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Litera Brasil litera Portu 04

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AN02FREV001
87 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
LITERATURA BRASILEIRA, 
LITERATURA PORTUGUESA 
 
 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO IV 
 
 
3 LITERATURA BRASILEIRA 
 
 
3.1 O ROMANTISMO 
 
 
O Romantismo é o primeiro período literário da chamada 
Era Romântica ou Moderna (a literatura portuguesa). Nessa era se 
incluem também os movimentos literários que o sucederam até os nossos dias. 
Perceba, pois, que o Romantismo representa uma ruptura bastante sensível entre 
diferentes momentos da literatura. Essa ruptura não é de maneira alguma exclusiva 
da literatura e da arte, mas abrange formas de pensar e agir, a vida humana como 
um todo. 
Na base dessas transformações sociais se encontram a ascensão das 
classes burguesas e o progresso técnico e contemporâneo dela. Assumindo o 
controle político e econômico da sociedade, as camadas burguesas redesenham o 
sistema de valores vigentes, em detrimento dos privilégios até em poder da nobreza 
e do clero. 
Palavras como romantismo e romântico apresentam atualmente uma 
diversidade de significados que pode produzir erros de interpretação. São 
empregadas cotidianamente para denominar o modo de ser e o indivíduo “sonhador; 
fantasioso”, “sentimental”, “apaixonado” ou exagerado, “apelativo”. É importante 
perceber que não é esse o sentido com que as usamos quando nos referimos ao 
movimento literário que estudaremos. O modo de ser romântico da literatura é mais 
complexo e contraditório; além disso, está relacionado com determinada maneira de 
se sentir e agir própria das condições históricas do final do século XVIII e da primeira 
metade do XIX. 
Para compreender o sentido do termo Romantismo nos estudos de literatura, 
é necessário investigar suas origens. A palavra romance foi primeiramente utilizada 
 
 
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para nomear as formas de língua que sucederam ao latim e que originaram as 
línguas neolatinas. Passou, depois, a designar as novelas de cavalaria e na cultura 
medieval. Como veremos, a valorização da Idade Média foi uma das constantes do 
Romantismo. Em pouco tempo, Romantismo passou a denominar o conjunto do 
movimento literário e artístico que se manifestou no final do século XVIII e início do 
século XIX, e a palavra “romântica”, a ser utilizada para indicar valores estéticos 
opostos aos das formas clássicas. 
Resumindo, Romantismo designa-se um período literário específico. 
“Escritor romântico” e “obra romântica” são expressões ligadas a esse período 
literário, e não ao sentido cotidiano da palavra. 
Em Portugal, o período romântico pode ser dividido em três momentos 
principais: o de sua implantação e consolidação, em que se destacam as figuras de 
Almeida Garrett e Alexandre Herculano; e o de sua exacerbação e dissolução, seja 
na forma do ultrarromantismo, seja no trabalho de Camilo Castelo Branco, João de 
Deus e Júlio Dinis, em que já surgem elementos do Realismo e do Naturalismo. 
Como veremos, esses autores produziram poesia, teatro e principalmente prosa de 
ficção. 
 
 
3.1.1 Almeida Garrett 
 
 
João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett nasceu no Porto, em 1799, e 
faleceu em Lisboa, em 1854. Teve vida muito movimentada, refletindo o próprio 
período agitado da história portuguesa em que viveu. Em 1809, foi com a família 
para os Açores, a fim de fugir das invasões napoleônicas; lá, foi educado por um tio 
que era escritor árcade. Posteriormente, estudou direito em Coimbra. Em 1825, teve 
de exilar-se na Inglaterra, onde entrou em contato com a obra dos românticos 
ingleses, principalmente Walter Scott e Byron. Daí passou para a França, onde 
publicou, mas teve de voltar ao exílio em 1828. Só voltou ao seu país em 1832, 
durante o desembarque das tropas liberais que tomaram o Porto. Com a vitória 
liberal, passou a ocupar cargos e funções públicas, dentre as quais se destacam as 
 
 
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90 
atividades pela restauração do teatro português. Foi deputado por várias vezes, 
chegando a ser ministro dos Estrangeiros. Recebeu o título de Visconde. 
A obra de Almeida Garrett inclui manifestações muito diversas. Escreveu 
poesia de feição árcade e romântica: O retrato de Vênus, Camões, D. Branca, Lírica 
de João Mínimo, Flores sem fruto, Folhas Caídas. Em prosa, escreveu o romance 
histórico O Arco de Sant’Ana e a narrativa Viagens na Minha Terra, deixando 
inacabado o romance Helena. No teatro, produziu tragédias de feição clássica e 
dramas históricos, dentre os quais sobressaem um Auto de Gil Vicente, D. Filipa de 
Vilhena, O Alfageme de Santarém, A Sobrinha do Marques e Frei Luís de Sousa. 
Garrett deixou ainda, escritos jornalísticos, políticos e pedagógicos, ensaios literários 
e discursos parlamentares. É considerado o introdutor do Romantismo em Portugal. 
A seguir analisaremos o poema do Livro Folhas Caídas: 
 
 
Os cinco sentidos 
São belas – bem o sei essas estrelas, 
Mil cores – divinas têm essas flores; 
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas: 
Em toda a natureza 
Não vejo outra beleza 
Senão a ti – a ti! 
 
Divina – ai! Sim, será a voz que afina 
Saudosa – na ramagem densa, umbrosa, 
Será; mas eu do rouxinol que trina 
Não ouço a melodia, 
Nem sinto outra harmonia 
Senão a ti – a ti! 
 
Respira – n’aura que entre as flores gira, 
Celeste – incenso de perfume agreste 
Sei... não sinto: minha alma não aspira, 
Não percebe, não toma 
 
 
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Senão o doce aroma 
Que vem de ti – de ti! 
Formosos – são os pomos saborosos, E 
Um mimo – de néctar o racimo: 
E eu tenho fome e sede... sequiosos, 
Famintos meus desejos 
Estão... mas é de beijos, 
E só de ti – de ti! 
 
Macia – deve a relva luzidia 
Do leito – ser por certo em que me deito. 
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia 
Sentir outras carícias, 
Tocar noutras delícias 
Senão em ti – em ti! 
A ti! Ai, a ti só os meus sentidos 
Todos num confundidos, 
Sentem, ouvem, respiram; 
Em ti, por ti deliram. 
Em ti a minha sorte, 
A minha vida em ti; 
E quando venha a morte, 
Será morrer por ti. 
 
GARRETT, Almeida. Folhas Caídas. Lisboa: Portugalia, 1969. p. 55-6. 
 
Cada uma das cinco estrofes do poema concentra-se em um dos cinco 
sentidos. O sujeito lírico repete um mesmo esquema: nega-se a experimentar as 
sensações que a natureza lhe oferece, pois deseja concentrar-se nas que nascem 
do ser amado. Essa exploração sensorial do amor começa pela visão, pela audição 
e pelo olfato, sentidos que podem ser sensibilizados sem contato físico, e se 
encaminha para o paladar e o tato – sentidos cuja sensibilização não pode prescindir 
desse contato. Caminha-se, assim, para uma realização concreta e física do amor, 
 
 
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sugerida fortemente pelo erotismo de imagens como “pombos saborosos” que se 
levam à boca, “famintos meus desejos” e pela clareza de imagens como “sentir 
outras carícias” e “tocar noutras delícias”. A estrofe final demonstra que todas as 
sensações despertadas pela fruição da pessoa amada se combinam num delírio 
único, verdadeiro êxtase sensorial e sensual. 
Há um arrebatamento passional no texto que é claramente romântico. 
Lembre-se de que a poesia romântica buscava a expressão de uma personalidade,sendo valorizada justamente pelo grau de autenticidade que conseguia transmitir. O 
sujeito lírico nos contamina com sua paixão, que assoma como verdadeira e 
irresistível. A real idade é experimentada por meio da emoção e dos sentimentos, e 
o texto produzido não deixa transparecer as marcas de sua elaboração, 
comunicando-nos uma forte impressão de espontaneidade. 
A linguagem é simples, beirando a coloquialidade. Os ornamentos típicos da 
convenção poética arcádica não aparecem. Pode-se notar certo tom de fala 
espontânea, marcado pela abundância de pausas e reticências, que sugerem 
alguém a falar consigo mesmo em voz alta. A aparente simplicidade da linguagem 
poética de Garrett é, contudo, construída: o texto apresenta um tecido sonoro 
trabalhado, quer pela alternância rítmica dos decassílabos e hexassílabos, quer pelo 
jogo de rimas, que são também intensas nos dois primeiros versos de cada uma das 
cinco estrofes iniciais. O verso “Se não a ti – a ti!” não rima com nenhum outro das 
cinco estrofes, o que o destaca aos nossos ouvidos. 
 
