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Artigo A literatura Infantil e os contos de fada ROSELI

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SUMÁRIO
RESUMO
INTRODUÇÃO..........................................................................................04 
Revisão Bibliográfica..............................................................................05
Capitulo I- Os contos e o livro dos irmãos Grimm..............................07 
Capítulo II- O Mecanismo de sublimação e a aprendizagem..............09
Capítulo III- Os contos, suas representações e a realidade................11
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................14 
5.REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS.......................................................16 
RESUMO
A literatura fantasista foi a forma privilegiada da Literatura Infantil, desde seus primórdios (sec. VII), até a entrada do Romantismo, quando o maravilhoso dos contos populares é definitivamente incorporado ao seu acervo
Considera-se como Maravilhoso todas as situações que ocorrem fora do nosso entendimento da dicotomia espaço/tempo ou realizada em local vago ou indeterminado na terra. Tais fenômenos não obedecem às leis naturais que regem o planeta. O Maravilhoso sempre foi e continua sendo um dos elementos mais importantes na literatura destinada às crianças. Através do prazer ou das emoções que as estórias lhes proporcionam, o simbolismo que está implícito nas tramas e personagens vai agir em seu inconsciente, atuando pouco a pouco para ajudar a resolver os conflitos interiores normais nessa fase da vida. A Psicanálise afirma que os significados simbólicos dos contos maravilhosos estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional. É durante essa fase que surge a necessidade da criança em defender sua vontade e sua independência em relação ao poder dos pais ou à rivalidade com os irmãos ou amigos.
Palavras - chaves; contos, escola, ficção, Literatura, textos, 
INTRODUÇÃO
Muito se tem discutido a respeito de como trabalhar textos nas escolas por esta não ser uma tarefa fácil. Encontra-se nas salas de aulas uma forte resistência, da parte dos alunos, em relação à leitura e a produção de texto. Para muitos estudantes, a ação de expressar suas idéias oralmente é considerada algo totalmente natural, no entanto, o ato de reproduzir essas idéias em forma de texto representa um trabalho árduo e penoso.
Apesar dos contos de fadas serem materiais utilizados normalmente para o ensino de crianças nos primeiros anos escolares, o que na maioria das vezes são fontes riquíssimas para começar a inseri-los no mundo letrado, tal categoria de contos também pode se apresentar como matéria-prima para as aulas de língua portuguesa para adolescentes.
Ainda que na fase da adolescência haja uma forte tendência de eles fazerem um muro de separação com a infância, apresentar os contos de fadas sob uma nova perspectiva faz estes jovens alunos refletirem sobre pontos que lhes eram obscuros na infância, uma vez que a enciclopédia de vida na infância é pequeno, não permitindo a identificação de pontos mais profundos.
O ensino-aprendizagem de produção de texto dos gêneros revê o verdadeiro papel de professor de “Redação”, não mais visto como um especialista em textos científicos ou literários, distante da realidade e da prática de produzir texto do aluno, mas como alguém que trabalha nas diversas modalidades textuais, orais e escritas.
Assim o espaço da sala de aula é transformado em uma verdadeira oficina de textos diversificados, o que é concretizado através do uso de várias estratégias, usadas pelo professor nas escolas como a construção de um jornalzinho quinzenal ou mensal coletivo, enviar uma carta a alguém distante, realizar entrevistas, produzir contos, etc.
De esse modo produzir textos é democratizado, todos os alunos devem aprender a escrever todos os tipos de textos, inclusive conto. É possível que um aluno, ao se apropriar do ato de ler e produzir contos passem a produzir textos muito mais criativos e ser um argumentador em textos argumentativos orais (debates) e escritos.
Revisão Bibliográfica 
O conto é um relato em prosa de fatos fictícios. Começa apresentando um estado inicial de equilíbrio; após tem a intervenção de uma força (um conflito) seguido de vários episódios; culmina com a resolução deste conflito.
