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Direito Tributário para XXIII Exame da OAB
Curso de Teoria e Questões
Prof. Fábio Dutra- Aula 09
 
Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 69
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento
das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo
crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes.
Antes de estudarmos cada uma das modalidades de suspensão do
crédito tributário, temos de associar ao assunto de hoje algo que vimos na
aula sobre interpretação e integração da legislação tributária.
Estudamos em aula anterior que a legislação tributária que disponha
sobre suspensão do crédito tributário deve ser interpretada
literalmente. Com essa aula, você será capaz de responder com maior
segurança as questões sobre interpretação da legislação tributária.
Nessa linha de entendimento, o art. 141 do CTN estabeleceu que o
crédito tributário regularmente constituído só pode ter sua
exigibilidade suspensa nos casos previstos no próprio CTN.
Ademais, também deve ser destacado que o par. único do art. 151
assevera que a suspensão do crédito não implica dispensa de cumprimento das
obrigações acessórias. Logo, ainda que não seja exigida do contribuinte a
obrigação tributária principal, deve continuar cumprindo com as obrigações
acessórias estabelecidas na legislação tributária.
Tanto as pessoas imunes ou isentas, como aquelas que
venham a ter a exigibilidade do crédito tributário
suspensa, devem continuar cumprindo com as
obrigações acessórias. Guarde isso!
Por fim, outro ponto relevante é a discussão acerca da possibilidade de o
contribuinte tomar alguma medida, buscando a suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, antes mesmo da sua constituição.
Nesse caso, deve ser lembrado que o que se suspende é a
exigibilidade do crédito tributário, e não o dever de lançar. Portanto, a
autoridade constitui o crédito, mas fica impedida de realizar a
cobrança do tributo ou penalidade.
Isso é bem lógico, pois se o Fisco ficasse impedido de efetuar o
lançamento, correria o risco de ser atingido pela decadência, perdendo o
direito de constituir o crédito tributário.
Guarde assim:
Suspensão antes do lançamento Æ É possível constituir o lançamento, mas
não pode ser feita a exigibilidade.
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Uma leitura do art. 152 do CTN permite inferir que há dois tipos de
moratória: individual e geral. Em qualquer caso, é necessária a edição de
lei.
A moratória concedida em caráter individual ocorre quando o
benefício é restrito a determinadas pessoas, que preencham os
requisitos estabelecidos pela lei. Dessa forma, para que as pessoas gozem
da moratória, é necessário que comprovem à autoridade administrativa que
estão entre aquelas às quais a lei restringiu. Fica, então, a moratória
concedida pelo despacho da autoridade.
A moratória concedida em caráter geral, por outro lado, ocorre
quando a lei generaliza os sujeitos passivos que serão beneficiados. Não há,
portanto, necessidade de comprovação, nem despacho individual por
parte da autoridade administrativa.
Em relação à moratória geral, podemos dividi-la em dois tipos:
moratória autônoma (ou autonômica) e moratória heterônoma.
A moratória autônoma é aquela concedida pelo ente que detém a
competência tributária para instituir o tributo objeto do benefício. Por
exemplo: o Município de São Paulo concede moratória sobre o IPTU referente
aos imóveis situados em seu território.
A moratória heterônoma, por seu turno, é aquela concedida pela
União, quanto aos tributos de competência dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios. Por exemplo: a União concede moratória sobre o
IPTU referente aos imóveis situados no território do Município de São Paulo.
Há forte controvérsia doutrinária sobre a moratória heterônoma, sob a
alegação, em alguns casos, de que tal medida afetaria a autonomia dos entes
federativos. Frise-se que não há registros de que a moratória heterônoma
tenha sido concedida até hoje.
Um dos motivos que podem ter levado à União não conceder a moratória
heterênoma é a forte restrição contida no art. 152, I, b, o qual estabelece que
se tal benefício for criado, deve ser concedido simultaneamente:
x Aos tributos de competência da União (todos os que ela já instituiu);
x Às obrigações de direito privado (contratos civis, empresariais e
trabalhistas).
Diante do exposto, percebe-se a natureza excepcionalíssima da
moratória heterênoma. A União só utilizaria dessa moratória em situações de
extrema relevância nacional.
(QILP��YRFr�Mi�GHYH�HVWDU�VH�SHUJXQWDQGR��³e como eu faço na prova?´
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1.1.1 ± Requisitos para concessão da moratória e moratória parcelada
No art. 153, o legislador estabeleceu os requisitos que devem estar
contidos na lei que venha a conceder a moratória. Perceba que é uma norma
direcionada ao legislador. Vejamos:
Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua
concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros
requisitos:
I - o prazo de duração do favor;
II - as condições da concessão do favor em caráter individual;
III - sendo caso:
a) os tributos a que se aplica;
b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a
que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à
autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter
individual;
c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de
concessão em caráter individual.
Os requisitos se referem basicamente aos prazos, tributos a que se
aplica, e condições e garantias em se tratando de concessão em caráter
individual.
Na concessão da moratória em caráter individual
podem ser exigidas garantidas do sujeito passivo.
3HUFHED� TXH� QD� DOtQHD� ³E´�� GR� LQFLVR� ,,,�� IRL� PHQFLRQDGR� R� Q~PHUR� GH�
prestações e seus vencimentos. Trata-se da moratória parcelada, que
consiste na quitação da dívida tributária em parcelas.
Alguns entendem que esse é o texto que permite a concessão do
parcelamento, como suspensão do crédito tributário. No entanto, veja que o
parcelamento foi inserido, em 2001, como uma modalidade autônoma de
suspensão da exigibilidade do crédito tributário (CTN, art. 151, VI). Portanto,
no inciso I, temos a previsão da moratória, e no inciso VI, a previsão do
parcelamento.
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Destaque-se também que ao parcelamento aplicam-se as disposições do
CTN, relativas à moratória. Tendo em vista a semelhança entre os dois
institutos, faz muito sentido o legislador não repetir tudo o que disse em
relação à moratória. Lembre-se do mnemônico MARIPA!
Outro aspecto a ser estudado sobre o parcelamento é a previsão contida
no § 3º do art. 155, do CTN, para que cada ente federativo venha criar uma
³VHJXQGD� OHL� HVSHFtILFD´� dispondo sobre as condições de parcelamento
dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. O objetivo
é criar meios diferenciados para que a empresa supere a crise econômico-
financeira pela qual está passando.
