelhos de degraus de escadas; · Bordas desguarnecidas de plataformas sem corrimão e de aberturas no solo (poços, entradas subterrâneas, etc.); · Bordas horizontais de elevadores com fechamento vertical; · Faixas do piso de entrada de elevadores e plataformas de carga; · Meios-fios, desde que haja necessidade de advertência; · Paredes de fundo de corredores sem saída e avisos de advertência; · Cavaletes, porteiras e lanças de cancela; · Cabines, caçambas; · Equipamentos de movimentação de advertência; · Pilastras, vigas, postes, colunas e partes salientes de estruturas e equipamentos; · Comandos e equipamentos suspensos; · Bandeiras de advertência (combinado com preto); · Pára-choques de viaturas de movimentação de carga (combinado com preto); · Laterais de degraus de escadas-rolantes. 22 * Verde - é a cor adotada para indicar “segurança” e assinalar: · Caixas de equipamentos de urgência; · Caixas de mascaras contra gases; · Chuveiros de segurança; · Fontes lavadoras de olhos; · Macas e padiolas; · Quadros de aviso; · Portas de entrada de salas de curativos. * Azul - é a cor adotada para indicar “cuidado”, ficando o seu emprego limitado a avisos contra uso e movimentação de equipamentos que deverão permanecer fora de serviço. E empregada em barreiras e bandeirolas de advertência localizadas nos postos de comando de partida ou fontes de energia. Sinais de advertência devem ser usados nos seguintes equipamentos: · Estufas, fornos e caldeiras; · Tanques e válvulas; · Elevadores, escadas e andaimes; · Caixas de controle elétrico; · Entradas para caixas subterrâneas. * Púrpura - é a cor adotada para indicar “perigo”, provenientes das radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares tais como: · Portas e aberturas de acesso a locais destinados a manipulação e a estocagem de materiais radioativos ou contaminados pela radioatividade; · Recipientes de materiais radioativos ou de refugos de materiais contaminados; · Sinais luminosos para indicar equipamentos produtores de radiações eletromagnéticas penetrantes e partículas nucleares. * Branco - é a cor adotada para assinalar: · Passadiços e corredores de circulação (faixas de localização e largura); · Direção e circulação (sinais); · Localização de bebedouros; · Localização de coletores de resíduos; · Delimitação de áreas de estocagem; · Delimitação de áreas de localização de equipamentos de emergência. * Preto - é a cor adotada em substituição ao branco ou combinada a este, quando as condições locais o aconselharem. É empregada para identificar coletores de resíduos. O gestor de materiais poderá ser responsabilizado pelos danos que possam vir a ocorrer por falta de adequada conservação dos materiais. Poderá responder pela perda dos materiais em si e pelos danos decorrentes de seu uso em condições deterioradas, o que pode ensejar complicações de maior gravidade. Assim,é dever do gestor de patrimônio exigir condições adequadas para a execução das atribuições que lhe competem. 23 Breve Análise Crítica do Processo de Gestão de Materiais A. PLANEJAMENTO 1. Os itens estão sendo bem identificados, de maneira inequívoca? Explique. 2. Existe uma política para materiais? Descreva-a. 3. A política de materiais sugere tratamento diferenciado para as diferentes categorias de itens? 4. Está definida um nível de disponibilidades ou uma tolerância em termos faltas? 5.Existe um processo de comunicação entre os envolvidos? B. EXECUÇÃO 6. Software de estoques está atendendo as necessidades dos diversos envolvidos? 7. Existe plena visibilidade das informações para subsídio ao entendimento? 8. Como é ativada a reposição de materiais? C. CONTROLE 9. Você sabe quanto representa o capital de giro em estoques? Por grupos? 10. Ocorrem freqüentes faltas de materiais necessários? Tem isso quantificado? 11. O atendimento aos clientes (externos ou internos) está adequado ou comprometido? 12. Os erros ou desvios na projeção da demanda provocam faltas críticas de materiais? 13. O estoque de segurança está protegendo o atendimento dentro da tolerância? 14. O giro e/ou a cobertura dos itens estão sendo continuamente acompanhados? D. INTERVENÇÃO 15. Da forma como está, a gestão atende e satisfaz os objetivos da organização? 