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Luciani Vieira Gomes Alvareli Patrícia Aparecida Fernandes Brito Lucas Oberdan de Souza Empresa familiar e a importância do planejamento para o processo sucessório Doutora em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Docente Fatea, Lorena; Fatec, Cruzeiro. Luciani.alvareli@gmail.com Graduando em Tecnologia em Gestão Empresarial na FATEC Cruzeiro – Faculdade de Tecnologia Profº Waldomiro May. e-mail:patrícia_brito2011@hotmail.com Graduando em Tecnologia em Gestão Empresarial na FATEC Cruzeiro – Faculdade de Tecnologia Profº Waldomiro May. e-mail:osouzal@hotmail.com Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.46 RESUMO O presente projeto tem como demarcação de pesquisa as empresas familiares e o seu pla- nejamento para o processo sucessório, dando enfoque principalmente às microempresas familiares. As empresas familiares nascem através da ideia de um fundador, geralmente com espírito de liderança e visão de negócio, o que acaba levando esses empreendimentos a um grande crescimento e expansão. Mas o que se vê após alguns anos é que, nem sem- pre, uma gestão tranquila e centralizada em um único líder se mantém ou prospera. Isso parece estar relacionado ao fato de novos membros familiares se agregarem ao negócio, desencadeando episódios que evidenciam divergências entre o que representa uma boa gestão para a empresa e os interesses pertinentes individuais. PALAVRAS CHAVE: empresa, família, planejamento. ABSTRACT This project has the goal of research related to family businesses and their planning for the succession process, focusing mainly on micro family companies. Family businesses are born by the idea of a founder, often with leadership and business vision, ultimately leading these enterprises to a great growth and expansion. But what we see is that after a few years, not always, a quiet and centered management in a single leader keeps itself or thrives. This seems to be related to the new family members aggregated to the business, triggering episodes that show differences between what is good management for the company and relevant individual interests. KEYWORDS: business, family, planning. 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 47 INTRODUÇÃO Dados oficiais do SEBRAE (2011) apontam as empresas familiares não só como a maioria, mas também como uma das grandes propulsoras para a economia nacional. Mas o que ocorre é que por uma falta de planejamento, principalmente no que se refere às microempresas, estas instituições acabam não conseguindo ter uma sobrevida longa. Fatos que desencadeiam esse tipo de fracasso são muitas vezes a falta de um planejamento para o processo de sucessão. Por isso, propõe-se neste projeto identificar quais os meios necessários para minimizar os impactos relacionados com a saída de comando do fundador da empresa e a implicação disso no prosseguimento da mesma. E com isso, procurar expor literaturas já existentes e defendidas por especialistas no tema, auxiliando microempreendimentos no que tange ao planejamento no processo de sucessão, atenuando esses possíveis conflitos para que essas empresas não desapareçam em gerações futuras. Este projeto também irá elaborar um estudo de caso sobre o processo sucessório de uma microempresa familiar do Vale Paraíba com objetivo de analisar se houve ou não planejamento, visto que, muitas vezes a sucessão continua sendo um dos maiores problemas que surgem nesse tipo de empreendimento, não importando o seu tamanho ou ramo de atividade. OBJETIVOS Tendo como ponto inicial a pergunta problema: por que muitas empresas familiares não sobrevivem muitas vezes em gerações futuras, este trabalho tem como principal meta mostrar as dificuldades encontradas por fundadores em passar o poder e o comando para suas descendências. Seu propósito será analisar as causas que as levam a estas crises que ocasionam sua vulnerabilidade diante de seus concorrentes ou até mesmo o seu desaparecimento. Este projeto buscará a exposição de ações preventivas já elaboradas por profissionais da área que consigam facilitar a conscientização sobre a necessidade do planejamento no processo sucessório, tendo o intuito de expor as ferramentas que auxiliem, de maneira a atenuar os conflitos que emergem nessa fase importante do ciclo de vida dessas empresas. EMPRESAS FAMILIARES Dentre as várias formas de modelos administrativos, as empresas familiares ocupam uma considerável parte e importância no cenário econômico capitalista