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Se me st re 3 Serviço Social Caderno de Atividades Antropologia Aplicada ao Serviço Social CLIQUEAQUIPARA VIRARAPÁGINA FICHA TÉCNICA Equipe de Gestão Editorial Regina Cláudia Fiorin João Henrique Canella Fiório Priscilla Ramos Capello Análise de Processos Juliana Cristina e Silva Flávia Lopes Revisão Textual Alexia Galvão Alves Giovana Valente Ferreira Ingrid Favoretto Julio Camillo Luana Mercúrio Diagramação Célula de Inovação e Produção de Conteúdos Caderno de Atividades Serviço Social Disciplina Antropologia Aplicada ao Serviço Social Coordenação do Curso Elisa Cleia Pinheiro Rodrigues Nobre Autor Prof. Rafael Aroni Chanceler Ana Maria Costa de Sousa Reitora Leocádia Aglaé Petry Leme Pró-Reitor Administrativo Antonio Fonseca de Carvalho Pró-Reitor de Graduação Eduardo de Oliveira Elias Pró-Reitor de Extensão Ivo Arcangêlo Vedrúsculo Busato Pró-Reitora de Pesquisa e PósGraduação Luciana Paes de Andrade Realização: Diretoria de Planejamento de EAD José Manuel Moran Barbara Campos Diretoria de Desenvolvimento de EAD Thais Costa de Sousa Gerência de Design Educacional Rodolfo Pinelli Gabriel Araújo © 2013 Anhanguera Educacional Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Como citar esse documento: ARONI, Rafael. Antropologia Aplicada ao Serviço Social, p. 1.-115, Valinhos, 2014. Disponível em: <http://www.anhanguera.com>. Acesso em: 3 fev. 2014. Índice Índice Tema 01: Primeiras Aproximações ao Estudo de Antropologia 6 Tema 02: Métodos e Técnicas de Pesquisa na Antropologia 24 Tema 03: Categorias Sociais para a Antropologia 42 Tema 04: A Cultura Brasileira: do imaginário dos antropólogos às representações das culturas regionais nas diferentes classes sociais. 60 Tema 05: Outros Campos da Antropologia Contemporânea: o contínuo rural e urbano 78 Tema 06: Antropologia, Globalização e os Movimentos Contra-hegemônicos 96 seç ões Tema 01 Primeiras Aproximações ao Estudo de Antropologia SeçõesSeções Tema 01 Primeiras Aproximações ao Estudo de Antropologia 9 Conteúdo Nessa aula você estudará: • Os principais significados da antropologia como ciência. • O contexto de origem da antropologia contemporânea. • As quatro subdisciplinas da antropologia e seus objetos de estudo. • As acepções de cultura para a antropologia. CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura, do autor Mércio Pereira Gomes, editora Contexto, 2012, Livro- Texto n. 308. Roteiro de Estudo: Rafael AroniAntropologia Aplicada ao Serviço Social 10 Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Quais são os objetos de estudo da antropologia contemporânea? • Em qual contexto histórico a antropologia torna-se uma ciência com importantes contribuições para as ciências humanas? • Quais são os objetos de investigação da antropologia? CONTEÚDOSEHABILIDADES LEITURAOBRIGATÓRIA Primeiras Aproximações ao Estudo de Antropologia A origem etimológica da Antropologia remete aos gregos anthropos, que significa homem, e logos, estudo. Portanto, é uma ciência humana que elege o ser humano enquanto objeto de investigação. Entretanto, a antropologia não foi criada pelos gregos, tal como a filosofia. Somente no contexto mais recente do Iluminismo (século XVIII), como você irá estudar, antropologia se estabelece enquanto ciência que busca investigar as possibilidades de ser e agir do ser humano, concepção muito próxima às da Filosofia. Uma primeira aproximação, a particularidade da antropologia é estudar o Outro, ou seja, busca- se conhecer em outros povos e culturas valores próprios e que ao mesmo tempo reforçam a diversidade da característica humana. O fundamental do pensamento antropológico é conceber o Outro, toda sua cosmologia, sua cultura, suas explicações sobre a realidade social e o universo, no mesmo nível de quem busca observar esse Outro. Assim, a antropologia nasceu como um modo revolucionário e radical do homem pensar a si mesmo, que empurra o homem ao esforço de superar seus preconceitos, sua própria cultura, para poder entender e vivenciar a cultura do outro, ou seja, qualquer cultura. (GOMES, 2012, p.12). 11 LEITURAOBRIGATÓRIA O contexto desta concepção de antropologia surge das experiências de contato das nações europeias com outros povos, no processo da expansão imperialista e estruturação do nascente processo econômico do capitalismo (séculos XV ao XX). Nesse contexto, a partir dos relatos das experiências por outras culturas são aprofundadas as investigações e análises, na especulação filosófica em se explicar ou interpretar outras culturas e outros seres humanos. A teoria da evolução de Charles Darwin (1809 – 1882) influenciou os primórdios da antropologia, em sustentar a dicotomia entre os homens civilizados (europeus ocidentais) e homem primitivo (sociedades indígenas) e uma suposta gradação evolutiva entre eles. A partir dos séculos XVIII e XIX, filósofos propõem outras interpretações com base em estudos empíricos na comparação de sociedades com diferentes formas de se organizar socialmente, em relação à sociedade capitalista. Assim, a definição contemporânea para Antropologia seria a ciência que: busca tratar da questão básica da natureza do homem, de sua condição fundamental de ser uma espécie biológica, localizada na ordem dos primatas, na subordem dos antropóides, na família hominídea, no gênero dos hominídeos, como a espécie Homo sapiens (GOMES, 2012, p.15). Ao mesmo tempo há uma singularidade nessa espécie por tratar de sua capacidade de produzir, representar o mundo através de convenções simbólicas, as quais são mediadas através da linguagem entre as gerações e conformam padrões culturais. Neste ponto é importante apresentar quatro subdisciplinas da Antropologia, seus objetos e forma de análise. Antropologia Biológica: busca classificar o Homo sapiens em uma ordem de uma suposta escala evolutiva. São duas questões fundamentais que se complementam. Em que momento o homem deixa de ser animal para ser humano e como classificar essa característica do homem, no contexto da natureza? Outra questão é o quanto de animal ainda existe no humano, ou o quanto de ser da natureza (GOMES, 2012, p. 16) reside na forma de ser e agir atual? E mais, estudos como Etologia buscam investigar se os elementos que tornam homens humanos estariam presentes em outros animais, como o comportamento social de antropoides se aproxima de características humanas e se haveria inteligência em outras espécies. 12 Arqueologia: têm por objeto o estudo de artefatos que expliquem tanto uma suposta origem evolutiva comum, quanto as formas pretéritas de organização social. Analisa as evidências concretas e estabelece interpretações hipotéticas sobre origens e trajetórias da espécie Homo sapiens. Nas universidades brasileiras, a arqueologia é uma importante área de estudo, pois intriga cientistas do mundo saber como o homem chegou às Américas; quais foram os movimentos migratórios gradativos nessa ocupação? Exemplos de sítios arqueológicos já encontrados são os sambaquis ao longo do litoral sul e sudeste brasileiro, e pinturas rupestres nos cerrados e caatingas nordestinas, além de cerâmicas encontradas na Ilha de Marajó, as quais revelam maior nível de complexidade cultural. Linguística: objetiva construir o histórico de origem das línguas humanas, seus componentes fonéticos, as conexões e relações estabelecidas, suas mudanças e os significados culturaisatribuídos por esse sistema de forma inconsciente. Os estudos de Ferdinand de Saussurre influenciaram as investigações neste campo. As principais contribuições foram os estudos realizados por Claude Lévi-Strauss (1908-2009) com povos indígenas brasileiros, na década de 1940, para desvelar um sistema cultural subjacente que opera através da linguagem, que iniciaram uma nova corrente de pensamento chamada estruturalismo. Antropologia como Filosofia da Cultura: remete a influência de pensadores iluministas como Jean Jacque Rousseau (1712-1778), que de forma especulativa propôs os povos “ditos” primitivos, um caráter de universal da humanidade. Todos os povos teriam passado pelo estágio em que a organização social priorizava um convívio harmônico, conhecido como o mito do “bom selvagem”. Outras contribuições importantes foram de Emanuel Kant (1724-1804) e George Friedrich Hegel (1770-1831), os quais especularam sobre a natureza humana e a importância da cultura para essa formação. Outros pensadores como Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1890) atribuíram a condição do homem enquanto ser cultural à forma como ele se relaciona com a natureza através do trabalho. Comum a essas disciplinas está a ideia de que a antropologia é uma ciência que busca pensar a condição humana e sua lógica de ser e agir, expressas em manifestações culturais através de símbolos. Dessa forma, os significados atribuídos ao conceito de cultura são centrais para o conhecimento antropológico. Sete são as categorias para agrupar possíveis definições para cultura (GOMES, 2012): 1. Cultura como erudição: derivada da tradição do idealismo alemão, século XVIII, a formação intelectual e comportamental era considerada pelo status social como superior e refinada. A antropologia questiona essa acepção. LEITURAOBRIGATÓRIA 13 2. Cultura como manifestações artísticas: há interesse pelas expressões imateriais como folclore, ritos, cânticos e as de artefatos. 