16. Existe um programa de melhoria da gestão de materiais? 17. Quais foram as mudanças significativas implementadas nos últimos dois anos? 18. Quais serão os próximos projetos de melhoria? 19. Estes projetos asseguram o sucesso da gestão de materiais? 24 2 LOGÍSTICA Quando um grupo de pessoas reúne-se para realizar um trabalho, necessita de pelo menos uma refeição diária. Caso sua tarefa demore mais, necessitarão carregar consigo, ou ter alguém que leve até eles à respectiva alimentação. Como o consumo médio de comida de uma pessoa realizando trabalho exaustivo é em média um quilo e meio por dia, conclui-se que um soldado em marcha, não pode carregar suprimento para mais de dez ou onze dias, caso ele possua alimentos que não se deteriorem. As guerras, ou melhor, estar preparado para elas, foi a forma de sobrevivência de praticamente todos os povos que chegaram a atualidade. Como exemplo de civilizações que foram dizimadas ou destruídas pelo fato de não possuírem exércitos organizados, e consequentemente não estarem preparados para a guerra, tem-se os Incas, Maias e Astecas. A preparação para a guerra, e a forma como eram preparadas a logística e a economia de uma nação, influenciavam diretamente no sucesso ou fracasso dos povos. O Império Romano organizou e construiu estradas, que permitiram que suas legiões se tornassem um instrumento de poder imperial. Os Estados Unidos da América, durante a guerra civil, (1861 à 1865), teve como vitorioso o Norte, por que seus exércitos estavam melhor equipados, alimentados e seus intendentes controlavam os quase cinqüenta mil quilômetros de ferrovias existentes. E durante a Segunda Guerra Mundial confirmou sua supremacia, que só foi possível graças a sua administração e logística. O conceito de Logística estava associado na sua origem às operações militares. Isso porque os generais, para determinada estratégia militar, precisavam ter uma equipe que providenciasse o deslocamento de equipamentos na hora certa, como munição, víveres, socorro médico. Nas empresas isso também ocorreu durante um bom tempo. Havia a necessidade de transportar os produtos para a loja dos clientes e também providenciar a armazenagem de matéria-prima, em quantidade suficiente par garantir os níveis de fabricação planejados. A Logística passou a ter maior importância quando as empresas começaram a ter uma visão integrada de suas atividades. Segundo Novaes (2004, p. 35), a Logística Empresarial evoluiu muito desde seus primórdios. Agrega à cadeia produtiva, valor de lugar, no qual a mercadoria é colocada no lugar desejado; valor de tempo, no que se refere ao cumprimento de prazos; de qualidade, relacionada à qualidade associada à operação logística; e de informação, disponibilizando informações importantes no processo. Além de agregar os quatro tipos de valores positivos para o consumidor final, a Logística moderna também procura no processo tudo o que não tenha valor para o cliente. A logística envolve também elementos humanos, materiais, tecnológicos e de informação. Como a globalização é uma internacionalização intensificada devido ao avanço tecnológico, onde não há mais separação entre o mercado doméstico e internacional, a logística e operações têm atualmente papel fundamental nas organizações. Mudanças nas expectativas dos clientes ou na localização geográfica transformam a natureza dos mercados exigindo novas formas de reorganizar e otimizar o fluxo de matérias-primas, produtos semi-acabados, produtos acabados e outros. Muito se fala a respeito da logística como sendo, atualmente, a responsável pelo sucesso ou insucesso das organizações. Porém, o que se pode perceber no mercado é que muito pouco se sabe sobre as atividades logísticas e como as mesmas devem ser definidas nas organizações. É importante então evitar que situações de modismo acabem por influenciar o uso errado da palavra e, o que seria muito pior, de suas técnicas e atividades. Mas, afinal, o que é realmente a logística?? 