Todo conto tem ação central, núcleo narrativo, estabelecendo relação causal, mantenha sempre o suspense; Os recursos descritos são usados para apresentação dos personagens, de tempo e de lugar. Essas narrativas quase sempre recorrem ao diálogo dos personagens, geralmente, no parágrafo inicial, aparece a demarcação do tempo. Os tempos verbais são muito importantes para a construção e a interpretação dos contos. Os pretéritos perfeitos e imperfeitos predominam na narrativa, enquanto o presente aparece no diálogo e nas descrições. Os personagens são apresentados mediante um artigo indefinido. O autor cria um narrador para apresentar os fatos, é a voz que conta o que está acontecendo.
É muito importante o professor oportunizar o aluno à leitura e escrita de conto, pois, ele oferece diversas situações para estes participarem de suas narrativas de formar direta e indireta, como: ler, escrever, dramatizar, ilustrar, reestruturar, etc. Os trabalhos realizados com conto enriquecem a sala de aula que se torna recheada de idéias inovadoras e de novos leitores e produtores de texto, até mesmo novos pesquisadores. Existe na vida do aluno uma grande carência de conhecimentos gerais para facilitar a produção textual, e quando ele é colocado em contato com o conto abrem-se janelas de interesse e fonte inspiradora para novos leitores e autores. Trabalhar com conto em sala de aula é de extrema importância para o aluno, pois aguça também a imaginação, criando e recriando histórias, descrevendo um universo fictício e verossímil, além de proporcionar um encontro com grandes nomes da literatura.
Os contos de fadas devem ser usados inicialmente para desenvolver o gosto pela leitura, bem como para resolução de conflitos internos infantis, propiciando aos alunos apenas o contato com a função estética da literatura. Trabalhar com contos de fadas nas escolas é uma atividade prazerosa para todos os envolvidos no processo educativo, pois é um tema de grande aceitação entre as crianças, que desperta interesse, envolvimento e participação dos mesmos. O importante de se desenvolver esse projeto é que, por meio dele o professor consegue trabalhar alguns conflitos do dia-a-dia dos alunos, bem como buscar as soluções para os mesmos, procurando encontrar respostas para aquilo que não está bem.
À medida que as histórias vão sendo trabalhadas, as crianças podem se identificar com os personagens e transferirem todos os seus conflitos para aqueles vividos na história. A criança se envolve tanto que passa a viver como se fosse um dos personagens.
Os assuntos abordados nos contos de fada muitas vezes tornam-se reais, como os medos que fazem parte de nossa vida. Dentre esses, os que mais vemos nas crianças são medo de escuro, de animais, dos pais não buscarem na escola, etc. Porém, um dos medos mais difíceis de trabalhar nas escolas é o medo do Lobo Mau. Na verdade, a interação das histórias, com a Chapeuzinho Vermelha, não é de assustar as crianças, mas de mostrar para as mesmas que não devemos falar com pessoas estanhas, que não podemos confiar em qualquer um.
O amor é outro importante tema dos contos de fadas, sempre aparecendo com um príncipe encantado e a princesa, que se casam ao finalda história. Esses sentimentos fazem parte da vida de qualquer ser humano e é bom que as crianças aprendam a lidar com eles o quanto antes. Nas aulas as crianças vão percebendo que seus medos vão sendo amenizados á medida que a professora as faz refletir sobre os mesmos, que as suas relações sociais vão ficando menos conflitantes, devido a momentos de discussão dos combinados da turma, como regras de boa convivência que devem respeitar. Já o amor, este vais surgindo através do respeito ao próximo, das atitudes menos egoístas e de carinho.. Assim, a criança vai percebendo que a amizade é uma importante conquista para seu dia-a-dia.
Os contos de fadas ensinam também as crianças a enfrentarem sentimentos de perda e angústia. Através deles as crianças percebem que tudo de ruim que pode acontecer na vida de uma pessoa pode passar, pois sempre há uma fada para ajudar a resolver os problemas, como as mães, avós, tias ou mesmo as professoras. Enquanto divertem as crianças, os contos trabalham o lado emocional das mesmas, favorecendo o desenvolvimento de suas personalidades, pois tratam vários problemas de forma prazerosa e Aceitável. Cultivam a esperança, o sonhar e nos mostram que sempre há esperanças para os finais felizes.