 
3.1.2 Frei Luís de Sousa 
 
 
Essa peça é considerada a melhor de Garrett e a obra-prima do teatro 
romântico português. Seu enredo baseia-se na vida de Manuel de Sousa Coutinho 
(c. 1555-1632), cavaleiro que, depois de um período de cativeiro em Argel, voltou a 
Portugal, onde se casou com D. Madalena de Vilhena, viúva de outro cavaleiro, D. 
João de Portugal, desaparecido na batalha de Acacer-Quibir (a mesma em que 
desapareceu D. Sebastião). Após mais de vinte anos de casamento e a perda da 
única filha, D. Manuel e D. Madalena resolveram ingressar na vida monástica. D. 
 
 
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Manuel tornou-se o dominicano Frei Luís de Sousa, que veio a ser um grande 
prosador. A separação de D. Manuel e D. Madalena sempre foi motivo de 
indagações. 
Para transformar esses fatos em trama dramática, Garrett não se preocupou 
com o rigor histórico, modificando alguns dados a fim de alcançar seus objetivos 
teatrais. A trama é simples, reforçando-se o caráter trágico: o casamento de C. 
Manuel e D. Madalena chega ao fim quando D. João de Portugal ressurge após um 
longo período de desaparecimento. A filha do casal, D. Maria, criança inteligente e 
sensível, morre pouco antes de os pais professarem. 
Esse conflito entre a busca individual de satisfação e os obstáculos sociais e 
o tema de caráter nacional são dois dos ingredientes românticos da peça. No mais, 
Frei Luís de Sousa aproxima-se muito de uma tragédia clássica: a ação é sintética, 
os personagens são poucos e nobres, e a peça parece apresentar aos espectadores 
a situação daqueles que brevemente serão destruídos por um destino austero. 
Há críticos que veem em Frei Luís de Sousa questões autobiográficas: 
Garret teve uma filha ilegítima, o que o teria levado a criar a personagem de Maria 
por quem a plateia sentia forte simpatia e compaixão. Também se apontam relações 
com o momento histórico português: Maria, símbolo de um Portugal novo – o que 
saia da Revolução Liberal -, não conseguia viver por causa da persistência de um 
velho Portugal conservador, personificado em D. João de Portugal (cuja possível 
reaparição é relacionada no próprio texto com o Sebastianismo). 
Independentemente dessas interpretações e de outras que sem dúvida 
proporcionam a peça apresentada méritos indiscutíveis pela eficiência de sua 
simplicidade trágica. 
 
 
3.1.3 Alexandre Herculano 
 
 
Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo nasceu em Lisboa em 1810 e 
faleceu nas proximidades de Santarém, em 1877. De família modesta, não pode 
fazer estudos universitários: foi um autodidata. Exilou-se em 1831, fugindo da 
perseguição dos absolutistas. No ano seguinte participou da tomada do porto pelos 
 
 
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liberais (juntamente com Garrett). Durante sete anos foi diretor do Panorama, revista 
de caráter artístico e científico na qual publicou várias de suas obras. Dedicou-se 
seriamente à atividade de historiador, pesquisando e coletando documentos por todo 
o país. 
Herculano foi o responsável pela introdução e pelo desenvolvimento da 
narrativa histórica em Portugal. Publicou as Lendas e Narrativas, conjunto de contos 
e novelas predominantemente dedicados a temas históricos. Escreveu poesia (A voz 
do profeta. A harpa do crente, Poesias) e uma vasta obra historiográfica, que inclui 
quatro volumes da História de Portugal, também a História da Origem e 
estabelecimento da Inquisição em Portugal. 
Destacam-se em suas obras literárias seus textos em prosa, dedicados 
principalmente ao gênero conhecido como narrativa histórica. Esse tipo de narrativa 
combina a erudição do historiador, necessária para a minuciosa reconstituição de 
ambientes e costumes de épocas passadas, com a imaginação do literato, que cria e 
amplia tramas para compor seus enredos. 
Sua narrativa de caráter histórico foi desenvolvida inicialmente por Walter 
Scott (1771 – 1832), poeta e novelista escocês que escreveu A Balada do Último 
Menestrel e Ivanhoé, entre outros trabalhos. Também o francês Vitor Hugo (1802-
1885) serviu de modelo a Herculano: Vitor Hugo escreveu o romance histórico 
Nossa Senhora de Paris, em que surge o famoso “Corcunda de Notre-Dame”. A 
partir desses modelos, desenvolveu-se a narrativa histórica de Herculano, que pode 
ser considerada ponto inicial para o desenvolvimento da prosa de ficção em 
Portugal. 
 
 
3.1.4 Camilo Castelo Branco 
 
 
Camilo Castelo Branco nasceu em 1825 em Lisboa. Suicidou-se em 1890, 
em San Miguel de Seide. Filho de uma união ilegítima, ficou órfão muito cedo, sendo 
criado por uma tia. Na juventude, levou vida boêmia e teve várias ligações 
amorosas. Em 1859, sua amante Ana Plácido abandonou o marido para viver com 
ele; ambos foram presos por crime de adultério. Em 1866, já morto o marido de Ana 
 
 
  AN02FREV001
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Plácido, o casal se estabeleceu em San Miguel de Seide. Camilo passou a sustentar 
a família com seu trabalho, desenvolvendo uma atividade profissional intensa. 
Matou-se ao saber que a cegueira que o acometia era incurável. 
Escreveu aproximadamente trezentos títulos. Na prosa de ficção, em que 
produziu novelas passionais, textos satíricos, romances históricos, narrativas curtas. 
Todo o imenso corpo da obra de Camilo Castelo Branco deve-se destacar 
seu trabalho de ficcionista, expresso numa grande quantidade de contos, novelas e 
romances. Suas primeiras obras falam de galãs de boa índole que, corrompidos pelo 
espaço urbano, são aprisionados por um amor infeliz, de desfecho trágico. Esse 
amor infeliz e trágico faz parte do esquema básico da chamada novela passional, 
em que o sentimento se transforma numa verdadeira devoção, capaz de levar os 
amantes a sacrifícios imensos diante de uma sociedade dominada por interesses 
materiais. 
Camilo depurou a novela passional, conseguindo obter textos de elevada 
intensidade dramática, com um ritmo narrativo bastante ágil. A essas qualidades 
somam-se as de atento observador das condições sociais contemporâneas. A obra-
prima da novela passional camiliana é Amor de Perdição. 
 
 
3.1.5 Júlio Dinis 
 
 
Júlio Dinis é o pseudônimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, nascido 
no Porto em 1839 e falecido na mesma cidade em 1871. Formou-se em medicina, 
mas a saúde frágil impediu-o de assumir o cargo de professor universitário, levando-
o a diversos tratamentos no campo. Morreu de tuberculose. 
Sua obra inclui poesia, teatro, prosa de ficção e textos jornalísticos. 
Merecem destaque os contos reunidos em Serões da província e principalmente os 
quatro romances: As pupilas do Senhor Reitor, Uma família inglesa, A Morgadinha 
dos Canaviais e Os Fidalgosda Casa Mourisca. 
 
 
 
 
 
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96 
3.2 LITERATURA INFORMATIVA SOBRE O BRASIL 
 
 
O início da história da literatura brasileira está relacionado 
com o nosso início como país, isto é, com o momento de nossa 
descoberta, quando por aqui chegaram os primeiros portugueses e empreendedores 
de grandes viagens comerciais. 
A história da literatura brasileira pode ser dividida em duas grandes eras: a 
Era Colonial e a Era Nacional. Entre essas duas, há um período de transição que vai 
de 1808 a 1836. 
 
A Era Colonial (de 1500 a 1808) compreende: 
• O Quinhentismo (de 1500 a 1601). 
• O Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768); 
• O Arcadismo (de 1768 a 1808). 
 