25 Pode-se definir logística como sendo a junção de quatro atividades básicas: as de aquisição, movimentação, armazenagem e entrega de produtos. O termo Logística, de acordo com o Dicionário Aurélio, vem do francês logistique e tem como uma de suas definições a .parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de: projeto e desenvolvimento, obtenção, armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material (para fins operativos ou administrativos). Segundo Ballou (1998, p.42) a logística empresarial é o processo de planejamento, implementação e o controle do fluxo e armazenagem eficientes e de baixo custo de matérias-primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender aos requisitos do cliente. Christopher (1997, p.2), afirma que logística é “o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados (e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo”. A figura abaixo demonstra a importância da Logística como elo de ligação entre a Produção, o Marketing e a área financeira. 26 Para Pozzo (2001) logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade no processo de pleno atendimento do mercado e satisfação completa ao cliente, com retorno garantido ao empreendedor, através de planejamento, organização e controles efetivos para as atividades armazenagem, programas de produção e entregas de produtos e serviços com fluxos facilitadores do sistema organizacional e mercado lógico. A logística é uma atividade vital para a organização. A Logística Empresarial trata das atividades de movimentação e armazenagem que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como fluxos de informações que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo razoável. "Consiste em fazer chegar a quantidade certa das mercadorias certas ao ponto certo, no tempocerto, nas condições e ao mínimo custo; a logística constitui-se num sistema global, formado pelo inter-relacionamento dos diversos segmentos ou setores que a compõem. Compreende a embalagem e a armazenagem, o manuseio, a movimentação e o transporte de um modo geral, a estocagem em trânsito e todo o transporte necessário, a recepção, o acondicionamento e a manipulação final, isto é, até o local de utilização do produto pelo cliente" (MOURA, 1998, p.51). A evolução da logística empresarial têm início à partir de 1980, com as demandas decorrentes da globalização, alteração estrutural da economia mundial e desenvolvimento tecnológico, tendo como conseqüência a segmentação da logística empresarial em três grandes áreas: 1. Administração de materiais: que é o conjunto de operações associadas ao fluxo de materiais e informações, desde a fonte de matéria-prima até a entrada na fábrica; em resumo é “disponibilizar para produção”; sendo que participam desta área os setores de: Suprimentos, Transportes, Armazenagem e Planejamento e Controle de Estoques. 2. Movimentação de Materiais: transporte eficiente de produtos acabados do final de linha de produção até o consumidor; sendo que fazem parte o PCP (Planejamento e Controle da Produção), Estocagem em processo e Embalagem. 3. Distribuição física: que é o conjunto de operações associadas à transferência dos bens objeto de uma transação desde o local de sua produção até o local designado no destino e no fluxo de informação associado, devendo garantir que os bens cheguem ao destino em boas condições comerciais, oportunamente e a preços competitivos; em resumo é “tirar da produção e fazer chegar ao cliente”. Participam os setores de Planejamento dos Recursos da Distribuição, Armazenagem, Transportes e Processamento de Pedido. A missão do gerenciamento logístico é planejar e coordenar todas as atividades necessárias para alcançar níveis desejáveis dos serviços e qualidade ao custo mais baixo possível. Portanto, a logística deve ser vista como o elo de ligação entre o mercado e a atividade operacional da empresa. O raio de ação da logística estende-se sobre toda a organização, do gerenciamento de matérias-primas até a entrega do produto final. Dentro da logística integrada temos que fazer uma diferenciação entre as variantes da logística: 27 - A logística de abastecimento que é a atividade que administra o transporte de materiais dos fornecedores para a empresa, o descarregamento no recebimento e armazenamento das matérias primas e concorrentes. Estruturação da modulação de abastecimento, embalamento de materiais, administração do retorno das embalagens e decisões sobre acordos