Capitulo I- Os contos e o livro dos irmãos Grimm
A fim de explorar e vivenciar esta estrutura de verdade sobre a qual se modelam os contos, propomos, neste livro, um percurso constituído por cerca de quarenta contos, retirados, na sua maioria, do repertório dos irmãos Grimm. Faremos com esses contos um jogo de espelhos com os diferentes aspectos da nossa vida. 
Estes contos estão repartidos por dez chaves essenciais, chaves magicas que nos permitem abrir o mundo maravilhoso do Todo-Possível e acender á mudança milagrosa. Estes contos nao foram escolhidos ao acaso, embora pudessem ter sido escolhidos outros, já que no mundo da fecundidade tudo pode frutificar e já que num conto encontramos todos os outros contos.
Depois de o termos lido e de temos deixado o conto ecoar dentro de nós, extrairemos dele as chaves activas, a fim de experimentarmos as suas correspondencias. Poderemos então procurar o nosso reflexo no espelho do conto, antes de abordar a execução do conto através da pratica de certos exercicos de imaginação criativa ou de atenção consciente, que nos permitirão prolongar a vibração magica do conto até ao cerne do nosso quotidiano integrando as suas verdades na nossa existencia. O convite do conto permitir-nos-á resumir o essencial da sua mensagem numa formula viva.
Vemos também que a psicopedagogia tem como objeto de estudo e trabalho a problemática da aprendizagem e todos os processos envolvidos nessa questão, por isso não se pode deixar de olhar o que está acontecendo entre a inteligência e os desejos inconscientes do sujeito. 
As histórias infantis como referências simbólicas a essas questões inconscientes constituem um importante instrumento psicopedagógico, uma vez que remetem ao sonho, à fantasia e iluminam o ser humano no que lhe é próprio: a capacidade de sonhar e simbolizar. (LIMA, 2003). 
Por isso, incorporar na prática psicopedagógica os milenares e sábios contos de fadas pode tornar os atendimentos mais criativos, sérios e incisivos quanto ao resgate das dificuldades de aprendizagem. 
A linguagem do simbólico, o universo das metáforas e a interpretação e a leitura que se faz desses conteudos, contribuem imensamente tanto para o diagnóstico como para o tratamento psicopedagógico, já que o conceito de aprendizagem com o qual trabalha a psicopedagogia remete a uma visão de homem como sujeito ativo num processo de interação constante com o meio fisico e social, interferindo nesse processo o seu equipamento biológico, suas condições afetivo- emocionais e intelectuais.
Os contos de fadas desenvolvem a capacidade de fantasia infantil, são para as crianças, o que há de mais real dentro delas. Enquanto diverte a criança, os contos a esclarecem sobre si mesma e favorecem o desenvolvimento da sua personalidade. Por isso, um conto trabalha o aspecto afetivo, psicológico e cognitivo. 
Muitas vezes, uma criança chega ao atendimento psicopedagógico com sua auto-estima abalada, com uma auto-percepção negativa, sendo papel do psicopedagogo tentar auxiliá-la a reestabelecer confiança em si mesma, em acreditar nas suas capacidades.
Nessa questão, os contos de fadas podem auxiliar o profissional. Já citamos a importancia e o impacto psicológico que eles causam a partir de sua estrutura fixa e, especialmente, com o final feliz que apresentam. Isso porque ao ouvir os relatos de personagens (com os quais a criança se identificou) que passarm por dificuldades e venceram, e mais fácil acreditar na sua propria vitoria.
 Sabemos que quanto mais infelizes e desesperados estamos, tanto mais necessitamos de ser capazes de nos envolvermo-nos em fantasias otimistas. 
