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Stand-UpStand-Up ComedyComedy THE BOOK de Judy Carterde Judy Carter Tradução: Emilio Boechat e Aldo Camolez AS SEIS DESCULPAS ESFARRAPADAS1 PARA NÃO SE SUBIR AO PALCO “É CLARO QUE EU SOU ENGRAÇADO EM FESTAS, MAS...” Desculpa #1: “Eu tenho medo” O obstáculo número um para se fazer comédia é o MEDO. E esta é uma reação muito apropriada. Vamos encarar, se ficar de pé sozinho sobre um palco diante de um bando de estranhos não amedronta você, então, algo deve estar errado. Consulte um médico. Não há problema em ficar nervoso. É muito humano. Todo “performer” de sucesso luta com o medo, então, não permita que isso o impeça de correr atrás dos seus sonhos. Em todos esses anos em que tenho me apresentado, eu não consigo pensar em uma só vez em que não tenha ficado nervosa. O truque é ir em frente apesar do sentimento de medo. Normalmente, o medo desaparece assim que você pisa no palco. Não entre em pânico. O medo é um assunto tão poderoso com meus alunos que eu dediquei um capítulo inteiro a este tema, incluindo exercícios para controlá-lo. Olhe pelo lado bom: ao menos, se apresentar em público o manterá normal. DESCULPA #2: “Eu sou tímido...” Bem, eu também sou. Muitos comediantes que fazem stand-up são bem tímidos em suas vidas privadas, e subir em um palco é um grande modo de se liberar. Pessoas tímidas como você tem muita coisa para extravasar, e o palco lhe fornece uma arena onde libertar suas críticas reprimidas sobre o mundo. Eu descobri que, quanto mais quieta é uma pessoa fora do palco, mas ela tem a dizer sobre o palco. Uma vez que elas tenham uma chance de serem ouvidas, meus alunos tímidos são aqueles que eu não consigo fazer com que parem de falar. 1 Lame. Stand-Up Comedy – The BookPágina 2 Judy Carter DESCULPA #3: “Eu sou apenas um idiota qualquer...” E daí? Antes de terem uma carreira bem sucedida como comediantes, Jay Leno era mecânico e Roseanne Barr era uma dona de casa com três filhos. “I’ve been married fourteen years and I have three kids. Obviously, I breed well in captivity.” “Eu estou casada há quatorze anos e tenho três filhos. Obviamente, eu procrio bem em cativeiro.” - Roseanne Barr Você não tem que ser uma pessoa sofisticada para fazer comédia. As pessoas não vão a um night club para ouvir ponderações intelectuais. Eles querem rir. O desafio é encontrar o humor nas suas experiências mais cotidianas. Ser astuto e esperto ajuda, mas encare, esta é a América, um lugar onde pessoas totalmente inexpressivas e pouco atraentes conquistam altos níveis de fama e fortuna. Desculpa #4: “Eu sou feio, eu sou gordo, eu sou...” Darryl Hannah talvez seja realmente lindíssima, mas será que ela é capaz de fazer as pessoas rirem? Ok, quem se importa, certo? Stand-up é um dos poucos lugares no showbiz que aceita pessoas de todas as formas e tamanhos. De fato, uma distinção física pode até mesmo ser a base de seu ato. Phyllis Diller e o falecido e grande Jackie Gleason, entre outros, construíram suas carreiras no fato de ser gordo ou pouco atraente. A comediante Geri Jewell desenvolve seu ato em cima do fato de ter paralisia cerebral: “I don’t understand why people will go out of their way to drink, so they can walk like me.” “Eu não entendo porque as pessoas se embriagam, será que é para andar como eu?”. Stand-Up Comedy – The BookPágina 3 Judy Carter A característica que a sociedade enxerga como uma imperfeição pode trabalhar a seu favor. O Capítulo 2 ensina como transformar aquele peso a mais em risadas a mais. Desculpa #5: “Eu não sei como escrever material para comédia” Stand-up não tem nada ver com anotar palavras em uma folha de papel. Ela tem a ver com dizer palavras – se apresentar. Stand-up é uma performance ao vivo, não um livro para se passar o tempo. Por esta razão, eu desencorajo meus alunos iniciantes a escrever seu material. No capítulo 2 existem exercícios sobre como criar seu material gravando suas conversas em um gravador. Se você não pode falar, você não pode criar material. Desculpa # 6: “Quando eu fico diante das pessoas, eu tenho vontade de cuspir.” Consulte um analista. Stand-up não é para você. Stand-up é algo difícil e exige um bocado de trabalho duro. Mas a recompensa de se fazer comédia é imensa. Não existe sentimento maior no mundo do que sentir que a platéia está do seu lado, que ela o entende, e o ama. Momentos como estes fazem com que todo o esforço valha a pena. Andy Warhol uma vez disse que no futuro todo mundo seria famoso por quinze minutos. Com este livro, quando os seus quinze minutos chegarem, pelo menos, você não será chato. Stand-Up Comedy – The BookPágina 4 Judy Carter Capítulo 1 COMEÇANDO O que faz as pessoas rirem? “Palavras que tem o som de K nelas são engraçadas. Cheesecake é engraçado. Tomate não é engraçado. Cleveland é engraçado. Maruland não é engraçado...” Neil Simon O que é engraçado? Eu estou constantemente abismada com as coisas que as pessoas acham que são engraçadas e com aquelas que elas acham que não são. Alguns riem de um cara qualquer escorregando em uma casca de banana. Alguns rirão somente do Hitler escorregando em uma casca de banana. Então, o que é engraçado? Se alguém ri, é engraçado. Uma platéia rirá de qualquer coisa, de tudo e de absolutamente nada. Tentar deduzir o que pode agradar uma platéia é como tentar decidir o que cozinhar para a sua família. Não importa o que você faça, alguém irá detestar. Eu tenho visto muitos comediantes deixarem o palco depois de um número que arrasou, deprimidos porque tudo o que eles viram foi um cara na terceira fileira não rir da quarta piada. Todos os que riram na sala foram afogados pelo silêncio de um único sujeito. E não importa se este cara não estava no clima para rir porque ele perdeu sua família inteira em um incêndio e parou ali para um beber um drinque, antes de cometer o suicídio. Acredite em Você O empresário Buddy Morra, que descobriu David Letterman e também Robin Williams e Billy Crystal, entre outros, diz que: “você não deve dar a uma platéia o que ela quer. Dê a ela o que você quer. A maioria dos comediantes vai descer ao nível da platéia para fazer o seu número funcionar, quando de fato, o que você deveria fazer é trazer a platéia para o seu nível”. A primeira vez em que Morra viu David Letterman, ele imediatamente percebeu que David poderia chegar a ter o seu próprio show porque ele tinha a sua identidade própria. Morra sente o que separa comediantes que são especiais dos outros que apenas tentam agradar. Você tem que acreditar em você mesmo. Stand-Up Comedy – The BookPágina 5 Judy Carter É difícil engolir a idéia de que você não pode fazer com que todos gostem de você. Vale a pena repetir2: Você não pode e não é capaz de fazer com que todos amem você. Você tem que subir ao palco com um desejo apaixonado e a intenção de comunicar seus pensamentos e sentimentos, e não apenas fazer as pessoas rirem. Cinco Grandes Segredos para fazer as pessoas rirem Segredo #1: Não conte piadas. As pessoas confundem stand-up com contar piadas. Quando eu vou a uma festa e digo que eu faço stand-up, as pessoas, inevitavelmente, dizem: “Verdade?... Conte uma piada!” Quando eu digo a eles que eu não conheço nenhuma piada, eles não entendem. “Mas, você é uma comediante de stand-up, certo?” Agora, quando eu vou a festas, eu digo as pessoas que eu faço programa. Contar piada é um jeito velho de fazer comédia. “Dois portugueses entram em um bar...”3 O novo estilo de comédia é a comédia pessoal. Seu número é sobre você: seus dilemas viscerais, seu corpo, seu casamento, seu divórcio, seu vício... Tente encontrar piadas no ato de Sam Kinison. Não existe nenhumapiada. “Se você alguma vez pensar em se casar, senhor, apenas lembre-se dessa expressão – ahhhhhhhhh!”. Sam vai de cliente a cliente, cara a cara e grita. O humor de Kinison vem de uma atitude extrema em relação às mulheres, ao Vietnam e às crianças famintas. Sua atitude raivosa e consistente é a força que move o seu sucesso. Meus alunos, que escolhem tópicos que são verdadeiros e, mesmo, dolorosos para eles, são muito mais bem sucedidos do que aqueles que escolhem tópicos que pensam ser engraçados ou esquisitos. A bem da verdade, quanto mais sincero for o seu material, melhor. As pessoas adoram rir do sofrimento dos outros. Eu não tenho certeza do porquê. Talvez porque eles estejam felizes de que isso não esteja acontecendo com eles. Paula Poundstone, a Silvia Plath da comédia, faz um ‘bloco de piadas’4 a respeito de sua desastrada tentativa de suicídio. 