no sistema de abastecimento da empresa. - A logística de distribuição é a administração do centro de distribuição, localização de unidades de movimentação nos seus endereços, abastecimento da área de separação de pedidos, controle da expedição, transporte de cargas entre fábricas e centro de distribuição e coordenação dos roteiros de transportes urbanos. - A logística de manufatura é a atividade que administra a movimentação para abastecer os postos de conformação e montagem, segundo ordens e cronogramas estabelecidos pela programação da produção. Desovas das peças conformadas como semi- acabados e componentes, armazenamento nos almoxarifados de semi- acabados. Deslocamento dos produtos acabados no final das linhas de montagem para o armazéns de produtos acabados. - A logística organizacional é a logística dentro de um sistema organizacional, em função da organização, planejamento, controle e execução do fluxo de produtos, desde o desenvolvimento e aquisição até produção e distribuição para o consumidor final, para atender às necessidades do mercado a custos reduzidos e uso mínimo de capital. Em nível estratégico a logística tem papel fundamental no desenvolvimento empresarial, e oferece benefícios ao longo de toda a cadeia produtiva, bastando para isso seu uso adequado e sistemático. É importante perceber que, ao mesmo tempo em que a função logística é enriquecida por atividades empresariais complexas, esta deixa de ter características meramente técnicas e operacionais, passando a comportar conteúdos estratégicos. O sistema logístico e seu funcionamento pode ser melhor entendido conforme a Figura 2. Figura 2 - O sistema logístico. Pode-se verificar que o sistema logístico caracteriza-se por um processo cíclico que envolve desde a aquisição de matéria-prima, o processo produtivo (produção em si) até a destinação final aos consumidores. Estão compreendidos neste ciclo, a agregação de valores pela produção, a utilização de materiais das mais diversas origens, a utilização de recursos humanos, materiais, tecnológicos, econômicos e financeiros para a transformação dos materiais em produtos. Nesse processo cíclico estão contidos dois tipos de atividades logísticas, as primárias e as secundárias: 28 As atividades primárias são essenciais para o cumprimento da função logística e constituem a maior parte do processo logístico: • Transportes, que se referem aos métodos de movimentar os produtos aos clientes, de grande importância ao processo logístico; • Gestão de estoques dependendo do setor em que a empresa atua e da sazonalidade, é necessário um nível mínimo de estoque, para harmonizar as variações de oferta e demanda; • O processamento de pedidos envolve o processo necessário para a entrega de bens e serviços aos clientes. Já as atividades secundárias exercem a função de apoio às atividades primárias na obtenção dos níveis de bens e serviços requisitados pelos clientes: • Armazenagem que trará das questões relativas ao espaço necessário para estocar os produtos; • Manuseio de materiais que se refere a movimentação dos produtos no local de armazenagem; • Programação de produtos, programação da necessidade de produção e seus respectivos itens; • Manutenção de informação, que atua como base de dados para o planejamento e o controle da logística. Para intervir e melhorar a Logística das empresas, primeiro é preciso descrever e compreendê-la. Fazemos isso, freqüentemente, com o apoio de um esquema da malha logística, que consiste em um desenho que representa o fluxo e a armazenagem dos materiais e informações. Nesse esquema usualmente procuramos incluir todas as informações relevantes (origens, “leadtimes”, coberturas, “checkpoints”, etc…), valendo-se de uma simbologia universal Figura 3 - Simbologia padronizada para representação de fluxos logísticos. Na Gestão de Materiais, a malha logística contribui na identificação das origens e destinos de cada item que está sendo administrado, de forma que podemos avaliar as posições estratégicas dos estoques, estabelecendo políticas de cobertura e minimizando redundâncias, enquanto agilizamos o abastecimento e a distribuição. Pode-se, inclusive, realizar um “zoom” focalizando um depósito qualquer dentro da