3. Cultura como hábitos e costumes: todos os comportamentos intelectuais e emocionais de um povo ou pequena comunidade. 4. Cultura como identidade coletiva: artefatos simbólicos compartilhados. 5. Cultura como sistema inconsciente estruturante: o blueprint, ou compartilhamento de uma estrutura subjacente, plataforma para expressões simbólicas que significam as experiências vivenciadas, por coletividades. 6. Cultura como valores e comportamentos: segundo o antropólogo José Luis dos Santos, todas as dimensões da vida social. 7. Cultura como símbolos transmitidos pela linguagem: “tudo aquilo que o homem vivencia, realiza, adquire e transmite por meio da linguagem” (GOMES, 2012, p.35). A definição para antropólogo Gomes é: Cultura é o modo próprio de ser do homem em coletividade, que se realiza em parte consciente, em parte inconsciente, constituindo um sistema mais ou menos coerente de pensar, agir, fazer, relacionar-se, posicionar-se perante o Absoluto, e, enfim, reproduzir-se (p. 36). O pensar, agir e fazer estão em permanente inter-relação reproduzindo, através da dinâmica mudança/conservação, a realidade da estrutura social, a partir do contato com elementos de outras culturas, ou a própria criação cultural interna desse sistema. Assim, surgiram termos como aculturação, ou seja, a ação de integrar elementos culturais externos, ou assimilação, ou seja, a integração de etnias a outras dinâmicas culturais, como os povos indígenas, os imigrantes japoneses, italianos e espanhóis à dinâmica cultural brasileira. Cabe salientar que esses processos não são lineares ou inflexíveis, com a possibilidade de retorno aos padrões culturais próximos aos estágios anteriores. Nesse ponto, conforme Gomes (2012), o conceito de relativismo cultural apresenta-se como novo paradigma ao conceber cada cultura em sua particularidade. Cada cultura é única, não há como estabelecer um processo valorativo, nem hierarquizá-las como superiores ou inferiores. Entretanto, Gomes (2012) adverte que não se pode confundir superioridade econômica, político-militar com superioridade cultural. Esse processo conhecido como globalização tem, por outro lado, estimulado processos de lealdade a tradições culturais locais, como forma de resistência à homogeneização. LEITURAOBRIGATÓRIA 14 Assim, a tradição enquanto forma de remeter a aspectos da formação passada, para Gomes (2012), é uma “ética”, um comportamento de lealdade ou deslealdade para com suas origens. O Folclore é manifestação dessa tradição, em se tecer elos de fidelidade com formas pretéritas de ser, agir e pensar de um povo. Câmara Cascudo foi um dos principais folcloristas brasileiros. LEITURAOBRIGATÓRIA LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Acesse o site da Associação Brasileira de Antropologia, na seção sobre novos números de Revistas de Antropologia. Disponível em: <http://www.abant.org.br/news/show/id/24>. Acesso em: 02 jan. 2014. Acesse o site da Fundação Museu do Homem Americano. Disponível em: <http://www. fumdham.org.br/>. Acesso em: 02 jan. 2014. Nele você encontra informações arqueológicas da presença humana mais antiga no continente americano. Acesse o site do Museu Nacional UFRJ. Arqueologia, Cultura da Pré-história Brasileira, Cultura Marajoara. Disponível em: <http://www.museunacional.ufrj.br/MuseuNacional/ arqueologia/ARQUEOBRA/CULTMARAJO.htm>. Acesso em 02 jan. 2014. Conheça a arte cerâmica das populações pré-históricas da Ilha de Marajó. 15 Vídeos Niéde Guidon: o povo de 100 mil anos, da série especial sobre o Parque Nacional da Serra da Capivara, no sudeste do Piauí, no qual a arqueóloga Niéde Guidon fala sobre a possível da presença hominídeos, datada há mais de 100 mil anos, em território brasileiro. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ytodtEwVkTA&feature=related>. Acesso em: 02 jan. 2014. LINKSIMPORTANTES Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. AGORAÉASUAVEZ Questão 1: A antropologia surgiu no século XVI e buscava compreender as diferentes so- ciedades em termos de uma classificação comparativa, a partir de critérios estabele- cidos pelo mundo europeu. A essa visão de mundo, contrária à ideia de diversidade das sociedades e culturas, denomina-se etnocentrismo, que consiste em pensar o mundo por meio de um referencial único, ou seja, tendo como referência a cultura, os valores e costumes de uma sociedade em detrimento de outras, manifestando-se por meio de julgamento de valores da cul- tura do outro, seu modo de pensar e agir. (NAKAMURA, E. O método Etnográfico em Pesquisas na Área da Saúde: uma reflexão antropológica. Saúde Soc. São Paulo, v.20, n.1, p.95-103, 2011). 16 Considerando seus conhecimentos e expe- riências, aponte situações vivenciadas em seu cotidiano que você julga serem etno- cêntricas. Questão 2: Franz Boas, no final do século XIX, rede- finiu os fundamentos da Antropologia ao considerar que “A humanidade é formada por grupos e culturas únicos e distintos em suas práticas e valores” (NAKAMURA, E. O método Etnográfico em Pesquisas na Área da Saúde: uma reflexão antropológica. Saúde Soc. São Paulo, v.20, n.1, p.95-103, 2011). Sendo assim, é possível afirmar que a Antropologia tem como objeto de estudo: a) O ser humano, e almeja compreender a forma pela qual a cultura possibilita a hierarquização das sociedades. b) As sociedades contemporâneas, e busca compreender como a cultura, cren- ças, comportamentos e valoresclassifi- cam, comparativamente, as sociedades humanas. c) O ser humano, e busca compreender suas culturas, vistas como produto de contextos históricos particulares, expres- sas através de crenças, valores e com- portamentos. d) As sociedades indígenas, e busca compreender como as sociedades primiti- vas evoluíram até às sociedades contem- porâneas. Questão 3: A Antropologia pode ser dividida em quatro subdisciplinas com objetos de estudos es- pecíficos. Correlacione as subdisciplinas e seu respectivo objeto de estudo: a) Arqueologia. b) Antropologia Biológica. c) Antropologia como Filosofia da Cultura. d) Linguística. ( ) Estudo da origem evolutiva e social do homem através do estudo de artefatos. ( ) Estudo da origem das línguas hu- manas e os significados culturais atribuí- dos a esse sistema de forma inconsciente. ( ) Classificação da espécie humana buscando compreender o momento em que este deixa de ser animal para ser hu- mana. ( ) Atribui aos povos primitivos um ca- ráter de etapa universal da humanidade, resalta a importância da cultura para a for- mação da natureza humana. Questão 4: A lenda do Bumba-Meu-Boi tem origem mista da cultura indígena, africana e europeia. É sobre uma pastorinha que procura seu boi perdido e ao longo da história se encontra com diversos personagens. Ao espalhar-se pelo país, o AGORAÉASUAVEZ 17 AGORAÉASUAVEZ Bumba-Meu-Boi sofre diversas adaptações regionais. (Fonte: <http://www.brasil.gov. br/infograficos/folclore-brasileiro>. Acesso em: 02 jan. 2014). As lendas e mitos são incorporados na definição de cultura como sendo: a) Manifestações artísticas. b) Valores e comportamentos. c) Erudição. d) Hábitos e costumes. Questão 5: Cultura é o modo próprio de ser do homem em coletividade que se realiza em parte consciente, em parte inconscientemente, constituindo um sistema mais ou menos co- erente de pensar, agir, fazer, relacionar-se, posicionar-se perante o Absoluto, e, enfim reproduzir-se. (GOMES, M. P. Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura, 2º ed, 2º reimpressão, São Paulo: Contexto, 2012, p. 36). Segundo o trecho do texto acima, a cultura pode ser categorizada como: a) Valores e comportamentos. b) Folclore. c) Erudição. d) Sistema inconsciente estruturante. Questão 6: Muitas vezes, cotidianamente, é possível se deparar com julgamentos deturpados de modos de viver e pensar diferentes do pró- prio. Baseado na leitura do texto, conceitue etnocentrismo e cultura. Questão 7: Eram Homo sapiens arcaicos e vinham di- retamente da África. Não se trata de des- cartar a teoria da migração humana através de Bering de uns 14.000 anos atrás, senão de complementá-la com outras teorias. É impensável que o continente americano, com uma extensão de milhares de quilôme- tros de norte a sul, tenha sido colonizado só pelo norte. Em minha opinião, o Homo sapiens saiu da África faz 130 milhões de anos. Como se sabe, o continente antigo já havia sido colonizado pelo Homo erectus, mas o Sapiens o suplantou e se dispersou por todo o planeta (exceto pela Antártida). Alguns deles se dirigiram em direção a Ásia e Europa, enquanto outros, provavelmente pescadores, foram arrastados pelas corren- tes e chegaram a América do Sul, empur- rados pelos ventos alísios. (Neide Guidón entrevistada por Yuri Leveratto. Disponível em: <http://www.yurileveratto.com/po/artico- lo.php?Id=154>. Acesso em: 02 jan. 2014). Com base no texto e nos seus conheci- mentos da Arqueologia, pesquise qual o sítio arqueológico brasileiro referido na en- 18 AGORAÉASUAVEZ trevista, quais os artefatos descobertos e como eles influenciaram a cultura. Questão 8: A cultura pode ser entendida como o com- plexo sistema de permanente inter-relação de formas de pensar, agir e fazer que estão se reproduzindo, através da dinâmica mu- dança/conservação, a realidade da estrutu- ra social, a partir do contato com elementos de outras culturas, ou a própria criação cul- tural interna desse sistema. De acordo com essa concepção, quais são as diferenças entre aculturação e assimilação? Questão 9: Pesquise o art. 206 da Constituição Fede- ral Brasileira, de 1988, e apresente quais são os patrimônios culturais brasileiros e a quem compete o exercício de protegê-los. Questão 10: O mundo começou sem o homem e se con- cluirá sem ele. As instituições, os usos e os costumes, que terei passado a minha vida a inventariar e a compreender, são uma eflo- rescência passageira de uma criação em relação à qual não existe qualquer significa- do, exceto talvez permitir que a humanida- de possa desempenhar seu papel. (Claude Lévi-Strauss. Tristes trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 390 [com adaptações]). Pesquise a qual corrente de pensamento antropológico Lévi-Strauss se filia e qual o objeto que ela prioriza para estudo. 