A Era Nacional (de 1836 até nossos dias) compreende: 
• O Romantismo (de 1836 a 1881); 
• O Realismo/ Naturalismo/ Parnasianismo (de 1881 a 1893); 
• O Simbolismo (de 1893 a 1922); 
• O Pré-modernismo (de 1902 a 1922); 
• O Modernismo (de 1922 a 1945); 
• O Pós-Modernismo (de 1945 até nossos dias). 
 
Essas divisões em períodos da história literária não podem ser consideradas 
estanques. Em geral, estão condicionadas a fatos históricos e políticos. Servem 
mais como orientação para a caracterização literária do período. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3.2.1 Momento histórico 
 
 
A Europa do século XVI vive o auge do renascimento, com a cultura 
humanística desmantelando os quadros rígidos da cultura medieval; o capitalismo 
mercantil avança com o desenvolvimento da manufatura e do comércio 
internacional; êxodo rural provoca um surto de urbanização. 
Em consequência dessa nova realidade econômica e social, o século XVI 
também marca uma crise na Igreja: de um lado, as novas forças burguesas 
rompendo com o medievalismo católico no movimento da Reforma Protestante; de 
outro, as forças tradicionais ligadas à cultura medieval e aos dogmas católicos – 
reafirmados no Concílio de Trento (1545), nos tribunais da Inquisição e em seu 
Índex (relação de livros proibidos) no movimento conhecido como Contrarreforma. 
Assim é que o homem europeu, especificamente o ibérico, apresenta em 
pleno século XVI duas preocupações distintas: as conquistas materiais, resultantes 
da política das Grandes Navegações, e as conquistas espirituais, resultantes, no 
caso português, do movimento de Contrarreforma. Essas preocupações determinam 
as duas manifestações literárias do Quinhentismo brasileiro: a literatura informativa, 
com os olhos voltados para as riquezas materiais como: ouro, prata, ferro, madeira, 
etc., e a literatura dos jesuítas, voltada para o trabalho de catequese. 
Com exceção da Carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o primeiro 
documento da literatura no Brasil, as principais crônicas da literatura informativa 
datam da segunda metade do século XVI, fato compreensível, uma vez que a 
colonização só pode ser contada a partir de 1530. Também a literatura dos jesuítas 
só teve início no final do Quinhentismo, época em que esses religiosos se fixaram 
em solo brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  AN02FREV001
98 
3.2.2 A literatura informativa 
 
 
A literatura informativa, também chamada de literatura dos viajantes ou dos 
cronistas, reflexo que é das Grandes Navegações, empenha-se em fazer um 
levantamento da “terra nova”, de sua flora e fauna, de sua gente. Daí ser uma 
literatura meramente descritiva e, como tal, sem grande valor literário. No entanto, 
seu valor histórico deve ser salientado, pois esses documentos são a única fonte de 
informação sobre o Brasil do século XVI. Sua principal característica é a exaltação 
da terra, resultante do assombro do europeu diante do exotismo e da exuberância 
de um mundo tropical. Com relação à linguagem, o louvor a terra transparece no uso 
exagerado de adjetivos, quase sempre empregados no superlativo. 
É curioso perceber que essa exaltação foi a principal semente do sentimento 
de nativismo que surgiria a partir do século XVII; elemento essencial nas primeiras 
manifestações contra a Metrópole. 
 
 
3.2.3 Literatura dos jesuítas 
 
 
Em 1549, chegaram os primeiros jesuítas incumbidos de catequizar os 
índios e de instalar o ensino público no país. Fundaram os primeiros colégios, que 
foram, durante bastante tempo, a única atividade intelectual existente na Colônia. Os 
missionários preocupavam-se em catequizar apenas os índios; os negros, que 
começaram a chegar, eram ignorados. 
As obras escritas pelos jesuítas podem ser assim classificadas: 
 
• Poemas e peças teatrais com o objetivo de catequizar e moralizar; 
• Textos informativos, que abordam principalmente questões relativas à 
catequese; 
• Poemas sem finalidade catequética ou informativa. 
 
 
 
  AN02FREV001
99 
O instrumento mais utilizado para atingir os objetivos pretendidos pelos 
jesuítas – moralizar os costumes dos brancos colonos e catequizar o índio – foi o 
teatro. 
Catequizar e moralizar significava: combater a antropofagia, o politeísmo, a 
mancebia (união sem o casamento legal) e divulgar o cristianismo. Para tanto, os 
jesuítas chegaram a aprender a língua tupi, que era então conhecida como “língua 
geral”, e utilizaram-na como veículo de expressão. Os índios não eram apenas 
espectadores desse teatro, mas também atores, dançarinos e cantores. 
Entre as peças de teatro da época, destaca-se o Auto de São Lourenço, 
escrita pelo padre José de Anchieta. Nela, o autor conta em três línguas (tupi, 
português e espanhol) o martírio de São Lourenço, que preferiu morrer queimado a 
renunciar à fé cristã. 
Na poesia, também merece destaque a obra do padre Anchieta, que 
escreveu poemas didáticos, com finalidade catequética e poemas não relacionados 
à catequese, que revelam sua necessidade de expressão. 
Seus poemas mais conhecidos são: do Santíssimo Sacramento e A Santa 
Inês. 
 
Autores que merecem destaque: 
• Carta de Pero Vaz de Caminha a el-rei D. Manuel. 
• Diário de Navegação de Pero Lopes de Sousa. 
• Tratado da terra do Brasil e a História da Província de Santa Cruz a que 
Vulgarmente Chamamos Brasil, de Pero Magalhães Gândavo (1576). 
• Narrativa Epistolar e Tratados da Terra e da gente do Brasil, do jesuíta 
Fernão Cardim (a primeira certamente de 1583). 
• Tratado Descritivo do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa (1587). 
• Diálogos das Grandezas do Brasil, de Ambrósio Fernandes Brandão 
(1618). 
• Cartas dos missionários jesuítas escritas nos dois primeiros séculos de 
catequese, dando informações sobre a terra e os costumes. 
• Diálogo sobre a Conversão dos Gentios, do padre Manuel da Nóbrega. 
• História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador (1627). 
 
 
 
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3.3 ESTILOS DE ÉPOCA 
 
 
Denomina-se estilo de época ao conjunto de características comuns a obras 
de muitos artistas próximos no tempo. 
 
ESTILO PORTUGAL BRASIL SÉCULO 
Barroco 1580 1601 XVII 
Arcadismo – 
Neoclassicismo 
1756 1768 XVIII 
Romantismo 1825 1836 XIX 1ª METADE 
Realismo e 
Naturalismo 
1865 1881 XIX 2ª METADE 
Simbolismo 1890 1893 XIX FINAL 
Pré-modernismo - 1902 XIX - XX 
Modernismo 1915 1922 XX 
 
 
3.3.1 Barroco em Portugal 
 
 
Características: temas contrastantes como o pecado e a virtude, o bem e o 
mal, a vida terrena e a vida eterna. 
 
Padre Antônio Vieira (Portugal/ Brasil) 
• Defendeu os cristãos – novos e o capitalismo judaico; 
• Lutou em benefício dos índios e dos negros; 
• O tribunal da Inquisição chegou a condená-lo por ser um herege; 
• Criou sua obra nos dois países: Portugal e Brasil; 
• Grande orador sacro de sua época; 
• Defendia os direitos humanos por meio de seus Sermões; 
 
 
  AN02FREV001101 
• Características Conceptistas: sem exageros e rebuscamentos 
desnecessários; 
• Um sermão importante: Sermão da Sexagésima: expõe sua polêmica 
frente à arte Cultista, analisa o papel do pregador e do ouvinte que não sabendo 
pregar adequadamente (os padres) faziam perecer à palavra de Deus. 
 
 
Gregório de Matos 
• Primeiro poeta significativo da literatura brasileira; 
• Autor de sátiras de extrema irreverência o que fez com que fosse 
degredado para Angola; 
• Escreveu poesias líricas, satíricas e religiosas; 
• Vocabulário forte, não poupava qualquer camada social em suas sátiras; 
• Seu palavreado chulo intitulou-o de Boca do Inferno; 
• Desenvolveu o cultismo sem deixar de lado o conceptismo; 
• Falou do homem brasileiro, do português poderoso, do clero, do rei de 
Portugal, da sociedade baiana (sátira); 
• Contraste entre o pecado e o perdão, o antagonismo que vive o homem 
barroco (religioso); 
• Fala também do amor, filosofia, natureza das coisas. 
 
