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Caderno IED Privado II (Civil II) - Gustavo Prazeres

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AULA 02/08
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO PRIVADO II – GUSTAVO PRAZERES
Bibliografia:
Direito Civil: Teoria Geral – FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson.
Teoria do Fato Jurídico: Plano da Existência - MELLO, Marcos Bernardes de. *No particular de ILÍCITOS, estudar por Felipe Peixoto Braga Netto.
Data de Avaliações:
1ª Avaliação – 27/09
2ª Avaliação – 22/11
1. Noções Essenciais à Disciplina
- O Direito é uma instância da normatividade social, que busca tornar possível e suportável a convivência social. Direito define e tutela regras e expectativas para que indivíduos mantenham um mínimo de coesão.
- Devido ao ser humano possuir autonomia, ele pode quebrar com um determinado padrão social. Por isso a normatividade social permite que comportamentos esperados sejam repetidos.
- Dentre as instâncias, como moral e religião, o direito alcançou maior amplitude e demonstrou mais força para que se faça realizar as condutas moralmente aceitas.
1.2 Como um determinado fato da realidade ingressa no universo jurídico:
- Norma jurídica define qual o fato jurídico, prevendo os requisitos para um fato no ingresso ao jurídico e as consequências desse ingresso.
- Todo e qualquer fato jurídico deve ter alguma relevância para o ser humano.
2. Norma Jurídica
2.1 CONCEITO: vocabulário básico da estrutura dogmática do direito.
- Aspecto formal – preposição, pois propõe um determinado padrão de conduta onde é possível estabelecer convívio em sociedade. Dado ‘a’ (hipótese fato) deve ser ‘b’ (consequente).
- Aspecto material (ordem, diretriz, autorização, definição); a norma jurídica eventualmente qualifica um fato jurídico.
2.2 ESTRUTURA
- Comumente a norma jurídica é separada em dois momentos distintos. Primeiramente há um pressuposto ou hipótese de fato, e após há uma consequência, preceito ou dispositivo. Um terceiro elemento é a sanção (caso não B, ocorre a sanção).
* Sanção: um elemento essencial à norma jurídica?
- Em relação a sanção não há um consenso sobre o seu lugar na estrutura da norma jurídica. Segundo Kelsen, o elemento sancionatório é o mais importante. É exatamente no elemento sancionatório que se encontra a distinção entre o Direito e as outras instâncias da normatividade social. Já Cóssio entende a sanção como uma norma periférica à norma primária, responsável somente por garantir a seu cumprimento nos casos excepcionais em que ela não for cumprida.
Atualmente, a tendência dos autores é superar ambos os ensinamentos acima. Pensa-se que o elemento sancionatório é tão acidental que ele não merece ser considerado nem como juízo disjuntivo nem hipotético.
AULA 09/08
Continuação – Norma Jurídica
2.3 CARACTERISTICAS
- Bilateral: norma jurídica trabalha com o pressuposto da bilateralidade, definindo os direitos de um lado, e os deveres de outro.
- Abstratividade: quando algo é abstrato, significa que está se fazendo uma representação ampla da realidade. A norma jurídica trabalha com conceitos para aglutinar diante da realidade uma série de fatos posteriores ao fato jurídico. Identificação de pontos comuns que permitem criar um conceito em torno de algo real. 
- Generalidade: ligado ao conceito de justiça. A norma jurídica tem de alcançar a todos em um determinado contexto, não tratando as pessoas excepcionalmente.
- Imperatividade: a norma jurídica é um comando que deve ser cumprido, não podendo o indivíduo escolher não cumprir a norma.
- Coercitividade: monopólio da forca que o sistema jurídico detém. O Estado possui instrumentos coercitivos que podem foçar o indivíduo a cumprir aquilo que é imperativo.
Subsunção: raciocínio jurídico mais simples, no qual o juiz é mero aplicador da norma, sem qualquer analise valorativa ou sociológica do seu conteúdo. No entanto, essa subsunção é quase sempre extrapolada, pois o juiz não analisa apenas a norma, mas também sua intenção. Existe criatividade dentro da atividade judicial, onde o juiz utiliza valores e concepções individuais para análise de um caso. Ex: dentro de prédio X, a entrada de pitbulls é vetada, porém o juiz (porteiro) pode negar a entrada de outros animais perigosos, como leões, pois ele leva em consideração não só a norma explicita, mas também a intenção que aquela norma detém.
2.4 FONTES
- Lei: principal fonte normativa do Civil Law, no qual o Brasil é afiliado. Importante destacar que norma jurídica NÃO É sinônimo de lei. Norma jurídica nasce da interpretação das leis.
- Autonomia privada (negócio jurídico): possibilidade de o indivíduo se auto regulamentar, cedendo sua margem de liberdade por um ato de vontade. 
- Jurisprudência: decisões já tomadas pelos tribunais, sobretudo quando reiteradas, tendem a ser reproduzidas.
- Costumes: separados em Secundum Legem (está verbalizado pela lei, a própria legislação abre espaço para a aplicação do costume), Praeter Legem (costume é apresentado além da lei, cheque pré-datado por exemplo) e Contra Legem (costumes contrários a legislação, e, portanto, não são admitidos). 
- Doutrina: fonte não direta do direito, pois as opiniões dos autores não determinam lei. No entanto, alguns doutrinadores afetam na criação de legislação e jurisprudência, pois servem de referência.
Análise crítica – NORMA NÃO É TEXTO DE LEI: é comum que autores tratem norma como sinônimo de texto de lei, apesar dessa construção ser errônea.
2.5 ELEMENTOS DA ESTRUTURA NORMATIVA
- Suporte – hipótese de fato: jurista faz a seleção dentre os fatos que ocorrem na realidade aquilo que é significativo para o ser humano. Definir os requisitos fáticos para que haja incidência normativa.
- Conceito – Suporte fático abstrato X suporte fático concreto: suporte fático abstrato é aquele constituído na estrutura normativa abstrata e o concreto deriva de uma incidência normativa. No direito objetivo, aquele que ainda não foi aplicado, trata-se do suporte fático abstrato. Já no direito subjetivo, quando se tem aplicação e geração de determinadas consequências, trata-se do suporte fático concreto.
- Todo e qualquer suporte fático representa a relevância nos fatos que nele foram contidos. Principalmente o legislador, mas não só ele, é quem pensa nessa relevância.
- Tem-se no suporte fático alguns fatos da natureza e animal, assim como comportamentos humanos, chamados de atos volitivos e avolitivos. Importante observar que fatos são diferente de atos. Fatos jurídicos sempre repercutem na esfera de alguém, mas não necessariamente derivam de comportamento humano. O nascimento, por exemplo, é um fato da natureza com consequências a sociedade, de forma indiferente a uma conduta/comportamento. Já o ataque de uma cobra a um ser humano, por exemplo, sem levar em consideração quaisquer outros fatores, é um fato animal com consequências ao ser humano, indiferente da conduta/comportamento do mesmo.
- Atos volitivos e atos avolitivos: atos volitivos dependem da manifestação de vontade, e atos avolitivos independem de manifestação de vontade. A análise não parte do fato concreto, mas da estrutura normativa, ou seja, o que interessa não é o que acontece na prática, mas o que o sistema jurídico exige.
- Dados psíquicos: pode-se analisar a psique do indivíduo que pratica o ato, em caso de definição do dolo ou culpa.
- Estimações valorativas: analise de comportamento para, por exemplo, saber se há propriedade no indivíduo. Estimar negligencia ou imprudência.
- Probabilidade: em responsabilidade civil, por exemplo, o juízo de probabilidade é utilizado cara calcular lucros cessantes.
- Fatos do mundo jurídico: há possibilidade de fatos do mundo jurídico reingressarem no componente de um fato jurídico novo. Ex: Mora ‘’Dado o fato de um sujeito assumir uma obrigação, necessário é o cumprimento tempestivo. Dado o cumprimento intempestivo, está o sujeito em mora. Dado está em mora, o sujeito esta responsabilizado integralmente pela eventual perda do objeto da obrigação’’.
- Transcurso do tempo (usucapião, prescrição, mora): prescrição e decadência.
- Elementospositivos e negativos: previsões apresentam-se de maneira positiva (tem de acontecer na pratica para que haja incidência normativa) ou negativas (não podem de acontecer na prática para que haja incidência normativa).
Nexo de casualidade: juízo logico da consequência utilizada no direito penal e civil para melhor aplicação de consequência jurídica.
AULA 16/08
Continuação – Norma Jurídica
2.5 ELEMENTOS DA ESTRUTURA NORMATIVA
- Elemento positivos e negativos (acontecimento X não acontecimentos): toda e qualquer suporte fático se reporta ao ser humano. Essa referenciabilidade é o que chamamos de elemento positivo. 