Embora a fantasia seja “irreal”, os bons sentimentos que ela nos dá sobre nós mesmos e nosso futuro são “reais”, e estes bons sentimentos reais são o que necessitamos para sustentar-nos (BETTELHEIM, 2000, p. 157). 
O final feliz pode realmente contribuir para a formação de uma crença positiva na vida. No entanto, é preciso ressaltar a palavra contribuir, ou seja, nenhum conto fará isso sozinho. É salutar deixar claro a importância do papel dos pais, professores e psicopedagogos mostrando confiança na criança e verdadeiramente ensinando-a a ter esperança no futuro. Isso será possível se a criança realmente se sentir acolhida, com olhares de encorajamento e aprovação. 
No inicio da idade escolar, a criança está entrando na fase de latencia. Nessa fase, toda a energia da criança, que antes estava no aspecto sexual, envolvida nas questões edípicas, agora é sublimada e se volta com força para as coisas da escola, para a aprendizagem. Assim, o objeto de desejo é substituído pela busca do conhecimento.
Capitulo II- O Mecanismo de sublimação e a aprendizagem.
A criança entra na fase de latência utilizando o mecanismo de sublimação, e a aprendizagem escolar pode vir a ser muito gratificante por ser compreendida por ela como forma de brincar e de reparar objetos internos (TINOCO, 1999, p. 25). 
Portanto, a aprendizagem ocorre quando sublimamos, ou seja, quando transferimos um objeto de desejo para outro, no caso, o conhecimento. Talvez se oculte dentro da palavra imaginação, a própria magia. Mais do que magia: a imagem recuperada ou inventada. Porque no universo da imaginação há estranhos e ignorados caminhos que levam a terras sonhadas e terras reais. 
Onde podemos dizer que começa realmente a fantasia e acaba a realidade? Que memória nos atraiçoa? Que esperança nos desmente? Hoje em dia sabemos como são fundamentais para o crescimento das crianças as histórias de fadas, esses enredos onde a realidade e a fantasia convergem para um ponto de encontro e de compreensão – talvez para a constatação de que o bom e o mau, o feio e o bonito, são nomes de seres ou de objetos ou de situações vivendo lado a lado, inevitavelmente.
Diz Bruno Bettelheim que:
o conto de fadas tem um efeito terapêutico na medida em que a criança encontra uma solução para as suas dúvidas através da contemplação do que a história parece implicar acerca dos seus conflitos pessoais nesse momento da vida. 
O conto de fadas não informa sobre questões do mundo exterior, mas sim sobre processos interiores que ocorrem no âmago do sentir e do pensar. 
E as crianças entendem bem a linguagem dos símbolos dos contos. São elas que inventam no seu dia-a-dia o jogo do “faz de conta” e tantos outros que as divertem e distraem em tempos vividos entre a imaginação e a realidade. 
São elas que necessitam de contrapontos para situarem a sua propria vivencia e o seu equilibrio. Talvez por isso não se deva explicar a criança o sentido dos conmtos de fadas. As imagens e as ações são as palavras explicativas dos contos de fadas.
Quem não se lembra da aflição que sentiu ao ouvir contar que, “de repente, a menina se viu perdida na floresta”? A criançaque escuta atentamente a história logo se sente e imagina também perdida naquela mesma floresta imensa e desconhecida. 
Quem conta a história vê-se envolvido em todo este processo. Um adulto que goste de contar histórias não escapa ao seu próprio fascínio e descobre a cada momento, a cada pausa, o efeito que as suas palavras e a sua expressão provocam nele mesmo e na criança que ouve, de olhos maravilhados. 
As fadas dos contos podem ser fadas boas ou fadas más. 
A fada é sempre, para qualquer criança, uma certa imagem da sua propria mae. Em primeira analise, porque é ela quem a acorda de manha, lhe dá de comer e de beber, a veste e a embala. Mas esta fada que a criança pressente na sua mae, nem sempre lhe aparece com cara radiante! Quando a criança se porta mal, a mae zanga-se com ela. E na ansiedade da vida de todos os dias, quantas vezes a mae, cansada e desilududa, não se zanga com ela ujm pouco injustamente.