cadeia de abastecimento, como representado pela figura 4. Figura 4 - Fluxo genérico do material em um depósito 29 Outro fator importante que surgiu com a evolução da logística foi a Logística Reversa, que é a área da logística empresarial associada a retornos de produtos, reciclagem, substituição de materiais, reutilização de materiais, descarte de resíduos e reformas e reparos. O interesse surgiu na década de 1990, de forma similar ao interesse pela administração de material, quando os profissionais de logística reconheceram que matérias primas, partes, componentes e suprimentos representam custos significativos que devem ser administrados de forma adequada. Este conceito pode ser classificado em duas categorias, a saber: reutilizáveis e perda; reutilizáveis são equipamentosde carga unitizada que devem ser recuperados e devolvidos ao ponto de manufatura, onde poderão ser reutilizados e perda são equipamentos que devem ser recuperados e reciclados ou descartados na forma mais propícia ao ambiente e eficiente em termos de energia. O impacto ambiental provocado na movimentação de materiais, projeto e embalagem dos produtos é significativo, sendo uma grande preocupação as empresas, reciclar produtos e materiais são novos desafios aos projetistas de sistema, todos serão afetados pelo foco de assegurar que a logística tenha uma função "ambientalmente neutra”. Das muitas mudanças que ocorreram no pensamento gerencial nos últimos 10 anos, talvez a mais significativa tenha sido a ênfase dada à procura de estratégias que proporcionassem um valor superior aos olhos do cliente. Umas das mais importantes tendências comerciais do século XX foi à emergência da Logística como conceito integrado que abrange toda a cadeia de suprimentos, desde a matéria-prima até o ponto de consumo. A filosofia fundamental, que está por trás deste conceito, é a do planejamento e coordenação do fluxo de materiais da fonte até o usuário como um sistema integrado, em vez de, como é o caso tão freqüente, gerenciar o fluxo de bens como uma série de atividades independentes. Desta forma, sob o regime de gerenciamento logístico, o objetivo é ligar o mercado, a rede de distribuição, o processo de fabricação e a atividade de aquisição, de tal modo que os clientes sejam servidos com níveis cada vez mais altos, ainda assim mantendo os custos baixos. O ciclo de vida dos produtos está ficando cada vez menor, essa diminuição exige informações bem mais velozes, precisas e oportunas, faz com que qualquer falha na qualidade, quantidade ou processamento da informação seja fatal para a empresa. O que temos presenciado em muitos mercados é o efeito das mudanças de tecnologia e da demanda do consumidor, que se combinam para produzir mercados mais voláteis em que um produto pode ficar obsoleto quase tão logo seja lançado. Existem muitos exemplos de ciclos de vida que se encurtam, mas talvez o caso dos computadores pessoais sirva para simbolizar todos. Neste caso particular, temos assistido a um rápido desenvolvimento de tecnologia que criou mercados onde nada existia antes, mas que, maneira igualmente rápida, tornaram-se obsoleto com o anúncio da próxima geração de produtos. Esse encurtamento do ciclo de vida tem criado sérios problemas para o gerenciamento logístico. De modo particular, os ciclos de vida curtos exigem prazos menores, na verdade, nossa definição de prazo precisa ser mudada. A finalidade principal de qualquer sistema lógico é a satisfação do cliente. Esta é uma idéia simples, nem sempre fácil de entender por gerentes envolvidos com o planejamento da produção ou controle de estoque, que parecem estar distante do mercado. O fato evidente é que todas as organizações possuem o serviço ao cliente como 30 meta. Em verdade, muitas pessoas de empresas bem sucedidas começaram a examinar os padrões de seus serviços internos para que todas as pessoas que trabalham no negócio compreendessem que elas deveriam prestar serviços para alguém, no caso o cliente. 