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SSO3_Antropologia_Aplicada_ao_Servico_Social (7)

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Serviço Social
Caderno de Atividades
Antropologia Aplicada ao Serviço Social
CLIQUEAQUIPARA
VIRARAPÁGINA
FICHA TÉCNICA
Equipe de Gestão Editorial
Regina Cláudia Fiorin
João Henrique Canella Fiório
Priscilla Ramos Capello
Análise de Processos
Juliana Cristina e Silva
Flávia Lopes
Revisão Textual
Alexia Galvão Alves
Giovana Valente Ferreira
Ingrid Favoretto
Julio Camillo
Luana Mercúrio
Diagramação
Célula de Inovação e Produção de Conteúdos
Caderno de Atividades
Serviço Social
Disciplina
Antropologia Aplicada ao Serviço Social
Coordenação do Curso
Elisa Cleia Pinheiro Rodrigues Nobre
Autor
Prof. Rafael Aroni
Chanceler
Ana Maria Costa de Sousa
Reitora
Leocádia Aglaé Petry Leme
Pró-Reitor Administrativo
Antonio Fonseca de Carvalho
Pró-Reitor de Graduação
Eduardo de Oliveira Elias
Pró-Reitor de Extensão
Ivo Arcangêlo Vedrúsculo Busato
Pró-Reitora de Pesquisa e PósGraduação
Luciana Paes de Andrade
Realização:
Diretoria de Planejamento de EAD 
José Manuel Moran 
Barbara Campos
Diretoria de Desenvolvimento de EAD 
Thais Costa de Sousa
Gerência de Design Educacional
Rodolfo Pinelli 
Gabriel Araújo
© 2013 Anhanguera Educacional
Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua 
portuguesa ou qualquer outro idioma.
Como citar esse documento:
ARONI, Rafael. Antropologia Aplicada ao 
Serviço Social, p. 1.-115, Valinhos, 2014. 
Disponível em: <http://www.anhanguera.com>. 
Acesso em: 3 fev. 2014.
Índice
Índice
Tema 01: Primeiras Aproximações ao Estudo de Antropologia 6
Tema 02: Métodos e Técnicas de Pesquisa na Antropologia 24
Tema 03: Categorias Sociais para a Antropologia 42
Tema 04: A Cultura Brasileira: do imaginário dos antropólogos às representações das culturas 
regionais nas diferentes classes sociais. 60
Tema 05: Outros Campos da Antropologia Contemporânea: o contínuo rural e urbano 78
Tema 06: Antropologia, Globalização e os Movimentos Contra-hegemônicos 96
seç
ões
Tema 01
Primeiras Aproximações ao Estudo de Antropologia
SeçõesSeções
Tema 01
Primeiras Aproximações ao Estudo de Antropologia
9
Conteúdo
Nessa aula você estudará: 
•	 Os principais significados da antropologia como ciência.
•	 O contexto de origem da antropologia contemporânea.
•	 As quatro subdisciplinas da antropologia e seus objetos de estudo.
•	 As acepções de cultura para a antropologia.
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Introdução ao Estudo da Disciplina 
Caro(a) aluno(a).
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: Antropologia: ciência do 
homem, filosofia da cultura, do autor Mércio Pereira Gomes, editora Contexto, 2012, Livro-
Texto n. 308.
Roteiro de Estudo:
Rafael AroniAntropologia Aplicada ao Serviço Social 
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Habilidades 
Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:
•	 Quais são os objetos de estudo da antropologia contemporânea?
•	 Em qual contexto histórico a antropologia torna-se uma ciência com importantes 
contribuições para as ciências humanas?
•	 Quais são os objetos de investigação da antropologia?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
LEITURAOBRIGATÓRIA
Primeiras Aproximações ao Estudo de Antropologia
A origem etimológica da Antropologia remete aos gregos anthropos, que significa 
homem, e logos, estudo. Portanto, é uma ciência humana que elege o ser humano 
enquanto objeto de investigação. Entretanto, a antropologia não foi criada pelos gregos, 
tal como a filosofia. Somente no contexto mais recente do Iluminismo (século XVIII), como 
você irá estudar, antropologia se estabelece enquanto ciência que busca investigar as 
possibilidades de ser e agir do ser humano, concepção muito próxima às da Filosofia. Uma 
primeira aproximação, a particularidade da antropologia é estudar o Outro, ou seja, busca-
se conhecer em outros povos e culturas valores próprios e que ao mesmo tempo reforçam 
a diversidade da característica humana. 
O fundamental do pensamento antropológico é conceber o Outro, toda sua cosmologia, 
sua cultura, suas explicações sobre a realidade social e o universo, no mesmo nível de 
quem busca observar esse Outro. 
Assim, 
a antropologia nasceu como um modo revolucionário e radical do homem pensar 
a si mesmo, que empurra o homem ao esforço de superar seus preconceitos, 
sua própria cultura, para poder entender e vivenciar a cultura do outro, ou seja, 
qualquer cultura. (GOMES, 2012, p.12).
11
LEITURAOBRIGATÓRIA
O contexto desta concepção de antropologia surge das experiências de contato das 
nações europeias com outros povos, no processo da expansão imperialista e estruturação 
do nascente processo econômico do capitalismo (séculos XV ao XX). Nesse contexto, a 
partir dos relatos das experiências por outras culturas são aprofundadas as investigações 
e análises, na especulação filosófica em se explicar ou interpretar outras culturas e outros 
seres humanos. A teoria da evolução de Charles Darwin (1809 – 1882) influenciou os 
primórdios da antropologia, em sustentar a dicotomia entre os homens civilizados (europeus 
ocidentais) e homem primitivo (sociedades indígenas) e uma suposta gradação evolutiva 
entre eles. 
A partir dos séculos XVIII e XIX, filósofos propõem outras interpretações com base em 
estudos empíricos na comparação de sociedades com diferentes formas de se organizar 
socialmente, em relação à sociedade capitalista.
Assim, a definição contemporânea para Antropologia seria a ciência que: 
busca tratar da questão básica da natureza do homem, de sua condição 
fundamental de ser uma espécie biológica, localizada na ordem dos primatas, 
na subordem dos antropóides, na família hominídea, no gênero dos hominídeos, 
como a espécie Homo sapiens (GOMES, 2012, p.15). 
Ao mesmo tempo há uma singularidade nessa espécie por tratar de sua capacidade de 
produzir, representar o mundo através de convenções simbólicas, as quais são mediadas 
através da linguagem entre as gerações e conformam padrões culturais.
Neste ponto é importante apresentar quatro subdisciplinas da Antropologia, seus objetos e 
forma de análise. 
Antropologia Biológica: busca classificar o Homo sapiens em uma ordem de uma suposta 
escala evolutiva. São duas questões fundamentais que se complementam. Em que momento 
o homem deixa de ser animal para ser humano e como classificar essa característica do 
homem, no contexto da natureza? Outra questão é o quanto de animal ainda existe no 
humano, ou o quanto de ser da natureza (GOMES, 2012, p. 16) reside na forma de ser e 
agir atual? E mais, estudos como Etologia buscam investigar se os elementos que tornam 
homens humanos estariam presentes em outros animais, como o comportamento social de 
antropoides se aproxima de características humanas e se haveria inteligência em outras 
espécies.
12
Arqueologia: têm por objeto o estudo de artefatos que expliquem tanto uma suposta 
origem evolutiva comum, quanto as formas pretéritas de organização social. Analisa as 
evidências concretas e estabelece interpretações hipotéticas sobre origens e trajetórias 
da espécie Homo sapiens. Nas universidades brasileiras, a arqueologia é uma importante 
área de estudo, pois intriga cientistas do mundo saber como o homem chegou às Américas; 
quais foram os movimentos migratórios gradativos nessa ocupação? Exemplos de sítios 
arqueológicos já encontrados são os sambaquis ao longo do litoral sul e sudeste brasileiro, 
e pinturas rupestres nos cerrados e caatingas nordestinas, além de cerâmicas encontradas 
na Ilha de Marajó, as quais revelam maior nível de complexidade cultural.
Linguística: objetiva construir o histórico de origem das línguas humanas, seus componentes 
fonéticos, as conexões e relações estabelecidas, suas mudanças e os significados culturaisatribuídos por esse sistema de forma inconsciente. Os estudos de Ferdinand de Saussurre 
influenciaram as investigações neste campo. As principais contribuições foram os estudos 
realizados por Claude Lévi-Strauss (1908-2009) com povos indígenas brasileiros, na década 
de 1940, para desvelar um sistema cultural subjacente que opera através da linguagem, 
que iniciaram uma nova corrente de pensamento chamada estruturalismo. 
Antropologia como Filosofia da Cultura: remete a influência de pensadores iluministas 
como Jean Jacque Rousseau (1712-1778), que de forma especulativa propôs os povos 
“ditos” primitivos, um caráter de universal da humanidade. Todos os povos teriam passado 
pelo estágio em que a organização social priorizava um convívio harmônico, conhecido 
como o mito do “bom selvagem”. Outras contribuições importantes foram de Emanuel Kant 
(1724-1804) e George Friedrich Hegel (1770-1831), os quais especularam sobre a natureza 
humana e a importância da cultura para essa formação. Outros pensadores como Karl Marx 
(1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1890) atribuíram a condição do homem enquanto ser 
cultural à forma como ele se relaciona com a natureza através do trabalho. 
Comum a essas disciplinas está a ideia de que a antropologia é uma ciência que busca 
pensar a condição humana e sua lógica de ser e agir, expressas em manifestações culturais 
através de símbolos. Dessa forma, os significados atribuídos ao conceito de cultura são 
centrais para o conhecimento antropológico. Sete são as categorias para agrupar possíveis 
definições para cultura (GOMES, 2012): 
1. Cultura como erudição: derivada da tradição do idealismo alemão, século XVIII, a 
formação intelectual e comportamental era considerada pelo status social como superior 
e refinada. A antropologia questiona essa acepção.
LEITURAOBRIGATÓRIA
13
2. Cultura como manifestações artísticas: há interesse pelas expressões imateriais como 
folclore, ritos, cânticos e as de artefatos. 