- Elemento subjetivo e objetivo do suporte fático: o elemento objetivo é a referência eventual a bens, coisas. Nem toda estrutura de suporte fático vai comportar o elemento objetivo.
- Suporte fáticos simples e complexos (elementos nucleares; complementares e integrativos): os simples só comportam ou um evento ou uma conduta. Únicos exemplos são fatos da natureza que não envolvem fator humano. Já o suporte fático complexo é composto por uma série de eventos.
Elemento nuclear: é o mais relevante. Composto pela descrição mínima daquilo que deve acontecer para que haja incidência jurídica. O mínimo que deve ocorrer na realidade para que haja incidência. Ex: nascer c/ vida é o elemento nuclear para que se tenha aquisição de personalidade.
Elemento nuclear cerne: Aquilo que tem de ocorrer primeiro para que se possa qualificar o evento que se tem incidência jurídica. Ex: Nascer, no caso da aquisição de personalidade. A categorização do fato jurídico é feita a partir do cerne, que é responsável por definir a que categoria jurídica aquela situação deve pertencer. 
Elemento nuclear completatante: Completa o sentido do cerne, e faz parte do núcleo. Análise de suficiência ou insuficiência do fato. Um suporte fático insuficiente não gera fato jurídico. Ex: aquisição de personalidade, o elemento nuclear completante seria a vida.
Finalmente, ambos fatos nucleares repercutem na (in)existência do F.J.
Elemento complementar: O elemento complementar é acidental, e só vai existir quando o cerne remeter a uma manifestação de vontade. Ou seja, diante de conduta humana volitiva. 
É usada para a qualificação de um elemento ou conduta, determinar a validade ou anulabilidade. É um segundo momento relevante para que haja incidência normativa. Ex: no contrato de doação, manifestação de vontade é o cerce, e a todas os outros fatores, como pessoas, objeto, preço são completantes. É o elemento nuclear complementar que define se vão ocorrer efeitos jurídicos ou não, e quais serão os efeitos.
Finalmente, elementos complementares repercutem na (in)eficiência e (in)validade do F.J.
Elementos integrativos: dentro da conduta volitiva, existem situações dentro do direito em que se tem maior ou menor amplitude de manifestação de vontade. Elemento integrativo é aquele que comporta efeito ‘’extra’, que não está necessariamente previsto antes do ato jurídico. Contribui efeitos extras para algo que já é eficaz. 
O poder de auto regramento é o poder de definir as consequências jurídicas. Se encaixam principalmente em negócios jurídicos, contratos.
Quando não se tem esse poder de auto regramento, não se pode definir as consequências jurídicas. Elas já estão impostas.
LOGICAMENTE, ELEMENTOS INTEGRATIVOS SÓ ESTÃO PRESENTES EM SITUAÇÕES COM A PRESENÇA DO ELEMENTO DE AUTO REGRAMENTO. 
Finalmente, elementos integrativos repercutem na (in)eficácia suplementar do F.J.
Suficiência e eficiência do suporte fático concreto: (in)suficiência tem a ver com a existência do fato jurídico, enquanto que (d)eficiência tem a ver com validade de fato jurídico. 
Fato real, suporte fático e fato jurídico: fato real é todo e qualquer evento que pode ocorrer na realidade. Para se ter fato jurídico é preciso que haja preenchimento do núcleo do suporte fático com vigência no tempo, ou seja, se não tiver mais previsão legal no tempo discutido, não existe fato jurídico, apenas fato real.
Definição - Preceito abstrato X concreto: É a definição da serventia do fato jurídico. O preceito abstrato é retratado no direito subjetivo, e o preceito concreto é visualizado na prática.
Possíveis efeitos jurídicos: são os efeitos propostos para fatos jurídicos, e possuem ilimitadas possibilidades.
 Juridicização/ Desjuridicização: Significa criar, modificar ou extinguir relação jurídica. Ex: ao assinar contrato de prestação de serviço, está-se juridicizando uma relação jurídica. Ao finalizar contrato, está-se desjuridicizando essa mesma relação. Pode-se também modificar essa relação de alguma maneira.
Pré-exclusão de juridicidade: Existem determinadas situações em que o consequente normativo implica em uma pré-exclusão de juridicidade, como por exemplo, nos casos de legitima defesa. 
Invalidação: É possível que se tenham determinadas normas jurídicas em que ocorram a invalidação, pois os pré-requisitos não são cumpridos, anulando o ato. Ex: menor incapaz ao assinar contrato.
Deseficacização: Supressão de direitos e deveres anteriores a uma nova aquisição. Ex: usucapião. Uma vez consolidada, não significa que a partir dali gera efeitos. Retroage-se no tempo para apagar efeitos.
Aula do dia 23.08.2017 – IED Privado II
Definição de Fato Jurídico
Os Planos do Mundo Jurídico
Existência
Validade
Eficácia
Classificação dos Fatos Jurídicos
Critério de Discriminação dos Fatos Jurídicos
Perguntas Essenciais
O fato tem relevância jurídica?
O cerne prevê atuação humana?
Qual a amplitude e significação atribuída à vontade humana?
Fato Jurídico: É a gênese de toda a fenomenologia jurídica. Tudo o que tem a ver com o Direito nasce com o fato jurídico. 
Definição Clássica (Savigny): Os fatos jurídicos são aqueles eventos responsáveis por criar e extinguir relações jurídicas.
Críticas à definição clássica: 
Amplitude do Fato Jurídico: Criar e extinguir relações jurídicas compreende, e de maneira insuficiente, juridicizar ou desjuridicizar. Há um número muito maior de consequências do Fato Jurídico. 
Os fatos também modificam, tutela e protegem (entre outros) as relações jurídicas. A crítica é pertinente.
Quando se define o Fato Jurídico dentro desses verbos, se parte do pressuposto de que todo Fato Jurídico efetivamente terá consequências, o que não é verdade. Em IED Privado analisa-se os diferentes planos (Existência, Validade, Eficácia). Existem Fatos Jurídicos que, por exemplo, existem e são válidos, mas são ineficazes. Fatos Jurídicos, então, tem o POTENCIAL, de produzir efeitos jurídicos. 
Devemos enxergar Fatos Jurídicos como potencialidades. A perspectiva contemporânea deve conjugar a amplitude dos efeitos e a potencialidade deles.
Os Planos do Mundo Jurídico
 2.1 Existência: É a primeira e necessária análise. É um o plano em que se estuda a incidência normativa (Característico de IED). O Código Civil disciplina expressamente a eficácia e a validade, mas não incomoda com a dimensão da validade, visto que seu entendimento está pressuposto. 
Análises sobre o plano da Existência: 
Incidência normativa – Se o suporte fático concreto foi suficiente. 
A parte do plano da existência, não há uma relação de consequência e necessidade nos planos seguintes (Validade e Eficácia).
 2.2 Plano da Validade: A análise de validade serve, primordialmente, para aferir a perfeição ou imperfeição da manifestação de vontade. Via de regra, caso a manifestação de vontade seja considerada imperfeita, essa imperfeição implicará a ineficácia do fato jurídico. Essa ingerência do plano da validade no plano da eficácia, no entanto, não é necessária e sim potencial. 
“Atos nulos podem produzir efeitos. ”
Em condutas avolitivas, a existência, geralmente, implica a eficácia. 
A análise de validade é reservada para as condutas volitivas (em que há manifestação de vontade autônoma).
 2.3 Plano da Eficácia: Tecnicamente toda situação jurídica produz seus efeitos. Ela pode, no entanto, nãoproduzir os efeitos principais. Há, portanto, uma eficácia mínima, que consiste na vinculatoriedade das esferas jurídicas das pessoas envolvidas.
3. Classificação dos Fatos Jurídicos
A classificação tem o objetivo de distinguir a análise das situações que derivem de uma manifestação de vontade dos outros que não tem. O Direito, quando associado a um comportamento humano volitivo, clama por uma análise mais aprofundada. 
 3.1 Critério de Discriminação dos Fatos Jurídicos
É o elemento cerne, que será um fato ou um ato. 
Tem relevância jurídica? O Suporte fático concreto foi preenchido (Suficiente)? Se não foi, o fato é meramente material. Se foi, é um fato jurídico em sentido amplo.
O cerne prevê uma atuação humana? Não, o cerne não prevê uma ação humana: Fato Jurídico em Sentido Estrito/Sim, o cerne prevê uma ação humana. O atuar humano é contrário ou conforme ao Direito? Se for contrário é um ato ilícito. Qual a significância da vontade? É insignificante: Ato-fato jurídico/A manifestação de vontade é significante: Ato jurídico em sentido amplo.