19 Nesse tema você aprendeu o contexto de surgimento da antropologia como ciência. As diferentes abordagens para produção deste conhecimento científico, que tem no ser humano e no conhecimento simbólico produzido por ele seus principais objetos de estudo. Você aprendeu sobre os objetos das quatro principais subdisciplinas da Antropologia: Antropologia Biológica, Linguística, Arqueologia e Antropologia como Filosofia da Cultura. Você aprofundou o estudo sobre as diferentes concepções de cultura, destacando o entendimento dela enquanto dinâmica permanente de mudança e conservação de formas de pensar, agir e fazer, que se reproduzem tanto através da criação de elementos culturais internos como pela incorporação externa, pela aculturação ou assimilação. A concepção do Relativismo Cultural é uma concepção para o entendimento das diversas culturas e etnias presentes no mundo contemporâneo. Você aprendeu que a postura antropológica não é a classificação hierárquica das diferenças culturais, mas o desafio de se conhecer o Outro. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO 20 GOMES, M. P. Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura. 2º ed, 2º reimpressão, São Paulo: Contexto, 2012. REFERÊNCIAS Ciências Humanas: ciência que elenca o ser humano, suas ações sociais e sua relação com estrutura social como objeto de investigação. Ela subdivide-se em disciplinas ou áreas de conhecimentos como Sociologia, Economia, Ciência Política, Demografia, Antropologia, História, Filosofia, Psicologia e Pedagogia. Cosmologia: compreende toda manifestação do pensar, agir de uma cultura expressos em artefatos artísticos materiais ou imateriais, assim os objetos como instrumentos para utilidades cotidianas, ou de mitos ou cânticos, compreendem a estética particular de uma cultura diferente. Teoria da evolução: paradigma científico desenvolvido simultaneamente e de forma complementar por Alfred Russel Wallace (1823-1913) e Charles Darwin (1809-1882). Os pressupostos básicos são de que todas as espécies descendem de uma espécie em comum. As alterações biológicas teriam sido fruto do processo de seleção natural, ou seja, adaptação dos indivíduos a determinantes ambientais. Tais princípios influenciaram percepções distorcidas para análise do fenômeno da cultura humano, como os conceitos de determinismo biológico ou determinismo geográfico. GLOSSÁRIO 21 Aculturação: inclusão, mistura, sincretismo de elementos culturais de uma cultura por outra. Relativismo Cultural: princípio de que não é possível utilizar os parâmetros da cultura ocidental moderna como critério comparativo para o entendimento da cultura do Outro. Há que se tornar exótico o próprio modo de ser ocidental, para então conseguir alcançar o exercíciode reflexão sobre o que é o diferente culturalmente. Questão 1 Resposta: As representações acerca das diferenças étnicas regionais brasileiras, como, por exemplo, os preconceitos quanto ao modo ser, agir, pensar dos nordestinos em relação aos paulistas, bem como o inverso. Questão 2 Resposta: Alternativa C. Frans Boas foi o pioneiro em criticar a metodologia comparativa aplicada à antropologia, pois produzia-se um conhecimento que hierarquizava ao invés de se conhecer a diferença cultural. Questão 3 Resposta: A, D, B, C. Questão 4 Resposta: Alternativa D. Hábitos e Costumes – todos os comportamentos intelectuais e emocionais de um povo ou pequena comunidade GABARITO 22 Questão 5 Resposta: Alternativa A. Valores e comportamentos, segundo o antropólogo José Luis dos Santos, todas as dimensões da vida social. Questão 6 Resposta: Etnocentrismo é a atitude em que um grupo étnico considera sua cultura como superior, mais importante que os demais grupos ou manifestações culturais. Por cultura, o antropólogo Gomes (2012) sustenta o entendimento do modo de pensar, agir e fazer do homem em uma coletividade, sendo disposições conscientes e inconscientes. Questão 7 Resposta: Sítio Arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. Os artefatos como pinturas rupestres e ossadas permitiram a arqueóloga Neide Guidón sustentar a tese de que o homem teria povoado o continente americano há pelo menos 100 mil anos, anterior à tese norte-americana, que tem registros de 50 mil anos. Questão 8 Resposta: Termos como aculturação, ou seja, a ação de integrar elementos culturais externos, ou assimilação, ou seja, a integração de etnias a outras dinâmicas culturais como os povos indígenas, os imigrantes japoneses, italianos e espanhóis à dinâmica cultural brasileira. Questão 9 Resposta: Conforme Art. 216 da Constituição Federal de 1988, o patrimônio cultural brasileiro abrange tanto bens materiais quanto imateriais, os quais apresentem referências à identidade, ação, memória dos diferentes grupos étnicos brasileiros. Nele estão incluídos: I. as formas de expressão; II. modos de criar, fazer e viver; III. as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V. os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Cabe ao poder público e à comunidade proteger o patrimônio cultural brasileiro. GABARITO 23 GABARITO Questão 10 Resposta: Estruturalismo. Tem por objeto de investigação as estruturas subjacentes da cultura, manifestadas principalmente pelos mitos, como estudados entre os povos indígenas brasileiros, na década 1940. seç ões Tema 02 Métodos e Técnicas de Pesquisa na Antropologia SeçõesSeções Tema 02 Métodos e Técnicas de Pesquisa na Antropologia 27 Conteúdo Nessa aula você estudará: • A concepção geral do método antropológico. • As principais concepções metodológicas da antropologia contemporânea. • As técnicas de pesquisa para antropologia Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Como se faz pesquisa antropológica? CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura, do autor Mércio Pereira Gomes, editora Contexto, 2012, Livro- Texto n. 308. Roteiro de Estudo: Rafael AroniAntropologia Aplicada ao Serviço Social 28 CONTEÚDOSEHABILIDADES LEITURAOBRIGATÓRIA • Quais as principais concepções metodológicas para a ciência? • Quais são os principais instrumentos de pesquisa para produção do conhecimento antropológico? • Quais as diferenças entre as técnicas de pesquisa antropológica? Métodos e técnicas de pesquisa na Antropologia Como você estudou no tema anterior, a antropologia tem por objeto investigar e conhecer o Outro, sua cultura, seu modo de pensar, agir e ser socialmente. Esse exercício de experimentar a si mesmo em outra consciência, em outra forma de conceber o mundo, só é possível se estiver bem delimitada a fronteira do Eu, ou seja, de si mesmo, ter o conhecimento de si mesmo. Entretanto, aqui não interessa a perspectiva da psicanálise, no estudo da subjetividade humana, mas o entendimento do “Eu”, enquanto “coletivo, transcendental, é a cultura que está embutida em cada indivíduo, o Outro é simplesmente uma outra cultura, uma cultura que se coloca como objeto de entendimento” (GOMES, 2012, pp. 53, 54). Assim, os valores próprios do Eu transformam-se no primeiro obstáculo a ser transposto para inteligibilidade do diferente, de valores culturais próprios do Outro. Em outras palavras, o estranhamento inicial frente ao Outro leva a refletir sobre os próprios valores, e a atitude recorrente de tomá-los como parâmetros do correto, ou de supostamente serem melhores. Esse é o comportamento etnocêntrico: julgar a cultura do Outro a partir de seus valores culturais. Para o antropólogo, enquanto ser pensante que busca articular a compreensão do mundo através da linguagem, ele deve se abrir para cultura do Outro, portanto relativizar seus próprios valores culturais. O etnoexcentrismo é a postura da busca do diálogo e elementos de inteligibilidade, ao experimentar a cultura do e no Outro. Esse exercício requer parâmetros e critérios próprios da linguagem científico-filosófica para investigação. 