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Psicologia da Aprendizagem UNIDADE 3 2 UNIDADE 3 PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM PALAvRAS DO PROfESSOR Olá, querido(a) aluno(a)! Estamos iniciando a unidade 3 da nossa disciplina, o que significa dizer que um longo caminho já foi percorrido. Na unidade 1, vimos alguns conceitos e princípios da aprendizagem, as bases epistemológicas, as concepções da aprendizagem e as principais vertentes teóricas da Psicologia da Aprendizagem. Na unidade 2 pudemos estudar a aprendizagem sob diferentes perspectivas teóricas e suas implicações para a prática pedagógica, estudamos sobre o behaviorismo, de Watson e Skinner, a epistemologia genética de Jean Piaget e a pedagogia crítica de Paulo Freire. Através desses estudos, foi possível perceber que não existe um único conceito de arpendizagem e que as práticas pedagógicas foram sofrendo mudanças ao longo de seu desenvolvimento. ORIENtAçõES DA DISCIPLINA Nesta unidade, vamos explorar o processo de ensino-aprendizagem, suas dimensões e contribuições para o desenvolvimento humano; o pensamento de Edgar Morin; os estudos de Vygotski, a aprendizagem como objeto de estudo da Psicologia e o sujeito psíquico e o aprender, com as contribuições de Freud. Percorremos cinquenta por cento do caminho, vamos manter o ritmo que logo iremos concluir nosso percurso. Lembre-se que o presente guia é seu melhor companheiro nessa jornada. Bom estudo! A tEORIA DA COMPLEXIDADE DE EDGAR MORIN Edgar Morin nasceu na cidade de Paris em 1921. Formado em Sociologia, compreendeu a necessidade da integração de diversas áreas do saber para uma adequada compreensão dos fenômenos. Desenvolveu a chamada teoria da complexidade, proposta epistemológica que surgiu nos anos 1970, com o objetivo de modificar a ciência teórica e estrutural, partindo de uma visão sistemática da vida. Esse princípio tem em seu núcleo a ideia inicial de que a vida não pode ser concebida separadamente, em quaisquer aspectos: sociais, morais, culturais ou filosóficos. 3 Meu caro(a), a epistemologia da complexidade compreende que essas divisões clássicas de origem cartesiana (que confia de modo irrestrito e exclusivo na capacidade cognitiva da razão, mas limitando-a às explicações mecânicas, simplificadoras, que são inadequadas à compreensão da realidade como um todo), como por exemplo “certo-errado”, “bonito-feio”, “bom-mau” e “causa-efeito”, é uma maneira equivocada da compreensão da realidade. Não se pode “dividir” ou “classificar” a natureza. Para Morin, existem coisas feias e bonitas, e boas e más, por exemplo. vOCê SAbIA? Você sabia que Morin fala que se faz necessário uma abordagem interdisciplinar nas Ciências Sociais e Humanas? Pois é, a partir desse pensamento, a transdisciplinaridade começa a crescer no campo científico. Ele afirma também que, não existe um conhecimento completamente objetivo da realidade ou completamente subjetivo. Os dois itens (objetividade e subjetividade) estão dialogando constantemente na abordagem científica escolhida pelo pesquisador. Ele vê o mundo como algo indissociável, propondo abordagens multidisciplinares para a concepção do conhecimento. Caro(a) estudante, quando se refere à educação, Morin valoriza a cultura e o contexto do aluno. De acordo com ele, a educação precisa levar em consideração a cultura na qual o aluno está inserido e a mente humana, ou seja, compreender o ser humano e seus processos psicológicos e cognitivos. Acredita que a educação deveria se ocupar em traduzir o conhecimento global de acordo com a realidade do aluno. Destaca a importância de o aluno compreender que o mundo a sua volta é complexo, compreensão essa que será dificultada com a fragmentação do conteúdo. Desse modo, a educação precisa rever seus processos de ensino de modo a ajudar esse aluno a compreender a complexidade dos fenômenos. Morin ainda defende que os professores do ensino fundamental teriam a missão de derrubar as barreiras entre os conhecimentos para facilitar a compreensão da complexidade dos fenômenos por parte do aluno. Missão essa