Finalmente, o Ato jurídico em sentido amplo, admite análise de validade. O restante não passa por esse controle de qualidade e perfeição. 
Há situações em que se defere ao indivíduo uma esfera de auto-regulamentação, e outros em que todos os efeitos estão previstos em lei. Caso a amplitude seja mínima, estamos diante de um Ato Jurídico em Sentido Estrito. Caso a lei autorize uma esfera de auto-regulamentação, estamos diante de um Negócio Jurídico.
A análise classificatória parte do elemento cerne, e seu escopo principal é diferenciar os atos jurídicos. Já que o objetivo é fazer uma análise de validade, importa para essa classificação os atos jurídicos que decorrem de uma manifestação de vontade (volitivo). 
AULA 30/08
 Do Ilícito Civil
*não trabalhar com a obra de Marcos Bernardes de Mello, mas com Felipe Peixoto de Braga Neto (ilícito civil: esse desconhecido).
Noções Gerais
Alguém que cometeu um ilícito transgrediu um contrato. Essa noção do IED Privado é apegada a ideia de responsabilidade civil e reparação de danos.
Essa ideia de licitude é introvertida na doutrina, com autores de visão contemporânea assim como visão mais clássica.
Autores defendem a existência de ato ilícito, enquanto outros discordam, com a justificativa que o ato ilícito não deve sequer ser reconhecido pelo direito. Finalmente, autores não discordam que o ato ilícito é um comportamento humano.
Conceito
O ilícito é uma transgressão ao direito e corresponde ao descumprimento de algo que você deveria fazer ou deixar de fazer, e gera sanção.
Para Kelsen, o ilícito é o mais importante comportamento para o direito, que o distingue da moral. Outros autores defendem que o ilícito é apenas mais um comportamento tratado pelo direito.
Ilícito na estrutura normativa
Elementos Essenciais
Contrariedade ao ordenamento – de acordo com o princípio da responsabilidade civil, sempre que você causa prejuízo a alguém, estará obrigado a reparar o dano. Causando prejuízo a alguém é uma ilicitude. Porém, esse prejuízo causado passa por um filtro de reparação, para saber se essa indenização é justificada. Ex: padaria acaba por causar a falência de padaria concorrente (usando de meios legais claro).
Imputabilidade – tem a ver com o sentimento de justiça no caso concreto, a qual serve para separar situações que por mais que se observe a contrariedade ao direito, não se considera ato ilícito.
Sistematização dos Ilícitos
Definição Clássica/ Ilícito Subjetivo – Ilicitude na perspectiva clássica depende de três fatores: culpa/dolo; contrariedade ao direito; dano. A consequência necessária da ilicitude era o dever de indenizar.
Com o passar do tempo, foram incorporadas situações concretas tipificadas em que se tem dever de reparar o dano sem ter cumprido nenhum dos três requisitos mencionados na perspectiva clássica. Então, existem casos de responsabilidade civil por atos lícitos. Ex: jogar o carro em um muro para evitar que se atropele um pedestre distraído, no caso desse pedestre fugir e não for identificado.
Hoje em dia, diante de casos concretos, a ideia de responsabilidade civil subjetiva convive com a responsabilidade civil objetiva, pois se fizeram cada vez mais presentes situações as quais não se identifica dolo ou culpa.
Não necessariamente se tem o dano ao cometer um fato ilícito. Ainda assim é viável a declaração de invalidade do ato por se ilícito. Ex: atestar invalidade de contrato, ainda não em atividade de fato, assinado por meio de ameaça.
Espécies:
Ilícito Contratual – deriva do não cumprimento de um termo estabelecido por um contrato.
Ilícito Aquiliano (ou extracontratual) – hoje em dia há uma interpenetração voltada a conduta e ética, que transcende a barreira do contrato para qualificar ato ilícito. Ex: dono exige que o inquilino devolva o apartamento alugado pintado, como está posto no contrato. Inquilino então age com abuso de direito e má fé e pinta o quarto de preto.
Análise crítica – noção clássica de ilicitude é ineficiente para contornar o contexto atual, graças ao aparecimento de situações na pratica de ilicitude sem responsabilidade ou culpa.
Definição Contemporânea/ Ilícito Objetivo – atualmente o ilícito objetivo pode responsabilizar sem culpa, indo além dos três fatores clássicos.
Fundamentos – 
Novas figuras e institutos: 
Considerações Gerais – 
Responsabilidade Objetiva – hoje existem casos em que se tem a possibilidade de alguém ser condenado a reparar algo sem ter tido culpa.
Abuso de Direito – existem situações a quais o exercício do direito se tornam irregulares.
Figuras parcelares e boa-fé objetiva – direito civil sempre prestigiou o comportamento de boa fé e puniu/repudiou a ideia de má fé. Na perspectiva clássica, essa boa fé e dita subjetiva, pois equivalia a ideia de ignorância.
Hoje a situação de boa-fé subjetiva tende a objetiva, que tem três funções: interpretativa; limitação das condutas e deveres.
Interpretativa – interpreta-se para além do que está posto a situação concreta. Ex: no caso do apartamento pintado, não é posto que o apartamento deve ser pintado de branco, mas interpreta-se racionalmente que o mesmo seja devolvido na cor que foi entregue.
Limitação das condutas – nas ações deve se respeitar limites para não causar danos, ou danos além dos necessários.
Deveres – existem responsabilidades pré-existências e pós contratuais.
Criar uma expectativa e frustrá-la pode ser qualificada em conduta de má-fé.
O FATO ILÍCITO DE MARCOS BERNADES DE MELLO – visão particular, a qual chega um grau de objetivação tal qual concebe fatos da natureza como ilícitos. Avulsão e um mal feito da natureza que age de forma contraria aos interesses do homem. Ex: margem de rio e dois proprietários de terra, se o rio move pedaço da margem de outro para terreno de outro cara, o proprietário 1 tem o direito de pegar de volta a margem num prazo de 1 ano, senão o proprietário 2 pode também querer indenizar o proprietário 1 durante esse 1 ano. Isso se chama Avulsão para MBM. 
Ato fato ilícito independente de culpa e o ato ilícito considera culpa e dolo.
Principais consequências do ilícito no âmbito civil/ classificação: 
Ilícito indenizante – ilícito que gera o dever de reparar. É o ilícito típico da responsabilidade civil.
Ilícito invalidante – quando ilícito tem como consequência a invalidação de contrato. Ocorre comumente quando não há responsabilidade. Ex: vítima assina contrato sob ameaça. Se comprovado, o contrato pode ser invalidado pela vítima.
Ilícito caduficante – ilícito que gera a perde de um direito. Ex: pai castiga imoderadamente o filo pode ser privado do poder familiar.
Ilícito autorizante – ilícito que dá o direito de reagir, o direito de fazer algo que não teria. Reação deve ser imediata e proporcional. Ex: legitima defesa da posse, pessoa invade terreno ameaçando integridade física do indivíduo, configurando legitima defesa, direito de utilizar de violênciapara defender bem. 
Considerações importantes: inexauribilidade das categorias eficáciais (ex: multa ou outra sanção); conjugabilidade de efeitos: 
Esse é um rol geral para se perceber que a ilicitude não se exaure na questão da responsabilidade. Não quer dizer que não existam outras responsabilidades de uma pratica ilícita e por vezes vai se ter mais de uma sanção associada a uma pratica ilícita, razão a qual se vai qualificar um ilícito como caduficante e invalidante, por exemplo. Ex: Multa ou outra sanção, conjugabilidade de efeitos.
AULA 06/09
Espécies Avolitivas 
Fato Jurídico Em Sentido Estrito – Comportamentos com relevância para o homem, advindo de fenômeno natural ou animal, não dependendo da atuação de ser humano para tal. Existe e produz efeitos. Atenta-se apenas ao plano da existência e eficácia.
FATO JURÍDICO EXTRAORDINÁRIO: quando se está diante de comportamento inesperado, imprevisível; que eventualmente acontecem, diante de caso fortuito ou força maior. Incertezas inevitáveis, como por exemplo, tempestades.
FATO JURIDICO ORDINARIO: situações as quais se tem certeza do que vai acontecer, como por exemplo, morte.
Ato-fato Jurídico – existe e produz seus efeitos. Situações com comportamento humano excepcionais, em que não se valida o comportamento humano, pois a produção independe de ânimo.
ATO-FATO REAL/MATERIAL: comportamento humano modifica situação fática, atribuindo consequências jurídicas. Ex: menino se apropria de conchinha do mar; louco produz matéria bruta em arte de valor econômico.