 
3.3.2 Arcadismo 
 
 
Características: 
- Quanto à escolha dos temas: 
• A natureza, o campo; 
• Vida simples, em contato com a natureza; 
• O resgate do Classicismo greco-romano. 
 
- Quanto à linguagem e ao estilo: 
 
 
  AN02FREV001
102 
• Linguagem simples, natural, clara e direta; 
• Ordem direta das palavras; 
• Invocação de musas inspiradoras; 
• Volta aos clássicos; 
• Imitação do estilo clássico. 
 
Bocage (Portugal) 
• Grande identificação com Camões; 
• Escrevia com o pseudônimo Elmano Sabino; 
• Sequência de amores não correspondidos apresentados em sua literatura; 
• Existência desregrada e libertina: dificuldades financeiras, amorosas, 
doenças, prisão, etc.; 
• Manteve características árcades e pré-românticas; 
• Escreveu poemas líricos e satíricos; 
• Conhecido como grande sonetista ao lado de Camões e de Antero de 
Quental. 
 
 
Tomás Antônio Gonzaga (Brasil) 
 
• Participou da Inconfidência Mineira, ao lado de Tiradentes; 
• Sua obra de destaque: Marília de Dirceu – fala do grande amor nutrido 
pela noiva; 
• Essa obra está dividida em duas partes: antes da prisão: otimismo, 
confiança; depois da prisão: decepção evidente, sofrimento, frustração; 
• Pseudônimo: Dirceu; 
• Escreveu também: Cartas Chilenas – crítica aos portugueses em defesa 
da democracia e liberalismo. 
 
 
Cláudio Manuel da Costa (Brasil) 
• Publicou obras poéticas, dando início ao arcadismo brasileiro; 
 
 
  AN02FREV001
103 
• Minucioso na métrica apresentando linguagem muito correta; 
• Pseudônimo: Glauceste Satúrnio; 
• A natureza é um consolo para suas aflições; 
• Paisagem de Minas; 
• Especializou-se na forma fixa: o soneto. 
 
 
3.4 ROMANTISMO 
 
 
GRÁFICO SÍNTESE DO ROMANTISMO NO BRASIL 
1ª GERAÇÃO 
(Nacionalista ou 
indianista) Gonçalves 
de Magalhães: 
Poesia religiosa; poema 
épico – Suspiros Poéticos 
e Saudades. 
 
2ª GERAÇÃO 
(Geração Byroniana) 
Álvares de Azevedo: 
Mal do século; amor, 
morte, mulheres 
idealizadas; influência de 
Byron. 
3ª GERAÇÃO 
(Condoreira) 
Castro Alves: 
Egocentrismo; 
subjetivismo; observação 
da realidade; poesia 
social; luta abolicionista: 
Navio Negreiro. 
Gonçalves Dias: 
Indianismo, natureza 
pátria, religiosidade, 
sentimentalismo e 
brasilidade – Canção do 
Exílio. 
 
Casimiro de Abreu: 
repetição do estilo dos 
outros autores. 
Junqueira Freire: tema 
do celibato, análise da 
religião, morte (fuga). 
Fagundes Varela: 
sintetizou todos os temas 
do romantismo. 
Sousândrade: 
Causas abolicionistas e 
republicanas; 
experiências de viagens; 
padrões diferentes do 
Romantismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
  AN02FREV001
104 
 
3.4.1 Características gerais 
 
 
 
• A conquista de um novo público leitor; 
• Popularização da literatura; 
• Surgiram quatro tipos de Romances. 
 
a) Romance urbano: vida social das grandes cidades com intrigas 
amorosas. 
b) Regionalista: características de cada região; as pessoas que vivem longe 
das cidades. 
c) Indianista: idealização do índio que vira um herói convivendo com o 
homem branco. 
d) Histórico: construção do passado colonial brasileiro. 
 
 
3.4.2 Produção literária 
 
 
3.4.2.1 José de Alencar 
 
 
• Romances urbanos, regionalistas, indianistas e 
históricos; 
• Destacou-se como um dos maiores romancistas do 
Romantismo brasileiro; 
• Faz um grande painel do Brasil mostrando todos os seus cantos; 
• Idealização extrema de seus personagens; 
• Valorização do índio; 
• Aprovação da união entre colonizador e colonizado em suas obras 
indianistas; 
 
 
  AN02FREV001
105 
• Apresenta caráter medieval em algumas obras; 
• Nos romances urbanos: romance de costume; sentimento como enredo; 
retrato da vida urbana da burguesia. (Lucíola, A Pata da Gazela, Senhora, etc.) 
• Romances regionalistas: relacionamento do ser humano e a região que 
habita. Idealização do personagem. (O Gaúcho, O Sertanejo, O Tronco do Ipê). 
• Romances indianistas: exaltação do herói romântico brasileiro; 
nacionalismo; a exaltação da natureza (O Guarani, Iracema, etc.). 
 
 
3.4.2.1.1 Romance urbano: Senhora 
 
 
Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela. 
Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o certo; foi 
proclamada a rainha dos salões. 
Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em 
disponibilidade. 
Era rica e formosa. 
Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois 
esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante. 
Quem não se recorda da Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da 
Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento 
que produzira o seu fulgor? 
Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a 
conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande 
novidade do dia. 
Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois ao seu tempo saberemos 
a verdade, sem os comentários malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. 
Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. 
Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. 
Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender 
com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido 
ainda certa emancipação feminina. 
 
 
  AN02FREV001
106 
Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não 
declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações 
como entendesse. 
 
A descrição da personagem é predominantemente moral e psicológica e 
suas riquezas são formosura e riqueza (as duas opulências). 
Caracteriza-se por romance urbano, devido aos fatos ocorrerem em 
perímetro urbano como: 
...“Atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro...” “Tornou-se 
a deusa dos bailes...” 
...“D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanha na sociedade”. 
Alencar faz uma crítica à sociedade brasileira da época, com relação à 
posição da mulher em que não admitia a emancipação e as moças se faziam 
acompanhar pelos pais ou parentes. 
 
 
Para saber mais... 
 
José de Alencar: o múltiplo. (Mestres da Literatura) 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_acti
on=&co_obra=20768 
 
 
3.4.2.1 Manuel Antônio de Almeida 
 
 
• Precursor do Realismo: Memórias de um Sargento de Milícias. Esta obra é 
considerada um autêntico romance de costumes. Manuel retrata o homem comum, 
do povo, com seus problemas e conflitos cotidianos. É totalmente diferente de tudo 
que já fora publicadono Brasil e, desse ponto de vista, podemos considerá-lo uma 
obra pré-realista. 
• Tratou os personagens de forma imparcial; 
• Proximidade com o real; 
 
 
  AN02FREV001
107 
• Romance de costumes do século XIX; 
• Descrevia o povo simples dos subúrbios cariocas; 
• Criou um anti-herói ou herói pitoresco; 
• O acontecimento é mais importante que o personagem. 
 
 
3.5 REALISMO/ NATURALISMO 
 
 
3.5.1 Portugal 
 
 
3.5.1.1 Prosa – Eça de Queiros 
 
 
• Importante ficcionista do Realismo Português; 
• Adultério aparece como um dos principais temas; 
• Triângulos amorosos; 
• Anticlericalismo: análise do clero português; 
• Importante obra: O Primo Basílio: amplia-se o quadro de crítica social; 
• Constituição moral da sociedade e das famílias. 
 
 
3.5.1.2 Poesia – Antero de Quental 
 
 
• Defesa dos ideais socialistas; 
• Lirismo amoroso, erotismo e religiosidade; 
• Acontecimentos da Questão Coimbrã; 
• Engajamento político-social; 
• Reflexão metafísica e pessimismo; 
• No final da vida, volta-se para a religiosidade e misticismo. 
 
 
  AN02FREV001
108 
 
3.5.2 Brasil 
 
 
3.5.2.1 Aluísio Azevedo 
 
 
• Camada social marginalizada; 
• Personagens – Retratam grupos humanos; 
• Influência de Eça de Queirós e Émile Zola; 
• Homens comparados a animais: rudes, grosseiros; 
• Cenários sujos, marginais; 
• Visão racional, científica de mundo; 
• Personagens naturalistas: o comportamento é determinado pelo meio em 
que vivem; 
• Denúncia da estrutura social falha; 
• Temas: o preconceito racial, a bestialização dos homens pela 
sensualidade, as taras hereditárias, a corrupção clerical, os marginalizados sociais, 
o ideal republicano, a crítica ao capitalismo e ao conservadorismo; 
• Pertencem aos romances românticos: Uma Lágrima de Mulher, A 
Condessa Vésper, Girândola de Amores (ou Mistérios da Tijuca), Filomena Borges, 
O Esqueleto, A Mortalha de Alzira; 
• Romances naturalistas: O Homem, O Coruja, Livro de uma Sogra, e sua 
trilogia máxima: O Mulato, O Cortiço e Casa de Pensão; 
• Maior obra: O Cortiço. 
 