3. Cultura como hábitos e costumes: todos os comportamentos intelectuais e emocionais 
de um povo ou pequena comunidade.
4. Cultura como identidade coletiva: artefatos simbólicos compartilhados.
5. Cultura como sistema inconsciente estruturante: o blueprint, ou compartilhamento de 
uma estrutura subjacente, plataforma para expressões simbólicas que significam as 
experiências vivenciadas, por coletividades.
6. Cultura como valores e comportamentos: segundo o antropólogo José Luis dos Santos, 
todas as dimensões da vida social. 
7. Cultura como símbolos transmitidos pela linguagem: “tudo aquilo que o homem vivencia, 
realiza, adquire e transmite por meio da linguagem” (GOMES, 2012, p.35).
A definição para antropólogo Gomes é:
Cultura é o modo próprio de ser do homem em coletividade, que se realiza 
em parte consciente, em parte inconsciente, constituindo um sistema mais ou 
menos coerente de pensar, agir, fazer, relacionar-se, posicionar-se perante o 
Absoluto, e, enfim, reproduzir-se (p. 36).
O pensar, agir e fazer estão em permanente inter-relação reproduzindo, através da dinâmica 
mudança/conservação, a realidade da estrutura social, a partir do contato com elementos 
de outras culturas, ou a própria criação cultural interna desse sistema. Assim, surgiram 
termos como aculturação, ou seja, a ação de integrar elementos culturais externos, ou 
assimilação, ou seja, a integração de etnias a outras dinâmicas culturais, como os povos 
indígenas, os imigrantes japoneses, italianos e espanhóis à dinâmica cultural brasileira. 
Cabe salientar que esses processos não são lineares ou inflexíveis, com a possibilidade de 
retorno aos padrões culturais próximos aos estágios anteriores. 
Nesse ponto, conforme Gomes (2012), o conceito de relativismo cultural apresenta-se 
como novo paradigma ao conceber cada cultura em sua particularidade. Cada cultura é única, 
não há como estabelecer um processo valorativo, nem hierarquizá-las como superiores 
ou inferiores. Entretanto, Gomes (2012) adverte que não se pode confundir superioridade 
econômica, político-militar com superioridade cultural. Esse processo conhecido como 
globalização tem, por outro lado, estimulado processos de lealdade a tradições culturais 
locais, como forma de resistência à homogeneização. 
LEITURAOBRIGATÓRIA
14
Assim, a tradição enquanto forma de remeter a aspectos da formação passada, para 
Gomes (2012), é uma “ética”, um comportamento de lealdade ou deslealdade para com 
suas origens. O Folclore é manifestação dessa tradição, em se tecer elos de fidelidade com 
formas pretéritas de ser, agir e pensar de um povo. Câmara Cascudo foi um dos principais 
folcloristas brasileiros.
LEITURAOBRIGATÓRIA
LINKSIMPORTANTES
Quer saber mais sobre o assunto? 
Então:
Sites
Acesse o site da Associação Brasileira de Antropologia, na seção sobre novos números 
de Revistas de Antropologia. Disponível em: <http://www.abant.org.br/news/show/id/24>. 
Acesso em: 02 jan. 2014.
Acesse o site da Fundação Museu do Homem Americano. Disponível em: <http://www.
fumdham.org.br/>. Acesso em: 02 jan. 2014. Nele você encontra informações arqueológicas 
da presença humana mais antiga no continente americano.
Acesse o site do Museu Nacional UFRJ. Arqueologia, Cultura da Pré-história Brasileira, 
Cultura Marajoara. Disponível em: <http://www.museunacional.ufrj.br/MuseuNacional/
arqueologia/ARQUEOBRA/CULTMARAJO.htm>. Acesso em 02 jan. 2014. Conheça a arte 
cerâmica das populações pré-históricas da Ilha de Marajó.
15
Vídeos
Niéde Guidon: o povo de 100 mil anos, da série especial sobre o Parque Nacional da Serra 
da Capivara, no sudeste do Piauí, no qual a arqueóloga Niéde Guidon fala sobre a possível 
da presença hominídeos, datada há mais de 100 mil anos, em território brasileiro. Disponível 
em: <http://www.youtube.com/watch?v=ytodtEwVkTA&feature=related>. Acesso em: 02 
jan. 2014.
LINKSIMPORTANTES
Instruções: 
Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções 
das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão 
você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente 
os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de 
resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto 
e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema.
AGORAÉASUAVEZ
Questão 1:
A antropologia surgiu no século XVI e 
buscava compreender as diferentes so-
ciedades em termos de uma classificação 
comparativa, a partir de critérios estabele-
cidos pelo mundo europeu. A essa visão 
de mundo, contrária à ideia de diversidade 
das sociedades e culturas, denomina-se 
etnocentrismo, que consiste em pensar o 
mundo por meio de um referencial único, 
ou seja, tendo como referência a cultura, 
os valores e costumes de uma sociedade 
em detrimento de outras, manifestando-se 
por meio de julgamento de valores da cul-
tura do outro, seu modo de pensar e agir. 
(NAKAMURA, E. O método Etnográfico em 
Pesquisas na Área da Saúde: uma reflexão 
antropológica. Saúde Soc. São Paulo, v.20, 
n.1, p.95-103, 2011).
16
Considerando seus conhecimentos e expe-
riências, aponte situações vivenciadas em 
seu cotidiano que você julga serem etno-
cêntricas.
Questão 2:
Franz Boas, no final do século XIX, rede-
finiu os fundamentos da Antropologia ao 
considerar que “A humanidade é formada 
por grupos e culturas únicos e distintos em 
suas práticas e valores” (NAKAMURA, E. O 
método Etnográfico em Pesquisas na Área 
da Saúde: uma reflexão antropológica. 
Saúde Soc. São Paulo, v.20, n.1, p.95-103, 
2011). Sendo assim, é possível afirmar que 
a Antropologia tem como objeto de estudo:
a) O ser humano, e almeja compreender 
a forma pela qual a cultura possibilita a 
hierarquização das sociedades.
b) As sociedades contemporâneas, e 
busca compreender como a cultura, cren-
ças, comportamentos e valoresclassifi-
cam, comparativamente, as sociedades 
humanas. 
c) O ser humano, e busca compreender 
suas culturas, vistas como produto de 
contextos históricos particulares, expres-
sas através de crenças, valores e com-
portamentos. 
d) As sociedades indígenas, e busca 
compreender como as sociedades primiti-
vas evoluíram até às sociedades contem-
porâneas.
Questão 3:
A Antropologia pode ser dividida em quatro 
subdisciplinas com objetos de estudos es-
pecíficos. Correlacione as subdisciplinas e 
seu respectivo objeto de estudo:
a) Arqueologia.
b) Antropologia Biológica.
c) Antropologia como Filosofia da Cultura. 
d) Linguística. 
( ) Estudo da origem evolutiva e social 
do homem através do estudo de artefatos.
( ) Estudo da origem das línguas hu-
manas e os significados culturais atribuí-
dos a esse sistema de forma inconsciente.
( ) Classificação da espécie humana 
buscando compreender o momento em 
que este deixa de ser animal para ser hu-
mana. 
( ) Atribui aos povos primitivos um ca-
ráter de etapa universal da humanidade, 
resalta a importância da cultura para a for-
mação da natureza humana.
Questão 4:
A lenda do Bumba-Meu-Boi tem origem 
mista da cultura indígena, africana e 
europeia. É sobre uma pastorinha que 
procura seu boi perdido e ao longo 
da história se encontra com diversos 
personagens. Ao espalhar-se pelo país, o 
AGORAÉASUAVEZ
17
AGORAÉASUAVEZ
Bumba-Meu-Boi sofre diversas adaptações 
regionais. (Fonte: <http://www.brasil.gov.
br/infograficos/folclore-brasileiro>. Acesso 
em: 02 jan. 2014). As lendas e mitos são 
incorporados na definição de cultura como 
sendo:
a) Manifestações artísticas.
b) Valores e comportamentos.
c) Erudição.
d) Hábitos e costumes.
Questão 5:
Cultura é o modo próprio de ser do homem 
em coletividade que se realiza em parte 
consciente, em parte inconscientemente, 
constituindo um sistema mais ou menos co-
erente de pensar, agir, fazer, relacionar-se, 
posicionar-se perante o Absoluto, e, enfim 
reproduzir-se. (GOMES, M. P. Antropologia: 
ciência do homem, filosofia da cultura, 2º 
ed, 2º reimpressão, São Paulo: Contexto, 
2012, p. 36).
Segundo o trecho do texto acima, a cultura 
pode ser categorizada como:
a) Valores e comportamentos.
b) Folclore.
c) Erudição.
d) Sistema inconsciente estruturante.
Questão 6:
Muitas vezes, cotidianamente, é possível 
se deparar com julgamentos deturpados de 
modos de viver e pensar diferentes do pró-
prio. Baseado na leitura do texto, conceitue 
etnocentrismo e cultura. 
Questão 7:
Eram Homo sapiens arcaicos e vinham di-
retamente da África. Não se trata de des-
cartar a teoria da migração humana através 
de Bering de uns 14.000 anos atrás, senão 
de complementá-la com outras teorias. É 
impensável que o continente americano, 
com uma extensão de milhares de quilôme-
tros de norte a sul, tenha sido colonizado 
só pelo norte. Em minha opinião, o Homo 
sapiens saiu da África faz 130 milhões de 
anos. Como se sabe, o continente antigo já 
havia sido colonizado pelo Homo erectus, 
mas o Sapiens o suplantou e se dispersou 
por todo o planeta (exceto pela Antártida). 
Alguns deles se dirigiram em direção a Ásia 
e Europa, enquanto outros, provavelmente 
pescadores, foram arrastados pelas corren-
tes e chegaram a América do Sul, empur-
rados pelos ventos alísios. (Neide Guidón 
entrevistada por Yuri Leveratto. Disponível 
em: <http://www.yurileveratto.com/po/artico-
lo.php?Id=154>. Acesso em: 02 jan. 2014).