ATO-FATO INDENIZATIVO: situações em que sujeito pratica determinado comportamento que causa prejuízo a alguém, mas que não e visto como lesão ao direito. Ex: ato que exija indenização, como prejudicar alguém ao exercer legitima defesa ou em estado de necessidade, mas que ao cometido não foi qualificado como ilícito e não enquadrado no âmbito penal
(Jogar o carro em loja para não atropelar pedestre, no caso desse pedestre fugir, onde o motorista indeniza o dono de loja).
ATO FATO CADUFICICANTE: Tem efeito desecacifizante, pois apaga direitos e deveres que antes existiam. Ex: prescrição/decadência, institutos que falam que alguns direitos não podem ser exercidos a de eterno, como alguém que espera décadas para processar outro por ter batido em seu carro devido a imprudência (nesse caso o ato-fato é a inercia).
Espécies Volitivas - Ato Jurídico Em Sentido Amplo
Definição – derivaram inteiramente de comportamento humano. São as condutas volitivas, que derivam de autonomia da vontade. Ex: assinar contrato, pelo menos na maioria dos casos.
OBS: porém não se tem liberdade plena, pois o direito estabelece freios. Ex: obrigatoriedade de ter férias, não podendo trabalhar nesse período, pelo menos exercendo especificamente mesma função. 
Requisitos – necessários para a existência do fato jurídico ou suficiência do suporte fático. Ato humano de vontade, que depende da exteriorização de comportamento; da consciência dessa exteriorização.
Ato humano de vontade –
EXTERIORIZAÇÃO DA VONTADE: direito não se ocupa daquilo que ficou apenas no âmbito anímico. Ex: desejar a morte de alguém. Essa vontade pode ser declarada (escrita ou oral, como ameaças); manifestada (não se diz ou quer, mas comporta-se como quisesse, como em doações, onde aquele que recebe só precisa se comportar aceitando a doação).
CONSCIÊNCIA DA EXTERIORIZAÇÃO DA VONTADE: como durante em leilão, quando alguém levanta a mão, porém se referindo ao garçom. Esse ato partiu de vontade e foi exteriorizado, mas o mesmo não estava consciente do que estava acontecendo.
Direcionamento à obtenção de resultado não proibido por lei (opinião de Marcos Bernardes de Mello) – para este autor, ato licito não pode se qualificar como fato jurídico, pois o mesmo não é reconhecido pelo direito.
As categorias de atos jurídicos – 
ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO: acontecimento que gera efeitos jurídicos previstos pela lei e não pelas partes, não havendo regulamentação da autonomia privada. Vicio de vontade é irrelevante, visto que a intenção da parte se encontra em plano secundário. Ex: reconhecimento de paternidade, em que o reconhecimento é voluntario, mas as consequências são previstas pela lei, ao contrário de um contrato, no qual alguns efeitos estão dentro da margem de disponibilidade da autonomia privada.
NEGÓCIO JURÍDICO: tem a ver com a questão do poder de auto regramento, por sua vez relacionado com o poder de escolha alguns dos efeitos do ato realizado. Ato jurídico onde alguns efeitos jurídicos podem ser escolhidos pelos participantes, ao contrário do ato jurídico em sentido estrito.
*Delimitação constitucional do tema (negócio jurídico): entre a autonomia da vontade e a autonomia privada - autonomia da vontade não é plena, pois convive com os limites demarcados pelo próprio Estado. Existem coisas indisponíveis dentro do direito privado também.
Classificação dos negócios jurídicos – 
QUANTO A DECLARAÇÃO DE VONTADE DAS PARTES (UNILATERAL/BILATERAL/PLURILATERAL): negócios jurídicos unilaterais são os que se aperfeiçoam com uma única manifestação de vontade (ex.: testamento, codicilo, instituição de fundação, aceitação e renúncia da herança, promessa de recompensa, etc.). Podem ser reptícios, onde a declaração de vontade tem de se tornar conhecida do destinatário para produzir efeitos (ex.: denúncia ou resilição de um contrato, revogação de mandato, etc.); ou não reptícios, onde o conhecimento por parte de outras pessoas é irrelevante (ex.: testamento, confissão de dívida, etc.).
Negócios jurídicos bilaterais são aqueles que se perfazem com duas manifestações de vontade, coincidentes sobre o objeto. Essa coincidência chama-se consentimento mútuo ou acordo de vontades (contratos em geral).  Podem existir várias pessoas no pólo ativo e também várias no pólo passivo, sem que o contrato deixe de ser bilateral pela existência de duas partes. Em outras palavras, o que torna o contrato bilateral é a existência de dois pólos distintos, independentemente do número de pessoas que integre cada pólo. Todo contrato é um negócio jurídico bilateral (ex: contrato de compra e venda de um carro, onde duas vontades, uma de compra e outra de venda, incidem sobre o mesmo objeto carro).
Negócios jurídicos plurilaterais são os contratos que envolvem mais de duas partes, ou seja, mais de dois pólos distintos (ex.: contrato social de sociedades com mais de dois sócios).
QUANTO AOS TITULARES (INTER VIVOS/ MORTIS CAUSA): os negócios jurídicos inter vivos são aqueles feitos para produzir seus efeitos enquanto vivas são as pessoas, como regra geral para produzir seus efeitos de imediato.
Negócios jurídicos mortis causa são feitos para produzir seus efeitos após o óbito. Ex: testamento; seguro de vida.
QUANTO AOS BENEFICIOS PATRIMONIAIS RECONECIDOS ÀS PARTES (ONEROSO – COMUTATIVO OU ALEATÓRIO – GRATUITO/ NEUTRO/ BIFRONTE): negócio jurídico oneroso é aquele que tem comprometimento patrimonial de todos os indivíduos. Ex: os contratos bilaterais de compra e venda, como na compra e venda de um carro.
Negócio jurídico gratuito é aquele que só há comprometimento patrimonial de um dos polos. Ex: doação; seguro de carro.
Negócio jurídico neutro é aquele desprovido de expressão econômica, sem efeito patrimonial, como a gestação em útero alheio.
Negócios jurídicos bifrontes são aqueles que podem ser tanto gratuito ou oneroso, dependendo da vontade das partes, como o contrato de deposito, onde outro é responsável por tomar conta de contrato, enquanto você compra. 
QUANTO À FORMA (FORMAL/ INFORMAL/ SOLENE):
	
Negócio jurídico informal - é a regra entre os negócios jurídicos no âmbito do direito privado. Lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento, podendo ser estabelecido a livre vontade das partes, inclusive verbalmente.
Negócio jurídico formal ou solene - eventualmente a forma pode ser exigida ouuma especificamente proibida, como por exemplo no contrato de franquia, que tem de ser necessariamente escrito. Quando a forma é exigida e subvertida, o negócio jurídico pode ser anulado. SOLENE É SINÔNIMO DE FORMAL.
Dentre os negócios formais, Marcos Bernardes divide em ‘’ad probationem tantum’’ (forma estabelecida como critério de prova. Ex: recibo de pagamento) e ‘’ad substatantium’’ (falta de aparo exigido implica em grave consequência, diante de hipótese de nulidade. Ex: casamento).
QUANTO A IMPORTANCIA E AUTONIA (PRINCIPAL E ACESSORIO)
Os negócios jurídicos que bastam em si mesmos são os principais, como os contratos de prestação de serviços.
Os contratos de fiança, para garantir a solvência do primeiro contrato, é um exemplo de negócio jurídico acessório. O acessório depende da existência de um principal.
A regra da gravitação jurídica define que o negócio acessório segue o principal, da mesma forma que ocorre com os bens jurídicos. A recíproca não é verdadeira.
QUANTO A DURAÇÃO
Instantâneo – negócio que já produziu todos os efeitos jurídicos, e o fato jurídico fica no passado. Ex: comprar um livro.
De trato sucessivo - existem negócios que perpetuam no tempo, como por exemplo o contrato de prestação de serviço. A situação X é prolongada.
QUANTO A CAUSA
Causal – em regra, os negócios jurídicos são causais. São causais quando os negócios jurídicos em que a causa deve constar no próprio negócio, possuem uma razão definida e uma finalidade já conhecida, como são os contratos em geral. É alegável a exceção do contrato não cumprido, ou seja, se uma das partes não cumprir suas obrigações, a outra parte também pode não cumprir. Ex: na compra de um bem, um possui o dever de pagar e outro de entregar o bem. Para quem compra, a causa é a entrega do bem, e para que entrega, a causa é a compra do bem. Caso uma parte não entregue, a outra não é obrigada a pagar; e se a parte não pagar, a outra não é obrigada a entregar.