de diversos países ao redor do mundo e também no Brasil. Particularmente, aqui no país, sua expansão teve início com a chegada de imigrantes, vindos de diferentes continentes, mas particularmente 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.48 o europeu. Foram indivíduos que com talento, determinação e espírito empreendedor fundaram empresas que hoje são grandes indústrias nacionais e até multinacionais. A figura mais importante nesse tipo de gestão é o fundador, como o pai, o avô, aquele que desenvolveu e concretizou o negócio e servirá de exemplo a ser seguido pelos outros familiares. Além disso, a imagem que a própria empresa apresenta frente ao mercado está diretamente vinculada à personalidade do patriarca. Para Werner (2004, p. 2) a empresa familiar pode ser definida como: Aquela que nasceu de uma só pessoa, um empreendedor. Ele a fundou, a desenvolveu, e, com o tempo, a compôs com membros da família a fim de que, na sua ausência, a família assumisse o comando. É a que tem o controle acionário nas mãos de uma família, a qual, em função desse poder, mantém o controle da gestão ou de sua direção estratégica. A influência do gestor familiar nos processos administrativos reflete as aspirações da família em relação ao seu posicionamento frente ao capital. Segundo Ricca (2012) “[...] princípios e valores vão sendo incorporados no modo de atuação da empresa, direcionando o posicionamento que ela apresenta frente aos funcionários, aos clientes e à comunidade”. A identidade de uma empresa familiar se pauta em garantir defesa para a perpetuação dos seus sucessores. De acordo ainda com Ricca (2012) se fazem em quatro pilares primordiais como a “[...] palavra/credibilidade, perseverança, carisma/liderança e cultura”. No Brasil as empresas familiares constituem a maior participação dentre todas as formas de gestão, superando as de capital aberto. São as que mais empregam brasileiros e as que desempregam menos em períodos de recessão; grande parte delas é de microempresas familiares, o que mostra a influência dessa categoria na dinâmica do crescimento econômico brasileiro como grande geradora de renda e empregos. A empresa familiar não deve ser caracterizada por seu tamanho. Existem empresas de grande porte e outras extremamente pequenas. Um pequeno supermercado do interior do Brasil, por exemplo, pode ser considerado familiar, da mesma forma que um grande grupo empresarial com diversas filiais e dedicado aos mais variados seguimentos. Seus problemas, contudo, terminam por ser bastante parecidos. Ao longo dos últimos anos, é crescente o interesse no estudo das características e problemática das empresas familiares. O fator de interesse responde ao grau de importância desses empreendimentos no sistema econômico. A dificuldade de uma definição clara e consensual sobre a empresa familiar se deve, em grande parte, ao fato de os negócios familiares serem realidades em variados campos de negócios, motivo pelo qual autores propuseram definições baseadas em múltiplos fatores. Como mencionado anteriormente a definição de empresa familiar não é um 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 49 consenso entre os autores e estudiosos no assunto, devido à grande diversidade do universo empresarial, sendo um dos maiores desafiosencontrar uma definição comum. Quando se pensa em uma empresa familiar, uma imagem que ainda se apresenta na cabeça das pessoas é a de organizações pequenas e médias. Algumas vezes uma conotação negativa pode surgir, associando-a com falta de profissionalização e centralização nas mãos do fundador. No entanto, são vários exemplos em todo o mundo e também no Brasil de gestões familiares extremamente eficazes e que deram certo. No país, há vários grupos que são de controle familiar, atuando em diferentes ramos de negócios. São exemplos, grandes corporações como Organizações Globo, Grupo Votorantim, Grupo Gerdau, Grupo Odebrecht, Magazine Luiza, Grupo Itaúsa, Grupo Constantino entre outros. Em explanação, Casillas (2007, p. 16) diz que: São poucos os dados existentes que pode nos orientar sobre as características das empresas familiares, essa escassez de dados ocorre praticamente em todos os países. No entanto, faz poucos anos que o interesse crescente em conhecer e compreender as peculiaridades desse tipo de empresa está promovendo a realização de estudos descritivos sobre o assunto. Apesar de estudos sobre as características das empresas familiares serem recentes, a realidade muitas vezes perceptível