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Apostila de Animais Peçonhentos

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Divisão Veterinária 
Seção de Serpentário 
 
AAPPOOSSTTIILLAA DDEE AANNIIMMAAIISS PPEEÇÇOONNHHEENNTTOOSS 
 
Instrutor: 2º Ten Cheryl 
 
1) Animais Venenosos x Animais Peçonhentos 
 
Os primeiros produzem veneno, mas não possuem capacidade de inoculá-lo; já os 
animais peçonhentos possuem um aparelho inoculador de veneno. 
 
2) Morfologia 
 
Dentição 
 
• Áglifas – animais que não possuem dentição diferenciada para inoculação de veneno. 
Ex: Boa constrictor (jibóia), Eunectes murinus (Sucuri); 
• Opistóglifas – possuem dentição diferenciada para inoculação de peçonha localizada na 
parte posterior do maxilar. Ex: Oxyrhopus sp (falsa coral), Philodryas olfersii (cobra cipó); 
• Proteróglifas - possuem dentição diferenciada para inoculação de peçonha localizada na 
parte anterior do maxilar. Ex: Micrurus sp (corais); 
• Solenóglifas - aparelho de inoculação retrátil (articulado), fixado na parte anterior do 
maxilar. 
Ex: Bothrops sp (jararacas), Crotalus durissus (cascavel) e Lachesis muta (surucucu-pico-
de- jaca). 
 
3) Sentidos 
 
• Visão – enxergam apenas movimentos; 
• Audição – baixa capacidade, percebem apenas vibrações; 
• Olfato - Quimiorrecepção 
A língua das serpentes é bífida (bifurcada), e é usada para captar no ambiente 
partículas odoríferas, transportando as mesmas para o Órgão de Jacobson, que são 2 
orifícios situados no palato, e responsáveis por identificar quimicamente os odores do 
ambiente ao redor. 
• Termorrecepção 
A Fosseta Loreal é um órgão bilateral, situado entre a narina e o olho, e é 
responsável pela percepção e identificação do calor emanado pelos corpos. 
 
 
 
 
MINISTÉRIO DA DEFESA 
EXÉRCITO BRASILEIRO 
CML - 1º RM 
INSTITUTO DE BIOLOGIA DO EXÉRCITO 
IBEx (Lab. Microscopia Clin. e Bacteriol. /1894) 
 
4) Identificação de Serpentes Peçonhentas 
 
 Os parâmetros utilizados no passado para fazer a identificação de serpentes 
peçonhentas, como: formato da cabeça, da cauda e da pupila; o aspecto das escamas e o 
desenho dos furos na pele em caso de picada, são considerados atualmente, como 
inúteis para identificação, por conduzirem a erros em muitos casos; por esse motivo, os 
mesmos foram abandonados ou considerados como características secundárias. 
 Atualmente, a presença da Fosseta Loreal, é utilizada como forma de identificação 
correta de uma serpente peçonhenta, pois os principais ofídios peçonhentos do BRASIL 
possuem a fosseta loreal. 
 Cabe lembrar que a exceção que não se enquadra nesta regra é a Cobra Coral, 
que não possui fosseta. 
 
5) Gêneros importantes de serpente peçonhentas 
 
§ Crotalus sp – Cascavel 
§ Bothrops sp – Jararacas 
§ Lachesis sp – Surucucu-pico-de-jaca 
§ Micrurus sp – Corais 
 
Gênero Crotalus – Cascavel 
 
- Chocalho (creptáculo) na cauda; 
- Marcação em forma de losango no dorso; 
- Conhecida como cascavel, cascavel-quatro-ventas, boicininga, maracambóia e 
maracá; 
- São encontradas em campos abertos, áreas secas, arenosas e pedregosas e 
raramente na faixa litorânea; 
- Geralmente não ocorre em florestas e no Pantanal; 
- Considerar sua capacidade de adaptação ao meio ambiente e a destruição de áreas 
de florestas tropicais; 
- Não tem por hábito atacar e quando perturbado, denuncia sua presença pelo ruído 
característico do guizo ou chocalho. 
 