Com base no texto e nos seus conheci-
mentos da Arqueologia, pesquise qual o 
sítio arqueológico brasileiro referido na en-
18
AGORAÉASUAVEZ
trevista, quais os artefatos descobertos e 
como eles influenciaram a cultura.
Questão 8:
A cultura pode ser entendida como o com-
plexo sistema de permanente inter-relação 
de formas de pensar, agir e fazer que estão 
se reproduzindo, através da dinâmica mu-
dança/conservação, a realidade da estrutu-
ra social, a partir do contato com elementos 
de outras culturas, ou a própria criação cul-
tural interna desse sistema. De acordo com 
essa concepção, quais são as diferenças 
entre aculturação e assimilação?
Questão 9:
Pesquise o art. 206 da Constituição Fede-
ral Brasileira, de 1988, e apresente quais 
são os patrimônios culturais brasileiros e a 
quem compete o exercício de protegê-los.
Questão 10:
O mundo começou sem o homem e se con-
cluirá sem ele. As instituições, os usos e os 
costumes, que terei passado a minha vida a 
inventariar e a compreender, são uma eflo-
rescência passageira de uma criação em 
relação à qual não existe qualquer significa-
do, exceto talvez permitir que a humanida-
de possa desempenhar seu papel. (Claude 
Lévi-Strauss. Tristes trópicos. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1996, p. 390 [com 
adaptações]).
Pesquise a qual corrente de pensamento 
antropológico Lévi-Strauss se filia e qual o 
objeto que ela prioriza para estudo.
 
19
Nesse tema você aprendeu o contexto de surgimento da antropologia como ciência. 
As diferentes abordagens para produção deste conhecimento científico, que tem no ser 
humano e no conhecimento simbólico produzido por ele seus principais objetos de estudo. 
Você aprendeu sobre os objetos das quatro principais subdisciplinas da Antropologia: 
Antropologia Biológica, Linguística, Arqueologia e Antropologia como Filosofia da Cultura. 
Você aprofundou o estudo sobre as diferentes concepções de cultura, destacando o 
entendimento dela enquanto dinâmica permanente de mudança e conservação de formas 
de pensar, agir e fazer, que se reproduzem tanto através da criação de elementos culturais 
internos como pela incorporação externa, pela aculturação ou assimilação. A concepção do 
Relativismo Cultural é uma concepção para o entendimento das diversas culturas e etnias 
presentes no mundo contemporâneo. Você aprendeu que a postura antropológica não é a 
classificação hierárquica das diferenças culturais, mas o desafio de se conhecer o Outro. 
Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar 
sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos!
FINALIZANDO
20
GOMES, M. P. Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura. 2º ed, 2º reimpressão, 
São Paulo: Contexto, 2012.
REFERÊNCIAS
Ciências Humanas: ciência que elenca o ser humano, suas ações sociais e sua relação 
com estrutura social como objeto de investigação. Ela subdivide-se em disciplinas ou áreas 
de conhecimentos como Sociologia, Economia, Ciência Política, Demografia, Antropologia, 
História, Filosofia, Psicologia e Pedagogia.
Cosmologia: compreende toda manifestação do pensar, agir de uma cultura expressos 
em artefatos artísticos materiais ou imateriais, assim os objetos como instrumentos para 
utilidades cotidianas, ou de mitos ou cânticos, compreendem a estética particular de uma 
cultura diferente.
Teoria da evolução: paradigma científico desenvolvido simultaneamente e de forma 
complementar por Alfred Russel Wallace (1823-1913) e Charles Darwin (1809-1882). 
Os pressupostos básicos são de que todas as espécies descendem de uma espécie em 
comum. As alterações biológicas teriam sido fruto do processo de seleção natural, ou 
seja, adaptação dos indivíduos a determinantes ambientais. Tais princípios influenciaram 
percepções distorcidas para análise do fenômeno da cultura humano, como os conceitos 
de determinismo biológico ou determinismo geográfico. 
GLOSSÁRIO
21
Aculturação: inclusão, mistura, sincretismo de elementos culturais de uma cultura por 
outra.
Relativismo Cultural: princípio de que não é possível utilizar os parâmetros da cultura 
ocidental moderna como critério comparativo para o entendimento da cultura do Outro. 
Há que se tornar exótico o próprio modo de ser ocidental, para então conseguir alcançar o 
exercíciode reflexão sobre o que é o diferente culturalmente.
Questão 1
Resposta: As representações acerca das diferenças étnicas regionais brasileiras, como, 
por exemplo, os preconceitos quanto ao modo ser, agir, pensar dos nordestinos em relação 
aos paulistas, bem como o inverso.
Questão 2
Resposta: Alternativa C. Frans Boas foi o pioneiro em criticar a metodologia comparativa 
aplicada à antropologia, pois produzia-se um conhecimento que hierarquizava ao invés de 
se conhecer a diferença cultural.
Questão 3
Resposta: A, D, B, C.
Questão 4
Resposta: Alternativa D. Hábitos e Costumes – todos os comportamentos intelectuais e 
emocionais de um povo ou pequena comunidade 
GABARITO
22
Questão 5
Resposta: Alternativa A. Valores e comportamentos, segundo o antropólogo José Luis dos 
Santos, todas as dimensões da vida social.
Questão 6
Resposta: Etnocentrismo é a atitude em que um grupo étnico considera sua cultura como 
superior, mais importante que os demais grupos ou manifestações culturais. Por cultura, 
o antropólogo Gomes (2012) sustenta o entendimento do modo de pensar, agir e fazer do 
homem em uma coletividade, sendo disposições conscientes e inconscientes. 
Questão 7
Resposta: Sítio Arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. Os 
artefatos como pinturas rupestres e ossadas permitiram a arqueóloga Neide Guidón 
sustentar a tese de que o homem teria povoado o continente americano há pelo menos 100 
mil anos, anterior à tese norte-americana, que tem registros de 50 mil anos. 
Questão 8
Resposta: Termos como aculturação, ou seja, a ação de integrar elementos culturais 
externos, ou assimilação, ou seja, a integração de etnias a outras dinâmicas culturais como 
os povos indígenas, os imigrantes japoneses, italianos e espanhóis à dinâmica cultural 
brasileira.
Questão 9
Resposta: Conforme Art. 216 da Constituição Federal de 1988, o patrimônio cultural 
brasileiro abrange tanto bens materiais quanto imateriais, os quais apresentem referências 
à identidade, ação, memória dos diferentes grupos étnicos brasileiros. Nele estão incluídos: 
I. as formas de expressão; II. modos de criar, fazer e viver; III. as criações científicas, 
artísticas e tecnológicas; IV. as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços 
destinados às manifestações artístico-culturais; V. os conjuntos urbanos e sítios de valor 
histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Cabe 
ao poder público e à comunidade proteger o patrimônio cultural brasileiro.
GABARITO
23
GABARITO
Questão 10
Resposta: Estruturalismo. Tem por objeto de investigação as estruturas subjacentes da 
cultura, manifestadas principalmente pelos mitos, como estudados entre os povos indígenas 
brasileiros, na década 1940.
seç
ões
Tema 02
Métodos e Técnicas de Pesquisa na Antropologia
SeçõesSeções
Tema 02
Métodos e Técnicas de Pesquisa na Antropologia
27
Conteúdo
Nessa aula você estudará: 
•	 A concepção geral do método antropológico.
•	 As principais concepções metodológicas da antropologia contemporânea.
•	 As técnicas de pesquisa para antropologia
Habilidades 
Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:
•	 Como se faz pesquisa antropológica?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Introdução ao Estudo da Disciplina 
Caro(a) aluno(a).
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: Antropologia: ciência do 
homem, filosofia da cultura, do autor Mércio Pereira Gomes, editora Contexto, 2012, Livro-
Texto n. 308.
Roteiro de Estudo:
Rafael AroniAntropologia Aplicada ao Serviço Social 
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CONTEÚDOSEHABILIDADES
LEITURAOBRIGATÓRIA
•	 Quais as principais concepções metodológicas para a ciência?
•	 Quais são os principais instrumentos de pesquisa para produção do conhecimento 
antropológico?
•	 Quais as diferenças entre as técnicas de pesquisa antropológica?
Métodos e técnicas de pesquisa na Antropologia 
Como você estudou no tema anterior, a antropologia tem por objeto investigar e 
conhecer o Outro, sua cultura, seu modo de pensar, agir e ser socialmente. Esse exercício 
de experimentar a si mesmo em outra consciência, em outra forma de conceber o mundo, 
só é possível se estiver bem delimitada a fronteira do Eu, ou seja, de si mesmo, ter o 
conhecimento de si mesmo. Entretanto, aqui não interessa a perspectiva da psicanálise, 
no estudo da subjetividade humana, mas o entendimento do “Eu”, enquanto “coletivo, 
transcendental, é a cultura que está embutida em cada indivíduo, o Outro é simplesmente 
uma outra cultura, uma cultura que se coloca como objeto de entendimento” (GOMES, 
2012, pp. 53, 54).
Assim, os valores próprios do Eu transformam-se no primeiro obstáculo a ser transposto 
para inteligibilidade do diferente, de valores culturais próprios do Outro. Em outras palavras, 
o estranhamento inicial frente ao Outro leva a refletir sobre os próprios valores, e a atitude 
recorrente de tomá-los como parâmetros do correto, ou de supostamente serem melhores. 
Esse é o comportamento etnocêntrico: julgar a cultura do Outro a partir de seus valores 
culturais. Para o antropólogo, enquanto ser pensante que busca articular a compreensão 
do mundo através da linguagem, ele deve se abrir para cultura do Outro, portanto relativizar 
seus próprios valores culturais. O etnoexcentrismo é a postura da busca do diálogo e 
elementos de inteligibilidade, ao experimentar a cultura do e no Outro. Esse exercício requer 
parâmetros e critérios próprios da linguagem científico-filosófica para investigação.