2 (this one’s worth repeating): 3 “Two Jews walked into a bar…” 4 chunk Stand-Up Comedy – The BookPágina 6 Judy Carter “Eu tentei usar monóxido de carbono, mas meu prédio tem uma garagem subterrânea gigantesca, então, aquilo estava levando muito tempo. Eu tinha levado uma pilha de livros e alguns salgadinhos. As pessoas passariam e bateriam na minha janela e diriam, “Como está indo esse suicídio?” E eu diria, “Está indo bem, obrigada, eu me senti sonolento hoje mais cedo”. A desolação de Garry Shandling sobre ser rejeitado pelas mulheres fez dele um comediante milionário. “I broke up with my girlfriend. She moved in with another guy, and I draw the line at that.” “Eu rompi com a minha namorada. Ele foi morar com outro cara e eu tenho os meus limites.” Um dos principais equívocos sobre ser engraçados é que você tem que ser aquele tipo de pessoa alegre e pra cima o tempo todo. Mentira. É bem mais interessante assistir alguém lutando com os seus problemas do que um tipo espirituoso, perfeito e sabe tudo. Você já notou que não há muitos monges que são comediantes? Lembre-se... quanto mais miserável for a sua vida, melhor será o seu número. O truque é estar disposto a expor você mesmo o mais que você puder, sem ser preso. Segredo # 2: Não conte estórias. Histórias engraçadas geralmente não funcionam. O erro mais comum que meus alunos cometem quando eles começam a levantar idéias para o seu número é contar histórias a respeito de alguma coisa “engraçada” que realmente aconteceu com eles: “Não, não, escute... isso é a pura verdade!” Histórias podem ser verdadeiras, mas elas raramente são engraçadas e, inevitavelmente, terminam com: “Bem... eu queria que você estivesse lá.” Outra razão porque histórias não funcionam é porque a platéia dos night clubs, muito freqüentemente, está bêbada e sua atenção tem curta duração. Qualquer piada que seja mais longa que cinco linhas, sem um desfecho engraçado, está em maus lençóis. Bob Fisher, proprietário do L.A.’s Ice House e responsável pela agenda de sete clubes de comédia, não contratará contadores de histórias que falem por cinco minutos sem criar um desfecho Stand-Up Comedy – The BookPágina 7 Judy Carter engraçado. “Eu procuro pelo tipo de comediante que trabalha com preparação e desfecho, ao contrário do contador de histórias, porque eu preciso de um comediante que dê a platéia um certo número de risadas por minuto.” Histórias também não funcionam porque elas são, freqüentemente, contadas no passado: “Então, lá estava eu numa loja de departamentos. E essa senhora caminhou em minha direção e me perguntou se eu trabalhava lá. Então, eu disse a ela: ‘Sim’, e ‘todos os televisores estão de graça, hoje.” Este é o mesmo material contado pelo comediante Bob Dubac, no presente e não em forma de história: “Para dar algumas risadas e relaxar, eu recomendo ir a uma loja de departamentos e fingir que você é um dos empregados. Quando alguém aparece e te pergunta, ‘Você trabalha aqui?’ diga a ele ‘Sim’ e só hoje estamos com uma promoção onde você leva qualquer aparelho de TV inteiramente grátis. Sente-se e aprecie a diversão”. Mantenha distância de histórias. O que é engraçado é simplesmente o jeito com que você olha mesmo para o mais mundano dos acontecimentos, do mesmo modo como as observações de Larry Miller a respeito dos fios de telefone: “Como esses fios de telefone podem ficar tão enroscados? Como? Tudo o que eu faço é atender ao telefone, falar, e desligar. Eu não atendo, dou uma estrela, uma cambalhota e, então, desligo.” Segredo #3: Não Tente Ser Engraçado. “Você não tem que agir como um babaca para conseguir risadas.” Se eu disser para você agora “seja engraçado”, o que você faria? Muitas pessoas, provavelmente, começariam a fazer caretas, pular para cima e para baixo, e fazer algo que poderia colocá-las em um hospício. Ser engraçado não tem nada a ver com agir de modo estranho ou ultrajante. Quando mais estranho você for, menos as pessoas te entenderão, e ninguém ri quando está confuso. Por mais excêntrico que comediantes como Howie Mandel e Sam Kinison, sejam, eles fazem um esforço enorme para comunicar suas idéias de forma clara. Agir de maneira estúpida pode ser engraçado se você estiver Stand-Up Comedy – The BookPágina 8 Judy Carter atuando para crianças de cinco anos de idade. Entretanto, trabalhos em jardins da infância não surgem com freqüência e o salário é miserável. Comediantes novatos têm uma tendência a tentar serem engraçados. Vá a uma noite de amadores e observe esses comediantes. Um cara sobe no palco com a intenção de ser bacana. Ele fala a sua primeira linha e ninguém ri. Então, ele se esforça mais para ser engraçado. Ele está falando mais alto, ele está gesticulando, ele está se tornando um homem em desespero. De repente, você sente que se você não rir, este cara irá para casa e cometerá suicídio e será culpa sua. Não é surpresa que daqui por diante nada que ele faça seja engraçado. Quanto mais forte ele tenta ser engraçado, mais você reza, ‘Por favor, Deus, faça ele parar!’ Se você está no palco querendo desesperadamente uma explosão de gargalhadas, uma risada, ou “a tee hee”, você será responsável por não conseguir nenhuma delas. Nada aborrece mais as pessoas do que quando elas pensam que alguém quer algo delas. Não interessa se é amor ou risadas, isso precisa ser dado gratuitamente. Exatamente como as pessoas mais desesperadas por amor acabam morando sozinhas em Winnebagos, os comediantes mais desesperados por risadas terminam tendo que manter os seus empregos convencionais. Segredo #4: Seja Sério. Comédia é um negócio sério. O ato perfeito é engraçado para a platéia e sério para você. Imagine que você seja uma prostituta... uma puta comediante. Em outras palavras, o único que tem que gostar é quem está pagando. Se for engraçado para você e não para o cliente, então você não fez o seu trabalho direito. O comediante comprometido com o seu ato pode fazer uma platéia rir apenas com a força, a intensidade da confidência de um monólogo. Realmente não importa sobre o que se está falando. Se a discussão é sobre o papa, ou sobre “pólipo”, ou mesmo a “pólipo” do papa, é o comprometimento do comediante com o seu material que carrega o seu ato. O comprometimento em comunicar, de tornar as idéias claras, fornecerá todo o combustível de que você precisa. À vontade de se comunicar é a única razão sã para se subir em um palco, sempre. Por que? Se você não acredita no que você está falando, muito menos a platéia acreditará. O tópico que você escolher não tem que ser sério, mas a sua atitude a respeito dele, sim. Seja falando sobre amor, ou gaze, fale com o seu públicocomo se suas palavras fossem modificar as suas vidas. Don Rickles faz a platéia vir abaixo Stand-Up Comedy – The BookPágina 9 Judy Carter simplesmente falando com empolgação em uma língua que ninguém entende. É a sua atitude seriíssima sobre o “nonsense” que faz a platéia rir. O comediante Steven Wright tem levado a seriedade a novas dimensões com o seu jeito de alguém que acabou de sair da tumba e sua expressão impassível: “Eu moro em uma rua de mão única e sem saída. Eu não entendo como seu cheguei lá.” Segredo #5: Relaxe Lembre-se... é uma comédia o que você está fazendo, não uma cirurgia do cérebro. Relaxe e divirta-se. A maneira de fazer as pessoas rirem é: Relaxe e seja você mesmo. Descubra a importância, a seriedade do seu material Divirta-se. Se você realmente entendeu esses princípios, você está pronto para começar: Workshop # 1 ESTUDANDO O TRABALHO DOS COMEDIANTES Quando você assiste a um bom comediante, você nunca deveria estar consciente da estrutura de seu ato – você deveria estar muito ocupado rindo. Bons comediantes aparentam estar falando com espontaneidade e de improviso. “Eles simplesmente acordaram lá e são engraçados”. O que muitas pessoas não imaginam todos os comediantes em atuação estruturam seus atos em fórmulas de comédias muito específicas. Muitos anos atrás, eu apareci em um especial de novos comediantes para a HBO. Também na agenda do programa estava um novo comediante chamado Robin Williams. Eu estava particularmente curiosa para vê-lo ensaiar, porque, como quase todo mundo, eu tinha a impressão de que seu número fosse totalmente improvisado. Não era verdade. Durante o ensaio, na medida em que eu espiava a conversa dele com o diretor, ficou muito claro que todo o seu número tinha sido bem mapeado. “Primeiro, eu aparecerei no palco e farei minha “morte do esperma”, e então, eu faço a minha paródia de Shakespeare, e depois...” Stand-Up Comedy – The BookPágina 10 Judy Carter Robin realmente improvisa durante o seu número, mas um exame de perto mostra que ele tem um começo, um meio e um fim, e cada parte é dividida na fórmula da preparação (setup) e desfecho (punch) da piada. O que faz dele brilhante é sua habilidade para fazer cada bloco de piadas parecer totalmente improvisado. Este exercício irá revelar para você que um número de comédia é um material altamente estruturado onde toda atitude, palavra e grunhidos são meticulosamente determinados. Analisar o material de comédia já testado pode ser uma grande experiência de aprendizado. Entender como funciona a apresentação de outra pessoa o deixará perto de descobrir a sua própria. 1. Grave um comediante que você gosta. (Assista TV ou alugue fitas de vídeo apresentadas pelo seu comediante favorito.) 