Gênero Bothrops - Jararacas 
 
- Desenhos nas laterais do corpo, semelhantes a “c” ou “v” invertidos (Ù) ou desenho de 
ferradura; 
- Cerca de 30 espécies, distribuídas por todo o território nacional; 
- Conhecidas popularmente por: jararaca, jararacuçu, caiçaca, urutu-cruzeira, jararaca-
do-rabo-branco, jararaca pintada, malha de sapo, patrona, ouricana, surucucurana, 
combóia, etc. 
- Vivem em ambientes úmidos como matas, florestas e áreas cultivadas. 
- Nas zonas rurais e periferias de grandes cidades buscam alimentos, em locais onde 
haja facilidade para proliferação de roedores (paióis, celeiros, depósitos de lenha, 
lixões). 
 
Gênero Lachesis - Surucucu-pico-de-jaca 
 
- É a maior das serpentes peçonhentas das Américas, atingindo até 3,5 a 4,0 m; 
- Popularmente conhecidas por surucucu, surucucu-pico-de-jaca, surucutinga, malha-
de-fogo; 
- Habitam áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e alguns enclaves de matas 
úmidas do Nordeste. 
 
Gênero Micrurus - Coral 
 
- São mais de 20 espécies, distribuídas por todo o território nacional; 
- São de pequenas a médio porte, crescem em torno de 1,0 m; 
- Conhecidas popularmente por coral, coral verdadeira ou boicorá; 
- Apresentam anéis vermelhos, amarelos, pretos e brancos em qualquer tipo de 
combinação; 
- Na Região Amazônica e áreas limítrofes, são encontradas corais, de cor marrom-
escura (quase negra), com manchas avermelhadas na região ventral. 
 
6) Acidente Ofídico 
 
ACIDENTE BOTRÓPICO 
 
· O veneno botrópico possui principalmente elementos de ação proteolítica, 
hemorrágica e coagulante, que determinam manifestações precoces, em geral, 
de uma a três horas após o acidente. 
· Caracteriza-se por edema no local intenso, acompanhado de dor que pode variar 
de discreta a intensa, bolhas, necroses e abscessos. 
· Promove graves lesões nos vasos sanguíneos que se manifestam por hemorragias 
e sangramentos gengivais e nasais. 
 
ACIDENTE CROTÁLICO 
 
Ações do veneno crotálico: 
· neurotóxica: bloqueio neuromuscular 
· miotóxica: lesões de fibras musculares 
· coagulante 
 
Manifestações Locais 
 
· Pouco importantes; 
· Não há dor, ou é de pequena intensidade; 
· Diminuição da sensibilidade local ou regional; 
· Edema discreto no local da picada. 
 
Manifestações Sistêmicas 
 
1 - Neurológicas: 
 Fácies miastênica, também chamada de “cara de bêbado”, onde ocorrem as 
seguintes manifestações: ptose palpebral (pálpebras caídas), flacidez da musculatura da 
face, alteração do diâmetro pupilar, com incapacidade de movimentação do globo ocular, 
podendo existir visão turva e/ou diplopia (visão dupla). Pode ocorrer deficiência 
respiratória nos casos mais graves. 
 
 
 
2 - Musculares: 
 A ação miotóxica provoca dores musculares generalizadas que podem aparecer 
precocemente. 
A fibra muscular esquelética lesionada libera quantidades variáveis de mioglobina 
que é excretada pela urina, conferindo-lhe uma cor avermelhada ou de tonalidade mais 
escura, chegando até o marrom ou negro. 
 
ACIDENTE LAQUÉTICO 
 
· Este tipo de envenenamento assemelha-se muito com o do gênero Bothrops, uma 
vez que ambos apresentam ação proteolítica , coagulante e hemorrágica; 
· É mais grave que o acidente botrópico devido à maior quantidade de peçonha 
inoculada, a uma maior ação coagulante e à ação vagomimética; 
· A ação “neurotóxica” (ação vagomimética) é devida à ativação do S. N. 
Parassimpático, que causa vômito, dor abdominal, diarréia, sudorese, hipotensão 
arterial, bradicardia, podendo chegar ao choque e óbito. 
 
ACIDENTE ELAPÍDICO 
 
· A ação neurotóxica deste veneno manifesta-se precocemente e determina casos 
graves; 
· Representa 0,4% dos acidentes por serpentes peçonhentas, registrados no Brasil; 
· Pode evoluir para insuficiência respiratória aguda, causa de óbito neste tipo de 
envenenamento. 
 
7) Fatores agravantes do acidente 
 
- Torniquetes ou garrotes; 
- Incisões ou cortes no local da picada; 
- Picadas em extremidades; 
- Aplicação de remédios ou curativos caseiros; 
- Demora no atendimento. 
 