Desse modo, cada ente terá duas leis específicas, uma versando sobre
as regras genéricas do parcelamento, e outra definindo regras especiais para o
parcelamento da dívida tributária das empresas em recuperação judicial.
Se, porventura, o ente não possuir a lei sobre o parcelamento dos
débitos do devedor em recuperação judicial, prevê o § 4º, do art. 155,
aplicam-se as regras genéricas de parcelamentodaquele ente, não podendo
esta ter prazo de parcelamento inferior à lei específica sobre
parcelamento em recuperação judicial.
Vamos exemplificar: imaginemos que o Município de Curitiba não tenha
editado lei específica sobre o parcelamento de crédito tributário para
devedores em recuperação judicial. Considere também as seguintes
informações:
Prazo máximo de parcelamento da lei geral de parcelamento de Curitiba: 60
meses.
Prazo máximo de parcelamento da lei geral de parcelamento da União: 48
meses.
Prazo máximo de parcelamento da lei específica de parcelamento para
devedores em recuperação judicial da União: 72 meses.
Pergunta-se: qual o prazo deve ser aplicado ao parcelamento de tributo
municipal, quando o devedor se encontra em recuperação judicial? 72 meses.
1.3 ± Reclamações e recursos no âmbito do processo administrativo
fiscal
Diante de lançamento efetuado com o qual não concorda, o sujeito
passivo pode impugná-lo tanto na via administrativa como na via judicial. Ao
optar pela via administrativa, o sujeito passivo goza de algumas vantagens,
dentre as quais se destaca a suspensão da exigibilidade do crédito
tributário.
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Palavras que podem ser cobradas na prova como causas
de suspensão do crédito tributário: impugnação,
processo administrativo, reclamação e recursos
administrativos.
Como ainda será explicado, na via judicial, o mero ajuizamento da ação
não suspende, por si só, a exigência do crédito tributário, sendo necessário
que o sujeito passivo tome medidas como o depósito do montante exigido pelo
fisco. Diferentemente, no âmbito administrativo, instaurado o processo
administrativo, a exigência do crédito tributário fica suspensa.
Vale salientar que, anteriormente, o STF possuía o entendimento de ser
possível a exigência de depósito como condição de procedibilidade para recurso
interposto em processo administrativo fiscal. Entretanto, esse entendimento
mudou, culminando na edição da seguinte súmula vinculante:
Súmula Vinculante 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.
Ademais, cabe destacar que esse também é o entendimento do STJ:
Súmula STJ 373 - É ilegítima a exigência de depósito prévio para
admissibilidade de recurso administrativo.
Por fim, deve-se ter em mente que a suspensão do crédito tributária, em
se tratando de instauração de processo administrativo fiscal, é temporária,
ocorrendo apenas durante o litígio. Com a decisão administrativa final
favorável ao sujeito passivo, o crédito tributário fica extinto (CTN, art.
156, IX). Por outro lado, se a decisão for desfavorável, o crédito volta a
se tornar exigível.
Vale ressaltar também que, no caso de decisão desfavorável ao sujeito
passivo na órbita administrativa, sempre será possível ingressar com ação
judicial, tendo em vista o princípio da inafastabilidade de jurisdição
(CF/88, art. 5º, XXXV).
Se a decisão final do processo administrativo for
desfavorável ao contribuinte, este deverá arcar
também com os encargos moratórios porventura
devidos.
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1.4 ± Liminar em mandado de segurança ou liminares (ou tutela
antecipada) em outras ações judiciais
O CTN estabelece duas modalidades de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, originadas de decisões proferidas no âmbito do Poder
Judiciário:
x Concessão de medida liminar em mandado de segurança (Art. 151, IV);
x Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies
de ação (Art. 151, V).
Inicialmente, deve-se entender, a grosso modo, o que vem a ser o
mandado de segurança. Trata-se de uma ação judicial, que tem por objetivo
defender direito líquido e certo ameaçado, na seara do Direito Tributário,
pela autoridade fiscal. O direito líquido e certo é aquele que pode ser provado
sem a necessidade de produção de provas em juízo.
Ocorre que em alguns casos, o juiz entende que deve ser tomada
alguma medida contra o ato praticado pela autoridade fiscal, para que
suspendê-lo até que se decida o mérito da ação judicial. Fica, então,
concedida a medida liminar no mandado de segurança.
Destaque-se que para a concessão da medida liminar são necessários
dois requisitos essenciais: o perigo da demora ou periculum in mora e a
relevância do fundamento ou fumus boni juris. Portanto, o juiz somente
deve conceder liminar se ficar claro que o decorrer do tempo pode prejudicar a
eficácia da ação, caso seja concedida no mérito da ação, e se houver
fundamento relevante.
Finalmente, concedida a liminar em sede de mandado de segurança, a
exigibilidade do crédito tributário fica suspensa até a decisão. Isso não significa
que o contribuinte deixará de pagar o tributo. Caso o juiz venha decidir que o
ato da autoridade administrativa (lançamento, neste caso específico) não
descumpriu a lei, o sujeito passivo deve pagar o tributo. Por outro lado, caso a
decisão judicial final seja em favor do contribuinte, o crédito tributário
fica extinto.
Crédito tributário fica suspenso até a decisão final,
que pode ser:
Em favor do contribuinte: extingue-se o crédito
tributário.
Em favor da Fazenda Pública: volta a ser exigível.
Um típico exemplo que justifica a concessão de medida liminar, deixando
clara a existência do fumus bonis juris e do periculum in mora (vamos nos
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intuito de discutir a legitimidade da cobrança que está sendo feita, nada
impede que o fisco, durante o curso da ação, entre com outra ação de
execução fiscal.
Surgem, então, duas opções para o sujeito passivo: tentar obter
liminar ou tutela antecipada (CTN, art. 151, IV e V) ou realizar o depósito
do montante integral (CTN, art. 151, II). Como a concessão de uma liminar
está condicionada à comprovação do perigo da demora e da relevância do
fundamento, nem sempre resta outra saída para o sujeito passivo a não ser o
depósito do montante integral.