2. Assista a fita várias vezes. 3. Anote as respostas para as seguintes perguntas. a. Qual é a atitude do começo ao final do show? (isto é, O comediante é raivoso? Frustrado? Confuso? Preocupado? Etc.). Anote aqui: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________________________________ b. Liste os tópicos (assuntos) tratados naquela rotina de piadas (isto é, namoro, casamento, restaurantes, etc.) ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ _ c. O que você gosta e o que você não gosta a respeito deste comediante? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ________________________________________________________________ d. Memorize três minutos do ato deste comediante e o diga em voz alta. OBS.: Você não deve NUNCA, eu repito, NUNCA apresentar publicamente o material de outro comediante. Este exercício é planejado para ajudá-lo a perceber como soa o material de bons profissionais. Apresente o material de outra pessoa mesmo para somente uma outra pessoa é roubo e não vai levá-lo muito longe. Stand-Up Comedy – The BookPágina 11 Judy Carter Agora... antes de passarmos a criação do seu próprio ato, existe um pequeno demônio com o qual devemos tomar cuidado... Lidando com o Medo “Lembre-se, comédia não mata.” As pessoas me dizem, “Eu nunca poderia fazer stand-up. Eu ficaria amuito assustado.” Bem, o que há de novo? Eu gostaria que essas pessoas pudessem ver a pessoa miserável e aniquilada que eu era antes de ir em frente. Em todos esses anos em que eu tenho me apresentado, eu nunca superei o medo de estar no palco. Não importa se eu estou atuando para um pequeno grupo de pessoas, em frente de uma multidão enlouquecida de milhares, ou apenas pensando sobre a minha apresentação, eu ainda tenho ataques selvagens de ansiedade. Eu me sinto absolutamente petrificada e convencida de que a minha morte está próxima. Paula Poundstone, uma bem sucedida comediante que fez incontáveis aparições no Show de Carson e em especiais da HBO, compara standup com paraquedismo. “Na primeira vez em que eu pulei de um aeroplano, algo importante deu errado e eu pensei que fosse morrer. E depois de aterrissar em segurança, meu primeiro pensamento foi que isto era exatamente a mesma sensação que fazer o Tonight Show.” Infelizmente, não existe cura para o medo do palco. A boa notícia é que, não somente o medo desaparece logo que você aterrissa sobre o palco, mas que existe uma maneira de tornar o seu medo controlável – e não é fazendo algo contra a lei. Antes de aprender a lidar com o meu medo de modo satisfatoriamente, eu tentei de tudo para cessar o terror que tinha em atuar. Álcool e drogas foram um desastre. Eles me faziam esquecer o meu número e reter água. Pode não existir uma cura para o medo, mas existe uma maneira de não deixar que ele controle a sua vida. O truque para lidar com o medo é seguir em frente a despeito da sensação de terror. A primeira vez em que Arsênio Hall ouviu seu nome sendo anunciado no palco, ele correu aterrorizado porta afora. Mesmo seu medo tendo persistido, ele de encheu de coragem para tentar novamente. Anos depois, ele terminou com o seu nome nos letreiros das principais casas de espetáculos, estrelando filmes com Eddie Murphy e apresentando seu próprio talk show. Stand-up requer coragem. É o que distingue os homens dos meninos, as mulheres da garotas. Isso é o que é chamado popularmente de “colocar o seu cu na reta”. No primeiro dia de cada nova classe eu pergunto aos meus estudantes, “Quantos de vocês morrem de medo de subir em um palco?” Toda a classe levanta a mão. Eles admitem que estão Stand-Up Comedy – The BookPágina 12 Judy Carter aterrorizados. Eles querem a cura. Eu não tenho a cura. Desapontados, alguns alunos abandonam o curso. Outros querem seu dinheiro de volta. E os corajosos que restaram, ficam ali pela diversão. Do modo como eu vejo, se você gosta de montanha russa, você amará stand-up. Lembra-se? Você entra na fila, pensando que será divertido, quando a fila se move, você começa a suar. Começa a pensar que aquela foi realmente uma idéia estúpida. Você é o primeiro da fila. Você entra no carro. Seu coração está pulando. Talvez você morra. Entra em pânico, quer fugir. Os carrinhos começam a escalar aquela subida interminável e, então – wheeeeeee! Quandoo trajeto termina, você sai do carrinho e não pode esperar para fazer tudo de novo. A medicina tem mostrado que o medo e a excitação produzem a mesma reação física – “caganeira” (diarréia). Pessoas que evitam assumir riscos (risk-taking) têm vidas desinteressantes. Eles querem se proteger de sentir medo ou perder o controle. É precisamente esta sensação de perder o controle que proporciona excitação e faz de uma apresentação interessante de se assistir. Depois de anos dessa loucura, eu percebi que se eu não sentia um pouco de medo, não seria excitante. As raras vezes em que subo ao palco sem sentir medo eu, hoje em dia, fico preocupada. De fato, o dia em que eu não ficar mais nervosa será o dia em que eu desistirei da stand-up e assumirei algon realmente assustador – como me casar. Stand-up é um grande barato se você consegue superar aquela voz crítica que lhe diz para ficar na cama com um quarto de “Rocky Road”. Se você for mais do tipo divertido você tem uma consciência (um crítico dentro de você) que reclama sem parar (yaps away) toda a vez que você tenta algo novo. Meu crítico interior tem reclamado sem parar nos últimos dez minutos: “Você não pode dizer ‘pinto’ em um livro. Agora você ofenderá todo mundo. Pare de escrever e se case já.” Como você pode imaginar, não é nada agradável de se conviver com este meu lado crítico (Slash – criticar - como eu gosto de chamá- lo). Mas, como uma sombra, nós estamos presos um ao outro. Eu cheguei a conclusão de que eu sempre terei uma consciência que fala comigo como se eu fosse a escória da terra. Minha salvação tem sido parar de fingir que ela não existe. Eu, agora, aceito minha consciência e atualmente, descobri que os seu comentários podem ser divertidos – às vezes. Eu garanto que, quando você começar a criar o seu material, seu crítico surgirá soprando no seu ouvido coisas horríveis para que você pare. Este é o momento em que a mioria das pessoas desiste. Antes de você prosseguir, eu recomendo enormemente que você faça esse exercício de controle do seu crítico interior. Workshop # 2 LIDANDO COM O SEU LADO CRÍTICO Stand-Up Comedy – The BookPágina 13 Judy Carter Quando eu tento ignorar o meu lado crítico, sua voz apenas aumenta de volume. Então, eu fiz um trato com ela. Eu lhe dou um tempo ininterrupto para falar com uma condição: que ela dê uma volta enquanto eu estou criando. Funciona. NOTA: Faça este exercício toda a vez em que você tiver um ataque de ansiedade, ou um bloqueio de criação. Primeiro, leve o seu lado crítico para dar uma volta. Permitir que o seu lado crítico se expresse plenamente pode libertar o medo e restaurar seu processo criativo. Dê uma volta em torno do quarteirão e critique você mesmo em voz alta, enquanto caminha (faça isso em um lugar onde você não vai esbarrar em pessoas que você conhece e ser confundido com um “bagperson” - vagabundo, drogado, bêbado). Dê um nome ao seu senso crítico. Deixe tudo “numa boa”. Ou, você pode dar uma volta e gritar com a sua voz crítica como se ela fosse uma assustadora pessoinha. Esteja certo de que tudo dará certo. Faça acordos – barganhe. “Certo, Slash, eu vou fazer uma dieta, se você, primeiro, me deixar terminar este capítulo, ok?” Eu cheguei num ponto em que descobri que o meu lado crítico é hilário – da mesma forma que eu descobri que todos os psicóticos paranóicos são cheios de humor. Então, dialogue com o seu lado crítico. Tirar o seu crítico de dentro do armário e o conhecer a luz o tornará menos perigoso e, talvez, ainda lhe forneça material engraçado. Sendo assim, pegue papel e lápis. É hora de ouvir o que o seu lado crítico tem a dizer. Por três ou cinco minutos: Anote tudo que ele diz, assim como um escrivão de um tribunal – não avalie nada, simplesmente registre. Escreva as suas respostas. Dialogue com o desgraçado. Para distinguir entre as duas vozes, experimente escrever como o crítico com a sua mão direita, e como você mesmo com a esquerda. Releia o que você escreveu e pergunte a si mesmo: a) O seu lado crítico soa familiar? Se positivo... com quem ele se parece? (meu chefe, minha mãe, meu irmão, etc.). Escreva a sua resposta aqui: ______________________________________________________________________ __________________________________________________________________ b) Que tipo de relacionamento você tem com o seu lado crítico? (mãe e filho, pai e pilha, carrasco e vítima, Stand-Up Comedy – The BookPágina 14 Judy Carter professor e aluno, etc.) Anote todos os seus pensamentos. Alguns poderão soar vagos. Tudo bem. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ c) O seu lado crítico é razoável? Em algum momento ele para de lhe criticar? Como você lida com ele? Como você faz com que ele se cale? (Inclua beber e comer se isso faz parte da sua anestesia.) ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ O objetivo deste exercício foi libertar os seus demônios e colocar você no controle do seu processo criativo. Uma vez que nós relaxamos e paramos de lutar com nós mesmos, nosso crítico interior pode nos suprir com um valioso material cômico. O próximo capítulo mostrará como transformar o seu lado crítico em material cômico. RESUMO Lembre-se dessas regras e você e você estará preparado para um bom começo: 1. Encare com seriedade o que você diz sobre o palco. Se comprometa com o seu material. 2. Não tente ser engraçado. Não espere nada do público. 3. Não conte piadas ou histórias. Seja você mesmo. 4. Controle o seu lado crítico. Quando estiver com medo, dialogue com o seu crítico interior. 5. Relaxe. Divirta-se. Agora, vamos avançar para criar a sua apresentação de morte. Stand-Up Comedy – The BookPágina 15 Judy Carter Stand-Up Comedy – The BookPágina 16 Judy Carter Capítulo 2 REUNINDO MATERIAL “Podemos conversar?” “Claro... mas sobre o que?” Você tem toneladas de material: sua vida Você não tem que olhar no jornal para encontrar material. Todo o material de que você necessita está dentro de você. É só o caso de descobri-lo, colocá-lo para fora e entregá-lo para o público. Mesmo se você nunca esteve sobre o palco antes, eu tenho certeza de que você já fez um número. Lembra-se daquela festa onde você começou a falar mal do seu ex-marido, as pessoas ficaram vidradas em você e rolaram de rir? Ou, que tal aquela vez na terapia, quando você matou o seu analista de rir, desesperada com o seu peso, ou divertiu o carteiro reclamando das contas? Tudo isso poderia servir de material para a sua apresentação. Neste capítulo, nós iremos reunir seus temas, seu materialcru. No Capítulo 3 nós o transformaremos em rotinas engraçadas. Então, por onde começar? O modo de começar a desenvolver material é encontrar: A sua atitude Os assuntos de seu interesse E a conexão entre os dois Descobrindo a sua Atitude “Ninguém me respeitao...” - Rodney Dangerfield - Quando um cantor canta, ele põe para fora os seus sentimentos. Bons comediantes não contam piadas, simplesmente, eles se apresentam com uma atitude emocional muito específica. Atitude é a força vital de um ato. O material não pode ser emocionalmente neutro. Os temas do seu interesse tem que te deixar com repulsa, machucar você, deixa-lo excitado, porque o público não reage a palavras, ele reage a sentimentos. Toda pequena parte de seu material tem uma atitude específica, tais como “Eu estou preocupado com...” ou, “EU AMO...” ou “Eu estou FURIOSO com...” Este pedaço de um ato de Margareth Smith mostra como ela se sente a respeito de seu empresário. Stand-Up Comedy – The BookPágina 17 Judy Carter “I hate my manager. He’s always giving me advices like ‘Wear red lipstick up there. Look pretty.’ What if I’m not funny and it´s coming out of these big old red lips? It’s like being a crummy outfielder with a paisley mitt.” “Eu detesto o meu empresário. Ele está sempre me dando conselhos do tipo ‘Use batom vermelho quando estiver no palco. Você fica bonita.’ E se eu não estou sendo engraçada e o que eu disser sair de dentro desses grandes e velhos lábios vermelhos? Minha boca vai parecer uma luva de beisebol de um arremessador decrépito.” Uma aluna de Spacy, Valerie Webber, se preocupa com coisas estranhas: “Eu fico intrigada com lapelas. Elas têm uma casa para botão, mas nenhum botão. E para que servem aquelas dobras em “V”? Se você juntá-las, elas formam um quadrado? Quem inventou isso, Jean Paul Sartre? Lapelas! Lapelas! Lapelas! A vida é um grande mistério!” E a aluna Roseanne Keaton adora ser negra: “Eu adoro ser Negra porque isso faz com que os meus amigos brancos sintam-se muito liberais. Eu alugo a mim mesma todos os dias de Martin Luther King como um suporte áudio visual. Isso faz com que eu me sinta especial, como a última uva passa em uma tigela de cereais.” Atitude não deve ser confundida com persona. A maioria dos comediantes tem uma atitude diferente para cada trecho de seu material, e durante o seu número, eles pulam de algo que os deixa com raiva para alguma coisa da qual eles têm orgulho, e depois para algo que os deixam preocupados. Uma persona é quando o comediante tem uma atitude emocional específica para todo o seu número e todo o seu material está ligado a isso. Por exemplo: Rodney Dangerfield – “Ninguém me respeita...” Jay Leno – “Aqui está uma coisa estúpida...” Richards Lewis – “Eu estou sofrendo...” Todas as “piadas” que eles contam iluminam o modo particular como eles trabalham o seu ponto de vista. Você pode sempre Stand-Up Comedy – The BookPágina 18 Judy Carter identificar a persona de um comediante. Esta é uma ciosa que nunca está ofuscada. “Eu liguei para o meu médico. Disse a ele que estava com diarréia. Ele me pôs na espera. A história da minha vida... nenhum respeito.” - Rodney Dangerfield “Eu vi um anúncio estúpido do lançamento de um novo forno microondas que pode cozinhar uma refeição em dez segundos. Será que existem pessoas que dizem, ‘Hei, eu já estou em casa há mais de dez segundos, onde diabos está o meu jantar?. ” - Jay Leno “Eu estou sofrendo... Eu deveria produzir um show no Radio City: A Noite das Cem Ansiedades... Minha mãe trouxe uma antena parabólica judia, ela capta problemas de outras famílias... Para os feriados eu lhe comprei um candelabro judeu que acende com resistência e um forno que reclama da comida...” - Richard Lewis Comprar material para comédia antes de você ter uma persona definida será um desperdício de dinheiro. Quando escritores de comédia criam material para outros artistas, eles primeiro devem se familiarizar com a persona daquele comediante. Material que é perfeito para Richard Lewis provavelmente será um desastre nas mãos de Jay Leno. Pessoas que roubam material cometem o erro de roubar as piadas de um comediante sem a sua persona. Eu estava me apresentando numa campanha beneficente para levantar fundos e esta loira adolescente de olhos azuis tinha memorizado um número de Bil Cosby palavra por palavra. Ela foi um fiasco. Mesmo que ela tenha dito o material palavra por palavra, o que estava errado era a atitude de Cosby: seu entusiasmo quase infantil pelo mundo em que ele vive. Pessoas que roubam material estão destinadas ao fracasso. Elas evitam o verdadeiro trabalho da stand-up – cavar fundo dentro delas mesmas e descobrir seu jeito único e particular de enxergar o mundo. Muitos alunos querem saber logo qual deve ser a atitude deles. Infelizmente, sua atitude geral, sua persona sobre o palco, não é algo que você possa conscientemente planejar. Ao contrário, preferivelmente, ela é algo que se desenvolve a medida em que você Stand-Up Comedy – The BookPágina 19 Judy Carter descobre os temas de seu interesse. Então, por enquanto, não se preocupe com isso. Na próxima sessão você começará o processo de cavar um monte de tópicos e testar diferentes atitudes. Aqui estão alguns tópicos dos meus alunos ao lado das suas atitudes correspondentes: TOPICOS ATITUDES Correntes AMA Minha pedicure AMA Bárbara Bush ADORA Gaze SE PREOCUPA Liver spots (pedaços de fígado?) SE PREOCUPA Ser um nerd SE ORGULHA Cachorros quentes de graça AMEDRONTADO Biquínis “peludos” (Fur Bikinis) AMEDRONTADO O alergia de pele de minha mãe ODEIA Mímica ODEIA Pessoas que desembrulham balas nos teatros ODEIA Escolhendo os seus Tópicos As coisas mudaram desde Lenny Bruce. Nos dias de hoje, há pouca coisa que um comediante não possa dizer sobre o palco. Todos nós sabemos sobre o que não podemos falar na TV. George Carlin fez uma rotina cômica sobre os sete palavrões. Se você se sente que tem autoridade para falar de alguma coisa e fala sobre ela com comprometimento, você pode fofocar sobre qualquer coisa. Não verifique se algum outro comediante está falando sobre o mesmo assunto. Vá em frente. Se você se sentir inseguro a respeito de certos tópicos, evite-os. Tudo isso tem a ver com você se sentir confortável e comprometido com o seu tópico. Aqui vão alguns conselhos: Tópicos Que Farão As Pessoas Jogarem Coisas Em Você 1. Piadas racistas. Não fale mal de negros, judeus, hispânicos, orientais e assim por diante a menos que aconteça de você ser negro, judeu, hispânico, oriental, etc. O mundo não precisa de mais racismo e você não precisa de um nariz quebrado. Isso também inclui falar mal dos homens se você é uma mulher e vice versa. Ao invés de “Mulheres são difíceis de se lidar...”, tente, “Eu tenho medo de mulheres fortes...” Expressar seus medos interiores ao invés de reclamar sobre os outros resulta em material melhor e o torna mais atraente. Stand-Up Comedy – The BookPágina 20 Judy Carter 2. Doenças. Não use câncer, AIDS, ou outra doença terminal como um tópico a menos que você queira uma platéia deprimida e com os olhos cheios de lágrimas. 