8) Soro Antiofídico 
 
- Antibotrópico – Jararacas (Bothrops sp) 
- Antilaquético – Surucucus( Lachesis muta) 
- Anticrotálico - Cascavéis (Crotalus durissus) 
- Antielapídico – Corais verdadeiras (Micrurus sp) 
Podem ser monovalentes, ou seja, trata especificamente um tipo de acidente; ou 
polivalente, tratando também de forma específica, mais de um tipo de acidente. 
Ex.:Soro Anticrotálico – para acidente com cascavel; 
Soro Antibotrópico-Antilaquético – para acidentes envolvendo tanto jararacas 
quanto surucucus. 
 
9) Cuidados Pré-Soroterapia 
 
Para minimizar as reações à soroterapia: 
 
• Pré-medicação: 15 a 20 minutos antes do Soro Anti-veneno, Anti-histamínicos, 
corticosteróides e adrenalina, via parenteral. Alguns autores preconizam a associação 
de 2 ou 3 drogas. 
Antagonista H1: 
 Dextroclorofeniramina: 0,05 mg/ Kg, IM ou IV (máximo 5 mg) 
 Prometazina: 0,5 mg/ Kg, IM (máximo 25 mg) 
 Difenidramina: 1 mg/ Kg, IV (máximo 50 mg) 
 
Antagonista H2: 
 Cimetidina: 10 mg/ Kg, IV (máximo 300 mg) 
 Ranitidina: 3 mg/ Kg, IV (máximo 100 mg) 
 
Corticosteróide: 
 Hidrocortisona: 10 mg/ Kg, IV (máximo 1000 mg) 
 Dexametasona: 0,15 mg/ Kg (máximo 10 mg) 
 
• Diluição do Anti-veneno: em solução fisiológica ou glicosada, na proporção de 1:5 ou 
1:10. 
 Atenção! Grande volume = Sobrecarga Renal em crianças e pacientes com 
Insuficiência Cardíaca. 
Pode ser feita infusão direta, sem diluição, gota a gota, para casos com restrição de 
volume. 
 
10) Soroterapia 
 
• ACIDENTE BOTRÓPICO (Leve, Moderado e Grave) 
 Leve: 2 a 4 ampolas 
 Moderado: 4 a 8 ampolas 
 Grave: 12 ampolas 
 
• ACIDENTE LAQUÉTICO (Moderado e Grave) 
 Moderado: 10 ampolas 
 Grave: 20 ampolas 
 
• ACIDENTE CROTÁLICO (Leve, Moderado e Grave) 
 Leve: 5 ampolas 
 Moderado: 10 ampolas 
 Grave: 20 ampolas 
 
• ACIDENTE ELAPÍDICO (SEMPRE GRAVE!) 
Grave: 10 ampolas 
 
11) Cuidados Trans e Pós Soroterapia (de acordo com o tipo de acidente) 
 
ACIDENTE BOTRÓPICO: 
 
• Atb 
• Heparina e reposição de fatores de coagulação 
• Debridamento cirúrgico 
• Fasciotomia 
• Profilaxia de Tétano 
 
ACIDENTE LAQUÉTICO: 
 
· Sulfato de Atropina (SNP) 
· Hidratação e drogas vasoativas 
· Abordagem cirúrgica 
· Atb 
· Fasciotomia 
· Diálise 
 
ACIDENTE CROTÁLICO: 
 
• Drogas Anti-histamínicas: Antagonistas H1 (dextroclorfeniramina ou prometazina) e 
H2 (cimetidina ou ranitidina) 
• Corticosteróides 
• O2 
• Adrenalina 
• Aminofilina 
• Hidratação 
• Diurético osmótico ou diurético de alça 
• Bicarbonato de Sódio 
 
ACIDENTE ELAPÍDICO: 
 
• Ventilação 
• Sulfato de Atropina 
• Drogas Anticolinesterásicas (neostigmine) 
 
12) PRINCIPAIS ARACNÍDEOS PEÇONHENTOS 
 
ARANHAS 
 
Latrodectus – Viúva negra 
 
Aranha de pequeno porte, com corpo globoso, abdômen preto com desenho em 
forma de ampulheta vermelha, totalmente preto ou preto e vermelho em algumas 
espécies. 
É encontrada em regiões de praias e restingas, trazidas pelo vento, sendo esta a 
forma mais comum de disseminação, alojando-se em moitas ralas, de formações 
arbustivas, redes, murais, cercas, jardins e áreas externas. Produz teia muito irregular. 
 