Cabe destacar que o depósito é facultativo, ou seja, mesmo que não
efetue o depósito do montante integral, o sujeito passivo tem o direito de
contestar o lançamento no Judiciário. A única diferença, neste caso, é que
não haverá suspensão da exigibilidade do crédito. Vejamos o que diz a
Súmula Vinculante 28 do STF:
Súmula Vinculante 28 - É inconstitucional a exigência de depósito prévio
como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda
discutir a exigibilidade de crédito tributário.
É interessante destacar que esta jurisprudência do STF tem por objetivo
impedir a adoção do princípio solve et repete��TXH�VLJQLILFD�³SDJXH�H�GHSRLV�
UHFODPH´��3RUWDQWR��REVHUYH�TXH�se o sujeito passivo desejar contestar a
exigibilidade do crédito tributário, tem o direito de fazê-lo
independentemente de depósito prévio.
Ainda que a liminar seja concedida, o sujeito
passivo pode efetuar o depósito, com o objetivo de
impedir a fluência dos juros de mora, caso o crédito
volte a ser exigível posteriormente, se a decisão de
mérito for favorável à Fazenda Pública.
Sobre o depósito integral, o STJ entende que para suspender o crédito
tributário deve ser feito integralmente e em dinheiro:
Súmula STJ 112 - O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito
tributário se for integral e em dinheiro.
Até aí, tudo bem. Mas o que ocorre posteriormente, no final da decisão
judicial?
Sendo a decisão favorável à Fazenda Pública, ou seja, se o
lançamento for legítimo, o depósitoé convertido em renda (ver CTN,
art. 156, VI), e o crédito tributário é extinto. Nessa linha, de acordo com o
STJ (EREsp 767.328/RS), em relação aos tributos lançados por
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No Direito Tributário, os efeitos da mora ocorrem
automaticamente (mora ex re).
Vamos ver o que diz o art. 161 do CTN:
Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é
acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da
falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da
aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei
ou em lei tributária.
§ 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são
calculados à taxa de um por cento ao mês.
Repare que além dos juros de mora, o contribuinte também se sujeita
ao pagamento de penalidades. Trata-se da multa moratória, que é a sanção
pelo não cumprimento da obrigação tributária no tempo previsto na legislação
tributária.
Se a lei não definir a taxa que servirá de base para o cálculo dos juros de
mora, estes serão calculados à taxa de 1% ao mês, conforme prevê o § 1º,
do art. 161, do CTN.
Nesse sentido, o STJ já decidiu que a taxa SELIC é composta da taxa de
juros e da correção monetária, não podendo, portanto, ser cumulada com
outro índice de correção:
"(...) A taxa SELIC é composta de taxa de juros e taxa de correção
monetária, não podendo ser cumulada com qualquer outro índice de
correção. (...)"
(STJ, REsp 447.690/PR, Segunda Turma, Rel. Min Eliana Calmon, Julgamento
em 05/06/2003)
2.1.2 ± Consulta tributária
A consulta tributária é um procedimento administrativo com o objetivo
de que o contribuinte satisfaça suas dúvidas relativas à legislação
tributária. Vamos repetir novamente o texto do art. 161 do CTN, acrescido do
seu § 2º:
Art. 161: (...):
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Nosso foco neste momento está em verificar como é feita a restituição
dos tributos indiretos. Vamos recorrer, como sempre, ao CTN:
Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza,
transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita
a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de
tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente
autorizado a recebê-la.
Percebe-se, portanto, que a restituição somente será feita em duas
situações:
x Se o contribuinte de direito comprovar ter assumido o encardo do tributo,
isto é, não o ter transferido;
x Se o contribuinte de fato autorizar expressamente o contribuinte de direito
a receber a restituição.
Em síntese, o contribuinte de direito (quem efetuou o recolhimento) deve
comprovar que não houve transferência do ônus tributário a terceiro. Se
houver transferido, que o contribuinte de fato o autorize a pleitear a
restituição. Caso contrário, não haverá restituição.
O entendimento do STF tem seguido essa linha, conforme fica
demonstrado na seguinte súmula:
Súmula STF 546 - Cabe a restituição do tributo pago indevidamente,
quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou
do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo.
Deve-se destacar também que o entendimento do STJ (REsp
903.394/AL) é no sentido de que o contribuinte de fato não possui
legitimidade para pleitear a restituição do que foi pago indevidamente,
no que se refere aos tributos indiretos.
Somente o contribuinte de direito pode pleitear a
restituição de tributo indireto.
2.1.6 ± Restituição de juros e multas
Ao pleitear a restituição do tributo pago indevidamente, o sujeito passivo
também possui direito à restituição, na mesma proporção, dos juros de mora
e da multa moratória paga a maior.
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desde o recolhimento indevido, não podendo ser cumulada com
qualquer outro índice de juros ou atualização monetária.
2.1.8 ± Prazo para pleitear a restituição
Você se lembra quando estudamos o art. 165 do CTN? Naquele
momento, eu havia dito que os incisos desse artigo se referem, basicamente, a
duas situações distintas: restituição sem instauração de litígio (incisos I e
II) e restituição com instauração de litígio (inciso III).
Pois bem, a partir de agora, estudaremos os prazos para pleitear a
restituição nas duas situações. O que você deve saber, de antemão, é que o
prazo é sempre de 5 anos, variando apenas o termo inicial da contagem
desse prazo.
Os incisos I e II do art. 165 do CTN querem dizer a mesma coisa.
Podemos dizer que se referem as mais diversas situações que levam o
contribuinte a realizar o pagamento indevidamente, com exceção da hipótese
prevista no inciso III do mesmo artigo, referente ao pagamento indevido
realizado no curso de processo administrativo ou judicial.
Seguindo o raciocínio esposado acima, o art. 168, I, determina que o
prazo para pleitear a restituição nas hipóteses tratadas nos incisos I e II do
art. 165 é de 5 anos, contados da data da extinção do crédito tributário.
Uma observação deve ser feita neste ponto: na sistemática do
lançamento de ofício e por declaração, o pagamento extingue de imediato o
crédito tributário. Contudo, no lançamento por homologação, não é bem assim
que acontece.
Quando o tributo é lançado por homologação, o sujeito passivo tem o
dever de efetuar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa,
de sorte que a extinção definitiva do crédito tributário só ocorre com a
homologação.