29
LEITURAOBRIGATÓRIA
O método científico é o exercício criterioso de se percorrer uma trajetória autorreflexiva para 
se chegar ao conhecimento de um objeto. “Método é palavra de origem grega que quer 
dizer ‘pelo caminho (meta+hodos)’ ou ‘meio para se chegar (ao objeto)’”. (GOMES, 2012, p. 
53). Assim, método difere-se de técnica por ser um procedimento amplo, uma perspectiva 
epistemológica, a conformação da visão de mundo ou ontológica do pesquisador:
A estratégia utilizada em qualquer pesquisa científica fundamenta-se em uma 
rede de pressupostos ontológicos e da natureza humana que definem o ponto 
de vista que o pesquisador tem do mundo que o rodeia. (RICHARDSON, 1999, 
p. 29).
As principais metodologias científicas ou caminhos para se investigar um objeto nas ciências 
humanas e na antropologia são:
1. Método dialético: tem por pressuposto que os fenômenos naturais têm existência própria 
e ocupam lugar em um tempo e espaço. A realidade do mundo é externa e independente 
das consciências dos seres humanos. O materialismo dialético de Marx e Engels 
concebe a investigação das conexões contraditórias entre os objetos e os fenômenos, na 
particularidade da organização da sociedade capitalista. Busca investigar a articulação 
contraditória entre as dimensões aparentes do fenômeno e a essência interna de sua 
dinâmica. Tem na teleologia, no princípio que a história material da sociedade capitalista 
tem um destino final, sua superação por outra forma de organização social menos injusta. 
Portanto, há uma intencionalidade na forma como se conduz o método investigativo.
2. Método estruturalista: tem por objeto para investigação as representações mentais 
sobre a vida cotidiana, as quais são expressas pelos fenômenos linguísticos. O 
pioneiro nesta abordagem foi Ferdinand Saussure (1857-1913), com estudos sobre as 
relações e significados das articulações entre símbolos de linguagem. Derivada dessa 
abordagem, o antropólogo Claude Lèvi-Strauss buscou na sistematização do método 
estruturalista a investigação por elementos culturais subjacentes que estruturam as 
formas de organização social, por exemplo: as relações de parentesco e o tabu do 
incesto. Segundo Richardson (1999), o método estruturalista proposto por Lèvi-Straussé a permanente troca e atualização de elementos culturais conscientes e inconscientes: 
[...] o conhecimento que as pessoas têm das normas sociais que regulam 
determinada sociedade ou grupo. A função desses conhecimentos é perpetuar 
as crenças e os usos. Pelo contrário, os modelos inconscientes referem-se a 
fenômenos que ainda não foram organizados pelo sistema (p.41).
30
3. Método fenomenológico: sustenta que o objeto de investigação somente existe pela 
intencionalidade da consciência em conhecê-lo, portanto, sua manifestação na 
consciência do sujeito já produz o entendimento do fenômeno. Há intencionalidade da 
consciência no entendimento do objeto.
De maneira complementar somente há percurso pelo caminho da investigação científica, 
por existirem instrumentos que auxiliam na análise da realidade social. A seguir serão 
apresentadas seis técnicas para pesquisa antropológica:
1. Observação Participante – Etnografia – Monografia
A participação efetiva do pesquisador no convívio com a cultura e instituições propicia a 
experiência de vivência satisfatória para a produção de conhecimento antropológico, 
em se produzir formas de inteligibilidade da cultura do Outro. O pioneiro desta técnica 
foi Bronislav Malinowski (1884 – 1942), que em 1924 publicou o estudo Os argonautas 
do Pacífico Ocidental, etnografia, estudo documental que buscou apresentar as 
dimensões da vida social dos nativos Trobriandeses, não a partir de entrevistas, mas da 
observação dos comportamentos e participação cotidiana na comunidade nativa. Nesta 
técnica destaca-se a necessidade em se tecer uma relação de reciprocidade, confiança 
e respeito entre pesquisador e sujeitos pesquisados. Para sistematizar essa experiência 
no campo, sugere-se a elaboração de diário de campo, com observações do cotidiano 
vivenciado, não descartando o registro de sentimentos para posterior autorreflexão do 
pesquisador. Por último, a monografia é entendida pelo autor como o estudo de um 
único tema da vida social, tendo na etnografia uma ferramenta para essa análise.
2. Método Genealógico: técnica na qual se busca traçar uma espécie de quadro 
genealógico. Favorece principalmente estudos do sistema das relações de parentesco 
de uma comunidade e o entendimento das relações mais amplas que se estabelecem 
na comunidade.
3. História de Vida: instrumento que capta a trajetória de vida individual, geralmente 
relacionada às principais situações sociais vivenciadas.
4. Estudo de Caso: ou também chamado case study, inicialmente utilizado na antropologia 
para o estudo das comunidades africanas, e posterior aplicação para estudos urbanos. 
Favorece delimitar o estudo de particularidades ou dos aspectos diferentes a serem 
abordados em uma comunidade.
LEITURAOBRIGATÓRIA
31
5. Método Comparativo ou Relativismo Cultural: permite a contextualização e posterior 
comparação de situações sociais, pelo pesquisador, para comparação em sistema social 
mais amplo. O antropólogo americano Frans Boas (1858-1942), já em 1895, apontou 
os limites desta técnica científica, que leva à concepção evolucionista da antropologia, 
portanto, reforça-se a perspectiva etnocêntrica. Não há como comparar diferentes 
culturas, o relativismo cultural é a reação que busca o caminho para o conhecimento 
de uma cultura diferente a partir dos próprios significados internos de sua dinâmica. 
Como Gomes (2012) aponta: “A ideia é que, se cada cultura é o que é, por sua própria 
essência e dinâmica, ela não pode ser entendida em relação a outra cultura – que, por 
sua vez, é distinta e única” (GOMES, 2012, p. 65).
6. Método Dialógico: a coleta de informações em uma pesquisa de campo acontece pelo 
diálogo com os pesquisados. Neste diálogo intercultural ocorre permanente troca de 
experiências simbólicas intersubjetivas, as quais serão objeto de interpretação e análise 
pelo antropólogo.
LEITURAOBRIGATÓRIA
LINKSIMPORTANTES
Quer saber mais sobre o assunto? 
Então:
Sites
Para aprofundar estudos sobre a corrente estruturalista consulte o artigo: THIRY-CHER-
QUES, Hermano Roberto. O primeiro estruturalismo: método de pesquisa para as ciências 
da gestão. Rev. Adm. Contemp., Curitiba, v. 10, n. 2, Junho 2006. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-65552006000200008&lng=en&nr
m=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014.
Para conhecer a trajetória de Claude Lèvi-Strauss, acesse a resenha da tese de doutorado: 
SOUZA, Carla Delgado de.; GOLDSTEIN, Ilana Seltzer. Lévi-Strauss, antropologia e 
32
LINKSIMPORTANTES
arte: Minúsculo-incomensurável. Rev. Antropol., São Paulo, v. 51, n. 1, 2008. Disponível 
em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
77012008000100013&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014.
Para conhecer o Método do Materialismo Histórico Dialético consulte o artigo: CHAGAS, E. 
F. O Método Dialético de Marx: Investigação e Exposição Crítica do Objeto. Disponível em: 
<http://pt.scribd.com/doc/57446443/O-METODO-DIALETICO-DE-MARX-1-1>. Acesso em: 
02 jan. 2014.
Característica da trajetória da técnica de etnográfica na pesquisa antropológica, no artigo 
de MAGNANI, José Guilherme Cantor. Etnografia como prática e experiência. Horiz. an-
tropol., Porto Alegre, v. 15, n. 32, Dez. 2009. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104-71832009000200006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 
02 jan. 2014.
Vídeos
Damas, Reis e Valetes, de Cássia Miranda, Daniela Muzi, Felipe Cerqueira, Isabel 
Ostrower, Maíra Zenun, Rodrigo Cipoli. Disponível em: <http://www.youtube.com/
watch?v=aH5DITRS9DE>. Acesso em: 02 jan. 2014. Pequeno documentário feito por 
estudantes de antropologia visual retrata o passatempo de moradores da Vila Dois Rios, 
em Ilha Grande, Rio de Janeiro. O fato cotidiano e próximo do jogo de cartas, entre os 
moradores da localidade, é transformado em objeto para investigação antropológica.
33
Instruções: 
Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções 
das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão 
você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente 
os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de 
resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto 
e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema.
AGORAÉASUAVEZ
Questão 1:
Uma característica da totalidade como pres-
suposto da etnografia diz respeito à dupla 
face que apresenta: de um lado, a forma 
como é vivida pelos atores sociais e, de ou-
tro, como é percebida e descrita pelo inves-
tigador (MAGNANI, José Guilherme Cantor. 
Etnografia como prática e experiência. Ho-
riz. antropol., Porto Alegre, v. 15, n. 32, Dez. 
2009).
Considerando seus conhecimentos e ex-
periências, elabore um pequeno texto et-
nográfico de alguma situação social viven-
ciada de contato com algum grupo cultural 
diferente. Busque delimitar uma situação 
específica e registrar como se opera a dinâ-
mica social da realidade observada. Como 
reagem os atores sociais e o pesquisador 
nessa pesquisa de campo?
Questão 2:
Meu método dialético não só é fundamen-
talmente diverso do método de Hegel, se-
não que é em tudo e por tudo, seu reverso. 
Para Hegel, o processo do pensamento que 
ele converte, inclusive, em sujeito com vida 
própria, sob o nome de ideia, é o demiurgo 
(criador) do real e este, a simples forma ex-
terna em que toma corpo. Para mim, o ideal, 
pelo contrário, não é mais do que o material, 
traduzido e transposto para a cabeça do ho-
mem. (MARX, K. O Capital: crítica da eco-
nomia política, Editora Abril Cultural, 1983, 
pp. 20, 21). 
34
O trecho faz referência a dois métodos dia-
léticos distintos, que são:
a) Dialética materialista e Dialética 
histórica.
b) Dialética grega e Dialética especulativa.
c) Dialética idealistae Dialética do 
materialismo histórico.
d) Dialética grega e Dialética idealista.
