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A ARBITRARIEDADE DO SIGNO DE SAUSSURE

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A ARBITRARIEDADE DO SIGNO DE SAUSSURE
Na linguística saussuriana, diz-se que a relação que une o significado ao significante é marcada pela arbitrariedade. De forma geral, pode-se dizer que o signo linguístico é arbitrário porque é sempre uma convenção reconhecida pelos falantes de uma língua. Por exemplo, a ideia de garrafa e o seu significante [g a R a f a ] mostra que existe arbitrariedade na relação significado/significante, porque em outras línguas o registo fonético é diferente para o mesmo significado (bottle, em inglês, ou bouteille, em francês). Quer dizer, não existe uma relação natural entre a realidade fonética de um signo linguístico e o seu significado.
Antes de mais, vamos lá ver esta coisa que vos estava a fazer "grumos" na cabeça...
ARBITRARIEDADE: qualquer dos milhares de outras palavras possíveis ou imaginárias poderiam ser utilizadas para designar uma mesma coisa/um mesmo conteúdo. Portanto, arbitrário quanto ao significado, não em relação ao intérprete, ou seja, o sujeito não tem livre escolha para “criar” palavras.
CONVENCIONALIDADE: A razão do uso de determinada palavra se deve ao facto de que a mesma já vem sendo utilizada na comunidade à qual o falante pertence (imposta pelo grupo que compartilha o mesmo código).
Bem, sim ou não, seguiremos para melhor compreensão...
O SIGNO MOTIVADO E O SIGNO NÃO MOTIVADO/IMOTIVADO
Bem, a condição de arbitrariedade, como vimos na aula, está directamente ligada ao facto de o signo ser ou não motivado. Quando se fala arbitrariedade absoluta diz-se total falta de motivação e, quando se diz arbitrariedade relativa, diz-se, também, motivação relativa ou, considera-se ter havido aí alguma ligação motivada entre significado e significante.
Mas, para que fiquem bem claros estes conceitos e sobre eles não paire a menor dúvida, faz-se necessária à compreensão precisa do termo motivação dentro da perspectiva saussuriana.
Nós temos alguns elementos que nos servem de sinais; de representatividade de algo mas que não estão explícitos totalmente no elemento que o representa. Estes elementos representativos, esses sinais, tanto podem ser de carácter natural, quanto convencional.
Os sinais de carácter natural são aqueles que nos servem de indícios dos fenómenos naturais, como, por exemplo, a fumaça, que nos indica a presença do fogo, ou o trovão, que nos aponta para a possibilidade de chuva. 
Os sinais de carácter convencional são aqueles que a sociedade estabeleceu, concordou, a partir de algum momento, que seria o que melhor representaria, dentro daquela realidade de fala, uma ideia tal.
O ícone, o símbolo e o signo são esses sinais criados dentro da colectividade de fala.
Por ser totalmente imagístico, o ícone é totalmente motivado, isto porque só se faz uma imagem a partir de um dado elemento. A foto de Maria deve consistir na impressão da imagem de Maria. O mesmo ocorre com a estatueta de um pássaro, ela deve consistir num conjunto de características inerentes àquele pássaro que pretende representar. O ícone deve impressionar os sentidos de forma tal que não permita confusão alguma no momento de identificá-lo e saber o que ele representa. Ele é motivado por aquilo que representa.
O símbolo é menos motivado, isto porque não tem que representar uma ideia exclusiva, mas uma ideia genérica. Dessa forma, uma pomba branca pode trazer a ideia de paz, seja lá o que for que a paz signifique para quem a percebe. De igual modo têm-se uma balança para representar a justiça, independente do conceito que cada indivíduo tenha deste termo. Assim, qualquer balança serve para trazer a ideia de justiça, mas, nem toda imagem de ave serve para representar um falcão. Por isso diz-se que o símbolo que relativamente motivado.
O signo não possui motivação nenhuma, por isso é totalmente arbitrário, porque o nome em nada está ligado ao objecto nomeado. Uma criança pode ser, ao mesmo tempo, uma menina, uma garota, uma guria ou uma piá (menina). Todos esses signos representam bem a ideia de infante/criança. E, poderíamos, ainda, considerar que, cada idioma tem seu conjunto próprio de signos para designar a mesma ideia. Isto prova que o signo não está ligado ao que representa de forma motivada, mas imotivada.
Porém, quando temos o numeral dez e o numeral nove, temos dois signos absolutamente arbitrários. Mas, quando temos o numeral dezanove, a arbitrariedade torna-se relativa, isto porque dezanove é a junção de dois conceitos distintos que são representados por signos diferentes. O signo que surge dessa junção é fiel às ideias contidas nos signos anteriormente separados, e aí está a motivação.

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