que seria facilitada pela experiência generalista do professor, no caso das series iniciais, e pela idade das crianças que são curiosas pelas descobertas e que ainda não foram influenciadas a pensar com a separaçao dos conhecimentos em disciplinas. O cotidiano da educação tem mostrado que essa perspectiva multidisciplinar tem se ampliado nas práticas pedagógicas, enriquecendo e favorecendo o desenvolvimento do conhecimento dos alunos. GUARDE ESSA IDEIA! Esse pensamento complexo de Morin, como os autores colocam, precisa ser aprofundado por você aluno com outras leituras. Recomendamos a leitura de seu livro texto, da página 75 ao início da página 80 para uma melhor compreensão desse conteúdo. ??? 4 LEItURA COMPLEMENtAR Fica também a sugestão de ler sobre a vida e obra de Edgar Morin, o que pode ser feito no LINK. PERSPECtIvA SOCIOINtERACIONIStA DE vYGOtSKY Lev Vygotsky foi um medico e pensador russo que rompeu com os círculos acadêmicos da Russia e da Europa com suas ideias. Por ser judeu, numa Rússia antisemita, tinha limitações em relação aos estudos, mas mesmo nessa condição, Vygotsky se interessou por filosofia e cultura em geral. É o principal representante da perspectiva sócio-histórica ou sóciointeracionista do desenvolvimento humano. Ele concentrou os estudos nos processos culturais e sociais que orientam o desenvolvimento cognitivo do ser humano. LEItURA COMPLEMENtAR Para conhecer um pouco mais da vida e obra desse autor, você pode consultar o seguinte verbete virtual LINK vOCê SAbIA? Você sabia que uma das carcterísticas mais marcantes, da perpectiva sóciointeracionista é a visão do ser humano como ativo, social e histórico? Pois é, em outras palavras, podemos dizer que esse ser humano atua em sua própria constituição, sendo profundamente influenciado pela constante interação com o meio em que vive e devendo ser compreendido dentro de um contexto histórico. A conexão entre a metodologia de desenvolvimento e linguagem é central em suas produções. Ele procura assimilar a gênese, isto é, a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos, apresentando uma teoria sobre a gênese do conhecimento. Para o autor, os indivíduos não ganham simplesmente características físicas e experiências próprias, mas de tudo que os cercam; sua língua, seu trabalho e as experiências daqueles que os cercam. As funções que ele denomina de funções psicológicas superiores, são idealizadas ao longo da história daquele indivíduo. Dessa maneira, o desenvolvimento humano não pode ser explicado por domínios naturais, haja vista que as funções mentais não são permanentes e fixas. ??? 5 Nesse sentido, Vygotsky buscou contrapor a ideia da existência de uma natureza humana. Quando fala- mos de natureza humana, trazemos a concepção de que a pessoa nasce dotada de alguma essência e que os temperamentos e comportamentos seriam inerentes ao ser humano e inatos. No entanto, sabemos que os comportamentos dos seres humanos não são inatos, o ser humano supera a condição biológica, e são profundamente influenciados pela sua história de vida e pelo meio social em que convivem. Vygotsky fala de uma condição humana no lugar da existência de uma natureza humana. Ele se dedicou ao estudo das funções psicológicas superiores com enfase na linguagem. De acordo com esse autor, a linguagem não é apenas uma expressão de pensamento e sentimento, mas constitui um importante meio através do qual o homem torna-se capaz de aprender e pensar sobre o mundo. Para o autor, o homem constitui-se na e pela linguagem. Essa noção é fortemente difundida pela perspectiva sóciointeracionista, defendendo a ideia de que é através da interação com outros sujeitos e da assimilação dos conhecimentos socialmente compartilhados na comunidade em que vive que o sujeitoconstrói sua forma de pensar. Caro(a) aluno(a), nessa perspectiva, a inserção e a apropriação de práticas culturais são condições de desenvolvimento, e essa inserção ocorre a partir das trocas na interação entre as crianças e os adultos de sua sociedade, ou mesmo crianças de idade mais avançada, tendo essas