A criança revolta-se. E quando se é criança, qualquer pequena revolta pode ser profundamente violenta. A mãe pode aparecer de repente como a fada má. Fada má e fada boa ao mesmo tempo podem ser imagens projectadas. 
Diz ainda Bettelheim que a divisão de uma pessoa em duas, a fim de manter a boa imagem inalterada, surge a muitas crianças como solução para um conjunto de relações demasiado difíceis de digerir ou compreender.
Quando uma criança se irrita com a mae que ela adora, sabendo muito bem que nao deveria irritar-se, está sem o saber a transforma-la em fada má ou em bruxa, ao mesmo tempo que preserva, no seu intimo, a imagem da sua mae inteiramente bos ou fada benfazeja. A fantasia da bruxa serviu-lhe para escoar toda a sensação de raiva que sentia, e para deixar liberta a imagem da mãe.
A criança, aliás, “divide” as pessoas que a rodeiam em boas e em más. “Divide-se” a ela própria, quando não se assume como culpada de coisas que fez e que a desgostam: chega a afirmar que não foi ela quem fez isto ou aquilo (que realmente fez). 
É a preservação do lado bom contra o lado mau. A fada má, a bruxa, a madrasta das histórias de fadas, são tão necessárias como a fada boa, o pai compreensivo, a mãe adorada, o príncipe encantado. 
Os contos de fadas garantem á criança que as dificuldades podem ser vencidas, as florestas atravessadas, os caminhos de espinhos desbravados e os perigos mudados, por mais pequeno e insignificante que seja quem pretende vencer na vida. E a criança, desprotegida por natureza, sente que também ela pode ser capaz e vencer os seus secretos medos, as suas evidentes ignorancias.
Capitulo III- Os contos, suas representações e a realidade.
O conto é a nossa história. É a encenação metafórica de aspectos nossos que ignoramos, recusamos, ou que não sabemos ver tal e qual são. Se conseguirmos penetrar no espelho e reconhecer a nossa imagem, se escutarmos o conto para nele encontrarmos aspectos concretos da nossa existência, bastar-nos-á pôr em prática as suas propostas e viver a nossa vida segundo esse modelo de verdade.
Somos feitos da mesma maneira que os contos são feitos e a função dos contos é lembrar-nos isso mesmo. Se não nos lembramos, é porque estamos sob o feitiço de um Grande Mágico, que nos subjuga, seja através de condicionamentos mentais, seja através das representações falseadas da realidade. O conto tem por fim acordar a nossa estrutura de verdade profunda, levar-nos a experimentá-la e a pô-la em movimento, a fim de que possamos harmonizá-la com o arquétipo ideal. 
Os contos de fadas convidam-nos a uma mudança miraculosa. Funcionam para nós como uma memória ancestral, conservada através de relatos populares, cuja aparente insignificância permitiu evitar adulterações dogmáticas. Mas não nos deixemos iludir: os contos de fadas transmitem, à sua maneira, a mesma sabedoria que as Sagradas Escrituras. São um repositório de conhecimentos incrivelmente ricos, dos quais podemos alimentar-nos se conhecermos o código e as regras. 
Devido ao poder e à simplicidade das suas imagens, são formas de nos ajudar a despertar e operam a diversos níveis da consciência. A análise do conto propõe-nos um atalho atraente para o interior de nós mesmos, e convida-nos a efectuar um verdadeiro trabalho de auto-conhecimento e de transformação. 
 Os contos são mais do que ensinamentos. São uma verdadeira iniciação misteriosa e mágica, quase sagrada. Como todas as ob ras de arte tradicionais, são sóbrios em meios mais ricos em símbolos e arqétipos. Os contos são um enigma cuja resolução deve ser procurada no nosso interior e não neles mesmos.