Como sabemos que o prazo que a autoridade possui para homologar é
de 5 anos, e que muitas vezes a homologação ocorre tacitamente (automática,
após o curso do prazo quinquenal), na prática, o sujeito passivo teria o prazo
de 10 anos para pleitear a restituição.
Explique-se melhor: se a autoridade administrativa deixar ocorrer a
homologação tácita, a extinção definitiva do crédito tributário ocorre 5 anos
após a data do fato gerador. A partir daí, inicia-se a contagem do prazo para o
contribuinte pleitear a restituição. Foi com base nesse raciocínio que o STJ
VXVWHQWRX�D�WHVH�GRV�³���´�
Contudo, com o advento da LC 118/05, foi estabelecida a seguinte regra:
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julgamento desse recurso, o sujeito passivo obteve anulação da decisão
anterior, obtendo decisão favorável. É nesse momento que se inicia a
contagem do prazo de 5 anos para pleitear a restituição.
Por último, ressalte-se que a contagem do prazo limite para pleitear
a restituição não é afetada se o tributo, ou melhor, a lei instituidora do
tributo for declarada inconstitucional. Guarde isso!
2.1.9 - Prazo para anular decisão administrativa denegatória
Após a realização do pagamento indevido, o sujeito passivo pode pleitear
a restituição tanto no âmbito administrativo como no Judiciário. Em qualquer
caso, o prazo é de 5 anos.
Havendo opção pela via administrativa, tendo obtido decisão final
desfavorável, o contribuinte tem o direito de acionar o Poder Judiciário,
com vistas a anular a decisão administrativa que denegou a restituição
do tributo pago indevidamente.
Vejamos o que diz o art. 169 do CTN:
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação anulatória da decisão
administrativa que denegar a restituição.
Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da
ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data
da intimação validamente feitaao representante judicial da Fazenda
Pública interessada.
Repare que o dispositivo cria um evidente privilégio ao Fisco, devedor da
ação de restituição proposta pelo sujeito passivo: o prazo exíguo de 2 anos.
O dispositivo também prescreve que ocorre a interrupção do prazo
prescricional pelo início da ação judicial, que ocorre com a distribuição da
ação.
Ademais, em vez de devolver o prazo integralmente, como é típico do
fenômeno da interrupção, optou-se por recomeçar o prazo da metade, a partir
da data da intimação (ou citação) feita ao representante judicial da Fazenda
Pública. Trata-se de mais um privilégio, que impede que o prazo de 2 anos
seja estendido.
Destaque-se que se o prazo for interrompido com 2 meses, por exemplo,
o seu curso não será reiniciado pela metade, já que não se pode reduzir o
prazo, para torná-lo inferior a 2 anos. No caso exemplificado, será reiniciada a
contagem de mais 1 ano e 10 meses.
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A regra se refere à prescrição intercorrente, que ocorre caso o
processo judicial não se conclua no prazo fixado. É claro que esse prazo só se
exaure se o autor da ação (sujeito passivo) for o responsável pela paralisação
do processo.
Embora possa parecer complexo, saiba que, nas questões objetivas, o
assunto costuma ser cobrado pela literalidade do art. 169, o que torna a
resolução das questões muito simples.
2.2 - Compensação
A essência da compensação ocorre quando duas pessoas são devedoras
e credoras uma da outra, simultaneamente. Por exemplo: Sebastião deve ao
Município de Salvador R$ 250,00, e este deve a Sebastião R$ 100,00. As
dívidas podem ser extintas até o montante em que se compensarem. No
exemplo citado, Sebastião continuará devendo à Fazenda Municipal o valor de
R$ 150,00.
Nesse sentido, o art. 170 do CTN estabelece o seguinte:
Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou
cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa,
autorizar a compensação de créditos tributários com créditos
líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo
contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010)
Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei
determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante,
não podendo, porém, cominar redução maior que a
correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a
decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.
De início, cumpre-nos destacar que o art. 170 traz apenas as regras
gerais acerca do instituto da compensação. Os detalhes devem ser
estabelecidos na lei do ente federativo com o qual o contribuinte deseja
realizar a compensação. Nesse ponto, vale frisar: a compensação somente
se faz possível se houver lei autorizativa, estipulando quais os créditos
que podem ser compensados.
Não é suficiente a previsão no CTN para realizar a
compensação. Cada ente federativo deve editar lei
versando sobre a matéria.
Dito isso, vamos entender o dispositivo!
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2.4 - Remissão
A remissão é conceituada como o perdão da dívida. Por se tratar de
benefício fiscal, deve ser regulada em lei específica, conforme estabelece o
art. 150, § 6º, da CF/88.
Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a
conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial
do crédito tributário, atendendo:
I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto a
matéria de fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de equidade, em relação com as características
pessoais ou materiais do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade
tributante.
Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito
adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.
Observe que o art. 172 do CTN traz regras direcionadas ao legislador. Ou
seja, ao editar a lei específica concessora da remissão, o legislador deve seguir
as diretrizes estabelecidas na norma acima.
Uma observação a ser feita é que não há conflito entre o que está
previsto no art. 108, § 2º, do CTN, com o art. 172, IV. Quando estudamos as
técnicas de integração, vimos que o aplicador da lei não pode utilizar da
equidade como forma de dispensa do pagamento de tributo devido.
Diferentemente disso, o art. 172, IV, permite que o legislador conceda
remissão, considerando as características pessoais o materiais do caso, com
base na equidade.
Destaque-se que a remissão pode se referir ao perdão tanto de
tributo como de multas, desde que já tenha sido constituído o crédito
tributário. Se, por outro lado, ainda não tiver havido o lançamento, o
benefício será concedido sob a forma de isenção (para tributos) ou anistia
(para multas), hipóteses de exclusão do crédito tributário, que são estudadas
em tópico próprio.
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Se o crédito tributário está constituído = Remissão
(tributo ou multa)
Se o crédito tributário não está constituído = Isenção
(tributo) ou Anistia (multa)
Por fim, vamos relembrar do mnemônico MARIPA. Aplicam-se as regras
da moratória concedida em caráter individual (CTN, art. 155) à remissão,
quando também estiver sendo concedida individualmente.
Vamos, então, relembrar como funciona: você deve saber que a
remissão individual não gera direito adquirido. Por isso, em alguns casos,
basta que o sujeito passivo comprove que faz parte do rol daqueles alcançados
pela remissão.