Questão 3:
A atitude mais antiga e que repousa, sem 
dúvida, sobre fundamentos psicológicos só-
lidos, pois que tende a reaparecer em cada 
um de nós quando somos colocados numa 
situação inesperada, consiste em repudiar 
pura e simplesmente as formas culturais, 
morais, religiosas, sociais e estéticas mais 
afastadas daquelas com que nos identifica-
mos. (LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História 
Antropologia Estrutural Dois. Rio de Janeiro: 
Tempo Brasileiro, 1976).
A qual conceito o texto se refere?
a) Relativismo Cultural.
b) Etnocentrismo. 
c) Egocentrismo. 
d) Determinismo Psicológico.
Questão 4:
É por uma razão muito profunda, que se 
prende à própria natureza da disciplina e ao 
caráter distintivo de seu objeto, que o antro-
pólogo necessita da experiência do campo. 
Para ele, ela não é nem um objetivo de sua 
profissão, nem um remate de sua cultura, 
nem uma aprendizagem técnica. Represen-
ta um momento crucial de sua educação, 
antes do qual ele poderá possuir conheci-
mentos descontínuos que jamais formarão 
um todo, e após o qual, somente, estes co-
nhecimentos se “prenderão” num conjunto 
orgânico e adquirirão um sentido que lhes 
faltava anteriormente. (Lévi-Strauss, Antro-
pologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo 
Brasileiro, 1991, p. 415-416).
A qual a técnica de pesquisa antropológica 
o texto se refere?
a) Estudo de caso.
b) Etnologia. 
c) Etnografia.
d) Método Genealógico.
Questão 5:
A pesquisa científica lança mão de diver-
sos instrumentos que auxiliam a análise da 
realidade social. Correlacione os métodos 
de pesquisa antropológica com suas res-
pectivas definições e usos:
AGORAÉASUAVEZ
35
a) Etnografia.
b) Genealógico.
c) História de Vida.
d) Relativismo Cultural.
( ) Biografia individual através do le-
vantamento de inúmeras esferas sociais.
( ) Busca o conhecimento de uma cul-
tura a partir dos próprios significados inter-
nos de sua dinâmica.
( ) Descrição densa da realidade a ser 
estudada, considerada uma ferramenta de 
observação, registro e interpretação de 
comportamentos sociais e modos de orga-
nizações societais.
( ) Exposição da origem e ramifica-
ções de uma família, beneficia estudos do 
sistema das relações de parentesco de 
uma comunidade.
Questão 6:
Numa conversa preliminar, entrevistador e 
entrevistado podem esclarecer aquilo que 
interessa a ambos, sem que o entrevis-
tado tenha de preparar ou redigir notas, o 
que tira a espontaneidade e o interesse. [...] 
ao preparar a gravação, deve, pois definir 
sua problemática e escolher certo número 
de perguntas às quais não deve renunciar. 
No caso de um corpus, deve fazer certo 
número de perguntas a todas as testemu-
nhas, para poder fazer comparações. Deve 
também determinar o tipo de discurso e de 
modelos de comportamento que irá anali-
sar, considerando todas as variantes: sexo, 
idade, origem social, profissão ou ocupa-
ção. (BAUER, M. W. & JOVCHELOVITCH, 
S. Entrevista Narrativa, In: BAUER, M. W. 
& GASKELL, G. (org.). Pesquisa Qualitativa 
com texto, imagem e som. 2a ed. Rio de Ja-
neiro: Editora Vozes, 2003, p. 237).
A entrevista é uma técnica que exige a ca-
pacidade de ouvir a transmissão de uma 
narrativa e conhecimento da trajetória do 
interlocutor. Essa técnica pode ser utilizada 
em conjunto com quais outras técnicas?
Questão 7:
De acordo com Mércio Pereira Gomes, au-
tor do Livro-Texto (Antropologia: ciência do 
homem, filosofia da cultura, 2º ed, 2º reim-
pressão, São Paulo: Contexto, 2012), qual 
a diferença entre etnografia e etnologia?
Questão 8:
Meus diários são anotações que fiz dia a 
dia, lá nas aldeias, do que via, do que me 
acontecia e do que os índios me diziam (RI-
BEIRO, Darcy. Diários Índios. São Paulo: 
Cia das Letras, 2006). 
A qual técnica de pesquisa antropológica o 
texto se refere?
AGORAÉASUAVEZ
36
AGORAÉASUAVEZ
Questão 9:
[...] o autor é, simultaneamente, o seu pró-
prio cronista e historiador, e embora as suas 
fontes sejam, sem dúvida, facilmente aces-
síveis, elas são também altamente dúbias 
e complexas, não estão materializadas em 
documentos fixos e concretos, mas sim no 
comportamento e na memória dos homens 
vivos. (MALINOWSKI BK. Argonautas do 
Pacífico Ocidental: um relato do empreen-
dimento e da aventura dos nativos nos ar-
quipélagos da Nova Guiné Melanésia. 3ª ed. 
São Paulo: Abril Cultural; 1984). 
Bronislav Malinowski (1884-1942) é consi-
derado antropólogo pioneiro em quais téc-
nicas de pesquisa antropológica? 
Questão 10:
Agora que você viu alguns aspectos da téc-
nica da etnografia, processo de produção 
do conhecimento antropológico a partir da 
experiência em se conviver com a cultura 
do Outro, elabore um texto que aborde os 
desafios dessa técnica de pesquisa.
RESPOSTA DISSERTATIVA
RESPOSTA DISSERTATIVA
37
Neste tema você aprendeu sobre o método antropológico como exercício de 
experimentar a si mesmo em outra cultura; a sobre a necessidade de o pesquisador enfrentar 
seu próprio etnocentrismo, ou seja, lidar com suas pré-noções, seus valores culturais. 
Portanto, é imprescindível ao antropólogo relativizar seus próprios valores culturais para 
conhecer o diferente, a cultura do Outro. O método científico é o caminho criterioso para 
se conhecer o objeto investigado, o posicionar-se do pesquisador frente ao objeto. Você 
estudou conceitos como o Método Dialético, que busca o entendimento do objeto situado 
no contexto histórico e temporal, no permanente diálogo da contradição entre a aparência 
e essência do fenômeno. O Método Estruturalista, que entende a cultura como articulação 
entre símbolos de linguagem operando consciente e inconscientemente. O método 
Fenomenológico, o qual estabelece que o fenômeno pesquisado somente torna-se claro 
quando da intencionalidade da consciência em compreendê-lo. Você conheceu diferentes 
técnicas de pesquisa social, utilizadas pela antropologia como: 1. Observação Participante, 
Etnografia, Monografia; 2. Método Genealógico; 3. História de Vida; 4. Estudo de Caso; 5. 
Método Comparativo e Relativismo Cultural; e 6. Método Dialógico.
Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessar 
sua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos!
FINALIZANDO
38
GOMES, M. P. Antropologia: ciência do homem, filosofia da cultura, 2º ed, 2º reimpressão, 
São Paulo: Contexto, 2012.
LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História Antropologia Estrutural Dois. Rio de Janeiro: Tempo 
Brasileiro, 1976.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas, São Paulo, Atlas, 1999.
REFERÊNCIAS
Etnocentrismo: atitude em que um grupo étnico considera sua cultura como superior, mais 
importante que os demais grupos ou manifestações culturais.
Etnoexcentrismo: comportamento que busca sair de sua experiência cultural para vivenciar 
a diferença e diversidade cultural do Outro.
Etnografia: técnica de estudo descritiva que prioriza investigar as várias dimensões e 
instituições da vida social: a religião, o trabalho, as relações de parentesco.
Materialismo Dialético: concepção político-filosófica que analisa a realidade a partir do 
princípio de tornar evidente as contradições implícitas de um fenômeno social. 
Estruturalismo: prioriza-se o estudo dos sistemas simbólicos que operam consciente ou 
inconscientemente e permitem a comunicação entre os atores sociais.
GLOSSÁRIO
39
Questão 1
Resposta: O exercício de elaboração da etnografia requer tornar exótico os comportamentos 
que são próximos, o registro de situações cotidianas, como por exemplo um jogo de cartas, 
ou aniversário, os frequentadores de uma praça; e quando descrito pelo pesquisador, 
tornam-se um objeto que permitirá estranhar e desnaturalizaras situações dos sujeitos 
pesquisados, ao elaborar questões e hipóteses que levem à interpretação dos significados 
culturais de determinada situação. 
Questão 2
Resposta: Alternativa C. A Dialética idealista proposta por Hegel concebe o objeto como 
a ideia criada pela consciência para seu entendimento. Estas concepções criadas pela 
consciência estão em permanente movimento e conflito com a realidade. A Dialética do 
materialismo histórico, segundo a concepção de Karl Marx, inverte essa lógica: a realidade 
existe independente da consciência. Ela é um processo histórico material contraditório.
Questão 3
Resposta: Alternativa B. Etnocentrismo, segundo o trecho do texto, é a atitude de tornar 
inferiores aqueles valores ou comportamentos culturais que não são próximos. 
Questão 4
Resposta: Alternativa C. Etnografia como convívio com a cultura e instituições que propiciam 
a experiência de vivência satisfatória para a produção de conhecimento antropológico. 
Questão 5
Resposta: C, D, A, B.
GABARITO
40
Questão 6
Resposta: A entrevista semiestruturada ou aberta pode ser conjugada com a pesquisa 
etnográfica, genealógica ou história de vida, por ser um importante instrumento para capturar 
narrativas da vida social dos entrevistados.
Questão 7
Resposta: Etnografia é o estudo de registro e sistematização de dados coletados na 
pesquisa de campo sobre uma dimensão da vida social dos sujeitos pesquisados. Etnologia 
é o estudo comparativo entre etnografias para se obter estruturas, temas e instituições 
comuns entre povos pesquisados.
Questão 8
Resposta: Etnografia e monografia.
Questão 9
Resposta: Na produção de um trabalho etnográfico, com registros do modo de vida e 
cultural dos Trobriandeses, o qual resultou numa monografia sobre o “Kula”, o sistema de 
trocas estabelecidas entre os nativos da ilha. 