interações um papel fundamental na formação das funções psicológicas superiores. De acordo com ele, o desenvolvimento da criança implica na assimilação de formas de manter o controle da própria vida. Acreditava que a pessoa se torna humana pela mediação com outras pessoas e pela interação com as pessoas que possuem mais experiência, como os familiares e professores. Para Vygostsky a escola deveria se comprometer com o aprendizado e o desenvolvimento do indivíduo. Nessa perspectiva, é essencial que a criança tenha muitas oportunidades de interação e aprendizagem. Essas irão proporcionar a criança que se aproprie dos significados construídos socialmente e também que dê sentido aos valores, papéis sociais e aos objetos. É dessa forma que a criança irá construir sua maneira de ser. Então, de acordo com Vygotsky, a pessoa vai construindo as funções psicológicas superiores, o que significa a assimilação ou interiorização da cultura. Esse processo ocorre por meio da passagem do social para o psicológico. Podemos dizer que para ele, a transmissão da cultura é o maior objetivo do ser humano porque, desse modo, ele consegue dominar o ambiente e ser quem ele é. A interação social permite esse processo de transmissão da cultura sendo a educação um dos meios principais para que isso aconteça. 6 PALAvRAS DO PROfESSOR E o professor? Qual o papel do professor nesse processo de desenvolvimento da criança. A atividade de estudo se torna importante porque leva a criança a mediar às relações com os adultos, incluindo as interações familiares. Então o professor é o mediador entre os conteúdos estudados, a cultura e os alunos. Ele conduz a formação das funções psicológicas superiores, como o pensamento, a linguagem, a imaginação e também a atenção voluntária. Por fim, uma das mais importantes implicações decorrentes da concepção do sóciointeracionismo, consiste na noção de que a construção do saber humano é um evento de natureza eminentemente social: além de ser uma construção da sociedade, a aprendizagem passa necessariamente pela mediação de outros. Portanto, é necessário que as práticas educacionais sejam devidamente contextualizadas, considerando a teia social da qual participam os sujeitos da aprendizagem. ACESSE O AMbIENtE vIRtUAL Recomendamos a leitura de seu livro texto da página 80 a 85, onde é abordada a contribuição desse autor. Vygotsky desenvolveu alguns conceitos que merecem destaque, como o de Zona de Desenvolvimento Proximal. Zona de Desenvolvimento Proximal LEItURA COMPLEMENtAR De acordo com a revista Nova Escola, disponível através do endereço: LINK. Nas palavras do próprio Vygotsky: “A zona proximal de hoje será o nível de desenvolvimento real amanhã. Ou seja: aquilo que nesse momento uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém, um pouco mais adiante ela cer-tamente conseguirá fazer sozinha”. A partir desse conceito, elaborado no início do século passado, a associação de crianças nos mais variados níveis de desenvolvimento passou a ser compreendida como uma condição decisiva no processo de aprendizagem. 7 PARA RESUMIR Para facilitar seu entendimento sobre o significado da Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), vou fazer um resumo, tudo bem? A Zona de Desenvolvimento Proximal é a distância entre a Zona de Desenvolvimento Real (ZDR) e a Zona de Desenvolvimento Potencial (ZDPotencial). Aquilo que pode ser resolvido individualmen-te está na ZDR. Já aquilo que só pode ser resolvido com a ajuda de alguém está na ZDPontencial. A ZDP é uma janela de oportunidade para a aprendizagem. Então, qual o papel do professor nesse processo? O papel do professor nesse processo é fundamental. Ele deve preparar, conceber e pôr em prática tarefas de ensino e aprendizagem que fomente essa abertura, procurando criar condi-ções para ocorrência de interações professor-alunos-objeto de estudo, que levem à apropriação do conhecimento. De acordo com Vigotsky, a linguagem e o contexto cultural são as mais importantes ferramentas da aprendizagem e do desenvolvimento. Se o professor propõe atividades que estão além da