29 LEITURAOBRIGATÓRIA O método científico é o exercício criterioso de se percorrer uma trajetória autorreflexiva para se chegar ao conhecimento de um objeto. “Método é palavra de origem grega que quer dizer ‘pelo caminho (meta+hodos)’ ou ‘meio para se chegar (ao objeto)’”. (GOMES, 2012, p. 53). Assim, método difere-se de técnica por ser um procedimento amplo, uma perspectiva epistemológica, a conformação da visão de mundo ou ontológica do pesquisador: A estratégia utilizada em qualquer pesquisa científica fundamenta-se em uma rede de pressupostos ontológicos e da natureza humana que definem o ponto de vista que o pesquisador tem do mundo que o rodeia. (RICHARDSON, 1999, p. 29). As principais metodologias científicas ou caminhos para se investigar um objeto nas ciências humanas e na antropologia são: 1. Método dialético: tem por pressuposto que os fenômenos naturais têm existência própria e ocupam lugar em um tempo e espaço. A realidade do mundo é externa e independente das consciências dos seres humanos. O materialismo dialético de Marx e Engels concebe a investigação das conexões contraditórias entre os objetos e os fenômenos, na particularidade da organização da sociedade capitalista. Busca investigar a articulação contraditória entre as dimensões aparentes do fenômeno e a essência interna de sua dinâmica. Tem na teleologia, no princípio que a história material da sociedade capitalista tem um destino final, sua superação por outra forma de organização social menos injusta. Portanto, há uma intencionalidade na forma como se conduz o método investigativo. 2. Método estruturalista: tem por objeto para investigação as representações mentais sobre a vida cotidiana, as quais são expressas pelos fenômenos linguísticos. O pioneiro nesta abordagem foi Ferdinand Saussure (1857-1913), com estudos sobre as relações e significados das articulações entre símbolos de linguagem. Derivada dessa abordagem, o antropólogo Claude Lèvi-Strauss buscou na sistematização do método estruturalista a investigação por elementos culturais subjacentes que estruturam as formas de organização social, por exemplo: as relações de parentesco e o tabu do incesto. Segundo Richardson (1999), o método estruturalista proposto por Lèvi-Straussé a permanente troca e atualização de elementos culturais conscientes e inconscientes: [...] o conhecimento que as pessoas têm das normas sociais que regulam determinada sociedade ou grupo. A função desses conhecimentos é perpetuar as crenças e os usos. Pelo contrário, os modelos inconscientes referem-se a fenômenos que ainda não foram organizados pelo sistema (p.41). 30 3. Método fenomenológico: sustenta que o objeto de investigação somente existe pela intencionalidade da consciência em conhecê-lo, portanto, sua manifestação na consciência do sujeito já produz o entendimento do fenômeno. Há intencionalidade da consciência no entendimento do objeto. De maneira complementar somente há percurso pelo caminho da investigação científica, por existirem instrumentos que auxiliam na análise da realidade social. A seguir serão apresentadas seis técnicas para pesquisa antropológica: 1. Observação Participante – Etnografia – Monografia A participação efetiva do pesquisador no convívio com a cultura e instituições propicia a experiência de vivência satisfatória para a produção de conhecimento antropológico, em se produzir formas de inteligibilidade da cultura do Outro. O pioneiro desta técnica foi Bronislav Malinowski (1884 – 1942), que em 1924 publicou o estudo Os argonautas do Pacífico Ocidental, etnografia, estudo documental que buscou apresentar as dimensões da vida social dos nativos Trobriandeses, não a partir de entrevistas, mas da observação dos comportamentos e participação cotidiana na comunidade nativa. Nesta técnica destaca-se a necessidade em se tecer uma relação de reciprocidade, confiança e respeito entre pesquisador e sujeitos pesquisados. Para sistematizar essa experiência no campo, sugere-se a elaboração de diário de campo, com observações do cotidiano vivenciado, não descartando o registro de sentimentos para posterior autorreflexão do pesquisador. Por último, a monografia é entendida pelo autor como o estudo de um único tema da vida social, tendo na etnografia uma ferramenta para essa análise. 2. Método Genealógico: técnica na qual se busca traçar uma espécie de quadro genealógico. Favorece principalmente estudos do sistema das relações de parentesco de uma comunidade e o entendimento das relações mais amplas que se estabelecem na comunidade. 3. História de Vida: instrumento que capta a trajetória de vida individual, geralmente relacionada às principais situações sociais vivenciadas. 4. Estudo de Caso: ou também chamado case study, inicialmente utilizado na antropologia para o estudo das comunidades africanas, e posterior aplicação para estudos urbanos. Favorece delimitar o estudo de particularidades ou dos aspectos diferentes a serem abordados em uma comunidade. LEITURAOBRIGATÓRIA 31 5. Método Comparativo ou Relativismo Cultural: permite a contextualização e posterior comparação de situações sociais, pelo pesquisador, para comparação em sistema social mais amplo. O antropólogo americano Frans Boas (1858-1942), já em 1895, apontou os limites desta técnica científica, que leva à concepção evolucionista da antropologia, portanto, reforça-se a perspectiva etnocêntrica. Não há como comparar diferentes culturas, o relativismo cultural é a reação que busca o caminho para o conhecimento de uma cultura diferente a partir dos próprios significados internos de sua dinâmica. Como Gomes (2012) aponta: “A ideia é que, se cada cultura é o que é, por sua própria essência e dinâmica, ela não pode ser entendida em relação a outra cultura – que, por sua vez, é distinta e única” (GOMES, 2012, p. 65). 6. Método Dialógico: a coleta de informações em uma pesquisa de campo acontece pelo diálogo com os pesquisados. Neste diálogo intercultural ocorre permanente troca de experiências simbólicas intersubjetivas, as quais serão objeto de interpretação e análise pelo antropólogo. LEITURAOBRIGATÓRIA LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Para aprofundar estudos sobre a corrente estruturalista consulte o artigo: THIRY-CHER- QUES, Hermano Roberto. O primeiro estruturalismo: método de pesquisa para as ciências da gestão. Rev. Adm. Contemp., Curitiba, v. 10, n. 2, Junho 2006. Disponível em: <http:// www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552006000200008&lng=en&nr m=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. Para conhecer a trajetória de Claude Lèvi-Strauss, acesse a resenha da tese de doutorado: SOUZA, Carla Delgado de.; GOLDSTEIN, Ilana Seltzer. Lévi-Strauss, antropologia e 32 LINKSIMPORTANTES arte: Minúsculo-incomensurável. Rev. Antropol., São Paulo, v. 51, n. 1, 2008. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 77012008000100013&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. Para conhecer o Método do Materialismo Histórico Dialético consulte o artigo: CHAGAS, E. F. O Método Dialético de Marx: Investigação e Exposição Crítica do Objeto. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/57446443/O-METODO-DIALETICO-DE-MARX-1-1>. Acesso em: 02 jan. 2014. Característica da trajetória da técnica de etnográfica na pesquisa antropológica, no artigo de MAGNANI, José Guilherme Cantor. Etnografia como prática e experiência. Horiz. an- tropol., Porto Alegre, v. 15, n. 32, Dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832009000200006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. Vídeos Damas, Reis e Valetes, de Cássia Miranda, Daniela Muzi, Felipe Cerqueira, Isabel Ostrower, Maíra Zenun, Rodrigo Cipoli. Disponível em: <http://www.youtube.com/ watch?v=aH5DITRS9DE>. Acesso em: 02 jan. 2014. Pequeno documentário feito por estudantes de antropologia visual retrata o passatempo de moradores da Vila Dois Rios, em Ilha Grande, Rio de Janeiro. O fato cotidiano e próximo do jogo de cartas, entre os moradores da localidade, é transformado em objeto para investigação antropológica. 33 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Uma característica da totalidade como pres- suposto da etnografia diz respeito à dupla face que apresenta: de um lado, a forma como é vivida pelos atores sociais e, de ou- tro, como é percebida e descrita pelo inves- tigador (MAGNANI, José Guilherme Cantor. Etnografia como prática e experiência. Ho- riz. antropol., Porto Alegre, v. 15, n. 32, Dez. 2009). Considerando seus conhecimentos e ex- periências, elabore um pequeno texto et- nográfico de alguma situação social viven- ciada de contato com algum grupo cultural diferente. Busque delimitar uma situação específica e registrar como se opera a dinâ- mica social da realidade observada. Como reagem os atores sociais e o pesquisador nessa pesquisa de campo? Questão 2: Meu método dialético não só é fundamen- talmente diverso do método de Hegel, se- não que é em tudo e por tudo, seu reverso. Para Hegel, o processo do pensamento que ele converte, inclusive, em sujeito com vida própria, sob o nome de ideia, é o demiurgo (criador) do real e este, a simples forma ex- terna em que toma corpo. Para mim, o ideal, pelo contrário, não é mais do que o material, traduzido e transposto para a cabeça do ho- mem. (MARX, K. O Capital: crítica da eco- nomia política, Editora Abril Cultural, 1983, pp. 20, 21). 34 O trecho faz referência a dois métodos dia- léticos distintos, que são: a) Dialética materialista e Dialética histórica. b) Dialética grega e Dialética especulativa. c) Dialética idealistae Dialética do materialismo histórico. d) Dialética grega e Dialética idealista. Questão 3: A atitude mais antiga e que repousa, sem dúvida, sobre fundamentos psicológicos só- lidos, pois que tende a reaparecer em cada um de nós quando somos colocados numa situação inesperada, consiste em repudiar pura e simplesmente as formas culturais, morais, religiosas, sociais e estéticas mais afastadas daquelas com que nos identifica- mos. (LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História Antropologia Estrutural Dois. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976). A qual conceito o texto se refere? a) Relativismo Cultural. b) Etnocentrismo. c) Egocentrismo. d) Determinismo Psicológico. Questão 4: É por uma razão muito profunda, que se prende à própria natureza da disciplina e ao caráter distintivo de seu objeto, que o antro- pólogo necessita da experiência do campo. Para ele, ela não é nem um objetivo de sua profissão, nem um remate de sua cultura, nem uma aprendizagem técnica. Represen- ta um momento crucial de sua educação, antes do qual ele poderá possuir conheci- mentos descontínuos que jamais formarão um todo, e após o qual, somente, estes co- nhecimentos se “prenderão” num conjunto orgânico e adquirirão um sentido que lhes faltava anteriormente. (Lévi-Strauss, Antro- pologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991, p. 415-416). A qual a técnica de pesquisa antropológica o texto se refere? a) Estudo de caso. b) Etnologia. c) Etnografia. d) Método Genealógico. Questão 5: A pesquisa científica lança mão de diver- sos instrumentos que auxiliam a análise da realidade social. Correlacione os métodos de pesquisa antropológica com suas res- pectivas definições e usos: AGORAÉASUAVEZ 35 a) Etnografia. b) Genealógico. c) História de Vida. d) Relativismo Cultural. ( ) Biografia individual através do le- vantamento de inúmeras esferas sociais. ( ) Busca o conhecimento de uma cul- tura a partir dos próprios significados inter- nos de sua dinâmica. ( ) Descrição densa da realidade a ser estudada, considerada uma ferramenta de observação, registro e interpretação de comportamentos sociais e modos de orga- nizações societais. ( ) Exposição da origem e ramifica- ções de uma família, beneficia estudos do sistema das relações de parentesco de uma comunidade. Questão 6: Numa conversa preliminar, entrevistador e entrevistado podem esclarecer aquilo que interessa a ambos, sem que o entrevis- tado tenha de preparar ou redigir notas, o que tira a espontaneidade e o interesse. [...] ao preparar a gravação, deve, pois definir sua problemática e escolher certo número de perguntas às quais não deve renunciar. No caso de um corpus, deve fazer certo número de perguntas a todas as testemu- nhas, para poder fazer comparações. Deve também determinar o tipo de discurso e de modelos de comportamento que irá anali- sar, considerando todas as variantes: sexo, idade, origem social, profissão ou ocupa- ção. (BAUER, M. W. & JOVCHELOVITCH, S. Entrevista Narrativa, In: BAUER, M. W. & GASKELL, G. (org.). Pesquisa Qualitativa com texto, imagem e som. 2a ed. Rio de Ja- neiro: Editora Vozes, 2003, p. 237). A entrevista é uma técnica que exige a ca- pacidade de ouvir a transmissão de uma narrativa e conhecimento da trajetória do interlocutor. Essa técnica pode ser utilizada em conjunto com quais outras técnicas? Questão 7: De acordo com Mércio Pereira Gomes, au- tor do Livro-Texto (Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura, 2º ed, 2º reim- pressão, São Paulo: Contexto, 2012), qual a diferença entre etnografia e etnologia? Questão 8: Meus diários são anotações que fiz dia a dia, lá nas aldeias, do que via, do que me acontecia e do que os índios me diziam (RI- BEIRO, Darcy. Diários Índios. São Paulo: Cia das Letras, 2006). A qual técnica de pesquisa antropológica o texto se refere? AGORAÉASUAVEZ 36 AGORAÉASUAVEZ Questão 9: [...] o autor é, simultaneamente, o seu pró- prio cronista e historiador, e embora as suas fontes sejam, sem dúvida, facilmente aces- síveis, elas são também altamente dúbias e complexas, não estão materializadas em documentos fixos e concretos, mas sim no comportamento e na memória dos homens vivos. (MALINOWSKI BK. Argonautas do Pacífico Ocidental: um relato do empreen- dimento e da aventura dos nativos nos ar- quipélagos da Nova Guiné Melanésia. 3ª ed. São Paulo: Abril Cultural; 1984). Bronislav Malinowski (1884-1942) é consi- derado antropólogo pioneiro em quais téc- nicas de pesquisa antropológica? Questão 10: Agora que você viu alguns aspectos da téc- nica da etnografia, processo de produção do conhecimento antropológico a partir da experiência em se conviver com a cultura do Outro, elabore um texto que aborde os desafios dessa técnica de pesquisa. RESPOSTA DISSERTATIVA RESPOSTA DISSERTATIVA 37 Neste tema você aprendeu sobre o método antropológico como exercício de experimentar a si mesmo em outra cultura; a sobre a necessidade de o pesquisador enfrentar seu próprio etnocentrismo, ou seja, lidar com suas pré-noções, seus valores culturais. Portanto, é imprescindível ao antropólogo relativizar seus próprios valores culturais para conhecer o diferente, a cultura do Outro. O método científico é o caminho criterioso para se conhecer o objeto investigado, o posicionar-se do pesquisador frente ao objeto. Você estudou conceitos como o Método Dialético, que busca o entendimento do objeto situado no contexto histórico e temporal, no permanente diálogo da contradição entre a aparência e essência do fenômeno. O Método Estruturalista, que entende a cultura como articulação entre símbolos de linguagem operando consciente e inconscientemente. O método Fenomenológico, o qual estabelece que o fenômeno pesquisado somente torna-se claro quando da intencionalidade da consciência em compreendê-lo. Você conheceu diferentes técnicas de pesquisa social, utilizadas pela antropologia como: 1. Observação Participante, Etnografia, Monografia; 2. Método Genealógico; 3. História de Vida; 4. Estudo de Caso; 5. Método Comparativo e Relativismo Cultural; e 6. Método Dialógico. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO 38 GOMES, M. P. Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura, 2º ed, 2º reimpressão, São Paulo: Contexto, 2012. LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História Antropologia Estrutural Dois. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976. RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas, São Paulo, Atlas, 1999. REFERÊNCIAS Etnocentrismo: atitude em que um grupo étnico considera sua cultura como superior, mais importante que os demais grupos ou manifestações culturais. Etnoexcentrismo: comportamento que busca sair de sua experiência cultural para vivenciar a diferença e diversidade cultural do Outro. Etnografia: técnica de estudo descritiva que prioriza investigar as várias dimensões e instituições da vida social: a religião, o trabalho, as relações de parentesco. Materialismo Dialético: concepção político-filosófica que analisa a realidade a partir do princípio de tornar evidente as contradições implícitas de um fenômeno social. Estruturalismo: prioriza-se o estudo dos sistemas simbólicos que operam consciente ou inconscientemente e permitem a comunicação entre os atores sociais. GLOSSÁRIO 39 Questão 1 Resposta: O exercício de elaboração da etnografia requer tornar exótico os comportamentos que são próximos, o registro de situações cotidianas, como por exemplo um jogo de cartas, ou aniversário, os frequentadores de uma praça; e quando descrito pelo pesquisador, tornam-se um objeto que permitirá estranhar e desnaturalizaras situações dos sujeitos pesquisados, ao elaborar questões e hipóteses que levem à interpretação dos significados culturais de determinada situação. Questão 2 Resposta: Alternativa C. A Dialética idealista proposta por Hegel concebe o objeto como a ideia criada pela consciência para seu entendimento. Estas concepções criadas pela consciência estão em permanente movimento e conflito com a realidade. A Dialética do materialismo histórico, segundo a concepção de Karl Marx, inverte essa lógica: a realidade existe independente da consciência. Ela é um processo histórico material contraditório. Questão 3 Resposta: Alternativa B. Etnocentrismo, segundo o trecho do texto, é a atitude de tornar inferiores aqueles valores ou comportamentos culturais que não são próximos. Questão 4 Resposta: Alternativa C. Etnografia como convívio com a cultura e instituições que propiciam a experiência de vivência satisfatória para a produção de conhecimento antropológico. Questão 5 Resposta: C, D, A, B. GABARITO 40 Questão 6 Resposta: A entrevista semiestruturada ou aberta pode ser conjugada com a pesquisa etnográfica, genealógica ou história de vida, por ser um importante instrumento para capturar narrativas da vida social dos entrevistados. Questão 7 Resposta: Etnografia é o estudo de registro e sistematização de dados coletados na pesquisa de campo sobre uma dimensão da vida social dos sujeitos pesquisados. Etnologia é o estudo comparativo entre etnografias para se obter estruturas, temas e instituições comuns entre povos pesquisados. Questão 8 Resposta: Etnografia e monografia. Questão 9 Resposta: Na produção de um trabalho etnográfico, com registros do modo de vida e cultural dos Trobriandeses, o qual resultou numa monografia sobre o “Kula”, o sistema de trocas estabelecidas entre os nativos da ilha. Questão 10 Resposta: Apontar o desafio de como o pesquisador tem que lidar com seu próprio etnocentrismo, como criar uma relação de confiança mútua com os pesquisados, a disciplina em sistematizar informações diariamente, com a elaboração de um diário de campo. O envolvimento com os sujeitos pesquisados, entretanto, a necessidade de se manter um distanciamento para poder ter objetividade na pesquisa. GABARITO 41 seç ões Tema 03 Categorias Sociais para a Antropologia SeçõesSeções Tema 03 Categorias Sociais para a Antropologia 45 Conteúdo Nessa aula você estudará: • As diferentes categorias sociais para a antropologia. • Breve histórico das discussões antropológicas para o conceito de raça. • A questão do racismo no Brasil. • A necessidade de outras abordagens antropológicas para o tema. Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura, do autor Mércio Pereira Gomes, editora Contexto, 2012, Livro- Texto n. 308. Roteiro de Estudo: Rafael AroniAntropologia Aplicada ao Serviço Social 46 CONTEÚDOSEHABILIDADES • Quais são as concepções antropológicas para categorias como etnia ou grupo étnico, povo e nação? • Como o conceito raça foi interpretado por diferentes correntes de pensamento para a antropologia? • Quais são as atuais discussões sobre o racismo no Brasil? • Por que é preciso se aprofundar sobre o racismo no Brasil? CONTEÚDOSEHABILIDADES Categorias Sociais para a Antropologia Você estudou nos dois temas anteriores as principais concepções teóricas e metodológicas para a elaboração do conhecimento antropológico. Nesse tema, você conhecerá as principais categorias de análise desta ciência. Por categorias entende-se o processo de sistematização dos dados empíricos coletados, a partir da observação de casos particulares, para posteriores proposições de conclusões gerais. No caso da Antropologia do final do século XIX, a sistematização de observações empíricas apontou para regras gerais ou padrões de sociabilização, presentes em todas as sociedades, como o tabu do incesto ou a proibição de relacionamento sexual com parentes próximos. Mecanismo fundamental para construção da instituição familiar como forma de reprodução da sociedade, na constituição de alianças e ou coligação de grupos humanos, pelo sistema de parentesco. Em sociedades do tipo igualitárias, nas quais o poder não é exercido de forma centralizada e hierarquizada, como na organização de um Estado, as relações de parentesco e LEITURAOBRIGATÓRIA 47 LEITURAOBRIGATÓRIALEITURAOBRIGATÓRIA outras formas particulares estabelecem a organização da sociedade. Por outro lado, nas sociedades em que a estrutura social produz e reproduz a desigualdade social, outras formas de sociabilidade são estabelecidas, das quais derivam situações de exclusão, ou a contraditória dinâmica da exclusão-inclusão de forma marginalizada e discriminatória. As distinções sociais deste tipo expressam o complexo de relações de poder presentes, as quais requerem uma análise a partir de categorias sociais, e que agregam grupo em uma dinâmica social não corporativa (GOMES, 2012, p. 83). Assim, categorias como etnia ou grupo étnico, povo ou nação, pressupõem um nível de ordenamento cooperativo entre os grupos internos a um território, portanto, presente em sociedades do tipo igualitárias. Por etnia ou grupo étnico Gomes (2012, p.83) define: “coletivo de pessoas que se autorreproduzem e se reconhecem como integradas por sentimentos de tradição e reciprocidade, diferenciando-se de outros coletivos por símbolos próprios”. De maneira complementar Nobbert Bobbio (1998, p. 450) define etnia como: “[...] grupo social cuja identidade se define pela comunidade de língua, cultura, tradições, monumentos históricos e território”. Assim, valores de lealdade ou deslealdade e formas particulares de pensar, agir e ser compõem a identidade dos ritos e costumes do grupo, que em geral são para referir-se a povos indígenas. Entretanto, a partir da década 1970, o conceito de “etnicidade” passa a ser utilizado em países europeus para reforçar diferenças identitárias de grupos europeus, principalmente quando em contato com a diversidade interna de etnias. Nesse contexto ficou explicitado o conflito entre, por exemplo, irlandeses e ingleses, bascos e castelhanos, alemães e turcos, franceses e argelinos, entre outros. Deles emergiram discussões sobre etnocentrismo, eurocentrismo, racismo e xenofobia. Outra categoria proposta é a de povo, entendido enquanto a integração de diversas etnias por um Estado, ao buscar traços de afinidade de sentimentos e comportamentos na diversidade das particularidades dos grupos presentes em um território. Exemplo recente de como é delicada essa formulação foram os conflitos étnicos que emergiram com o fim do Estado da Iugoslávia, composto pelas etnias sérvia, eslovena, bósnia, croata, e que levou a conflito bélico na década 1990. Outro exemplo são os conflitos que envolvem as etnias sunitas e xiitas em países como Iraque e Síria. A categoria nação implica a soberania em um espaço organizado, a partir das noções de etnia e povo, portanto, supõe a autodeterminação dos grupos ligados por laços duradouros de pertencimento a algum território. 48 Por outro lado, existem categorias sociais em que as divisões e distinções explicitam desigualdades estruturais e estruturantes da sociedade, como por exemplo, as diferenças de gênero e raça. Para categoria gênero entendem-se as diferenças culturais construídas historicamente (SCOTT, 1990) entre os papéis sociais e posições ocupadas na sociedade pelos homens e mulheres, as quais desafiam estudos em diversas áreas das Ciências Humanas. As concepções de que essas diferenças engendramcontradições nas posições sociais, econômicas e de prestígio foram acompanhadas pela luta dos movimentos feministas, a partir da década de 1960, ao questionar a hegemonia androcêntrica presente, não somente, em sociedades ocidentais. A contribuição da antropologia é suscitar reflexões culturais a partir dos dados de diferentes sociedades. Nesse sentido, o estudo de Margareth Mead (1901-1978), Crescendo em Samoa (1928), propõe-se a interpretar as influências biológicas e culturais nos comportamentos de adolescentes em Samoa, ilha do oceano Pacífico. Para a categoria social de raça, o histórico do pensamento antropológico remete à confusão inicial, influenciada pelas teorias racistas de Joseph Arthur de Gobineau (1816 -1882). Como proposto por Lévi-Strauss (1950, p. 53), o “pecado original” na formação da antropologia foi ter adotado o pressuposto puramente biológico da raça, apresentado por Gobineau, em que para além da suposta desigualdade biológica entre raças, defendia o suposto caráter de degenerescência das raças pela mestiçagem. Outra influência teórica que reforçou o eurocentrismo foi a teoria da evolução proposta por Charles Darwin (1809-1882), a qual, de forma mecânica, influenciou o pensamento social de interpretar uma suposta evolução gradativa dos seres humanos aplicada também às interpretações do desenvolvimento cultural. Nos Estados Unidos, no final do século XIX, Franz Boas (1858-1942) foi pioneiro em analisar, pela perspectiva culturalista, a categoria raça, e foi crítico da concepção do evolucionismo cultural pelos fatores como os determinantes biológicos para explicar as diferenças. Contra a suposta ideia de aptidões inatas biologicamente, Lévi-Strauss contribuiu para o pensamento da antropologia contemporânea ao propor a autorreflexão, em se ponderar os fatores estruturais como circunstâncias geográficas, históricas e sociológicas para reforçar o caráter não linear e diversificado do desenvolvimento cultural. Existem muito mais culturas humanas do que raças humanas; duas culturas elaboradas por homens pertencentes a uma mesma raça podem diferir tanto ou mais que duas culturas provenientes de grupos racialmente afastados (LÉVI- STRAUSS, 1976, p. 54). LEITURAOBRIGATÓRIA 49 Salienta que não há um sentido único para a dinâmica do desenvolvimento cultural, e há que se relativizar a concepção de que supostamente haveria etapas evolutivas para que raças ou etnias atingissem um mesmo estágio de progresso, que teria nas culturas europeias ou norte-americanas representantes de protótipos do final dessa escala. A partir da apresentação dessas diferentes interpretações para a categoria raça, Gomes (2012) aponta que a antropologia contemporânea buscou evitar seu uso, por “não acreditar na sua viabilidade como explicador de diferenças ou de semelhanças culturais entre os homens” (GOMES, 2012, p. 86). Entretanto, não se pode negar a permanência do racismo, ou seja, de diferentes formas de violência simbólica, discriminação, não reconhecimento e negação de atributos de identidade, crenças, costumes, tradições, enfim atributos étnicos, que estão além das percepções fenotípicas, como a cor da pele. Portanto, esse comportamento remete ao conceito de etnocentrismo, estudado nos temas anteriores, enquanto recusa do Outro, ou a grupos humanos. Ao abordar a questão do racismo no Brasil, remete-se à difícil situação para estudar esse fenômeno, pelo caráter ambíguo, velado e disfarçado como essa diferença hierarquizante é tratada no cotidiano da sociedade. Ninguém é racista, mas todos conhecem alguém que age de forma racista. Essa máxima popular remete ao processo histórico em que se reforçou uma ideologia da mestiçagem, o que torna ambíguo o comportamento a depender da posição social que o sujeito ocupar. Assim, há toda uma sorte de matizes de representações quanto à cor da pele e aos atributos fenotípicos, uma forma própria brasileira de lidar com a questão. Contudo não se supera o fato de persistir a discriminação racial, ela se torna latente. Como apontado por dados empíricos: No último censo nacional, o