Abstrato ou formal – negócio jurídico que tem sua existência desvinculada de sua causa, de sua origem. Produzem efeitos independente de sua causa, e por isso não é alegável a exceção do contrato não cumprido. Usado para não prejudicar a circulatoriedade de bem. Ex: títulos de crédito. Como na retirada de um cheque, que a causa é o pagamento de algo, mas a lei considera essa causa irrelevante para não prejudicar terceiros.
Interpretação dos negócios jurídicos
BOA FÉ
Aspectos subjetivo e objetivo – a visão de boa fé simplesmente como oposição a má fé foi predominante por tempos. Na perspectiva subjetiva é o estado de ignorância, o sujeito que não sabe, que não queria causa prejuízo, não tinha má fé, tanto que se presume que o indivíduo haja de boa fé. Ex: ao cometer crime, pergunta-se se o indivíduo sabia. Por exemplo, ao expor indivíduo endividado ao ridículo, no julgamento pergunta-se se o mesmo sabia dos limites de exercimento desse direito de cobrança.
Na perspectiva objetiva, hoje principal diretriz no direito privado, é uma imposição do dever de honestidade e lealdade. O agir de boa fé é o dever de cumprir com a expectativa da sociedade do agir de maneira ética, mesmo que uma obrigação X não seja prevista expressamente pela lei. Essa boa fé objetiva exerce um papel interpretativo, na medida em que ela muda o foco; limita o exercício de direitos, impedindo que haja abusos de direito; cria deveres anexos de lealdade e honestidade, em contratos a chamada responsabilidade pré-contratual. Ex: ao cometer crime, pergunta-se se o indivíduo devia saber, como está ocorrendo com Netinho, que colocou Geddel no cargo de ministro.
Fundamentos constitucionais de boa fé – a solidariedade. Ambas as partes devem agir de boa fé perante a efetivação dos negócios jurídicos. Boa fé objetiva como cláusula geral (interpretação, deveres anexos e limites) – hoje qualquer tipo de problema no direito tende a ser interpretado usando da cláusula de boa fé objetiva.
‘’Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. ’’
RESERVA MENTAL
Definição – quando o sujeito emite uma manifestação de vontade, mas internamente, tem a predisposição de não cumprir essa vontade (caminho dele não pretende se coincidir com o que ele diz se propor), isto é, a reserva mental é a vontade que não é exteriorizada, e por isso, não importa ao Direito (pela disciplina possuir caráter heterônimo).
Há uma exceção, se outra parte tiver conhecimento dessa reserva mental, contudo para que ela seja conhecida pela outra parte necessita, de qualquer modo, ser exteriorizada.
‘’Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. ’’
SILÊNCIO
Significado do silêncio – o silencio pode ser presumido como anuência (ao aceitar presente) ou não (renovação automática, assinatura de revista mantida após período pré-estabelecido devido ao silêncio do consumidor). Essa hipótese de não anuência ocorre principalmente em situações onerosas.
‘’Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. ’’
INTENÇÃO X LITERALIDADE
Nas situações de dubiedade surge a dúvida em qual caminho seguir: enaltecer a vontade ou a literalidade.
Teoria da vontade - fala que se deve enaltecer a autonomia da vontade das partes, enfatizando o papel da vontade, tenta preservar-se a intenção exata; o problema é que não há como ingressar de maneira prévia na cabeça da pessoa a definir sua exata intenção.
Teoria da declaração - tenta resolver esse problema, enfocando na segurança, naquilo que foi efetivamente declarado.
‘’Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. ’’
USOS E COSTUMES LOCAIS E INTERPRETAÇÃO DO CONTRATO
Usos e costumes devem ser levados em consideração em negócio jurídico
‘’Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. ’’
INTERPRETAÇÃO ESTRITIA DOS BENEFÍCIOS
Se houver cláusula que beneficie, restringe ou prejudique algo, ela deve ser interpretada de maneira estrita.
‘’Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. ‘’
INTERPRETAÇÃO EM BENEFÍCIO DA PARTE HIPOSSUFICIENTE EM CONTRATOS DE ADESÃO/ DE CONSUMO
Nos contratos de consumo e adesão que tem uma situação em que uma das partes é responsável por definir os termos do contrato, a interpretação das cláusulas dúbia é feita em favor do hipossuficiente (parte que adere aos termos postos).
Os planos de análise do negócio jurídico
Plano da existência
Considerações gerais
Elementos
Vontade
Sujeito
Objeto
Forma
Plano da validade
Considerações gerais
Dentro da análise de validade há um controle de perfeição (qualidade) da vontade. Esse controle, como regra geral, quando falha, implica na supressão dos efeitos.
Requisitos de validade
Vontade livre e de boa fé
Vícios ensejam hipóteses de anulabilidade.
Sujeito capaz e legítimo
Capacidade
Relativamente incapaz – Anulabilidade
Absolutamente incapaz – Nulidade
Legitimidade
Anulabilidade ou nulidade definidos em lei.
Objeto lícito, possível e determinado
Sempre que prejudicados haverá uma hipótese de nulidade
Prescrita ou não-proibida (defesa) por lei – FORMA
Sempre que viciada, a forma implica a nulidade. Com exceções que podem implicar na inexistência.
Plano da eficácia
Considerações gerais
Em geral, um negócio inválido não produz efeitos. Não é uma relação de necessidade. Dentro do nosso Direito Civil há dois graus de invalidade (nulidade, anulabilidade).
O ato nulo, por serem frutos de um vício grave, não produz efeitos desde o início. Pode ser relativizado (Casamento putativo, por exemplo).
As anulabilidades, frutos de situações menos gravosas, produzem efeitos até o seu reconhecimento. Geralmente em situaçõespatrimoniais, que não tem repercussão social.
Nulidades – Defesa do interesse público;
Anulabilidades – Defesa do interesse privado.
Elementos acidentais do negócio jurídico (Termo, condição e encargo)
São elementos que permitem uma modulação dos efeitos (Regulamentação dos efeitos). A partir da manifestação de vontade pode-se vincular a produção dos efeitos a um evento futuro específico, ou uma específica exigência.
 
A partir dos assuntos 2º prova
AULA 04/10 - Teoria das Invalidades do negócio jurídico
Espécies de invalidades do negócio jurídico – estudo das invalidades, especificamente nos negócios jurídicos. Como REGRA GERAL, ato invalido NÃO deve produzir efeitos, depende de questões políticas. Mas em algumas situações esses não podem ser suprimidos.
As nulidades e suas características – Caracteriza situações mais graves.
Efeitos aparentes: ATOS DITOS NULOS NÃO PRODUZEM QUAISQUER EFEITOS DESDE O PRIMEIRO INSTANTE. Eventualmente, no entanto, existirão os efeitos aparentes (sujeito absolutamente incapaz opta por vender seu imóvel, e o faz sem aviso prévio ao seu representante. Incapaz seguiu todos os processos legais necessários para efetuar e concluir venda, comprador pagou e recebeu imóvel, porém contrato é invalido. No entanto, na pratica, o ato produziu efeitos puramente aparentes, pois o ato NO PLANO JURIDICO nunca produziu efeitos).
- Nulidade é reconhecida através de ação declaratória de anualidade, pois atestam a inexistência de algo que tecnicamente nunca existiu.
Defesa do interesse público – esfera jurídica, e não meramente econômica. Nulidades são definidas em função do interesse público (interesse maior da sociedade ou Estado, defendendo o interesse de todos). Bem jurídico indisponível, ou seja, deve ser protegido independente de vontade ou não (proteção mais incisiva).
Na prática, sabe-se que o interesse é público através na análise com apoio da lei. Até porque o interesse público protege interesse individual também, caso contrário, direito penal, por exemplo, não existiria.
Ineficácia, ab initio, em relação à finalidade precípua
Ampla legitimidade para arguição (Qualquer interessado ou MP, quando lhe couber intervir no feito) / Reconhecíveis de Ofício - Qualquer interessado ou até mesmo Ministério Público podem questionar nulidade, ou seja, atestar ação declaratória de anualidade, a depender de interesse dos afins. Traduzindo, qualquer um com interesse jurídico pode questionar nulidade.
* Interessado DIRETO – contratante.
* Interessado INDIRETO – fiador, pois tem interesse reflexo na quebra do contrato.
* M.P – nas questões que lhe couber.
** Juiz deve reconhecer e declarar nulidade, independente de provocação das partes (reconhecíveis de oficio).
Impossibilidade de convalidação (não admitem confirmação ou assentimento posterior, tampouco prescrevem) - nulidades não admitem reparo ou convalescência. Ato nulo logicamente nasce e morre como tal. O que pode ser feito diante de fato nulo é a repetição (no exemplo anterior, com passar do tempo, vendedor se tornou plenamente capaz pode fazer novo contrato de compra e venda, repetindo o ato, agora válido). 