De qualquer modo, não estando satisfeitos os requisitos ou as condições,
a remissão é revogada, ficando o sujeito passivo obrigado a pagar o
crédito tributário acrescido de juros de mora. Caso seja constatado que
houve dolo ou simulação do beneficiado ou de terceiro para se beneficiar
ilicitamente da remissão, haverá, ainda, imposição de penalidade.
Cabe ressaltar também que há outra consequência, em se tratando da
revogação da remissão: a contagem do prazo de prescrição. Se houve dolo ou
simulação, o tempo decorrido entre a concessão da remissão e sua revogação
não é contado para fins de prescrição. Por outro lado, se não houve dolo ou
simulação, a revogação da remissão só pode ocorrer antes de findar o prazo
prescricional.
2.5 - Decadência
Sabe-se que, com a ocorrência do fato gerador, surge a obrigação
tributária. No entanto, a dívida somente se torna exigível com o lançamento,
que é o procedimento administrativo que constitui o crédito tributário. O prazo
decadencial é justamente o prazo que a autoridade administrativa
possui para promover o lançamento. No fim do prazo decadencial, ocorre a
decadência.
Já o prazo prescricional é aquele que a Fazenda Pública possui,
após o lançamento definitivo do tributo, para promover a ação de
execução fiscal, com o objetivo de satisfazer o crédito tributário. No fim do
prazo prescricional, ocorre a prescrição.
Veja, então, que, antes do lançamento corre prazo decadencial, e após o
lançamento, prazo prescricional. Pode-se dizer, a grosso modo, que o
lançamento é marco que divide o prazo decadencial do prazo
prescricional.
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Nesse ponto do nosso estudo, alguns detalhes devem ser frisados:
x Tanto o prazo decadencial como o prescricional são de 5 anos (adistinção
ocorre na fixação do termo inicial de contagem);
x Tanto a decadência como a prescrição são causas de extinção do crédito
tributário (art. 156, V).
x O lançamento é o marco que divide o prazo decadencial do prazo
prescricional.
Conforme o entendimento da jurisprudência e da doutrina, extinto o
crédito, seja pela decadência ou pela prescrição, não há qualquer direito da
Fazenda Pública em receber o crédito. Portanto, se o contribuinte paga
crédito prescrito ou decaído, faz jus à restituição.
Deve-se destacar que, de acordo com o art. 146, III, b, da CF/88, cabe
à lei complementar dispor sobre normas gerais em matéria de
prescrição e decadência tributárias. Sendo assim, não poderia, por
exemplo, uma lei ordinária estabelecer prazos diferentes do que foi previsto no
CTN (norma recepcionada com status de lei complementar).
Foi nessa linha que a Súmula Vinculante nº 8 do STF declarou
inconstitucionais os dispositivos que previam prazo decadencial e
prescricional de 10 anos, contrariando o disposto no CTN.
Além desse conhecimento básico acerca do instituto da decadência, é
necessário conhecer as diferentes formas de contagem do prazo de 5 anos.
Vamos, a partir deste momento, estudar cada uma delas.
2.5.1 ± Regra geral de contagem
A regra geral de contagem do prazo decadencial está prevista no art.
173, I, do CTN. De acordo com esse dispositivo, o direito de a Fazenda Pública
constituir o crédito tributário (decadência) extingue-se em 5 anos, contados
do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado.
Em tese, o lançamento pode ser efetuado logo após a ocorrência
do fato gerador. Portanto, o início da contagem do lapso temporal de 5 anos
ocorre no dia 1º de janeiro do ano seguinte em relação à data de ocorrência do
fato gerador.
A título de exemplo, imagine que o fato gerador de determinado tributo
ocorra no dia 10 de janeiro de 2014. Nesse caso, o prazo decadencial começa
a ser contado a partir de 01 de janeiro de 2015. A decadência, então, se
consome no dia 01 de janeiro de 2020, exatamente 5 anos depois.
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É muito importante que você perceba que, muito embora o prazo seja de
5 anos, as regras de contagem podem fazer com que o prazo chegue
praticamente aos 6 anos, se o fato gerador tiver ocorrido no dia 01 de janeiro,
por exemplo.
Cumpre-nos destacar que a regra geral não se aplica aos tributos
lançados por homologação. A contagem do prazo decadencial nos tributos
em que se aplica tal modalidade de lançamento recebeu tratamento específico,
o qual será estudado mais adiante.
O prazo decadencial possui regras específicas para os
tributos lançados por homologação.
2.5.2 ± Regra da antecipação da contagem
A regra da antecipação da contagem do prazo decadencial está prevista
no par. único do art. 173, do CTN, que estabelece o seguinte:
Art. 173 - (...):
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se
definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data
em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário
pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida
preparatória indispensável ao lançamento.
Nós vimos que a regra geral é que o prazo decadencial seja contado a
partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado, correto?
Ocorre que, se nesse intervalo (entre a data do fato gerador e o primeiro
dia do exercício seguinte) a autoridade fiscal notificar o sujeito passivo de
alguma medida indispensável ao lançamento, como o início de um
procedimento de fiscalização, por exemplo, haverá antecipação da
contagem do prazo decadencial para a data em que o sujeito passivo
toma ciência do termo de início de fiscalização.
Se a notificação do início de procedimento fiscal ocorrer
DSyV�R�³SULPHLUR�GLD�GR�H[HUFtFLR�VHJXLQWH´��não haverá
impacto sobre o curso do prazo decadencial.
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Estando o crédito tributário prescrito, ao fim do prazo quinquenal
previsto no CTN, o que ocorre se a Fazenda Pública ainda assim
executar o sujeito passivo?
Neste caso, vale a Súmula 409 do STJ, cuja redação é a seguinte: ³(P�
execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser
GHFUHWDGD�GH�RItFLR��DUW�������†��ž��GR�&3&��´
Veja que a prescrição será decretada de ofício pelo juiz, e isso pode se dar
mesmo sem a oitiva da Fazenda Pública, conforme demonstra a
jurisprudência do STJ, na ementa do julgamento do REsp 733.286-RS.
Por fim, vale lembrar que o art. 146, III, b, da CF/88, determina que
cabe à lei complementar definir normas gerais acerca da decadência e
prescrição tributária. Portanto, somente outra lei complementar poderia
alterar os prazos ou criar outras regras e restrições.