 
3.5.2.2 Machado de Assis 
 
 
• Personagens: estado da alma; 
• Mostra a sociedade urbana hipócrita; 
 
 
  AN02FREV001
109 
• O falar do indivíduo regional, mas alcançando o homem universal; isso é 
contemporâneo no autor; 
• O personagem é a porta para o autor falar do mundo; 
• Antes de Memórias Póstumas de Brás Cubas: concessões ao 
Romantismo; amor; orgulho; ambição; centralização na personagem (Helena; Iaiá 
Garcia); 
• Após Memórias Póstumas de Brás Cubas: maior originalidade na 
construção da personagem; o interior, o eu é explorado; o personagem mais 
importante que a trama: o pensar sobre a vida mostrando a sociedade da época e 
seus temas. (Quincas Borba; Dom Casmurro; Esaú e Jacó; Memorial de Aires – 
Romances psicológicos). 
 
 
SUGESTÕES DE LEITURAS! 
 
QUINCAS BORBA 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2118 
DOM CASMURRO 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2081 
ESAÚ E JACÓ 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2042 
MEMORIAL DE AIRES 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2037 
 
 
 
3.6 SIMBOLISMO 
 
 
3.6.1 Características 
 
 
• Misticismo e espiritualismo; 
• Subjetivismo; 
 
 
  AN02FREV001
110 
• Musicalidade; 
• Expressão da realidade de maneira vaga e imprecisa; 
• Ênfase no imaginário e na fantasia; 
• Emprego abundante de sinestesia; 
• Emprego de recursos gráficos; 
• Produção literária – Portugal. 
 
 
3.6.1.1 Eugênio de Castro 
 
 
• Iniciador do Simbolismo com seu livro Oaristos, de 1890. 
 
 
3.6.1.2 Antônio Nobre 
 
 
• Temas: o tempo, a morte, o sofrimento, a desilusão da vida; 
• Musicalidade sutil, sugestiva; 
• Nova perspectiva de sensibilidade e visão do mundo. 
 
 
3.6.2 BRASIL 
 
 
3.6.2.1 Cruz e Sousa 
 
 
• Intensa adjetivação; 
• Pessimismo e melancolia; 
• Desejo de integrar-se ao cosmos; 
• Musicalidade; 
 
 
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111 
• Metalinguagem; 
• Erotismo. 
 
 
3.6.2.2 Alphonsus de Guimaraens 
 
 
• Setenário das Dores de Nossa Senhora; 
• Câmara Ardente; 
• Dona Mística. 
 
 
3.7 MODERNISMO EM PORTUGAL 
 
 
3.7.1 Fernando Pessoa 
 
 
• Foi um dos diretores da revista “Orpheu”, participando ativamente do 
modernismo em Portugal; 
• Quis reconstruir o mundo, organizar o caos; 
• Queria ser absoluto e abrangente; universal; 
• Multiplicou-se para poder sentir os vários ângulos da realidade: sua 
heteronímia; 
• Tornou-se vários poetas ao mesmo tempo, com características próprias, 
biografias próprias, etc.; 
• Escreve como F. Pessoa – ele mesmo e seus heterônimos: 
 
 
3.7.2 Alberto Caeiro 
 
 
• Nasceu em 1889 onde morreu tuberculoso em 1915; 
 
 
  AN02FREV001
112 
• Era louro, de olhos azuis; 
• Foi o mestre dos autores heterônimos; 
• Pregou a simplicidade e a ligação com a natureza; 
• Linguagem sem sofisticação; 
• Para ele o importante na poesia era o “ver”. 
 
 
3.7.3 Álvaro Campos 
 
 
• Nasceu em 1889 sem constar data da morte; 
• Era alto, magro, corcunda; 
• Cursou engenharia naval, mas não exerceu; 
• Foi o homem da grande cidade, adepto da modernização; agressivo e 
pessimista; 
• Exaltou a máquina, as fábricas, o movimento; 
• É o poeta futurista. 
 
 
3.7.4 Ricardo Reis 
 
 
• Nasceu em 1887 e não há registros de morte; 
• Centrou-se nos temas da Antiguidade Clássica; 
• Tinha uma visão pagã de mundo não acreditando no pecado; 
• Sempre precisava viver o presente, o momento; 
• Escreveu de forma sofisticada; usou a emoção como forma de impor suas 
ideias; 
• Buscou o equilíbrio e a calma; 
• É o poeta neoclássico. 
 
 
 
 
  AN02FREV001
113 
 
Ao longe os montes têm neve ao sol, 
Mas é suave já o frio calmo 
Que alisa e agudece 
Os dardos do sol alto. 
 
Hoje, Neera, não nos escondamos, 
Nada nos falta, porque nada somos. 
Não esperamos nada 
E temos frio ao sol. 
 
Mas tal como é, gozemos o momento, 
Solenes na alegria levemente, 
E aguardando a morte 
Como quem a conhece. 
Ricardo Reis. 
 
 
3.7.5 Fernando Pessoa – ele mesmo 
 
 
• Nasceu em Lisboa em 1888 e morreu em 1935; 
• Apresentou forte faceta saudosista – Nacionalista; 
• Mostrou as emoções depuradas pela intelectualidade; 
• Apegou-se à solidão mostrando-se introvertido; 
• Análise da função do poeta na vida. 
 
Fernando Pessoa “ele-mesmo” publicou Mensagem, livro composto de 
pequenos poemas que, no conjunto, contam liricamente a história de Portugal e 
projeta, de forma mística, o sonho de um futuro e glorioso império. São desse livro 
os versos seguintes: 
 
 
 
 
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114 
 
 
MAR PORTUGUEZ 
 
Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 
 
Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu. 
 
 
 
3.7.6 Mário de Sá Carneiro 
 
 
• Nasceu em Lisboa em 1890 e cometeu suicídio em Paris, 1916; 
• Em 1915 lançou a revista “Orpheu” junto com o amigo F. Pessoa; 
• Profunda crise moral e financeira; 
• Mostrou inadaptação ao mundo, deixava levar-se pelas emoções, pela 
megalomania perdendo-se da realidade; 
• Interiorizou-se mais se mostrando inseguro e egocêntrico; 
• Principalobra: A Confissão de Lúcio. 
 
 
 
 
 
  AN02FREV001
115 
 
3.8 1ª GERAÇÃO MODERNISMO BRASILEIRO – CARACTERÍSTICAS 
ESPECÍFICAS 
 
 
• Definições de posições bem determinadas e 
próprias; 
• Rompimento com as estruturas do passado; 
• Caráter anárquico e destruidor; 
• Nacionalismo; 
• Pesquisa por meio da volta às origens; 
• Tentativa de criar uma língua brasileira; a língua 
falada nas ruas, pelo povo; 
• Repensar a história da literatura no Brasil por intermédio da paródia e do 
humor; 
• Valorização do índio-autêntico brasileiro; 
• É uma fase rica em manifestos: “Pau-Brasil”, Oswald de Andrade – 
“Verde-Amarelo”, e do “Grupo Anta”, com Plínio Salgado; 
• Nacionalismo crítico. 
 
 
3.8.1 Autores modernistas 
 
 
3.8.1.1 Mário de Andrade 
 
 
• Liberdade formal; 
• Combate à sintaxe tradicional; 
• Nacionalismo; 
• Procura da linguagem brasileira; 
• Tema principal: a cidade de São Paulo; 
 
 
  AN02FREV001
116 
• Expressões ítalo-paulistanas; 
• Linguagem coloquial; 
• Pesquisa folclórica; 
• Principais obras: Pauliceia Desvairada – 1922, Lira Paulistana – 1946, 
Contos Novos – 1946, Amar, Verbo Intransitivo – 1927, Macunaíma – 1928, A 
escrava que não era Isaura – 1925. 
 
 
Para saber mais... 
 