nesse tipo de empreendimento é, geralmente, focada e centralizada no líder fundador o que acaba criando, às vezes, desequilíbrios para o que venha a ser uma boa gestão de planejamento para a instituição, como exemplifica Macedo (2009, p. 30): A complexidade da gestão na empresa familiar é muito maior que na não familiar, pois na primeira existe o envolvimento emocional dos membros da família que fazem parte da gerência, enquanto na outra as emoções não se misturam com relações familiares. Geralmente, quando pessoas são indagadas com a pergunta sobre as coisas mais importantes em suas vidas, uma resposta que quase imediatamente vem à mente é a família e o trabalho. Mas, e quando a questão envolve essas duas combinações, isso pode acabar sendo algo conflitante. As empresas possuídas e administradas por famílias constituem uma forma organizacional peculiar, cujo caráter especial tem consequências positivas e negativas. Elas extraem uma força especial da história, da identidade e da linguagem comum às famílias; suas tradições e valores brotam de uma fonte comum. Assim, as empresas familiares podem parecer mais complicadas se tomarmos uma posição 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.50 mais superficial. Mas, olhando em seus aspectos mais minuciosamente verificamos que elas são decisivas para a saúde da nossa economia e a satisfação de milhões de pessoas. PROCESSO SUCESSÓRIO NA EMPRESA FAMILIAR O processo sucessório em uma empresa familiar é uma fase que será inevitável no decorrer dos anos nessas instituições. A partir do momento em que um empreendedor funda, arquiteta, lidera todo um conjunto de uma obra, também há de existir um dia em que o mesmo tenha que sair de cena. E, consequentemente, é nessa hora que podem ocorrer tanto a continuidade do seu trabalho com sucesso para as gerações posteriormente, como também a destruição por falta de planejamento. O processo sucessório é definido por Macedo (2009, p. 67) “[...] como sendo a transferência de poder do dirigente máximo para outro líder da mesma família através das gerações”. Para Lodi (1998, p. 36) “[...] o processo sucessório nada mais é do que uma redistribuição do poder dentro da empresa”. Mas essa transferência de poder, nem sempre ocorre de maneira tranquila, devido à forte disputa entre os herdeiros, o que resulta muitas vezes em crises de difícil solução. O conflito familiar pode dificultar o processo sucessório, mas também há casos que podem transcorrer em perfeita harmonia. A sucessão familiar, entendida como uma fase que termina com a transmissão do poder de decisão e da propriedade para a geração seguinte é um dos processos mais importantes e ao mesmo tempo mais críticos que uma empresa familiar deve realizar para garantir a continuidade nas mãos da família empresária. Segundo Lodi (1987, p. 36): Ocorrem crises porque os dirigentes não sabem o que querem e se atêm a tradição, dominados por uma pesada herança cultural e muitos anos de mercado. A cultura interna na cúpula leva a uma aversão ao risco. O passado domina o presente e o futuro. Nesse sentido, é necessário que o fundador reconheça que é preciso começar a se afastar de funções estratégicas da empresa e começar a delegar funções aos membros familiares, pois um processo de sucessão só se consolida de modo integral a partir do momento em que o sucedido abre espaço para o sucessor agir, sem, no entanto, que isto signifique o afastamento total e abandono da empresa de forma direta. De acordo com Bernhoeft (1989, p.27): Está surgindo um novo perfil de empresas familiares. No bojo desta nova face estão conceitos modernos de gestão empresarial: profissionalização, 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 51 governança corporativa, planejamento estratégico, conselho de empresas, constituição familiar, e parcerias estratégicas. Assim, o tema sucessão e profissionalização nas empresas familiares tendem para um mesmo fim, em que o termo profissionalização não é visto como contrário à sucessão familiar, mas ambos passam a ser reconhecidos como conceitos complementares. PLANEJAMENTO NO PROCESSO SUCESSÓRIO O planejamento no processo sucessório, segundo estudiosos do assunto, é o ponto- chave do sucesso da empresa familiar. O fundador que consegue dar uma boa formação aos filhos, e percebe que é melhor resolver a sua sucessão enquanto está no comando da situação, consegue minimizar conflitos entre seus filhos depois de sua morte. O fator mais crítico para assegurar a continuidade de uma empresa