2.6.1 ± Interrupção do prazo prescricional
O legislador do CTN estabeleceu algumas situações que interrompem o
prazo prescricional. Interromper significa que o prazo é integralmente
GHYROYLGR��FRQWDGR�GR�³]HUR´�QRYDPHQWH�
Vejamos, então, o que diz o art. 174 do CTN:
Art. 174 - (...):
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I ± pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal;
(Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que
importe em reconhecimento do débito pelo devedor.
São quatro hipóteses de interrupção do prazo prescricional. Nas três
primeiras, a interrupção é consequência de ato judicial. Apenas a última se
refere à possibilidade de o ato ser realizado na órbita administrativa
(extrajudicial).
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inciso anterior, está contido entre os atos judiciais que constituam em mora o
devedor.
Por último, quando o art. 174, IV, mencionou ato do devedor, ainda
que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito, não quis
dizer nada além da conhecida confissão de dívida, que pode ocorrer tanto
na esfera administrativa como na judicial.
Imagine que a autoridade administrativa tenha realizado o lançamento
de algum tributo e notificou o devedor. Considere ainda que o contribuinte
manteve-se inerte, ou seja, não pagou nem impugnou o lançamento dentro do
prazo previsto na legislação do respectivo ente federativo. Ocorrida a
constituição definitiva do crédito tributário, tem início o prazo prescricional,
para que se promova a ação de execução fiscal.
Passados dois anos, o devedor solicita à Fazenda o parcelamento de
referido débito. Obviamente, o sujeito passivo está nesse momento
reconhecendo que possui uma dívida com o Fisco. Interrompe-se, então,
a prescrição, fazendo com que o Fisco tenha novamente 5 anos para promover
a execução fiscal.
São exemplos típicos de confissão de dívida: pedido de
parcelamento e pedido de compensação de débito.
Por fim, é importante ressaltar que a consulta administrativa não é
modo de interrupção de prescrição. Guarde muito bem isso, pois esse é o
entendimento do STJ (EDcl no REsp 87.840/BA).
2.6.2 ± Suspensão do prazo prescricional
Distintamente do que ocorre com a interrupção da prescrição, na
suspensão, o prazo deixa de ser contado, até que se encerre a situação
o que suspendeu. Após esse evento, continua-se o curso do prazo
prescricional do ponto onde havia parado. Ou seja, não há devolução
integral do prazo, mas apenas suspensão temporária.O CTN não dispôs expressamente sobre a suspensão da
prescrição, mas a doutrina e a jurisprudência reconhecem hipóteses de
prescrição, previstas indiretamente no CTN, em decorrência da lógica de
aplicação dos dispositivos ali prescritos.
Em primeiro lugar, vamos nos lembrar das hipóteses de suspensão do
crédito tributário. Vimos que o que se suspende não é o direito de lançar, mas
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x Suspende-se o prazo prescricional enquanto o crédito tiver sua
exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151 (moratória, depósito do
montante integral, reclamações e recursos administrativos, liminares ou
tutelas antecipadas e parcelamento).
x Suspende-se o prazo prescricional quando a moratória for concedida
individualmente, em decorrência de artifício doloso, até que ocorra
a revogação do benefício. Tal regra também se aplica aos seguintes
benefícios fiscais: anistia, remissão, isenção e parcelamento.
x Suspende-se o prazo prescricional com a inscrição do crédito
tributário em dívida ativa por 180 dias, ou até a distribuição da execução
fiscal, se esta se der primeiro.
x Suspende-se por até um ano o prazo prescricional, quando não for
localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, no curso do
processo de execução fiscal.
2.7 ± Consignação em pagamento
A consignação em pagamento tem tudo a ver com a forma de extinção
³SDJDPHQWR´�� WDQWR�p�TXH�R�SUySULR�&71�D� LQFOXLX�GHQWUR�GD�VHomR�TXH�FXLGD�
daquela modalidade de extinção do crédito tributário.
A ação de consignação em pagamento é movida no âmbito do
Poder Judiciário, com o objetivo de que o sujeito passivo exerça o seu
direito de pagar e quitar a obrigação tributária, quando se encontra
impedido pelo próprio credor.
³&RPR� DVVLP�� SURIHVVRU"´� e� LVVR� PHVPR� R� TXH� YRFr� RXYLX�� SRGH�
acontecer, entre outras situações possíveis, de o credor recusar o pagamento
do tributo, condicionando-o ao pagamento de outra obrigação.
Vamos ver as hipóteses que foram previstas no art. 164 do CTN:
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada
judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao
pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento
de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências
administrativas sem fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito
público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.
§ 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o
consignante se propõe pagar.
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A extinção do crédito tributário não ocorre com a ação de
consignação em pagamento, mas sim quando estiver
julgada procedente.
Por último, deve ser salientada a distinção entre o depósito do montante
integral e a ação de consignação em pagamento. Embora haja depósito do
sujeito passivo em ambos os casos, o depósito do montante integral se refere
a um ato isolado do sujeito passivo, podendo ocorrer tanto na via
administrativa quando na judicial, com o objetivo de suspender o crédito
tributário.
Por outro lado, a ação de consignação em pagamento consiste em um
processo judicial, cujo objetivo é exercer o direito de pagar o crédito que tenha
sido obstado pelo Fisco ou que tenha suscitado dúvida quanto ao real credor.
Neste caso, o objetivo é pagar e extinguir o crédito.
Na consignação, o sujeito passivo quer pagar.
No depósito, o sujeito passivo quer discutir ou evitar o
débito.
2.8 ± Pagamento antecipado e a posterior homologação
Na sistemática do lançamento por homologação, como já foi diversas
vezes explicado no nosso curso, o sujeito passivo paga o tributo sem prévio
exame da autoridade administrativa.
Após pelo pagamento do sujeito passivo, a autoridade administrativa
possui determinado prazo para atestar a correção do procedimento e do valor
recolhido, e só então homologa a atividade do contribuinte.
Nessa esteira, pode-se dizer a extinção definitiva do crédito tributário, no
que se refere aos tributos lançados por homologação, apenas ocorre com a
homologação do lançamento, ato que, como regra, pode levar até 5 anos,
contados do fato gerador.