Latrodectismo 
 
• Veneno de ação neurotóxica, causando quadro clínico no local da picada e no sistema 
nervoso central; 
• Além da dor intensa no local da picada, o doente pode ainda apresentar dor muscular 
intensa e contraturas musculares generalizadas, podendo levar a convulsões; 
• A soroterapia é feita utilizando soro anti-Latrodectus importado da Argentina, sendo o 
mesmo, também produzido pelo Instituto Vital Brazil; 
• Recomenda-se a soroterapia, com soro antilatrodético, em casos moderados (1 ampola) 
e graves (1 a 2 ampolas), por via intramuscular, além do tratamento sintomático. 
 
Loxosceles – Aranha marrom 
 
Aranha de cor marrom claro, também conhecida como aranha violino, devido às 
formas delgadas e pequeno porte (de 1,0 a 3,0 cm total). 
Aranha encontrada em áreas peri-domiciliares e domiciliares. É errante, produzindo 
uma pequena teia irregular com aspecto de algodão esfiapado; alimentam-se de 
minúsculos insetos que caçam, podendo provisoriamente instalar-se em armários, 
móveis, mudas de roupas e/ou sapatos, ocasionando acidentes ao ser comprimida por 
mãos, pés ou mesmo na hora de vestir peças de roupa, levando à morte instantânea do 
animal, sem prejuízo à inoculação do veneno pelo aparelho bucal. 
 
Loxoscelismo 
 
• Picada quase sempre imperceptível; 
• As ações do veneno dessas aranhas manifestam-se tardiamente, em torno de 12 a 24 
horas após o acidente; 
• O quadro clínico caracteriza-se por intenso processo inflamatório local, edema, 
vermelhidão, dor local semelhante a queimadura e hemorragia. Em casos mais graves, 
observamos febre, mal-estar generalizado, vesículas, bolhas, necrose focal e ulceração. A 
urina torna-se escura (cor de “Coca-Cola"). 
• Pode evoluir para insuficiência renal aguda, semelhante ao que ocorre no acidente por 
cascavel; 
• Recomenda-se soroterapia com soro antiaracnídico e/ou corticóide, para os casos 
moderados e graves, sendo, 5 ampolas do soro, por via intravenosa, e/ou tratamento com 
Prednisona (40 mg/dia para adultos e 1 mg/Kg/dia para crianças), por 5 dias, para os 
casos moderados; e 10 ampolas do soro, por via intravenosa, mais o tratamento com 
Prednisona (40 mg/dia para adultos e 1 mg/Kg/dia para crianças), por 5 dias para os 
graves. 
 
Phoneutria - Armadeiras 
 
Aranhas de porte médio e grande, corpo marrom ou marrom escuro, com espinhos 
nas patas. São aranhas extremamente agressivas quando confrontadas, defendendo-se 
de forma característica, tomando forma de ataque em que se põe apoiada nos membros 
posteriores, levantando as patas anteriores e pulando em direção ou sobre seu oponente 
ou presa, e desferindo sua picada. 
Aranhas errantes, excelentes caçadoras de insetos, pequenos mamíferos e répteis. 
Movem-se no chão ou em arbustos e árvores, onde quer que possam encontrar suas 
presas. 
A maioria dos acidentes ocorre nas colheitas de frutos, principalmente, bananas e 
em áreas urbanas, no intra e peridomicílio. 
 
Foneutrismo 
 
§ O veneno possui ação neurotóxica; 
§ O acidente causa dor local intensa, geralmente disseminada por todo o membro 
acometido, priapismo, choque e edema pulmonar; 
§ Em crianças é possível ocorrer choque após a picada; 
§ A soroterapia com soro antiaracnídico, é sempre recomendada em crianças com 
manifestações sistêmicas e para casos moderados (2 a 4 ampolas) e graves (5 a 10 
ampolas), por via intravenosa. 
 