Questão 10
Resposta: Apontar o desafio de como o pesquisador tem que lidar com seu próprio 
etnocentrismo, como criar uma relação de confiança mútua com os pesquisados, a disciplina 
em sistematizar informações diariamente, com a elaboração de um diário de campo. O 
envolvimento com os sujeitos pesquisados, entretanto, a necessidade de se manter um 
distanciamento para poder ter objetividade na pesquisa.
GABARITO
41
seç
ões
Tema 03
Categorias Sociais para a Antropologia
SeçõesSeções
Tema 03
Categorias Sociais para a Antropologia
45
Conteúdo
Nessa aula você estudará: 
•	 As diferentes categorias sociais para a antropologia.
•	 Breve histórico das discussões antropológicas para o conceito de raça.
•	 A questão do racismo no Brasil.
•	 A necessidade de outras abordagens antropológicas para o tema.
Habilidades 
Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Introdução ao Estudo da Disciplina 
Caro(a) aluno(a).
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: Antropologia: ciência do 
homem, filosofia da cultura, do autor Mércio Pereira Gomes, editora Contexto, 2012, Livro-
Texto n. 308.
Roteiro de Estudo:
Rafael AroniAntropologia Aplicada ao Serviço Social 
46
CONTEÚDOSEHABILIDADES
•	 Quais são as concepções antropológicas para categorias como etnia ou grupo étnico, 
povo e nação?
•	 Como o conceito raça foi interpretado por diferentes correntes de pensamento para a 
antropologia?
•	 Quais são as atuais discussões sobre o racismo no Brasil?
•	 Por que é preciso se aprofundar sobre o racismo no Brasil?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Categorias Sociais para a Antropologia
Você estudou nos dois temas anteriores as principais concepções teóricas e 
metodológicas para a elaboração do conhecimento antropológico. Nesse tema, você 
conhecerá as principais categorias de análise desta ciência. Por categorias entende-se 
o processo de sistematização dos dados empíricos coletados, a partir da observação de 
casos particulares, para posteriores proposições de conclusões gerais. 
No caso da Antropologia do final do século XIX, a sistematização de observações empíricas 
apontou para regras gerais ou padrões de sociabilização, presentes em todas as sociedades, 
como o tabu do incesto ou a proibição de relacionamento sexual com parentes próximos. 
Mecanismo fundamental para construção da instituição familiar como forma de reprodução 
da sociedade, na constituição de alianças e ou coligação de grupos humanos, pelo sistema 
de parentesco.
Em sociedades do tipo igualitárias, nas quais o poder não é exercido de forma centralizada 
e hierarquizada, como na organização de um Estado, as relações de parentesco e 
LEITURAOBRIGATÓRIA
47
LEITURAOBRIGATÓRIALEITURAOBRIGATÓRIA
outras formas particulares estabelecem a organização da sociedade. Por outro lado, nas 
sociedades em que a estrutura social produz e reproduz a desigualdade social, outras 
formas de sociabilidade são estabelecidas, das quais derivam situações de exclusão, ou a 
contraditória dinâmica da exclusão-inclusão de forma marginalizada e discriminatória. As 
distinções sociais deste tipo expressam o complexo de relações de poder presentes, as 
quais requerem uma análise a partir de categorias sociais, e que agregam grupo em uma 
dinâmica social não corporativa (GOMES, 2012, p. 83).
Assim, categorias como etnia ou grupo étnico, povo ou nação, pressupõem um nível de 
ordenamento cooperativo entre os grupos internos a um território, portanto, presente em 
sociedades do tipo igualitárias. Por etnia ou grupo étnico Gomes (2012, p.83) define: “coletivo 
de pessoas que se autorreproduzem e se reconhecem como integradas por sentimentos 
de tradição e reciprocidade, diferenciando-se de outros coletivos por símbolos próprios”. 
De maneira complementar Nobbert Bobbio (1998, p. 450) define etnia como: “[...] grupo 
social cuja identidade se define pela comunidade de língua, cultura, tradições, monumentos 
históricos e território”. Assim, valores de lealdade ou deslealdade e formas particulares 
de pensar, agir e ser compõem a identidade dos ritos e costumes do grupo, que em geral 
são para referir-se a povos indígenas. Entretanto, a partir da década 1970, o conceito de 
“etnicidade” passa a ser utilizado em países europeus para reforçar diferenças identitárias 
de grupos europeus, principalmente quando em contato com a diversidade interna de etnias. 
Nesse contexto ficou explicitado o conflito entre, por exemplo, irlandeses e ingleses, bascos 
e castelhanos, alemães e turcos, franceses e argelinos, entre outros. Deles emergiram 
discussões sobre etnocentrismo, eurocentrismo, racismo e xenofobia.
Outra categoria proposta é a de povo, entendido enquanto a integração de diversas etnias por 
um Estado, ao buscar traços de afinidade de sentimentos e comportamentos na diversidade 
das particularidades dos grupos presentes em um território. Exemplo recente de como é 
delicada essa formulação foram os conflitos étnicos que emergiram com o fim do Estado da 
Iugoslávia, composto pelas etnias sérvia, eslovena, bósnia, croata, e que levou a conflito 
bélico na década 1990. Outro exemplo são os conflitos que envolvem as etnias sunitas e 
xiitas em países como Iraque e Síria.
A categoria nação implica a soberania em um espaço organizado, a partir das noções de 
etnia e povo, portanto, supõe a autodeterminação dos grupos ligados por laços duradouros 
de pertencimento a algum território.
48
Por outro lado, existem categorias sociais em que as divisões e distinções explicitam 
desigualdades estruturais e estruturantes da sociedade, como por exemplo, as diferenças 
de gênero e raça.
Para categoria gênero entendem-se as diferenças culturais construídas historicamente 
(SCOTT, 1990) entre os papéis sociais e posições ocupadas na sociedade pelos homens 
e mulheres, as quais desafiam estudos em diversas áreas das Ciências Humanas. As 
concepções de que essas diferenças engendramcontradições nas posições sociais, 
econômicas e de prestígio foram acompanhadas pela luta dos movimentos feministas, a 
partir da década de 1960, ao questionar a hegemonia androcêntrica presente, não somente, 
em sociedades ocidentais. A contribuição da antropologia é suscitar reflexões culturais a 
partir dos dados de diferentes sociedades. Nesse sentido, o estudo de Margareth Mead 
(1901-1978), Crescendo em Samoa (1928), propõe-se a interpretar as influências biológicas 
e culturais nos comportamentos de adolescentes em Samoa, ilha do oceano Pacífico.
Para a categoria social de raça, o histórico do pensamento antropológico remete à confusão 
inicial, influenciada pelas teorias racistas de Joseph Arthur de Gobineau (1816 -1882). Como 
proposto por Lévi-Strauss (1950, p. 53), o “pecado original” na formação da antropologia 
foi ter adotado o pressuposto puramente biológico da raça, apresentado por Gobineau, em 
que para além da suposta desigualdade biológica entre raças, defendia o suposto caráter 
de degenerescência das raças pela mestiçagem. Outra influência teórica que reforçou o 
eurocentrismo foi a teoria da evolução proposta por Charles Darwin (1809-1882), a qual, 
de forma mecânica, influenciou o pensamento social de interpretar uma suposta evolução 
gradativa dos seres humanos aplicada também às interpretações do desenvolvimento 
cultural.
Nos Estados Unidos, no final do século XIX, Franz Boas (1858-1942) foi pioneiro em analisar, 
pela perspectiva culturalista, a categoria raça, e foi crítico da concepção do evolucionismo 
cultural pelos fatores como os determinantes biológicos para explicar as diferenças.
Contra a suposta ideia de aptidões inatas biologicamente, Lévi-Strauss contribuiu para o 
pensamento da antropologia contemporânea ao propor a autorreflexão, em se ponderar os 
fatores estruturais como circunstâncias geográficas, históricas e sociológicas para reforçar 
o caráter não linear e diversificado do desenvolvimento cultural. 
Existem muito mais culturas humanas do que raças humanas; duas culturas 
elaboradas por homens pertencentes a uma mesma raça podem diferir tanto ou 
mais que duas culturas provenientes de grupos racialmente afastados (LÉVI-
STRAUSS, 1976, p. 54). 
LEITURAOBRIGATÓRIA
49
Salienta que não há um sentido único para a dinâmica do desenvolvimento cultural, e há que 
se relativizar a concepção de que supostamente haveria etapas evolutivas para que raças 
ou etnias atingissem um mesmo estágio de progresso, que teria nas culturas europeias ou 
norte-americanas representantes de protótipos do final dessa escala. 
A partir da apresentação dessas diferentes interpretações para a categoria raça, Gomes 
(2012) aponta que a antropologia contemporânea buscou evitar seu uso, por “não acreditar 
na sua viabilidade como explicador de diferenças ou de semelhanças culturais entre os 
homens” (GOMES, 2012, p. 86). Entretanto, não se pode negar a permanência do racismo, 
ou seja, de diferentes formas de violência simbólica, discriminação, não reconhecimento e 
negação de atributos de identidade, crenças, costumes, tradições, enfim atributos étnicos, que 
estão além das percepções fenotípicas, como a cor da pele. Portanto, esse comportamento 
remete ao conceito de etnocentrismo, estudado nos temas anteriores, enquanto recusa do 
Outro, ou a grupos humanos.
Ao abordar a questão do racismo no Brasil, remete-se à difícil situação para estudar esse 
fenômeno, pelo caráter ambíguo, velado e disfarçado como essa diferença hierarquizante é 
tratada no cotidiano da sociedade. Ninguém é racista, mas todos conhecem alguém que age 
de forma racista. Essa máxima popular remete ao processo histórico em que se reforçou 
uma ideologia da mestiçagem, o que torna ambíguo o comportamento a depender da 
posição social que o sujeito ocupar. Assim, há toda uma sorte de matizes de representações 
quanto à cor da pele e aos atributos fenotípicos, uma forma própria brasileira de lidar com 
a questão. Contudo não se supera o fato de persistir a discriminação racial, ela se torna 
latente. Como apontado por dados empíricos: 
No último censo nacional, o IBGE, deixando que cada pessoa identificasse 
sua “raça”, chegou aos seguintes números arredondados: 54% se consideram 
brancos; 37% se autoidentificam pardos; 6% se consideram negros; e os 
demais são amarelos, asiáticos, indígenas e outros. Em um experimento 
de pesquisa feito na década de 1990, viu-se que, se fosse usado o termo 
“moreno”, a autoidentificação como tal chegaria a cerca de 70% da população 
brasileira (GOMES, 2012, p. 88).