Note bem que, embora a extinção do crédito só se dê com a
homologação do lançamento, para fins de definição do prazo inicial para
pleitear a restituição, a LC 118/05 estabeleceu que é considerado extinto
na data do pagamento.
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O crédito lançado por homologação não é extinto na data
do lançamento! Considera-se extinto apenas para
fins de contagem de prazo para restituição.
2.9 ± Conversão do depósito em renda
Com o depósito do montante integral, exigido pela Fazenda Pública, o
sujeito passivo suspende a exigibilidade do crédito tributário. Havendo decisão
em favor da Fazenda Pública, ocorre a conversão do depósito em renda do
vencedor da ação.
Portanto, o crédito que anteriormente estava com a exigibilidade
suspensa, com a decisão definitiva torna-se extinto.
2.10 ± Decisão administrativa final
Ao ser notificado do lançamento contra ele efetuado, o sujeito passivo,
como já foi visto, possui duas opções: pagar ou impugnar o lançamento.
Ao impugnar administrativamente o lançamento, o sujeito passivo dá
início ao processo administrativo fiscal, seguindo as normas específicas do ente
federativo que detém a competência tributária do tributo objeto de discussão.
Se a decisão final no âmbito administrativo for favorável ao
sujeito passivo, o crédito tributário fica definitivamente extinto, com
base no art. 156, IX.
³(�VH�D�GHFLVmR�ILQDO�IRU�GHVIDYRUiYHO��SURIHVVRU"´�
Nesse caso, cabe ao contribuinte pagar o crédito tributário ou ajuizar
ação judicial para discutir no Poder Judiciário a legitimidade do lançamento
contra ele efetuado.
2.11± Decisão judicial transitada em julgado
Dando continuidade ao que foi dito no tópico anterior, caso o contribuinte
recorra ao Judiciário para discutir a procedência do lançamento, é a decisão
transitada em julgado (contra a qual não cabe recurso) que determinará se o
crédito tributário subsistirá ou não.
Caso a decisão seja favorável ao sujeito passivo, tem-se por
extinto o crédito tributário. Se, por outro lado, a decisão for em favor da
Fazenda Pública, não haverá outra opção ao sujeito passivo, senão o
pagamento.
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2.12 ± Dação em pagamento em bens imóveis
A dação em pagamento é instituto do direito privado, regulado pelos
arts. 356 a 359 do Código Civil. Trata-se dH�³SDJDPHQWR´�HIHWXDGR�SRU�PHLR�GD�
entrega de bem ou direito que não seja moeda.
Na seara do Direito Tributário, a dação em pagamento somente passou a
ser prevista como modalidade de extinção do crédito tributário com advento da
LC 104/2001 .
Destacamos que a extinção só pode ser feita com bens imóveis. É
muito comum as questões de prova armarem verdadeiras pegadinhas para
fazer o aluno bem preparado tropeçar por descuido na rápida leitura da
questão. Portanto, tome muito cuidado com isso. Repita-se: BENS IMÓVEIS.
0DV�FRPR� IXQFLRQD� LVVR"�2�FRQWULEXLQWH�SRGH�³VDLU´� WUDQVIHULQGR� LPyYHO�
para a Fazenda, como forma de quitar a obrigação tributária? Não é bem
assim!
Para que seja feita a extinção do crédito tributário mediante dação em
pagamento em bens imóveis é necessárioque cada ente federado edite
lei autorizativa para disciplinar como será feita essa transferência e em que
hipóteses pode ser feita.
A dação em pagamento depende de lei autorizativa,
editada por cada esfera do Estado.
Há quem entenda que a previsão da dação em pagamento como forma
de extinção do crédito tributário tenha promovido a derrogação (revogação
parcial) do art. 3º do CTN, que disciplina que o tributo deve ser uma prestação
³HP�PRHGD´�
O raciocínio esposado não merece prosperar, haja vista que o próprio
DUW���ž�GR�&71�SHUPLWH�TXH�R�WULEXWR�SRGH�VHU�SUHVWDomR�³HP�PRHGD�ou cujo
valor nela se possa exprimir´�� &RP� EDVH� QLVVR�� HX� WH� SHUJXQWR�� Rs bens
imóveis inegavelmente podem ser expressos em moeda. É evidente que sim.
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A distinção básica entre os institutos gira em torno da obrigação que está
sendo excluída. Se a obrigação excluída se refere a um tributo, temos um
caso de isenção; se a obrigação excluída se referir a uma multa, temos a
anistia.
Nesse ponto, é importante citar o § 6º, do art. 150, da CF/88:
Art. 150 - (...):
§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo,
concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a
impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante
lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule
exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente
tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII,
g.
Concessão de subsídio, isenção, redução de base de
cálculo, crédito presumido, anistia ou remissão deve
ser feita somente por lei específica.
Daí, podemos concluir que se o Município deseja isentar certo
contribuinte do pagamento do IPTU, deve editar lei específica, que regule
exclusivamente sobre a isenção ou sobre o IPTU. O mesmo raciocínio deve ser
aplicado aos tributos federais e estaduais e também às multas (anistia).
Feitas tais observações passemos ao estudo isolado da isenção e da
anistia.
3.1 - Isenção
Como foi visto, a isenção é a dispensa legal do pagamento de
tributo devido, sendo considerada uma decisão política. Portanto, a isenção é
um típico benefício ou incentivo fiscal. Lembre-se sempre de que a lei que
concede isenção deve sempre ser específica.
De início, o CTN (art. 176, caput) assevera que a isenção, ainda
quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as
condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se
aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração.
O que nos chama atenção nesse momento é a isenção prevista em
contrato. O que vem a ser isso? Trata-se dos casos em que o ente federado
celebra contrato, com o intuito de conceder incentivos fiscais para atrair
empresas para o seu território.
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Se cair em prova que a isenção nunca é extensiva aos
tributos que ainda não foram instituídos, está errado!
Em relação à isenção, assim como ocorre com os demais incentivos
fiscais, esta pode ser concedida em caráter individual ou em caráter geral.
A isenção concedida em caráter individual ocorre quando o
benefício é restrito a determinadas pessoas, que preencham os
requisitos estabelecidos pela lei. Dessa forma, para que as pessoas gozem
da moratória, é necessário que comprovem à autoridade administrativa que
estão entre aquelas às quais a lei restringiu. Fica, então, a isenção efetivada
pelo despacho da autoridade (CTN, art. 179, caput).