Lycosa – Tarântulas 
 
Conhecidas como aranhas de jardim, de grama ou tarântula, por viverem em 
gramados junto às residências. Apresentam como característica um desenho negro em 
forma de ponta de flecha no dorso do abdômen. Atingem de 3 a 5 cm de tamanho. 
 São aranhas errantes, ou seja, não constroem teias; não são consideradas 
agressivas com pessoas, apesar de vorazes caçadoras. 
 Os encontros com crianças, jardineiros e cães são extremamente comuns, mas 
sem gravidade do ponto de vista médico. 
O quadro clínico é em geral pouco importante e o tratamento restringe-se ao 
curativo local. Não há necessidade de soroterapia específica. 
 
Caranguejeiras 
 
São aranhas de maior porte, que atingem tamanhos consideráveis, tornando-se por 
isso, temidas; podem atingir até 26 cm de comprimento, com pêlos por todo o corpo, que 
podem variar de cor, do amarelo escuro ao preto. Além destes pêlos, possuem pêlos ou 
cerdas urticantes no abdômen, que são jogados no agressor, quando se sentem 
ameaçadas. 
 Habitam jardins próximos a matas e podem penetrar em casas à procura de 
insetos, mamíferos e pequenos répteis. 
 Sobem facilmente em paredes, apesar do tamanho; são animais pouco agressivos, 
sendo criadas em cativeiro como animais de estimação, em vários países do mundo 
(EUA, Canadá, Inglaterra, etc.). 
 Não causam problemas médicos, apesar de picarem em caso de sentirem-se 
ameaçadas. 
 Sua importância médica está no fato lançarem os pêlos urticantes, situados no 
dorso do abdômen. Estes pêlos podem causar reações de hipersensibilidade, com 
coceira, mal-estar, tosse, dificuldade respiratória, broncoespasmo. Não há soroterapia;recomenda-se tratamento sintomático, quando necessário. 
 
Distribuição Geográfica dos Acidentes 
 
§ Apesar de serem mais comuns (ou mais notificados) acidentes de algumas 
espécies de aranhas em determinadas regiões, a presença de todas as aranhas 
descritas acima como causadoras de acidentes, é notada em todas as regiões do 
Brasil. 
§ Os acidentes mais comuns são: com viúvas negras (Latrodectus) no litoral; 
armadeiras (Phoneutria), tarântulas (Lycosa) e caranguejeiras, tanto no litoral 
quanto interior; 
§ Aranhas marrons (Loxosceles), os registros provêm das regiões Sudeste e Sul, 
particularmente nos estados do Paraná e Santa Catarina, onde se concentra a 
maior casuística de Loxoscelismo do país; 
§ A maioria dos acidentes por Phoneutria foram notificados pelo estado de São 
Paulo; 
§ Acidentes por viúva-negra (Latrodectus), representam 30% dos acidentes por 
aranhas, na Bahia. 
 
ESCORPIÕES 
 
As principais espécies de interesse médico são Tityus bahiensis (escorpião 
marrom), Tityus stigmurus e Tityus serrulatus (escorpião amarelo). 
Tityus serrulatus, o escorpião amarelo, é atualmente o causador do maior número 
de mortes, principalmente quando acomete crianças abaixo de 7 anos de idade. 
São criaturas extremamente resistentes ao frio e ao calor excessivo, podendo 
passar meses sem comer, e certas espécies não necessitam de água. 
 Resistentes a inseticidas, que só lhes causam a morte quando utilizados em altas 
doses, colocando em perigo o meio ambiente. 
 Algumas espécies não precisam de machos para reprodução, facilitando sua 
disseminação (Tityus serrulatus); nas espécies que necessitam de machos, suas fêmeas 
possuem mecanismos para estocagem de esperma que podem durar anos. 
Podem viver tanto em desertos, como em florestas tropicais e em climas 
intermediários. 
 Tratando-se de periculosidade, todas as espécies devem ser consideradas 
perigosas e possíveis causadoras de acidentes, devendo-se, portanto, evitar situações de 
confronto. 
 
Escorpionismo 
 
A dor é uma constante em todos os casos de envenenamento e pode ser 
acompanhada de paralisia parcial e temporária no membro picado. Após alguns minutos 
(até 2 horas, em média) aparecem vômitos, mal-estar e às vezes, soluços, secreção 
nasal, espirros, manifestações neurológicas e cardíacas em decorrência da difusão do 
veneno no corpo. 
As manifestações clínicas podem ser esquematizadas em gerais (hipo ou 
hipertermia e sudorese profusa); digestivas (náuseas, vômitos, sialorréia e mais 
raramente, dor abdominal e diarréia); cardiovasculares (arritmias cardíacas, hiper ou 
hipotensão arterial,insuficiência cardíaca congestiva e choque); respiratórias (taquipnéia, 
dispnéia e edema pulmonar agudo) e neurológicas (agitação, sonolência, confusão mental 
e tremores). 
Pode ser classificado como leve, moderado e grave, e os óbitos estão relacionados 
à complicações como edema pulmonar agudo e choque. 
A soroterapia pode ser realizada usando o soro antiescorpiônico ou o soro 
antiaracnídico, nas dosagens de 2 a 3 ampolas, para os casos moderados e 4 a 6 
ampolas para os casos graves, por via intravenosa. 
 