O pensamento antropológico brasileiro apresenta contribuições para a questão racial desde 
o final do século XIX. Naquele momento, a ideologia do darwinismo social foi muito forte 
no processo de transição do trabalho escravo para o trabalho no regime de colonato, nas 
fazendas de café. As teses daquele período reforçavam o caráter de degenerescência 
pela mestiçagem, relegando a posição de exclusão os ex-escravos, mestiços, mamelucos, 
cafuzos e índios no processo da formação da sociedade agrária capitalista brasileira. 
LEITURAOBRIGATÓRIA
50
Várias são as contribuições de antropólogos brasileiros em desvelar a especificidade do 
racismo nacional. Em 1933, Gilberto Freyre (1900-1987), ao publicar o livro Casa-Grande 
e Senzala, apresenta a contribuição da cultura africana para a formação brasileira, além 
de formular a ideologia da “democracia racial”, que estabelece que “no Brasil não haveria 
preconceito de raça, mas tão somente preconceito de cor e de classe” (GOMES, 2012, p. 
188). Muitas são as críticas a essa interpretação das relações raciais, uma vez que opera 
o inverso, em que atributos étnicos permanecem como cerceadores de oportunidades, e, 
portanto, limitam o ideal de democracia. Oracy Nogueira (1917-1996) propôs a interpretação 
do racismo não enquanto atributo étnico, mas de discriminação pela cor da pele, e mesmo 
assim a depender da posição social ocupada: quanto mais status e projeção social, ou seja, 
mais próximo ao ideal de brancura, menos os efeitos serão sentidos. Darcy Ribeiro (1922-
1997) observa o fenômeno do racismo brasileiro pela perspectiva do binômio segregação/
assimilação em que diferenças culturais africanas, indígenas e de imigrantes são acolhidas 
na medida em que gradualmente são incorporadas ao projeto político-cultural da elite 
hegemônica.
Enfim, há necessidade de mais estudos, principalmente num contexto em que políticas 
públicas como as ações afirmativas que visam aumentar a percentagem de negros 
em universidades e no serviço público estão em curso, e explicitar a permanência da 
discriminação que é latente em na sociedade. 
LEITURAOBRIGATÓRIA
51
LINKSIMPORTANTES
Quer saber mais sobre o assunto? 
Então:
Sites
Acesse o artigo de VAVASSORI, Mariana Barreto. Mudanças e permanências: um 
olhar antropológico sobre as relações de gênero na cultura brasileira. Rev. Estud. 
Fem., Florianópolis, v. 14, n. 2, Set. 2006. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2006000200019&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 
02 jan. 2014.
Acesse o site do relatório da I Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, 
Xenofobia e Intolerância Conexa, realizada em Durban, África do Sul, em 2001. Disponível 
em: <http://direitoshumanos.gddc.pt/pdf/Racismo.pdf>. Acesso em: 02 jan. 2014.
Acesse o artigo GAHYVA, Helga da Cunha. “A epopeia da decadência”: um estudo sobre o 
Essai sur l’inégalité des races humaines (1853-1855), de Arthur de Gobineau. Mana, Rio de 
Janeiro, v. 17, n. 3, Dez. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-93132011000300001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 02 jan. 2014. 
Nele, é feita uma análise critica de como o pensamento racista é anacrônico no próprio 
contexto cultural daquela época. 
Vídeos
Documentário sobre a raça humana.Produzido pela TV Câmara. Direção de Dulce Queiroz. 
Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=y_dbLLBPXLo>. Acesso em: 02 jan. 
2014. O documentário apresenta a espinhosa questão da adoção das cotas raciais a partir 
de entrevista com alunos, funcionários e professores da Universidade de Brasília (UnB), 
umas primeiras instituições a implementar a política de cotas raciais. 
52
Instruções: 
Chegou a hora de você exercitar seu aprendizado por meio das resoluções 
das questões deste Caderno de Atividades. Essas atividades auxiliarão 
você no preparo para a avaliação desta disciplina. Leia cuidadosamente 
os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido e para o modo de 
resolução de cada questão. Lembre-se: você pode consultar o Livro-Texto 
e fazer outras pesquisas relacionadas ao tema.
Questão 1:
Examinar a representação dos atores e das 
atrizes negras em quase 50 anos de história 
da telenovela brasileira, principal indústria 
audiovisual e dramatúrgica do país, é trazer 
à tona a decadência do mito da democracia 
racial, sujando assim uma bela, mas falsa 
imagem que o Brasil sempre buscou difun-
dir de si mesmo, fazendo crer que a partir de 
nossa condição de nação mestiça supera-
mos o “problema racial” e somos um mode-
lo de integração para o mundo. (ARAUJO, 
Joel Zito. O negro na dramaturgia, um caso 
exemplar da decadência do mito da demo-
cracia racial brasileira. Rev. Estud. Fem., 
Florianópolis, v. 16, n. 3, Dez. 2008).
Considerando o trecho acima e sua vivên-
cia, aponte de que forma os meios de co-
municação podem influenciar a discrimina-
ção racial no Brasil. 
Questão 2:
Como apresentado pelo texto, a discrimi-
nação racial pela mídia está em apresentar 
sempre de forma subalterna a situação dos 
afrodescendentes na sociedade brasileira. 
Em relação à discriminação sofrida pelos 
nordestinos, principalmente na região Su-
deste e Sul do Brasil, ela é denominada de:
a) Discriminação por cor/etnia.
b) Discriminação por gênero.
AGORAÉASUAVEZ
53
c) Discriminação por orientação sexual.
d) Discriminação por pertencimento 
geográfico.
Questão 3:
Como apresentado por Gomes (2012), 
existem categorias sociais em que as divi-
sões e distinções explicitam desigualdades 
estruturais e estruturantes da sociedade. 
Correlacione essas categorias com seus 
respectivos conceitos:
a) Raça. 
b) Gênero. 
c) Classe Social. 
d) Etnia. 
( ) Coletivo de pessoas que se 
reconhecem como integradas por 
sentimentos de tradição e reciprocidade, 
diferenciando-se de outros coletivos por 
símbolos próprios.
( ) Diferenças biológicas e físicas utili-
zadas para determinar atributos e compe-
tências aos indivíduos
( ) Na tradição marxista, é a divisão da 
sociedade em dois grupos distintos, os que 
detêm os meios de produção versus os que 
detêm somente a força de trabalho.
( ) Diferenças culturais construídas 
historicamente entre os papéis sociais e 
posições ocupadas na sociedade entre ho-
mens e mulheres. 
Questão 4:
Considere as seguintes afirmações: 
I. A categoria raça tem validade científica 
na antropologia, por estar amparada 
por autores que comprovaram 
biologicamente as diferenças raciais.
II. O darwinismo social foi uma corrente 
de pensamento que influenciou as 
discussões racistas no Brasil do 
século XIX, ao propor a tese da 
degenerescência pela miscigenação. 
III. Gilberto Freyre (1900-1987) foi um 
dos primeiros autores a defender a 
o combate ao racismo no Brasil, ao 
publicar a obra Casa-Grande e Senzala, 
em 1933.
São erradas as alternativas: 
a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) I, II e III.
e) Nenhuma das alternativas.
Questão 5:
Lévi-Strauss, ao propor que: “Existem mui-
to mais culturas humanas do que raças 
humanas; duas culturas elaboradas por 
homens pertencentes a uma mesma raça 
AGORAÉASUAVEZ
54
podem diferir tanto ou mais que duas cul-
turas provenientes de grupos racialmente 
afastados” (LÉVI-STRAUSS, 1976, p. 54), 
contribuiu com o argumento de que outros 
fatores estruturais influenciam na diversifi-
cação e desenvolvimento cultural. Dentre 
eles destacam-se: 
a) Fatores psicológicos, biológicos e am-
bientais. 
b) Fatores históricos, geográficos e socio-
lógicos.
c) Fatores da ecologia humana e ambien-
tal.
d) Fatores econômicos exclusivamente.
e) Nenhuma das alternativas.
Questão 6:
A I Conferência Mundial contra o Racismo, 
Discriminação Racial, Xenofobia e Intole-
rância Conexa ocorreu em 2001, na cida-
de Durban, na África do Sul. Evento con-
temporâneo importante nos esforços da 
comunidade internacional no combate ao 
racismo, discriminação racial e intolerância 
no mundo. Com base nos principais antro-
pólogos abordados no texto, quais são as 
interpretações deles para o racismo brasi-
leiro?
Questão 7:
“A antropologia evita usar o termo raça, por 
não acreditar na sua viabilidade como ex-
plicador de diferenças ou de semelhanças 
culturais entre os homens” (GOMES, 2012, 
p. 86). Por que o autor conclui pela inade-
quação da categoria de análise de raça 
para antropologia do século XX?
Questão 8:
Historicamente, como a categoria raça era 
abordada por pensadores do século XIX e 
quais seus efeitos para o primórdio do pen-
samento antropológico, de acordo com o 
texto?
Questão 9:
O conceito de etnia foi elaborado com base 
em estudos etnográficos de sociedades do 
tipo igualitárias. Com base na leitura do 
texto, aponte três características das socie-
dades igualitárias.
Questão 10:
”Por tradição, a Antropologia via a mu-
lher como a segunda metade do homem 
na sociedade, como aquela categoria que 
tinha funções específicas, em geral reco-
nhecidas como socialmente inferiores, mas 
complementares às do homem” (GOMES, 
2012, p. 84). Com base na leitura do texto, 
quais são os desafios para a antropologia 
na utilização da categoria gênero? 