ZDP, a criança não será capaz de desenvolver a tarefa, ou a fará incorretamente. Para o professor, Já o processo avaliativo é contínuo, considerando as diferenças de cada aluno e sensibilizando a todos que fazem parte desse processo. Para isso, devemos ter muito cuidado com os temas que são abordados em sala de aula, sendo eles os responsáveis para contribuir para a formação de uma sociedade verdadeiramente pensante, preparada para construir sua própria história, interagindo com o seu meio. vEjA O víDEO! Recomendamos o video da Coleção Grandes Educadores, que aborda a obra de Vygotsky de maneira ampla e clara. O video tem em torno de 45 min. e está disponível no LINK. APRENDIZAGEM COMO ObjEtO DE EStUDO DA PSICOLOGIA Prezado(a) aluno(a), nesse momento, faz-se necessário refletir sobre o que torna a aprendizagem objeto de estudo da Psicologia. Podemos começar com algumas perguntas: Quando as pessoas começam a aprender? De qual forma o ser humano aprende? A aprendizagem é um processo psicológico, que é compreendido de várias maneiras pela própria Psicologia e por áreas afins. 8 vOCê SAbIA? Você sabia que existe um número muito grande de teorias, o que mostra perspectivas e abordagens distintas sobre a aprendizagem? Mas, universalmente, podemos reuni-las em duas categorias: as teorias do condicionamento e as teorias cognitivistas. O condicionamento é um método de aprendizagem que estudamos na unidade 2, no qual a aprendizagem ocorre na relação estílulo-resposta ou por meio do reforço. Já para as teorias cognitivistas, a aprendizagem é um processo de relação do sujeito com o mundo; pessoas, aprendizados, acontecimentos, acontecimentos das pessoas ao redor. O conhecimento é um elemento que se origina de uma comunicação com o mundo. DICA Leia o seu livro texto (págs. 86 e 87) para saber mais sobre esse tema. É aí que entra a Psicologia da Aprendizagem que estuda esse profundo processo pelo qual os conhecimentos e a forma de pensar de uma determinada sociedade são favoráveis para uma criança (já sabemos que as operações cognitivas são sempre construídas na interação com outros indivíduos). Múltiplas perspectivas sobre o aprendizado Vamos estudar agora qual o significado de aprendizagem na visão de dois autores. São eles: Jean Pierre Astolfi e Bernard Charlot. • Jean – Pierre Astolfi Jean – Pierre Astolfi (1943-2009) era um acadêmico francês, especialista em Educação, em que pesquisa e escreve sobre a questão da aprendizagem escolar e sobre a apropriação do conhecimento por parte do aluno (fonte: LINK). Para ele, os estudantes trazem interpretações elaboradas ao longo de sua vida, e na sequência, interferem no aprendizado dos conteúdos escolares. Segundo o próprio Altolfi: “Essas representações têm perdurado de forma quase imutável no processo educativo e dificilmente são substituídas por outro modelo explicativo, como o científico. Para o autor, “a resistência dessas representações advém de obstáculos de aprendizagem diversos, mas na maioria dos casos tais obstáculos não se colocam no cerne das situações didáticas”. • Bernard Charlot Podemos aqui listar uma série de benefícios do ato de conhecer. Estudamos isso ao longo das unidades ??? 9 do nosso guia de estudo. Conhecer o Professor Bernard Charlot, com certeza vai aumentar (e muito) seu entendimento acerca da relação ensino-aprendizagem. Docente aposentado da Universidadede Paris VIII, atualmente é professor visitante da Universidade Federal de Sergipe. Para ele, o foco do aprendizado está na relação professor-aluno. Quais os interesses de cada um nesse processo e quanto isso atrapalha ou beneficia o aprendizado. Nas escolas, vemos diariamente um professor no qual seu maior desejo é ensinar. Nessas mesmas escolas, o interesse do aluno é outro: passar de ano, e não aprender. O que fazemos quando os interesses divergem? E complementa com outro questionamento: “Quem está com a razão, os professores ou os alunos?” E o próprio Charlot responde, em entrevista dada à revista Nova Escola: “Os dois lados têm suas razões. E digo isso com sinceridade. Qual a trajetória de alunos