Distribuição Geográfica 
 
Os escorpiões do gênero Tityus estão espalhados por todo o Brasil, mudando a 
espécie em função do local. 
 
13) Primeiros socorros 
 
v Capturar (quando possível) o animal causador do acidente; 
v Tranqüilizar a vítima; 
v Manter a vítima deitada, evitando que se movimente, para não favorecer a 
absorção do veneno; 
v Manter o membro acidentado (perna ou braço), em posição mais elevada, logo 
após o acidente; 
v Instalar equipo de solução parenteral e acesso venoso (quando em presença de 
profissional de saúde); 
v NÃO fazer garrote ou torniquete, cortes no local do ferimento, nem sucção com a 
boca; 
v Lavar a ferida com água e sabão e evitar a aplicação local de remédios caseiros, 
pó de café, terra ou curativos, para não agravar a infecção local; 
v Não dar a vítima, pinga, querosene ou fumo, como é costume em algumas regiões 
do país; 
v Transportar o acidentado para o pronto socorro ou hospital mais próximo, para 
receber o soro e o tratamento adequado ou ser transferido para o local de 
referência, em tempo hábil. 
 
14) Prevenção de acidentes 
 
§ Preservar os predadores naturais dos animais peçonhentos (ofídios não 
peçonhentos, aves de rapina, seriemas, sapos e galinhas); 
§ O uso de botas de cano alto ou perneira de couro, botinas e sapatos pode evitar 
cerca de 80% dos acidentes; 
§ Usar luvas de aparas de couro para manipular folhas secas, montes de lixo, lenha, 
palhas, etc (cerca de 15% das picadas atinge mãos ou antebraços); 
§ Limpar o terreno no local do acampamento da unidade; 
§ Ao enterrar o lixo, cavar bem profundamente; 
§ Evitar acúmulo de lixo e entulhos na OM; 
§ Sacudir muito bem, roupas e coturnos, antes de vestí-los; 
§ Manter redes de selva, barracas, mochilas e viaturas fechadas; 
§ Manter a área da casa limpa, evitando acúmulo de lixo; 
§ Telar portas e janelas; 
§ Não colocar as mãos e/ou pés onde não possa ver ou sem inspeção prévia 
(moitas, mato alto, oco de árvores, cupinzeiros, buracos no solo etc); 
§ Cuidado ao manusear tijolos, blocos e outros materiais de construção; 
§ Tampar buracos e frestas de paredes, janelas, portas e rodapés; 
§ Verificar as roupas de cama antes de deitar e evitar que as mesmas e/ou 
mosquiteiros encostem no chão; manter as camas afastadas da parede. 
 
15) Referências bibliográficas 
 
Ø Animais Peçonhentos no Brasil – Biologia, Clínica e Terapêutica dos Acidentes 
João Luiz Costa Cardoso, Francisco Oscar de Siqueira França, Fan Hui Wen, Ceila 
Maria Sant' Ana Málaque, Vidal Haddad Jr. 
Sarvier / FAPESP 
 
Ø Serpentes da Mata Atlântica – Guia Ilustrado para a Serra do Mar 
Marques, Eterovic e Sazima 
Ed. Holos 
 
Ø Venenos Animais – Uma Visão Integrada 
Benedito Barraviera 
EPUC – Ed. de Publicações Científicas Ltda. 
 
Ø Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos 
1998. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. 
1999 - 1ª Reimpressão 
2001 - 2ª Edição revisada 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO DE BIOLOGIA DO EXÉRCITO 
IBEx (Lab. Microscopia Clin. e Bacteriol./1894) 
 
Divisão Veterinária 
Seção Serpentário 
 
Tel.: (21) 3890-2135 - R.: 209 e 227 
E- mail: divvetibex@gmail.com 
 
Apostila elaborada por Ten Santiago

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