- Não prescrevem ou decaem. Independentemente do tempo, declaração de nulidade pode ser feita. 
As anulabilidades e suas características – Caracteriza situações menos graves
Defesa do interesse privado – São definidas em função do interesse privado (patrimonial; interesse individual). O bem jurídico protegido e disponível, ou seja, pode ou não ser protegido de acordo com a vontade do particular (proteção menos incisiva).
Anulabilidade é reconhecida através do ingresso com ação desconstitutiva anulatória, pois existia algo.
Eficazes até o reconhecimento judicial - Pelo fato de serem vícios menos graves e menos incisivos que as nulidades, as anulabilidades produzem seus efeitos até o momento que são reconhecidas judicialmente (intermitente). Ou seja, reconhecida a anulabilidade, decisão é ex tunc (efeitos retroagem no tempo, na tentativa de estabelecer o Status Quo; estado anterior). O vício, uma vez reconhecido, reverte o caso, como se o contrato nunca tivesse produzido os seus efeitos. Esses efeitos que eram intermitentes em um determinado momento vão se tornar perenes (por exemplo, um indivíduo que é obrigado a estabelecer contrato, pois estava com a arma na cabeça, e diante disso, o efeito estava sendo produzido, mas ele pode invocar a anulabilidade dentro de 4 anos – efeito intermitente –. Entretanto, após os 4 anos, eles se tornam efeitos perenes).
 
Legitimidade restrita de arguição (somente os diretamente interessados podem argui-las): se vicio implicar anulabilidade, somente o interessado direto pode reclamar. Se indiretamente interessado o fizer, é ilegítimo o reconhecimento de anulabilidade por parte do juiz.
Possibilidade de convalidação (podem ser confirmadas, expressas ou tacitamente; podem ser objeto de assentimento posterior; prescritíves). - Diante de vicio de anulabilidade, sujeito pode reparar o vício (confirmação). Ratifica-se ato de vontade, posteriormente retificando agora em plenas condições legais e com autonomia plena de vontade. Os efeitos são de tornar inquestionável os efeitos produzidos pelo ato daquele momento em diante (ex: no exemplo da arma na cabeça, caso a vítima gostar do contrato feito, pode confirma-lo posteriormente). Confirmação essa pode ser expressa ou tácita. - Existe a possibilidade também do assentimento posterior, que diferentemente da confirmação, quem pratica o ato é um terceiro com participação relevante. É o terceiro que precisava participar ativamente do ato e não o fez (como por exemplo na venda da casa por parte do incapaz, o representante posteriormente pode assentir o ato feito pelo incapaz).
- Anulabilidade está sujeita a prazo de decadência definido pela lei. Caso não seja, estipula-se dois anos para que se questione a sua validade (REGRA GERAL; NÃO SE APLICA A TODOS OS CASOS).
- O enquadro nas categorias de anulabilidade ou anualidade é meramente situacional, sendo que os requisitos são analisados individualmente pelo juiz.
Hipóteses de nulidade (arts. 166 e 167 do CC) – 
‘’Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção’’.
Aula de 18.10.17 – IED PRIVADO II
Hipóteses de Nulidade (Art. 166 e 167 do CC)
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
§ 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Simulação – Criação de uma realidade que não corresponde ao que efetivamente ocorreu, em boa parte das situações buscando um resultado jurídicoque não seria permitido pela lei. No Código Civil de 1916 a simulação era hipótese de anulabilidade e a fraude era de nulidade. Atualmente essa distinção acabou e diferenciar fraude de simulação não faz muito sentido, já que os efeitos são os mesmos.
Doutrina da Simulação: A simulação, muitas vezes, é um meio para obter um resultado que não seria juridicamente permitido (Fraudar a lei). Sempre que estivermos diante disso estamos diante de uma hipótese de nulidade. Existe, contudo, situações em que a simulação não viola direito qualquer (não contempla ofensa legal, direta ou indireta). Nessas situações não haverá nulidade. 
Simulação em geral:
Absoluta – Criação de algo que não existe
Relativa (dissimulação) – Esconder ou disfarçar uma realidade
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Simulação inocente: Não “descamba” numa fraude a lei 
Quando a simulação inocente é relativa (dissimulação) o ato dissimulado é nulo, mas os seus efeitos são preservados através da preservação da manifestação de vontade, já que o objeto não é ilícito, a fim da constituição do outro ato jurídico que é lícito. 
Exemplo: Doação por interposta pessoa (Namorado para namorada através do cunhado). Ato é nulo, mas a propriedade não volta para o doador, já que o objeto não era ilícito. Aproveita-se a manifestação de vontade (doar para alguém permitido em lei) para a constituição do ato de doação direta.
Quando a simulação inocente é absoluta não há densidade jurídica suficiente para configurar a existência do negócio jurídico. A aparência de realidade não contempla uma manifestação de vontade efetiva das partes. Nesses casos, a hipótese é de inexistência. É mera brincadeira (Casamento na Roça – São João).
Simulação nocente: Busca uma fraude a lei – Hipótese de Nulidade
Hipóteses de Anulabilidade – Art. 171/CC
São os vícios mais leves (menos graves) que repercutem na esfera do privado (interesse patrimonial).
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
Obs.: Atentar para a mudança no status das incapacidades com o ECA e Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/15) – QUESTÃO DE PROVA.
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores
Nas situações do inciso II a manifestação de vontade não foi livre (Não a manifestaria em situações normais) ou a manifestação de vontade é de má-fé. 
Observação: O terceiro de boa-fé é sempre preservado. Excetuam-se as hipóteses em que ele colide com o proprietário. 
Princípio da Conservação dos Atos e Negócios Jurídicos
Como regra geral um ato inválido não deve produzir os seus efeitos. Quando diante de uma nulidade a invalidade é mais grave e desde o início ela não produz os seus efeitos. Quando diante de uma anulabilidade a invalidade é menos grave e em princípio os efeitos são preservados, mas podem ser terminados. 
Há uma lógica dentro do Direto Privado há uma lógica que procura preservar a manifestação da vontade e os efeitos dos atos inválidos. Aquilo que for passível de ser salvo de um ato inválido. A regra é reconhecer valor na manifestação de vontade. A exceção é suprimir os efeitos da manifestação de vontade. Essa diretriz é que se chama de Princípio da Conservação dos Atos e Negócios Jurídicos. 
A repercussão desse princípio é sentida mais intensamente em relação às hipóteses de anulabilidades, justamente por serem hipóteses menos gravosas de vícios. 
Há a chamada convalescença dos Negócios Jurídicos. Parte-se do pressuposto de que o vício do negócio foi curado. É possível ter a convalescença dos negócios anuláveis por meio do decurso do tempo
Observação: Marcos Bernardes chama de Convalidação a convalescença do negócio através do mero decurso do tempo, enquanto a Sanação é fruto de um ato humano. 
Convalidação – Decurso do tempo
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.
Sanação:
Confirmação: Situação em que o sujeito que foi vítima da invalidade, posteriormente, cessada a causa da invalidade ratifica o ato. Considera-se o ato perfeito e válido desde o início. Ao ratificar, retifica-se.
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a substância do negócio celebrado e a vontade expressa de mantê-lo.
Art. 174. É escusada a confirmação expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor, ciente do vício que o inquinava.
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.
Assentimento Posterior: A validade do negócio jurídico dependerá de uma manifestação de vontade de terceiro. Se o terceiro não manifestar a vontade o ato é inválido.
Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveita exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
Existem algumas situações específicas de alguns vícios da vontade (erro e lesão, sem má-fé de ninguém), em que sanação é feita ora pelo prejudicado, ora pelo terceiro. 
Princípio da Conservação em face das Nulidades
Em relação às nulidades é possível aplicar o Princípio da Conservação, mas de forma excepcional, visto que os vícios de manifestação da vontade são mais gravosos. 
Conversão Substancial
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.
Se destina às hipóteses em que há um vício de forma. Não está dito na lei, mas infere-se da prática. Quando alguma formalidade não for atendia, eventualmente poder-se-á aproveitar o negócio como se outro que menos formalidade exigisse fosse. 
Exemplo: Título de Crédito. Serviria como Título para execução direta no processo (sem passar pela fase de conhecimento). Desatenção à todas as formalidades. Aproveitamento como prova na fase de conhecimento do Processo. 
Exemplo 2: Contrato de Compra e Venda na forma de Escritura Pública. Feito sem Escritura. Considerado como uma Promessa de Compra e Venda. 
Extraversão
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Redução
Sempre que diante de uma invalidade (nulidade ou anulabilidade) deve-se restringir o seu alcance ao máximo.
Exemplo: Contrato quase todo perfeito, com uma cláusula nula. Somente se reconhece somente a nulidade da cláusula. 