3. Imagens nojentas. Evite criar metáforas gráficas (graphic imagery) tais como qualquer coisa que pingue dos orifícios do corpo humano. A platéia pode estar comendo. 4. Palavrões. Depende de como você os usa. Comediantes como Kinison, Pryor e Carlin se utilizam deles com bom resultado, mas comediantes preguiçosos usam palavrões porque eles não conseguem imaginar como fazer algo ficar engraçado e pensam que palavrões ajudarão. Em muitos casos, comediantes sem talento usarão palavrões como umamaneira de camuflar sua falta de paixão. Um número cheio de palavrões não ajudará a arrumar trabalho. Proprietários de Clubes de Comédia, tais como Jan Smith do Igby’s Comedy Club de Los Angeles, fica relutante em contratar um ato obsceno, especialmente de alguém que vai abrir um show porque isso dá o tom para o show e tornará as coisas difíceis para os outros que se apresentarem depois se eles não tem a mesma veia obscena. Ao invés de termos literais de mal gosto, eu encorajo meus alunos a usar eufemismos. O comediante Jordan Brady tem um bloco de piadas em que ele substitui por um efeito sonoro a palavra “foda”. “A única coisa que eu gosto a respeito dos filmes pornôs é aquele tema musical do início dos anos setenta (diz em ritmo de jazz): “Bau chick a boom bau”. Quando você ouvia esta música, sabia o que ia acontecer. A dona de casa está sozinha, o jardineiro entra para beber água, e... ‘bau chick a boom bau’. Ele poderia ter bebido da mangueira, mas ele queria um pouco de: ‘bau chick a boom bau’.” Essa piada, usada em um show matutino da CBS, mostra um exemplo de como Jordan trabalha sem “sujeira”. Palavrões podem se tornar bengalas para o comediante preguiçoso e desesperado. Mas, se este é o seu estilo e você não quer se apresentar na TV, pau no cú, use-os. Quem é Você A maneira correta de se construir um ato cômico é descobrir o que você sente efetivamente sobre: O seu eu exterior (aparência física) O seu eu interior (temas pessoais, isto é, infância, pais, escola, relacionamentos) Stand-Up Comedy – The BookPágina 21 Judy Carter O mundo em que você vive (comentários sociais, política, etc.) Os próximos exercícios tratarão da identificação de seus traços externos e internos. (Comentário social e humor político é mais complicado e será abordado no Capítulo 4). Eu lhe farei perguntas muito pessoais. É essencial que você diga a verdade. Material baseado em coisas verdadeiras estabelece uma relação pessoal com a platéia. Mais tarde, no capítulo 3, você aprenderá como exagerar a verdade para torna-la engraçada, mas nesse momento, seja honesto e crível. A diversão virá mais tarde. Eu também irei lhe pedir um monte de informações. Preencha tanto itens quanto puder porque desenvolver material é como alimentar peixes de briga Siameses. Eles precisam botar dois mil ovos para que apenas dez filhotes sobrevivam. Não se critique, apenas siga as instruções. Traços Negativos de Personalidade Existe alguma coisa a respeito de sua personalidade que o deixe embaraçado? Você possui algum traço psicológico, ou um defeito de caráter, ou alguma fraqueza que você tente esconder. Alguma coisa que você ficaria envergonhado de revelar em um primeiro encontro? Você é um comedor compulsivo? Um perdedor? Egoísta? Aparentemente, traços negativos são solo fértil para bom material. Jack Benny construiu seu ato inteiro no fato dele não valorizar a si mesmo. Muito comediantes falam sobre seus fracassos com as mulheres. “Eu tenho baixa auto-estima. Quando eu estava na cama, eu fantasiava que EU era outra pessoa.” - Richard Lewis Todo mundo tem traços que não são aceitáveis socialmente. Quando mais embaraçante eles forem, melhores serão as “piadas” que resultarão deles. As pessoas vão a um clube e pagam no mínimo dois drinques para escutar coisas que elas simplesmente pensam a respeito. O comportamento apropriado na vida real é perfeitamente de acordo para o palco. “Eu pensava que tinha síndrome pré menstrual. Mas, meu médico disse, ‘Eu tenho boas e más notícias. A boa notícia é que você não tem síndrome pré menstrual. A má notícia é que você é uma piranha.” - Rhonda Bates Stand-Up Comedy – The BookPágina 22 Judy Carter Tenha em mente que seus traços negativos precisam ser críveis. Uma platéia não comprará um homem bonitão falando sobre como ele é mal sucedido com as mulheres. Nem tão pouco, comprará uma mulher magra falando sobre quão gorda ela é, a menos que ela diga isso com sarcasmo. Mesmo que você se ache gordo, ou feio, a menos que os outros também achem, você confundirá a platéia. Você tem que estabelecer credibilidade com o público. Você precisa ser autêntico e convincente. Diga a verdade. “Eu tive que me mudar para Nova Iorque por motivos de saúde. Eu sou extremamente paranóico e Nova Iorque é o único lugar onde meus medos são justificados.” - Anita Wise Lembre-se, você não precisa inventar nada porque a verdade é o suficiente para entreter. Workshop # 3 TRAÇOS NEGATIVOS DE PERSONALIDADE Hora de se confessar Anote a seguir seus traços negativos de personalidade. Quanto mais negativo, melhor. Tenha em mente que você esta anotando traços psicológicos. Evite escrever traços físico, como unha encravada (biter nail), magreza, caspa, e assim por diante. Aqui vão alguns exemplos de meus alunos: comedor compulsivo, piranha, CDF, pessoa que fala demais, neurótico, fracassado, alcoólatra, mentiroso, vagabunda, quadrado, confuso, um filho da puta que só se preocupa consigo mesmo. 1. ________________________________________________________________ 2. ________________________________________________________________ 3. ________________________________________________________________ 4. ________________________________________________________________ 5. ________________________________________________________________ 6. ________________________________________________________________ 7. ________________________________________________________________ 8. ________________________________________________________________ Stand-Up Comedy – The BookPágina 23 Judy Carter 9. ________________________________________________________________ 10. ________________________________________________________________ Workshop # 4 CARACTERÍSTICAS ÚNICAS Existe alguma coisa a seu respeito que o torne único? Você tem uma ocupação incomum? O ato de uma aluna, Belinda Ware, foi baseado no seu emprego estranho. “Eu sou coveira no Forest Lawn. Não é tão ruim. Meus clientes não reclamam.” A aluna Joan Gibson era “caminhoneira”: “Algumas pessoas pensam que mulheres não podem dirigir caminhões. Ei, eu sou capaz de manobrar em vagas minúsculas e de me segurar para ir ao banheiro por três mil milhas, e minha bunda pode criar hemorróidas tão grandes quanto as desse cara aqui.” Você tem uma religião curiosa? “Telling your parents you want to be a comedian is rough, especially they’re Mormons. I remember sitting them down and saying, ‘Now look, Mom, Dad, Mom, Mom, Mon…” “Contar para os seus pais que você quer ser um comediante é dureza, especialmente quando eles são Mormons. Eu me lembro de pedir para que eles se sentassem e dizer, ‘Agora, olhem, mãe, pai, mãe, mãe...” Você tem alguma deficiência? A surda Katherine Buckley passou para as semifinais de um concurso de comédia, sua primeira experiência no palco, em parte porque seu material tratava de forma honesta e aberta com a sua incapacidade de ouvir, enquanto ela dava um novo tratamento a um tópico tradicional das comédias, namoros: “I haven’t had a date in two and a half years, but, maybe that´s because I haven’t heard the phone ring.” “Ninguém me convida para sair já há dois anos e meio. Talvez, isso tenha alguma relação com o fato de eu não escutar o telefone.” Stand-Up Comedy – The BookPágina 24 Judy Carter Ou, existe alguma coisa única a respeito de sua família? A aluna Linda Adelman baseou seu ato em um tópico muito arriscado, seus pais são sobreviventes do holocausto: “... então, eu agrada-los, mas, não importava o quanto eu limpasse a minha casa, quando eles me visitavam as primeiros palavras que saíam da boca de meu pai eram ‘Eu sinto cheirode gás!’” O comediante Blake Clark baseia seu ato no fato de ser um veterano da guerra do Vietnã: “Estou escrevendo um livro sobre minhas experiências durante a Guerra do Vietnã que vai se chamar, Um Guia dos Bares e Tavernas de Montreal.” Você tem uma característica singular? Se tiver, anote-a aqui: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Workshop # 5 SEU EU EXTERIOR Uma ótima maneira de abrir uma apresentação é fazer piada com o mais óbvio – com o que você se parece. Você é magro, gordo, de alguma etnia, e assim por diante? Pode ser algo tão simples quanto o seu cabelo. Uma das minhas alunas tinha cabelo em abundância. Ela subia no palco, esperava um momento, e então, dizia com nenhuma expressão em seu rosto: “Eu detesto meu cabelo.” Isso fazia a casa vir abaixo. Nenhuma piada, nenhum desfecho, simplesmente