Mesmo quando nos foram fielmente transmitidos pela tradição popular, os contos estão impregnados das características culturais dos países onde são transmitidos. Mesmo que possuam um fundo ancestral comum e transmitam as mesmas mensagens essenciais, fazem-no através de cenários diferentes, provenham eles da Europa, da África, da Ásia ou da América.
Ao se tratar de contos, temos as historias contadas sobre fadas, onde Fadas são entidades fantásticas, características do folclore europeu ocidental. Apresentam-se como mulheres de grande beleza, imortais e dotadas de poderes sobrenaturais, capazes de interferir na vida dos mortais em situações-limite. As fadas também podem ser diabólicas, sendo corriqueiramente denominadas "bruxas" em tal condição; embora as bruxas "reais" sejam usualmente retratadas como megeras, nem sempre os contos descrevem fadas "do mal" como desprovidas de sua estonteante beleza.
As primeiras referenciam as fadas surgem na literatura cortesã da Idade Média e nas novelas de cavalaria do Ciclo Austuriano, tomando por base textos-fontes de origem reconhecidamente céltico-bretã. Tal literatura destaca o amor mágico e imortal vinculado ás figuras de fadas como Morgana e Viviana, o que evidencia o status social elevado das mulheres na cultura celta, na qual possuíam uma ascendência e um poder muito maiores do que entre outros povos contemporâneos (ou posteriores). Conforme destaca Coelho.
Na maioria das tradições, as fadas aparecem ligadas ao amor, ou sendo elas próprias as amadas, ou sendo mediadoras entre os amantes. A partir da cristianização do mundo, foi esse último sentido que predominou, perdendo-se completamente aquela outra dimensão "mágica", sobrenatural.
Ao longo dos últimos 100 anos, os contos de fadas e seu significado oculto têm sido objeto da análise dos seguidores de diversas correntes da psicologia. Sheldon Cashdan, por exemplo, sugere que:
 os contos seriam "psicodramas da infância" espelhando "lutas reais". Na visão de Cashdan, "embora o atrativo inicial de um conto de fada possa estar em sua capacidade de encantar e entreter, seu valor duradouro reside no poder de ajudar as crianças a lidar com os conflitos internos que elas enfrentam no processo de crescimento".
Cashdan prossegue em sua análise sobre a vinculação entre os contos de fadas e os conflitos internos infantis dizendo que cada um dos principais contos de fadas é o unico, no sentido em que trata de uma predisposição falha ou doentia do eu. Logo que passamos do era uma vez, descobrimos que os contos de fadas falam de vaidade, guia, inveja, luxúria, hipocrisia, avareza ou preguiça – os sete pecados capitais da infancia. Embora um determinado conto de fada possa tratar de mais de um pecado, em geral em deles ocupa o centro da trama.
O modo pelo qual os contos de fada resolvem esses conflitos é oferecendo às crianças um palco onde elas podem representar seus conflitos interiores. As crianças, quando ouvem um conto de fada, projetam inconscientemente partes delas mesmas em vários personagens da história, usando-os como repositórios psicológicos para elementos contraditórios do eu.
Já os jungianos, vêem nas personagens dos contos "figuras arquetípicas", que, segundo Franz, "à primeira vista, não têm nada a ver com os seres comuns ou com os caracteres descritos pela Psicologia".
Diferentemente do que se poderia pensar, os contos de fadas não foram escritos para crianças, muito menos para transmitir ensinamentos morais (ao contráriodas fábulas de Esopo). Em sua forma original, os textos traziam doses fortes de adultério, incesto, canibalismo e mortes hediondas. Segundo registra Cadam: “Originalmente concebidos como entretenimento para adultos, os contos de fadas eram contados em reuniões sociais, nas salas de fiar, nos campos e em outros ambientes onde os adultos se reuniam - não nas creches”. 