Exemplo: Isenção de IPI concedida aos deficientes físicos. Deve comprovar
que é deficiente.
A isenção concedida em caráter geral, por outro lado, ocorre quando
a lei generaliza os sujeitos passivos que serão beneficiados. Não há,
portanto, necessidade de comprovação, nem despacho individual por
parte da autoridade administrativa.
Exemplo: Isenção de IPTU a todos os moradores do Município de Vitória da
Conquista. Alcança todos proprietários de imóveis urbanos,
independentemente de qualquer comprovação.
No que se refere à isenção concedida em caráter individual, quando se
tratar de tributos lançados por período certo de tempo, o despacho que
efetivou a isenção deve ser renovado antes da expiração de cada
período. Se não o for, cessam os efeitos da isenção a partir do primeiro dia do
período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do
reconhecimento da isenção (CTN, art. 179, § 1º).
Nesse momento, é importante relembrar do mnemônico MARIPA.
Aplicam-se as regras da moratória concedida em caráter individual (CTN, art.
155) à isenção, quando também estiver sendo concedida individualmente.
Vamos, então, relembrar como funciona: você deve saber que a isenção
individual não gera direito adquirido. Por isso, em alguns casos, basta que
o sujeito passivo comprove que faz parte do rol daqueles alcançados pela
isenção. Em outros, no entanto, o sujeito passivo pode ter que comprovar que
continua sendo alcançado pela lei, ou seja, continua isento.
De qualquer modo, não estando satisfeitos os requisitos ou as condições,
a isenção é revogada, ficando o sujeito passivo obrigado a pagar o
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crédito tributário acrescido de juros de mora. Caso seja constatado que
houve dolo ou simulação do beneficiado ou de terceiro para se beneficiar
ilicitamente da isenção, haverá, ainda, imposição de penalidade.
Cabe ressaltar também que há outra consequência, em se tratando da
revogação da isenção: a contagem do prazo de prescrição. Se houve dolo ou
simulação, o tempo decorrido entre a concessão da isenção e sua revogação
não é contado para fins de prescrição. Por outro lado, se não houve dolo ou
simulação, a revogação da isenção só pode ocorrer antes de findar o prazo
prescricional.
Por fim, vamos entender o que diz a texto do art. 178 do CTN, abaixo
citado:
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em
função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada
por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.
Nós vimos que a isenção decorre de opção política. Portanto, as isenções
possuem caráter precário, permitindo que, a qualquer tempo, novas leis
venham revogar as isenções anteriormente concedidas. Essa é a regra:
precariedade.
No entanto, as denominadas isenções onerosas não podem ser
livremente suprimidas. As isenções onerosas são aquelas concedidas com
prazo certo e em função de determinadas condições.
As isenções possuem prazo certo quando a lei concessiva estabelece um
período para fruição do benefício fiscal ( 5 anos, por exemplo). As isenções são
concedidas em função de determinadas condições quando se exige do
contribuinte uma contraprestação, como condição para que goze do incentivo
fiscal (construção de uma escola, por exemplo).
Nesse sentido, quem cumpre com as determinações da lei para gozar da
isenção, possui direito adquirido ao benefício, ainda que a lei
concessória venha a ser revogada.
É nessa linha que o STF entendeu, ao editar a Súmula 544:
Súmula STF 544 - Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa,
não podem ser livremente suprimidas.
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Da mesma forma que a isenção, o CTN também previu que a anistia
pode ser concedida em caráter geral ou individual:
Art. 181. A anistia pode ser concedida:
I- em caráter geral;
II - limitadamente:
a) às infrações da legislação relativa a determinado tributo;
b) às infrações punidas com penalidades pecuniárias até determinado
montante, conjugadas ou não com penalidades de outra natureza;
c) a determinada região do território da entidade tributante, em
função de condições a ela peculiares;
d) sob condição do pagamento de tributo no prazo fixado pela lei
que a conceder, ou cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à
autoridade administrativa.
Dessa forma, é possível que a anistia se restrinja às infrações relativas a
GHWHUPLQDGR�WULEXWR��DOtQHD�³D´���FRPR�R�LPSRVWR�GH�UHQGD��7DPEpP�SRGHPRV�
ter perdão de infrações até certo montante �DOtQHD� ³E´��� DFLPD� GR� TXDO� RV�
infratores continuam obrigados a pagar.
A anistia pode se limitar a determinada região do território do ente
WULEXWDQWH� �DOtQHD�³F´��RX�PHVPR�ILFDU�FRQGLFLRQDGD�DR�SDJDPHQWR�GR� WULEXWR�
dentro do prazo estabelecido pela lei ou pela autoridade administrativa se a ela
D�OHL�DWULEXLU�WDO�GHYHU��DOtQHD�³G´��
Ainda no que concerne à anistia concedida individualmente, lembre-se
que, da mesma forma como ocorre com a isenção, o perdão é concedido por
meio de despacho da autoridade administrativa, devendo o interessado
comprovar que preenche as condições legais, formulando o requerimento
(CTN, art. 182).
Lembra-se do mnemônico MARIPA? À anistia concedida individualmente
aplicam-se as regras relativas à moratória (art. 155), quando concedida de
forma semelhante.
Vamos, novamente, relembrar? Volte ao art. 155 e faça nova leitura,
adaptando, é claro, o texto à anistia.
DICA DE PROVA: Para acertar as questões que cobram hipóteses de
suspensão, extinção e exclusão do crédito tributário, o mais simples é
memorizar as modalidades de suspensão (MORDER e LIMPAR) e as de
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Alternativa B: Como se trata de isenção onerosa (por determinado período e
em função de determinadas condições), o art. 178 impede que seja revogada
ou modificada. Alternativa errada.
Alternativa C: A isenção deve ser concedida mediante lei específica, conforme
determina o art. 150, § 6º, da CF/88. Alternativa errada.
Alternativa D: Conforme preceitua o art. 175, par. único, do CTN, a isenção
não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da
obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente. Alternativa
correta.
Gabarito: Letra D
Chegamos ao final de mais uma aula!
Um abraço e até a próxima!
Prof. Fábio Dutra
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