a verdade nua e crua com uma atitude cheia de honestidade como “Eu detesto...” Outro aluno tinha um visual completamente inexpressivo (wimpy-looking). Suas primeiras palavras no palco eram: “Ok, eu sou um nerd...” Então, ele prosseguia falando sobre o seu orgulho em ser um nerd. “... quem mais levaria você ao aeroporto a uma da manhã?” Stand-Up Comedy – The BookPágina 25 Judy Carter Sua atitude era: “Eu me orgulho...” Outra aluna tinha um visual muito, muito, muito rude. Ela era guarda de segurança de dois metros com uma cicatriz de corte de faca no seu rosto. Sua primeiras palavras depois de encarar a platéia por alguns minutos era: “Está certo, eu não sou a porra de uma debutante.” Sua atitude era: “Eu estou zangada...” Outros itens de traços externos dos meus alunos incluíam: “Eu sou japonês...”; “Ombros largos...” (um aluno vestindo largas ombreiras); “Eu sou açougueiro...” (uma garota com visual masculino); “Eu sou negro...”; “Eu estou na meia idade...”; “Eu sou deficiente...”; “Eu sou alto...” Agora é sua vez. Qual é a primeira coisa que uma pessoa nota em você? Existe alguma coisa em você que se destaca visualmente? Se você não sabe, então, pergunte a um amigo. Pergunte a um colega comediante, a um amigo ou a estranhos no meio da rua. Estranhos são a melhor fonte de informação porque eles são como a sua platéia – um grupo de pessoas que você não conhece. Seja o que for, deve ser verdadeiro e óbvio. Aqui estão mais alguns exemplos de meus alunos: gordo, magro, cabeludo, narigudo, sexy, bonita, mal vestida, Negro, Caucasiano, Latino, etc. Escreva as suas respostas aqui: 1. _________________________________________________________________ 2. _________________________________________________________________ Esses traços físicos não serão engraçados agora, mas eles serão de grande ajuda para a criação de material no Capítulo 3. Se esse exercício sobre traços físicos não tiver resultado em nenhum material, não se preocupe. Muitos dos meus alunos não têm traços físicos notáveis o suficiente para se brincar a respeito. Um Dia na Vida do Seu Eu Interior Quais são os assuntos pessoais com os quais você está lutando nesse exato momento? O que você odeia? O que te preocupa? O que o assusta? A medida em que o dia passa, observe quais pensamentos parecem surgir repetidamente em sua mente. Observe o que habita a sua mente. Sobre que relacionamentos você tem pensado a respeito. Mãe? Pai? Contador? Cães? O que incomoda você? Temas que são viscerais para os meus alunos vão da guerra nuclear ao chupão. CARREGUE UM PEQUENO CADERNO. Não Stand-Up Comedy – The BookPágina 26 Judy Carter censure ou julgue o que você estiver pensando, apenas fique atento a eles e tome nota. Um momento ideal para esta atividade escrita é logo quando você se levanta. Eu descobri que o que eu escrevo é menos “bloqueado” se é a primeira coisa que eu faço de manhã. E eu quero dizer a primeira coisa mesmo, antes de sair da cama, antes de tomar café. Deixe este livro e uma caneta perto da sua cama. Se você não funciona antes de tomar um café, então, faça algum à noite, antes de dormir e deixe em uma garrafa térmica ao lado da cama. Quando você fizer esse exercício, taçvez você fique perplexo com o que sai de você: “Eu odeio poeira em agulhas de toca-disco, tíquetes de estacionamento, circo...” “Eu tenho medo de absorventes, aviões, escuridão, da morte...” “Eu me preocupo com comida com olhos, ficar velho, meu rosto enrugando...” Workshop # 6 COISAS QUE VOCÊ ODEIA Faça uma lista das coisas que você odeia. Coisas que o desagradam. Escolha tópicos que sejam mais pessoais. Um pai é melhor do que um tio. Tópicos que tem sido terreno fértil para boas piadas são: cirurgia plástica, encontros às escuras, homens que cospem, pelos que crescem em lugarem incomuns, ninfomaníacas (bimbos), proctologistas, o modo como o meu pai come, a alergia da minha mãe... Carregue esta lista com você durante todo o dia e anote ao menos dez coisas que você odeia. Não corte nada. Seja brutal, irreverente, e o mais específico que puder. Odiar “o modo como minha mãe se levanta da cama” é melhor do que odiar sua mãe. Odiar Couve de Bruxelas é melhor do que odiar verduras. Não preencha a lista de uma só vez. Seja genuíno e tenha paciência enquanto você reúne as sementes de seu ato. 1. Eu odeio _________________________________________________________ 2. Eu odeio__________________________________________________________ 3. Eu odeio__________________________________________________________ Stand-Up Comedy – The BookPágina 27 Judy Carter 4. Eu odeio__________________________________________________________ 5. Eu odeio__________________________________________________________ 6. Eu odeio__________________________________________________________ 7. Eu odeio__________________________________________________________ 8. Eu odeio__________________________________________________________ 9. Eu odeio__________________________________________________________ 10. Eu odeio__________________________________________________________ Workshop # 7 COISAS QUE TE PREOCUPAM Mais uma vez, seja específico o tanto quanto possível. Se preocupar com manchas na pele é melhor do que se preocupar com envelhecimento em geral. Anote todas as coisas excêntricas com as quais você se preocupa. 1. Eu me preocupo com _________________________________________________ 2. Eu me preocupo com _________________________________________________ 3. Eu me preocupo com _________________________________________________ 4. Eu me preocupo com _________________________________________________ 5. Eu me preocupo com _________________________________________________ 6. Eu me preocupo com _________________________________________________ 7. Eu me preocupo com _________________________________________________ 8. Eu me preocupo com _________________________________________________ 9. Eu me preocupo com _________________________________________________ 10. Eu me preocupo com _________________________________________________ Workshop # 8 COISAS QUE TE ASSUSTAM Stand-Up Comedy – The BookPágina 28 Judy Carter Anote todas aquelas coisa que te assustam. Lembre-se que precisam ser itens que realmente te dão medo. Fique longe das coisas típicas como guerra nuclear e descubra aquelas pequenas coisa incomuns como bicho da batata, biquínis peludos, correntes, mecânicos de automóveis, morrer em um avião... 1. Eu tenho medo de _________________________________________________ 2. Eu tenho medo de _________________________________________________3. Eu tenho medo de _________________________________________________ 4. Eu tenho medo de _________________________________________________ 5. Eu tenho medo de _________________________________________________ 6. Eu tenho medo de _________________________________________________ 7. Eu tenho medo de _________________________________________________ 8. Eu tenho medo de _________________________________________________ 9. Eu tenho medo de _________________________________________________ 10. Eu tenho medo de _________________________________________________ Workshop # 9 ATITUDE Adicionando Atitude Antes de você organizar seus itens como material de stand-up, você precisa captar o sentimento para você irá falar sobre seu tópico com uma atitude específica. Até agora você tem várias listas: Traços negativos de personalidade Características singulares Atributos físicos que chamam atenção Stand-Up Comedy – The BookPágina 29 Judy Carter Coisas que você odeia Coisas que te preocupam Coisas que te dão medo Como eu disse antes, todos os tópicos devem ser representados com uma atitude específica. Para captar este sentimento, escreva todo o seu material em pequenos pedaços de papel e os coloque em uma bolsa. Pegue um gravador portátil ou uma caneta e papel. Encontre um lugar reservado onde você possa caminhar e falar com você mesmo sem ficar constrangido. Tire um tópico da sua coleção de temas e comece a falar sobre ele o mais rápido que você puder no gravador, ou escrever o mais ligeiro possível, de maneira que você liberte todo o seu ódio, preocupação, medo ou orgulho. Exagere esses sentimentos. Você está zangado com a sua vida amorosa? Grite, expresse todo o seu ódio no gravador ou escrevendo tudo sobre sua vida amoroso que o deixa furioso e o porquê. Pergunte a si mesmo, “Porque isso me irrita e quais seriam algumas conclusões engraçadas?” Solte-se. Por exemplo: “Eu estou zangada por ser solteira. Porque todos os príncipes com quem eu saio viram sapos no final? Estou zangada por ser uma mulher na casa dos trinta que começa a pensar em ter filhos enquanto os homens de trinta anos começam a pensar em sair com meninas que poderiam ser suas filhas. Estou zangada com Florence Henderson. Eu não sei porque eu passo noites acordada pensando sobre ela, talvez seja porque ela é tão normal. Eu tenho raiva de não ser normal. Que, ao invés de ter dois filhos e um marido, eu