e professores na construção do saber? Isso sim é importante e explica o ponto de vista de cada um. Estudar a ótica do outro é a primeira lição que alunos e professores precisam aprender. Mesmo assim, o diálogo verdadeiro ainda é muito difícil” (disponível no LINK). ACESSE O AMbIENtE vIRtUAL Leia das páginas 90 a 94 de seu livro texto. Que se refere ao significado das palavras “saber” e “compreender”, muito utilizadas tanto no guia de estudo, como no próprio livro texto. O SUjEItO PSíQUICO E O APRENDER (SIGMUND fREUD) Sigmund Freud (1856-1939) nasceu na Morávia, região onde atualmente é a República Tcheca. Mudou- se para Viena ainda na infância, pois crescia o antissemitismo na Morávia. Sempre foi um aluno muito dedicado, tanto que, aos 17 anos, entrou na Faculdade de Medicina na Universidade de Viena. Em meados de 1880, Freud trabalhou em Paris com o neurologista francês Jean Martin Charcort, analisando o uso da hipnose no tratamento da histeria. Foi aí que surgiu o interesse pelas doenças mentais, fundamentando a teoria psicanalítica da mente. Freud apresentou ao mundo o inconsciente, investigando a vida humana. Estudou os sonhos, as neuroses, as histerias e diversas outras produções. 10 vEjA O víDEO! Assista ao vídeo “Freud: inconsciente humano”, disponível no endereço: LINK. O vídeo, que tem a duração de aproximadamente19 minutos, fala um pouco sobre sua vida e teorias desse psicanalista. Sabe o que ele dizia? Que a homossexualidade não era perversão de caráter ou doença e que ao invés de ajudá-los a curá-los, devíamos auxiliá-los a suportar os preconceitos sociais. Seria um pensamento comum nos dias atuais, mas isso foi há quase 100 anos. Freud é o pai da Psicanálise e suas ideias geraram muita discussão quando colocadas para a comunidade científica, tendo causado grande impacto com suas descobertas, principalmente quando abordou o sobre o inconsciente. De acordo com Freud, o nosso comportamento é motivado em grande parte pelo que ele chamou de inconsciente. Precisamos nesse momento explicar o que ele considerava “Os Níveis de Consciência”, chamados também de modelo topológico da mente. Na compreensão de Freud, o ser humano possui 03 níveis de consciencia, como ele descreve na primeira tópica Freudiana: • O consciente; • O pré-consciente; • O inconsciente. Vamos entender melhor? No consciente estão os conteúdos por nós conhecidos e sobre os quais temos domínio e acesso imediato. Em outras palavras, podemos dizer que estão as ideias e sentimentos que convivemos com certa tranquilidade. O pré-consciente abriga situações/acontecimentos do passado que podem ser evocados pela memória e que são de fácil acesso a consciência. Então podemos dizer que os fenômenos que não estão conscientes naquele momento, mas podem tornar-se, caso o ser humano se ocupe com ele. Já o inconsciente, é a instancia mental de caráter mais profundo, onde estão os conteúdos que o ser humano não consegue manter na consciencia, como desejos reprimidos, recalques e situações desagradáveis. Importante ficar claro que o fato do ser humano não ter consciência, não significa dizer que não tenha influência sobre o comportamento. Como dito anteriormente, para Freud são os motivos inconscientes que movem nossos comportamentos, na maioria deles, e que motivam o desenvolvimento. 11 O inconsciente e a mente tripartite Apesar de não ter sido o primeiro a propor a existência de uma vida psíquica, Freud foi o primeiro a pesquisar intensamente esse território. Estudamos há alguns parágrafos sobre o consciente, pré-consciente e inconsciente. Segundo ele, os pensamentos humanos e seus desejos produzem ideias que acarretariam medo e sofrimento nos indivíduos, caso essas situações não fossem armazenadas no inconsciente. PALAvRAS DO PROfESSOR Vamos simplificar a linguagem e exemplificar pra ficar mais fácil a compreensão, tudo bem? Apesar de não nos lembrarmos de algo que nos machuca muito e nos causa sofrimento, o inconsciente, mesmo sendo alógico (por isso tão contraditório) influencia o consciente da pessoa. De que forma vemos isso? Através de comportamentos