Mário de Andrade: reinventando o Brasil. (Mestres da Literatura) 
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co
_obra=20779 
 
 
3.8.1.1.1 Macunaíma 
 
 
Essa obra é construída a partir de um conjunto de lendas a que se misturam 
superstições, provérbios, anedotas e elementos fantásticos. 
Macunaíma tenta reaver o amuleto prodigioso (a muiraquitã), que ganhara 
de sua mulher, Ci, Mãe do mato, único amor sincero de sua vida, e que por desgosto 
pela morte do filho pequeno subiu aos céus e transformou-se na estrela Beta do 
Centauro. Macunaíma havia perdido esse amuleto, que acabou ficando em poder do 
gigante Piaimã, em São Paulo. Depois de várias façanhas, recupera o amuleto, mas 
perde-o novamente e fica todo machucado. Desiludido, resolve abandonar este 
mundo e subir aos céus, onde é transformado em constelação. 
 
 
3.8.1.2 Manuel Bandeira 
 
 
• Influências simbolistas com ligações parnasianas; 
 
 
  AN02FREV001
117 
• Fez poemas autobiográficos; 
• Tom melancólico e lírico; 
• É muito triste em seus textos; 
• Temas relacionados a doenças e mortes (tuberculose); 
• Folclore negro; 
• Às vezes irônico; 
• Rebeldia e sátira como no poema “sapos”; 
• Temas populares; 
• Saudade da infância; 
• Desejo de libertação; 
• Principais obras: A cinza das horas – 1917, Ritmo Dissoluto – 1924, 
Libertinagem – 1930, Estrela da Manhã – 1936, Itinerário de Pasárgada – 1954. 
 
Leia, agora, algumas estrofes do poema Os sapos, de Manuel Bandeira, 
recitado durante a Semana de Arte Moderna e que traduz o espírito de reação 
contra a poesia parnasiana. 
 
Os sapos 
Enfunando os papos, 
Saem da penumbra, 
Aos pulos, os sapos. 
A luz os deslumbra. 
 
Em ronco que aterra. 
Berra o sapo-boi: 
-“Meu pai foi à guerra!” 
-“Não foi!” 
 
O sapo-tanoeiro, 
Parnasiano aguado, 
Diz: - “Meu cancioneiro 
É bem martelado. 
 
 
 
  AN02FREV001
118 
Vede como primo 
Em comer os hiatos! 
Que arte! E nunca rimo 
Os termos cognatos. 
 
O meu verso é bom 
Frumento sem joio. 
Faço rimas com 
Consoantes de apoio. 
 
Vai por cinquenta anos 
Que lhes dei a norma: 
Reduzi sem danos 
A formas a forma. 
 
Clame a saparia 
Em críticas céticas: 
Não há mais poesia, 
Mas há artes poéticas... 
 
Dono de um lirismo muito pessoal, Manuel Bandeira conseguiu expressar 
com grande sensibilidade os momentos e as emoções que marcam a existência 
humana; por isso sua poesia é universal. 
 
Poema de finados 
Amanha que é dia dos mortos 
Vai ao cemitério. Vai 
E procura entre as sepulturas 
A sepultura de meu pai. 
 
Leva três rosas bem bonitas. 
Ajoelha e reza uma oração. 
Não pelo pai, mas pelo filho: 
 
 
  AN02FREV001
119 
O filho tem mais precisão. 
 
O que resta de mim na vida 
É a amargura do que sofri. 
Pois nada quero, nada espero. 
E em verdade estou morto ali. 
 
 
 
3.8.1.3 Outros autores 
 
 
• Alcântara Machado: Brás, Bexiga e Barra Funda; 
• Cassiano Ricardo: Martim Cereré; 
• Guilherme de Almeida: A flor que foi um homem; 
• Menotti Del Picchia: Juca Mulato; 
• Plínio Salgado: O cavaleiro de Itararé; 
• Raul Bopp: Cobra Norato. 
 
 
3.9 2ª GERAÇÃO DO MODERNISMO BRASILEIRO 
 
 
3.9.1 Características específicas 
 
 
• Início com o livro Alguma Poesia, de Carlos Drummond de Andrade; 
• Aprofundou os ideais e propostas da 1ª fase; 
• Verso livre; 
• Poesia sintética; 
• Buscava o “eu-indivíduo” e o seu “estar no mundo”; 
• Investigação do papel do artista; 
• Metalinguagem; 
 
 
  AN02FREV001
120 
• Corrente mais intimista e espiritualizada; 
• Evidencia-se a fragilidade do Eu; 
• Domínio da prosa com o Romance regionalista nordestino, social e 
politicamente engajado. 
 
 
3.9.2 Poetas da 2ª fase 
 
 
3.9.2.1 Carlos Drummond de Andrade 
 
 
a) Temas específicos: o indivíduo; a terra natal; a família; os amigos; o 
social; o amor; a própria poesia; exercícios lúdicos com a poesia; visão de 
existência. 
 
b) Características: 
 
• 1925 – 1940: Poesia irônica; saudosismo; individualismo; contempla o 
mundo e a si mesmo. Obras: Alguma Poesia; Brejo das Almas e Sentimento de 
Mundo. 
• 1941 – 1945: Poesia social; guerra; ditadura; denúncias; a 
metalinguagem. Obras: A Rosa do Povo; Poemas José e A Procura da Poesia. 
• 1946 – 1958: Poesia metafísica, ideologia; negativismo; descrença. 
Obras: Poesia até Agora; Claro Enigma e Fazendeiro do Ar. 
• 1962 – 1968: Poesia objectual; liberdade poética; atitude lúdica; o 
prosaico; o irônico; poesia experimental. Obra: Lição de coisas. 
• 1968 – 1987: Últimas obras: certo erotismo e ecletismo. Obra: Boi tempo, 
entre outras. 
 
 
 
 
 
 
  AN02FREV001
121 
 
José 
E agora, José? 
A festa acabou, 
A luz apagou, 
O povo sumiu, 
A noite esfriou 
E agora, José? 
E agora, você 
Você que é sem nome, 
Que zomba dos outros, 
Você que faz versos, 
Que ama, protesta? 
E agora, José? 
 
Está sem mulher, 
Está sem discurso, 
Está sem carinho, 
Já não pode beber, 
Já não pode fumar, 
Cuspir já não pode, 
A noite esfriou, 
O dia não veio, 
O bonde não veio, 
O riso não veio, 
Não veio a utopia 
E tudo acabou 
E tudo fugiu 
E tudo mofou, 
E agora, José? 
 
E agora, José? 
Sua doce palavra, 
 
 
  AN02FREV001
122 
Seu instante de febre, 
Sua gula e jejum, 
Sua biblioteca, 
Sua lavra de ouro, 
Seu terno de vidro, 
Sua incoerência, 
Seu ódio – e agora? 
 
Com a chave na mão 
Quer abrir a porta, 
Não existe porta; 
Quer morrer no mar, 
Mas o mar secou; 
Quer ir para Minas, 
Minas não há mais. 
José, e agora? 
 
Se você gritasse, 
Se você gemesse, 
Se você tocasse 
A valsa vienense; 
Se você dormisse, 
Se você cantasse, 
Se você cansasse, 
Se você morresse... 
Mas você não morre, 
Você é duro, José! 
 
Sozinho no escuro 
Qual bicho do mato, 
Sem teogonia, 
Sem parede nua 
Para se encostar, 
 
 
  AN02FREV001
123 
Sem cavalo preto 
Que fuja a galope, 
Você marcha, José! 
José, para onde? 
Carlos Drummond de Andrade, Antalogia Poética, Record. 
 
 
Utopia: coisa irrealizável, fantasia. 
Teogonia: doutrina que trata do nascimento dos deuses. 
 
 
No poema, a repetição frequente dá cadência,ritmo e ênfase à ideia. E esta 
repetição faz com que o poema se sobressaia. 
José representa um personagem ideal, mais amplo, isto é, representa todo o 
indivíduo que está na situação apresentada pelo poema; ele se vê diante de vários 
problemas: anonimato, o desamparo – a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, o 
impasse e sem destino. 
 