tenha dois gatos e um cachorro. Há alguma coisa de errado com uma mulher que prefere a companhia de seu cachorro ao invés de sair com um homem? Eu não sei... talvez eu seja meio humana, meio cachorro. Deveria haver um livro com o título Mulheres Que Amam Demais Os Cães...” Permita-se expressar livremente, de forma plena a sua atitude. Se envolva profundamente. Seja intenso. Seja apaixonado. Não tente ser engraçado. Grite, fala com todo o sentimento sobre qualquer coisa que vier a sua cabeça a respeito daquele tópico. Não pense muito. Quando você esgotar o que tem a dizer, continue repetindo, “Eu odeio (seu tópico)” de novo e de novo. As coisa boas geralmente surgem quando você não tem mais o que dizer. Se você está preocupado com alguma coisa, seja você mesmo, seja autêntico: Stand-Up Comedy – The BookPágina 30 Judy Carter “Eu estou preocupado sobre ter trinta e poucos... Envelhecer me preocupa. Embora eu nunca tenha pensado que eu me preocuparia em envelhecer já que meu nome é Judy e eu nunca conheci uma idosa que se chamasse Judy. Agora, isso é uma realidade. Talvez, alguma coisa aconteça com as garotas que tem nomes jovens tais como Debby, Judy e Susie. Em uma certa idade, eles te obrigam a mudar seu nome para Dóris, Edna ou Mirtes. Eu estou preocupada. Quando isso acontece? Quando é esse dia em que eu serei considerada velha. Eu me preocupo que um dia eu acorde e não importa o calor que esteja fazendo... eu queira vestir um casaco. Eu me preocupo que eu fique eu fique velha e comece a espalhar potes de balas por toda a casa. Eu estou preocupada em ter um desejo incontrolável de comprar uma bolsa preta de vinil. Me preocupa que, um dia, eu entre no meu carro e o volante seja grande demais. Eu me preocupo... etc.” Atitudes contrastantes Uma maneira eficiente de criar material é usar uma atitude oposta em relação a um tema e falar sobre ele com sarcasmo e cinismo. Não existe nada de engraçado sobre “Eu sou em cara selvagem e louco”. Mas, quando Steve Martin diz essas palavras com uma atitude forte, ele faz a platéia vir abaixo.Sua atitude é ter orgulho em ser elvagem e louco. E ele passa essa informação com um comprometimento exagerado. David Letterman construiu sua carreira a partir desta técnica de sarcasmo, cinismo e ironia: “Oh, sim, teremos um grande show esta noite, um show excitante, você pode até sentir essa de que alguma coisa extra especial vai acontecer hoje à noite.” Nas minha aulas, quando meus alunos empacam, eu sugiro que eles identifiquem em uma palavra uma atitude improvável para seus temas e falem sobre ela usando a técnica do sarcasmo. Por exemplo, uma aluna tinha “ser solteira” em sua lista de “coisas que eu odeio”. Quando ela se expressou com exagero a respeito de como ela odiava ser solteira, aquilo soou como se ela estivesse se lamentando e reclamando. O material ficou bem melhor quando ela mudou a atitude de ódio para adoração e o falou com a técnica do sarcasmo: “Oh, eu simplesmente adoro ser solteira... Eu adoro, adoro! É muito mais divertido por um bracelete sem ajuda de ninguém. E eu tenho passatempos fascinantes, do tipo tecer e fazer Stand-Up Comedy – The BookPágina 31 Judy Carter edredons a partir dessas luvas que a gente usa para tirar coisas do forno.” Workshop # 10 FALANCO COM SARCASMO Para ter uma idéia de como isso funciona, experimente usar a atitude de AMAR para um item que da lista de coisas que você odeia. Grite, se expresse com intensidade sobre o quanto você ama aquele item em um tom de sarcasmo, ironia e cinismo. Tente falar sobre isso do jeito que você acha que o David Letterman falaria. Workshop # 11 SENTINDO ORGULHO Outra maneira de criar atitudes contrastantes ou atípicas é adicionar a atitude de “Eu me orgulho” aos itens de sua lista de traços negativos de personalidade. A maioria das pessoa se envergonham de serem fracassadas, mas, quando você finge ter a atitude incomum de “Eu me orgulho de ser um fracassado”, você liberta o potencial da comédia. “Eu me orgulho de ser um fracasso... É algo no que eu sou bom. Ei, pelo menos eu sou confiável. Se você precisa de alguém que ponha tudo a perder, você pode contar comigo.” Aqui, o comediante deficiente Gene Mitchener dá um enfoque absolutamente novo para um tópico difícil: “Eu me orgulho em ser deficiente físico. Se não fosse por caras como eu, vocês perderiam o dia todo procurando por uma vaga para estacionar.” Pratique esta técnica de ter uma atitude contrária, agregando a atitude de ter orgulho de seus traços negativos de personalidade e/ ou de suas características singulares. Por exemplo: Eu tenho orgulho de __ser um fracassado_______________________________________ PORQUE: Eu economizo em telefonemas________________________________________ _____________________________________________________ __________________ Stand-Up Comedy – The BookPágina 32 Judy Carter Eu me orgulho de: de só pensar em mim__________________________________________________ PORQUE: eu não tenho de fingir que eu me interesso pelos outros___________________________________________________________________ __________________ Eu me orgulho de: ser um fudido _____________________________________________ PORQUE: Eu consegui uma bolsa para fazer terapia_______________________ ______________________________________________________ _________________ Eu me orgulho de: deixar tudo pra mais tarde ___________________________________ PORQUE: isso me livra de me tornar um viciado em trabalho ________________ ______________________________________________________ _________________. Agora, escreva você. Pegue das listas que você fez no exercício #3 e 4 e coloque as considerações interessantes aqui. Use tanto os seus traços negativos de personalidade como também suas características singulares. Lembre-se, ninguém mais vai ler o que você escreveu e não existem respostas certas ou erradas. 1. Eu me orgulho de _____________________________________________________ PORQUE: _____________________________________________________ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ 2. Eu me orgulho de _____________________________________________________ Stand-Up Comedy – The BookPágina 33 Judy Carter PORQUE: _____________________________________________________ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ 3. Eu me orgulho de _____________________________________________________ PORQUE: _____________________________________________________ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ 4. Eu me orgulho de _____________________________________________________ PORQUE: _____________________________________________________ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ Stand-Up Comedy – The BookPágina 34 Judy Carter ________________________________________________ _____ 5. Eu me orgulho de _____________________________________________________ PORQUE: _____________________________________________________ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ ________________________________________________ _____ Agora, experimente o exercício de falar estes tópicos com vigor e sentimento o mais rápido que puder usando a atitude “Eu tenho orgulho”. Imagine que vocês ta falando para alguém. Pratique conversar sobre os seus temas como se você estivesse defendendo a si mesmo para esta pessoa. Você não tem que suar literalmente as palavras “Eu tenho orgulho”. Você pode simplesmente sentir. Por exemplo, “Eu tenho orgulho de ser um CDF!” se torna “Certo, eu sou um CDF.” A, então, defenda a você mesmo dando ênfase nas vantagens de ser um CDF assim como fez meu aluno Steve Guentner: “Eu não tenho vergonha. CDF’s tem um monte de qualidades. Nós somos bons para a economia. Quem mais compra todas essas calculadoras, meias brancas, óculos, protetores de camisa, camisas xadrez, réguas de arquiteto, computadores, vídeos do seriado Jornada nas Estrelas, livros de ficção científica, e blocos de zona azul? CDF’s! CDF’s prestam serviços valorosos. Quem se candidata a presidente? CDF’s! Quem lhe dará uma carona ao aeroporto as três da manhã? CDF’s!” Misture e Combine Trabalhe misturando e combinando mais de seus tópicos em atitudes inusitadas. Se você é um cara, ‘adorar mulheres obesas’ é muito mais interessante e simpático do que ‘odiar garotas gordas’. Se você é uma garota e um tema da sua lista de características Stand-Up Comedy – The BookPágina 35 Judy Carter exteriores são suas coxas, por exemplo, tente uma atitude improvável de “amor”. “Eu ano minhas coxas gordas. Elas me mentem aquecida no inverno e mesmo que eu ficasse isolada no Círculo Ártico, elas poderiam manter várias pessoas aquecidas. Sim, elas poderiam. Isso daria a elas algo para segurar...” Com muita freqüência, meus alunos terão respostas típicas em suas listas de coisas que eles odeiam, tais como ‘Eu odeio ficar em filas’, ou, ‘Eu odeio receber multas’. Então, o que é novo? Provavelmente, conduzir para um final engraçado de matar. Mas, agora, troque tudo de lugar, de modo que fique assim, ‘Eu amo receber multas’ e assista o potencial da comédia se revelar: “Eu amo receber multas. Eu acho que eu simplesmente gosto de ganhar atenção de um homem com uma arma. Isso me faz sentir notada. Eu gasto todo o meu dia escolhendo uma roupa especial e, então, saio de casa e acelero. E você conhece aquela sensação excitante quando você enxerga aquelas luzes vermelhas no seu espelho retrovisor? Meu coração vai até a boca e me sufoca. É melhor do que fazer sexo...” Workshop # 12 MISTURANDO E COMBINANDO ATITUDES Para praticar, ponha suas mãos para trabalhar em expressar-se com vigor a respeito dos seguintes tópicos com estas atitudes inusitadas: 1. “Eu odeio sexo”. 