AGORAÉASUAVEZ
55
Neste tema você estudou diferentes categorias de análise para a antropologia. Elas 
compreendem o processo de sistematização dos dados empíricos coletados, a partir 
da observação de casos particulares, para posterior proposição de conclusões gerais. 
Categorias como etnia ou grupo étnico, povo e nação possuem elementos gerais que indicam 
a cooperação ou afinidade entre diferenças. Por etnia ou grupo étnico você estudou o que 
Gomes (2012) define por: “coletivo de pessoas que se autorreproduzem e se reconhecem 
como integradas por sentimentos de tradição e reciprocidade, diferenciando-se de outros 
coletivos por símbolos próprios” (GOMES, 2012, p. 83). A categoria povo, entendida 
enquanto a integração de diversas etnias por um Estado, ao buscar traços de afinidade de 
sentimentos e comportamentos na diversidade das particularidades dos grupos presentes 
em um território. A categoria nação implica a soberania em um território organizado a partir 
das noções de etnia e povo, portanto, implica na autodeterminação dos grupos ligados por 
laços duradouros. Por outro lado, existem categorias sociais em que as divisões e distinções 
explicitam desigualdades estruturais e estruturantes da sociedade, como por exemplo, as 
diferenças de gênero, raça e classe social. Para categoria gênero entendem-se as diferenças 
culturais construídas historicamente (SCOTT, 1990) entre os papéis sociais e posições 
ocupadas na sociedade pelos homens e mulheres. Para categoria raça, a antropologia 
contemporânea busca evitar sua utilização, por “não acreditar na sua viabilidade como 
explicador de diferenças ou de semelhanças culturais entre os homens” (GOMES, 2012, 
p. 86). Também foram estudadas as diferentes interpretações para o fenômeno do racismo 
brasileiro, e o indicativo da necessidade de novos estudos para elucidar este tema..
Caro aluno, agora que o conteúdo dessa aula foi concluído, não se esqueça de acessarsua ATPS e verificar a etapa que deverá ser realizada. Bons estudos!
FINALIZANDO
56
BOBBIO, N.; MATTEUCCI, N.; PAQUINO, G. Dicionário de política. Tradução de Carmen 
C. Varriale et al., Brasília, DF. Editora Universidade de Brasília, 1º ed., 1998.
BOUDON, R.; BESNARD, P.; CHERKAQUI, M.; LÉCUYER, B.P. Dicionário de Sociologia. 
Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1990.
GOMES, M. P. Antropologia: ciência do homem/filosofia da cultura, 2º ed, 2º reimpressão, 
São Paulo: Contexto, 2012.
LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. Coleção Os Pensadores. Abril Cultural, São Paulo, 
1976.
SCOTT, J. W. El gênero: una categoria útil para el análisis histórico. In: História y Gênero: 
las mujeres en lê Europa modern y contemporânea. Valence, Ed. Amely-Nash, 1990.
REFERÊNCIAS
GLOSSÁRIO
Darwinismo Social: Origina-se da influência que a Teoria da Evolução e Seleção Natural, 
apresentada pelo biólogo e naturalista Charles Darwin na obra A Origem das Espécies 
(1859), teve ao ser transposta mecanicamente para a análise social e cultural das sociedades 
humanas (BOUDON et al., 1990).
Sociedades igualitárias: Concepção antropológica para sociedades em que a organização 
política é baseada nos sistemas de parentesco, apresenta lideranças que são generosas para 
com os liderados e uma capacidade de articulação pela oratória de dádivas compartilhadas 
(GOMES, 2012, p.119- 120).
57
Xenofobismo: Comportamentos individuais ou manifestações coletivas de intolerância, 
ódio ou rejeição a imigrantes, comumente associados a Estados europeus.
Eurocentrismo: “influência política, econômica, social, cultural etc., exercida pela Europa 
sobre outras áreas geológicas” (HOUAISS, 2009). 
Teorias racistas século XIX: Um dos seus principais autores foi Joseph Arthur de 
Gobineau (1816-1882), diplomata e escritor francês, que ao publicar a obra Ensaio sobre 
a desigualdade das raças humanas (1853-1855) tornou-se referência para fundamentar a 
ideologia que legitimou o racismo no século XIX e XX. 
GLOSSÁRIO
GABARITO
Questão 1
Resposta: Como apresentado pelo texto, a discriminação racial pela mídia está em 
apresentar sempre de forma subalterna a situação dos afrodescendentes na sociedade 
brasileira. 
Questão 2
Resposta: A alternativa correta é a d), pois uma das formas de discriminação que opera na 
realidade brasileira refere-se a grupos étnicos de origem em estados do Nordeste.
Questão 3
Resposta: D, A, C e B.
Questão 4
Resposta: Alternativa correta é a b) I e III. A afirmativa I é incorreta, pois a antropologia 
refuta a ideia de que as diferenças biológicas justificam as diferenças culturais e sociais. A 
afirmativa II é correta. No século XIX, a antropologia foi influenciada fortemente por ideias 
58
racistas. A afirmativa III está errada, Gilberto Freyre buscou construir uma interpretação de 
que não existe racismo, na formação da cultura Brasileira.
Questão 5
Resposta: Alternativa correta é a b). Segundo proposto por Lévi-Strauss, há que se 
considerar fatores históricos, geográficos e sociológicos para elaborar interpretações sobre 
as diferenças culturais e sociais na evolução das sociedades.
Questão 6
Resposta: Conforme apresentado por Gomes (2012), Gilberto Freyre, (1900-1987) ao 
publicar o livro Casa-Grande e Senzala, buscou uma interpretação de que não havia 
racismo na formação social brasileira. Oracy Nogueira (1917-1996) propôs a interpretação 
do racismo não enquanto atributo étnico, mas de discriminação pela cor da pele, e mesmo 
assim a depender da posição social ocupada: quanto mais status e projeção social, ou seja, 
mais próximo ao ideal de brancura, menos os efeitos serão sentidos. Darcy Ribeiro (1922-
1997) observa o fenômeno do racismo brasileiro pela perspectiva do binômio segregação/
assimilação em que diferenças culturais africanas, indígenas e de imigrantes são acolhidas 
na medida em que gradualmente são incorporadas ao projeto político-cultural da elite 
hegemônica.
Questão 7
Resposta: Gomes (2012) apresenta o histórico de surgimento e efeitos negativos dessa 
categoria para análise do projeto cultural brasileiro. Dentre eles destaca-se a negação ou a 
classificação, de forma a inferiorizar a cultura dos indígenas e afrodescendentes.
Questão 8
Resposta: A categoria raça, para pensadores do século XIX, era uma forma de classificar e 
hierarquizar os grupos humanos a partir de concepções biológicas. O principal representante 
dessa perspectiva foi Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882) considerado um dos 
fundadores da teoria racista, que influenciou pensadores brasileiros.
Questão 9
Resposta: Em sociedades do tipo igualitárias, o poder não é exercido de forma centralizada 
e hierarquizada, como na organização de um Estado; as relações de parentesco e outras 
GABARITO
59
GABARITO
formas particulares estabelecem a organização da sociedade. A organização política 
baseada nos sistemas de parentesco apresenta lideranças que são generosas para com os 
liderados e uma capacidade de articulação pela oratória de dádivas compartilhadas.
Questão 10
Resposta: O desafio para utilização da categoria gênero pela antropologia remete ao 
exercício teórico metodológico da disciplina, em desnaturalizar e estranhar relações 
próximas, como reconhecer as diferenças entre os papéis e posições desempenhadas por 
homens e mulheres. 
seç
ões
Tema 04
A Cultura Brasileira: do imaginário dos an-
tropólogos às representações das culturas 
regionais nas diferentes classes sociais.
SeçõesSeções
Tema 04
A Cultura Brasileira: do imaginário dos an-
tropólogos às representações das culturas 
regionais nas diferentes classes sociais.
63
Conteúdo
Nessa aula você estudará: 
•	 As primeiras aproximações antropológicas sobre cultura brasileira.
•	 A cultura brasileira pelo olhar dos antropólogos brasileiros.
•	 A cultura pelo imaginário das tradições populares.
Habilidades 
Ao final, você deverá ser capaz de responder as seguintes questões:
•	 Quais são as primeiras representações sobre a cultura brasileira no primórdio da 
antropologia?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
Introdução ao Estudo da Disciplina 
Caro(a) aluno(a).
Este Caderno de Atividades foi elaborado com base no livro: Antropologia: ciência do 
homem, filosofia da cultura, do autor Mércio Pereira Gomes, editora Contexto, 2012, Livro-
Texto n. 308.
Roteiro de Estudo:
Rafael AroniAntropologia Aplicada ao Serviço Social 
64
•	 Como os principais antropólogos brasileiros interpretam a cultura brasileira?
•	 Quais são as representações do imaginário popular para cultura?
CONTEÚDOSEHABILIDADES
A Cultura Brasileira: do imaginário dos antropólogos às 
representações regionais das diferentes classes sociais.
Neste tema você estudará que a antropologia brasileira, ao longo do século XX, 
apresenta uma diversidade de temas de pesquisas e concepções teóricas para analisá-
los, como problemas brasileiros, a influência de matrizes teóricas estrangeiras no campo 
acadêmico e/ou a circunstância histórica da formação social. É difícil traçar um elemento 
comum a todas essas abordagens. Entretanto, é possível notar que há uma persistência 
em um objeto de análise, que é a cultura brasileira, a qual perpassa todas as abordagens 
antropológicas.
Os primórdios do conceito de cultura brasileira remetem às experiências de observadores 
e escritores que ainda no período colonial registram o processo de miscigenação e síntese 
das dinâmicas culturais nas particularidades da formação brasileira.
Destaca-se do período colonial, os primórdios da observação no contato entre os europeus 
e as populações nativas, o que posteriormente tornou-se objeto para investigação 
antropológica, sobre a importância da cultura indígena na formação da cultura brasileira. 
Há diversas narrativas de cronistas como Hans Staden (1525-1579),

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