 
3.9.2.2 Cecília Meireles 
 
 
a) Temas específicos: a solidão; o amor perdido; a saudade; o espaço: o 
oceano; temas históricos; a fugacidade do tempo; a fragilidade do ser humano; os 
desacertos dos homens; o isolamento; a sombra; o nada. 
b) Características: 
• Escreve obras em poesia, prosa e também traduções; 
• Influência simbolista; 
• Uso de lirismo; 
• Ceticismo e melancolia; 
• Musicalidade como apoio para seus lamentos; 
• Versos curtos e com ritmo; 
• Jogo de imagens, sons e cores; 
 
 
  AN02FREV001
124 
• Subjetivismo; 
• Corrente espiritualista do modernismo; 
• Obras: espectros (1919); Viagem (1939); Vaga música (1942); Mar 
Absoluto (1945); Romanceiro da Inconfidência (1953); A Rosa (1957). 
 
 
3.9.2.3 Vinícius de Moraes 
 
 
a) Temas específicos: espiritualidade; amor platônico; amor real; a mulher; 
a sensualidade. 
b) Características: 
• Transcendental e místico numa 1ª fase; 
• Versos mais longos e melancólicos; 
• Proximidade com o mundo material; 2ª fase; 
• Versos mais curtos; sonetos, às vezes, um modelo de Camões; versos 
decassílabos e alexandrinos; 
• Antíteses e paradoxos; 
• Letras de músicas e criação de histórias infantis; 
• Obras: O Caminho para a distância -1933; Ariana, a mulher – 1936; 
Novos Poemas – 1938; Cinco Elegias – 1943; Arca de Noé – 1970. 
 
 
3.10 PROSA DO MODERNISMO 2ª FASE: 
 
 
3.10.1 José Américo de Almeida 
 
 
• A Bagaceira, 1928; início da corrente regionalista nordestina. Retrata a 
vida dos engenhos de cana-de-açúcar, os retirantes e a seca; 
• Valores morais do homem nordestino. 
 
 
 
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3.10.2 Rachel de Queirós 
 
 
• Falou do Ceará; da seca; do povo que lá vive e da Terra; 
• O Quinze, 1930: o tema é a grande seca de 1915; aspecto social junto 
com aspecto psicológico. 
 
 
3.10.2.1 O Quinze 
 
 
O tema deste romance é a seca, enfocando a dimensão social, sem deixar 
de lado a análise psicológica de algumas personagens. A marcha penosa e trágica 
de Chico Bento, que representa o retirante, constitui o núcleo dramático da obra. 
Paralelamente, desenvolve-se o drama da impossibilidade de comunicação afetiva 
entre Vicente e Conceição – ele, um proprietário rural sensível à miséria que o 
rodeia, mas impotente para eliminá-la; ela, uma moça da cidade, atraída pela figura 
livre e franca de Vicente, mas que não consegue penetrar em seu mundo rude, 
quase selvagem. 
 
 
3.10.3 José Lins do Rego 
 
 
• Decadência dos engenhos desmantelados pelas usinas. 
• Ciclo da cana-de-açúcar: sua vivência no engenho. 
• O narrador de Menino de Engenho é o reflexo do próprio autor em alguns 
momentos. 
• Em 1943, o autor publica Fogo Morto, sintetiza o ciclo e conta a história 
de um engenho chamado Santa Fé. 
 
 
 
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3.10.4 Jorge Amado 
 
 
• Regionalismo baiano, zonas rurais do cacau e zona urbana de Salvador. 
• Tipos marginalizados. 
• Análise da sociedade. 
• Utilização em suas obras da “fala do povo”. 
• Romances Proletários: mostra a vida em Salvador com um retrato social 
– Suor, O país do Carnaval e Capitães de Areia. 
• Ciclo do cacau: a vida nas fazendas nas regiões de Ilhéus e Itabuna – 
Cacau, Terras do Sem-Fim, São Jorge dos Ilhéus. 
• Crônicas de costumes e depoimentos líricos: novelas, romances com 
temáticas amorosas – Mar Morto, Gabriela Cravo e Canela, A Morte e a Morte de 
Quincas Berro D’água. 
 
 
3.10.5 Graciliano Ramos 
 
 
• Início do trabalho com a publicação de Caetés (1933). 
• Atividades subversivas; preso político; Memórias do Cárcere. 
• Viagem aos países socialistas; Viagem. 
• Clima de tensão; relações do homem com o meio natural; meio social. 
• Final trágico: o suicídio. 
• O homem muitas vezes se animaliza. 
• A seca, os retirantes, a vida na caatinga. 
 
 
 
 
 
 
 
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3.11 POESIA PÓS-MODERNA 
 
 
3.11.1 João Cabral de Melo Neto 
 
 
• Linguagem objetiva e seca. 
• Temas sociais do Nordeste em algumas obras. 
• Obras: Pedra do Sono – 1942, O Engenho – 1945, Morte e Vida Severina 
– 1956, etc. 
• Poesia sintética; objetiva, escreve como um engenheiro. 
 
 
3.11.2 Concretismo 
 
 
• Fim do verso; 
• Eliminação da sintaxe tradicional; 
• Força visual das palavras; 
• Nova forma de comunicação poética: o gráfico; 
• Exploração de formas, cores, montagem de palavras; 
• Principais poetas: Haroldo de Campos, Décio Pignatari e Augusto de 
Campos. 
 
3.11.3 Ferreira Gullar 
 
 
• Luta social; 
• O meio e o homem; 
• Obras: A luta Corporal – 1954; Quem matou Aparecida – 1962, etc. 
 
 
 
 
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3.12 PROSA PÓS-MODERNA 
 
 
3.12.1 Clarice Lispector 
 
 
• Fluxo de consciência compondo com o enredo fatual; 
• Momento interior é o tema mais importante; subjetividade; 
• Amostras do mundo de forma metafísica; 
• Um novo sentido de liberdade a partir da sua leitura do mundo; 
• Obras: Perto do Coração Selvagem – 1947; estreia: O Lustre – 1946; A 
cidade Sitiada – 1949; A maçã no escuro – 1961; A paixão Segundo GH – 1961; A 
Hora da Estrela – 1977, entre outras. 
 
 
3.12.2 Guimarães Rosa 
 
 
• Aproveitamento da fala regionalista com seus arcaísmos; 
• Neologismos; 
• Recorrência ao grego e latim; 
• Além da experimentação formal, temos uma visão profunda do ser 
humano e suas experiências; 
• Cenário: o sertão brasileiro; 
• Regionalismo universalizante: a problemática atinge o homem em 
qualquer lugar; 
• Questionamentos sobre Deus e Diabo; significado da vida e da morte; o 
destino; 
• Obras: Sagarana -1948; Corpo de Baile -1956; Grande Sertão: Veredas – 
1956; Primeiras Estórias – 1962, etc. 
 
 
 
 
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3.13 PRODUÇÕES CONTEMPORÂNEAS 
 
 
A literatura contemporânea proporciona grande 
variedade de estilos, entre contos e crônicas os quais 
aparecem em grande número, sendo os gêneros mais lidos 
pelos brasileiros. 
A poesia social surgiu em 1957, reagiu também contra o concretismo, e é 
mais voltada aos problemas do país. 
 
 
 
 
Para saber mais.... 
 
“O Concretismo surge na Europa, por volta de 1917, 
na tentativa de se criar uma manifestação abstrata da arte. 
A busca dos artistas era incorporar a arte (música, 
poesia, artes plásticas) às estruturas matemáticas 
geométricas. A intenção deste movimento concreto era 
desvincular o mundo artístico do natural e distinguir forma de conteúdo. 
Para os concretistas a arte é autônoma e a sua forma remete às da 
realidade, logo, as poesias, por exemplo, estão cada vez mais próximas das formas 
arquitetônicas ou esculturais. As artes visuais não figurativas começam a ser mais 
evidentes, a fim de mostrar que no mundo há uma realidade palpável, a qual pode 
ser observada de diferentes ângulos.” 
 
VILARINHO, S. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/literatura/concretismo.htm>. Acesso em: 
28 jun. 2010. 
 
 
 
 
 
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Na década de 1970, a poesia marginal denunciava a situação de medo que 
o país ainda atravessava sob a ditadura militar; seus textos próximos à prosa tinham 
uma maior preocupação com a expressão do que com a construção. 
 