2. “Eu tenho medo de clipes”. 3. “Eu me preocupo com “fótons”. Agora, experimente gritar no seu gravador usando atitudes inusitadas com os seus tópicos. Se odiar verduras congeladas não funciona para você, então, experimente outra atitude. Tente “Eu tenho medo de verduras congeladas’, ou, “Eu me preocupo”, sinta a sensação. Continue falando. Se nada cier a mente, prossiga repetindo a sua atitude. “Eu estou zangado... Estou zangado...” Deixe ser apanhado pela paixão do momento. Se você perceber que está falando sobre alguma coisa totalmente diferente do que você tinha planejado, tudo bem. Deixe que seu espírito o guie. Vá na onda. Não tenteser engraçado. Apenas, real e prossiga. Realmente se Stand-Up Comedy – The BookPágina 36 Judy Carter somprometa com a atitude e as palavras virão. Se não, continue com outro tópico. Workshop # 13 ACHANDO AS PÉROLAS NO MEIO DO LIXO Existe a possibilidade de, no meio de toda a sua falação, existir algum material engraçado. 1. Escute repetidamente a fita que você gravou e perceba que partes soam como se fossem engraçadas. Ou, talvez, alguma coisa que você tenha dito lhe dê uma idéia para algo completamente diferente. Lembre-se, não conte piadas. Cada pedaço tem de consistir de uma atitude atrelada a um tópico. 2. Trabalhe com um parceiro. Criar um sistema de ajuda enquanto está estudando este livro é altamente recomendado. Nas minhas aulas, é obrigatório para meus alunos trabalhar dez minutos cada manhã em seus atos eles mesmos e se reunir ao menos uma vez por semana com um companheiro de curso. Ter alguém para reagir ao seu material ajudará a aprender o que é engraçado e o encorajará a desenvolver mais material. Além disso, só o fato de ter alguém para olhar enquanto você diz o seu material é um passo crucial para falar diante de uma platéia. 3. Teste seu material no seu trabalho, com amigos, ou com o carteiro. Aviso: nunca deixe as pessoas saberem que elas estão sendo usadas como cobaias da comédia. Nunca introduza o seu material com “Você acha que isso é engraçado?” porque eles não acharão engraçado. Coloque o seu material sutilmente no meio de uma conversa. O melhor lugar possível é uma festa, ou um bar onde as pessoas não te conheçam. A aluna Jennifer Heath experimentou material na lavanderia: “Eu me preocupo com essas bolinhas que aparecem nas roupas. De onde elas vêm? Eu lavo minhas roupas várias vezes e sempre aparecem essas bolinhas, mas minhas roupas não diminuem de tamanho. E por que, não importa qual seja a cor das roupas que você lava, as bolinhas são sempre cinzas?” 4. Se alguém rir, anote palavra por palavra o que você disse de modo a lembrar-se o que foi dito exatamente da maneira pela qual você obteve a risada. E parabéns. Você tem o primeiro pedaço do seu ato. Stand-Up Comedy – The BookPágina 37 Judy Carter 5. Se ninguém rir de nada, continue tentando material diferente ou amigos diferentes. Não o importa o que você faça, não desista. Lembre-se que quando uma platéia vê um comediante fazer cinco minutos no programa do Johnny Carson, o que eles não vêem é todo o material que ele teve que jogar fora. As vezes, haverá talvez apenas um pequeno fragmento de idéia em uma das duas gravações ou anotações a respeito de um tópico que você poderá usar em algum lugar. O comediante Jerry Seinfeld diz que muito do seu material surge para ele dos hábitos que ele segue enquanto está no toalete. Você gastará cerca de de uma hora jogando conversa fora para obter cada três minutos de material – se você tiver sorte. Resumo Até agora você: Aprontou as suas listas de tópicos Desenvolveu as atitudes para cada tópico Desenvolveu as atitudes inusitadas para seus tópicos Gravou você se expressando com vigor a respeito de cada tópico Trabalhou com um parceiro de comédia Testou seu material com amigos e estranhos Anotou o material que fez as pessoas rirem Guarde todo o material escrito e gravado. No próximo capítulo você aprenderá fórmulas de comédia para transformar este material ainda cru em rotinas cômicas de matar de rir. Stand-Up Comedy – The BookPágina 38 Judy Carter Capítulo 3 Tornando seu Material Engraçado As fórmulas Até o presente momento, você já gravou a si mesmo expressando seus tópicos com vigor e testou um pouco do seu material. Muito provavelmente, alguma parte de seu material provocou risadas enquanto outra parte foi recebida com um frio silêncio. Você, provavelmente, também descobriu que o material que obteve risadas na primeira tentativa, não funcionou quando testado novamente. Não se assuste. Neste capítulo, você irá moldar e transformar tudo o que pos para fora com vigor, em material profissional de comédia por meio de fórmulas específicas da stand- up. Você, talvez, esteja resmungando baixinho “Por que ela não me deu essas fórmulas logo no começo e acabou logo com isso?”. Boa pergunta. Eu descobri que material baseado apenas em fórmulas soa artificial, sem alma, e não é engraçado. Falta paixão. E paixão tem de vir em primeiro lugar. Paixão fornece o combustível, o movimento, a inspiração que irá guiá-lo através do seu ato. A paixão revela a sua essência – diz quem você realmente é. Mas, paixão e talento não são suficientes. Você deve ser capaz de tornar as suas idéias compreensíveis, inteligíveis e fazê-las claras para a platéia. Mantenha isso em mente, você agora está preparado para aprender as fórmulas que o ajudarão a moldar e estruturar idéias de modo que a platéia entenda exatamente o que você está tentando comunicar. Eu não posso dizer com certeza absoluta do que uma platéia irá rir, mas eu posso dizer com certeza ela não achará graça de algo que ela não entende. Lembre-se, a maioria das pessoas em um night club está bêbada. Enquanto você está sobre o palco com o material que faz sentido perfeitamente para você, para a sua mãe e para o seu confeiteiro, a questão se torna: será claro para algum cara excitado, com duas margaritas agindo abaixo de sua cintura, que somente está interessado em transar? Preparação / Desfecho Todo material de stad-up deve ser organizado na fórmula de preparação (setup) e desfecho (punch). Se seu material não está organizado desta maneira, você não está fazendo standup. Talvez Stand-Up Comedy – The BookPágina 39 Judy Carter você esteja contando uma história engraçada, recitando uma poesia, fazendo um discurso, mas isso não é standup. Stand-Up comedy é uma forma muito específica de entretenimento, e consiste em uma coleção de preparações e desfechos (setups e punches). O desfecho é quando a audiência ri. A preparação é aquela linha ou duas que conduz até o desfecho. SETUP: “Minha mãe é uma típica mãe judia. Uma vez ela esteve em um julgamento e tiveram que mandá-la para casa...” PUNCH: “Ela insistiu que era culpada.” A preparação (setup) é a parte sem graça da piada. É a parte da piada que contém a informação que introduz a matéria, o tema, o assunto da piada. SETUP: “At my gym they have free weights...” “Na minha academia eles tem aqueles pesos individuais...” PUNCH: “So, I took them home.” “Então, eu levei os meus para casa.” - Steve Smith A preparação cria expectativa. O desfecho entrega a piada. SETUP: “I’m into Jewish bondage…” “Eu estou interessado pela subserviência judaica...” PUNCH: “… that’s having your money tied up an IRA account.” “... que é ter o seu dinheiro parado em uma conta do SUS.” - Noodles Levenstein Mesmo dentro de uma piada de uma linha só existe uma preparação e um desfecho. Stand-Up Comedy – The BookPágina 40 Judy Carter SETUP: “I used to be a virgin, but I gave it up...” “Eu acreditava na virgindade, mas desisti...” “Eu já fui virgem, mas desisti...” PUNCH: “… there was no money in it.” “... ganho muito mais dinheiro sendo uma vagabunda.” “... não se ganha dinheiro com isso.” - Marsha Warfield SETUP: “Se pessoas que não enxergam usam óculos...” PUNCH: “Por que os surdos não usam protetores de orelha?” SETUP: “I’m a great lover...” “Eu sou um grande amante...” PUNCH: “… I bet.” “... Eu aposto.” - Emo Philips Uma preparação bem feita seduz a platéia a prestar atenção em você. Um bom desfecho força a platéia a ter uma reação. Aqui, Rita Rodner prepara o desfecho fazendo uma pergunta a platéia que os arrasta
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