Vícios e Defeitos do Negócio Jurídico – Vícios da Vontade
Os vícios da vontade possuem repercussão na esfera patrimonial do indivíduo (Direito Privado). Os vícios que reverberem em desfavor do interesse público, são hipóteses de nulidade e não de anulabilidade. Os vícios do consentimento têm a ver com a liberdade da manifestação da vontade. Os vícios sociais têm a ver com a boa-fé da manifestação da vontade. 
Atualmente, há autores que identificam a simulação como um vício social e outros que não identificam. Os que identificam dizem que a manifestação da vontade é de má-fé que implicará em nulidade e não anulabilidade. Os que não identificam dizem que é uma hipótesede nulidade e, portanto, não pode ser encarada como um vício social. 
Existe, hoje, uma divergência específica em relação à simulação. A divergência é entre encarar ou não a simulação como um vício social
Erro ou Ignorância (art. 138 a 144, CC)
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta.
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
Parte da doutrina critica o uso de ignorância como sinônimo de erro, mas é assim que a legislação traz o termo. A diferenciação se encontra no aspecto terminológico: a doutrina critica que no léxico, erro e ignorância possui significados distintos. Quem ignora não possui percepção alguma e quem se equivoca (erra) tem uma percepção errada. Nessa situação manifesta-se a vontade por ter percebido mal (falsa percepção da realidade) em relação a um aspecto substantivo, fundamental, do negócio. Se o sujeito soubesse que a situação era outra, não assinaria o negócio. Permite-se que a pessoa que se equivocou anule o negócio. 
Requisitos do Erro
Unipessoal idade: Não é provocado. Alguém se engana sozinho. 
Subsntancial: Escusável + determinante + real – Não é qualquer erro que justifica a anulabilidade do negócio. Precisa ser algo de fundamental importância para o negócio.
O erro substancial conjuga três características: Escusável, determinante, real. Dizer que o erro é determinante é dizer que se não fosse a falsa percepção o negócio não teria sido praticado, em absoluto. O erro tem de ser real, ou seja, significante ao ponto de causar repercussões (prejuízos).O erro tem de ser dito escusável (desculpável), já que não se admite o chamado erro “grosseiro”. 
*escusável – Até o código de 1916 a noção de escusabilidade tinha a ver com a ideia de culpa e boa-fé subjetiva. Atualmente, sob a premissa da boa-fé objetiva, adotada pelo Código Civil de 2002, os autores abandonam a escusabilidade no sentido subjetivo, e traz a noção do homem médio para considerar o erro como escusável ou não (o indivíduo deveria, ou não, perceber a condição que justifique a invalidade). 
Espécies de Erro
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
Erro in negotio: O sujeito se equivoca quanto ao teor do negócio que se estar praticando
Erro in corpore: Erro relativo à coisa (Compra de algo pensando que era outro algo – Fusca pensando que era uma Ferrari)
Erro in persona: Erro relativo à pessoa (Contrata-se alguém achando que ela possui determinadas características, que na verdade não tem – Anulação do casamento)
Erro in quantitae: Erro relativo à quantidade (Comprar cinco bois pensando que está comprando um rebanho; comprar 800 g pensando ser 1kg)
Erro Acidental (art. 142, CC)
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
O erro acidental não é motivo para anular o negócio.
Falso Motivo Expresso Como Determinante (art. 140, CC)
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante.
Para o Direito motivo e causa são diferentes, importando a causa. Em algumas situações excepcionais o motivo pode ter relevância (razão principal, ilícito e comum a ambas as partes). No erro, quando há um falso motivo (motivo derivado de um erro), quando expresso como razão determinante dá margem a anulação do negócio. 
O legislador optou em considerar isso também como hipótese de erro, apesar de poder haver uma participação de terceiro (dolo), para que não se necessitasse provar as condições necessárias para configuração do dolo, a melhor ou a pior. 
Erro de Direito (Art. 139, III, CC)
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
Esse inciso tem uma série de peculiaridades: Contrariedade ao Art. 3º da LINDB? Erro de Direito que não implica recusa à aplicação da lei?
LINDB - Art. 3o  Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
A doutrina quando enfrenta o assunto toda duas posições: ou não polemiza a situação, repetindo a lei, ou diz que não há exemplos práticos que demonstrem a existência de erro de direito, já que falar em erro de direito seria alegar a possibilidade de escusar-se do cumprimento da lei alegando o seu desconhecimento.
Quem tenta exemplificar o Erro de Direito, traz exemplos que não são na verdade de erro de direito. O Erro de Direito, em si, não existe no nosso sistema, como entidade individualizada. Não deveria estar prevista no Código Civil. 
Erro de Cálculo (art. 143, CC)
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
É uma espécie de erro acidental. Não invalidade o negócio jurídico, mas autoriza a retificação do negócio jurídico. Autoriza apenas o refazimento das contas, não o desfazimento do negócio. 
Princípio da Conservação e Erro (Art. 144, CC)
Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.
Em algumas situações, o beneficiário tem o direito de evitar a anulabilidade, predispondo-se a cumprir o negócio da forma que a parte prejudicada entendeu. 
Aula de 25.10.17 – IED PRIVADO II
Hipóteses de Anulabilidade - Vícios da Vontade – Continuação
Dolo (Art. 145 a 150, CC)
Uma pessoa utiliza-se de artifícios para que outro perceba mal a realidade e, por conta, dessa falsa percepção da realidade venha a celebrar o negócio jurídico. O Dolo exige a comprovação da má-fé. 
Para que o dolo seja invalidante, a má-fé deve ser provada e o dolo precisa ser essencial, recaindo sobre um elemento determinante do negócio jurídico. A falsa percepção deve ser significativa: Uma falsa percepção sobre um elemento acessório do negócio não justifica a sua anulabilidade. 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Espécies de Dolo
Dolo Acidental
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Não autoriza que o negócio seja anulado. Somente autoriza a satisfação das perdas e danos.
	Uma das diferenças essenciais do dolo em relação ao erro é que no erro não há necessidade de se provar a má-fé da outra parte. No dolo, entretanto, apesar de não haver necessidade de provar prejuízo,o que pode ser um benefício, a depender do caso, é necessário provar-se a má-fé da outra parte do negócio. O ônus da prova é do acusador. 
Dolus Bonus v. Dolus Malus
	O Dolus Bonus é aquele que é incapaz de enganar uma pessoa minimamente instruída. 
	O Dolus Malus é aquele que possui a real intenção de causar um prejuízo. 
Dolo Positivo/Comissivo v. Dolo Negativo/Omissivo (art. 147, CC)
	O dolo pode ser praticado por uma conduta positiva ou por uma omissão. Configurada e comprovada uma omissão dolosa, será justificativa para anular o negócio. 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Dolo de Terceiro (Art. 148)
Eventualmente, o Dolo é praticado por terceiro. Um sujeito que não tem relação com o negócio se envolve e engana a vítima. O negócio será anulável dependendo de o terceiro ter atuado de maneira que o beneficiado soubesse ou devesse saber da situação. 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Dolo do Representante Legal
Esse artigo expressa duas situações de dolo do representante. O representante pode ser legal (dos absolutamente incapazes – pais, por exemplo). O representante legal, por não ser escolhido, quando comete dolo, não implica o representado em todo tipo de responsabilidade, mas somente até o limite em que o último teve proveito. O representante convencional, aquele que é acordado entre o representante e representado, quando comete dolo, implica o representado solidariamente em perdas e danos.
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
Dolo Recíproco – “Ladrão que rouba ladrão, tem 1000 anos de perdão”
	Quando a dolo de parte a parte, não há anulabilidade do negócio. A partir do princípio de “a ninguém é dado a alegar sua própria torpeza em juízo” (clean hands). 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
Coação (art. 151 a 155)
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Não há falsa percepção da realidade. A pessoa celebra o negócio pois se vê sem alternativa. Sempre que o sujeito celebrar um negócio de forma forçada, está diante de coação. 
Há uma distinção entre coação absoluta (vis absoluta) V. coação moral (vis compulsiva). 
Quando há vis absoluta (coação absoluta) diz não haver manifestação de vontade. Como não há manifestação de vontade, o negócio jurídico é inexistente. A coação física ocorre em hipóteses muito pontuais.
A hipótese de anulabilidade é a da coação moral (vis compulsiva) é aquela que influi sobre a psique do indivíduo. Ainda que a vontade só tenha sido manifesta por conta de uma pressão externa, ainda há uma margem mínima de escolha para a celebração do negócio, o que implica na sua existência, sendo, porém, anulável. 