3 A FUNÇÃO COMPRAS O termo compra pode ser definido como a aquisição onerosa de uma coisa ou de um direito, pelo qual se paga determinado preço. As atividades relacionadas a compras envolvem uma série de fatores como seleção de fornecedores, qualificação dos serviços, determinação de prazos de vendas, previsão de preços, serviços e mudanças na demanda, entre outros. A gestão de compras é uma atividade fundamental para o bom gerenciamento das empresas e que influencia diretamente nos seus estoques e no relacionamento com os clientes, estando também relacionada à competitividade e ao sucesso da organização. Ao longo do tempo, a função compras passou a ser imprescindível para a administração de recursos materiais de uma empresa. Hoje saber comprar de forma a beneficiar a organização é determinante não somente para a competividade, como para a própria permanência da empresa no mercado. A função compras é uma das engrenagens do grande conjunto denominado sistema empresa ou organização e deve ser devidamente considerado no contexto, para que deficiências não venham a ocorrer, provocando demoras onerosas, produção ineficiente, produtos inferiores, o não cumprimento de promessas de entregas e clientes insatisfeitos. A competitividade no mercado, quanto a vendas, e em grande parte, assim como a obtenção de lucros satisfatórios, devida a realização de boas compras, e para que isto ocorra é necessário que se adquira materiais ao mais baixo custo, desde que satisfaçam as exigências de qualidade. É a função responsável pela obtenção do material no mercado fornecedor, interno ou externo, através da mais correta tradução das necessidades em termos de fornecedor / requisitante. O custo de aquisição e o custo de manutenção dos estoques de material devem, também, ser mantidos em um nível econômico. Essas considerações elementares são a base de toda a função e ciência de Compras. A função Compras compreende: - Cadastramento de Fornecedores; - Coleta de Preços; - Definição quanto ao transporte do material; - Julgamento de Propostas; - Diligenciamento do preço, do prazo e da qualidade do material; - Recebimento e Colocação da Compra. Para Dias (1993, p.259) a função compras é um segmento essencial do Departamento de Materiais ou Suprimentos, que tem por finalidade suprir as necessidades de materiais ou serviços, planejá-las quantitativamente e satisfazê-las no momento certo com as quantidades corretas, verificar se recebeu efetivamente o que foi comprado e providenciar armazenamento. De acordo com Paterno (1997, p.274) compras é um serviço que tem por finalidade prever os materiais 31 necessários ao hospital, planejar as quantidades corretas e satisfazê-las no momento certo, na melhor qualidade e ao menor custo. Em qualquer operação de compra não podem ser esquecidos alguns fatores como: • O preço do material a ser adquirido; • A qualidade do mesmo; • A quantidade conveniente; • Os prazos de entrega de mercadoria; • A devida conferência no recebimento. Um dos parâmetros importantes para o bom funcionamento do departamento de compras e, consequentemente, para o alcance de todos os objetivos é a previsão das necessidades de suprimento. Nunca é demais insistir na informação dessas quantidades, das qualidades e prazos que são necessários para a organização hospitalar operar. São estas informações que fornecem os meios eficientes para o comprador executar o seu trabalho, devendo compras e produção dispor do tempo necessário para negociar, fabricar e entregar os produtos solicitados. De uma maneira bastante ampla, e que demonstra que a função compras não existe somente no momento da compra propriamente dita, mas que a mesma possui uma maior amplitude, envolvendo a tomada de decisões, procedendo a análises e, determinando ações que antecedem ao ato final, pode-se dizer que compras têm como objetivo "comprar os materiais certos, com a qualidade exigida pelo produto, nas quantidades necessárias, no tempo requerido, nas melhores condições de preço e na fonte certa". Para que estes objetivos sejam atingidos, deve-se buscar alcançar as seguintes metas fundamentais: 1 - Atender o cronograma de produção, através do fornecimento contínuo de materiais; 2 - Estocar ao mínimo, sem comprometer a segurança da produção desde que represente uma economia para a organização; 3 - Evitar multiplicidade de itens similares, o desperdício, deterioração e obsolescência;
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