familiar é planejar com antecipação. Caso as circunstâncias futuras impeçam a família de assumir a empresa, a única coisa que se perderia seria o tempo investido no planejamento. No entanto, se o presidente e/ou proprietário se afastar e não existir um plano de sucessão, as consequências podem ser catastróficas. Sobre esse aspecto, o autor Lodi (1987, p. 6) cita que: Uma boa profissionalização se consolida com uma sucessão bem feita e vice-versa; porém, uma profissionalização não é duradoura se, além dos profissionais, a família não tiver conseguido equacionar a sua crise de liderança com o envelhecimento do fundador. A sucessão com êxito não é um só complemento é o feliz acabamento do processo de profissionalização. Assim, o planejamento para o processo de sucessão sendo elaborado com antecipação poderá ocorrer de forma mais amena para os familiares envolvidos. No entanto, planejar a sucessão exige do empreendedor a compreensão de que o seu trabalho merece ser continuado e de que o patrimônio conseguido durante longos anos de empenho pode desaparecer rapidamente se o seu destino não estiver bem planejado. O planejamento da sucessão entendido por Casillas (2007, p. 227) é o de “Compreender a criação de documentos que organizam a transferência de propriedade do dono para outros familiares da maneira mais eficiente”. Quanto à questão de qual seja o melhor momento para começar a planejar a sucessão, especialistas em empresas familiares afirmam que, quanto mais cedo o dono começar a planejar, maiores serão as probabilidades de sucesso. Para uma empresa familiar que queira implantar um sistema de um projeto de 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.52 planejamento de processo sucessório, um fator importante é ela delimitar a data de início e término, sendo o ideal também que esta coordenação seja acompanhada pelo atual fundador e gestor da empresa, conforme podemos analisar na citação de Oliveira (1999, p. 72) abaixo: É imprescindível o estabelecimento de estratégias, independente do processo sucessório em planejamento,para atingir os objetivos propostos, porque de nada adianta estabelecer objetivos no processo de sucessão e não ter definido as estratégias a serem operacionalizadas, ou seja, como alcançá-los. Além disso, se faz necessário tecer também estratégias alternativas para sanar algumas imprevisibilidades que poderão ocorrer no processo. Assim, diante de diferentes objetivos que se criam em um processo sucessório numa empresa familiar, é preciso que se tenham regras específicas, para que os participantes envolvidos nesse cenário não procurem os seus objetivos pessoais e, com isso, não acabe ocorrendo o detrimento da empresa. Muitos herdeiros não se preparam para esse momento, ou não demonstram interesse para assumir o lugar do pai, que muitas vezes criou uma certeza de que seus futuros herdeiros iriam dar continuidade em sua empresa. A transmissão dessa gestão sem preparo dos herdeiros pode ocasionar riscos à organização, por isso a necessidade de se analisar esse processo adequadamente. Nesse sentido, de acordo com Lourenzo (2006, p. 39), alguns fatores que devem ser avaliados no planejamento sucessório são: O treinamento dos herdeiros, avaliação, escolha e monitoramento dos sucessores; nível de centralização das decisões pelo sucedido; profissionalização da família; revisão da estrutura organizacional; determinação da missão empresarial; avaliação de fatores ambientais (fornecedores, clientes, funcionários antigos, instituições, interferência da família etc.); relação do sucesso da empresa com a figura do fundador; perfil do sucessor; aceitação, por parte do fundador, da necessidade do planejamento da troca do comando e transferência dos bens. Com isso, é necessário se levar em consideração o aspecto comportamental vivenciado na empresa no momento em que esta queira contatar um profissional para auxiliar junto ao seu fundador o processo de sucessão. A empresa tem que ter em meta aonde quer chegar, respeitando os familiares e tendo consciência de que esse processo de avaliação de cargo possa sofrer tramites rigorosos na escolha do perfil do novo líder 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 53 e assim a transferência de patrimônio para os sucessor possa ser pensada de maneira ordenada e justa. Os requisitos básicos para que um planejamento seja eficaz é planejar objetivamente, de forma realista e estratégica. De acordo com Casillas (2007, p. 228), tais requisitos são: - Planejar objetivamente; - Formular