irracionais, emoções inexplicáveis, desejos e sentimentos de culpa, que dirigem o comportamento consciente. Ele desenvolveu um modelo fundamental da personalidade, em que o instrumento psíquico se organiza em três estruturas. Esse modelo trata-se da segunda tópica Freudiana. Essas estruturas são: • Id; • Ego; • Superego. Segundo Freud, o id é a energia da libido, funcionando segundo o princípio do prazer. Não planeja nem espera, buscando uma solução imediata para as tensões. Também não conhece a inibição, desconhecendo juízos, valores, éticas, morais. É antissocial, egoísta e focado no prazer, sem contato nenhum com a realidade e completamente inconsciente. Caro(a) estudante, o ego se desenvolve a partir do id, permitindo que seus impulsos sejam eficazes. A satisfação dos instintos é atrasada até o momento em que a realidade permita realizar o ato com o máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas, sendo sua principal função de “buscar” um entendimento entre o id e a realidade. O ego então funciona como uma espécie de gerente, tentando administrar os desejos do id e os dados da realidade, procurando satisfazer, de certa forma, os interesses do id e o que é possível ser feito naquela realidade. O superego é o que podemos chamar da “moral” da mente humana. Possui três objetivos. O primeiro é coibir qualquer impulso ditado pela mente. O segundo é obrigar o ego a se comportar de maneira moral. O terceiro é dirigir o indivíduo à perfeição. Outro aspecto da obra de Freud que causou grande impacto na comunidade científica foi suas ideias sobre a sexualidade e o desenvolvimento infaltil. De acordo com esse autor, a sexualidade está presente desde a infancia, não da forma como é vivenciada na vida adulta, mas como uma energia que move o desenvolvimento. 12 Freud então explicou o desenvolvimento em quatro fases psicossexuais, como será exposto a seguir. freud e as fases de desenvolvimento Infantil Fase oral Para Freud, a fase inicial do desenvolvimento da criança se inicia na boca. É através dela que a criança entra em contato com o mundo. Certamente você já reparou que crianças muito pequenas sempre colocam os objetos na boca. A boca então representa para a criança uma fonte de prazer, prazer relacionado também as questoes da amamentação e alimentação. Fase anal Quando a criança é apresentada às noções de higiene pessoal, ele desenvolve uma obsessão com a região anal e a prática de manusear suas partes íntimas. É nessa fase que ela começa a adquirir controle dos esfíncteres e sua região do corpo onde ela tem o maior prazer é no ânus. Começa a ter noção de posse (é meu!) e quer pegar objetos e tocá-los, descobrindo que aquilo não faz parte do seu corpo, se caracterizando como algo externo. Nessa fase, observamos, por vezes, que a criança tem dificuldade de fazer cocô porque não quer se desfazer daquilo que produziu, no caso as fazes. Fase fálica Para Freud, essa fase é essencial para o desenvolvimento navida de uma criança, apre-sentando um comportamento narcisista, onde cria uma grande imagem de si. PARA PESQUISAR De acordo com o site liberdadedeexpressao.blogspot.com.br, a criança imagina que tanto os meninos quanto as meninas possuem um pênis. Ao serem defrontadas com as diferenças anatômicas entre os sexos, as crianças criam as chamadas “teorias sexuais infantis” imaginando que as meninas não têm pênis porque este órgão lhe fora arrancado... as meninas se sentem incompletas (por causa da ausência e consequente inveja do pênis”). É nesse período que surge o complexo de Édipo, quando o menino passa a ter atração pela mãe e concorre com o pai. Com a menina, acontece exatamente ao contrário: começa a sentir atração pelo pai, rivalizando com a mãe. Após a fase fálica a criança entra no que Freud denominou período de latência, como explicaremos a seguir. Período de latência O período de latência não é uma fase de desenvolvimento psicossexual, mas sim uma etapa de desejos 13 inconscientes reprimidos. A criança já superou o complexo da fase anterior e os impulsos sexuais são expressos de forma assexuada, até