IBGE, deixando que cada pessoa identificasse sua “raça”, chegou aos seguintes números arredondados: 54% se consideram brancos; 37% se autoidentificam pardos; 6% se consideram negros; e os demais são amarelos, asiáticos, indígenas e outros. Em um experimento de pesquisa feito na década de 1990, viu-se que, se fosse usado o termo “moreno”, a autoidentificação como tal chegaria a cerca de 70% da população brasileira (GOMES, 2012, p. 88). O pensamento antropológico brasileiro apresenta contribuições para a questão racial desde o final do século XIX. Naquele momento, a ideologia do darwinismo social foi muito forte no processo de transição do trabalho escravo para o trabalho no regime de colonato, nas fazendas de café. As teses daquele período reforçavam o caráter de degenerescência pela mestiçagem, relegando a posição de exclusão os ex-escravos, mestiços, mamelucos, cafuzos e índios no processo da formação da sociedade agrária capitalista brasileira. LEITURAOBRIGATÓRIA 50 Várias são as contribuições de antropólogos brasileiros em desvelar a especificidade do racismo nacional. Em 1933, Gilberto Freyre (1900-1987), ao publicar o livro Casa-Grande e Senzala, apresenta a contribuição da cultura africana para a formação brasileira, além de formular a ideologia da “democracia racial”, que estabelece que “no Brasil não haveria preconceito de raça, mas tão somente preconceito de cor e de classe” (GOMES, 2012, p. 188). Muitas são as críticas a essa interpretação das relações raciais, uma vez que opera o inverso, em que atributos étnicos permanecem como cerceadores de oportunidades, e, portanto, limitam o ideal de democracia. Oracy Nogueira (1917-1996) propôs a interpretação do racismo não enquanto atributo étnico, mas de discriminação pela cor da pele, e mesmo assim a depender da posição social ocupada: quanto mais status e projeção social, ou seja, mais próximo ao ideal de brancura, menos os efeitos serão sentidos. Darcy Ribeiro (1922- 1997) observa o fenômeno do racismo brasileiro pela perspectiva do binômio segregação/ assimilação em que diferenças culturais africanas, indígenas e de imigrantes são acolhidas na medida em que gradualmente são incorporadas ao projeto político-cultural da elite hegemônica. Enfim, há necessidade de mais estudos, principalmente num contexto em que políticas públicas como as ações afirmativas que visam aumentar a percentagem de negros em universidades e no serviço público estão em curso, e explicitar a permanência da discriminação que é latente em na sociedade. LEITURAOBRIGATÓRIA 51 LINKSIMPORTANTES Quer saber mais sobre o assunto? Então: Sites Acesse o artigo de VAVASSORI, Mariana Barreto. Mudanças e permanências: um olhar antropológico sobre as relações de gênero na cultura brasileira. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 14, n. 2, Set. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2006000200019&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. Acesse o site do relatório da I Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Conexa, realizada em Durban, África do Sul, em 2001. Disponível em: <http://direitoshumanos.gddc.pt/pdf/Racismo.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014. Acesse o artigo GAHYVA, Helga da Cunha. “A epopeia da decadência”: um estudo sobre o Essai sur l’inégalité des races humaines (1853-1855), de Arthur de Gobineau. Mana, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, Dez. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0104-93132011000300001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. Nele, é feita uma análise critica de como o pensamento racista é anacrônico no próprio contexto cultural daquela época. Vídeos Documentário sobre a raça humana.Produzido pela TV Câmara. Direção de Dulce Queiroz. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=y_dbLLBPXLo>. Acesso em: 02 jan. 2014. O documentário apresenta a espinhosa questão da adoção das cotas raciais a partir de entrevista com alunos, funcionários e professores da Universidade de Brasília (UnB), umas primeiras instituições a implementar a política de cotas raciais. 52 Instruções: Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema. Questão 1: Examinar a representação dos atores e das atrizes negras em quase 50 anos de história da telenovela brasileira, principal indústria audiovisual e dramatúrgica do país, é trazer à tona a decadência do mito da democracia racial, sujando assim uma bela, mas falsa imagem que o Brasil sempre buscou difun- dir de si mesmo, fazendo crer que a partir de nossa condição de nação mestiça supera- mos o “problema racial” e somos um mode- lo de integração para o mundo. (ARAUJO, Joel Zito. O negro na dramaturgia, um caso exemplar da decadência do mito da demo- cracia racial brasileira. Rev. Estud. Fem., Florianópolis, v. 16, n. 3, Dez. 2008). Considerando o trecho acima e sua vivên- cia, aponte de que forma os meios de co- municação podem influenciar a discrimina- ção racial no Brasil. Questão 2: Como apresentado pelo texto, a discrimi- nação racial pela mídia está em apresentar sempre de forma subalterna a situação dos afrodescendentes na sociedade brasileira. Em relação à discriminação sofrida pelos nordestinos, principalmente na região Su- deste e Sul do Brasil, ela é denominada de: a) Discriminação por cor/etnia. b) Discriminação por gênero. AGORAÉASUAVEZ 53 c) Discriminação por orientação sexual. d) Discriminação por pertencimento geográfico. Questão 3: Como apresentado por Gomes (2012), existem categorias sociais em que as divi- sões e distinções explicitam desigualdades estruturais e estruturantes da sociedade. Correlacione essas categorias com seus respectivos conceitos: a) Raça. b) Gênero. c) Classe Social. d) Etnia. ( ) Coletivo de pessoas que se reconhecem como integradas por sentimentos de tradição e reciprocidade, diferenciando-se de outros coletivos por símbolos próprios. ( ) Diferenças biológicas e físicas utili- zadas para determinar atributos e compe- tências aos indivíduos ( ) Na tradição marxista, é a divisão da sociedade em dois grupos distintos, os que detêm os meios de produção versus os que detêm somente a força de trabalho. ( ) Diferenças culturais construídas historicamente entre os papéis sociais e posições ocupadas na sociedade entre ho- mens e mulheres. Questão 4: Considere as seguintes afirmações: I. A categoria raça tem validade científica na antropologia, por estar amparada por autores que comprovaram biologicamente as diferenças raciais. II. O darwinismo social foi uma corrente de pensamento que influenciou as discussões racistas no Brasil do século XIX, ao propor a tese da degenerescência pela miscigenação. III. Gilberto Freyre (1900-1987) foi um dos primeiros autores a defender a o combate ao racismo no Brasil, ao publicar a obra Casa-Grande e Senzala, em 1933. São erradas as alternativas: a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) I, II e III. e) Nenhuma das alternativas. Questão 5: Lévi-Strauss, ao propor que: “Existem mui- to mais culturas humanas do que raças humanas; duas culturas elaboradas por homens pertencentes a uma mesma raça AGORAÉASUAVEZ 54 podem diferir tanto ou mais que duas cul- turas provenientes de grupos racialmente afastados” (LÉVI-STRAUSS, 1976, p. 54), contribuiu com o argumento de que outros fatores estruturais influenciam na diversifi- cação e desenvolvimento cultural. Dentre eles destacam-se: a) Fatores psicológicos, biológicos e am- bientais. b) Fatores históricos, geográficos e socio- lógicos. c) Fatores da ecologia humana e ambien- tal. d) Fatores econômicos exclusivamente. e) Nenhuma das alternativas. Questão 6: A I Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intole- rância Conexa ocorreu em 2001, na cida- de Durban, na África do Sul. Evento con- temporâneo importante nos esforços da comunidade internacional no combate ao racismo, discriminação racial e intolerância no mundo. Com base nos principais antro- pólogos abordados no texto, quais são as interpretações deles para o racismo brasi- leiro? Questão 7: “A antropologia evita usar o termo raça, por não acreditar na sua viabilidade como ex- plicador de diferenças ou de semelhanças culturais entre os homens” (GOMES, 2012, p. 86). Por que o autor conclui pela inade- quação da categoria de análise de raça para antropologia do século XX? Questão 8: Historicamente, como a categoria raça era abordada por pensadores do século XIX e quais seus efeitos para o primórdio do pen- samento antropológico, de acordo com o texto? Questão 9: O conceito de etnia foi elaborado com base em estudos etnográficos de sociedades do tipo igualitárias. Com base na leitura do texto, aponte três características das socie- dades igualitárias. Questão 10: ”Por tradição, a Antropologia via a mu- lher como a segunda metade do homem na sociedade, como aquela categoria que tinha funções específicas, em geral reco- nhecidas como socialmente inferiores, mas complementares às do homem” (GOMES, 2012, p. 84). Com base na leitura do texto, quais são os desafios para a antropologia na utilização da categoria gênero? AGORAÉASUAVEZ 55 Neste tema você estudou diferentes categorias de análise para a antropologia. Elas compreendem o processo de sistematização dos dados empíricos coletados, a partir da observação de casos particulares, para posterior proposição de conclusões gerais. Categorias como etnia ou