Mais adiante, Cashdan exemplifica:
“É por isso que muitos dos primeiros contos de fada incluíam exibicionismo, estupro e voyeurismo. Em uma das versões de Chapeuzinho Vermelho, a heroína faz um strip-tease para o lobo, antes de pular na cama com ele. Numa das primeiras interpretações de A bela adormecida, o príncipe abusa da princesa em seu sono e depois parte, deixando-a grávida. E no conto A Princesa que não conseguia rir, a heroína é condenada a uma vida de solidão porque, inadvertidamente, viu determinadas partes do corpo de uma bruxa.” (2000, pag.27)
Ainda conforme Cashdan, alguns folcloristas acreditam que os contos de fada transmitem lições sobre comportamento correto e, assim, ensinam aos jovens como ter sucesso na vida, por meio de conselhos, (...) A crença de que o conto de fada contém lições pode ser, em parte, creditada a Perraut, cujas histórias vem acompanhadas de divertidas morais, muitas das quais inclusive rimadas. 
Considerações Finais
A infância é fundamental para aprendermos a entender como viver e como funciona a vida em sociedade. A medida que a criança se desenvolve pode ser preparada para ter um significado no viver, É assim as experiências que vive são o suporte que formarão sua personalidade e sua forma de entender e conviver com o mundo.
Existe muitas formas de habilitar uma criança para viver em grupo mas nessa reflexão vamos optar apenas pela riqueza que os clássicos contos de fadas proporcionam a uma criança. O “impacto dos pais e outros que cuidam da criança” são fundamentais para ajudar as crianças bem como nossa herança cultural, quando transmitida á criança de maneira correta. Segundo o autor a melhor forma de transmitir valores culturais para uma criança é através da literatura “ que canaliza melhor este tipo de informação”.
 Por que as crianças preferem os contos clássicos? Segundo o autor para que uma história interesse uma criança é necessário que “prenda à atenção e consiga entretê-la e despertar a curiosidade... tornar clara suas emoções... sugerir soluções...”.
Os contos utilizam como base de suas histórias os maiores conflitos da humanidade.
Assim ao ler/ouvir um conto a criança está lendo não só os seus conflitos, mas os de todos os seres humanos que vivem e já viveram nesse planeta. Com as histórias dos outros ela pode se tornar capaz de resolver seus próprios problemas e, ainda, vai sentir-se forte para enfrentá-los.
Ao mesmo tempo em aprende a viver com seus problemas aprende que os seus problemas são também de outras crianças, ou seja, não é a única que está vivendo isso. Desde que os contos começaram a ser contados foram sendo aperfeiçoados “passaram a falar simultaneamente a todos os níveis da personalidade humana, comunicando de uma maneira que atinge a mente ingênua da criança... transmitem importantes mensagens à mente consciente, à pré-consciente, e à inconsciente, em qualquer nível que esteja funcionando no momento.
Mas as razoes do sucesso desses contos residem justamente no fato de falarem a linguagem emocional em que encontra a criança. Mas a mensagem mais importante que os contos ensinam é que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte intrínseca da existência humana e, ao fim, emergia vitoriosa. “ Ao mesmo tempo em que a criança necessita viver essas experiências ela precisa também que lhe sejam dadas sugestões em forma simbólica sobre a forma como ela pode lidar com estas questões e crescer. Os contos colocam os problemas típicos da humanidade de maneira clara e breve.
Ao mesmo tempo em que coloca personagens típicos e nada complexos que impediria uma relação mais direta com as crianças devido a complexidade. Assim os personagens recebem os sentimentos puros e não apresentam nenhuma dualidade de sentimentos. O personagem representante do “mal não é isento de atrações... e com freqüência se encontra temporariamente vitorioso.” Mas após um período ganhando o herói vence no final demonstrando através de sua ação que tem “convicção de que o crime não compensa”.
“Não é o fato de a virtude vencer no final que promove a moralidade, mas de o herói ser mais atraente para a criança, que se identifica com ele em todas as suas lutas.” Com essa identificação a criança sofre com o herói todas as suas provações e vence com ele todas as lutas. Essa identificação que lhe permite criar a convicção moral.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
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GELDER, Dora Van. 'O mundo real das fadas'. São Paulo: Pensamento, 1986. 
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