 
3.13.1 Lygia Bojunga (1932 - ) 
 
 
Lygia Bojunga Nunes, escritora brasileira, nasceu em Pelotas no dia 26 de 
agostode 1932 e cresceu numa fazenda. Aos oito anos de idade, mudou-se para o 
Rio de Janeiro. 
Em 1951, se tornou atriz numa companhia de teatro que viajava pelo interior 
do Brasil. Durante essas turnês, conviveu com a pobreza e o analfabetismo e, por 
isso, fundou uma escola que dirigiu por cinco anos. 
Trabalhou durante muito tempo para o rádio e a televisão, até estrear como 
escritora de livros infantis em 1972, com sua primeira obra literária "Os Colegas". 
A literatura infantil brasileira caracteriza-se por uma acentuada transgressão 
dos limites entre a fantasia e a realidade. 
Lygia Bojunga é uma escritora que perpetuou esta tradição e a tornou 
perfeita. 
Os sentimentos de tristeza, alegria, aventura e tranquilidade convivem 
harmonicamente. 
Ela acredita que o dia a dia está repleto de magia; portanto, os personagens 
dos seus livros fantasiam livremente. 
O objetivo maior de seus textos é a perspectiva da criança. O que ela revela 
de mais sério está sempre em equilíbrio com o humor e a brincadeira. 
É uma apaixonada pelo social e pela democracia e com muita sutileza e 
magia exprime suas ideias. Lygia tem o dom da narrativa que prende a atenção do 
leitor desde o primeiro capítulo. 
A escritora tem uma longa lista de sucessos da literatura infantil, desde Os 
Colegas, de 1972, até Retratos de Carolina, de 2002, passando por Angélica, O 
Sofá Estampado, A Casa da Madrinha e Corda Bamba, entre outros. 
 
 
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As obras de Lygia Bojunga estão traduzidas para várias línguas, dentre as 
quais: francês, alemão, espanhol, norueguês, sueco, hebraico, italiano, búlgaro, 
tcheco e islandês. 
Recebeu vários prêmios, entre eles o Prêmio Jabuti (1973), o prestigiado 
Prêmio Hans Christian Andersen (1982), o Prêmio da Literatura Rattenfänger (1986) 
e, em 26 de maio de 2004, em Estocolmo, Suécia, recebe da Princesa Victória o 
maior e mais importante prêmio da literatura infanto-juvenil, o Prêmio Astrid 
Lindgren, no valor de 1,9 milhões de reais, aproximadamente. 
 
 
3.13.2 Rubem Braga (1913-1990) 
 
 
Um dos maiores cronistas brasileiros, nasceu em Cachoeiro do Itapemirim, 
Espírito Santo, no dia 12 de janeiro de 1913. 
Iniciou seus estudos na sua cidade natal e posteriormente veio morar com 
parentes em Niterói, RJ, para estudar no Colégio Salesiano. Formou-se em Direito 
(1932). 
Seu primeiro livro, "O Conde e o Passarinho", foi publicado em 1936 quando 
ele tinha apenas 22 anos. 
Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, onde escreveu o 
livro "Com a FEB na Itália", em 1945. De volta ao Brasil, morou em Recife, Porto 
Alegre e São Paulo, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro. 
Na época do Regime Militar, se escondeu da repressão e foi preso algumas 
vezes. Com temperamento fechado e por gostar de solidão, só ficou famoso 
exclusivamente por seu talento. 
Rubem Braga foi o único autor nacional que conquistou a celebridade por 
meio das crônicas. Com um estilo muito próprio, suas crônicas, dotadas de extremo 
lirismo, porém com linguagem coloquial, denotam o cotidiano com suas paisagens, 
pessoas e respectivo estado de espírito. 
Trabalhou também como jornalista e cronista em diversos jornais e revistas 
do Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre. Foi ainda correspondente 
dos jornais O Globo e Correio da Manhã, em Paris. 
 
 
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Em 1961, foi nomeado Embaixador do Brasil no Marrocos. Entrou para o 
quadro de funcionários da Rede Globo, onde trabalhou até morrer, em 19 de 
dezembro de 1990, sozinho num quarto do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. 
Rubem deixou muitas crônicas, romances, traduções e adaptações. Na 
publicação de sua crônica, "As Coisas Boas da Vida", em 1988, Rubem Braga 
enumera, no texto, "as dez coisas que fazem a vida valer a pena". 
A última delas: "Pensar que, por pior que estejam as coisas, há sempre uma 
solução, a morte - o assim chamado descanso eterno". 
 
 
3.13.3 Fernando Sabino (1923 - 2004) 
 
 
Fernando Tavares Sabino é escritor, nasceu em Belo Horizonte, Minas 
Gerais, no dia 12 de outubro de 1923. 
Desde cedo revelou sua inclinação para a vida literária e para a música, 
ouvindo atentamente sua irmã e o pai ao piano. Com 12 anos incompletos, em 1935, 
foi locutor do programa infantil "Gurilândia", da Rádio Guarani de Belo Horizonte. 
Suas primeiras tentativas literárias sofreram influências dos livros de 
aventuras que vivia lendo. 
Ainda bem jovem, colaborava regularmente com artigos, crônicas e contos 
nas revistas "Alterosas" e "Belo Horizonte". Participou de concursos de crônicas 
sobre rádio e de contos, obtendo seguidos prêmios. Aos 17 anos, decidiu ser 
gramático. Iniciou também o curso na Faculdade de Direito. 
Conviveu com escritores e ingressou no jornalismo como redator da "Folha 
de Minas". Reuniu seus primeiros contos no livro "Os Grilos não Cantam Mais", 
publicado no Rio de Janeiro e muito bem aceito pelos críticos. Consagrou-se como 
um cronista de primeira linha. 
Autor de novelas, romances, contos, peças teatrais, artigos e crônicas para 
jornais e revistas, o mineiro Fernando Sabino tornou-se um dos escritores mais 
populares no Brasil, com textos de linguagem bem coloquial, bem-humorados e 
extremamente criativos. 
 
 
 
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3.13.4 Paulo Coelho (1947 - ) 
 
 
Escritor brasileiro, nasceu em 24 de agosto de 1947, na cidade do Rio de 
Janeiro. 
Trabalhou como jornalista, compositor, autor e diretor de teatro. Agora, 
totalmente dedicado à Literatura, é considerado um dos maiores escritores do 
mundo, tendo alcançado a marca de 54 milhões de exemplares vendidos. 
Paulo é um homem que vive numa busca espiritual constante. Seu primeiro 
livro, "Arquivos do Inferno", de 1982, não teve qualquer repercussão. 
Em 1986, fez a caminhada de Santiago de Compostela, que resultou no livro 
"O Diário de Um Mago", grande sucesso literário de 1987. No ano seguinte explodiu 
com "O Alquimista", um dos maiores fenômenos literários do século XX, o livro 
brasileiro mais vendido de todos os tempos, traduzido para 56 idiomas. 
Foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras em 25 de julho de 2002, 
ocupando a cadeira nº 21. 
 
 
 
Leia mais... 
 
A Poética de Manoel de Barros: uma sabedoria da terra 
<http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0716-58112004001500005&script=sci_arttext> 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO IV 
 
 
 
 
 
 
 
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134 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
ALMEIDA, Fernando Mendes de. Sonetos Bocage: apresentação, seleção e notas 
de Fernando Mendes de Almeida. São Paulo: Ediouro, Publifolha, 1997. (Biblioteca 
Folha, 10). 
 
AMARAL, Eloy do. Bocage. Lisboa: Ed. Ulisseia, 1965, p.150-1. 
 
 
CADERMATORI, Lígia. Períodos literários. São Paulo: Ática, 1985. 
 
 
CAMPEDELLI, Samira. Literatura, história e texto. São Paulo: Saraiva, 1999. 
 
 
EDUKBR. Disponível em: 
<http://www.edukbr.com.br/artemanhas/lit_brasil_contemporanea.asp>. Acesso em: 
28 jun. 2010. 
 
 
NICOLA, José de. Literatura brasileira: das origens aos nossos dias. 15. ed. São 
Paulo: Scipione, 1998. 
 
 
PORTAL DOMÍNIO PÚBLICO. Disponível em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp> Acesso em: 25 
jun. 2010. 
 
 
SARAIVA, Antônio José; LOPES, Oscar. História da Literatura Portuguesa. 17. ed. 
Porto Portugal: Porto Editora, 1996. 
 
 
SAVIO, L. A Poética de Manoel de Barros: uma sabedoria da terra. Literatura y 
Lingüistíca. Disponível em: 
<http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0716-
58112004001500005&lng=es&nrm=iso > Acesso em: 28 jun. 2010. 
 
 
 
 
 
 
FIM DO CURSO

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