grupo étnico, povo e nação possuem elementos gerais que indicam a cooperação ou afinidade entre diferenças. Por etnia ou grupo étnico você estudou o que Gomes (2012) define por: “coletivo de pessoas que se autorreproduzem e se reconhecem como integradas por sentimentos de tradição e reciprocidade, diferenciando-se de outros coletivos por símbolos próprios” (GOMES, 2012, p. 83). A categoria povo, entendida enquanto a integração de diversas etnias por um Estado, ao buscar traços de afinidade de sentimentos e comportamentos na diversidade das particularidades dos grupos presentes em um território. A categoria nação implica a soberania em um território organizado a partir das noções de etnia e povo, portanto, implica na autodeterminação dos grupos ligados por laços duradouros. Por outro lado, existem categorias sociais em que as divisões e distinções explicitam desigualdades estruturais e estruturantes da sociedade, como por exemplo, as diferenças de gênero, raça e classe social. Para categoria gênero entendem-se as diferenças culturais construídas historicamente (SCOTT, 1990) entre os papéis sociais e posições ocupadas na sociedade pelos homens e mulheres. Para categoria raça, a antropologia contemporânea busca evitar sua utilização, por “não acreditar na sua viabilidade como explicador de diferenças ou de semelhanças culturais entre os homens” (GOMES, 2012, p. 86). Também foram estudadas as diferentes interpretações para o fenômeno do racismo brasileiro, e o indicativo da necessidade de novos estudos para elucidar este tema.. Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessarsua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos! FINALIZANDO 56 BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PAQUINO, G. Dicionário de política. Tradução de Carmen C. Varriale et al., Brasília, DF. Editora Universidade de Brasília, 1º ed., 1998. BOUDON, R.; BESNARD, P.; CHERKAQUI, M.; LÉCUYER, B.P. Dicionário de Sociologia. Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1990. GOMES, M. P. Antropologia: ciência do homem/filosofia da cultura, 2º ed, 2º reimpressão, São Paulo: Contexto, 2012. LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Coleção Os Pensadores. Abril Cultural, São Paulo, 1976. SCOTT, J. W. El gênero: una categoria útil para el análisis histórico. In: História y Gênero: las mujeres en lê Europa modern y contemporânea. Valence, Ed. Amely-Nash, 1990. REFERÊNCIAS GLOSSÁRIO Darwinismo Social: Origina-se da influência que a Teoria da Evolução e Seleção Natural, apresentada pelo biólogo e naturalista Charles Darwin na obra A Origem das Espécies (1859), teve ao ser transposta mecanicamente para a análise social e cultural das sociedades humanas (BOUDON et al., 1990). Sociedades igualitárias: Concepção antropológica para sociedades em que a organização política é baseada nos sistemas de parentesco, apresenta lideranças que são generosas para com os liderados e uma capacidade de articulação pela oratória de dádivas compartilhadas (GOMES, 2012, p.119- 120). 57 Xenofobismo: Comportamentos individuais ou manifestações coletivas de intolerância, ódio ou rejeição a imigrantes, comumente associados a Estados europeus. Eurocentrismo: “influência política, econômica, social, cultural etc., exercida pela Europa sobre outras áreas geológicas” (HOUAISS, 2009). Teorias racistas século XIX: Um dos seus principais autores foi Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882), diplomata e escritor francês, que ao publicar a obra Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas (1853-1855) tornou-se referência para fundamentar a ideologia que legitimou o racismo no século XIX e XX. GLOSSÁRIO GABARITO Questão 1 Resposta: Como apresentado pelo texto, a discriminação racial pela mídia está em apresentar sempre de forma subalterna a situação dos afrodescendentes na sociedade brasileira. Questão 2 Resposta: A alternativa correta é a d), pois uma das formas de discriminação que opera na realidade brasileira refere-se a grupos étnicos de origem em estados do Nordeste. Questão 3 Resposta: D, A, C e B. Questão 4 Resposta: Alternativa correta é a b) I e III. A afirmativa I é incorreta, pois a antropologia refuta a ideia de que as diferenças biológicas justificam as diferenças culturais e sociais. A afirmativa II é correta. No século XIX, a antropologia foi influenciada fortemente por ideias 58 racistas. A afirmativa III está errada, Gilberto Freyre buscou construir uma interpretação de que não existe racismo, na formação da cultura Brasileira. Questão 5 Resposta: Alternativa correta é a b). Segundo proposto por Lévi-Strauss, há que se considerar fatores históricos, geográficos e sociológicos para elaborar interpretações sobre as diferenças culturais e sociais na evolução das sociedades. Questão 6 Resposta: Conforme apresentado por Gomes (2012), Gilberto Freyre, (1900-1987) ao publicar o livro Casa-Grande e Senzala, buscou uma interpretação de que não havia racismo na formação social brasileira. Oracy Nogueira (1917-1996) propôs a interpretação do racismo não enquanto atributo étnico, mas de discriminação pela cor da pele, e mesmo assim a depender da posição social ocupada: quanto mais status e projeção social, ou seja, mais próximo ao ideal de brancura, menos os efeitos serão sentidos. Darcy Ribeiro (1922- 1997) observa o fenômeno do racismo brasileiro pela perspectiva do binômio segregação/ assimilação em que diferenças culturais africanas, indígenas e de imigrantes são acolhidas na medida em que gradualmente são incorporadas ao projeto político-cultural da elite hegemônica. Questão 7 Resposta: Gomes (2012) apresenta o histórico de surgimento e efeitos negativos dessa categoria para análise do projeto cultural brasileiro. Dentre eles destaca-se a negação ou a classificação, de forma a inferiorizar a cultura dos indígenas e afrodescendentes. Questão 8 Resposta: A categoria raça, para pensadores do século XIX, era uma forma de classificar e hierarquizar os grupos humanos a partir de concepções biológicas. O principal representante dessa perspectiva foi Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882) considerado um dos fundadores da teoria racista, que influenciou pensadores brasileiros. Questão 9 Resposta: Em sociedades do tipo igualitárias, o poder não é exercido de forma centralizada e hierarquizada, como na organização de um Estado; as relações de parentesco e outras GABARITO 59 GABARITO formas particulares estabelecem a organização da sociedade. A organização política baseada nos sistemas de parentesco apresenta lideranças que são generosas para com os liderados e uma capacidade de articulação pela oratória de dádivas compartilhadas. Questão 10 Resposta: O desafio para utilização da categoria gênero pela antropologia remete ao exercício teórico metodológico da disciplina, em desnaturalizar e estranhar relações próximas, como reconhecer as diferenças entre os papéis e posições desempenhadas por homens e mulheres. seç ões Tema 04 A Cultura Brasileira: do imaginário dos an- tropólogos às representações das culturas regionais nas diferentes classes sociais. SeçõesSeções Tema 04 A Cultura Brasileira: do imaginário dos an- tropólogos às representações das culturas regionais nas diferentes classes sociais. 63 Conteúdo Nessa aula você estudará: • As primeiras aproximações antropológicas sobre cultura brasileira. • A cultura brasileira pelo olhar dos antropólogos brasileiros. • A cultura pelo imaginário das tradições populares. Habilidades Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões: • Quais são as primeiras representações sobre a cultura brasileira no primórdio da antropologia? CONTEÚDOSEHABILIDADES Introdução ao Estudo da Disciplina Caro(a) aluno(a). Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura, do autor Mércio Pereira Gomes, editora Contexto, 2012, Livro- Texto n. 308. Roteiro de Estudo: Rafael AroniAntropologia Aplicada ao Serviço Social 64 • Como os principais antropólogos brasileiros interpretam a cultura brasileira? • Quais são as representações do imaginário popular para cultura? CONTEÚDOSEHABILIDADES A Cultura Brasileira: do imaginário dos antropólogos às representações regionais das diferentes classes sociais. Neste tema você estudará que a antropologia brasileira, ao longo do século XX, apresenta uma diversidade de temas de pesquisas e concepções teóricas para analisá- los, como problemas brasileiros, a influência de matrizes teóricas estrangeiras no campo acadêmico e/ou a circunstância histórica da formação social. É difícil traçar um elemento comum a todas essas abordagens. Entretanto, é possível notar que há uma persistência em um objeto de análise, que é a cultura brasileira, a qual perpassa todas as abordagens antropológicas. Os primórdios do conceito de cultura brasileira remetem às experiências de observadores e escritores que ainda no período colonial registram o processo de miscigenação e síntese das dinâmicas culturais nas particularidades da formação brasileira. Destaca-se do período colonial, os primórdios da observação no contato entre os europeus e as populações nativas, o que posteriormente tornou-se objeto para investigação antropológica, sobre a importância da cultura indígena na formação da cultura brasileira. Há diversas narrativas de cronistas como Hans Staden (1525-1579),
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