o começo da puberdade. Esse período é de grande aquisição intelectual. Fase genital Na fase genital, a criança volta mais uma vez sua energia sexual para seus órgãos genitais, sob a liderança das relações amorosas. Dessa vez seus interesses se voltam para as pessoas externas ao núcleo familiar. É nessa etapa que a criança age, pela primeira vez, de acordo com seu instinto de procriação. Para Freud, se houve naquela criança, em alguma das fases anteriores, conflitos sexuais não resolvidos, é o momento de eles emergirem. Observamos o início da adolescência, em que ele busca, longe dos seus familiares, um objeto de amor, tendo que preparar a perda da sua personalidade infantil para, aos poucos, assumir uma identificação adulta. O importante nessa fase, para o adolescente, é ser diferente, ao mesmo tempo em que procura se inserir nos grupos aos quais tenha afinidade. Vamos conhecer um pouco o que Freud expõe sobre a questão da educação para entender as contribuições dele. Em seus estudos, Freud faz uso do termo transferência para se referir a um fenômeno que ocorre na relação analista-analisado. Esse termo é usado para descrever uma situação na qual o paciente vive ou se sente em relação ao analista como se sentia em relação a outras pessoas, que podem ser os pais ou outras pessoas significativas. Muitas vezes sentimentos do passado do paciente, em relação a pessoas de sua vida, são transferidos para o analista. Nesse momento vamos pensar no processo de ensino-aprendizagem e na relação professor-aluno. A transferência que mencionamos acima também pode ocorrer na relação com o professor. Na transferência professor aluno, esse passaria a viver ou reviver sentimentos, tensões, intenções e fantasias vividas com os pais na relação com o professor. Desse modo, podemos dizer que o professor exerceria um papel significativo para o desenvolvimento e formação da personalidade do aluno. Seria fundamental que esse professor estivesse preparado para compreender os conflitos do aluno e ajudá-lo no processo educacional e no desenvolvimento de sua personalidade. O professor também estaria sob a possibilidade de viver situações semelhantes a dos alunos, no que se refere à transferencia, e submeter seus alunos a suas frustrações e insatisfações, por exemplo. Vimos então que Freud considera a relação professor aluno de importância para o processo de ensino- aprendizagem e para o desenvolvimento do aluno. 14 LEItURA COMPLEMENtAR Para compreender melhor as ideias de Freud sobre educação, sugerimos a leitura do texto elaborado pelo Professor Marcus Vinícius da Cunha entitulado “Freud: Psicanálise e educação” e que é disponível no LINK. DICA Não se esqueça de ler o seu livro texto (páginas 94 a 98), onde você irá conhecer melhor as contribuições de Freud. PALAvRAS DO PROfESSOR Caro (a) estudante, chegamos ao final da unidade 3 do nosso guia de estudo! Estudamos conceitos teorias e conceitos de grande importancia para a Psicologia da Aprendizagem. Estudamos a Teoria da complexidade de Edgar Morin e sua compreensão da ciência e da construção do conhecimento como uma atividade complexa e multidisciplinar. Pudemos estudar a sóciointeracionismo de Vygotsky e a forma como a cultura participa do processo de desenvolvimento do ser humano. Ainda sobre a aprendizagem como objeto de estudo da Psicologia e sobre o sujeito psíquico e o aprender, onde tratamos as ideias de Freud sobre funcionamento psíquico e desenvovimento a forma como alguns desses conceitos são importantes para a educação. Vimos também que Freud considera a relação professor aluno de importância para o processo de ensino-aprendizagem e para o desenvolvimento do aluno. Na unidade 4 iremos estudar mais sobre as teorias da aprendizagem, saber como e em quais circunstâncias se dá o fracasso escolar e como brincar pode e deve ser essencial no aprendizado de uma criança, além de conhecer alguns processos psicológicos que são importantes para o processo de aprendizagem. Aguardo você para continuarmos. Até breve! page3 page13 page15
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