claramente o objetivo; - Estabelecer prioridades; - Ações para satisfazer os objetivos; - Elaboração e implantação de um cronograma; - Planejar de forma realista; - Planejar estrategicamente; - Quem deve participar do planejamento da sucessão? O planejamento sucessório não tem como objetivo antecipar os direitos dos herdeiros ainda durante a vida de seus sucedidos, mas sim, determinar a forma de sucessão quando no futuro ocorrer a falta de seu titular. MICROEMPRESAS FAMILIARES Tendo em vista o foco deste projeto ser os problemas relacionados ao planejamento sucessório nas microempresas, será exposta a partir de agora, uma forma mais específica, sobre a importância desses empreendimentos na economia do país e também as consequências que um mau planejamento sucessório pode ocasionar. Segundo últimos estudos mostrados no país pelo SEBRAE (2011): Há mais de 5,1 milhões de microempresas no Brasil. As últimas pesquisas apontaram um crescimento de 23% e dessa forma houve um acréscimo de 293 mil estabelecimentos abertos e 475 mil novos empregos apenas no Estado de São Paulo. As características desses tipos de empreendimentos são de produtos e serviços de baixo preço, proximidade com os clientes e comunidade, atendendo suas necessidades básicas, como por exemplo, alimentos, bebidas e vestuários. Para um melhor entendimento do que venha a ser uma microempresa, o SEBRAE (2011) define que “[...] são aquelas em que tem faturamento anual de até R$ 240.000,00”. De acordo ainda com o SEBRAE (2011), as microempresas: 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.54 Respondem pelo grande crescimento de carteiras assinadas. Para grande parte dos proprietários dessas microempresas o aumento do faturamento já está definido. Como prova dessa fatia que acreditava, o faturamento aumentou 3,4% somente no mês de fevereiro de 2011, comparado com o mesmo mês do ano anterior, mas ainda assim muitas microempresas não têm estrutura para se manter e crescer e devido a isso 27% delas fecham no primeiro ano de atividade. Essa mortalidade acontece devido à falta de planejamento, gestão e comportamento do empreendedor. Conforme citação acima, assim como as microempresas crescem também acabam se extinguindo na mesma velocidade, pela falta de planejamento a longo prazo, unidos a conflitos interpessoais da própria família que vai gerir o negócio repercutindo negativamente nos resultados buscados pela empresa. De acordo com Osório (2000, p.171): Enquanto as grandes empresas familiares tendem a se profissionalizar ou a desaparecerem engolfadas pelos processos de megafusões que a globalização tem ensejado, as pequenas e médias empresas familiares investem em procedimentos visando melhorar seu desempenho na gestão do negócio. Em contrapartida, o líder que está à frente do negócio tem que saber fazer a diferença, mesmo tendo grandes laços de proximidades com a família. O importante também é a maneira de saber se impor e colocar limites para guiar a equipe de trabalho. Nesse sentido, Ricca (2007, p. 16) mostra que, “[...] quando o proprietário partilha valores, faz com que o sucessor fique estimulado com um mesmo objetivo comum, tornando possível ultrapassar obstáculos, ajudando a sobrepor os problemas do dia a dia”. Assim, em sua possível ausência no empreendimento, essa transição se dará de uma melhor forma. Outro problema também verificado em muitos microempreendimentos é o de que nem todos da família podem ser aptos a se agregarem na empresa, no caso realmente necessitar somente dos mais capazes, visto que, com capacidade limitada de pessoal a estratégia financeira poderá ficar extremamente comprometida. Presume-se que também poderá se servir de um profissional fora do ambiente familiar, como contadores e outros colaboradores. De acordo com Ruiz (2007, p. 51), a vantagem das microempresas em relação às grandes empresas é “[...] a agilidade na tomada de decisões, a rapidez no atendimento às mudanças de mercado e a menor estrutura de custos”. Dando ênfase à importância das microempresas para a economia, Silva (2008, p. 16) relata que, “[...] as empresas familiares pequenas apresentam total condição de se destacarem, mesmo com uma estrutura hierárquica e faturamento pequeno”. A autora 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 55 prossegue dizendo que “[...] isso não as impedem de serem reconhecidas, elas podem conquistar clientes, fideliza-los, e com o tempo sua estrutura poderá crescer e se tornar uma grande organização”. Nessa perspectiva, a aposta pelo planejamento da gestão nesse tipo de empreendimento, representa um passo fundamental para que este possa perdurar no segmento de mercado em que se encontra. Assim, a empresa deixará de ser apenas um negócio de família para ser uma empresa profissional, em que a separação entre propriedade e gestão fique mais clara. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS As coletas para obtenção dos dados serão feitas através de entrevista com questionário previamente elaborado em linguagem simples, com observação direta, observação participante e análise do ambiente. O material do projeto será previamente enviado, respeitando todos os trâmites legais, para o parecer do Comitê de Ética em Pesquisa - CEP, com acompanhamento do respectivo orientador. O recolhimento de informações pertinentes que evidenciarão esse projeto de pesquisaserão primeiramente os dados em relação à empresa: história, nicho de mercado, quantidade de empregados e pontos acordados em comum acordo com o sucessor. INSTRUMENTOS Os instrumentos para a análise de dados desenvolvidos durante este projeto serão o da descrição, diagnóstico, interpretação e conselho, conforme modelo de estudo de caso proposto originalmente por Rodrigues (2005 apud Lourenzo, 2006, p. 53). Descrição: coleta de dados (observação, entrevista, questionário); Diagnose: problemas ou causas de sucesso (identificação do(s) problema(s) ou das causas de sucesso que levaram a situação atual); Interpretação: causas e efeitos (uso de teorias e conceitos da literatura especializada para entendimento das relações entre causas e efeitos); Prescrição: soluções (identificação e proposta de soluções ou formas de alterar a situação). O instrumento de coleta de dados será elaborado com enfoque qualitativo dividido da seguinte maneira: - Caracterizar a microempresa em questão e o perfil de quem responde por ela, no caso o sucessor, dando enfoque aos aspectos legais correspondentes 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p.56 à gestão da mesma; - Questões familiares, abordar aspectos relacionados de como foi a construção do empreendimento e a dinâmica familiar; - Abordar a gestão da família e investigar a situação atual do empreendimento na comunidade e também em relação à microempresa, se tem um plano de responsabilidades futuras. LEVANTAMENTO DE DADOS A análise para formação e comparação de dados se dará por meio de literatura especializada apresentada na fundamentação teórica deste projeto de graduação, para visar e verificar a proximidade dos autores pesquisados com a realidade. Os dados coletados também irão ser analisados em relação ao modelo teórico, pelo presente projeto, a fim de possibilitar uma análise de etapas para elaboração de um planejamento de gestão em microempresas familiares. Assim, a análise terá um caráter exploratório, não se utilizando de técnicas estatísticas para desenvolvimento do mesmo. Como será ouvida apenas uma pessoa para a realização do estudo de caso, optará pela não apresentação de caráter relativo dos resultados obtidos, somente serão apresentados seus valores absolutos. O intuito tem como tal, não permitir que, inadequadamente ocorra uma indução e generalização dos resultados para toda população. A análise da entrevista será elaborada de forma integral, ou seja, poderão incorporar- se às respostas fechadas informações de questões com relações abertas, mais as anotações e percepções da entrevista, além dos conhecimentos provenientes da literatura pesquisada. RESULTADOS ESPERADOS Os resultados esperados com o trabalho a ser desenvolvido é contribuir com a gestão da empresa familiar e manter sua continuidade. Trazer informações que possam ser relevantes para microempreendedores, expondo os principais conceitos, questões, problemas e ferramentas de análises e soluções que ajudarão a diminuir os atritos familiares, a profissionalizar e a planejar, da melhor maneira, o crescimento e a sucessão dos negócios. O trabalho espera trazer benefícios, não somente à microempresa analisada, mas também a outras microempresas que estão passando pelas mesmas dificuldades, por não saberem lidar com o momento, quando ocorre a sucessão do poder dos negócios, que muitas vezes podem levá-las a não continuidade do empreendimento. REFERÊNCIAS CASILLAS, José. Gestão da empresa familiar: conceitos, casos e soluções. São Paulo: Learning, 2007. 270 p. 045 - 057 Janus, Lorena, n.13, Jan./Jun., 2011. p. 57 BERNHOEFT, Renato. 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