A ameaça que configura coação moral é séria e fundada, capaz de causar um temor efetivo na pessoa que a faça celebrar um negócio que, na CNTP, não celebraria. 
A coação se configura quando se ameaça a integridade física da pessoa, de seu patrimônio, ou de um ente próximo. 
Análise das Condições Específicas da Vítima (art. 152, CC)
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela.
Exercício de direito e temor reverencial (art. 153, CC)
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial.
Temor reverencial, aqui, significa o respeito a uma autoridade estabelecida por uma relação de autoridade (legal ou reconhecida). 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos.
Da mesma forma que o dolo, a coação praticada por terceiro, vicia o negócio jurídico quando a parte beneficiada sabe ou deve saber da atuação do agente coator. 
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto.
Caso o terceiro coator aja sem conhecimento do beneficiado, ou caso este não devesse ter conhecimento, suportará responsabilização sobre perdas e danos, somente o terceiro coator. 
Lesão (Art. 157, CC)
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Figura inserida como novidade no Código Civil de 2002. Protege-se pessoas que estejam em estado de inexperiência ou de necessidade. Quando alguém é levado a assumir uma obrigação desproporcional, em virtude de uma premente necessidade ou de inexperiência. Sempre que preenchidos os dois requisitos, subjetivos (premente necessidade ou inexperiência) e objetivos (desproporcionalidade), é possível a invalidação (anulabilidade) do negócio. O momento de aferição para constatar os elementos objetivo e subjetivo, é o de criação do negócio. 
Se a parte que foi beneficiada abrir mão da parte do negócio que lhe beneficiou, o negócio não poderá ser desfeito. Quem se oferece para reduzir a desproporcionalidade evita a invalidação do negócio.
A lesão, antes de ser contemplada no Código Civil foi prevista no Código de Defesa do Consumidor (CDC). São dois institutos muito semelhantes, com algumas diferenças. Como o CDC parte do pressuposto da Hipossuficiência do Consumidor, o único requisito a ser provado é o objetivo (desproporcionalidade).
Estado de Perigo 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias.
Configura-se numa situação grave, não provocada pelo sujeito. No Estado de Perigo, alguém assume uma obrigação excessivamente onerosa porque não há outra opção. A outra parte, apesar de não ter causado a situação desproporcional, dela se beneficia. 
A ideia de dolo de aproveitamento foi substituída pelo “conhecido pela outra parte”. 
A jurisprudência tende a considerar excessiva onerosidade e desproporcionalidade da mesma forma. Há, no entanto, uma corrente que diverge.
Príncípio da Conservação: A doutrina, por analogia, prevê que se a parte beneficiada abrir mão de seu benefício, o negócio poderá ser aproveitado. Não há previsão na legislação, no entanto. 
Lesão v. Estado de Perigo v. Coação
Na lesão está se protegendo um sujeito que está em premente necessidade ou inexperiência e que, devido a isso, assumiu uma obrigação desproporcional. No Estado de Perigo, há o benefício de um terceiro, que conhecendoa desproporcionalidade, não abriu mão dela de pronto. Na coação o vício está na liberdade da manifestação de vontade. 
Fraude conta credores (art. 158, CC)
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Aqui, se está diante de um vício social. Apesar de a vontade ser livre, há uma má-fé, um objetivo de lesar outrem. 
Nosso sistema admite duas situações para fraude contra credoras: o desfazimento do patrimônio de forma gratuita e o de forma onerosa. 
Disposição Gratuita
O eventus damni é a redução do patrimônio a insolvência. O negócio que pode reduzir o patrimônio a insolvência. A má-fé do terceiro é presumida (ou não levada em consideração). Não se pode beneficiar o terceiro em detrimento do credor nesse caso. 
Disposição Onerosa
A disciplina é distinta pois nesse caso há a figura do terceiro, eventualmente de boa-fé, que praticará negócio com o devedor que o reduzirá a insolvência. Regra geral, o terceiro de boa-fé é protegido no sistema jurídico brasileiro. 
Na situação em que há onerosidade, há também a possibilidade de prejuízo ao terceiro. Por isso, o Sistema Jurídico passa a exigir um novo requisito, além do eventus damni (redução do patrimônio à insolvência) tradicionalmente denominado de consilium fraudis (scientia fraudis) vulgarmente conhecido como conluio. Quando o terceiro age da má-fé o negócio é nulidade. Em virtude de não haver necessidade de fraude, o Código Civil talvez devesse adotar, por uma questão terminológica, o termo scientia fraudis. 
Antigamente, no código civil de 1916, para promover a nulidade do negócio era necessária uma ação chamada de Ação Pauliana. Era muito difícil de provar o conluio. Atualmente, com a boa-fé objetiva e a figura do homem médio, o terceiro assumiu um risco (a insolvência manifesta ou a necessidade de ciência dessa insolvência). 
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Exceções: 
Depósito do valor em juízo (Art. 160)
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real.
Há a possibilidade de se praticar negócio com alguém que esteja em insolvência, depositando em juízo o valor do objeto. 
Despesas ordinárias de subsistência, manutenção e conservação (Art. 164, CC)
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família.
Obs. Entendimento do STJ
	O STJ entende a fraude contra credores como uma hipótese não de anulabilidade, mas sim de ineficácia. Considerar-se-á a ineficácia parcial do negócio. Isso é feito a fim de proteger o terceiro. Naquilo que não prejudicar o credor, o terceiro poderá usufruir dos efeitos do negócio. 
A ação de arguição de anulabilidade da fraude contra credores é chamada de Ação Pauliana
Outras Figuras Protetoras do Direito de Crédito
Fraude a Execução (Art. 792, CPC) + Súmula 375/STJ
Súmula 375/STJ - O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente.
Art. 792.  A alienação ou a oneração de bem é considerada fraude à execução:
I - quando sobr/e o bem pender ação fundada em direito real ou com pretensão reipersecutória, desde que a pendência do processo tenha sido averbada no respectivo registro público, se houver;
II - quando tiver sido averbada, no registro do bem, a pendência do processo de execução, na forma do art. 828;
III - quando tiver sido averbado, no registro do bem, hipoteca judiciária ou outro ato de constrição judicial originário do processo onde foi arguida a fraude;
IV - quando, ao tempo da alienação ou da oneração, tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência;
V - nos demais casos expressos em lei.
§ 1o A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.
§ 2o No caso de aquisição de bem não sujeito a registro, o terceiro adquirente tem o ônus de provar que adotou as cautelas necessárias para a aquisição, mediante a exibição das certidões pertinentes, obtidas no domicílio do vendedor e no local onde se encontra o bem.
§ 3o Nos casos de desconsideração da personalidade jurídica, a fraude à execução verifica-se a partir da citação da parte cuja personalidade se pretende desconsiderar.
§ 4o Antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias.
Quando o sujeito se desfaz de seu patrimônio na fase de execução do processo, considera-se o interesse público como prejudicado. Não há necessidade de proposição de uma nova ação: uma mera petição informando a fraude já satisfaz, para efeitos de anulabilidade.
Alienação de Bem Penhorado (art. 77, CPC)
Art. 77.  Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo:
I - expor os fatos em juízo conforme a verdade;
II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento;
III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito;
IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação;
Na fase de execução de sentença, após o processo findo, um bem penhorado não pode ser alienado. No caso de uma eventual alienação de bem penhorado, o juiz pode atuar de ofício, para evitar que o bem penhorado passe para a posse e propriedade de um terceiro. O terceiro de boa-fé não poderá ser prejudicado. 
Observação: A diferença dessas duas hipóteses é a existência prévia de um processo judicial em trâmite, mais ainda em sua fase final. 
Aula de 01.11.17 – IED PRIVADO II
Plano da Eficácia
	A lógica geral é de que um fato jurídico transite por todas as dimensões: Existência, validade e eficácia. No entanto, além do plano da existência, o da validade e da eficácia não são uma consequência necessária dos fatos jurídicos. 
Obs. Todo fato jurídico produz efeitos. O plano da eficácia estuda as eficácias a que se propunha o fato-jurídico (eficácia mínima dos fatos jurídicos). 
Obs. O termo eficácia é polissêmico. Uma das acepções da palavra é a de eficácia normativa (produção de efeitos legais). Não é esse o conceito que estudaremos. Outro significado para a eficácia é a de eficácia social (efetividade): concretude da norma no plano fático. Não é esse também o conceito aqui utilizado.
	Quando estudamos o plano da eficácia dos fatos jurídicos, preocupamo-nos com a produção de efeitos dos fatos jurídicos. Tecnicamente falando, todo e qualquer fato jurídico produz algum efeito no plano jurídico. A finalidade principal (precípua) pode não ter sido produzida, mas alguma modificação na esfera jurídica,

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